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HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe da língua portuguesa para a linguagem culta contemporânea: teoria e prática. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 2003. p. 78-80. Texto parcialmente modificado. 1 Aposto e vocativo O aposto é um termo acessório que se relaciona obrigatoriamente com um termo anterior a ele (por isso, é aposto = posto após), podendo ser empregado com finalidades distintas. Pode, porém, o aposto referir-se ao sentido global de uma oração. Exemplos: a) Shakespeare, dramaturgo inglês, nasceu em Stratford-upon-Avon. [Ap. explicativo] b) O dramaturgo inglês William Shakespeare nasceu em 1564. [Ap. denominativo ou especificativo: pode ser precedido de preposição: o Estado do Pará produz borracha] c) Sou fanático por muita coisa: futebol, cinema, música, livros, viagens... [Ap. enumerativo – depois de dois pontos] d) Futebol, cinema, música, livros, viagens... muita coisa me atrai. [Ap. resumitivo ou recapitulativo: o verbo concorda com o aposto, e não com o sujeito composto] e) Tenho dois amigos especiais: Reinaldo é um “micreiro” fantástico; José Luís, um artilheiro predestinado. [Ap. distributivo: cujos componentes podem manter relacionamento sintático em outra oração (no exemplo, ambos são sujeitos do verbo ser.] Caso haja necessidade de se recorrer aos demonstrativos ou aos indefinidos, usa-se “este” em relação ao mais próximo e “aquele” para o mais afastado OU “um” e “o outro” em relação a cada um dos dois, sem ordem OU “o primeiro”, “o segundo”, “o terceiro” (etc.) em relação a antecedentes de quantidade maior. Exemplos: - Passaram por aqui teu professor e duas colegas; aquele para deixar-te um livro, estas para devolverem a chave do carro. - Encontrei dois bêbados no caminho: um era o teu irmão; o outro eu não reconheci. - Encontrei Vera, Inês e Odete no caminho: a primeira usava uma bermuda cafona; a segunda calçava sandália de dedos; a terceira carregava uma mochila nas costas. f) Seus elogios foram sinceros, fato que gerou prolongados aplausos. [Ap. de enunciação: o período se separa depois do aposto] HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe da língua portuguesa para a linguagem culta contemporânea: teoria e prática. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 2003. p. 78-80. Texto parcialmente modificado. 2 Obs: a) entre o termo fundamental e o aposto, há às vezes alguma expressão explicativa: isto é, a saber, por exemplo. Ex: Seu melhor amigo, ou seja, o próprio pai, ainda daria outros avisos. b) Um adjetivo não pode desempenhar a função de aposto. O predicativo deslocado de sua posição normal, colocado entre vírgulas, tem sido classificado por alguns autores como aposto predicativo (ou aposto circunstancial). Preferimos considerar, nessas construções, a omissão do verbo de ligação e o predicado como verbo-nominal. Ex: Criança, nunca deu trabalho aos país. predicativo do sujeito Emocionado, o orador confundiu os nomes dos homenageados. predicativo do sujeito 2) O vocativo NÃO É UM TERMO DA ORAÇÃO, mas do discurso. Queremos dizer com isso que, ao contrário de todas as funções sintáticas, o vocativo não se relaciona com nenhum elemento da oração, mas com algo que está fora da frase, ou seja, o interlocutor (o destinatário). Ex: José, você está em casa? Deus do céu, não sei mais o que fazer. Estou indo agora para aí, seu ingrato. Não pense, meu caro amigo, que eu vou perdoar essa injustiça.