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2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 15 CONCEITOS DA TEORIA DOS CONJUNTOS Emissão: 8/3/2010 Por: Luiz A. P. Monteiro Revisão: 15/3/2010 Por: Maria E. M. Gonçalves 2 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 16 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 17 2.1 Conjuntos Conjunto é uma coleção de objetos, denominados elementos do conjunto. Conjunto Elementos/ Objetos/Membros Conjunto Elementos/ Objetos/Membros Alcatéia lobos Girândola fogos artifício Álbum fotografias Junta examinadores, médicos, bois Antologia trechos literários Legião demônios, soldados, anjos Assembléia parlamentares, associados Malta desordeiros Baixela objetos de mesa Nuvem insetos Banca examinadores Panapaná borboletas Bandeira garimpeiros Pinacoteca pinturas Bando aves Plano retas cáfila camelos Plantel atletas, animais raça Cacho uvas Repertório peças teatrais, anedotas, músicas Cancioneiro poemas, canções Reta pontos Concílio bispos Revoada pássaros Corja ladrões Romanceiro poesias populares Elenco artistas Súcia pessoas desonestas Enxoval roupas Vocabulário palavras Feixe lenha Flora vegetais O conjunto pode não conter elementos, pode ser de um único elemento ou conter outros conjuntos (conjunto de conjuntos) 2.2 Relacionamentos entre conjuntos e seus elementos a) Pertinência - Se um elemento “a” pertence a um conjunto A denota-se por : a ∈ A Diz-se: a é um elemento de A, ou a está contido em A Se um elemento não pertence a um conjunto A denota-se por a ∉A. Exemplos: a ∈ {b, a} e c ∉ {b, a} b) Inclusão - Se todos os elementos de um conjunto A também são elementos de um conjunto B, então afirma-se que A está contido em B ou que A é subconjunto de B e denota-se por: A ⊆ B ou também B contém A e denota-se por: B ⊇A Georg Cantor (1845–1918) A a O desenvolvimento da teoria dos conjuntos se deve ao matemático russo Georg Cantor que realizou extensos trabalhos sobre o assunto. Nota-2: Como as proposições da lógica envolvem relações entre coleções de objetos, a Teoria dos Conjuntos frequentemente é aplicada à Lógica Matemática. Nota-1: É importante a distinção entre conjunto e seu elemento. Um bom exemplo é o seguinte: uma caixa que contém uma bola não é a mesma coisa que uma bola � {a} ≠ a 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 18 Assim, um conjunto A é dito estar contido em B (escreve-se A ⊆ B) se, e somente se, todo elemento de A é elemento de B, neste caso, A é subconjunto de B. Se existe b ∈ B tal que b ∉ A, então afirma-se que A está contido propriamente em B ou que A é subconjunto próprio de B e denota-se por A ⊂ B ou também B contém propriamente A: B ⊃ A. c) Igualdade (axioma da extensão) – Dois conjuntos são iguais se e somente se eles têm os mesmos elementos � um conjunto é determinado por sua extensão Os conjuntos A e B são iguais se, somente se, possuem os mesmos elementos, ou seja: A = B se, somente se, A ⊆B e B ⊆ A Exemplos: {a, b} = {b, a}, {a, b}⊆ {b, a} e {a, b} ⊂ {a, b, c} {1, 2, 3} = { x ∈ N | x > 0 e x < 4} e N = {x ∈ Z | x >= 0} 2.3 Propriedades 2.3.1 Da Igualdade Reflexiva – Todo conjunto é igual a si mesmo (A = A) Transitiva – Se A, B e C são conjuntos tais que A = B e B =C, então A = C 2.3.2 Da Inclusão Reflexiva – Todo conjunto contém a si mesmo (A ⊆ A) Transitiva – Se A, B e C são conjuntos tais que A ⊆ B e B ⊆ C, então A ⊆ C Anti-simétrica – Se A e B são conjuntos tais que A ⊆ B e B ⊆ A, então A e B têm os mesmos elementos e pelo axioma da extensão: A = B 2.4 Sentenças Há dois tipos básicos de sentenças: • Afirmações de pertinência: a ∈ A, b ∉A • Afirmações de igualdade: A = B • Afirmações de inclusão: A⊂B Todas as outras sentenças são obtidas de tais sentenças atômicas B A B A A é um subconjunto próprio de B A é um subconjunto impróprio de B Assim, um conjunto A está contido propriamente no conjunto B (isto é A ⊂ B) se, e somente se: A ⊆ B e A ≠ B � A é um subconjunto próprio de B (no caso contrário, é subconjunto impróprio). O axioma da extensão parece trivial, mas não é, considere “a” e “A” seres humanos tais que a ∈ A se “a” é um ancestral de A. Considere , um outro ser humano B ≠ A e a ∈ B � “A” e “B” têm os mesmos ancestrais � eles têm os mesmos elementos � então pelo axioma de extensão eles são iguais (o que é falso pois assumiu-se que B ≠ A )� o equivalente do axioma de extensão no exemplo não é válido 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 19 2.5 Axioma da Especificação Qualquer coisa S(x) que se possa dizer a respeito dos elementos “x” de um conjunto “A” especifica um subconjunto “B” (o subconjunto daqueles elementos a respeito dos quais a afirmação é verdadeira). Assim, o axioma da especificação determina o conjunto B de maneira única: B = {x ∈ A | S(x)} Para todo conjunto A e uma condição S(x) tem-se um conjunto B cujos elementos são exatamente aqueles elementos x de A para os quais S(x) é válida S(x) � É uma condição, onde a letra x é livre na sentença � x ocorre em S(x) pelo menos uma vez Exemplo: Elenco é um conjunto de artistas � Intérpretes, compositores, músicos, pintores, autores, etc. são artistas do elenco que definem subconjuntos do Elenco 2.6 Representação de conjuntos a) Representação por extensão – listam-se todos os elementos do conjunto, entre chaves e em qualquer ordem. Exemplo : A = {a, b, c} b) Representação por compreensão – define-se uma propriedade que deve ser satisfeita por todos os seus membros na forma : {a | a ∈ A e p(a)} ou {a ∈ A | p(a)} Interpretada como : “conjunto todos os elementos a pertencentes ao conjunto A tal que p(a) é verdadeiro”. Exemplo S = { x | P(x) } On S é o conjunto todos os elementos x , tal que, os elementos x possuem a propriedade P. S = { i | i = 2n + 1 e n ∈ N } � define o conjunto dos números ímpares. O conjunto dos números pares pode ser denotado por compreensão como segue : {y | y = 2x e x ∈ N} c) Através de diagrama de Venn O lógico inglês John Venn usou círculos para representar cada conjunto. Tais diagramas são chamados de diagramas de Venn Nota: Quando é claro que a ∈ A, pode-se escrever simplesmente a forma: { a | p(a) } A b a c A B George John Venn (1834–1923) 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 20 d) Outras Formas Além das três formas acima mostradas (as mais usadas), também outros objetos podem ser usados na representação de conjuntos como nos exemplos abaixo: Tabelas Linha Reta 2.7 Exercícios Resolvidos 2.7.1 Todos os marinheiros são republicanos. Assim sendo, (A) O conjunto dos marinheiros contém o conjunto dos republicanos (B) Nenhum marinheiro é republicano (C) Todos os republicanos são marinheiros (D) Algum marinheiro não é republicano (E) O conjunto dos republicanos contém o conjunto dos marinheiros [ICMS – SP/1997] Solução: Ao dizer que todos os marinheiros são republicanos, o enunciado informa que o conjunto dos marinheiros está contido no conjunto das pessoas que são republicanas � o conjunto dos republicanos contém o conjunto dos marinheiros � resposta (E) 2.7.2 Todas as plantas verdes têm clorofila. Algumas plantas que têm clorofila são comestíveis. Logo, (A) Algumas plantas verdes são comestíveis (B) Algumas plantas verdes não são comestíveis (C) Algumas plantas comestíveis têm clorofila (D) Todas as plantas que têm clorofila são comestíveis (E) Todas as plantas verdes são comestíveis Solução: Considere os conjuntos abaixo: A = {plantas verdes} B = {plantas com clorofila} C = {plantas comestíveis} Todas as plantas verdes têm clorofila � o conjunto A deve ser obrigatoriamente um subconjunto de B Ana Maria Luiz Eduardo Marco Antonio ℜeais 0 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 21 Algumas plantas que têm clorofila são comestíveis.�Não especifica o que ocorre entre A e C. Existem duas possibilidades: Em qualquer dos casos, a única opção que será verdadeira sempre é a opção (C) que diz: “Algumas plantas comestíveis têm clorofila” 2.8 Paradoxo de Russel Em uma cidade existe um barbeiro que só barbeia as pessoas que não podem barbear a si mesmos. Quem faz a barba do barbeiro? Ele não pode fazer a barba de si mesmo, pois pelas normas da cidade, ele só pode fazer a barba de quem não pode fazer a sua própria barba. Então teria que ser outra pessoa a fazer a sua barba. Mas aí o barbeiro estaria na condição das pessoas que não podem barbear a si mesmos, e, neste caso, ele entraria no rol das pessoas que deveriam ser barbeadas por ele. Em resumo, qualquer que seja a resposta levaria a uma contradição. Considere: S(x) = “Não é verdade que (x ∈ x)” é o mesmo que “x ∉ x” Assim, qualquer que seja o conjunto A, se B = {x ∈ A | x ∉ x}, então, para todo y: y ∈ B se e somente se (y ∈ A e y ∉ y) (*) Se B ∈ A, então B ∈ B pois B é um conjunto de elementos pertencentes a A, mas por (*) B tem que atender B ∈ A e B ∉ B o que é uma contradição Logo: B ∈ A é impossível, assim: B ∉ A � Existe alguma coisa (ou seja B) que não pertence a A. Como o conjunto A neste argumento é bastante arbitrário, então: Nada contém tudo Ou Não existe universo algum Ou melhor: É impossível tirar alguma coisa do nada. Assim: Para especificar um conjunto, não é suficiente só pronunciar algumas palavras mágicas(as quais podem formar uma sentença tal como x ∉ x); é necessário ter também, à mão, um conjunto cujos elementos as palavras mágicas se aplicam. B C A B C A Bertrand A. Russell (1872–1970) 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 22 2.9 Consequência do Axioma – O Conjunto Vazio O axioma da extensão com a sentença x ∉ x implica que só pode existir um único conjunto sem elementos. De fato, o resultado {x ∈ A | x ∉ x} não tem elemento algum. O símbolo usual para este conjunto é: ∅ O conjunto ∅ é denominado “Conjunto Vazio” O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto, ou seja: ∅ ⊂ A para todo A (o vazio está em tudo, o que é um resultado da física!!) 2.10 O Par Não-Ordenado – Axioma da Paridade Um conjunto não possui ordenação, portanto, os seguintes conjuntos são iguais: {2,5,8} = {8,5,2} = {5,5,8,2,8}. Para quaisquer dois conjuntos existe um conjunto que contém ambos. Se a e b são conjuntos, então existe um conjunto A tal que a ∈ A e b ∈ A, isto é: {x ∈ A | x = a ou x = b} Este conjunto denominado “Par Não-Ordenado”, contém apenas a e b. O símbolo usual para o conjunto é: {a; b} O axioma da paridade assegura que todo conjunto é elemento de algum conjunto e que quaisquer dois conjuntos são simultaneamente elementos de um terceiro conjunto. 2.11 O Princípio da Construção de Conjuntos Colocando no axioma da paridade a sentença x = a ou x = b como S(x) pode-se afirmar que existe um conjunto B tal que: x ∈ B se e somente se S(x) O axioma da especificação, aplicado ao conjunto A, assegura a existência de um conjunto B tal que: x ∈ B se e somente se (x ∈ A e S(x)) 2.12 Singleto O conjunto denotado por {a} é chamado de singleto de “a”. É caracterizado de forma única pela afirmação de que “a” é o seu único elemento. Exemplos: ∅ � não possui elementos {∅} � singleto (tem um único elemento ∅) Afirmar que (a ∈ A) equivale dizer que ({a} ⊂ A) Nota: A dificuldade para tratar com o vazio obriga alguns cuidados. Por exemplo: para provar que algo é verdadeiro para o conjunto vazio, prova-se antes que o mesmo não pode ser falso. Assim, ∅ ⊂ A poderia ser falso somente se ∅ tivesse um elemento que não pertencesse a A. Desde que o ∅ não possui nenhum elemento, tem-se um absurdo. Conclusão ∅ ⊂ A não é falso, e portanto ∅ ⊂ A para todo A. 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 23 2.13 Cardinalidade de conjuntos A cardinalidade ou ordem de um conjunto indica o número de elementos do conjunto e é denotada por #. Um conjunto pode possuir um número finito ou infinito de elementos. Os conjuntos finitos podem ser denotados por extensão (ex: {a, b, c,}) Mas um conjunto infinito só pode ser definido por uma propriedade que deve ser satisfeita por todos os seus membros. I = { x | S(x) } #A = 0 � Conjunto sem elementos (ou seja, com zero elementos) é denominado conjunto vazio e é denotado por { } ou ∅. #A = 1 � Um conjunto unitário / singleto possui um único elemento. Propriedades • A ⊆ B �# A ≤ #B (A tem uma cardinalidade não superior à de B). Quando B é finito e A é um subconjunto próprio de B, então a cardinalidade de A é inferior à de B. • Se B é um conjunto infinito, então existem subconjuntos próprios de B com a mesma cardinalidade de B. Exemplos : • O conjunto {1,2} tem quatro subconjuntos: o ∅, {1}, {2} e {1,2}. • Os seguintes conjuntos são infinitos : N - Conjunto dos Números Naturais Z - Conjuntos dos Números Inteiros Q - Conjuntos dos Números Racionais = {x | x = p / q, p ∈ Z e q ∈ Z} I - Conjuntos dos Números Irracionais = { √ 2, √ 3, √ 5, pi, e, ...} R - Conjunto dos Números Reais = Q ∪ I • O conjunto dos números naturais é um subconjunto próprio do conjunto dos números inteiros, com a mesma cardinalidade. 2.14 Potência de um conjunto O conjunto de todos os subconjuntos de B chama-se conjunto das partes de B ou potência de B. Assim, o conjunto das partes ou potência de um conjunto A, denominado P(A), é o conjunto formado por todos os subconjuntos de A, isto é : P(A) = {X | X subconjunto de A} = {X | X ⊆ A} Em particular, ∅ ∈ P(A) e A ∈ P(A) Propriedade: Se A ⊂ B, então P(A) ⊂ P(B) Exemplos P(∅) = {∅} P({a}) = {∅, {a}} � 2 elementos P({a, b}) = {∅, {a}, {b}, {a, b}} � 4 elementos P({a, b, c}) = {∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}} � 8 elementos P({a, b, c, ..., n}) � tem 2n elementos 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 24 2.15 Operações sobre conjuntos (álgebra dos Conjuntos) As operações sobre conjuntos (álgebra dos Conjuntos) permitem a criação de novos conjuntos a partir de conjuntos já definidos, utilizando as operações de União, Interseção, Diferença e Complemento. Sejam A e B conjuntos, todos contidos em um conjunto fixo denominado conjunto Universo (U), então as principais operações sobre os conjuntos são: a) União - A união de dois conjuntos A e B é o conjunto A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B} De maneira mais geral, dados os conjuntos A1, A2, ..., An temos: ∪∪∪∪ni=1 Ai = A1 ∪∪∪∪ A2 ∪∪∪∪ ... ∪∪∪∪ An b) Interseção - A interseção de dois conjuntos A e B é o conjunto: A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B} De maneira mais geral, dados os conjuntos A1, A2, ..., An temos: ∩∩∩∩ni=1 Ai = A1 ∩∩∩∩ A2 ∩∩∩∩ ... ∩∩∩∩ An c) Diferença - A diferença entre dois conjuntos A e B é o conjunto. A \ B = A – B = {x | x ∈ A e x ∉ B} d) Complemento - O complemento de um conjunto A, tomado com relação a um conjunto universo U, é o conjunto: A’ = {x | x ∈ U e x ∉ A} = U – A e) Diferença Simétrica ou Soma Booleana - Se A e B são conjuntos, a diferença simétrica ou soma booleana de A e B é o conjunto A + B definido por: A + B = (A – B) ∪ (B – A) Nota: Dois conjuntos A e B são ditos disjuntos se, e somente se, A ∩ B = ∅ Os conjuntos A1, A2, ..., An particionam um conjunto A se, e somente se: • ∪∪∪∪ni=1 Ai = A • Ai ∩∩∩∩ Aj = ∅, para 1 ≤≤≤≤ i < j ≤≤≤≤ n A B A ∪∪∪∪ B A B A - B A ∩∩∩∩ B A B A B A + B A A´ B 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 25 2.16 Exemplos Operações sobre Conjuntos : Suponha o universo N e sejam A = {0, 1, 2} e B = {2, 3}. Então : a) A ∪ B = {0, 1, 2, 3} b) A ∩ B = {2} c) A – B = {0, 1} d) A’ = {x ∈ N | x > 2} e) P(B) = {∅, {2}, {3}, {2,3}} 2.17 Propriedades das Operações sobre Conjuntos Sejam o universo U e os conjuntos A,B,C, então: a) Idempotência: União Intercessão Complemento A ∪ A = A A ∩ A = A (A’)’= A (duplo complemento) b) Comutatividade: União Intercessão A ∪ B = B ∪ A A ∩ B = B ∩ A c) Associatividade: União Intercessão A ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C d) Universo e Vazio : União Intercessão Complemento A ∪ A’ = U A ∩ A’ = ∅ ∅’ = U A ∪ ∅ = A (elemento neutro) A ∩ ∅ = ∅ (elemento absorvente) U’ = ∅ A ∪ U = U (elemento absorvente) A ∩ U = A (elemento neutro) e) Diferença A – ∅ = A ∅ – A = ∅ A – A = ∅ A – U = ∅ f) Leis de De Morgan : (A ∪ B)’ = A’ ∩ B’ (A ∩ B)’ = A’ ∪ B’ Curiosidade: Na álgebra relacional de Banco de Dados têm-se: Left Joint (=A-B) Right Joint (=B-A) Inner Joint (=A ∩∩∩∩ B) Nota: Se A ∩ B = ∅ � A e B são Disjuntos Quando alguma coisa ocorre (por exemplo: o complemento de uma intercessão), também ocorre, simultaneamente, a coisa oposta (por exemplo uma união dos complementos). Nota: Em geral a comutatividade não é válida para a diferença, isto é: A – B ≠ B – A 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 26 2.18 As Leis de Morgan e os Universos Paralelos – O Princípio da Dualidade Se em uma equação envolvendo uniões, interseções e complementos de subconjuntos de U, cada subconjunto for trocado pelo seu complemento e as uniões substituídas por interseções e vice-versa , o resultado não é alterado. No instante que temos uma união temo também uma intercessão Exemplo de Dualidade: Para visualizar a genialidade, a criatividade e a grande declaração de amor que é o Poema Genial, de Clarice Lispector, basta lê-lo de baixo para cima. No reverso você obtém o dual do direto. Assim, quando se lê no formato direto, também se está lendo o oposto no formato inverso. (A ∩ B’) ∩ B = ∅ � ((A ∩ B’) ∩ B)’ = U ((A ∩ B’) ∩ B)’ � De Morgan: (A’ ∪ B) ∪ B’ = A’ ∪ (B ∪ B’) = A’ ∪ U = U 2.19 Outras propriedades importantes • Distributividade: A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) A ∩ (B - C) = (A ∩ B) - (A ∩ C) (A ∪ B) – C = ( A – C ) ∪ ( B – C ) (A ∩ B) – C = ( A – C ) ∩ ( B – C ) • Absorção: A ∪ (A ∩ B) = A A ∩ (A ∪ B) = A • Eliminação da diferença: A – B = A ∩ B’ A – (A – B) = A ∩ B • Inclusão e a união, interseção e diferença A ⊂ B se e somente se A ∪ B = B A ⊂ B se e somente se A ∩ B = A A ⊂ B se e somente se B’⊂ A’ A ⊂ B se e somente se A – B = ∅ • Diferença e a união e interseção A ∩ B ⊂ (A ∩ C) ∪ (B ∩ C’) A ∪ B ⊃ (A ∪ C) ∩ (B ∪ C’) POEMA GENIAL (Clarice Lispector) Não te amo mais. Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis. Tenho certeza que Nada foi em vão. Sinto dentro de mim que Você não significa nada. Não poderia dizer jamais que Já te esqueci! E jamais usarei a frase EU TE AMO! Sinto, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais... 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 27 2.20 Exercícios Resolvidos 2.20.1 Qual a condição necessária e suficiente para (A ∩ B) ∪ C = A ∩ (B ∪ C)? Solução (A ∩ B) ∪ C = (A ∪∪∪∪ C) ∩∩∩∩ (B ∪∪∪∪ C) para ser igual a A ∩∩∩∩ (B ∪∪∪∪ C) tem-se que ter (A ∪∪∪∪ C) = A isto só ocorre se C ⊂ A. Outra maneira de resolver: Não existe solução para três conjuntos separados: Colocando C ⊂ A tem-se: Assim, a condição é que C ⊂ A (essa condição não tem nada a ver com o conjunto B) 2.20.2 Em um estado, 720 escolas assinam pelo menos um dos jornais A e B e 268 dessas escolas assinam apenas o jornal B. Com relação a essa situação, julgue os itens subsequentes. a) Se 284 escolas assinam apenas o jornal A, então quantas assinam A e B? b) Quantas assinam pelo menos o jornal A? 284 + 168 = 452 ou 720 – 268 = 452 [Sebrae] A B (A ∩∩∩∩ B) ∪∪∪∪ C C A B (B ∪∪∪∪ C) C A ∩∩∩∩ (B ∪∪∪∪ C) A B (A ∩∩∩∩ B) ∪∪∪∪ C C A B (A ∩∩∩∩ B) = 720-284 -268 =168 268 284 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 28 2.21 Ordenação de conjuntos Como dispor os elementos de um conjunto A em uma determinada ordem? Lembrar que em teoria {a, b} = {b, a}. Considere a quádrupla {a, b, c, d} e os elementos numa ordem desejada (por exemplo: c b d a) Pode-se montar uma coleção onde para cada posição particular na ordenação coloca-se o conjunto de todos os elementos que aparecem naquela posição ou antes dela. ���� Assim, obtém-se coleção: {c}, {c, b}, {c, b, d}, {c, b, d, a}. Rearranjando-se os elementos tem-se: C={{a, b, c, d}, {b, c, d}, {b, c}, {c}} Neste conjunto C tem-se: • {c} � está contido em todos os outros subconjuntos � “c” deve ter sido o primeiro elemento a ser incluído. • {b, c} � próximo menor elemento que está contido em todos os outros depois que {c} é removido � “b” deve ser o segundo elemento • {b, c, d} � elemento seguinte contido no conjunto restante depois que {b, c} é retirado � “d” deve ser o terceiro elemento • {a, b, c, d} � “a” deve ser o último elemento Assim, se passa do conjunto C para uma dada ordenação do conjunto A. 2.22 Par ordenado A passagem de uma ordem em A para um conjunto C, foi ilustrado acima para uma quádrupla; para um par as coisas tornam-se mais simples. Seja A = {a, b} e se na ordem desejada o elemento “a” vem primeiro, então C = {{a}, {a, b}}. O par ordenado de “a” e “b” com primeira coordenada “a” e segunda coordenada “b” é o conjunto (a, b) definido por: (a, b) = {{a}, {a, b}} Em um par ordenado, a ordem é importante, pois as duas componentes são distintas. A propriedade básica de um par ordenado é que (a, b) = (c, d) se, e somente se : a = c e b = d. O conceito de par ordenado pode ser generalizado para n-upla ordenada, ou seja, com n > 0 componentes. Uma n-upla de elementos a1, a2, …, an , nesta ordem, é denotada por (a1, a2, …, an) e, nada mais é, para n >2, do que uma dupla ((a1, a2, …, an-1), an) Nota: O par ordenado (a, b) não deve ser confundido com o conjunto {a, b} Ordem � primeiro elemento , segundo elemento, terceiro, etc. � alguém vem antes do outro. Logo, para cada ordem podemos associar um conjunto C de subconjuntos de A de tal modo que a ordem estabelecida pode ser univocamente recuperada a partir de C 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 29 2.23 Produto Cartesiano O produto cartesiano entre dois conjuntos A e B não vazios, denotado por A x B, é o conjunto de todos os pares ordenados da forma (a, b) onde a ∈∈∈∈ A e b ∈∈∈∈ B. Ou dito de outra maneira: A ×××× B = {(a, b) | a ∈ A e b ∈ B} Assim, um elemento de um produto cartesiano, denotado na forma (a, b), é um par ordenado ou dupla. • O Produto Cartesiano: A x B x C = { ( a, b, c ) / a ∈ A e b ∈ B e c ∈ C } Observar que: (A × B) × C ≠ A × B × C Da mesma forma: A × (B × C) ≠ A × B × C (os elementos do conjunto gerado por A × (B × C) serão, na verdade, pares ordenados, já os elementos do conjunto gerado pela operação de produto cartesiano triplo, A × B × C, serão ternas ordenadas) • O produto cartesiano dos conjuntos A1, A2, .. , An, não necessariamente disjuntos, é definido como A1 × A2 × .. × An = {( a1, a2, …, an) | a1 ∈ A1 e a2 ∈ A2 ,…, an ∈ An} • É usual denotar um produto cartesiano de um conjunto com ele mesmo como um expoente : A x A = A2 • O produto cartesiano A × A × ... × A (n vezes) é denotado por An; se n=1, A1 = A. 2.24 Propriedades do Produto Cartesiano • Se A = ∅ ou B = ∅, por definição: A × B = ∅ = A × ∅ = ∅ × B. • Se #A = m e #B = n, então #(A × B) = m × n elementos. • Distributividade: (A ∪ B) × C = (A × C) ∪ (B × C) (A ∩ B) × C = (A × C) ∩ (B × C) (A - B) × C = (A × C) - (B × C) (A ∩ B) × (X ∩ Y) = (A × X) ∩ (B × Y) (A × B) ∩ ( C × D ) = ( A ∩ C ) × ( B ∩ D ) • Se A ⊆ B ⇒ A × C ⊆ B × C • Se A ⊂ X e B ⊂ Y, então A × B ⊂ X × Y 2.25 Exemplos 2.25.1 Dados A={a,b,c,d} e B={1,2,3}, o produto cartesiano AxB, terá 12 pares ordenados e será dado por: AxB = {(a,1),(a,2),(a,3),(b,1),(b,2),(b,3),(c,1),(c,2),(c,3),(d,1),(d,2),(d,3)} 2.25.2 Suponha o universo N e sejam A = {0, 1, 2} e B = {2, 3}. Então : A X B = {(0, 2), (0, 3), (1, 2), (1, 3), (2, 2), (2, 3)} (ver figura ao lado) René Descartes (1596–1650) Nota: O nome Produto Cartesiano vem de Cartesius que era o nome em Latim de René Descartes (1596- 1650), filósofo e matemático francês e seu criador. Nota: Em geral a comutatividade não é válida para o produto cartesiano, isto é: A × B ≠ B × A (A ou B não vazios). 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 30 2.26 Exercícios Propostos 2.26.1 Considerando-se que um conjunto é definido por elementos que possuem uma mesma propriedade ou exibem um mesmo padrão, que padrão pode ser observado nos múltiplos de nove (além do fato de serem todos divisíveis por 9)? 2.26.2 Represente em Diagrama de Venn as seguintes proposições: a) Todos os homens são mortais b) Todos os cariocas são brasileiros c) Nenhum paulista é carioca d) Sou pago toda sexta-feira e) Todos os criminosos são presos f) Alguns brasileiros pagam impostos g) Nenhum mentiroso é honesto h) Todos os fumantes têm câncer i) Todos os professores são sábios j) Todos os inteiros pares são divisíveis por 2 2.26.3 Dados os conjuntos S={2, а, {3}, 4} e R={{а}, 3, 4, 1}, indicar se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas : (a) {a}∈ S (g) {a} ⊆ R (b) {a} ∈ R (h) ∅ ⊂ R (c) {a, 4, {3}} ⊆ S (i) ∅ ⊆ {{a}} ⊆ R ⊆ U (d) {{a}, 1, 3, 4} ⊂ R (j) {∅} ⊆ S (e) R= S (k) ∅ ∈ R (f) {a} ⊆ S (l) ∅ ⊆ {{3}, 4} 2.26.4 Dê o conjunto potência dos conjuntos (a) A = {a, {b}} (b) B = {a, b, c}. 2.26.5 Enumerar os elementos de U (universo) e de seus subconjuntos A e B, sabendo que: A' ={2, 5, 9, 13, 18, 20}, B' ={2, 6, 18, 20} e A∪B={1, 5, 6, 9, 13, 14}. A’ = Complemento de A 2.26.6 Determine os elementos de A e B, sabendo que: A' ={f, g, h, i}, A∪B={a, b, c, d, e, f} e A∩B={d, e}. 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 31 2.26.7 Use as propriedades de operações com conjuntos para mostrar que: (a) A∪(A' ∩B)=A∪B (b) (A∩∅)∪(A∪U)=U (c) [A∪(A' ∩B)]'∩B=∅ 2.26.8 Simplifique, usando as propriedades das operações: a) [A' ∩(B∪A)]' b) (A∪B)' ∪(A∪B')' c) [A'∪(B∩A)]' 2.26.9 Dados A= {x| x é um número inteiro ∧ 1 ≤ x ≤ 5 }, B = { 3, 4, 5, 17} e C = { 1, 2, 3, ...}. Determinar A ∩ B , A ∩ C , A ∪ B , A∪ C. 2.26.10 Desenhe Diagramas de Venn e crie exemplos mostrando: (a) A ∪ B ⊆ A ∪ C mas B ⊄ C (b) A ∩ B ⊆ A ∩ C mas B ⊄ C (c) A ∪ B = A ∪ C mas B ≠ C (d) A ∩ B = A ∩ C mas B ≠ C (e) B' (f) (A ∪ B)' (g) B−(A') = B – A' = {x | x ∈ B x ∉ A'} (h) A' ∪ B (i) A' ∩ B 2.26.11 Enumere A x B x C , B2 , A3 , B2 x A e A x B onde : A = {1}, B = {a, b}, C = { 2, 3} . 2.26.12 Mostre através de exemplos que: A x B ≠ B x A e ( A x B) x C ≠ A x ( B x C ) 2.26.13 Uma pesquisa foi feita entre estudantes para identificar quem fala inglês ou espanhol. Entre os pesquisados: • 100 alunos responderam que falam inglês; • 70 responderam que falam espanhol; • 30responderam que falam inglês e espanhol e • 45 responderam que não falam nenhuma dessas duas línguas. Nessa situação, é correto afirmar que o número total de estudantes pesquisados foi de 185? [Concurso Petrobrás] 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 32 2.26.14 Uma empresa possui • 13 postos de trabalho para técnicos em contabilidade, • 10 para técnicos em sistemas operacionais e • 12 para técnicos em eletrônica. Alguns técnicos ocupam mais de um posto de trabalho, isto é, • 4 são técnicos em contabilidade e em sistemas operacionais, • 5 são técnicos em sistemas operacionais e em eletrônica e • 3 possuem todas as três especialidades. Nessas condições, se há 22 técnicos nessa empresa, então 7 deles são técnicos em contabilidade e em eletrônica? [Concurso MPE-TO] 2.26.15 Sobre os 26 turistas que se encontram em um catamarã, sabe-se que: 75% dos brasileiros sabem nadar; 20% dos estrangeiros não sabem nadar; Apenas 8 estrangeiros sabem nadar. Nessas condições, do total de turistas a bordo, somente (A) 10 brasileiros sabem nadar (B) 6 brasileiros não sabem nadar (C) 12 são estrangeiros (D) 18 são brasileiros (E) 6 não sabem nadar [Concurso para Auditor Tributário / Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes / 2006] 2.26.16 Demonstre a propriedade distributiva da união A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) 2.26.17 Um conjunto A possui 7 elementos e um conjunto B possui 8 elementos. A e B possuem elementos comuns? 1. Sabe-se que A e B possui 15 elementos. 2. O produto cartesiano AxB é constituído de 56 pares ordenados. Então a) A afirmação 1 sozinha é suficiente para responder à questão, mas a afirmação 2 sozinha não é. b) A afirmação 2 sozinha é suficiente para responder à questão, mas a afirmação 1 sozinha não é. c) As afirmações 1 e 2 juntas são suficientes para responder à questão, mas nenhuma das duas afirmações sozinhas é suficiente. d) Tanto a afirmação 1 como a afirmação 2, sozinhas, são suficientes para responder à questão. e) A questão não pode ser respondida só com as informações recebidas. (ANHEMBI) 2 – Conceitos da Teoria dos Conjuntos Página 33 2.26.18 Considere os seguintes subconjuntos de números naturais: N = {0, 1, 2, 3, 4, …} P = { x N / 6 x 20 } A = { x P / x é par } B = { x P / x é divisor de 48 } C = { x P / x é múltiplo de 5 } Então o número de elementos do conjunto ( A – B) C é: a) 2 b) 3 c) 4 d) 5 e) 6 (PUC-MG) 2.27 Para saber mais [1] Halmos, Paul R.- Teoria ingênua dos conjuntos - Editora Ciência Moderna; Rio de Janeiro; 2001 [2] Gersting, Judith - Fundamentos Matemáticos para a Ciência da Computação - LTC - Livros Técnicos e Científicos ; Rio de Janeiro; 1995 [3] Meserve, Bruce E. , Sobel, Max A.- Introduction to Mathematics – Prentice-Hall, 1973 [4] Triola, Mario F. - Mathematics and the Modern World - Prentice-Hall, 1973