Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Análise de alguns pontos típicos dos dados coletados a) Baixo número de respostas. No caso dos questionários, é típico um índice de resposta de aproximadamente 15-20% no caso de serem enviados pelo correio. Se a maioria dos respondentes endereçados deixa de responder ao questionário, então você deverá se perguntar se essa baixa adesão se deve a alguma razão sistemática que poderia levantar questões quanto à validade do seu estudo. Por exemplo, pessoas insatisfeitas costumam ser mais participativas no que diz respeito a procurar meios de comunicar suas críticas, o que pode favorecer sua adesão a uma participação na pesquisa respondendo ao questionário. Se for assim, os questionários recebidos tenderam a apresentar um maior número de respostas críticas, embora isso não deva ser generalizado para a população visada no estudo. Algumas estratégias e cuidados podem ser considerados para incentivar a participação, como: • Avisar com antecedência. Você poderá enviar uma breve carta aos respondentes selecionados solicitando sua participação na pesquisa. Isso dará tempo para que se preparem para isso e assim apresentem uma maior propensão a participar. A carta deverá anunciar o propósito, o modo de coleta de dados (via telefone, correio, entrevista etc.) a importância do estudo e da participação da população. Uma estratégia alternativa consta de enviar uma carta solicitando uma resposta quanto à possibilidade do sujeito participar do processo. Essa estratégia pode dar resultado na medida em que o potencial respondente sente-se menos invadido pelo chamado à participação, sentindo-se mais ativo na decisão de participar ou não. • Relevância do conteúdo. Quanto maior for a relevância do estudo para a população foco, maior a participação. A coisa não é tão óbvia, pois muitas vezes um estudo que aprece importantíssimo para a comunidade acadêmica (e de fato o seja) muitas vezes não é facilmente reconhecido como tal pela população. Daí ser importante uma estratégia de apresentação que deixe clara a importância do estudo. • Formato do questionário. Questionários mais curtos tendem a promover um índice maior de respostas. Perguntas que sejam claras e de resposta simples que potencialmente não causem maiores embaraços aos respondentes tem índice de respostas mais alto. • Reforço de outras instâncias. Para pesquisas em instituições, empresas etc., facilita muito contar com o apoio do reforço vindo da direção. Esse reforço pode vir na forma de carta fechada endereçada aos participantes, o que dará credibilidade maior a você perante os entrevistados ou respondentes. Para tanto você deverá entrar em contato com algum membro da direção apresentando cuidadosamente os objetivos de seu estudo e a importância da participação da população alvo. • Confidencialidade e privacidade. Sempre garanta privacidade e confidencialidade a seus respondentes e cumpra com essa promessa. A confiança dos respondentes nessa sua promessa é fundamental para atrair um maior número de participantes. b) Problemas com a amostra. Por exemplo, se você envia seu questionário por telefone a partir de uma seleção randômica feita por lista telefônica, estará excluindo pessoas não listadas, números de celular e pessoas que não podem atender ao telefone por diversos motivos no momento de envio do questionário (por estarem trabalhando, por exemplo). Da mesma forma, questionários online tendem a atingir um número desproporcional de estudantes e jovens que ficam permanentemente conectados e sistematicamente excluir pessoas com dificuldade de acesso a Internet. Além disso, tenderá a ser atendido por pessoas que ficam em casa durante grande parte do dia, como idosos aposentados, desempregados e pessoas com necessidades especiais. Por outro lado, questionários tendem a excluir pessoas iletradas e crianças, incapazes de ler e responder ao questionário de modo significativo. Finalmente outro tipo de falha na escolha da amostra acontece quando a questão é dirigida às pessoas erradas, como acontece quando, por exemplo, pergunta-se a professores ou pais sobre o rendimento escolar de seus alunos (ou crianças), ou quando se pergunta a executivos detalhes operacionais de sua empresa. Tais equívocos acabam tornando as amostras não representativas da população visada e invalidam as generalizações que poderão ser feitas a partir delas. c) Expectativas sociais. Muitos respondentes tendem a evitar emitir opiniões negativas ou comentários embaraçosos sobre eles mesmos, familiares, empregadores e amigos. Perguntas negativas como “Você considera que a associação de moradores tem atuado adequadamente”, “você percebe muito jogo político em sua seção de trabalho” ou “você tem feito uso de produtos pirateados” podem suscitar respostas insinceras por razões óbvias. Essa tendência dos entrevistados em contornar a verdade com o objetivo de “aparecer bem na fita”, conforme suas fantasias sobre o que se espera dele socialmente exige delicado manejo. É na prática impossível evitar que essa tendência se manifeste em algum grau durante uma entrevista ou respostas a um questionário e isso faz sobressair a importância da interpretação que você fará das respostas emitidas no contexto específico em que o instrumento foi apresentado ao respondente. Sua pesquisa e especificamente o modo como os dados coletados serão tratados devem incluir considerações sobre este aspecto que mostrem que suas conclusões não deixaram de considerá-lo. Na verdade voltamos aqui ao ponto de que a resposta emitida por um sujeito durante a prática social é sempre influenciada por uma série de vetores e que, portanto, a preocupação com uma resposta “essencialmente” verdadeira deve ser relativizada.