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1/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Apostila de Física Experimental Prof. Dr. Paulo César de Souza 2/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Índice 1 Introdução à medida ................................................................................... 3 1.1 Instrumentos de Medida ....................................................................... 4 1.1.1 Princípios de funcionamento do Nônio ou Vernier[1] .................... 6 1.2 Algarismos significativos e arredondamentos .................................... 11 1.2.1 Arredondamentos ....................................................................... 12 1.3 Exercícios .......................................................................................... 13 2 Representação Gráfica ............................................................................. 15 2.1 Escala ................................................................................................ 15 2.1.1 Regras práticas de construção de um gráfico ............................. 18 2.2 Análise Gráfica ................................................................................... 20 2.3 Linearização ....................................................................................... 21 2.3.1 Linearização de polinômios ........................................................ 22 2.3.2 Linearização de funções especiais ............................................. 23 3 Erros.......................................................................................................... 28 3.1 Distribuição Discreta de Probabilidade .............................................. 29 3.2 Valor Médio ........................................................................................ 31 3.3 Distribuição Binomial .......................................................................... 32 3.3.1 Análise do lançamento de uma moeda ....................................... 35 3.4 Distribuição de Poisson ...................................................................... 38 3.5 Variáveis contínuas ............................................................................ 40 3.5.1 Densidade de Probabilidade Gaussiana e Intervalo de Confiança . 40 3.6 Espaço amostral de variável contínua ............................................... 42 3.6.1 Valor médio e desvio padrão ...................................................... 42 4 Método dos Mínimos Quadrados .............................................................. 46 5 Como fazer um bom relatório .................................................................... 47 6 Bibliografia ................................................................................................ 51 3/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 1 Introdução à medida O papel da ciência está na acumulação de conhecimentos e o uso estruturado de conhecimento para prover uma melhor compreensão da natureza. Assim, com o uso de uma linguagem própria e um método – o método científico – o homem pode aplicá-las na resolução de muitos problemas do cotidiano. Segundo o dicionário Aurélio temos a seguinte definição de medida: “Ato ou processo de comparar uma grandeza com outra com o objetivo de associar à primeira um numero característico do seu valor em face da grandeza com a qual foi comparada; medição.” Importante: Uma medida visa à descrição quantitativa de fenômenos físicos. Grandezas mais comuns: • Comprimento • Massa • Área • Volume • Temperatura • Tempo São expressas como: = Escalar × Unidade de medida Exemplos: Medida Grandeza (Entidade suscetível de medida) Informação Tomada de decisão Padrão 4/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br (a) Comprimento Figura 1-1 Medida de um objeto de comprimento L com uma régua metálica. L= 5,8 cm (b) Intervalo de tempo ∆t = 0,5 h = 30 min = 1800 s (c) Rapidez 72 km/h = 20 m/sxv t ∆ = = ∆ Observação: Os processos (a) e (b) são realizados com medidas diretas e (c) por indiretas. 1.1 Instrumentos de Medida Um instrumento de medida é um agente mecânico na execução de qualquer trabalho cujo fim é a medição. Necessariamente qualquer instrumento necessita de um padrão de referência para sua devida calibração. Tome-se, por exemplo, uma régua que você compra em lojas. Essa régua vem com E scala r Unidade 5/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br riscos devidamente espaçados de acordo com o padrão existente na fábrica. Para termos uma medida de 1 metro confiável necessita-se de padrões excelentes – isto é um problema tecnológico. No caso da medida de comprimento usa-se o metro cuja recente definição é a extensão percorrida pela luz no vácuo em 1/299.792.458 segundos. Nesse caso o uso de fontes de luz lasers é essencial à caracterização do padrão e da medida. Em resumo temos: � Padrões confiáveis com a utilização de alta tecnologia (experimentos complexos) � Padrões secundários obtidos através de padrões primários previamente aferidos. Dessa forma, uma régua comprada numa loja possui intrinsecamente uma incerteza instrumental ou até mesmo um instrumento de qualidade adquirido em departamentos especializados. O problema da falta de exatidão é crucial em qualquer ciência experimental, citamos alguns: � Resolução é a aptidão de um instrumento em distinguir valores muito próximos da grandeza a ser medida. � Limiar ou limiar de sensibilidade é a menor variação de um estimulo que provoca uma variação perceptível na resposta de um instrumento de medir. � Estabilidade é a aptidão de um instrumento de medição conservar seus padrões metrológicos. � Justeza é a aptidão de um instrumento em apresentar medidas isentas de erros sistemáticos. � Fidelidade é a aptidão de um instrumento, sob condições definidas de utilização, a respostas próximas a um mesmo estímulo. As medidas são realizadas com instrumentos adequados a cada situação. A necessidade em se medir uma dada grandeza vai depender em geral de muitos parâmetros, e.g. precisão e exatidão do instrumento utilizado. Os instrumentos mais comuns de medida são: 6/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br • Régua milimetrada • Paquímetro • Micrômetro ou pálmer • Relógios mecânicos, elétricos, eletrônicos ou atômicos • Balança de mola (dinamômetro), de travessão ou eletrônica. Os itens (1) ao (3) são medidas de comprimento, (4) de espaço de tempo e (5) de massa. 1.1.1 Princípios de funcionamento do Nônio ou Vernier[1] Imagine a seguinte situação: você realiza a medida de um objeto com uma régua milimetrada e o resultado é um número não inteiro de divisões. O que fazer para a determinação da parte fracionária? A resposta a esse problema é o uso do Nônio*. Esse dispositivo permite efetuar a leitura dessa parte fracionária (menor divisão da escala principal) através de uma escala auxiliar anexada a escala principal. Esse é o princípio de funcionamento do paquímetro. Figura 1-2 Representação da escala principal (verde) com o Nônio (azul) adaptado a mesma. Um exemplo é apresentado na Figura 1-2 com a presença de duas escalas principal e secundária (chamada aqui de Nônio ou Vernier) com zeros * Forma latinizada de Nunes, inventor do aparelho. 7/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br coincidentes. A escala principal possui 10N = divisões e a escala do Vernier corresponde a 1 9N − = divisões da escala principal. Assim, cada divisão do Nônio é mais curta que 1 N da escala principal, em nosso caso 1 10 (conforme é assinalado na figura anterior), ou seja, a parte ou divisão que ficou para as escalas serem iguais foi diluída negativamente na escala do Vernier. Na Figura 1-2 podemos observar que a 1a divisão do Nônio é 1 10 mais curta que a 1ª divisão da escala principal. A 2ª divisão do Nônio está 2 10 da 2ª divisão da escala principal e a 3ª divisão do Nônio está 3 10 da 3ª divisão da escala principal. Isso se repete até que a 10ª marca do Nônio coincida com a 9ª marca da escala principal e, obviamente, a distância entre as décimas marcas será 10 10 . Uma escala construída dessa forma, i.e. Vernier, quando a movemos para a direita faz com que haja sempre uma coincidência entre as marcas de ambas as escalas. Quando realizamos uma medida de um objeto o “zero” do Nônio irá marcar a quantidade inteira de divisões deslocadas da escala principal e a parte fracionária da medida será de acordo com a coincidência da escala do Vernier com a escala principal. Na Figura 1-3a podemos observar que o deslocamento fracionário da escala principal foi de 17 10 × , i.e. onde a 7ª marca do Nônio coincidiu com uma marca da escala principal. Entretanto, na Figura 1-3b o deslocamento do Nônio foi de 2 divisões da escala principal adicionado uma parte fracionária de 18 10 × ,conforme a coincidência assinalada. Assim, observamos que o Nônio nos dá uma precisão de 1 10 da escala principal. 8/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Figura 1-3 Exemplos de leitura com um Nônio de 10N = divisões. Na parte superior o Nônio se deslocou uma fração da 1ª divisão da escala principal e essa fração foi de 7 10 . Já na parte inferior o deslocamento do Vernier foi 2 divisões da escala principal e uma fração cuja leitura no Nônio foi de 8 10 , ou seja, a leitura final é de 2,8 divisões da escala principal. Na Tabela 1-1 podemos observar os parâmetros da medida feita na Figura 1-3b. Note que nessa tabela a 8ª marca do vernier coincide exatamente com a 10ª marca na escala principal, ou seja, a parte fracionária da media é 0,8. Tabela 1-1 Os valores e erros associados à medida mostrada na Figura 1-3b. Marca do Nônio 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Leitura da escala principal 2,8 3,7 4,6 5,5 6,4 7,3 8,2 9,1 10 10,9 11,8 Erro a marca mais próxima 0,2 0,3 0,4 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0,1 0,2 Marca mais próxima da escala principal 3 4 5 ? 6 7 8 9 10 11 12 9/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br No caso geral a precisão P do Nônio é dada pela seguinte equação: DP N = (1.1) onde D é a menor divisão da escala principal e N o número de divisões do Nônio ou Vernier. Numa leitura cujo “zero” do Vernier se deslocou 0L divisões inteiras da régua principal mais um número n de frações de divisões do Vernier, o valor total será: 0L L nP= + (1.2) Na Tabela 1-2 apresentamos alguns tipos de Nônio existentes no mercado: Tabela 1-2 Parâmetros de alguns Verniers existentes. N Número de divisões do Vernier C (mm) Comprimento total do Vernier D (mm) Comprimento da menor divisão da escala principal d (mm) Comprimento da menor divisão do Vernier P (mm) Precisão do dispositivo 10 9 1 9 10 0,1 10 19 1 19 10 0,1 20 39 1 39 20 0,05 50 49 1 49 50� 0,02 Na tabela anterior a menor leitura possível com um Nônio de 50 divisões é de 0,02 mmP = . Entretanto, isso na pratica é difícil de se obter devido à dilatação térmica do material e uma eventual folga durante a medida. Dessa forma o grande número de divisões do Nônio pode ser um problema na determinação das marcas que há coincidência. 10/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br O estudante pode recortar o exemplo de Nônio apresentado na Figura 1-4 para praticar a leitura do paquímetro. Figura 1-4 Exemplo de Nônio para recortar e praticar. 11/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 1.2 Algarismos significativos e arredondamentos Algarismos significativos são os algarismos que indicam, com significado físico, a medida de uma grandeza. Não faz sentido que a medida venha afetada de uma aproximação maior do que aquela que é permitida pelo valor do limite superior do erro. Se fizermos uma medida da largura de uma mesa com uma régua graduada, cuja menor divisão da escala é 1 mm e o resultado vir apresentado pelo número, 97,65 cmL = . Neste caso, nem todos os algarismos deste número merecem o mesmo grau de confiança. Assim, os algarismos 9,7 e 6 são algarismos lidos na escala da régua (exatos) enquanto que o 5 só por estimativa poderá aparecer. Ele refere-se a meio milímetro, divisão que não existe na escala dessa régua. Numa medida adota-se a seguinte regra: 1) O número não-nulo a esquerda é o mais significativo; 2) O número a direita é o menos significativo, zero inclusive; 3) Todos os números entre o menos e o mais significativo devem ser tomados como relevantes. Exemplos: 0,4230 ou 4,230x10-1 Os cálculos com medidas feitas em instrumentos com diferentes incertezas devem ser efetuados da seguinte forma: Sempre o resultado deve ser expresso com a precisão do aparelho de menor fidelidade: Algarismos significativos 12/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br exemplo: a) Soma de dois comprimentos: 12,5 mm + 0,75 mm = 13,25 mm → 13,2 mm. b) No cálculo de área: 12,5 mm x 0,75 mm = 9,375 mm2 → 9,4 mm2. 1.2.1 Arredondamentos Corriqueiramente temos que realizar operações de arredondamento. Seja na soma ou subtração de mesmas quantidades o número de algarismos significativos deve ser mantido. Mas, quando há excessos de algarismos adota- se a regra a seguir[2]: ... , ... excessosignificativos W YX ABCD1424314243 Os algarismos ...ABCD devem ser eliminados e o algarismo X deve ser acrescido de uma unidade ou não. Os arredondamentos devem ser feitos como a seguir: a) As frações de 0,000... a 0,499... são eliminadas e o algarismo X permanece inalterado. b) As frações de 0,500... a 0,999... são eliminadas e o algarismo X deve ser mudado para 1X + . c) Se a fração a ser eliminada é exatamente 0,50000..., então o resultado no algarismo X deve ser par após o arredondamento. Medida com régua de incerteza ±0,5 mm Medida com paquímetro de incerteza ±0,05 mm 13/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Alguns exemplos: 2,43 → 2,4 5,6500 → 5,6 3,688 →3,7 5,7500 → 5,8 1.3 Exercícios 1) Uma vez decidido o que caracteriza o tamanho do besouro, qual das alternativas abaixo melhor caracteriza a medida do tamanho do besouro[3]? a) Entre 0 e 1 cm b) Entre 1 e 2 cm c) Entre 1,5 e 1,6 cm d) Entre 1,54 e 1,56 cm e) Entre 1,546 e 1,547 cm 2) Qual o diâmetro da moeda na figura ao lado[3]? a) Entre 0 e 2 cm b) Entre 1 e 2 cm c) Entre 1,9 e 2,0 cm d) Entre 1,92 e 1,94 cm e) Entre 1,935 e 1,945 cm 3) Quantos algarismos significativos existem em cada um dos valores a seguir? (a)13,5 cm (b) 0,010 kg (c) 1,01x10-3 s (d) 4,123 g (e) 11,342 g/cm3 (f) 2002,0 cm/s (g) 978,7 cm/s2 (h) 6,02x1023 (i) 3,14159 (j) 3x108 m/s 4) Arredonde os valores abaixo, para apenas dois algarismos significativos: (a) 34,48 m (b) 1,281 m/s (c) 8,563x103 s (d) 4,35 cm3 (e) 9,97x10-6 g 14/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br (f) 0,0225 N (g) 2787 m (h) 0,04095 km (i) 143768900 (j) 2,54 cm 5) Escreva os resultados das operações matemáticas a seguir, respeitando o uso de algarismos significativos: (a) 1,02x105kg ÷ 3,1m3 (b) 345m + 23,3m + 1,053m (c) 390,5g ÷ 22,4cm3 (d) 1,89x102g - 2,32g (e) 10,0m ÷ 0,01s (f) 12g × 6,02x1023 6) As figuras apresentadas abaixo representam um paquímetro em duas posições. Na primeira (1), o instrumento está fechado e na segunda (2), está aberto, medindo a dimensão L de um objeto. (a) Qual é a resolução do paquímetro? [1] [2] 15/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 2 Representação Gráfica Quando temos que manipular grande quantidade de informação é necessário o uso de gráficos. Isso se torna mandatário para a correta análise e compreensão das grandezas envolvidas. Note que uma grande quantidade de informação seja ele na forma de dados experimentais ou em qualquer outra forma implica em conhecimento. Necessitamos analisar essa coleção de dados de uma forma organizada e, para isso, utilizamos a representação por gráficos. Assim, a relação entre quaisquer grandezas envolvidas pode ser facilmente detectada. 2.1 Escala O primeiro passo a ser determinado na construção de um gráfico é a escala de representação dos dados. Toda escala possui um passo, ou seja, um segmento de reta delimitado entre dois traços perpendiculares ao segmento. Figura 2-1 Definição de passo e degrau num gráfico de representação de uma grandeza física, i.e. a massa. Na Figura 2-1 apresentamos a definição de passo que é a menor distância real entre duas marcas seqüentes no segmento de reta. Como visto na figura 0 10 20 30 m (g) passo = 1cm degrau = 5g 16/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br em questão existe uma grandeza física associada a escala, assim esses dois traços consecutivos dá-se o nome de degrau. Desta feita temos: passo 1 cm 1 cm gdegrau 5 g 5 M = = = (1.3) Figura 2-2 Exemplo de gráfico linear e logarítmico. Note que no gráfico linear o passo e o degrau são facilmente determinados. Na escala logarítmica o degrau pode ser determinado facilmente, mas o passo segue geometricamente uma função do tipo log. 17/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 1 10 2 3 4 5 6 7 8 9 Assim, a cada variação de distância no papel temos uma variação na grandeza física medida – a cada 1 cm tem-se 5 g. Na parte inferior da Figura 2-2 apresentamos um gráfico do movimento de um móvel em função do tempo onde é assinalado os passos e degraus de cada eixo coordenado. O passo de uma escala pode ser linear ou não. Os tipos mais comuns de escalas são a linear e logarítmica mostrados na Figura 2-2 nas partes inferior e superior, respectivamente. Observe que na escala logarítmica o degrau pode ser determinado facilmente,mas o passo segue geometricamente uma função do tipo log, veja Figura 2-3. Para facilitar a construção gráfica a leitura dos valores numa escala logarítmica é direta ao invés dos seus logaritmos, conforme Figura 2-3. Veja que uma unidade corresponde ao intervalo entre duas potências sucessivas de dez† (log10[10n]-log10[10n-1]=n-n+1=1). Na Figura 2-4 podemos averiguar com mais detalhe como as escalas se relacionam entre si. No eixo das ordenadas temos uma escala linear cujo espaçamento é linear nas divisões apresentadas inclusive nos números delimitando cada ordenada, e.g. 0,8 0,7 0,1− = . No eixo das abscissas os espaçamentos seguem uma função logarítmica (geometricamente) e os números que delimitam cada divisão não. Observe que cada ponto do gráfico o número apresentado na abscissa tem seu logaritmo correspondente na ordenada. † Pela simplicidade os gráficos log utilizam a potência 10. Mas você pode inventar a sua. Figura 2-3 Exemplo de uma escala log. Observe que os espaçamentos seguem uma função log. A escala começa em 1, pois log(1) = 0. Observe que a distância entre dois números no eixo é proporcional à diferença dos seus logaritmos. 18/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 0,9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 Es ca la Li n ea r Escala Logarítimica Abscissa (Log) Ordenada (Linear) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 0,30103 0,47712 0,60206 0,69897 0,77815 0,8451 0,90309 0,95424 1 Figura 2-4 Comparação entre as escalas linear e logarítmica (base 10). Ao lado temos uma tabela de comparação dos valores na escala logarítmica (abscissa) e linear (ordenada). Observe que na escala linear os resultados assinalados são resultados da aplicação da função log nos números da escala logarítmica. 2.1.1 Regras práticas de construção de um gráfico Cada um dos eixos deve conter o nome (ou símbolo) da variável representada, a escala de leitura e a unidade correspondente. Escolha uma escala conveniente para a qual o gráfico represente bem o intervalo medido para cada variável. A regra prática para esta definição é dividir a faixa de variação de cada variável pelo número de divisões principais disponíveis é: Arredondar para o múltiplo mais próximo 1, 2 ou 5. U x C ∆ = → ∆ (1.4) aqui U∆ é a variação de unidades dos dados e C∆ é a variação na escala disponível. Toma-se então um arredondamento a valor superior e de fácil leitura. Estes valores de fácil leitura são: 1, 2 ou 5 unidades ou qualquer múltiplo ou submúltiplo de 10 delas. Por exemplo, no papel milimetrado, se a faixa de variação dos dados for de 35 unidades e o número de cm disponíveis 19/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br for de 10 cm, chegamos ao valor ideal de 5 unidades para cada divisão do gráfico, pois Múltiplo mais próximo35 3,5 5 10 = → . Apresentamos abaixo um exemplo de um gráfico: -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Ve lo ci da de (km /h ) Tempo (s) Figura 2-5 Velocidade de um automóvel acelerando. Aqui ∆∆∆∆C= 10 cm e ∆∆∆∆U= 35 s, portanto Múltiplo mais próximo3,5 5U C ∆ = → ∆ . Na Tabela 2-1 estão dispostos os pontos experimentais apresentados no gráfico na Figura 2-5. Observe que na coluna das velocidades há uma incerteza em cada medida. E essa incerteza é apresentada no gráfico anterior como uma barra vertical indicando valores acima e abaixo do valor da velocidade. 20/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Tabela 2-1 Velocidade (v) medida em função do tempo (t), para um automóvel acelerando. t(s) v(km/h) 0 42 ± 7 5 67 ± 7 10 101 ± 7 15 134 ± 7 20 161 ± 7 25 183 ± 7 30 196 ± 7 35 200 ± 7 2.2 Análise Gráfica O gráfico cartesiano é composto de duas retas ortogonais ou perpendiculares. O ponto de intersecção das retas ou semi-retas é o ponto de origem do gráfico que nem sempre se identifica com a origem das escalas. A escala horizontal é chamada de eixo das abscissas e a vertical de eixo das ordenadas. Através de um par de coordenadas um ponto é estabelecido no gráfico. Esse ponto pode representar a medida de duas grandezas físicas. Uma reta, conforme mostrado na Figura 2-6, é caracterizada pela relação linear entre um par de pontos no gráfico cartesiano, isto é y a bx= + (1.5) a é o coeficiente linear e b é o coeficiente angular da equação. O coeficiente angular é numericamente igual a tangente do ângulo que a reta faz com o eixo das abscissas: numericamente igual2 1 2 1 tan y yyb x x x θ−∆= = → ∆ − (1.6) 21/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br e quando a abscissa se anula temos o coeficiente linear: 0x y a= → = (1.7) O coeficiente linear também pode ser obtido da equação (1.5) com um ponto qualquer da reta, e.g. (x1, y1): 1 1a y bx= − (1.8) Figura 2-6 Elementos no plano cartesiano necessários para a determinação de uma reta. 2.3 Linearização Analisar uma grande quantidade de pontos experimentais é uma tarefa árdua e dispor esses pontos experimentais num gráfico facilita a compreensão da situação. ∆y=y2-y1 ∆x=x2-x1 x1 x2 y1 y2 θ Eixo y (Ordenada) Eixo x (Abscissa) 22/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 2.3.1 Linearização de polinômios É comprovado cientificamente que nosso cérebro facilmente identifica uma curva de uma reta; funções do tipo x2 e x4 não são perceptíveis. Para funções polinomiais do tipo: ( ) By x Ax C= + (1.9) Resulta numa reta se fazemos a seguinte substituição de variáveis: ( )Bz x y z Az C= → = + (1.10) Assim, fazendo-se o gráfico da função da equação (1.10) os coeficientes A e C são determinados prontamente. Figura 2-7 Gráfico linearizado de um objeto em queda livre com a mudança de variável z=t2. No gráfico interior podemos observar o gráfico dos pontos originais. 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0 50 100 150 200 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0 50 100 150 200 h (cm ) z (s2) θ h(c m ) t(s) 23/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Tabela 2-2 Altura (h) em função do tempo (t) para um objeto em queda livre. t(s) h(cm) z=t2 (s2) 0,01 200 0,0001 0,225 173 0,051 0,319 151 0,102 0,390 124 0,152 0,450 99 0,203 0,504 76 0,254 0,552 48 0,305 0,596 26 0,355 0,637 1 0,406 Na Tabela 2-2 apresentamos os pontos experimentais da Figura 2-7. A partir desse gráfico podemos determinar os coeficientes da reta, isto é 2 2 -4,9 10 cm s A = × e 22,0 10C cm= × . 2.3.2 Linearização de funções especiais Se a função for do tipo xy C eβ= ⋅ (‡) é facilmente linearizada pela função ln, i.e. a função logaritmo natural ou neperiano: ( )ln ln lnxy C e C xβ β= ⋅ = + (1.11) Um outro tipo de função pode ser By A x= ⋅ que pode ser linearizada pela aplicação da função log: ( )log log log logBy A x A B x= ⋅ = + ⋅ (1.12) Após a aplicação da função ln ou log nas funções acima os pontos passam a descrever uma reta. ‡ O numero transcendental e equivale a: 2,7182818284590452353602874713527...e = 24/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Na equação (1.11) os dados do eixo das ordenadas descrevem uma função ln e o eixo das abscissas descrevem uma função linear em x. Se colocamos os pontos dessa função num papel do tipo mono-log teremos uma reta. Tabela 2-3 Exemplo de valores de uma função exponencial. x(cm) T/T0 ln (T/T0) 0,0 1,0 0 0,4 0,801 −0,222 1 0,606 −0,501 1,4 0,473 −0,749 2,0 0,341 −1,076 4,0 0,127 −2,064 4,4 0,102 −2,280 7,5 0,0165 −4,104 Na Tabela 2-3, apresentamos os dados para um decaimento exponencial, e na mesma tabela já incluímos os valores do logaritmo da ordenada. -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0,01 0,1 1 T/ T 0 x (cm) -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 -4 -3 -2 -1 0 ∆x=-7,4 ln (T /T 0) x (cm) ∆ln(T/T0)=4 Figura 2-8 Gráfico dos dados da Tabela 2-3 da transmissão normalizada. A esquerda a transmissão T/T0 (segunda coluna) é graficada diretamente na escala mono-log e a direita temos o gráfico linearizado ln (T/T0) (terceira coluna) em papel milimetrado. 25/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Graficando-se os dados desta tabela (Figura 2-8) podemos verificar a linearização da curva, indicando que a exponencial é uma boa aproximação para estes pontos. Os parâmetros β e ln C são dados, respectivamente, pelo coeficiente angular e pelo termo constante da reta. Do gráfico (a direita), obtemos: β = −0, 54 cm−1 e C = 1. (1.13) Podemos obter os mesmos valores diretamente do gráfico da Figura 2-8 (esquerda) lembrando que o papel é log na base 10. Para que possamos obter o mesmo resultado tomamos (por exemplo) dois pontos (1º. e o ultimo), então o coeficiente angular β´ nessa escala será: -1log1 log 0,0165 ´ 0,2377...cm 7,5 0 β −= ≅ − − (1.14) Essa discrepância com o valor apresentado na equação (1.13) é devido ao log ser na base 10, portanto: -1´ 0,54 cm log e ββ = = (1.15) Na Tabela 2-4 temos os pontos apresentados no gráfico da Figura 2-8. Tabela 2-4 Comprimento (L) e período (T) do pêndulo. L(cm) ±0,1 T(s) ±0,01 10,0 0,72 40,0 1,13 70,0 1,75 100,0 1,95 130,0 2,42 160,0 2,46 190,0 2,82 26/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Um exemplo muito ilustrativo na obtenção do coeficiente de atenuação de um gráfico exponencial é mostrado na Figura 2-9. Nesse gráfico temos todos os passos para a obtenção desse coeficiente e sua correção devida a escala logarítmica ser na base 10. Uma outra forma de encontrar o resultado da expressão log logfY Y− é medir Y∆ e L (medida de uma década) com uma régua, a razão Y L ∆ é o resultado quisto, conforme mostrado na Figura 2-9. Figura 2-9 Gráfico exemplo de obtenção do coeficiente b de atenuação da função bXY A e= ⋅ . Note que o coeficiente deve ser corrigido conforme equação (1.15). O resultado logb e⋅ pode ser obtido através da razão Y L X ∆ ⋅ ∆ com as medidas de Y∆ e L obtidas através de uma régua. 1 20 30 4 50 100 200 30 0 10 20 30 40 50 60 70 t (s) T (oC) f iX X X∆ = − f iY Y Y∆ = − bXY A e= ⋅ -1 -1 log log log log 20 log100 71 10 0,012 s 0,027s f i f i Y YYb e X X X b −∆ ⋅ = = ∆ − − = − ≅ − ∴ ≅ − A=160º L 27/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 28/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 3 Erros Um resultado experimental só adquire confiabilidade quando é repetido várias vezes por diferentes métodos e técnicas. Essa afirmação decorre da impossibilidade de se conhecer a priori os erros experimentais que estão associados a uma dada experiência, ou seja, sua incerteza. Os erros experimentais são divididos em: • Sistemáticos (Figura 3-1) o Instrumental – Falta de calibração do instrumento de medida; o Teoria – Uso de fórmulas teóricas aproximadas ou de constantes físicas; o Ambiental – Efeito do ambiente como pressão, temperatura, etc. o Observacional – Falhas ou limitações do observador; • Aleatórios ou randômicos (Figura 3-1) o Originam-se de variações aleatórias no valor da medida de uma grandeza e não podem ser controlados. • Grosseiros o Leitura enganada e/ou negligência (“esquecer a bolacha no prato da balança”) Figura 3-1 Exemplo de erros aleatórios (a) e sistemáticos (b). 29/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br A definição de erro em ciência experimental é algo muitas vezes confuso, pois quando falamos em erro devemos saber o quanto estamos errados. A palavra que é mais adequada correntemente deve ser a incerteza. Seja uma grandeza y medida: experimentalerro verdadeiroy yη = − (1.16) De acordo com a equação (1.16) não conhecemos verdadeiroy (valor verdadeiro da grandeza) e erroη . A definição da expressão anterior define o conceito de erro. O que se é possível saber a respeito de verdadeiroy e erroη são em termos probabilísticos. Assim, em física experimental trabalhamos com os seguintes conceitos: valor provável valor provável verdadeiro p erro p y y η η → → (1.17) Dessa forma, tem-se uma incerteza no valor real de verdadeiroy . Definimos então a incerteza como: experimentalp py yη = − (1.18) É interessante notar que conhecer o valor verdadeiro de uma grandeza exige o conhecimento desta por diferentes métodos e técnicas. 3.1 Distribuição Discreta de Probabilidade Uma variável discreta só pode assumir certos valores conhecidos previamente. Imagine um dado. Sempre quando há um lançamento os valores só poderão ser “1”, “2”, “3”, “4”, “5” ou “6”§. Pela intuição sabemos previamente que quaisquer um dos seis valores ou eventos são equiprováveis, caso contrário o dado é viciado. Entendemos que o processo é aleatório quando os resultados do processo de lançamento podem ter qualquer valor. Note que num processo aleatório não se tem controle de todas as variáveis ou influências sobre o processo físico em si. Na Figura 3-2 temos o exemplo de um processo § Esses valores denotam o espaço amostral do lançamento dos dados. 30/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br aleatório: o lançamento de dados. No lançamento com as mãos todas as condições iniciais de lançamento não são possíveis de se obter. Ou seja, o resultado não é reprodutível. Figura 3-2 Exemplo de um evento após o lançamento de um dado. No caso da Figura 3-2 temos um processo aleatório y cujo resultado pode ser um número finito m de possibilidades, no caso do dado 6m = , ou seja, 6 eventos possíveis. 1 2 3 1 eventos possíveis ... m m m y y y y y −14444244443 (1.19) A freqüência de ocorrência de um dado evento é definida como o número de vezes ( )iN y que ocorre iy quando o processo y é repetido N vezes: ( ) 1 m i i N y N = =∑ (1.20) A freqüência relativa do evento iy é definida como: ( ) ( )ii N yF y N= (1.21) Quando temos um processo hipotético que podemos repeti-lo um número infinito de vezes a freqüência relativa torna-se a probabilidade de ocorrência do evento em questão: ( ) ( ) ( )lim limii iN N N y P y F y N→∞ →∞ = = (1.22) 1,2,3,4,5,6 1 ou 2 3,4,5,6 Evento individual Evento Agrupado Evento A Evento B 31/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Das equações acima obtemos: ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 1 1 m m m i i i i i i F y N y P y N = = = = = → =∑ ∑ ∑ (1.23) Quando todos os eventos possíveis são equiprováveis, i.e. ( ) ( ) ( )1 2 ... mP y P y P y p= = = = , a probabilidade de cada evento ocorrer será: 1p m = (1.24) Conforme as definições acima o lançamento de dados pode ser aplicado sem nenhum problema. Por exemplo, se quisermos saber a probabilidade do dado apresentar o evento y5=“5” num número de lançamentos quaisquer temos a Tabela 3-1. Tabela 3-1 Exemplo de vários lançamentos, onde o evento y5=“5” do dado é o evento de interesse ( 5y ). N 101 102 103 104 105 106 ( )5N y 3 12 163 1.698 16.605 166.753 ( )5F y 0,3 0,12 0,163 0,1698 0,16605 0,166753 1 1 0,1666... probabilidade teórica 6 p m = = = → Na Tabela 3-1 observa-se que há uma convergência para a freqüência e, se extrapolamos para um número infinito de lançamentos os nossos “testes”, alcançamos a probabilidade para o evento em questão. O exemplo da tabela anterior pode ser aplicado sem problemas ao lançamento de uma moeda, nesse caso a probabilidade será 1 2 p = . 3.2 Valor Médio Para N repetições de um processo aleatório da variável discreta y , o valor médio é definido como: 32/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 1 1 N k k y y N = = ∑ (1.25) Se para cada resultado possível iy ocorreu ( )iN y vezes, o valor médio será: ( ) ( )1 1 m i i m i i i i y N y y y F y N = = ⋅ = = ⋅ ∑ ∑ (1.26) Na equação (1.26) m representa o número possível de eventos da variável discreta y . Agora se N → ∞ temos assim o valor médio verdadeiro ( µ ): ( ) 1 lim m i iN i y y P yµ →∞ = = = ⋅∑ (1.27) A assertiva da equação (1.27) só é válida se na avaliação da grandeza y só existirem erros aleatórios. Vale ressaltar que nem todos os processos são possíveis determinar ( )iP y exatamente, então o valor de µ é geralmente indeterminado. Quando se tem uma distribuição de probabilidade que rege um processo de medida de uma grandeza é interessante se definir a variância como: ( ) ( )22 1 m i i i y P yσ µ = ≡ − ⋅∑ (1.28) O desvio padrão σ da distribuição de probabilidade é definido a seguir: ( ) ( )22 1 m i i i y P yσ σ µ = ≡ + = + − ⋅∑ (1.29) As definições das equações (1.28) e (1.29) implicam na indeterminação de da variância e consequentemente do desvio padrão. 3.3 Distribuição Binomial Na teoria de probabilidade e estatística, a distribuição binomial fornece a distribuição de probabilidade do número de sucessos numa seqüência de N experimentos independentes resultando sim/não, em cada sucesso a 33/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br probabilidade é p . O resultado do sucesso/fracasso num experimento é também chamado de experimento de Bernoulli ou uma distribuição de Bernoulli. Conhecer uma distribuição é muito útil na previsão de possíveis eventos ocorrerem. Veja a seguinte situação: se tomarmos seis moedas iguais e as lançamos, o número de “caras” apresentando numa única jogada será a nossa variável independente. Um exemplo é apresentado na Tabela 3-2 onde há 64 possibilidades das moedas caírem. Tabela 3-2 Possibilidades de jogada de seis moedas apresentando “cara”. O evento apresentando “cara” = “H” e “coroa” = “T”. Número de “caras” aparecendo Número de possibilidades que isto pode acontecer Padrões 0 1 TTTTTT 1 6 HTTTTT THTTTT TTHTTT TTTHTT TTTTHT TTTTTH 2 15 Tarefa a partir daqui! 3 20 4 15 5 6 6 1 HHHHHH Total de possibilidades 64 Chegamos à conclusão que a Tabela 3-2 que qualquer uma das 64 possibilidades pode acontecer num lançamento simples (levando-se em conta que em cada lançamento as moedas são bem “chacoalhadas”, e.g. colocadas dentro de um copo e agitadas). Se as seis moedas são agitadas e jogadas 64 vezes temos então os resultados esperados na Tabela 3-3. As freqüências apresentadas nessa tabela são baseadas nas probabilidades teóricas e não necessariamente aparecerá após 64 jogadas, mas na média após um grande número de 34/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br lançamentos tende para esses valores. Assim, se 6400 jogadas forem feitas esperamos 100 ocorrências de 0 “cara”, 600 de 1 “cara”, etc. Tabela 3-3 Resultados esperados após 64 lançamentos de 6 moedas apresentando “cara”. Número de “caras” Freqüência esperada de ocorrência após 64 lançamentos Freqüência relativa de ocorrência (probabilidades) num grande número de lançamentos 0 1 1/64 = 1,56% 1 6 6/64 = 9,38% 2 15 15/64 = 23,44% 3 20 20/64 = 31,25% 4 15 15/64 = 23,44% 5 6 6/64 = 9,38% 6 1 1/64 = 1,56% Na Figura 3-5 apresentamos um histograma dos dados referenciados da Tabela 3-3. 0 10 20 30 0 1 2 3 4 5 6 0 5 10 15 20 Fr eq u ên ci a es pe ra da de o co rr ên ci a ap ós 64 jog ad a s Número de "cara" por jogada Pr o ba bi lid ad e de o co rr ên ci a (% ) Figura 3-3 Histograma dos dados apresentados na Tabela 3-3. Os pontos marcam as probabilidades teóricas de se obter “cara” por jogada de seis moedas. Exercício: Coloque sei moedas iguais num copo. Agite-as bem e as jogue numa superfície plana, e.g. uma mesa. Escreva o número de “caras” em cada lançamento. 35/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Repita o processo 63 vezes para um total de 64 vezes. Faça um histograma da freqüência versus o número de “caras” aparecendo e compare com o caso ideal (Figura 3-3). Se as freqüências relativas fossem previsíveis inteiramente de experimentos tais como este, nós chamaríamos as probabilidades a posteriori (após o fato) ou empírica? Se as suposições teóricas se ajustam aos fatos físicos, esperar-se-ia que as probabilidades experimentais a posteriori aproximassem mais e mais dos valores conhecidos a priori (no caso das tentativas aumentassem em direção ao infinito como limite). 3.3.1 Análise do lançamento de uma moeda Após o lançamento de uma moeda a probabilidade de um sucesso é 50%, ou seja 1 1 2 p m = = ( 2m = número de eventos possíveis), para qualquer situação escolhida (veja Figura 3-4). Figura 3-4 Processo de lançamento de uma moeda. Se tivermos n moedas o número de possibilidade para cada uma é 2, então o número total de possibilidades será: Possibilidades = 2 2 2... 2 2n× × × = (1.30) Observe que uma situação cujo lançamento resulte em todas as moedas apresentando “cara” (evento A) será 1 2 n . Agora analise o caso quando temos: Lançamento Cara 50% (Evento A) Coroa 50% (Evento B) 36/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Figura 3-5 Situação de um possível lançamento de n moedas simultaneamente ou n vezes uma moeda. O evento A representa as “caras” aparecendo y vezes e o evento B representa as “coroas” obtidas ( n y− vezes). y é o número de moedas que apresentam cara (“sucesso”) e ( )n y− é o número de vezes que temos coroa (“fracasso”). A probabilidade do evento A ocorrer em cada processo simples é p e ( )1 p− no evento B. A probabilidade da situação em particular mostrada na Figura 3-5 será: ( )0 1 n yyP p p −= ⋅ − (1.31) y representa o número de vezes que aparece o evento A e ( )n y− o número de vezes que apareceu o evento B. Note que este resultado é bem particular e que qualquer troca de A com B é uma possibilidade válida, logo o número de possibilidades válidas será: ( ), ! ! ! y n n y nC C y n y = = − (1.32) A equação (1.32) representa o número de combinações** possíveis de y objetos idênticos (moedas apresentando “cara”) com n posições. Portanto, a equação (1.31) pode ser generalizada para obtermos a distribuição binomial: ( ) ( ) !( , , ) 1 ! ! n yynP y n p p p y n y − = ⋅ ⋅ − − (1.33) Aplicando a equação (1.33) para a Tabela 3-3 temos: ** Um exemplo: Uma prova de 15 questões o aluno pode resolver 10. Quantas maneiras isto poderá ser feito? C15,10=3.003 maneiras. y vezes (n-y) vezes A A B B ... ... A A B B 37/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 1 1 1(0,6, ) 0,015620 (3,6, ) 0,312500 (6,6, ) 0,01562 2 2 2 1 1(1,6, ) 0,093750 (4,6, ) 0, 234375 2 2 1 1(2,6, ) 0,234375 (5,6, ) 0,093750 2 2 P P P P P P P = = = = = = = (1.34) Como era de se esperar obtivemos os mesmos valores, por que? O valor médio verdadeiro da variável y pode ser calculado através da equação (1.27) resultando em††: ( ) ( )0 ! 1 ! ! n n yy y ny p p np y n y µ − = = ⋅ ⋅ − = − ∑ (1.35) E da mesma forma podemos obter a variância e o desvio padrão: ( ) ( ) 2 1 1 np p np p σ σ = − = − (1.36) Aplicando as equações (1.35) e (1.36) aplicando ao problema mostrado na Figura 3-3 temos: 2 16 3 2 1,5 1,225 npµ σ σ = = ⋅ = = ≅ (1.37) Veja o seguinte exemplo: Um dado é jogado 100n = vezes e o resultado “3” é o evento de interesse, i.e. A. Para cada jogada a probabilidade de se obter o evento desejado é 1 6 p = . Através da distribuição binomial podemos saber como será a probabilidade de cada resultado, ou seja, nas 100 vezes aparecer A ou 99 vezes, e assim por diante. A probabilidade do problema será: ( ) ( ) 1 100! 1 5 , 100, 6 ! 100 ! 6 6 y n y P y P y n p y y − = = = = − (1.38) †† Fazemos a seguinte substituição 1iy y i= = − e 1m n= + . 38/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Figura 3-6 Distribuição binomial para 1 6 p = e 100n = . y é o número de eventos possíveis com probabilidade ( )P y ocorrer. O valor médio é 16,666...npµ = = e o desvio padrão da distribuição é 4,1σ ≅ . Nesse gráfico temos a função gaussiana G(y) que utilizada para variáveis contínuas. Na Figura 3-6 apresentamos o gráfico do número de ocorrências y possíveis (abscissa) e a sua probabilidade ( )P y (ordenada). Note que o resultado mais provável está próximo de 20 ocorrências do evento desejado, i.e. “3”, em 100 jogadas. 3.4 Distribuição de Poisson A distribuição de Poisson representa uma aproximação da distribuição binomial, quando o número médio de eventos é muito menor do que o total possível. Isso acontece, por exemplo, no decaimento espontâneo de átomos por unidade de tempo numa amostra radiativa. Numa amostra podemos ter da ordem 1020 átomos e a sua desintegração por unidade de unidade de tempo é 0 20 40 60 80 100 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 P y( ) G y( ) y 39/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br muitas ordens menor. Outras aplicações possíveis são: taxa de mortalidade infantil numa dada população, número de erros de impressão num livro, etc. Assim, temos a seguinte situação: 1>>n e 1<<p . Utilizar a equação (1.33) nesse caso é inconveniente. Utilizamos então a distribuição de Poisson: ( ) ! y P y e np y µ µ µ µ σ µ−= = = (1.39) µ é o valor médio da distribuição e σ é o desvio padrão. A equação (1.39) é obtida através da distribuição binomial tomada da aproximação de Stirling[2] ( 1ln ! ln ln 2 2 n n n n npi≅ − + ) e da aproximação ( ) 2 3 ln 1 2 3 x x x x+ ≅ − + para 1x � . Em resumo temos: se temos uma grande coleção de objetos idênticos com uma pequena probabilidade de certo evento acontecer temos então uma distribuição de Poisson. Tome como exemplo uma fonte de radioatividade tal como o 137Cs que tem uma meia vida‡‡ de 27 anos. A probabilidade por unidade de tempo de um simples núcleo decair é 10 12 0,026ln 8,2 10 27 p s ano − − = = = × . Note que é uma pequena probabilidade, mas se temos uma amostra com 1µg=1015 núcleos a observação média de decaimentos por segundo será 58,2 10npµ = = × decaimento/segundo e desvio padrão 922σ ≅ decaimentos por segundo. Um outro exemplo de aplicação é o decaimento radioativo do 238U emitindo partículas α, por exemplo. Em situações práticas nem sempre podemos determinar o valor médio verdadeiro, i.e. µ . Geralmente, utilizamos o resultado de uma observação experimental como é o caso de decaimentos radioativos. Por exemplo, seja uma observação 0y (contagens/segundo) registrada por um contador Geiger- Müller, nesse caso 1µ � , então temos: 0 0 y yµ σ≅ ∴ ≅ (1.40) ‡‡ Consulte http://en.wikipedia.org/wiki/Half-life 40/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br A equação (1.40) é perfeitamente válida e pode-se mostrar que a probabilidade do valor médio verdadeiro estar contido no intervalo 0 0y yσ µ σ− < < + é de aproximadamente 68,3%[2]. 3.5 Variáveis contínuas Até aqui vimos que o processo aleatório que estudados era uma variável discreta. É comum encontrar vários processos aleatórios cuja variável aleatória pode ter resultar num número muito grande de possibilidades. Dessa forma, precisamos estender vários critérios apresentados anteriormente. Devido as variáveis contínuas terem um amplo espectro em torno de um valor em particular a probabilidade passa a ter um sentido intervalar e deve ser definida através de uma função densidade de probabilidade: ( ) ( )dP y H y dy= (1.41) aqui ( )H y é a função densidade de probabilidade. E ( )dP y é a probabilidade num intervalo diferencial dy da probabilidade da variável aleatória y ser encontrada. Com a definição acima o valor médio verdadeiro da variável aleatória contínua y passa a ser: ( )y H y dyµ +∞ −∞ = ⋅∫ (1.42) E de maneira semelhante a variância: ( ) ( )22 y H y dyσ µ +∞ −∞ = − ⋅∫ (1.43) 3.5.1 Densidade de Probabilidade Gaussiana e Intervalo de Confiança Quando o valor médio verdadeiro 1µ � e 1y � a distribuição de Poisson torna-se a distribuição de Gauss: 41/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br ( ) 21 21 2 y G y e µ σ σ pi − − = (1.44) µ e σ são parâmetros independentes. A principal característica dessa função densidade de probabilidade é ser simétrica em relação a µ . É interessante notar que a função gaussiana é uma boa aproximação para a função de Poisson mesmo quando 1µ � e 1y � . Na Figura 3-6 a função gaussiana é apresentada juntamente com a função binomial mostrando a sua semelhança. Também, pode-se mostrar que a probabilidade de ocorrer y µ σ− < é de 68,3%. Figura 3-7 Nessa figura podemos observar que o azul escuro abrange ~68,3% do conjunto de medidas em torno ( 1 σ± ⋅ ) do valor médio verdadeiro µ ; enquanto que o azul médio tem ~95,5 ( 2 σ± ⋅ ) e o azul mais claro toma ~99,9% de todas as medidas, ou seja 3 σ± ⋅ . A distribuição de probabilidades gaussiana, como apresentado na Figura 3-7, mostra o intervalo de confiança de uma medida. Assim, uma medida y qualquer tem a probabilidade de ~68,3% estar contida no intervalo y µ σ− < , ~95,5% em 2y µ σ− < e ~99,7% presente no intervalo 3y µ σ− < . Conforme vimos no parágrafo anterior há um intervalo que garante que a medida esteja dentro de um dado intervalo de confiança. Podemos assim exprimir uma medida física em termos de um intervalo de confiança. 42/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br Geralmente a medida pode ser expressa em termos da incerteza limite L , ou seja a máxima incerteza que a medida pode apresentar. Assim, de acordo com a Figura 3-7 a incerteza limite pode ser dada por: 3L σ= (1.45) Aqui a incerteza nos afirma que ~99,7% da medida está contida no intervalo. Se o intervalo não for muito confiável adotamos: 2L σ= (1.46) Com probabilidade de certeza em torno de ~95,4%. E finalmente: L σ= (1.47) Com ~68,3% de certeza. Por exemplo, uma régua metálica com incerteza limite de 1 L mm= pode ter um incerteza instrumental de 1 0,3 3 3 L mm mmσ = = � . 3.6 Espaço amostral de variável contínua Quando temos uma variável aleatória deveríamos fazer infinitas medidas (espaço amostral) para se determinar com exatidão a função distribuição de probabilidade que governa o evento em questão e assim obter a população mãe. O que se faz geralmente é tomar um número finito de medidas, i.e. amostra, e tomar esse conjunto de medidas representativo em relação ao conjunto infinito de medidas. 3.6.1 Valor médio e desvio padrão Suponha um conjunto de n medidas idênticas, i.e. uma amostra, feito por um mesmo experimentador (mesmos instrumentos e condições ambientais). Devido aos erros estatísticos temos: 1 2 3 1, , ,n ny y y y y−K (1.48) O valor médio será: 43/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 1 n i i y y n = = ∑ (1.49) Como vimos anteriormente: lim n yµ →∞ = (1.50) A equação (1.50) só é valida se a variável y for puramente aleatória. Figura 3-8 Discriminação entre valor médio ( y ), valor médio verdadeiro ( µ ) e valor verdadeiro ( vy ). Numa variável y nos deparamos com a situação mostrada na Figura 3-8. Como é impossível conhecer o valor médio verdadeiro só podemos conhecer o valor médio y (conforme a equação (1.49)) e o valor médio verdadeiro µ é uma indeterminação, assim como é o valor verdadeiro vy e a variância 2σ . Então a única forma de estudar o problema é fazermos estimativas a respeito dos valores µ e 2σ . Por exemplo, a melhor estimativa que temos para o valor médio verdadeiro µ é a média y das n medidas realizadas pelo experimentador, assim: yµ ≅ (1.51) A aproximação da equação (1.51) torna-se mais confiável quando aumentamos o número de medidas. Isso é devido a nossa falta de conhecimento da distribuição de probabilidade que governa o processo da variável, ou seja, deveríamos fazer um numero infinito de observações e determinar a população y 44/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br mãe. Assim, o nosso conhecimento a respeito da população mãe só pode ser obtido através de uma amostra finita de medidas. A variância da população mãe é definida[4] por: ( )22 1 1lim n v ii i y n σ µ →∞ = = −∑ (1.52) Como só podemos obter uma “amostra” com n elementos da população mãe definimos a variância da amostra como: ( )22 1 1 n i i y n σ µ = = −∑ (1.53) É claro que 2 2vσ σ≅ . Se temos vários k conjuntos obtidos da mesma população mãe com n amostras cada conjunto, a média do j ésimo conjunto será jy . A variância dos valores médio desses k conjuntos será: ( )22 1 1 k m j j y k σ µ = = −∑ (1.54) Admitindo-se que a variância de cada conjunto sejam similares pode-se afirmar que 2 2 ou m m n n σ σ σ σ= = (1.55) Com o uso da equação (1.55) e usando o fato que ( )2 2my µ σ− ≈ temos a variância da amostra dada por: ( )22 1 1 1 n i i y n σ µ = ≅ − − ∑ (1.56) Assim a equação (1.56) é a melhor estima experimental da variância da população mãe. pela equação dado por e um conjunto finito de medidas é definido comom O desvio padrão 45/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 46/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 4 Método dos Mínimos Quadrados 47/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 5 Como fazer um bom relatório O relatório científico é um documento que descreve com clareza um procedimento experimental. E como tal deve ser escrito com todo o cuidado – erros de português são cruciais. A falta de clareza no texto prejudica toda a avaliação do trabalho/experimento. É importante observar que o objetivo dos roteiros experimentais é estimular o aluno a pensar em alguns detalhes fisicamente relevantes para o experimento. Elas devem ser abordadas nos itens pertinentes dentro do relatório. Você deve estar perguntando-se quanto tempo deve ser gasto na elaboração de um relatório? A resposta a essa pergunta pode variar muito, veja como: Caso (a): uma agência de publicidade poderia tomar 80% do tempo! Haja vista que eles levaram apenas dois meses na realização da pesquisa. Caso (b): um aluno acha que 5% é algo razoável, pois mais tempo pode ser gasto com as atividades de pesquisas. Caso (c): um experimentalista pode tomar como razoável em torno de 20%. Em qualquer dos três casos fica evidente que quando lemos um relatório científico fica evidente um dos três casos. Elementos de um relatório: I. Título da experiência o Esta coleção importante de palavras identifica seu relatório. O título é a porta de entrada de leitura do trabalho e como tal não pode ser menosprezado. Um título não pode ser muito sintético e nem muito restritivo, mas deve revelar o propósito do estudo e características especiais. II. Resumo (Abstract) o É uma parte importante do relatório, pois sintetiza todo o trabalho realizado. O leitor ao lê-lo deve saber o que se trata 48/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br a pesquisa. O resumo é parte excludente do texto, ou seja, pode-se tirar do corpo do relatório sem perda de informação. III. Introdução e Objetivo da experiência o Na introdução deve-se discutir o problema de uma forma satisfatória ao escopo do relatório. A necessidade de uma revisão bibliográfica é essencial para uma melhor clareza e abordagem do problema. o Relacione os objetivos a serem alcançados da em cada experiência, ou seja, que grandezas devem ser determinadas? Que leis devem ser verificadas? Que fenômenos devem ser estudados? Evite copiar o roteiro! IV. Material utilizado o Faça uma relação do material utilizado para a montagem da experiência explicitando as características dos mesmos. V. Esquema experimental o Faça um bom desenho ou insira uma foto da experiência – isso vale mais que mil palavras. Não se esqueça de identificar os principais equipamentos em seu esquema. VI. Procedimento experimental o Descreva, de modo sucinto e sem copiar o procedimento do roteiro, os procedimentos realizados durante a experiência, e também durante o tratamento dos dados. Use os tempos verbais corretos, i.e. um relatório deve ser impessoal. Descreva como foi montada a experiência, quais conexões foram feitas e por quê. Não se esqueça de fazer as observações especiais que influenciaram suas medidas. VII. Aquisição e tratamento de dados o Nessa seção você de apresentar seus dados, analisá-los e discutir as incertezas experimentais. o Fórmulas devem ser seguidas de comentários sucintos, explicando sua origem física. Não se esqueça de identificar 49/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br cada uma das variáveis usadas em seu relatório. Muitas fórmulas podem tornar o texto árido e difícil de se ler; é aconselhável colocá-las somente quando é parte essencial. o Tabelas devem conter sempre títulos descritivos, símbolo e unidades das grandezas medidas e/ou calculadas. o Gráficos também devem conter títulos descritivos. Não se esqueça de especificar as grandezas e respectivas unidades nos eixos dos gráficos. Nunca coloque nos eixos os números correspondentes aos valores medidos! Em vez disso, use sempre valores igualmente espaçados, para ajudar a leitura dos pontos. Esteja sempre atento para utilizar a escala adequada, i.e. linear ou logarítmica. Quando você tiver que ajustar uma reta aos seus dados experimentais, você não deve traçá-la a olho nu! Sugerimos o uso do método dos mínimos quadrados, a fim de obter a reta mais adequada aos seus dados. Explicite seus cálculos em uma tabela, permitindo que os cálculos sejam facilmente conferidos. Vale lembrar que um bom gráfico é agradável as vistas, mas um ruim é um insulto ao leitor! VIII. Resultados e conclusões o Descreva suas observações e resultados obtidos, e faça uma análise destes resultados, não esquecendo de considerar as possíveis fontes de erros e as aproximações relativas ao caso ideal. Lembre-se que todas as suas conclusões devem estar baseadas nos seus dados experimentais, caso contrário não devem ser consideradas como conclusões de sua atividade experimental. É importante qualificar pontos experimentais duvidosos (“não jogue sujeira debaixo do tapete”). o Essa parte do relatório é importantíssima, pois irá revelar sua visão da experiência – é o seu tempero! IX. Referências 50/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br o Algumas pessoas não dão muita importância a esse tópico e dão uma falsa impressão ao leitor que todas as coisas apresentadas no relatório são idéias próprias. Você deve ter a consciência que a sua descoberta ou conclusão é produto de ciência. Ciência não se brota espontaneamente, se compartilha. o Quando você utiliza desse recurso você está dizendo ao leitor que você leu os trabalhos anteriores na área, e que você está considerando esse fato em seus resultados. X. Apêndice o É uma parte que pode ser excluída do texto, mas pode ser um grande auxílio ao leitor na melhor compreensão de alguns aspectos teóricos, por exemplo. 51/51 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Apostila de Física Experimental – Prof. Paulo César de Souza http://fisica.uems.br 6 Bibliografia [1] R. A. T. Carvalho, M.C.; Figueiredo, M. T.; Bonagamba, T.J., IFSC, São Carlos, 1992. [2] J. H. Vuolo, Fundamentos da Teoria de Erros, Edgar Blücher, São Paulo, 1992. [3] M. H. Tabacniks, Instituto de Física da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. [4] R. B. Barthem, UFRJ, Rio de Janeiro, 1996.