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PROCESSO CIVIL INTRODUÇÃO Processo é um instrumento abstrato a serviço do Estado para que este exerça suas funções. Quaisquer funções estatais são exercitadas mediante processo. Autos do processo se diferem de processo. Processo judicial é o instrumento pelo qual o Estado exerce sua função jurisdicional. A autotutela é vedada (com algumas exceções). O Estado tem, então, que criar mecanismos para resolver os conflitos de interesses. Esse mecanismo é o processo. Jurisdição é a parcela do poder estatal cujo encargo é a resolução dos conflitos de interesse (lide). É inerte. Ação é o direito publico do sujeito de exigir a jurisdição do Estado, uma vez que este o vedou a autotutela. Petição inicial: instrumento pelo qual o Estado é provocado. Obs.: é possível fazer petição inicial verbal. O CÓDIGO É dividido em 5 livros. I – Processo de Conhecimento O processo de conhecimento vai se materializar em um procedimento. Procedimento é uma sequencia ordenada dos atos processuais. É o procedimento que dá forma ao processo. Caminho do processo. Esse procedimento pode ser: 1. Procedimento comum 2. Procedimento ordinário (residual) 3. Procedimento sumário (art. 275) 2. Procedimento especial (1102-A) 1. 2.1 Jurisdição contenciosa 2. 2.2 Jurisdição voluntária II – Processo de Execução III – Processo Cautelar IV – Procedimentos Especiais (obs.: art. 1102 A). É restante do livro I. V – Disposições finais Obs: Escolhendo o procedimento a ser adotado: Aplica-se o Principio da Especialidade: significa dizer que há que se fazer uma analise dos processos mais especiais para os mais comuns. Procedimentos especiais > Procedimento comum sumario > Procedimento ordinário. CONHECIMENTO, EXECUÇÃO OU CAUTELAR? Como identifico dentro de uma lide qual tipo processo será utilizado? Como regra, a eleição equivocada do instrumento equivocado pode dar um resultado equivocado e não apreciação da resolução do conflito de interesses. Para cada conflito de interesse, há um instrumento adequado. Após definir o tipo de processo, deverá também ser indicado o tipo de procedimento. Cada um desses processos tem uma serventia diferente, e o modo de o Estado utilizar é diferente. Processo de Conhecimento É o instrumento mediante o qual o estado vai solucionar crise de certeza. Como assim? A diz que o imóvel é dele e B também. Não podendo resolver isso com suas próprias forças, vão ao judiciário. A sentença é o ato que vai dizer do direito. Vai dizer a quem pertence o direito. Vai por certeza jurídica naquela situação conflituosa. É o instrumento mediante o qual o Estado exerce sua função cognitiva. Jurisdição cognitiva: o meio pelo qual o Estado vai exercitar a sua função jurisdicional. É o meio como esse instrumento é utilizado. É uma atividade intelectual. É como o Estado procede até chegar ao desfecho desse processo. Obs.: não significa que haja apenas atividade cognitiva. Serão atos preponderantemente cognitivos, mas não 100%. Processo de Execução Não há dúvidas de que A esteja certo. Mas aqui a crise não é de certeza. Preciso então que aquela obrigação que o Estado diz que é minha seja concretizada. Preciso de uma realização concreta daquele direito revelado por aquela sentença. Executar é pedir ao Estado que promova os atos necessários para a efetivação de uma obrigação já revelada. É o instrumento mediante o qual o Estado exerce sua função Executiva. Jurisdição executiva: o Estado jurisdição saindo para a realidade fática aquilo já determinado. Obs.: não significa que haja apenas atividade executiva. Processo Cautelar É o processo do processo. É uma medida que vai garantir a eficácia do processo. Por este motivo, se volta a outro processo, pois garante que ele tenha eficácia. Resguarda o processo e por consequência o direito material. Ex.: A e B brigam por um imóvel num processo de conhecimento. Contudo, B está vendendo o imóvel e A descobre. Assim, A pede que esse imóvel seja resguardado no patrimônio de B para que o processo de conhecimento seja eficaz. Por fim, processo é tradicionalmente entendido como uma relação processual, contendo elementos processuais subjetivos e objetivos. Essa relação processual é mais ou menos representada assim: Petição inicial ------------------------------------------------------------------------------------------- Sentença COMUNICAÇÃO DOS ATOS CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA O processo para que tenha validade deve ter a participação das partes, sendo que a forma que elas participam depende do procedimento. Uma vez praticado o ato processual necessariamente a parte deve ser comunicada. Assim, contraditório e ampla defesa resumem-se em ciência e reação. Para que as partes participem do processo é necessário que elas tomem ciência do que se passa no curso do processo. O sujeito precisa ser comunicado e pode, então, praticar atos no sentido de tentar influenciar no processo. Contraditório e ampla defesa, portanto, se satisfazem pela cláusula em que o sujeito precisa ser comunicado, assim podendo influenciar no resultado do processo como o ordenamento lhe permite. Um processo sem contraditório e ampla defesa é um processo NULO - violação ao devido processo legal. Obs.: Ônus: a participação no processo civil, diferentemente do processo penal, não é obrigatória. Nada mais é que um ônus. É um encargo no qual se a parte não decidir se utilizar, sofrerá as consequências de inércia - perca da oportunidade de influenciar a decisão do juiz, influenciar no resultado do processo. CITAÇÃO X INTIMAÇÃO Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. É o ato de comunicação ao réu acerca de uma demanda em face dele ajuizada. A partir daí ele pode participar do processo do modo como a legislação o permitir, ou seja, a partir daí integra oficialmente a relação processual, podendo utilizar das faculdades processuais permitidas. Mas Cândido Rangel afirma que o réu pode se defender, não porque foi citado, mas porque foi comunicado via intimação. Só no procedimento comum ordinário que o réu é citado para contestar. Nos demais procedimentos, como sumário, o réu não é citado para praticar ampla defesa, mas sim para comparecer a audiência. Assim, o fato de o réu poder se defender, depende do procedimento. Ao lado da citação, sempre acompanha uma intimação. Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. A intimação é todo ato comunicatório que se faz no decurso do processo. Fora a citação, que é a inicial, todas as demais comunicações se faz por meio de intimação. Daí Cândido diz: quando um sujeito é citado num procedimento comum ordinário e tem 15 dias para contestar, prazo passa a fluir não porque ele foi só citado, mas sim porque juntamente com a citação havia uma intimação - ele foi citado para compor a relação processual e intimado para que oferecesse contestação. A defesa no sentido do código ou dizer que o réu pode se defender, não significa necessariamente se defender através de uma peça processual (a possibilidade de contestar). A verdade é que quando se fala de defesa, temos que lembrar que a defesa no sentido mais amplo não é só o ato praticado pelo réu, mas sim o exercício do direito de defender a sua pretensão e contestação. Então é a defesa dos seus direitos (o autor defendendo o seu através da pretensão e o réu através da contestação). Obs.: Em alguns livros de doutrina, existiria um terceiro ato comunicatório, a notificação. Porém, deixou de ser uma comunicação de ato, pois é agora especifico. Contudo, na pratica forense é comum utilizar a expressão notificar como sinônimo de intimar. Notificar o MP de uma decisão, por exemplo - no final da sentença o juiz escreve PRI (publique-se, registre-se, intime-se). Mas como se faz a citação e a intimação? Fazem-se pelos instrumentos processuais adequados. INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 1. Carta O secretario judicial faz uma carta para comunicar o sujeito, contendo nela as informações sádicas para que o réu tenha conhecimento da relação processual. É acompanhado pelo AR - aviso de recebimento - que seria nada mais que uma prova documentada para assegurar que o réu realmente recebeu aquela intimação e para que seja solevado aos autos do processo. AR = aviso de recebimento. Prova de que o sujeito recebeu a carta. Essa prova precisa ficar documentada nos autos. A carta é expedida e o carteiro entrega a carta. O destinatário deve assinar o recebimento da carta. Depois o documento vai ser documentado e anexado aos autos do processo. Se ele se recusar, o carteiro volta o AR, notificado como recusado, para o órgão publico, e ele resolverá o problema. 2. Mandado Instrumento portado pelo Oficial de justiça (o encarregado pelas diligencias externas). O oficial procura o destinatário com duas vias do ato, uma ele deixa com o destinatário e a outra ele retorna para que seja juntada aos autos - devido estar devidamente assinada pelo destinatário. Se o destinatário se recusar, o oficial, tendo fé publica, formula uma certidão assegurando que a cotação foi feita devidamente. A certidão do oficial serve para comprovar que o ato comunicatório se realizou. 3. Edital Utiliza-se quando não for possível contatar pessoalmente o destinatário (por morar em lugar incerto ou não sabido, morar em local inacessível, quando não for possível alcança-lo pessoalmente etc.). Tem por característica a força de estabelecer a presunção de que as formalidades levadas a efeito são suficientes a fazer com que se presuma que o destinatário tomou conhecimento. O edital por si só tem a força de presumir que o destinatário o leu, mas esse tipo de citação tem requisitos. 4. Meio eletrônico A grande tendência hoje é a “vitualização” dos processos. Aproveitam-se os meios eletrônicos para a tramitação e comunicação dos atos. Existem basicamente duas formas de fazer comunicação via meio eletrônico, mas a forma mais comum é o chamado “Portal dedicado”: ambiente virtual onde os processos tramitarão e as partes terão acesso, e, com isso, serão comunicados dos atos processuais. É como se fosse um ambiente de email, onde se acessa todos os dias e se vê as mensagens. A comunicação se da por meio da disponibilizado da intimação no portal, quando o sujeito entrar na caixa e abrir o email ela estará automaticamente intimada. Contudo, se em 10 dias o sujeito não acessar, no 11º dia presume-se que ele acessou. O meio eletrônico se difere do meio físico somente pelo meio, mas o procedimento é o mesmo. O diário oficial pode ser um segundo meio em eletrônico, um diário eletrônico. 5. Diário oficial Jornal diário que é publicado pelo estado. Meio pelo qual se veiculam os dados oficiais. Existe para satisfazer o principio da publicidade. Esse diário serve para divulgar atos de todas as esferas de poder. Os atos processuais são comunicados mediante uma noticia nesse diário. O diário vai dar conta de que existem os processos entre X e Y e que nesses autos foram juntados uma documentação nova e que a parte contrária tem até 5 dias para se manifestar. Não se veicula citação por meio de diário oficial. A função é idêntica à função da publicação da lei (ninguém pode se eximir de cumprir uma lei alegando que não a conhece). Obs.: o diário oficial pode ser eletrônico (circulando na net em pdf !) INSTRUMENTOS ESPECÍFICOS PARA OS ATOS COMUNICATÓRIOS A depender de cada ato (citação ou intimação) há uma ordem diferente para a utilização desses instrumentos. Todos esses instrumentos poderão ser utilizados, porém há hierarquia. Art. 221. A citação far-se-á: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - por edital. IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. 1. Citação pelo correio A citação se faz preferencialmente por carta. Essa carta é endereçada a qualquer lugar do país, e não depende de requerimento da parte. Mas existem exceções: Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: a) as ações de estado; Obs.: aqui o “estado” trata-se do estado da pessoa, ou seja, sua afiliação, nacionalidade etc. b) quando for ré pessoa incapaz; c) quando for ré pessoa de direito público; d) nos processos de execução; e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; f) quando o autor a requerer de outra forma. Obs.: em todas essas exceções, a citação será feita por mandado. Obs.: Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço. Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração 2. Citação por mandado Mandado é a instrumentalização do ato do juiz pelo escrivão, que o assina. Trata-se de citação feita pelo oficial de justiça. A citação será feita por mandado: a) nos casos das alíneas “a” a “f” do art. 222; b) quando frustrada a citação pelo correio. Dessa forma, subsidiariamente a citação se faz por mandado. Requisitos do mandado: Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter: I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências; II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis; III - a cominação, se houver; IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; V - a cópia do despacho; VI - o prazo para defesa; VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz. Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado. Formalidades do mandado (art. 226): a) leitura do mandado pelo oficial; b) entrega da contrafé; c) certidão de recebimento ou recusa da contrafé; d) obtenção da nota de ciente ou certidão de que o réu não a opôs no mandado. Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo: I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado. 3. Citação por mandado com hora certa Trata-se da hipótese de citação ficta ou presumida. Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Obs.: entende-se que seja inadmissível no processo de execução por quantia certa, tendo em vista o procedimento da pré-penhora. Pressupostos: a) Procura do réu por três vezes em dias distintos sem encontrá-lo; b) Suspeita de ocultação Obs.: o oficial deverá indicar expressamente os fatos evidenciadores da ocultação maliciosa. Procedimento O oficial intimará qualquer pessoa (capaz) da família ou, em sua falta, vizinho que, no dia imediato, voltará a fim de efetuar citação na hora que determinar. Obs.: hipótese de desfazimento de suspeita: citação normal. Obs.: complemento: envio de correspondência pelo escrivão ao citado (art. 229). Obs.: havendo revelia, o magistrado deverá proceder à nomeação de curador especial ao réu. Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência. § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. § 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência. Resumindo: o oficial comunica a um parente ou vizinho que regressará no dia seguinte, em um horário marcado, para fazer a citação. Se ele encontrar o réu, a citação se faz de modo real. Se não encontrar o réu, ele está citado fictamente. 4. Citação por edital Também hipótese de citação ficta. Se houver revelia, nomeia-se curador especial. Ocorre em situações específicas: Art. 231. Far-se-á a citação por edital: I - quando desconhecido ou incerto o réu; II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; III - nos casos expressos em lei. (arts. 999, 968, 908 I.) § 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. § 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. Existem alguns requisitos que devem ser cumpridos diante da citação por edital. Art. 232. São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos incisos I e II do artigo antecedente; II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão; III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação; V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis. § 1o Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do anúncio, de que trata o no II deste artigo. § 2o A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for beneficiária da Assistência Judiciária. O edital precisa ser publicado, e publicação em sentido processual significa cumprimento do princípio da publicidade. Dessa forma, a publicação do edital não se dá somente através do diário oficial. O edital deve obedecer ao princípio da publicidade porque não vai ser entregue ao réu, mas mediante a sua publicidade, estabelecer-se-á a presunção de que o réu viu. Portanto, ele será publicado em pelo menos três lugares: 1. Local de costume (local em sede de juízo); 2. No jornal local; 3. No diário oficial. Mas ocorre que nem todo local tem jornal local. Quando não houver, não se publica. Ademais existem lugares em que não há diário oficial. Se não há, não se publica. Se a parte for beneficiária da justiça gratuita, também não se publicará no jornal local (que é privado), mas sim duas vezes no diário oficial. Ademais o código prevê que, se o local não dispor de estrutura para publicação (como em jornal e tal), o juiz pode determinar uma outra forma de publicação. Obs.: prazo passa a contar a partir do termino da vigência do edital 1. A segunda publicação é só para reforçar. Obs.: Responsabilidade do promovente da citação-edital: se o autor agir maliciosamente, fazendo afirmação falsa, além de ser nula a citação, ocorrerá que: Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo. Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando. INSTRUMENTOS DE COLABORAÇÃO Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca. Art. 201. Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e carta precatória nos demais casos. Meios utilizados para viabilizar a comunicação via mandado, já que os oficiais de justiça e os juízes estão atrelados a uma determinada jurisdição territorial. São instrumentos de colaboração entre os juízos. São as cartas: - Precatórias: solicitação de mesma hierarquia. Exemplificando: O juiz de Slz solicita ao Juízo de TumTum que o Oficial de justiça de TumTum cumpra o mandado. Vai a carta precatória e essa carta vai num envelope. Chegando lá o juiz verifica se estão preenchidos os requisitos formais e determinado cumprimento. Chegando a começa de TumTum a carta precatória recebe uma autuação (coloca-se uma capa), n fica rolando solta. Todos os autos praticados no tramite do cumprimento dessa carta serão juntados aos autos. Depois de cumprido, devolve-se a carta precatória para Slz. Porque esta prova da cotação precisa ser juntado aos autos do processo em Slz. - De ordem: requisição de diferentes hierarquias. - Rogatórias: solicitação por via diplomática. Obs.: há possibilidade de esses instrumentos serem utilizados para outros atos, que não de comunicação, como colher depoimentos. Obs.: os arts. que tratam das cartas: 200 a 212. PRAZOS PROCESSUAIS MEDIÇÃO DOS PRAZOS Os prazos processuais são medidos em: Minutos/Horas: contados minuto a minuto ou hora em hora. Exemplo: Ex.: 24h para apresentar alguma atividade. Se a atividade foi passada as 20:15 de um dia, o sujeito terá até as 20:15 do dia seguinte pra entregar. Dia: prazo contado em dia é um dia após o outro a quantidade de dias que foi estabelecida. Mês: é sempre feito com a identificação do dia do mês e da quantidade de meses fixados. Exemplo: Se tivéssemos dois meses para entregar o case a partir de hoje, vou contar dia 10 e agosto, 10 de setembro e 10 de outubro, ou seja, começando a contar do dia de hoje (10/08), o prazo seria até 10/10. Ano: mesma coisa que o mês. Obs.: O prazo começa em 29/02 e é de dois anos, como fazer já que o próximo ano n terá 29/02? Existem os prazos contados em meses e anos que começam, mas terminam em meses que não tenham correspondência do dia. Mas acontece que prazo final não significa “O dia” que eu tenho que praticar o ato, mas sim “até que” dia eu tenho que praticar o ato. Prazo tem a ver com tempo, e tempo tem a ver com preclusão. Preclusão é a perda da faculdade de praticar um determinado ato processual. 3 formas de preclusão: Temporal (prazo) Lógica: perda da faculdade de praticar um ato porque já houve outro ato incompatível com aquele. Consumativa: é a perda da faculdade de praticar um ato processual porque já pratiquei. CLASSIFICAÇÃO DOS PRAZOS Art. 177. Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa. - Legal: é aquele previsto em lei - Judicial: é aquele fixado pelo juiz Obs.: existe um prazo que é misto de judicial e legal. Todas as vezes que a lei trouxer expressamente o prazo, é aquele que deverá ser utilizado. Mas quando o código não prevê para a prática de um certo ato um prazo específico, fica a cargo do juiz fazê-lo. Mas se o juiz não fixar, eu utilizo um prazo que é legal: art. 185. Se o prazo não tiver determinado no código, fica a cargo do juiz, se o juiz for silente, o prazo será de 5 dias. Resumindo: na omissão da lei e do juiz, o prazo é do art. 185. Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. - Próprio: é aquele cujo descumprimento acarreta numa consequência para aquele que deveria praticar. Normalmente essa consequência corresponde à preclusão, ou seja, a perda da faculdade de praticar o ato. Exemplo: contestar. Prazos próprios geralmente dirigem-se às partes. - Impróprio: são aqueles que uma vez escoados (terminados) não acarretam consequências processuais nenhuma. Não há, sobretudo, a preclusão, ou seja, é possível a posterior prática do ato. Prazos impróprios geralmente dizem respeito ao juiz. - Dilatório: é aquele que pode ser aumentado, dilatado ou diminuído pelo juiz ou por convenção das partes. Exemplo: quando há a necessidade de um perito, as partes terão que analisar também com seus peritos, assim o juiz pode dilatar se o prazo não for suficiente. Obs.: existem controvérsias que o juiz precisa se valer de questões que não são jurídicas. - Peremptório: aquele que não pode ser dilatado e nem diminuído por vontade ou decisão de ninguém. Obs.: existem exceções. Existem atos processuais praticados em certos lugares ou situações que acarretam certas dificuldades e que o juiz pode eventualmente aumentar o prazo peremptório. - Especiais: existem pessoas e processos que possuem tratamento diferenciado. 188: quando o réu for pessoa jurídica de direito público (fazenda pública ou MP) o prazo para contestar será em quádruplo, e o prazo para recorrer será em dobro. Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. 191: trata da presença de litisconsórcio com + de 1 procurador (no mesmo processo). O prazo para contestar será em dobro. Mas esse prazo só vai ser em dobro se for comum, ou seja, dirigido a todas as partes que possuem procuradores diversos. Se esse prazo for relativo só a um dos réus, o prazo não será em dobro. O prazo do art. 191 só vai se aplicar aos litisconsortes com procuradores diferentes se o prazo for comum. Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. CONTAGEM DO PRAZO Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-se-ão da intimação. Parágrafo único. As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. - Termo inicial: vai depender daquilo que chamamos de “evento”. - Evento: Esse evento normalmente é um ato processual que serve de parâmetro para a contagem do prazo. Art. 241. Começa a correr o prazo: I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. O primeiro dia da contagem do prazo para a contestação é o dia útil subsequente ao evento. O dia do inicio é o evento. O dia do inicio (para exclusão) que se refere o código é o dia do evento, ou seja, esse dia não é contado. O primeiro dia da contagem do prazo é o primeiro dia útil subsequente (dia que não seja sábado, domingo e feriados legais, ou dias que não tenham expediente forense ou que o expediente terminou mais cedo). Na contagem do prazo se conta normal (Art. 178: O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados). Não pode é começar ou terminar em dia que não seja forense. Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I - for determinado o fechamento do fórum; II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal. § 2o Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). Obs.: Porque 48hrs é diferente de 2 dias? O prazo sendo em dias, tem-se até o ultimo minuto do expediente forense para agir. Sendo em horas será até exato termino da contagem em minutos. Obs.: Os atos processuais são praticados no expediente forense (das 8 as 18:00). Há uma diferença entre os atos processuais da secretaria, do secretario (que correspondem ao expediente forense) e atos praticados fora (citação - obteve o art. 172, de 6:00 as 20:00, embora o expediente forense seja diferente). PRAZOS DO EDITAL. O juiz ira fixar um prazo para que o edital seja publicado. Devendo este edital ser publicado duas vezes deve ter um espaço de tempo de 15 dias entre cada um deles. Dois prazos relacionados ao edital: - Prazo pro edital: é de 20 a 60 dias, o juiz fixa esse prazo de vigência do edital (período que produz eficácia, efeitos). O edital dura até 60 dias, para efeitos. - Prazo entre editais: deve ser feita a primeira publicação e a segunda em até 15 dias. Obs.: A partir da primeira publicação começa a contar o prazo da vigência do edital. A segunda publicação não tem nada a ver com a contagem, ela só é feita para uma maior publicidade. Obs.: Terminado o prazo da vigência do edital começa a contar o prazo par a providencia para o qual o réu foi citado ou intimado (oferecer contestação, por exemplo - o prazo de 15 dias só começa a correr a apartar do termino da vigência do edital, primeiro dia subsequente, contanto que seja útil e blá blá blá). CONTAGEM PRAZO PARA AS INTIMAÇÕES - Intimação por carta ou mandado: Os prazos para intimação por carta e por mandado obedecem as mesmas regras da citação - o prazo passa a contar a partir da juntada do AR ou do mandado aos autos do processo. - Entrega dos autos ou presença na secretaria: Se for feita pessoalmente pela entrega dos autos ou na secretaria - o evento será o dia que os autos foram entregues ou o dia em que o sujeito apareceu na secretaria. Exemplo: os autos foram entregues ao Promotor hoje: o evento é hoje e o prazo começa a correr amanha. Idem se o sujeito comparecer a secretaria. O prazo começa a correr no dia seguinte, seguindo as regras do art. 184. - Quando feito pelo diário em papel: o evento é identificado de modo distinto. O evento será a data da publicação (a intimação se considera feita na data da publicação - no diário de papel). A circulação é a data considerada para publicação. Publicação para fins de contagem de prazo: no diário de papel a intimação se considera feita no dia da circulação do diário. Circulação é o dia em que o diário em papel esta a disposição no tribunal respectivo. Se o evento é a publicação, começa a se contar o prazo a partir do dia subsequente, seguindo as regras do art. 184. - Diário eletrônico: o evento continua sendo a intimação, mas a intimação é o primeiro dia útil subseqüente a disponibilização. Este dia n conta para fins de intimação, a intimação se da no primeiro dia útil subseqüente. O prazo passa a corre do primeiro dia útil subseqüente a intimação. Obs.:Quem deve receber a intimação é o advogado, a exceção disso se da quando a própria parte deva praticar o ato. Quando a intimação ensejar não um ato postulatório (que deve ser praticado pelo advogado), mas um ato da própria parte. Ex.: testemunhas devem ser intimadas na sua pessoa e não na do seu advogado. REGRAS DE PESSOALIDADE CITAÇÃO E A REGRA DA PESSOALIDADE. A citação é endereçada a parte e ela mesma, pessoa física, que deve receber a citação. Exceção: pessoas incapazes (relativa e absoluta). O absolutamente incapaz é citado na pessoa do seu representante, já no relativamente incapaz a citação é feita na pessoa do relativamente incapaz e na pessoa do seu assistente. INTIMAÇÃO E A REGRA DA PESSOALIDADE Existem normas processuais que dão certas prerrogativas para certas pessoas. A intimação ao MP deve ser pessoalmente, por exemplo. Na pratica, o secretario encaminha aos autos ao Promotor do MP. As intimações devem ser entregues as partes ou aos seus procuradores. Obs.: Pessoas jurídicas e a regra da pessoalidade: Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. § 1º - Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte. § 2º - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição. § 3º - O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. Obs: na hipótese de pessoa jurídica há a Teoria da aparência: aparência de legalidade que leva o sujeito a praticar o ato, e todo mundo pensar que aquele ato é legal convalidado-o, ainda que não tenha algum aspecto que não seja conforme a lei. A Teoria da aparência se satisfaz, em relação a citação, quando a mesma é entregue no endereço da pessoa jurídica, e para aquela pessoa que se apresentou como válida para receber aquela citação. O preposto da pessoa jurídica que recebe a citação, embora não seja ele o representante ou o presentante (como fala Frederico Marques) aquela citação é ocasionada valida. Frederico Marques diferencia representante de presentante. Presentante seria um terceiro, alheio a pessoa jurídica, que praticaria atos no lugar desta, já representante seria a própria pessoa jurídica - a pessoa que é dona, esta presente no ato constitutivo. É por isso que o gerente tem autoridade para receber a citação, embora não seja o dono. Obs.: A citação deve ser feita em nome daquele que esta nos atos constitutivos da pessoa jurídica. Obs.: não se pode confundir pessoalidade com atos feitos pessoalmente à parte. A citação deve ser endereçada a pessoa do réu, e não entregue pessoalmente ao réu. Ex.: Citação por edital, mesmo não sendo feita pessoalmente sana o requisito da pessoalidade. TEMPO E LUGAR LUGAR DA CITAÇÃO: lugar em que a citação deve ser feita Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado. § 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. § 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis. Art. 216 A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu. Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado. Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - ao funcionário público, na repartição em que trabalhar; I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la. § 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias. § 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa. § 3o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu. TEMPO DA CITAÇÃO: horário em que a citação deve levada a efeito. Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. § 1o Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. § 2o A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso Xl, da Constituição Federal. § 3o Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária local. Obs.: Poderá ser autorizado pelo juiz a pratica de atos fora desse horário. Por exceção tbm pode autorizar que aconteça no trabalho ou onde quer que esteja o sujeito. Obs.: ART. 285, segunda parte. Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor. EFEITOS DA CITAÇÃO Eficácia é a aptidão para produzir efeito, e efeito é a repercussão fática que o ato produz. A citação, como o ato jurídico que é, tem as suas funções e produz efeitos. Um deles é fazer com que o réu, tomando conhecimento da demanda, componha a relação processual formalmente. Os efeitos da citação estão disciplinados no art. 219 do CPC. Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. § 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subsequentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. § 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. § 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. 1. Prevenção: tem relação com a atração que um determinado juízo exerce em relação às causas semelhantes (conexas ou continentes). Obs.: conexão (pedido ou causa de pedir são semelhantes); continência (um pedido é mais amplo que o outro). Juiz prevento é aquele que atrai as demais causas. É aquele que se torna competente para causas que tenham a ver com aquela primeira que ele recebeu. Juízo prevento. Prevenção tem a ver com competência (parcela da jurisdição). Prevenção tem a ver com a atração que um juízo exerce a causas semelhantes (conexão e continência). Juízo prevento é aquele quase torna competente para causas conexas, e em continência. Para saber qual o juízo é prevento basta analisar a data da feitura da citação valida (quem fez primeiro passa a ser prevento). Juízes de comarcas, territórios diferentes, devem optar pelo despacho e não pela citação. A prevenção é uma exceção do art. 86 (juiz natural). 2. Litispendência: a citação válida induz litispendência. Há, contudo, duas interpretações para Litispendência: A primeira como pressuposto processual negativo (existência de mais de um processo com as mesmas características - a segunda ação deverá ser extinta); A outra a acepção é o ESTADO DE DEPENDÊNCIA DA LIDE, existe um litígio correndo com perecimento que ainda não foi decidido. Ainda não foi solucionado e está pendente. 3. Litigiosidade Tem a ver com a eficácia do processo, da decisão, em face de terceiros. O processo é publico, todos pode conhecer um processo. O objeto só se torna litigiosa quando o Estado passa a ser quem vai resolver aquele conflito, substituindo as partes. O direito ainda não está definido em favor de nenhuma parte pretendente. 4. Mora Atraso. A mora ou estado de mora depende de um evento, ou esse evento é o tempo (como obrigações com a UNDB), o só decurso do tem, chagada da data de vencimento, faz com que estejamos em estado de mora. Existem relações jurídicas cujo estado de mora, nascimento da obrigação, se dá n pelo decurso do tempo, mas com o ato a ser praticado pelo devedor (ex.: contrato de comodato, deposito - deixo algo com alguém e ela me devolverá quando eu pedir, se eu peço o cachorro e n me devolvem, a pessoa esta em estado de mora.). A citação valida constitui o devedor em mora, porque dispara a mora - Mas só constitui mora se não tiver existido nenhum evento que faça essa constituição em mora antes (ex.: obrigações sujeitas a condição - evento futuro incerto - e termo - evento futuro e certo). 5. Prescrição Prescrição - perda da pretensão. Tem a ver com o tempo, "dormiu no ponto, perde a pretensão", direito de exigibilidade. Interrupção: volta a ser contado do zero. Suspensão: para a contagem e remota da onde parou. A citação valida é o evento que fará o prazo prescricional ser interrompido. Art. 205, CC. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art. 206, CC. Prescreve: hipóteses de prazos menores para a prescrição, Obs.: Pergunta: Uma petição inicial é ajuizada hoje, contudo o prazo prescreve amanha e a citação valida só foi feita 30 dias depois. O prazo prescreve ou não? Como o 219 diz que o prazo se interrompe somente com a citação valida, prescreve ou não? Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 1º - A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. Obs.: CC X CPC – A Prescrição O código civil regula algumas matérias que também o código de processo civil regula. Em relação a prescrição o CC também regula, tanto que os prazos prescricionais estão no CC. O CC, que é mais novo, resolveu disciplinar esse efeito da interrupção da prescrição não com a citação valida, mas com o despacho que ordena a citação. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; Obs.: é o despacho ou é a citação que interrompe a prescrição? Regras de solução de antinomias. Se a citação se aperfeiçoou regularmente, a interrupção da prescrição, seja motivada pela citação ou pelo despacho, dado o fato da passagem do tempo pela demora no processo, retroagirá da mesma forma para a data da propositura da ação. Se a citação foi feita nos moldes adequados a data de interrupção retroagirá seja pela citação seja pelo despacho. PROBLEMA: se a citação não foi proferida nos moldes no código: A promoção da citação é ato que toca ao autor (ônus do autor) - indicando correto o nome e endereço do réu, pagar as despesas das diligencias. Obs.: Não se pode confundir pessoalidade com atos feitos pessoalmente à parte. A citação deve ser endereçada a pessoa do réu, e não entregue pessoalmente ao réu. Ex.: Citação por edital, mesmo não sendo feita pessoalmente sana o requisito da pessoalidade. CITAÇÃO FICTA x CITAÇÃO REAL CITAÇÃO REAL: se aperfeiçoa diretamente ao seu destinatário. Quando o próprio destinatário toma o efetivo conhecimento do processo. O réu é de fato encontrado. CITAÇÃO FICTA: se contrapõe a modalidade de citação real. N se encontra efetivamente o réu, mas pelas circunstancias em que ela se aperfeiçoou se presume que foi feita. 1. POR EDITAL: a ficção jurídica da citação por edital se dá pela publicação do edital por 3 vezes, duas na hipótese de justiça gratuita, fixado no local de costume, divulgado pelos meios (jornais, bicicletas informativas...alto falante da igreja). Tomando ou n conhecimento o réu do edital, terminada a Vigência presume-se que o réu tomou conhecimento. 2. POR HORA CERTA: modalidade de citação por mandado. Vai se dar sempre que o réu for procurado pelo oficial de justiça, por pelo menos 3 vezes e em dias diferentes e otários diferentes. O oficial de justiça não encontrando o destinatário, e fundada a suspeita de que o réu esta se ocultado para receber a citação. Uma vez que se constata essa circunstancia, independentemente de autorização judicial, pode o oficial passar a comunicar a citação por hora certa. O oficial que toma a iniciativa, é de sua atribuição. - O oficial comunica a qualquer pessoa capaz da casa, que no dia seguinte, num horário determinado, ele irá voltar para fazer a citação por hora certa. Na hora certa ou ele encontra o réu, e se encontrar a cotação se faz de modo real, contudo se não encontrar o réu a citação será feita da mesma forma, só que de forma ficta. - Se se deu de forma ficta, presume-se que essas formalidades foram suficientes para que o réu tomasse ciência da existência da demanda contra ele ajuizada. Então O oficial deixa uma copia do mandado na mão de algum parente ou vizinho. - Deve o oficial também deixar todo o procedimento certificado. Ele faz um auto circunstanciado. Esse mandado com esse auto circunstanciado volta para a secretaria para ser juntado aos autos. É importante para a documentação e para a fluência do prazo - 15 dias para oferecer a contestação (art. 184). Obs.: Noticiada a citação por hora certa, juntada aos autos o mandado juntamente com o auto circunstanciado, o secretario: mandar uma carta, radiograma ou telegrama, comunicando o réu mais uma vez que já foi feita a citação por hora certa. Essa comunicação que feita depois, não é a citação. É só a comunicação de que a citação já foi feita e de que o prazo já esta fluindo. É só um reforço, já dando conhecimento que ele já é réu. Essa comunicação, por ser um complemento, não interfere na contagem do prazo. Obs.: As noções de citação ficta e real se aplicam também as intimações. FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO. FORMAÇÃO Diz respeito ao momento em que a relação processual surge. O processo surge com a petição inicial - é o instrumento da demanda. O direito de ação, sendo abstrato, é o fator que desencadeia o processo. Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado. Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo. A ação, uma vez proposta, gera imediatamente no plano lógico a formação do processo. Então a formação do processo se confunde com o momento da propositura da ação. Ação -> processo. Mas quando essa ação se considera proposta? Segundo o código a ação se consideraria proposta em dois momentos distintos: 1. Se o local onde a ação é proposta tiver mais de um juízo, o momento da propositura se confunde com o momento da distribuição . 1 2. Se o local tiver um só juízo , o momento da propositura coincide com aquele em que o juiz despacha a 2 petição inicial. Imaginem o seguinte: eu entrego a minha petição no protocolo hoje e o juiz por alguma razão só despacha na segunda feira. Segundo o código, minha ação só foi proposta na segunda feira, então só na segunda feira tenho processo. Mas imaginem que hoje seria o último dia do prazo da prescrição da pretensão do autor. Ele vai hoje à única unidade jurisdicional, e entrega sua petição inicial, e só na segunda feira o juiz despacha. Se só na segunda feira ele despacha, se for verdade o que diz o art. 263, somente na segunda feira houve proposição da ação, consequentemente só na segunda feira houve formação de processo. Significa então que minha pretensão prescreveu. Acontece que, a realidade do código, quando editou o art. 263, era aquela realidade ideal que sempre que o sujeito procurasse o judiciário naquela unidade de juízo único e entregasse sua PI o juiz estaria lá de braços abertos para despachar sua petição, e, no mesmo dia, a proposição estaria feita. Ocorre que essa não é a realidade de hoje, e, portanto, ocorre com muita frequência de a PI ser entregue num determinado dia e dias depois essa PI ser despachada. Resumo da história: como parece que o legislador tinha por ideia uma realidade diferente da de hoje. Assim, a única solução que parece adequada é considerar proposta a ação quando entregue no órgão competente. O juiz pode despachar hoje, amanhã, daqui 5, 10, 20 dias ou 1 ano: não interessa. O que interessa é eu provocar o judiciário. Provoco o judiciário, exercito meu direito de ação com a entrega da minha PI no órgão competente. Basta que eu entregue a petição, independentemente de ser juízo único ou não. Essa é a melhor interpretação do art. 263. Já a citação: é pressuposto processual de validade ou de existência? Se for pressuposto de validade o processo é nulo se não houver citação valida. Se for de existência o processo não existiu se não houver ! É o ato de sortear para um determinado juízo, e ocorre sempre que local de propositura tenha juízos 1 com idêntica competência para aquela matéria. Distribuição é um sorteio de juízos com a mesma competência. Imaginem o seguinte: aqui em São Luis temos 9 varas cíveis. Então 9 varas cuidam da matéria civil no assunto que diz respeito ao direito privado. O sujeito, sendo parte de um litígio, elabora sua petição inicial e vai ao fórum entregar. Para qual juízo ele deve endereçar sua petição inicial? Para nenhum. Ele vai ao setor de protocolo ou ao setor de distribuição, entrega sua petição inicial e imediatamente recebe a comprovação da proposição da petição inicial com o resultado da distribuição, pois o sistema fez um sorteio entre os 9 juízos. Imediatamente saio do protocolo sabendo qual será o juízo. ! Quando nas comarcas (principalmente nas comarcas menores) houver um só juízo, todas as ações são 2 distribuídas ou são registradas naquela unidade jurisdicional. Assim, uma vez eu ajuizando uma ação, seja qual for a natureza, ela vai ser endereçada para aquele juízo único daquela comarca daquela cidade. Não há distribuição porque não há para quem sortear. citação valida. Quando ajuízo minha ação quem faz parte dessa relação sou eu e o estado. O réu só passa a fazer parte da relação quando é citado. O juiz, quando analisar a petição inicial, poderá proferir uma sentença sem resolução de mérito. O processo formou-se e foi extinto mesmo sem a existência de um réu. Da mesma forma, o juiz também pode pronunciar a prescrição e decadência, resolvendo o mérito. A citação, então, não tem nenhum efeito quanto ao surgimento processo, a não ser aqueles do art. 219, pois se sabe que enquanto o réu não estiver devidamente citado, ele não faz parte formalmente da relação processual. O processo existe, forma-se sem a participação do réu. Embora a citação possa ser considerada pressuposto de validade, esse pressuposto de validade tem que ser interpretado da seguinte forma: só será pressuposto de validade em relação ao réu. Exemplo: quando o juiz julga improcedente, já houve processo. Além disso, existe processo sem citação também na jurisdição voluntária. SUSPENSÃO Uma vez formado o processo, tem ele o seu desenvolvimento, e, salvo regra da exceção, esse desenvolvimento será não interrompido. Isso significa que o procedimento vai caminhar, com maior ou menor celeridade, e não há nenhuma razão, em regra, que imponha não se praticar atos processuais. A exceção é encontrada na hipótese que a doutrina chama de “crise do processo”. A crise do processo corresponde à suspensão, isto é, ao momento em que se suspende o seu curso. É um momento em que não se praticam atos . 3 Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; Morte da parte O processo é suspenso para que seja feita a sucessão, para fins de habilitação. Essa legitimação é ordinária (o sujeito vai postular em nome próprio) e é superveniente (originalmente não tinha legitimidade). Obs.: não confundir sucessão com substituição. Sucessão é “herdar” o processo. Substituição processual é a hipótese de legitimação extraordinária (art. 6º). Morte do representante legal A morte do representante legal integra a capacidade de estar em juízo. Suspende o processo para que se nomeie outro representante legal. Morte do procurador Suspende-se para que outro advogado ingresse no processo. A parte não pode estar sozinha em juízo. Obs.: a consequência da ausência de nomeação de advogado, a depender do falecido ser o autor ou ser o réu, é diferente. Se o advogado do autor for o que falecer, ele terá um prazo para trazer aos autos outro advogado. Se não trouxer, extingue-se o processo sem resolução de mérito. Se o advogado do réu for o que falecer e ele não trouxer outro advogado, ele passa a ser revel. ! A suspensão do processo é encarada como um momento em que não se praticam atos, mas há também 3 a chamada SUSPENSÃO IMPRÓPRIA. É uma hipótese de suspensão, mas que propriamente não é suspensão. Grande parte das intervenções de terceiros enseja a chamada suspensão do processo, como a nomeação à autoria. Enquanto se decide quem fica na relação processual como réu (se é o indicado pelo autor ou o indicado pelo réu indicado pelo autor) se suspende o processo para resolver essa questão. Acontece que o curso normal do processo é suspendido para que seja feito um procedimento lateral (que é a escolha do réu adequado), mas que é dentro do mesmo processo. Se é dentro do mesmo processo, propriamente não há suspensão de atos, pois atos estão sendo praticados. Ademais, pode acontecer, mesmo que o processo esteja suspenso, necessidade de se praticar um ou outro ato que seja considerado urgente. Isso se dá para não haver perda de elementos probatórios, e quase sempre está relacionado com testemunhas. II - pela convenção das partes; As partes podem convencionar a suspensão do processo para realizar, por exemplo, uma conciliação. Obs.: se a discussão está posta em juízo e há interesse do estado em solucionar o litígio, o código limita, então, em até 6 meses o prazo de suspensão. III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz; Exceção em processo pode significar duas coisas: Em sentido amplo, defesa. Em sentido estrito, uma defesa processual bem específica: exceções de incompetência e impedimento ou suspeição . São defesas que atacam a incompetência do juízo e a 4 5 6 imparcialidade do juiz. Enquanto eu discuto se há ou se não há o pressuposto processual de competência e parcialidade, o processo está suspenso. Obs.: essas exceções, embora formadas em processo separado, mas atreladas ao processo original, não constituem processo novo. É um processo apêndice. Portanto, aqui é uma hipótese de SUSPENSÃO IMPRÓPRIA. Eu suspendo o procedimento principal e vou discutir uma questão separadamente. IV - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; É a chamada prejudicialidade externa. 7 Existem questões discutidas em um processo que não são questões de mérito, mas que constituem objeto principal (mérito) de outro processo. É possível que a resolução de mérito de um processo influencie na resolução de mérito de outro. Imaginem o seguinte: de um determinado acidente de veículo, resulta repercussão na esfera civil e penal. No processo civil a discussão gira em torno de ter o réu que indenizar ou não. No processo penal, se discute autoria do delito. O que pode fazer o juiz do processo civil? Suspender o processo, porque saber se o réu causou ou não o acidente vai definir como ele julga o mérito. Se causou o acidente, deve indenizar. Se não causou, não deve. Assim, o juiz vai suspender o processo para esperar que seja definido na esfera penal se o sujeito foi ou não o autor daquele fato. Ser ou não ser autor do fato é uma ! Nas hipóteses em que a unidade jurisdicional não tem atribuição para decidir determinada causa. As 4 regras de competência são ditadas pela jurisdição, que é una, mas que vai ser exercida fracionada. Competência é a fração da jurisdição. A competência pode ser tanto absoluta quanto relativa. ! Todas as vezes que se for possível identificar que o juiz não é parcial, eu faço mediante as exceções. 5 Impedimento (art. 134) é aquela situação em que o legislador objetivamente exclui o magistrado da função de julgar. Exemplo: quando o juiz for cônjuge de uma das partes. ! Suspeição não é uma hipótese em que se afasta taxativamente o juiz, porque é mais subjetiva. (art. 6 135). Exemplo: juiz amigo íntimo de uma parte. ! O texto de Barbosa Moreira trata de questões preliminares e questões prejudiciais. As chamadas 7 “questões prévias” (questões que têm que ser analisadas antes do mérito), são de duas ordens: a) Preliminariedade: As questões preliminares sempre existirão no processo, diferentemente das prejudiciais. São aquelas que têm que ser resolvidas pelo autor antes, e a resolução vai determinar se a questão subsequente de mérito será analisada. Primeiro analiso as questões preliminares porque, a partir do modo que forem resolvidas, eu defino se as questões de mérito e se o pedido pode ser analisado ou não. Questões como condição de ação e pressupostos processuais são questões que têm que ser analisadas previamente pelo juiz. b) Prejudicialidade: nas questões prejudiciais, a questão prévia vai determinar como a questão subsequente será analisada. A questão prévia resolvida constitui premissa para a resolução da segunda questão (mérito). Exemplo: imaginem que o sujeito compre um ingresso para assistir um jogo de futebol, e que a compra do ingresso é um requisito prévio para o sujeito entrar no estádio e assistir ao jogo, ou seja, só assiste ao jogo se tiver comprado o ingresso. Ao chegar à portaria do estádio, o funcionário do estádio vai verificar se ele tem ingresso. Se tiver entra, se não tiver não entra. Isso é uma questão prévia preliminar. Exemplo 2: uma vez que eu tenho o ingresso e apresento para o funcionário da portaria, a depender de qual seja o tipo do meu ingresso, eu vou ingressar no estádio para assistir na arquibancada ou assistir na cadeira. Então definir qual o tipo do ingresso vai determinar como eu assisto ao jogo. Essa é uma análise previa prejudicial. premissa, e a partir dessa premissa o juiz decide se o réu deve indenizar ou não. É uma questão que tem que ser analisada antes. Significa então que a resolução de uma questão depende de outra resolução. Essa questão é prejudicial e externa, porque essa prejudicialidade está sendo discutida em um outro processo. b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo; São as hipóteses de precatória, rogatória e carta de ordem. Existem atos processuais que não podem ser praticados pelo juízo da causa, e são então solicitados ou requisitados de um juízo a outro. A regra é que a produção de certa prova ou a verificação de certo fato em juízo diverso deve se dar necessariamente por carta precatória. Obs.: mas os fatos e provas contidos na carta precatória devem ser relevantes para resultado para que o processo seja suspenso (enquanto a carta não chegar) Ressalva: a suspensão não pode durar infinitamente, sendo o limite máximo de um ano. c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente; É a chamada ação declaratória incidental . 8 É possível que essas questões de estado sejam questões prévias do tipo prejudiciais, mas cuja discussão não constitui objeto principal do processo. Exemplo: o autor requer alimentos do pai. Quando o pai contesta, diz assim: “é verdade que eu registrei, mas o autor não é meu filho”. Daí instaura-se um ponto controvertido sobre a paternidade. Se o sujeito for pai, vai ter que pagar os alimentos. Se não, não. O juiz precisa, então, resolver previamente a questão da paternidade, pois ela que vai definir se o sujeito paga ou não paga alimentos. É uma questão prévia do tipo prejudicial. Acontece que a verificação do juiz acerca da paternidade não tem força a ponto de impor esse estado de paternidade. Os fundamentos da decisão não transitam em julgado. Então essa premissa que se valeu o juiz acerca da paternidade é o fundamento para ele concluir e decidir o pedido principal (alimentos). O fundamento do pedido dos alimentos é a paternidade, mas o autor não pediu o reconhecimento da paternidade, porque o autor já partiu presunção legal que há paternidade por conta do registro. Só transita em julgado a questão dos alimentos. Então e se o pai quiser posterior rediscutir a paternidade, não há nada que o impeça. Para evitar isso, tanto o pai quanto o filho podem proferir a ação declaratória incidental, ou seja, no curso do processo pode tanto o autor quanto o réu requerer que essa questão que é previa e é só fundamento passe a constituir objeto principal do objeto. Vai haver uma hipótese de ampliação objetiva da demanda. Eu vou acrescentar outro pedido. O pedido vai ser paternidade + alimentos. O resultado disso é que o juiz não vai utilizar a paternidade apenas como fundamento, pois a sua sentença vai ter duas decisões em uma: ele vai declarar o estado de paternidade e, com base nessa premissa, vai decidir se o pai vai ou não pagar alimento. Aqui sim transitou em julgado e essas questões não poderão mais ser discutidas, pois foi decidido, e não só fundamento. Assim, a ação declaratória incidental suspende o processo. V - por motivo de força maior; Pegou fogo no fórum, suspende-se o processo. VI - nos demais casos, que este Código regula. § 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que: a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência; Esse dispositivo precisa ser entendido de acordo com a prática forense: parece, pela leitura do código que, se no meio de uma audiência o sujeito bate as botas, ele fica lá e a audiência continua. Mas não é bem assim. O código que dizer que existem hipóteses em que a audiência começa e não termina no mesmo dia. Se entre o início da audiência e o seu término que se dá em outro dia houver falecimento da parte, não se suspende o processo. O advogado continua praticando os atos processuais até a sentença. b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão. ! Prevista nos arts. 5º e 325. 8 § 2o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste. A justificativa disso é que os atos praticados em audiência necessitam da presença do advogado, pois ele que vai poder praticar os atos. Se o advogado morrer nesse meio tempo, a audiência não vai poder prosseguir. § 3o A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o no Il, nunca poderá exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo. § 4o No caso do no III, a exceção, em primeiro grau da jurisdição, será processada na forma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e, no tribunal, consoante Ihe estabelecer o regimento interno. § 5o Nos casos enumerados nas letras a, b e c do no IV, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo. Art. 266. Durante a suspensão é defeso praticar qualquer ato processual; poderá o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável. Obs.: o rol do art. 264 não exaure as hipóteses de suspensão. Obs.: férias forenses é a suspensão do prazo, mas não do processo. Assim, atos podem ser praticados. EXTINÇÃO É o final do processo. O código, porque tinha aquela perspectiva de que, da ação processual, uma vez solucionada a crise de certeza, e necessária a posterior tutela executiva, o sujeito precisava de um novo processo. A sentença era, então, o ato que extinguia o processo, resolvendo o mérito ou não. Segundo a visão do código, a sentença seria o ato que extinguia o processo, e essa extinção seria com resolução de mérito solucionando o conflito de interesse, ou seria extinção anômala quando o judiciário extinguia sem solucionar o conflito de interesses. Porém a doutrina percebeu que o conceito do código, apesar de bem intencionado, era equivocado, porque depois dessa sentença era possível, por exemplo, que a parte propusesse um recurso no mesmo processo. Isso significa que a formulação do código de que sentença extinguia o processo é errada, porque bastava eu pensar que a essa sentença cabia recurso. Então se percebeu o seguinte: a sentença identificada como ato final do processo estava equivocada e a doutrina começou a conceituar esse ato, não como o que colocava fim ao processo, mas como o que colocava fim a uma sentença de primeiro grau de jurisdição. O processo em crédito se caracteriza pela desnecessidade, uma vez da sentença, ingressar com uma nova ação. É um processo só dividido em fases. O que era para ser um novo processo passou a ser uma fase subsequente. Em 2005 resolveu-se tentar ajustar o conceito de sentença, alterando, por exemplo, o art. 162, §1º. Então quando terminaria o processo? Segundo alguns, com o trânsito em julgado da sentença, terminaria o processo. Isso, na versão anterior do código, poderia ser verdade. Quando a execução demandava novo processo com o transito em julgado não cabia mais nada e acabava a relação processual. Agora não mais. o transito em julgado é um dos pressupostos para eu continuar o processo na fase executiva. O processo acabaria, então, no dia em que a fosse satisfeita, e juiz proferisse uma nova sentença na fase executiva, extinguindo o processo. Exemplo: receber o dinheiro do bilhete premiado. Uma coisa é ganhar o bilhete, outra coisa é receber. Não adianta só ter a sentença que obriga o réu a pagar se o estado não tem condições de fazer com que o réu efetivamente entregue o dinheiro. Uma vez que o judiciário consegue impor a satisfação da obrigação, acabou atividade do judiciário no processo. Quando o judiciário tiver realizado a tutela jurisdicional satisfatória. Uma vez satisfeita a relação conflituosa, acabou o processo. Ou uma vez não sendo possível a satisfação da relação conflituosa (como na prescrição), acabou o processo. Resumindo: a extinção se dá quando não é necessário/se pode mais praticar atos no processo. Explicação de Didier sobre a extinção do processo: O código nos artigos 267 (sem julgamento de mérito) e 269 (com julgamento de mérito) trata das hipóteses de extinção do processo. O legislador relaciona esses artigos à sentença, visto ser esse o ato que encerra o procedimento em primeira instância, conforme o texto do §1º do art. 162 (sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta lei). A redação do código induz o entendimento de que toda decisão judicial, que tenha por conteúdo uma das hipóteses previstas nesses artigos, será uma sentença. Não é bem assim, porém. Essa nova redação do §1º do art. 162 tem como objetivo ressaltar que a sentença não mais extingue o processo, como antes se dizia, tendo em vista que toda sentença de prestação, agora, dá ensejo a execução imediata, sem necessidade de outro processo (de execução) para isso. É por isso que também foi alterado o art. 463 (publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la), para retirar a menção que se fazia ao “encerramento da atividade jurisdicional” com a prolação da sentença. De fato, proferida a sentença, o juiz não mais encerra a sua atividade jurisdicional, pois deverá continuar a atuar, agora na fase executiva. Após essa alteração legislativa, é preciso compreender a sentença como o ato que encerra o procedimento na fase de conhecimento/execução e em primeira instância. O encerramento do procedimento fundar-se-á ora no art. 267, ora no art. 269. O conceito de sentença tem bastante relevância: é com base nele que se saberá qual o recurso cabível, pois, de acordo com o código, da sentença cabe apelação e da decisão interlocutória cabe agravo. Ademais, a sentença nem sempre encerrará toda a fase de conhecimento/execução, quer porque pode haver recurso, a prolongar a vida da causa, quer porque, sendo demanda de competência originária de tribunal, o ato que porá fim ao processo será acórdão ou decisão de relator, e não sentença. Obs.: obviamente é possível designar toda e qualquer decisão judicial de “sentença”, mas não é esse o sentido do §1º do art. 162. Do mesmo modo, nem toda decisão que tiver por conteúdo uma das hipóteses dos arts. 267 e 269 terá por feito a extinção da fase de conhecimento. Exemplos: a) decisão que indefere parcialmente a petição inicial (267 I); b) decisão que reconhece a decadência de um dos pedidos acumulados (269 IV); c) decisão que exclui um litisconsorte por ilegitimidade (art. 267 VI). São exemplos de decisão interlocutória , que podem, assim, ser impugnadas por agravo. 9 É por isso que se deve ter muito cuidado com a terminologia. Os arts. 267 e 269 não preveem hipóteses em que necessariamente o processo será extinto e nem estabelecem matérias exclusivas de sentença, a respeito da redação do §1º do art. 162. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial; Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; ! Ato pelo qual o judiciário resolve, no curso do processo, questão incidente, no qual cabe agravo no prazo 9 de 10 dias. V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação; IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI - nos demais casos prescritos neste Código. § 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas. § 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28). § 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. § 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL Processo requer a análise de atos processuais, e atos processuais nada mais são que uma categoria de atos jurídicos. São atos jurídicos praticados dentro do processo. Significa então que eu vou analisar os atos processuais por esses três planos: existência, validade e eficácia. No plano da validade, se vai verificar três requisitos: agente capaz, objeto lícito e forma não defesa em lei. Então quando se pratica um ato processual, se verifica no plano da validade se preenche alguns requisitos. Todo ato jurídico, pressupõe para a sua admissão, a análise dos requisitos que lhes são próprios, e eu chamo então a análise desses requisitos de JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. É saber se um ato é válido ou não. O ato só pode ter pretensão de ser eficaz se ele existir e ser for válido. O ato processual, então, como categoria de ato jurídico, requer a análise da sua admissibilidade. Existente o ato, para ele produzir efeitos, temos que verificar se ele é válido. Essa análise de validade pressupõe juízo de admissibilidade. A petição inicial como ato que deflagra a atividade jurisdicional precisa também passar pelo crivo da admissibilidade. Esse crivo requer uma maior cautela, porque no fim das contas, há uma quantidade muito maior de requisitos para que o exercício regular do direito de ação se dê, e que o desenvolvimento válido do processo também se faça. Exemplos: condições de ação, pressupostos processuais + e -. Quando o sujeito deflagra a atividade jurisdicional, o juiz recebe a PI e vai analisar, verificando se todos esses requisitos estão contidos. Vai verificar a admissibilidade desse ato. Esse juízo de admissibilidade significa a análise dos requisitos de admissibilidade. O resultado desse juízo pode ser de três formas: 1. Positivo – Ato: despacho (cite-se) É aquela análise da PI que dá conta da existência de todos os requisitos para PI para que o processo seja válido. É quando o juiz atesta a existência das condições de ação, dos pressupostos processuais, de que não existe nenhum pressuposto processual negativo etc. Todas as vezes que o juízo é positivo de admissibilidade, o juiz então verifica que o processo consegue se desenvolver válida e regularmente. O ato que conhece positivo a admissibilidade normalmente é visto pelo despacho do juiz, que determina a citação. Quando o juiz determina a citação, significa que ele admitiu a PI. 2. Neutro – Vício sanável É aquele que nem atesta a presença dos requisitos a ponto de permitir que a PI seja admitida, e nem que atesta a falta de um requisito a ponto de indeferir. É sempre que o juiz verifica que há um vício, mas que esse vício pode ser consertado. É o princípio do aproveitamento. Só se anula um ato processual quando esse ato não puder ser aproveitado. Todas as vezes que o juiz se depara com um vício, ele deve tentar sanar o vício. Imaginem o seguinte: o autor ajuíza a PI em face de um particular. Então é um conflito de particulares no âmbito civil. O autor entrega a PI perante o protocolo da justiça federal. O juiz federal vai analisar admissibilidade e vai perceber que falta um pressuposto processual, qual seja, o juízo competente (competência absoluta). O juiz não vai admitir a petição, e nem indeferir. Ele vai aproveitar. Ele vai determinar a remessa dos autos ao juízo competente. Se o vício for sanável, deve-se aproveitar a correção. Então desse juízo neutro pode resultar a correção do vício, e se corrigido o vício, a hipótese é de admissibilidade. Se não corrigir, a hipótese é de indeferimento. 3. Negativo – Ato: indeferir. Vício insanável É o contrário do positivo. É quando o juiz ate, atesta que as condições de ação não foram preenchidas, quando existe pressuposto processual negativo etc. Quando o juiz emitir pronunciamento negativo da admissibilidade, irá indeferir a PI. Liminarmente Ou é corrigido pelo juiz ou é corrigido pela parte INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL Constitui a rejeição da petição inicial, que vai acontecer SEMPRE ANTES da citação do réu. Vai se dar liminarmente. O indeferimento da PI sempre vai corresponder a essa rejeição realizada antes da citação do réu. Art. 295. A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; Inépcia sempre vai acontecer quando houver um vício na causa de pedir ou no pedido da PI (PU). Nem todo vício pode ser taxado de inépcia. Quanto à inépcia da PI, é corriqueiro chamar de inepta a petição que contém vício. Só que inépcia da PI não corresponde a qualquer vício nesta PI. Inépcia sempre vai acontecer quando houver um vício na causa de pedir ou do pedido da PI. Inépcia é sempre um vício que atinge a causa de pedir ou o pedido. Foi o que já vimos lá em cima. Um vício, sanável ou insanável, que atinja outro elemento da PI, que não os do PU do art. 195, não é taxado de inépcia. II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284. Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. O indeferimento da PI segundo consta o art. 267, I corresponderia à extinção do processo sem 10 resolução de mérito. Significa que o resultado do processo não é aquele que dá conta da solução do conflito de interesses, porque o exercício do direito de ação não foi feito de modo adequado. É a extinção anômala. Entretanto, há uma exceção à regra do art. 267 que diz que toda vez que o juiz indeferir a PI não haverá resolução de mérito. Exceção: art. 295, IV. De todos os incisos do art. 295, o inciso IV se refere à prescrição e à decadência. A prescrição e a decadência são matérias de mérito, ou seja, matérias que atingem o próprio direito e que conduzem à improcedência do pedido do autor. Se prescrição e decadência constituem matérias de mérito, o indeferimento da PI vai corresponder não a uma decisão extintiva sem resolução de mérito, mas sim uma decisão com resolução de mérito. Então em todas as hipóteses do art. 295 o juiz extingue o processo sem resolução de mérito, com exceção do inciso IV, porque os termas versados nesse inciso constitui temas de mérito. O indeferimento da petição inicial na hipótese faz nasce uma sentença com resolução de mérito. Se esses temas são de mérito, sempre que a sentença reconhecer prescrição e decadência, essa sentença se dará como no art. 269, IV : sentença (indeferimento) com resolução de 11 mérito. O art. 295, IV está ligado ao 269, IV, e não ao 267, I. Existe outra hipótese recente de rejeição da PI com resolução de mérito: art. 285-A . Dadas as condições 12 previstas, é possível que o juiz julgue improcedente o pedido sem citar o réu. Todas as vezes que o juiz ! Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial.10 ! Art. 269. Haverá resolução de mérito: IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição.11 ! Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido 12 proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. toma uma providencia sem citar o réu é liminar. Este é um caso de indeferimento liminar com resolução de mérito. Cuidado: as hipóteses que conduzem ao indeferimento da PI podem conduzir à extinção do processo sem resolução de mérito, mas sem que essa extinção carregue o nome de indeferimento da PI. Em outras palavras, a mesma hipótese que o juiz retifica no começo do processo e que permite extinguir o processo sem resolução de mérito titulada de indeferimento da petição inicial, pode ser percebida depois da citação do réu, e essa extinção não vai ser rotulada de indeferimento. Exemplo: imaginem que o autor não tem interesse de agir. Faltou interesse, faltou condição de ação. O juiz, então, indefere a PI com base no art. 267, VI . Mas se o juiz tivesse determinado a citação do réu, e 13 na contestação o réu viesse a alegar falta de interesse e o juiz acolhesse a falta de interesse e proferisse a sentença com base no art. 267, VI, essa extinção do processo não recebe o nome de indeferimento da PI. Percebam, é o mesmo vício. A diferença é que um vício foi constatado antes da citação do réu e o outro após a citação do réu. O primeiro recebe o nome de indeferimento da PI e o outro não. Porque não? Porque quando o juiz determina a citação do réu (despacha), o juiz deferiu a PI. Qual é a relevância disso? Primeiro que, tecnicamente é incorreto. Segundo, possui reflexos no próprio procedimento. A depender de o recurso tomado contra esta sentença, o procedimento vai ser diverso. Um recurso possui peculiaridades que o outro não tem. Então longe de ser mera nomenclatura, a extinção do processo recebe o nome de indeferimento de PI é tratada de modo diverso. Resumindo: o juiz não pode indeferir uma PI que ele já deferiu. EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL Dentro do juízo neutro de admissibilidade temos o assunto referente à emenda da PI. A emenda da PI constitui a oportunidade que tem a parte de regularizar sua PI quando ela contiver vício sanável. Toda vez que o juízo de admissibilidade identificar que a PI não preenche os requisitos do art. 282, 283 ou qualquer outro dispositivo que se aplique, deve o juiz oportunizar a parte a sanar. É direito público subjetivo do autor, toda vez que sua PI for sanável, ter o prazo de 10 dias para sanar o vício. Após o prazo de 10 dias, se o vício for sanado defere-se a PI. Se não for sanado ou insanável, é indeferido. Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias. Essa oportunidade de emenda prevista no art. 284 constitui clara expressão do princípio da instrumentalidade, dos princípios que regem as nulidades, e, sobretudo o princípio do aproveitamento/não prejuízo. A nulidade só é decretada se o ato não puder se aproveitado. Não se dispensa um ato processual se ele conseguir atingir a sua finalidade. É irregular a extinção do processo sem resolução de mérito quando o juiz verificar vício sanável e não oportunizar o autor de sanar. Como já vimos, o art. 295 traz as hipóteses de indeferimento da PI. Essas hipóteses trazem vícios sanáveis que não foram sanados (e, portanto, a PI será indeferida) ou insanáveis e, portanto, a PI será indeferida. Vamos analisar algumas delas: II - quando a parte for manifestamente ilegítima Aquela ilegitimidade que se apresenta quando da análise da PI. Daí vem a questão da nomeação à autoria. Em outras palavras, cabe a nomeação à autoria quando o réu se reputar ilegítimo. Isso significa que quando o réu for ilegítimo, ele apontará sua ilegitimidade e poderá ser feita a nomeação à autoria. Essa ilegitimidade, por certo, não seria aquela que o juiz constataria só por analisar a PI, pois o réu terá que se manifestar. V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal. ! Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: Vl - quando não concorrer qualquer das 13 condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; Quando o procedimento adotado não corresponder ao tipo de processo. Primeiro vejo no livro 4 se é um procedimento especial. Se não for procedimento especial, é um procedimento comum. Mas dentro dos procedimentos comuns, eu vejo primeiro se é sumário (que corresponde ao art. 275), se só se não tiver procedimento sumário é que só me resta o ordinário. Então, assim, “de baixo para cima”, eu vou eleger qual é o meu procedimento. Para muitos, a escolha do procedimento equivocado corresponde a um vício da PI alusiva ao interesse , 14 que é a adequação. Adequação significaria a utilização do instrumento adequado. Se a crise não é de certeza, mas sim de inadimplemento, é inadequado que utilize o processo de conhecimento. Quem tem crise de inadimplemento certamente não tem crise de certeza, pois eu já parto do juízo de certeza. Assim, todas as vezes que alguém supostamente introduz o procedimento errado, faltaria ai, para o regular procedimento do processo, a condição de ação interesse (adequação), SALVO se esse procedimento puder ser adaptado. Como assim “puder ser adaptado?” O procedimento comum ordinário é mais abrangente embora seja subsidiário, porque o procedimento comum ordinário é o que serve de suporte, ou seja, parâmetro para os demais procedimentos. É que o procedimento sumário é aquele mediante o qual se permite o exercício da ampla defesa e do contraditório de forma mais abrangente. As fases do procedimento comum ordinário são muito mais definidas. O procedimento sumário nasce a partir do ordinário. O ordinário, então, é sumarizado (diminuído), e daí então temos procedimento sumário. No procedimento comum ordinário, temos a fase postulatória, depois a fase ordinatória, depois a fase probatória, e depois a sentença. As fases são bem definidas. Mas ao transformar isso em procedimento ordinário, as coisas poderiam ser assim: o réu não é citado para contestar, mas para comparecer a uma audiência. Nessa audiência tudo acontece. o réu contesta, se houver necessidade ele apresenta replica, se tiver prova ele já leva, ou seja, várias num só ato, ou seja, a sumarização do procedimento ordinário. Assim eu suprimo alguns atos, com impedir a intervenção de terceiros, ou eu faço a fusão de determinadas fases. O que o professor quer dizer com isso é que, mesmo o procedimento ordinário sendo residual, o procedimento ordinário serve de base para os demais procedimentos. Isso implica dizer que o sujeito que tem ação que deveria tramitar através do rito sumário, se ele adota o rido ordinário, não há nenhum problema, porque o procedimento ordinário é mais amplo. Então ainda que ele escolher o procedimento inadequado, se esse procedimento puder ser adaptado, não se indefere a PI. Agora é claro que se o sujeito com crise de inadimplemento postula ação de processo cognitivo, não da para adaptar o procedimento de execução para cognitivo, e vice versa. Essa adequação é possível dentro do mesmo livro, qual seja, I (e IV, se consideramos como continuação do livro I). REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL Faltando um desses requisitos, é possível que se faça emenda. ! Para muitos, o interesse de agir não é dividido em dois, mas em três, quais sejam, utilidade, 14 necessidade e adequação. Obs.: é possível que ao lado da emenda se tenha o aditamento. Mas emenda é diferente de aditamento . 15 Não existe regra predefinida quanto à ordem dos elementos que devem conter na PI. Mas existe formula pré-definida quanto à quais são os elementos, e são estes: Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; É aquela primeira linha da PI, que revela a competência. Revela que eu sei em qual juízo é possível o processo e julgamento da minha causa. É o juízo que faço o endereçamento. Lembram-se do princípio do juiz natural? É aquele previsto na CF que não haverá juízo de exceção. A competência é previamente estabelecida. Não pode o estado nem criar um juízo especifico para julgar certa causa e nem posso eu escolher o juiz pra julgar certa causa. Com base nessas predefinições é que eu vou reconhecer e identificar qual juízo eu posso processar minha ação. II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; Eu preciso identificar as partes com suas qualificações. Qualifica é individualizar com os dados pormenorizados tanto quanto for possível. É claro que nem sempre é possível identificar pormenorizadamente o réu. Daí às vezes é muito mais fácil identificar o sujeito pelo apelido que pelo nome. No fim das contas, existe o edital. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; Exposições de fato e do direito ou das razões jurídicas. É a causa de pedir. A causa de pedir, quando deficiente, gera a inépcia da PI. O autor vai a juízo porque certamente alguma coisa aconteceu no mundo dos fatos e que esse fato tem repercussão no direito. É um fato relevante no mundo do direito. Vou verificar qual a implicação jurídica desses fatos. Fundamentação jurídica não é fundamentação legal. Não se exige do autor a identificação de um dispositivo de lei. Teoria da substanciação: preciso expor tanto os fatos quanto o direito. IV - o pedido, com as suas especificações; ! É a faculdade de acréscimo de algum elemento objetivo à minha petição inicial. Emenda se dá por vício, 15 e aditamento se dá por vontade do autor. É a vontade de acrescer à PI algum elemento objetivo (causa de pedir ou pedido). A depender do momento em que se contaste essa falta, o aditamento vai ser possível ou não. O aditamento, como acréscimo da PI, tem a ver com aquilo que a doutrina chama de “estabilização da demanda”, ou seja, é a qualidade de estado da relação processual (aquele momento em que a relação jurídica processual e seus elementos objetivos subjetivos devem permanecer daquela forma sem alteração). Como regra, uma vez proposta a PI, a demanda vai tender a se estabilizar. Citado o réu, tende a se estabilizar mais ainda. Por exceção, segundo os arts. 264 e 295, é possível o aditamento. Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa Assim, é possível editar a PI antes e depois da citação. PI --------------------- CITAÇÃO ----------------------| estabilização da demanda sem consentimento com consentimento A estabilização da demanda se dará com o saneamento do processo. Quando o juiz fixa os controvertidos e resolve as questões processuais pendentes, ele saneia o processo (decisão de saneamento). A decisão que dá por encerrado o processo encerra a fase ordinatória e a fase de encerramento. Depois disso, não é mais possível alterar o pedido e a causa de pedir. Até antes disso é possível. Formulo o pedido a partir da causa. O pedido deve decorrer logicamente da minha causa de pedir, sob pena da minha PI ser inepta. O pedido é a consequência daqueles argumentos de fato. V - o valor da causa; Diz o código nos arts. 258 e 259 que a toda causa deve ser atribuído valor, ainda que essa causa não 16 17 tenha nenhum reflexo patrimonial (ainda que a pretensão não seja receber dinheiro). Valor da causa é requisito formal da PI. Eu preciso indicar à causa algum valor. O valor da causa como requisito formal vai sempre existir. Toda PI tem que ter valor da causa, ainda que minha pretensão não guarde nenhuma correspondência pecuniária. Formalmente preciso atribuir à causa um certo valor. Obs.: não existe finalidade fiscal do valor da causa, mas sim formal. VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; Esse é um dispositivo que caiu em desuso por duas razões: 1. O código e benevolente 2. Passou-se a adotar como expressão de cumprimento desse dispositivo o que prevê os arts. 332 e 333, I . 18 19 É o seguinte: o autor, quando elabora sua PI, alega fatos. Ele vai alegar direitos. Diz o CP que o autor tem o ônus de comprovar aquilo que alegou. Ademais, diz o código que as provas se voltam a comprovar os fatos, como regra (exceção: art. 337). Então eu provo a existência dos fatos com os meios de prova que estão à minha disposição. Eu vou provar que o acidente de trânsito se deu nos moldes que narrei, e vou provar esses fatos seja por perícia, seja por testemunha. Assim, eu tenho, quando elaborar a minha PI, o ônus de antever quais são os meios de provas que são necessários e suficientes a provar as minhas alegações. Então eu já tenho que antever que as minhas alegações serão comprovadas pela prova testemunhal ou pericial. Essa previsão é que me onera com a indicação prevista nesse inciso. É indicar especificamente os meios de prova das minhas alegações. Só que na prática não ocorre assim. Na prática não é especificado o meio de prova, mas sim uma formulação genérica à luz do art. 332. Só que isso não traz grandes consequências, porque mais na frente vai ser permitido à parte especificar os meios de prova. VII - o requerimento para a citação do réu. Esse é um requisito de exigência controvertida. Há uma parcela minoritária da doutrina que diz que se o autor não requerer expressamente a citação do réu, ainda assim o juiz pode determinar essa citação. Mas a doutrina majoritária e o STJ dizem coisa diversa: esse requisito de citação do réu é requisito formal, sob pena de essa citação se dar de ofício. Esse requisito cumpre aquilo que está expresso no art. 2º do CP. Não pode determinar o juiz a citação do réu sem que o autor tenha pedido. Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. É vez por outra esquecido como requisito da PI. Diz respeito aos documentos indispensáveis para a propositura da minha ação. São aqueles documentos que devem comprovar o que estou alegando, e que são anexados (juntados) na PI. Imaginem que o autor da ação diga que o réu é seu pai e que por essa razão deve pagar alimentos. Se não há pedido de investigação de paternidade (pois já está afirmando que é pai), ele vai anexar a certidão de nascimento. A certidão de nascimento é, então, no caso, um documento indispensável para a propositura da ação. O sujeito alega que é proprietário de determinado imóvel. Ele anexará, então, a certidão de registro. Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; ! Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico 16 imediato. ! Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:...17 ! Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste 18 Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. ! Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito. 19 Na prática, a ausência de indicação no corpo da PI do endereço do advogado tem sido suprida por outros elementos. Quando se puder constatar o endereço do advogado em outro lugar que não a petição inicial, se dispensa esse dispositivo. O PEDIDO É um dos elementos mais importantes da PI. Quem pede o que não quer está sujeito a receber o que não quer. Em processo civil, como regra, temos o princípio da congruência ou princípio da correspondência: a atividade do judiciário só vai até onde foi realizado o pedido. O juiz, então, vai apreciar a causa nos limites em que ela foi imposta. Não aprecia nem além do que foi pedido, nem aquém do que foi pedido, e nem diverso do que foi postulado. Assim, o pedido é tão importante que ele é que delimita a atividade do judiciário. O pedido tem algumas características: O pedido tem que ser: Certo e Determinado, ou, como exceção, Genérico. Diz o artigo 286: Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: Primeira parte: o pedido tem que ser certo e determinado. Significa que eu tenho que eu quero exatamente aquela prestação jurisdicional e qual sua extensão. Preciso delimitar exatamente o objeto da prestação jurisdicional e sua extensão. Quero dinheiro. Quero 500 reais. Essa é a regra. Segunda parte: trata-se do chamado “pedido genérico”. Assim, o pedido é certo e determinado, mas eventualmente nas hipóteses dos três incisos do dispositivo, é possível a formulação do pedido genérico . 20 I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; Ações universais dizem respeito às universalidades. Uma delas, por exemplo, é o espólio (soma de bens deixados pelo falecido). Exemplo: A morre e deixa uma quantidade de patrimônio para B, C e D. Nesse patrimônio há uma casa, um apartamento, um carro, uma bicicleta, um cachorro e um papagaio. É essa massa patrimonial que será transferida aos herdeiros. O que fazem os herdeiros? Ingressam com uma ação (de inventário e partilha) e vão buscar o seu quinhão. Esse patrimônio será dividido em três partes iguais, e cada uma das partes será atribuída a um dos três beneficiários. Então eu sei que B, C e D têm direito a 1/3 dessa massa patrimonial, mas eu não sei, no momento em que ajuízo a ação, qual ou quais desses bens pertencem a B, pertencem a C, ou pertencem a D. Ajuízo a ação dizendo que cada um tem direito a 1/3, e deixo para depois que se reconhecer que cada um tem direito a 1/3, faz-se a divisão dos bens. No momento que ajuízo a ação não sei exatamente qual é o objeto a ser delimitado (a extensão do pedido). II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; Quando não for possível saber as consequências. Aqui tem sempre a ver com responsabilidade civil. Exemplo: imaginem que o sujeito sofra um acidente de veículo e impute ao motorista pela culpa do acidente. Desse acidente a vítima sofreu danos e vai postular do motorista ressarcimento pelos danos, como terapia, remédios, cirurgias etc. Mas como a vítima continua hospitalizada, a indenização vai ser por tudo aquilo que ela já gastou e por tudo aquilo que ainda gastará para sua recuperação. Significa que, no dia em que ela ajuíza a ação, pro ainda estar hospitalizada, ela não consegue definir o valor da sua indenização. Houve fato ilícito, desse fato ilícito houve dever do réu de indenizar, e a vítima requer que ele faça o ressarcimento de tudo aquilo que ela gastou. Mas deixará para apurar tudo que gastou depois, porque no momento de ajuizar a ação, ainda não tinha conhecimento de quanto seria. ! Pedido genérico é o pedido certo e indeterminado, mas determinável. Então eu quero dinheiro (o pedido 20 é certo), mas talvez não consiga determinar a quantidade de dinheiro que me é devida. Mas também não posso formular um pedido sem que posteriormente eu não consiga determinar aquela quantidade. No momento que ajuízo a ação, na sei a quantidade que é me devida. Mas depois é necessário que eu consiga apurar aquele valor. III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Quando a extensão por depender de algo a ser praticado pelo réu. Exemplo: imaginem que, por um determinado contrato, o sujeito se obrigue a administrar um determinado negócio enquanto o proprietário viaja. Uma das funções de quem administra é prestar contas daquilo que administrou. Quando o proprietário retorna, ele vai verificar se o dinheiro que ele deixou para essa administração foi todo gasto ou não. O administrador tinha o dever de prestar contas, mas não o faz. Como que eu vou saber, então, e o sujeito me deve ou se eu o devo? Ajuízo uma ação dizendo que a primeira coisa que deve ser feita é a prestação de contas, e depois de prestadas as contas, um poderá cobrar do outro. Então a determinação do valor do ressarcimento, se é que haverá ressarcimento, vai depender de um ato a ser praticado pelo réu, ou seja, a prestação de contas. Nessas três situações dos incisos, não é possível ao réu determinar no momento de ajuizar a ação o valor da obrigação. Não é possível que o pedido seja certo E determinado. O pedido é somente certo, mas é indeterminado, porém determinável. Essas três hipóteses, entretanto, são hipóteses de exceção. A regra é que o pedido seja certo e determinado. O pedido tem que ser: Conclusivo. Uma das hipóteses de inépcia é quando o pedido não decorrer logicamente da causa de pedir. O pedido, para ser conclusivo, tem que decorrer logicamente da causa de pedir. CLASSIFICAÇÃO DA DOUTRINA 1. Imediato Corresponde ao tipo de prestação jurisdicional que a parte pretende. Sentença é aquele ato que vai encerrar ao menos uma fase do processo. A sentença sempre vai corresponder àquilo que a doutrina classifica ou pela chamada “teoria ternária ” ou pela teoria 21 “quinaria ”. 22 O certo então é que eu vou ao judiciário pedir um tipo desse provimento. Então o sujeito vai ao judiciário que o juiz condene o réu, ou que o juiz declare uma situação jurídica, ou que desconstitua uma situação jurídica. Eu vou pedir um tipo de pronunciamento. Esse é o pedido imediato, ou seja, o tipo de prestação jurisdicional: uma sentença condenatória, declaratória ou constitutiva. 2. Mediato Corresponde ao bem da vida. No final das contas, é o próprio objeto da condenação, o próprio objeto da declaração, o próprio objeto da constituição ou da desconstituição. Exemplo: eu quero a condenação do réu a pagar uma certa quantia em dinheiro: quantia em dinheiro é o pedido mediato. Eu quero a declaração da inexistência de um débito: a sentença declaratória declarativa negativa constitui um pedido imediato, e o débito é o pedido mediato. Obs.: Quando o código diz que o pedido pode ser genérico, diz respeito só ao pedido mediato. O pedido imediato é sempre certo e determinado. ! Essa sentença seria classificada em três espécies: condenatória (impõe ao réu uma determinada 21 prestação), declaratória (só reconhece a existência ou a inexistência de um fato jurídico), e constitutiva (criam ou desfazem relações jurídicas já estabelecidas). ! Para a teoria quinaria existem duas outras espécies: sentença executiva em latu sensu e sentença 22 mandamentária. Essa teoria não importa agora. 3. Implícito Os pedidos, como regra, são interpretados restritivamente (como já foi dito acima). Mas como regra, é porque comporta uma exceção, ou seja, por vezes é possível que o juiz defira um pedido implícito. Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais. Alguns pedidos estão implicitamente contidos na causa. É claro que se a regra é que o pedido é certo e determinado e que se interpretam restritivamente, as hipóteses de pedido implícito precisam estar expressamente na lei, afinal de contas, regra de exceção também se interpreta de forma restritiva. Exemplo: fulano deve 1000 reais desde janeiro de 2012, e se ajuíza a sentença em setembro. Quando o valor for pago, o juiz vai condenar o réu a pagar os 1000 reais. Tendo ou não havido pedido expresso, o juiz vai determinar que sobre os 1000 reais incida correção monetária e incidam juros. As prestações vencidas no curso do processo também são consideras implícitas. Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação. Exemplo: o sujeito vai a uma concessionária e o banco financia o dinheiro para a compra do carro. O dinheiro que o banco emprestou vai ser pago em 80 parcelas mensais de 500 reais. O sujeito paga 5 meses, e nos 6º e 7º meses ele deixa de pagar, devendo, então 1000 reais (sem correção monetária). O banco ajuíza uma ação e vai cobrar o valor referente às parcelas 6 e 7. Esse processo vai durar 4 anos. Durante todo o trâmite do processo, as parcelas subsequentes daquelas que foram cobradas também vencem. O que faz o banco? Em vez de ajuizar outra ação para cobrar as parcelas subsequentes vencidas no curso do processo, ele faz o pedido de inclusão das parcelas. Ônus da sucumbência: são as consequências de quem perde, e uma dessas consequências é a condenação de pagar todas as custas no curso do processo. O autor deve ser ressarcido por tudo que gastou, bem como os honorários advocatícios. Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Se o advogado esquecer do pedido de formulação dos honorários, o juiz pode condenar, porque esse pedido é implícito. 4. Alternativo Diz o código que pedido alternativo vai corresponder a uma obrigação alternativa. Pedido alternativo é aquele que sempre corresponde a uma obrigação alternativa. Existe UMA SÓ obrigação que pode ser satisfeita de mais uma forma. Exemplo: o sujeito pactuou com o outro que em um dia determinado vai entregar um cavalo ou 100 mil reais. Existe só uma obrigação, que é a obrigação de dar. Para a satisfação dessa obrigação, ou se entrega um cavalo, ou se entrega 100 mil reais. A regra geral do código civil prevê que quem tem a faculdade de escolher entre o cavalo e o dinheiro é o devedor, SALVO se houver disposição em contrário. Então todas as vezes que a obrigação for alternativa, o pedido vai ser também alternativo. Claro que, se o direito de escolher couber ao autor, é possível que o pedido não seja alternativo. Com assim? Se a faculdade de concentrar (escolher) couber ao réu, o pedido vai ser alternativo porque existe ainda a obrigação alternativa. Mas se essa faculdade de concentrar couber ao autor, ele já pode na PI escolher, obrigando ao réu a pagar o dinheiro. Então o pedido só será alternativo quando a escolha couber ao réu. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS É possível que em uma mesma ação se formule mais de um pedido numa mesma PI. É possível que o autor aproveite uma mesma demanda para postular mais de uma pretensão em face do réu. Cumulação de pedidos é, então, quando existem pedidos acumulados em uma só PI. Essa cumulação de pedidos vai se subclassificar em: 1. Própria Sempre que houver a formulação de mais de um pedido e cada um dos pedidos formulados corresponder a uma pretensão autônoma. Em outras palavras, é quando a autor formula mais de um pedido e pretende que todos eles sejam atendidos. Eu quero tudo que eu pedi. A cumulação é própria quando a quantidade de pedidos corresponder a quantidade de pretensões. Pode ser: a. Simples Corresponde a hipótese em que o sujeito formula mais de um pedido e quer o atendimento de todos eles, e que os pedidos são autônomos, mas tão autônomos que muito bem poderiam ter sido formulados individualmente. Cada um dos pedidos poderia ter sido formulado em uma PI diferente. b. Sucessiva Nessa modalidade, há uma ligação, uma relação de dependência entre os pedidos. Um pedido está ligado ao outro por uma relação de preliminariedade ou prejudicialidade. Então essa modalidade pode ser por: - Preliminariedade: A aferição do pedido 1 vai determinar se o pedido 2 vai ser apreciado ou não. Aprecio o pedido, e a depender da apreciação desse pedido, o outro vai ou não vai ser apreciado. - Prejudicialidade: A depender de como eu aprecio o pedido 1, vou definir como o outro deve ser resolvido. 2. Imprópria É possível que se formule mais de um pedido, mas não se pretenda o atendimento de todos eles. Exemplo: o sujeito postula a troca de um produto ou a devolução do dinheiro. Foram formulados dois pedidos, mas eu quero que seja atendido 1. Então formalmente formulo dois pedidos, mas só tenho uma pretensão. É imprópria porque propriamente não há uma cumulação. Formalmente há mais de um pedido, mas não há cumulação de pretensões. A minha pretensão se satisfaz com a realização de apenas um deles. A pretensão é uma só. Pode ser: a. Subsidiária/eventual Diz respeito ao chamado “princípio da eventualidade”. Princípio da eventualidade, em processo, é sempre aquela situação em que o sujeito tem um plano “B”. Sujeito formula uma pretensão, formula um pedido, deduz um argumento e toma como possível que aquela pretensão, que aquele pedido e que aquele argumento não seja acolhido. Se este não for acolhido, o outro será. Exemplo: piada de Humberto sobre o colírio. Mas prestem atenção: eu só quero o pedido alternativo se aquele que era prioridade não for atendido. Aqui há uma preferência. b. Alternativa Aqui não há preferência. Se fizer escolha, é eventual. Se não fizer escolha, é alternativo. Exemplo: quero que o produto defeituoso que eu comprei seja trocado ou ter meu dinheiro de volta. Obs.: qual a diferença entre cumulação alternativa e pedido alternativo? No pedido alternativo temos apenas 1 pedido; na cumulação alternativa temos mais de 1 pedido. No pedido alternativo há sempre a correspondência com uma obrigação alternativa; na cumulação alternativa não. Só se Obs.: na cumulação de pedidos, formalmente, sempre haverá mais de um pedido. O que pode variar (e aqui entra a classificação em própria e imprópria) são as pretensões. VALOR DA CAUSA Valor da causa é um requisito formal da PI. Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato. A dúvida agora é eu saber como que eu calculo o valor da causa. É calculado com base na pretensão. A primeira coisa que eu faço é buscar um critério legal. O art. 259 elenca as hipóteses em que, uma vez confundindo a minha pretensão com alguma delas, é aquela forma que devo utilizar. Se a minha PI disser respeito a alguma das situações previstas neste dispositivo, a metodologia de cálculo a ser utilizada será a disposta. Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação; II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal; V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato; VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor; Exemplo: se o sujeito quer 1000 reais de alimentos por mês, o valor que atribuirá à causa será 12 mil. VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto. Entretanto, se a minha pretensão não tiver descrita num dos incisos do art. 259, eu vou calcular o valor da causa tendo por base o reflexo patrimonial da minha pretensão. Em outras palavras, vou buscar o proveito econômico da minha demanda, que pode ser direto ou indireto. Existem causas cuja repercussão patrimonial é visualizada de plano, como no caso em que alguém quer em face de outro um imóvel. Qual é o proveito econômico da minha pretensão? Se o juiz me conceder tudo aquilo que eu quero, qual o proveito econômico que eu vou ter? O valor da causa corresponderá ao valor do bem imóvel. Corresponde ao proveito econômico da minha pretensão. Se a minha pretensão não tiver nenhum proveito econômico direito ou indireto, só me resta fazer atribuição ao valor da causa por estimativa. Existem pretensões que não tem reflexo patrimonial, como o reconhecimento da união estável. Nessas hipóteses não existe nem critério legal e nem proveito econômico que eu possa visualizar no eventual deferimento do meu pedido. Como eu sei que o valor da causa é requisito formal, ou seja, é necessária a atribuição do valor da causa, se faz atribuição por estimativa. Como se faz atribuição por estimativa? Qualquer valor. Como não há proveito econômico, qualquer valor. Mas para que serve o valor da causa? Não é para fins fiscais. O valor da causa tem, quando menos, fins formais, porque é um requisito formal da PI. Além de função formal, a atribuição do valor da causa serve para definir, por exemplo, o procedimento. Lembram que eu escolho o procedimento de “baixo pra cima”? Um dos critérios para eu identificar se o critério e comum sumário é pelo valor da causa. De acordo com o art. 275, se a minha pretensão for até 60 salários mínimos, procedimento sumário. Se for acima, procedimento ordinário. Ademais, serve para determinar a competência. O sujeito pode ir ao juizado especial quando a ação for até 30 mil sem advogado e 40 com advogado. Tem ainda a função de definir o valor das custas: é possível que o valor das despesas processuais seja calculada com base no valor da causa. Mas sempre há teto e sempre há piso. Serve também para a fixação dos honorários. Se fixo o valor da causa em 30 reais, os honorários serão fixados com uma porcentagem desses 30 reais. RESPOSTA DO RÉU Obs.: Resposta > Defesa. No processo cognitivo, a participação do réu é bem mais extensiva, porque, afinal de contas, aqui se discute a certeza. O réu pode tomar várias atitudes quando recebe a citação. Dentre as várias posturas do réu, está a de comparecer ao processo e efetivamente participar deste e se defender. As defesas do réu podem atacar tanto o aspecto processual (em sentido amplo) quanto o aspecto consubstancial (de mérito). 1. Aspecto processual (em sentido amplo) São prévias. Devem ser apontadas antes das defesas de mérito. Não diz o réu, na sua defesa, nada a respeito do direito que está sendo postulado. São defesas meramente formais. Essas defesas processuais podem visar duas coisas: ou regularização de certo aspecto faltante, e com isso se vai ter um alongamento do processo, que são defesas processuais dilatórias; ou diz respeito a vícios que não podem ser sanados, que sã as defesas processuais peremptórias. Todas as defesas processuais dizem respeito ao exercício regular da ação ou do desenvolvimento válido do processo. a. Dilatórias O procedimento vai só se alongar um pouco mais. Exemplo: o réu alega na sua defesa a incompetência absoluta do juízo. Se o juiz acolher essa alegação, a consequência não é remessa dos autos para a comarca certa. b. Peremptórias Quando a alegação diz respeito a um aspecto processual latu sensu e que a consequência do seu acolhimento for a extinção do processo, essa defesa é do tipo peremptória. Exemplo: o réu, na sua defesa, alegue que o autor é parte ilegítima para ocupar o polo ativo da demanda. A consequência de um juiz acolher a essa alegação é a extinção do processo sem resolução de mérito. 2. Aspecto de mérito/substanciais O réu, quando oferece defesa substancial, pode fazer duas coisas: ou o réu refuta os fatos alegados pelo autor ou as consequências jurídicas desse fato; ou o réu confirma os fatos alegados pelo autor. a. Direta Quando o réu nega os fatos alegados pelo autor, diz-se que essa defesa é substancial/de mérito e é direta. Os fatos alegados pelo autor se tornam controvertidos em face da defesa oferecida pelo réu. Exemplo: o autor ajuíza uma ação e diz que o réu, mediante contrato, se obrigou perante ao autor a pagar 10 mil reais por uma motocicleta. O réu vai a juízo e diz que nunca fez contrato nenhum com o autor. b. Indireta Quando o réu não nega os fatos alegados pelo autor, mas acrescenta fatos novos a esse processo. Esses fatos novos têm o condão de: 23 - Extinção do direito do autor Exemplo: o réu pode dizer que já pagou - Impedimento do direito do autor Exemplo: o réu diz que fizeram um contrato sim, mas não pagou a moto porque a coisa não foi entregue. O pagamento deveria se dar mediante a entrega da coisa, e como a coisa não foi entregue, ele não pagou. Esse fato novo (a moto não foi entregue) que não tinha sido levado ao conhecimento do juiz é impeditivo, pois enquanto ele não entregar a coisa, estará impedido de receber o dinheiro. - Modificação do direito do autor Exemplo: o réu confirma que o contrato foi celebrado, mas diz que não pagou porque teve problema financeiro, e, ao procurar o autor, este alongou o prazo para o pagamento. Modifica o direito do autor. Ele ainda tem direito de receber a coisa (ou seja, o direito não foi extinto). ! Fato novo é diferente de fato superveniente. Fato novo, em processo, não é aquele fato que acontece 23 depois da formação da relação processual (depois de o processo ser ajuizado). Fato que acontece depois da formação da relação processual é fato superveniente. Fato novo é aquele que já havia acontecido ao tempo da propositura da ação, mas que não foi levado ao processo por alguma razão. O fato é novo em relação aos autos, e não em relação a tempo. Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e 24 reconvenção. CONTESTAÇÃO Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. É a defesa por excelência. É a contestação o ambiente em que o réu consegue realizar de modo mais amplo a sua defesa. É o meio processual no qual o meio mais eficaz consegue o réu exercitar a sua defesa. É lá que o réu consegue argumentar que os fatos alegados pelo autor não são verdadeiros; é lá que ele pode dize que o direito postulado pelo autor não lhe assiste; é o onde o réu delimita a controvérsia etc. A contestação, então, vai versar sobre todas as matérias que o réu entender pertinentes, exceto aquelas que a lei determinar procedimento específico (exemplo: exceções de suspeição e impedimento possuem regime jurídico diferente, ou seja, há uma forma específica para alegá-las). Toda defesa que a lei não disser expressamente que há um procedimento específico pode ser feito na contestação. Como toda defesa do réu, exceto algumas específicas, precisa ser alegada na contestação sob pena de, como regra, preclusão. A contestação se rege pelo princípio da eventualidade e pelo ônus da impugnação específica. a. Princípio da eventualidade. Argumentos subsidiários Exemplo: o réu diz na contestação que o processo deve ser extinto porque não é legítima. Mas mesmo que o processo não seja extinto por conta disso, a pretensão do autor foi atingida pela prescrição. Se o juiz não acolher este, acolherá o próximo. Obs.: ofereci minha contestação agora, não posso aditar minha contestação. b. Ônus da impugnação específica Diz respeito àquilo que já estudamos em revelia, especialmente no defeito material da revelia, qual seja, presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. Por que surge essa presunção? Porque aquilo que não é impugnado pelo réu, ou seja, se ele não refuta os fatos, esses fatos se tornam incontroversos, e, por isso, verdadeiros. O ônus da impugnação específica diz respeito a esse “encargo” que tem o réu de, na sua contestação, rebater todos os fatos alegados pelo autor, sob pena de, deixando de rebater qualquer dos fatos, esse fato não rebatido se tornará presumidamente verdadeiro. Presumidamente verdadeiro porque não se estabeleceu controvérsia acerca dele. Obs.: o réu também deverá especificar as provas para sua defesa, tal como o art. 283 determina ao réu. Antes de alegar mérito, tem-se que alegar as matérias ditas preliminares, que são as defesas processuais. Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; Defesa processual dilatória. Se o réu alegar que a citação é nula e se de fato isso for verdadeiro, anula-se a citação. Nulidade atinge o campo da validade. Se o ato não é valido, eu retiro ele do mundo jurídico. Se o réu não foi citado validamente, é preciso que seja feita uma nova citação. O processo então, não é extinto. II - incompetência absoluta; Defesa processual dilatória. Uma vez incompetente, o juiz deve remeter para o juízo competente. ! Exceção em latu sensu significa defesa. Exceção em sentido estrito significa uma defesa dilatória que 24 vai atacar um vício de parcialidade e competência. Obs.: objeção, para a doutrina, significa aquela defesa processual que tanto a parte pode suscitar quanto o juiz pode reconhecer de ofício. Aquelas que podem ser suscitadas só pela parte são chamadas de exceção. III - inépcia da petição inicial; Defesa processual peremptória Se o juiz, no inicio do processo, fazendo juízo de admissibilidade, der conta da inépcia, deve ele oportunizar ao autor emendar a PI na forma do art. 284 (pois a inépcia é um vício sanável). Porém, se a inépcia da PI for alegada na contestação, essa defesa é do tipo peremptória. O autor não pode se beneficiar com a alegação de inépcia constatada pelo réu. IV - perempção; Perempção é pressuposto processual negativo. Se o autor der causa a extinção do processo pela razão do art. 267, III, por 3 vezes consecutivas, na quarta vez que ele ajuizar essa ação, o processo deverá ser extinto sem resolução de mérito. Obs.: o autor não fica privado de ajuizar ação, tanto que ele ajuíza a ação e o processo é extinto sem resolução de mérito (na quarta vez). Ele exerce seu direito de ação. Ele não está obstado de exercer seu direito de ação. Ele só não vai ter é resolução de mérito. V - litispendência; Vl - coisa julgada; VII - conexão; Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação; Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. § 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.