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Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 1 SÉRIES TEMPORAIS 1-DEFINIÇÃO Uma série temporal consiste de um conjunto de observações de uma variável Y obtidas em intervalos igualmente espaçados no tempo. A variável Y deve ser relacionada com o tempo. As variáveis são, em geral, classificadas em contínuas e discretas. No caso das variáveis contínuas (isto é, fluxos) cada observação se refere a um período (fluxo transcorrido em um período). No caso das variáveis discretas (isto é, estoques) cada observação se refere a um instante. Esta classificação é importante no tratamento da agregação ou perda de observações (isto é, obtenção da ST), porém, para análise e modelagem isto é irrelevante e, uma ST com T observações será representada por y1, y2, .., yt, independente se as observações se referem a fluxos ou estoques. 2 – Estudo de Séries Temporais Existem dois aspectos no estudo de séries temporais análise e modelagem. O objetivo da análise é identificar suas propriedades e características. Isto pode ser feito tanto no domínio do tempo quanto no domínio da freqüência. No domínio do tempo o foco está na relação entre as observações em diferentes instantes do tempo, enquanto que, no domínio da freqüência o interesse está no seu movimento cíclico. Estas duas formas de análise são complementares. A principal razão da modelagem de séries temporais é fazer previsões para os valores futuros da variável em estudo. A distinção entre modelos econométricos e modelos de ST, é que estes últimos não modelam os relacionamentos de yt com outras variáveis. Já nas ST o comportamento de yt é explicado apenas por seu comportamento passado, ou por sua relação com o tempo. A previsão é feita então por extrapolação. 3- Métodos para análise e modelagem de ST Os métodos para análise e modelagem de ST podem ser agrupados em 3 categorias: Métodos de Alisamento, Métodos de Decomposição e Métodos Box & Jenkins. Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 2 Os métodos de alisamento e decomposição têm apelo muito intuitivo porque seu desenvolvimento tem grande embasamento empírico, sendo de fácil compreensão e aplicação. Os métodos de alisamento baseiam-se em simples ponderações ou suavização das observações passadas da ST de forma a obter previsões para o futuro. Os métodos de decomposição utilizam vários conceitos de suavização, porém de forma diferente dos métodos de alisamento. O objetivo deste método é decompor (quebrar) a ST em sub-componentes. Então, em vez de tentar predizer um único padrão, ele tenta fazer predições de padrões sazonais, tendências, ciclos e da aleatoriedade. Previsões usando tais métodos envolvem extrapolações dos padrões de cada componente separadamente e depois recombina-los para obter a previsão final. Os métodos de decomposição não são úteis apenas para fazer previsões, mas também fornecer informações a respeito dos componentes da ST e do impacto de vários fatores, como sazonalidade e ciclos nos resultados. No curso de Análise Estatística II estudaremos os Métodos de Decomposição. 4 – Representação Gráfica de ST Y t=1 t=2 .... t=T 5 – Periodicidade Em geral as ST podem ser observadas em intervalos diários, semanais, mensais, trimestrais, etc. Consideraremos que o número de intervalos dentro de um ano será representado por m e o número de anos da ST será representado por n. Assim, o total de observações da ST será dado por: t Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 3 T= n * M Além disto, consideraremos que os anos serão representados por i e os intervalos dentro do ano por j, assim yi,j corresponderá a observação do ano i do intervalo j. t = m(i-1) + j 6 – Hipótese Fundamentais de Análise das ST Na análise de ST são consideradas algumas hipóteses básicas: • Repetição cíclica do tempo: consiste em supor comparáveis duas observações relativas ao mesmo intervalo j em anos diferentes i e i+k. O tempo se repete identicamente. • Estabilidade das estruturas que condicionam a evolução da grandeza (variável) estudada: Imagina-se que no período em que se deseja analisar a série temporal, incluindo o período posterior ao disponível, a estrutura que condiciona a evolução da variável em estudo se mantém estável. Entretanto se durante o período estudado, fatores externos influírem sobre a grandeza estudada, sua evolução poderá ser passageira ou durável; brusca ou lenta, e neste caso os seguintes procedimentos são possíveis. → Se o efeito é brusco e passageiro: seria preferível abandonar propositalmente a observação, → Se o efeito é brusco e durável: podemos, segundo a grandeza do efeito considerado, decompor o fenômeno estudado em dois sub-períodos e analisa-los de forma separada, → Se o efeito é lento: a própria evolução da ST incorpora o efeito. • Permanência da definição desta grandeza: muitas vezes não é possível manter esta hipótese, por que os métodos de medição evoluem e as definições das grandezas muitas vezes necessitam ser alteradas. Nestes casos, muitas vezes, é possível recalcular a grandeza. Quando isto não é possível, deve-se dividir a série em dois períodos e estuda-los separadamente. 7 – Elementos de uma ST O método de decomposição, usualmente tem como objetivo identificar 4 componentes: tendência, ciclo, fatores sazonais e fatores aleatórios (ou residual). - Tendência (T): representa o comportamento de longo prazo da ST e pode ser crescente, decrescente e estacionário. - Ciclo (C): movimento oscilatório (ups and downs) em relação à tendência. Este componente tem periodicidade de alguns anos. O ciclo é típico de séries econômicas e comerciais (industriais), por ex: PIB, índices de produção Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 4 industrial, etc. Os exemplos são alguns fenômenos da natureza como o El Niño e as secas no Nordeste brasileiro. - A Tendência e o Ciclo formam o componente Extra-estacional ou também denominado Conjuntural (ft) - Sazonal (St): Também denominado Estacional, movimento oscilatório (ups and downs) que se sobrepõe a tendência, com periodicidade anual. Tais variações são observadas por exemplo em dados com base mensal, trimestral (menos que o ano). Ex são as estações do ano. - Residual (zt): Movimentos irregulares (aleatórios), esporádicos da ST, também se sobrepões a tendência, são causados por eventos casuais, por ex: enchentes, greves, eleições. Este componente também é conhecido como erro do modelo, ou seja, é a diferença entre a combinação dos três primeiros componentes (através de um modelo de composição) e o valor observado. Representação Gráfica dos componentes: Tendência T(t) t Tendência T(t) t Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 5 Ciclo + Tendência C(t) t Ciclo t C(t)+T(t) S(t) Sazonalidade t Ano-1 Ano-2 Ano-3 t Y(t) Série Temporal sem Ciclo Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 6 7 – Hipótese sobre a natureza e a composição dos elementos constituintes de uma série temporal O movimento conjuntural "ft" é uma função, definida à priori, qualquer do tempo. O movimento estacional "St" é independente do movimento conjuntural e rigorosamente periódico. St = St + m = St + 2m = St + km = ... Designamos como "Sj" o movimento estacional relativo ao j-ésimo intervalo dentro do ano. Sij = Sj qualquer que seja i O movimento residual "zt" é de fraca amplitude e uma média nula em um número pequeno de meses. As hipóteses que se fazem usualmente sobre a composição dos movimentos conjuntural e estacional conduzem ao "modelo aditivo" ou ao "modelo multiplicativo" . modelo aditivo : yt = ft + St + zt modelo multiplicativo : yt = ft * St + zt ou yt = ft * St (1 + zt ) Observa-se que por transformação de anamorfose logarítmica a segunda forma do esquema multiplicativo se transforma em aditivo, ou seja : log yt = log [ ft * St ( 1+zt ) ] ≅≅≅≅ log ft + log St + Zt A escolha do modelo de decomposição a considerar está ligada a considerações objetivas, por exemplo, a evolução gráfica da série; o modelo aditivo corresponde a uma evolução estacional cuja composição com o movimento conjuntural conduz a uma variação de amplitude constante. Se entretanto, tal composição, conduz a uma variação de amplitude variável (crescente ou decrescente com o tempo), a opção é pelo modelo multiplicativo desde que esta amplitude variável seja crescente/decrescente com o movimento conjuntural. Análise Estatística II-Deptº V- UERJ Profª Fernanda 7 As curvas anuais superpostas são sensivelmente paralelas num gráfico aritmético no caso do modelo aditivo e num gráfico semilogarítmico no caso do modelo multiplicativo. Os modelos multiplicativos são de uso mais freqüente.