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Criminologia II - Privação Emocional ou Delinquência - Prof Alvino

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DPM516 – CRIMINOLOGIA II 
Prof. Alvino Augusto de Sá 
 
28.2.2013 
Criminologia Clínica 
mariana.duarte@usp.br 
mari.borgheresi@gmail.com 
alvino@usp.br 
 
 
PROGRAMA 
1. ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS DA ANTROPOLOGIA CRIMINAL À CRIMINOLOGIA 
CLÍNICA 
1. Antropologia Criminal versus Escola Clássica do Direito Penal 
2. Causas da delinquência verdadeira, segundo a Antropologia Criminal 
3. Consequências práticas da Antropologia Criminal na penologia 
4. Compreensão da delinquência, à luz da Criminologia Clínica 
2. MOTIVAÇÃO CRIMINAL E SEUS PARADIGMAS 
1. Paradigma causalista 
2. Paradigma multifatorial 
3. Paradigma crítico 
4. Paradigma da passagem ao ato versus paradigma da reação social 
5. Paradigma das inter-relações sociais 
3. MODELOS DE CRIMINOLOGIA CLÍNICA E OS PARADIGMAS DE MOTIVAÇÃO 
CRIMINAL 
1. Conceito de criminologia clínica 
2. Modelo médico-psicológico de Criminologia Clínica e o paradigma casual de motivação 
criminal 
3. Modelo psicossocial de Criminologia Clínica e o paradigma multifatorial de motivação 
criminal 
4. Modelo de Criminologia Clínica de inclusão social e o paradigma das inter-relações 
sociais de motivação criminal 
4. PERSONALIDADE E CRIME 
5. AS AVALIAÇÕES TÉCNICAS: EXAME CRIMINOLÓGICO, EXAMDE DE 
PERSONALIDADE E PARECER DAS COMISSÕES TÉCNICAS DE CLASSIFICAÇÃO 
6. DELINQUÊNCIA NEURÓTICA 
7. DELINQUÊNCIA CARACTEROLÓGICA 
1. Personalidades psicopáticas 
2. Personalidades dissociais 
SEMINÁRIO: AS NORMAS DA CIVILIZAÇÃO E A REINTEGRAÇÃO SOCIAL DOS 
ENCARCERADOS 
 
 
I - ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS DA ANTROPOLOGIA CRIMINAL À 
CRIMINOLOGIA CLÍNICA 
Antropologia Criminal versus Escola Clássica do Direito Penal 
 
1. Escola Clássica 
1.1 inspirou-se na Filosofia do Iluminismo, porque o homem é ser racional 
1.2 Postulado básico: livre arbítrio – porque todas as pessoas são igualmente dotadas de 
2 
razão e de vontade. Se todas são igualmente dotadas, todas são igualmente dotadas de 
livre-arbítrio e, portanto, são igualmente responsáveis perante o Direito Penal. 
1.3 Prega igualdade de todos os homens (Beccaria) 
1.4 Método: apriorístico – não há necessidade de se saber quem é o infrator, não se precisa 
conhecer a pessoa. Isso já vem predeterminado na norma. 
1.5 Delito = ente jurídico 
1.6 Pena: tem finalidade repressiva e deve ser proporcional ao dano causado 
2. Antropologia Criminal 
2.1 Nega fundamentalmente: 
2.1.1. livre arbítrio 
2.1.2. capacidade de auto-determinação – a pessoa não é capaz de se determinar 
2.2 Substitui responsabilidade moral por responsabilidade social 
2.3 Reconhece no delinquente verdadeiro predisposições básicas – o delinquente está 
predisposto ao crime e esta predisposição é básica, faz parte de seu ser, de seus traços 
raciais, de suas reminiscências atávicas 
3. Causas da delinquência verdadeira segundo a Antropologia Criminal 
3.1 Atavismo, com suas marcas: 
3.1.1. na morfologia – a morfologia do corpo é expressão de traços atávicos, mas 
que estão na pessoa e que são as causas da delinquência 
3.1.2. no senso moral 
 07.3.2013 
3.2 Taras degenerativas, de causas inespecíficas e desconhecidas: 
3.2.1. Idiota, imbecilidade 
3.2.2. Loucura moral 
3.2.3. Epilepsia – não é o ataque epiléptico, mas no sentido de instabilidade 
biológica 
3.3 Fatores sociais e ambientais 
4. Consequências práticas da Antropologia Criminal na penologia 
4.1 Dupla finalidade da pena 
4.1.1. Segurança social 
4.1.2. Cura, para os recuperáveis – jamais deve servir de “vingança” 
4.2 Preocupação científica pela terapêutica penal e pela prevenção da criminalidade – 
propõe-se a individualização da pena (benefícios, progressão). 
5. Compreensão da delinquência à luz da Criminologia Clínica 
5.1 Três linhas de pensamento, quanto à busca de explicações diagnósticas: 
5.1.1. nos “espíritos maus” (antiguidade): cisão entre o “eu” e o “não eu” (a doença 
está no “não eu”) 
5.1.2. no corpo (Kraepelin): cisão entre a mente e o corpo 
5.1.3. na dinâmica psíquica (Freud) 
5.2 Criminologia clínica “tradicional”: conduta criminal = conduta “anormal”, que está a 
exigir um diagnóstico e um tratamento, na linha do modelo médico-psicológico. A 
dinâmica criminal é investigada no indivíduo sob o enfoque médico-psicológico 
5.3 Criminologia clínica “moderna”: conduta criminal = conduta socialmente desadaptada, 
que está a exigir uma investigação de fatores multivariados (que abrangem o indivíduo, 
toda sua história e seu ambiente), e propostas terapêutico-penais. A dinâmica criminal é 
investigada no indivíduo sob enfoque essencialmente interdisciplinar. 
5.4 Consequências práticas: 
5.4.1. Exame criminológico 
5.4.1.1. de entrada (art. 8º, LEP) 
5.4.1.2. para fins de progressão de regime 
3 
5.4.1.3. Centro de Observação Criminológica – C.O.C. (art. 96, LEP) 
5.4.2. Previsão das Comissões Técnicas de Classificação 
5.4.2.1. exame de personalidade (art. 9º, LEP) 
5.4.2.2. parecer de C.T.C. (art. 6º, LEP) 
 
14.3.2013 
Paradigmas da Motivação Criminal 
 
Causal 
 Há circunstâncias necessárias e suficientes para que se produza o resultado. Resta-nos 
compreender a causa. 
 A lógica dos paradigmas da motivação criminal a partir da ideia causal é a noção de que a 
criminologia nasce a partir da lógica médico-psicológica. 
 De acordo com Lombroso, o crime tem três causas: 
1. regras atávicas 
2. taras degenerativas 
3. fatores ambientais 
 A criminologia a partir do paradigma causal é uma ciência que se coloca em posição de 
vassalagem em relação ao Direito Penal. 
 A antropologia criminal italiana é o que mais influencia o nascimento da criminologia clínica. 
Quem vai criar a ideia de criminologia clínica é Di Tullio. 
 O paradigma causal vai nos conduzir ao modelo médico-psicológico de criminologia clínica, 
com a figura do tratamento como predominante. 
 
Multifatorial 
 O fator contribui para a produção de um resultado, mas não é suficiente para que o resultado 
se verifique. 
 Na verdade, os dois paradigmas iniciais servem para análise de um mesmo evento. 
 O paradigma multifatorial vai nos conduzir ao modelo psicossocial. 
 Num modelo psicossocial, a proposta de intervenção da criminologia não seria o tratamento, 
mas a figura da ressocialização. A ressocialização não leva à queda de barreiras, contudo. 
 A criminologia segue ocupando a imagem de disciplina auxiliar do direito penal. 
 
Crítico 
 Negação da validade da investigação da motivação criminal (alteração de foco do criminoso 
para as instâncias de poder). 
 O que faz um ato ser desviante é a pecha de desviante que os gestores da moral incutem. 
Becker propõe o que acabou ser conhecido como labelling approach. 
 A criminologia crítica vai propor que não nos preocupemos mais com a conduta, mas com a 
punição penal. 
 Mas a criminologia crítica apresenta um problema em relação à ideia de criminologia clínica. 
Dentro desse paradigma em que eu analiso apenas os gestores do poder, não faz sentido buscar a 
causa da motivação criminal. 
 Zaffaroni vai criar um conceito de clínica da vulnerabilidade: o criminólogo, dentro do 
cárcere, não deve ser um vassalo do juiz; ao contrário, deve ser alguém que preste um serviço para a 
pessoa presa, para que esta supere a vulnerabilidade decorrente do cárcere. O técnico que entra no 
cárcere teria que atuar apesar do cárcere, e não por meio dele. 
 O paradigma crítico vai destruir os outros dois paradigmas anteriores. 
 
Inter-relações sociais 
4 
 O professor Alvino usa uma superposição entre o paradigma da reação social e o paradigma 
do fato social bruto. Para tanto, deve-se superar três antagonismos: 
1. entre o paradigma do ato social bruto e o da reação social – devenir 
2. entre o livre arbítrio e o pré-determinismo – acteur situé (corresponsabilidade) 
3. entre a criminologia sociológica e a criminologia
clínica 
 De acordo com Álvaro Pires, o objeto da criminologia é confuso. Portanto, a criminologia é 
uma ciência confusa. 
 A proposta que surge deste paradigma é o da reintegração social. O diálogo entre comunidade 
e cárcere deve ser simétrico, portanto, já que a reintegração social não é do preso, mas da sociedade. 
 
21.3.2013 
Modelos de Criminologia Clínica 
Conceituação Geral de Criminologia Clínica 
 Criminologia Clínica é um campo de atividade e de conhecimentos interdisciplinares 
predominantemente científicos, atividade e conhecimentos esses voltados para a pática profissional. 
 Propõe-se fazer uma escuta compreensiva de casos individuais, referentes a pessoas 
envolvidas com a justiça e uma leitura da dinâmica da instituição enquanto instância de controle. 
 Busca compreender os comportamentos problemáticos, encarando-os como expressão de 
conflitos e confrontos que seus autores têm em relação às expectativas, normas e valores sociais e 
culturais, e também levando em conta seu caráter de lesividade e conflitualidade na dinâmica que se 
estabelece entre o autor e a vítima. 
 Interessa-se por avaliar os desdobramentos possíveis dos comportamentos problemáticos e 
formular estratégias que contribuam para que os condenados tenham um sucesso saudável em sua 
vida. 
 
Modelo médico-psicológico de Criminologia Clínica – Uma criminologia clínica de primeira 
geração 
 Criminologia Clínica é um campo de atividade e de conhecimentos interdisciplinares 
predominantemente científicos que, valendo-se dos conceitos, princípios e métodos de investigação 
médico-psicológicos (e sócio-familiares), ocupa-se do indivíduo condenado, para: 
1. Analisar no indivíduo a dinâmica de sua conduta criminosa, sua personalidade e seu 
“estado perigoso” (diagnóstico); 
2. Inferir sobre as perspectivas de desdobramentos futuros da mesma (prognóstico); 
3. E assim propor estratégias de intervenção, com vistas à superação ou contenção de 
uma possível tendência criminal e a evitar a reincidência (tratamento). 
 A conduta criminosa tende a ser compreendida como conduta anormal, desviada, como 
possível expressão de uma anomalia física ou psíquica, dentro de uma concepção pré-determinada 
do comportamento, pelo que ocupa lugar de destaque o diagnóstico de periculosidade. 
 
Modelo psicossocial de Criminologia Clínica – Uma criminologia clínica de segunda geração 
 Criminologia Clínica é um campo de atividade e de conhecimentos interdisciplinares 
predominantemente científicos que visa a analisar o comportamento criminoso e estudar estratégias 
de intervenção junto ao encarcerado, às pessoas envolvidas com ele e com a execução de sua pena. 
 Análise/compreensão: em suas análises, valoriza os fatores ambientais enquanto autônomos, e 
busca compreender o preso como pessoa, conhecer suas aspirações e as verdadeiras motivações e de 
sua conduta criminosa. 
 Estratégias de intervenção: voltar-se-á para os diretores e agentes de segurança penitenciários, 
visando envolvê-los num trabalho conjunto com os técnicos, assim como envolver todos os demais 
serviços do presídio e, de forma especial, a família do detento. 
 Avaliação: levará em conta sua resposta às estratégias de intervenção propostas, valendo-se, 
5 
não só de avaliações técnicas, mas também das observações dos outros profissionais, incluídos aí os 
agentes de segurança penitenciários, observações essas que serão tecnicamente colhidas e 
interpretadas pelo corpo técnico. 
 
Criminologia Clínica de Inclusão Social – Proposta de um modelo de terceira geração 
 A Criminologia Clínica de inclusão social é um campo de atividade e de conhecimentos 
interdisciplinares predominantemente científicos, que tem como objeto de estudo o paradigma das 
inter-relações sociais, por força do qual ocorreu o crime, entendido como comportamento 
socialmente problemático. 
 
Pressupostos da lógica atual do sistema punitivo 
1. Mais grave o crime, mais severa a pena. 
2. A pena tem ou pode ter a função de ressocialização, mas sempre em função do tipo e 
gravidade do crime cometido. 
3. A pena de referência é a de prisão. As demais serão alternativas. 
4. O autor do crime é o único responsável por seu ato. 
5. No cárcere, as medidas de segurança devem prevalecer sobre quaisquer medidas de 
individualização. 
6. A ressocialização é pressuposto básico para que o encarcerado possa ser reinserido na 
sociedade. 
 
Criminologia Clínica de inclusão social: inversões lógicas: 
1. A segurança no cárcere deve subordinar-se à individualização. 
2. A inclusão social (reintegração) deve ser um pressuposto para a ressocialização. 
3. As penas alternativas passam a ter prioridade, passando a pena de prisão a ser alternativa. 
4. O tipo e quantum de punição deve subordinar-se à meta de inclusão social. 
 
Aplicações da criminologia clínica de inclusão social à execução penal (e ao direito criminal) 
 Ressocialização: relação de autoridade; visão redutora da responsabilidade pelo 
comportamento problemático. 
 Reintegração social: relação simétrica e de co-responsabilidades, buscando-se 
ressignificações através do diálogo. 
 Inclusão social: fortalecimento pessoal, que deveria ser a meta do próprio Direito Penal. 
 
04.4.2013 
Conflito entre Ressocialização e o Princípio da Legalidade Penal 
Luís Carlos Valois 
[Exposição apresentada pelo monitor – juiz da vara de execuções penais no Amazonas – 
basicamente sobre o tema acima, com alguns exemplos de jurisprudência] 
 
11.4.2013 
O Exame Criminológico 
Considerações Críticas 
1) De Classificação 
 Previsto no art. 8º da LEP e no art. 34, CP. É obrigatório, mas nunca é feito. 
2) Para fins de progressão 
 Não é previsto, mas é feito costumeiramente. 
 
1 – A Natureza do Exame Criminológico 
 Para fins de concessão de benefício, o exame criminológico consiste em: 
6 
1. Diagnóstico criminológico 
2. Prognóstico criminológico 
3. Proposta de conduta 
 A abordagem é interdisciplinar (estudo jurídico, estudo psicológico, estudo sociológico, 
estudo psiquiátrico). 
 O núcleo de exame é o diagnóstico criminológico. 
 O diagnóstico criminológico é a busca de compreensão de todo um complexo contexto 
pessoal do examinando e de sua forma de associação com a conduta socialmente problemática do 
mesmo, definida pelo direito penal como crime. 
 O diagnóstico criminológico não pressupõe nenhuma concepção ontológica e positivista de 
crime e nenhuma relação pré-determinista entre contexto pessoal e conduta incriminada. 
 O prognóstico criminológico é a parte mais frágil e menos defensável do exame. 
 Não é da seara do exame criminológico a verificação da periculosidade dos imputáveis. Se é 
imputável, não é perigoso. A periculosidade serve para se dar medida de segurança, ou seja, dá-se 
para os inimputáveis. A periculosidade é uma condição imanente (intrínseca, interna) da pessoa, que 
a predispõe ao crime. A periculosidade é própria, por exemplo, dos psicopatas, dos oligofrênicos, 
dos psicóticos. 
 Não existe forma de expressão para termos técnico-jurídicos e a periculosidade é termo 
técnico-jurídico. 
 O prognóstico serve para se medir a probabilidade de reincidência. 
 
2 – A inconsistência de algumas objeções levantadas contra o exame criminológico 
1ª objeção – O exame criminológico seria uma espécie de “bola de cristal”, de prognóstico. 
Discussão: 
 Não se pode identificar exame criminológico com prognóstico. 
 O exame não desemboca, necessariamente, no prognóstico 
 Negar a validade do diagnóstico é negar a validade de três ciências tradicionais e suas 
respectivas técnicas de exame: psiquiatria, psicologia e serviço social. 
 A almejada objetividade também não está garantida nos chamados critérios objetivos: o lapso 
temporal e a conduta carcerária. 
 
2ª objeção – O exame criminológico parte de um pressuposto positivista. 
Discussão: 
 O pressuposto básico do
núcleo diagnóstico é que existe uma relação entre as condições 
pessoais do examinando e seu comportamento que o direito penal tipifica como crime. 
 
3ª objeção – é um absurdo pretender-se avaliar periculosidade de alguém. 
Discussão: 
 Absurdo é confundir exame criminológico com exame de sanidade mental e parecer de 
cessação de periculosidade. 
 
4ª objeção – O exame criminológico é uma invasão à intimidade e à privacidade do outro. 
Discussão: 
 Nenhum preso é obrigado a se submeter ao exame criminológico. 
 Na esteira da objeção acima, também deveriam ser extintas as seguintes avaliações: 
• exame de sanidade mental, bem como os pareceres de cessação de periculosidade 
• a avaliação da circunstância judicial personalidade, prevista no art. 59, CP 
• exames de sanidade mental feitos para avaliação da capacidade civil 
• exames psicológicos e cinâmicas de grupo feitas para fins de seleção nas empresas 
• avaliações psicológicas feitas nas escolas 
7 
• as avaliações técnicas feitas nos infratores internados da Fundação Casa 
• todos os assim chamados exames psicotécnicos para retirar a carteira profissional de 
motorista, para pilotar aviões, etc. 
 Se o preso é parte frágil, também os outros examinandos são partes frágeis nessa relação de 
submissão. 
 
3 – Críticas técnicas 
1. Núcleo diagnóstico 
1. Primeiro problema do diagnóstico corresponde a um duplo desafio: 
1. Como garantir que as características psicológicas apontadas no atual exame estavam 
presentes quando da prática criminosa há dois, três ou mais anos atrás? 
2. Como garantir que as características psicológicas apontadas no exame foram fatores 
psicológicos motivadores do crime? 
2. Segundo problema: O risco de que os técnicas deem às características negativas um 
realce maior, sem que se garanta a relação entre elas e o crime. 
2. Prognóstico 
1. Muitas características são relativamente estáveis. 
2. Além disso, os dados familiares e sociais do passado são irremovíveis. 
3. Formas de enfrentamento 
1. Diagnóstico 
1. Realização do exame criminológico de entrada 
2. Prognóstico 
1. Realização do parecer das C.T.C. (Comissões Técnicas de Classificação) 
 
 
O parecer das Comissões Técnicas de Classificação 
A previsão legal do parecer do CT.C.: arts. 6º e 112 da LEP (redação anterior). 
Natureza: consiste na avaliação da resposta que o preso vem dando aos programas 
individualizadores. 
 
Exame de personalidade 
 É o exame da pessoa do preso, previsto no art. 9º, LEP. Vai para além das grades. A pessoa 
que chega no cárcere não deve ser encarada como um criminoso, mas como pessoa. Esta pessoa tem 
aspirações, tem sonhos, tem ansiedades, tem desejos, tem interesses, tem perspectivas, tem aptidões, 
quer ser alguém na vida e conhecer a pessoa como ela é caracteriza-se o exame de personalidade. 
 Este exame de personalidade não é feito. Ninguém nunca ouviu falar. Ninguém nunca fez e 
nem se interessa em fazer. 
 
18.4.2013 
Personalidade e Crime 
1. Art. 59, CP 
2. Muitos julgados do TJSP afirmam que a reincidência ajuda a confirmar a personalidade 
criminosa do agente 
3. Conceituação de personalidade. A personalidade tem dois núcleos, um duro e um dinâmico. 
1. Núcleo estável: A personalidade é um padrão peculiar de conduta do indivíduo, que 
caracteriza e garante sua identidade, abrange suas disposições orgânicas e psíquicas, 
conscientes e inconscientes, manifestas e latentes. 
2. Núcleo dinâmico: A personalidade vai se moldando e se readaptando por força de novas 
experiências significativas do indivíduo e dos fatores externos, ambientais, aos quais 
está sujeito. 
8 
4. O processo de tornar-se pessoa: 
1. O self 
2. A personalidade 
3. A experiência 
 
Personalidade e crime 
1. Paradigma da passagem ao ato – as característica da personalidade e do ambiente 
produzem/viabilizam a “conduta criminosa”, e servem de explicação/compreensão do 
comportamento criminoso. 
2. Paradigma da reação social – vai sair da pessoa. Rotulação social promove readequação do 
padrão de condutas e valores e isso ajuda na compreensão do processo de criminalização 
(seletividade). Está inserido das teorias do labelling approach pra frente. 
3. Paradigma das inter-relações sociais – existe uma sobreposição entre os dois paradigmas 
anteriores: o que importa é o cenário do crime praticado pelo ator situado. Pode estar 
associado à conduta socialmente problemática tipificada como crime, o que serve para a 
compreensão do processo que contribuiu para que a pessoa cometesse o crime. 
 
Criminologia clínica 
1. No conceito do modelo médico-psicológico, o foco está no indivíduo, em seu corpo e em sua 
personalidade. As estratégias são de tratamento/recuperação. A relação de causa e 
consequência se dá entre a personalidade do indivíduo e a conduta criminosa. 
2. No conceito do modelo psicossocial, temos estratégias de ressocialização. Os fatores sociais e 
familiares vão repercutir na conduta do indivíduo. Propõe-se, assim, a ressocialização do 
indivíduo (educação e trabalho). O foco está no indivíduo em seu contexto. As 
características de personalidade do indivíduo podem estar associadas à conduta criminosa. 
3. No conceito do modelo de inclusão social temos estratégias de reintegração social. Não se 
trata de inserir valores na pessoa, mas de valorizá-la pelo que ela é, dialogar com ela. As 
estratégias são de reintegração social, que não precisam, necessariamente, ocorrer no 
cárcere. O foco está no contexto das inter-relações sociais do qual faz parte o ator situado. A 
personalidade do indivíduo, enquanto ator situado no contexto das inter-relações sociais, 
pode estar associada à conduta socialmente problemática.

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