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1 Usinagem dos Metais Capítulo 6 A INTERFACE CAVACO-FERRAMENTA 2 POR QUE ESTUDAR A INTERFACE CAVACO-FERRAMENTA? Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 3 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Formação do cavaco (Processo Periódico) Recalque Deformação plástica Ruptura Mov. sobre a sup. de saída da ferramenta As condições que acontecem este escorregamento têm influências marcantes no processo (no próprio mecanismo de formação do cavaco, na força de usinagem, nas temperaturas de corte, no desgaste e vida das ferramentas de corte). 4 Piispanen Teorias antigas concentravam os estudos no pano de cisalhamento primário, entre eles Piispanen: Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 5 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Conceito clássico de atrito (Amonton e Coulomb) não é apropriado para todas as condições de corte. Atrito de Coulomb (F = .N), onde é o coeficiente de atrito Altas pressões normais (3,5 GN/m 2 ) 6 DIFICULDADES Observações diretas durante o corte oferece mínimos detalhes. Velocidades de saída dos cavacos são, normalmente muito elevadas (Vcav = 120 m/min = 2m/s, às vezes maiores). Áreas de contato cavaco-ferramenta muito pequenas (A= 6mm 2 , às vezes menores). Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 7 Técnicas de Quick-Stop Congelamento do corte A ferramenta de corte no torneamento é retraída, com velocidade superior a velocidade de corte (de 2 a 3 vezes maior), deixando a raiz do cavaco em condições de análises em microscópios para estudos. Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 8 Quick-Stop Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 9 Quick-Stop Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 10 Quick-Stop Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 11 Quick-Stop Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 12 Quick-Stop Acionamento por revolver Acionamento por mola Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 13 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Quick-Stop 14Situações no desengate Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 15 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Na interface cavaco-ferramenta podem existir três condições distintas: Aderência (seizure ou sticking) Escorregamento (sliding) Aresta postiça de corte, APC (built-up-edge, BUE) 16 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Figura 6.1. Áreas de aderência e escorregamento na interface cavaco- ferramenta 17 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta ATRITO EM USINAGEM Figura 6.2. Área de contato numa superfície levemente carregada 18 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Figura 6.3. Os três regimes de atrito sólido 19 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Figura 6.4. O modelo de distribuição de tensão na superfície de saída da ferramenta, proposto por Zorev 20 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Atrito em Usinagem O atrito de Coulomb (, onde é o coeficiente de atrito) não vale para toda a extensão da zona de contato cavaco-ferramenta. O coeficiente de atrito é considerado em termos do ângulo de atrito médio: onde, k = constante fav = tensão normal média na interface arctg k fav 21 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Condições de aderência Nestas condições existe um íntimo contato entre o cavaco e a ferramenta (Ar = A), garantido pela alta tensão de compressão. Movimento na interface, ocorre dentro da zona de fluxo, onde existe um gradiente de velocidades. Na interface, o material é estacionário, mas a poucos mícrons acima a velocidade assume o valor da velocidade de saída do cavaco. As deformações podem chegar à ordem de 100 e ocorrem por cisalhamento termoplástico adiabático. Praticamente todo trabalho de cisalhamento é convertido em calor, elevando a temperatura da ferramenta. 22 Amostras de Quick-Stop: fortes indícios de aderência Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 23 Raiz de um cavaco de aço doce Ampliação Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 24 Observação da zona de fluxo na peça Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 25 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Movimento sobre a superfície de saída da ferramenta As condições que acontecem este movimento têm influências marcantes em todo o processo de usinagem, principalmente no mecanismo de formação do cavaco (plano de cisalhamento primário), na força de usinagem (energia consumida), no calor gerado durante o corte (temperatura de corte) nos mecanismos e na taxa de desgaste das ferramentas de corte (vida das ferramentas). É preciso, portanto, entender como se processa o movimento do cavaco ao longo da superfície de saída da ferramenta. 26 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Deformações na Zona de Fluxo Segundo o modelo de Trent, a deformação cisalhante na zona de fluxo é inversamente proporcional à distância da superfície de saída. No ponto Y, a porção inicial do material OabX sofreu uma deformação para Oa’b’X, enquanto que a metade do material da porção inicial considerada, isto é, OcdX (metade de OabX) se deformou para Oc”d”X que é o dobro da deformação sofrida por ab. Correspondentemente, o material OefX, onde Oe vale ¼ de Oa, se deforma para Oe’’’f’’’X quando ele atinge o ponto Y, que é quatro vezes maior que a deformação sofrida por OabX quando este atinge o mesmo ponto, Oa’b’X. 27 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Distância da superfície de saída da ferramenta (m) Deformação cisalhante sobre o comprimento de contato cavaco- ferramenta (mm/mm) Tempo sobre o comprimento de contato cavaco- ferramenta (s) Taxa de deformação (s-1) 80 20 1,6 1,25 x 104 40 40 3,2 1,25 x 104 20 80 6,4 1,25 x 104 10 160 12,8 1,25 x 104 5 320 25,6 1,25 x 104 2,5 640 51,2 1,25 x 104 Tabela 6.1. Deformações cisalhantes na zona de fluxo de acordo com o modelo de Trent 28 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta CASOS ESPECIAIS EM QUE A ADERÊNCIA É EVITADA Alguns elementos são introduzidos nos materiais de corte fácil, tais como chumbo, o selênio, o telúrio, o bismuto, etc., que funcionam como lubrificantes sólidos (internos) e formam um filme na interface, com resistência ao cisalhamento menor que a resistência da matriz, eliminando por completo a zona de aderência, prevalecendo totais condições de escorregamento, diminuindo assim, as temperaturas de corte as forças de usinagem e os desgastes das ferramentas. 29 SITUAÇÃO EM QUE A ZONA DE FLUXO É ELIMINADA Raiz do cavaco do Latão 60-40 Raiz do cavaco do Latão 60-40 com Pb Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 30 Superfície de saída da ferramenta mostrando a presença do Pb Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 31 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Condições de escorregamento Nestas condições a área real é menor que a área aparente. Neste caso não existe a zona de fluxo, e movimento relativo ocorre justamente na interface. A geração de calor ocorre por flashes, em cada ponto de contato. 32 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 33 Aresta Postiça de Corte - APC A aresta postiça de corte é um corpo solidário à peça e ao cavaco. Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta • Fenômeno que acontece a baixas velocidades de corte quando se usina materiais bifásicos. 34 Raiz de cavaco de duralumínio com APC Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 35 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Aresta Postiça de Corte A formação da APC é um processo envolvendo deformação plástica, encruamento e formação de microtrincas. Ela só se formará na presença de segunda fase na matriz do material sob corte. A segunda fase é quem garante um estado triaxial de tensão, devido a taxas de deformações diferentes, desta em relações à matriz, para promover o aparecimento de microtrincas. 36 Fases do processo de formação da Aresta Postiça de Corte - APC Deformação plástica Encruamento Crescimento do corpo da APC Abertura de trincas Cisalhamento Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 37 Processo de crescimento e cisalhamento da APC Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 38 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Figura 6.7. Variação da geometria da APC com velocidade de corte vc •A primeira camada de material que se une a ferramenta, através de ligações atômicas, é encruado, aumentando, assim, o seu limite de escoamento, e as tensões de cisalhamento são insuficientes para quebrar estas ligações. As deformações então continuam nas camadas adjacentes, mais afastadas da interface, até que elas também são suficientemente encruadas. Pela repetição deste processo uma sucessão de camadas formam a APC. [Trent, E. M.] 39 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta Figura 6.8. Variação das dimensões da APC com a velocidade de corte com identificação dos regimes estável e instável e da velocidade de corte crítica. •A dimenção da APC cresce até atingir um valor máximo, a partir do qual começa a diminuir até o valor de velocidade crítica (Vc) oinde a APC desapareça completamente. [Ferraresi, D.] 40 As dimensões da APC não são constantes ao longo da largura de corte, b 200µm200µm200µmL1 L2b Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 41 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 42 500µm500µm500µm Fragmentos laterais da APC de Al-Si, vc = 18m/min Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta 43 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta RESUMO DAS CONDIÇÕES DA INTERFACE CAVACO-FERRAMENTA Podem existir três situações distintas: Aderência + Escorregamento Escorregamento (com eliminação da aderência pela adição de elementos de livre-corte) Aresta Postiça de Corte - APC Em se prevalecendo qualquer uma destas, temos três situações distintas, e portanto os efeitos na usinagem são também diferentes, principalmente na força de usinagem, na temperatura de corte e no desgaste das ferramentas de corte. 44 Capítulo 6: A Interface Cavaco-Ferramenta CONSIDERAÇÕES FINAIS Todas estas informações ratificam a importância das condições da interface cavaco-ferramenta no processo de usinagem. Portanto, o conhecimento destas condições deve ser incentivado, e pesquisa nesta área é fundamental. Ainda existem muitas coisas obscuras neste processo, tais como a quantificação de deformação e a distribuição de temperatura na zona de fluxo. O processo de deformação e os fenômenos que ocorrem na zona de cisalhamento primária são importantes, porém, a prática tem mostrado que o que ocorre na zona de cisalhamento secundária é tão importante quanto, e que em termos de performance de ferramentas, a zona secundária é mais importante que a primária.