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DISCIPLINA MED 196 
 
Técnicas de sutura 
 
Os fios de sutura cirúrgica foram conceituados como materiais utilizados para selar 
vasos sangüíneos e aproximar tecidos, em ações de ligar e suturar. Surgiram e foram 
desenvolvidos ao longo dos séculos em função da necessidade de controlar hemorragias e 
também de favorecer a cicatrização de ferimentos ou incisões por primeira intenção. 
Desde a antiguidade, um grande número de materiais de sutura foi testado e 
utilizado, tais como fibras vegetais, tendões, intestinos de vários animais, crina de cavalo, 
filamentos de ouro, dentre outros. Uma das menções mais antigas ao ato de suturar está 
registrada no papiro egípcio de Edwin Smith, que data de 3.500 a.C. 
O conceito de ligadura e sutura está também registrado nos escritos de Hipócrates 
e Galeno. Atribui-se ao médico árabe Rhazes a introdução da palavra kitgut, em 900 d.C., 
para designar fios confeccionados com tiras do intestino de animais herbívoros, utilizados 
como cordas de instrumentos musicais (kit) e largamente aplicados como sutura. 
Acredita-se que essa seja a origem da palavra Catgut, que denomina o fio de sutura 
cirúrgica mais conhecido em todos os tempos 
Muitos séculos se passaram e persistiu a idéia de que toda ferida deveria ser 
estimulada a formar pus, para que ocorresse a cicatrização. Ambroise Paré, no século XVI, 
foi um dos primeiros cirurgiões a acreditar na capacidade de regeneração dos tecidos 
vivos. Introduziu fitas adesivas para coaptar bordas, além de difundir a ligadura, em 
substituição à cauterização com azeite fervente. No século XIX, o médico americano 
Philipe S. Physick, através de seus experimentos com suturas, admitiu a possibilidade de 
um fio que cumprisse sua função e depois desaparecesse, sendo absorvido pelos tecidos 
circundantes. 
Ao final do mesmo século, Joseph J. Lister introduziu métodos para redução da 
infecção cirúrgica, inclusive a desinfecção dos fios em solução de ácido carbólico ou fenol. 
Ele foi também pioneiro na utilização de Ácido Crômico para aumentar a resistência do 
Catgut à absorção. Com o advento da industrialização, materiais como a Seda e o Algodão 
tiveram seu uso difundido e passaram a ser anexados em agulha.Em 1900, já se dispunha 
de Catgut em tubo de vidro mergulhado em solução esterilizante. A partir da Primeira 
Guerra Mundial foram sendo desenvolvidos métodos de esterilização mais seguros, como 
o Cobalto 60, além de materiais sintéticos para a confecção dos fios de sutura cirúrgica. 
Por volta de 1940 começou a utilização da Poliamida e Poliéster, em 1962 do 
Polipropileno e a partir de 1970 os primeiros fios absorvíveis de origem sintética 
começaram a ser comercializados. Assim começou a tendência de se utilizar uma 
variedade de fios para sutura cirúrgica esterilizados, com agulhas pré-instaladas e 
fornecidos para pronto uso. 
Os fios utilizados para sutura e ligadura cirúrgica estão divididos em 2 grandes 
grupos: absorvíveis e inabsorvíveis. Os fios absorvíveis perdem gradualmente sua 
resistência à tração até serem fagocitados ou hidrolisados. Eles podem ser de origem 
animal (Catgut Simples e Cromado) ou sintéticos multi ou monofilamentares (Poliglactina, 
Poliglecaprone e Polidioxanona). Os fios inabsorvíveis se mantém no tecido onde foram 
implantados e podem ser de origem animal (Seda), mineral (Aço), vegetal (Algodão ou 
Linho) ou sintéticos (Poliamida, Poliéster, Polipropileno). Suas características e 
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propriedades são definidas por órgãos oficiais e associações normatizadoras. No Brasil 
temos a Farmacopéia Brasileira e a norma brasileira NBR13904 da Associação Brasileira 
de Normas Técnicas, dentre outras que se referem aos processos industriais. Em cada 
sutura realizada, de acordo com o tipo de tecido ou a estrutura onde o material está 
sendo implantado e as particularidades do paciente, o cirurgião busca encontrar o Fio 
Ideal. 
Características: 
• alta resistência à ruptura permitindo o uso de diâmetros menores; 
• boa segurança do nó; 
• baixa reação tecidual; 
• não favorecimento da instalação ou continuidade de um processo infeccioso; 
• manutenção das bordas da incisão aproximadas até a fase proliferativa da 
cicatrização; 
• boa visualização no campo operatório; 
• desaparecer do tecido onde foi implantado quando não for mais necessário. 
 
As suturas são realizadas para dois propósitos: manter coaptação das bordas 
da ferida e resistir às forças de tensão extrínsecas até que a cicatriz adquira a sua 
própria força de tensão . Normalmente nos primeiros 4 dias, esta força intrínseca é 
praticamente zero, crescendo rapidamente, sendo que aos 9 dias a mesma já 
ultrapassa 20%. A complicação mais relacionada com a falha técnica é a deiscência, 
e são numeradas quatro causas básicas: uso de sutura absorvível que se enfraquece 
muito rápido, quando o fio de sutura se rompe, quando os nós da sutura de desatam 
ou quando os fios cortam os tecidos que os apoiam. 
Quanto aos materiais utilizados para sutura (fios), existem 4 propriedades de 
importância comuns a todos eles: a intensidade da resposta inflamatória nos tecidos, 
o comportamento do material na presença de infecção, sua durabilidade e sua 
facilidade de manuseio.Os fios são divididos em categorias de acordo com alguns 
parâmetros e podem ser absorvíveis e inabsorvíveis, que são subdivididos em 
sintéticos ou naturais e em multifilamentares ou monofilamentares . 
 
Os materiais de sutura inabsorvíveis são a Poliamida, o Polipropileno, seda, 
algodão, poliéster, e outros. As suturas absorvíveis incluem o catgut (feito da 
submucosa do intestino de ovinos ou a serosa do intestino de bovinos), o catgut 
cromado (catgut banhado em sais de cromo), além de polímeros sintéticos como o 
Ácido Poliglicólico e Poliglactina 910 (multifilamentares) ou a Polidioxanona e o 
Poliglecaprone (monofilamentares). Os fios sintéticos são absorvidos por hidrólise e, 
os diferentes tipos de categute por digestão enzimática ou fagocitose. 
 
Todas as suturas causam variável grau de reação inflamatória nos tecidos as 
quais são implantadas, parte pelo trauma de inserção e parte pelas suas 
propriedades fisicoquimicas. A resposta inflamatória crescente verificada nos fios 
multifilamentares tanto absorvíveis ou inabsorvíveis pode ser atribuida aos vários 
filamentos que se entrelaçam, que num meio potencialmente contaminado pode 
favorecer a persistência de bactérias. Os fios monofilamentares, comprovadamente 
levam a menor reação inflamatória. 
 
As suturas dos diferentes planos devem ser feitas de modo que não sobrem 
espaços entre as partes a serem unidas, assim como o tecido não deve ser 
tensionado pelos pontos dados. 
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Instrumentos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANEIRAS DE EMPUNHAR O BISTURI 
 
 
 
Os bisturis podem ser totalmente descartáveis 
(cabo e lâmina são eliminados após o uso) ou 
somente as lâminas são removíveis e 
descartáveis. Estas apresentam-se com formas e 
tamanhos variados, sendo as mais utilizadas, as 
de números 10, 11, 12 13 e 15, que se adaptam 
ao cabo número 3 , ou cabo 4 com laminas 
21,22,23,24 e 25 . 
 
 
 
 
 
Tesouras de íris, tanto curvas e retas, têm a ponta aguda e cortante e são úteis 
tanto para excisões simples quanto para procedimentos maiores. Descolamentos e 
dissecções devem ser realizadas com tesouras de ponta romba. Tesouras de 
Metzenbaum, são ideais para este propósito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para cortar fios deve-se usar as retas de Mayo. 
A manipulação delicada dos tecidos melhora o alinhamento da ferida cirúrgica e 
cicatrização pós-operatória. 
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As pinças podem ser com dentes ou sem dentes; cada tipo tem o seu lugar. Para 
muitas manipulações
do tecido, a pinça de Adson com dentes pode prover um 
controle preciso, mas delicado. Obviamente deve-se evitar esmagar a pele entre os 
dentes da pinça. 
 
Porta-agulha 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para a maioria dos propósitos um pequeno porta-agulha é o ideal. Isto é 
particularmente verdade, quando se trabalha com material de sutura fino em agulhas 
delicadas. A extremidade distal pode ser de aço na maioria das vezes, ou de 
qualidade superior revestida com material mais resistente e durável (vídia) Para 
cirurgias em couro cabeludo ou grandes no tronco, um instrumento maior pode ser 
usado. Deve-se ainda tomar cuidado, evitando segurar agulhas pesadas com porta- 
agulha delicados, danificando-os. Os mais usados são: Mayo-Hegar, Derf, Crille- 
Wood,Mathieu, Castroviejo. 
 
Segurança 
 
Tenha sempre em mente a segurança do paciente, e a sua própria. Muitos 
acidentes poderiam ser evitados pelo planejamento cuidadoso e pela correta 
realização dos procedimentos. Hepatite e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
(AIDS) são as maiores preocupações mas não se deve negligenciar os cuidados 
contra os acidentes comuns. Um bom entrosamento com os departamentos de 
doenças infecciosas e infecção hospitalar do hospital que o aluno está estagiando 
pode ajudar a localizar com precisão as áreas potenciais de risco. Você deve 
desenvolver um sistema de manuseio com os "cortantes" - as agulhas e as lâminas. A 
enfermeira , ou o operador não terão que procurar na bandeja por eles no final do 
procedimento, correndo risco de acidente. 
Após o uso. materiais como agulhas e lâminas devem ser 
desprezados em caixa coletora de material perfurocortante, 
Evite reencapar agulhas; Para todos os procedimentos use 
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óculos de proteção , luvas esterilizadas e máscara para proteger-se dos fluidos 
corporais do paciente. 
 
Quando fizer a anti-sepsia da pele a pele, acautele-se com possíveis reações 
alérgicas ao anti-séptico usado; o uso do anti-séptico escolhido ( PVPI ou 
Clorexidina) deve ser na pele íntegra e não na ferida aberta. A ferida sempre 
deverá ser limpada com solução salina ou água destilada . E essencial lembrar que 
álcool e eletrocoagulação não se misturam. 
 
Seja cuidadoso ao informar aos pacientes das razoáveis expectativas da sutura 
e as possíveis complicações, incluindo sangramento, infecções e deiscência da ferida 
cirúrgica. Diga-lhes que eles poderão apresentar uma cicatriz. 
 
.Anestesia 
 
A utilização de todo medicamento requer o conhecimento técnico-científico para que 
o efeito desejado seja alcançado 
 
ANESTÉSICO LOCAL 
Fármaco que bloqueia reversivelmente a geração e a condução do 
impulso ao longo da fibra nervosa,abolindo a sensibilidade e, até, a 
atividade motora. 
A ação resulta da capacidade de deprimir os impulsos nervosos 
aferentes da pele, superfície de mucosas e músculos que se dirigem 
ao SNC. 
 
A escolha de um anestésico local deve levar em conta o tempo cirúrgico, a 
técnica anestésica a ser usada, as necessidades da operação, o potencial de reações 
tóxicas locais ou sistêmicas e os problemas relacionados ao metabolismo 
A duração do efeito anestésico deve englobar o período necessário à realização 
do procedimento e está condicionado à ligação do fármaco às proteínas plasmáticas e 
teciduais, rapidez de inativação e associação com vasoconstritores . Os vasoconstritores 
diminuem a velocidade de absorção e prolongam a ação anestésica, 
Os anestésicos locais podem ser classificados em compostos de ação curta, 
intermediária (Ex:lidocaína, prilocaína e mepivacaína) e longa (bupivacaína) ,contudo, 
há uma discordância entre os pesquisadores, pois a duração da anestesia depende de 
fatores, como aumento da dose e associação com vasoconstrictores 
A lidocaína, anestésico local do tipo amida, que estabiliza a membrana 
neuronal e inibe reversivelmente o início e a condução dos impulsos nervosos, 
produzindo assim, a ação anestésica. tem início rápido (1-5 minutos), duração 
mediana, potência e toxicidade moderadas, sendo muito usada para todos os tipos 
de anestesia regional. A lidocaína é o anestésico local mais comumente usado. Em 
adultos saudáveis, a dose máxima individual recomendada de lidocaína com 
epinefrina é de 7mg/kg e em geral é a máxima dose total não deve exceder 500 mg. 
...” A dose máxima da lidocaína sem vasocontritor não deve exceder 4,5 mg/kg e, em 
geral, é recomendado que a dose máxima total não exceda a 300 mg. 
Pode ser combinado com epinefrina para induzir vasoconstrição, o que ajuda 
na hemostasia, prolonga a anestesia e previne toxicidade sistêmica. Após a injeção 
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intradérmica a indução da anestesia é bastante rápida. Entretanto, a epinefrina leva 
cerca de 5 minutos para atingir seu efeito máximo. A duração da ação é de 
aproximadamente 45 a 90 minutos. Dose excessiva pode estar associada a vertigem, 
sonolência, dificuldade para focar a visão, fala arrastada, contrações musculares, 
calafrios, convulsões, depressão cardíaca e respiratória e morte. O efeito adverso 
mais comum é um distúrbio vasovagal. 
 
A epinefrina deve ser evitada quando se realizam bloqueios nervosos de forma 
circular, como se empregam nos dedos ou no pênis, especialmente nos pacientes 
com insuficiência vascular. Reações tóxicas com a epinefrina incluem taquicardia, 
hipertensão arterial, palpitação, disritmia e hemorragia cerebral. 
 
Quando a anestesia prolongada é necessária deve ser considerado o emprego 
de anestésicos locais de longa duração como a bupivacaína. Embora o inicio de ação 
seja mais lento, sua duração é maior. Ela pode ser especialmente importante quando 
a epinefrina esta contra-indicada. Ser cuidadoso com a injeção do anestésico poderá 
reduzir dramaticamente o desconforto proveniente. Use uma agulha de calibre 30, 
penetre lentamente sob a pele e, gradualmente, avance a agulha de forma gentil 
mas mantendo uma pressão constante no êmbolo quando injetar, sempre alerta para 
a punção e injeção intravascular inadvertida da droga. A bupivacaína tem início lento, 
duração longa, potência e toxicidade altas; o bloqueio sensório é mais intenso e 
prolongado do que o bloqueio motor; é cerca de quatro vezes mais potente e mais 
tóxica do que a mepivacaína e lidocaína. Promove anestesia mais longa e mais 
profunda, quando utilizada a técnica regional em comparação com a infiltrativa. O 
efeito pode prolongar-se até 12 horas. Doses totais em adultos saudáveis não devem 
exceder a 2,0 mg/Kg, não devendo ultrapassar 225 mg com epinefrina a 1:200.000 e 
175 mg sem vasoconstrictor. Estas doses totais podem ser repetidas até cada três 
horas e não exceder 400 mg em 24 horas . 
 
 
Anestésicos locais: Classificação clínica: 
• Curta duração 
Procaína 
Clorprocaína 
• Média duração 
Lidocaína 
Mepivacaína 
Prilocaína 
• Longa duração 
Tetracaína 
Bupivacaína 
Ropivacaína 
 
 
Evite usar seringas de maior volume e agulhas 
calibrosas.A infiltração de anestésico deve ser 
suave para se evitar aumentar a dor, o que 
pode ocorrer com a injeção sob maior pressão 
 
Os efeitos adversos dos anestésicos locais são incomuns e, geralmente, 
ocorrem por superdosagem ou injeção acidental do anestésico num vaso sangüíneo 
.Estes acidentes não são relatados com freqüência, talvez por serem subestimados na 
sua gravidade ou porque os mecanismos que os produzem não são devidamente 
diagnosticados Os anestésicos locais podem desencadear efeitos sistêmicos tóxicos 
que vão desde disartria, lassidão da língua e da boca, tontura, até efeitos sistêmicos 
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mais graves que incluem convulsão e depressão cardiorespiratória. No entanto, 
algumas reações alérgicas podem ocorrer independentemente da dose empregada, 
como urticária, edema de glote,
broncoespasmo e choque anafilático (que ocorre 
principalmente pelo uso de prilocaína) As reações sistêmicas mais freqüentes na 
literatura são o efeito tóxico sobre o sistema nervoso central e a depressão 
cardiovascular . 
 
Anestésicos Tópicos 
Anestésicos tópicos devem ser considerados em algumas circunstâncias. 
Lidocaína em spray , partindo de uma solução de lidocaína a 10% e utilizando a válvula 
spray que tenha a vazão máxima de 0,15ml por jato. Em cada jato spray será 
administrada a quantidade de 15mg de lidocaína. O uso do produto não é recomendado 
em crianças menores de 5 anos ou com menos de 20 kg de peso, em vista da 
concentração elevada (10%) e de sua rápida absorção. É destinada ao uso em mucosas 
e promove anestesia de superfície eficiente, que dura por, aproximadamente, 10-15 
minutos. A anestesia geralmente ocorre dentro de 1-3 minutos dependendo da área de 
aplicação. 
 
 EMLA, uma combinação de lidocaína e prilocaína, tem sido 
usada como anestésico tópico na pele íntegra, demorando cerca de 40 a 60 
minutos para ter um efeito desejado. Aplica-se o produto na pele, e pode-se cobrir a 
área com curativo adesivo (Tegaderm®) até o momento desejado para iniciar o 
procedimento invasivo 
 
 
Técnica de infiltração 
 
 
 
 
 
 
 
Após a anti-sepsia faça a infiltração nas bordas da ferida, incluindo os planos 
teciduais envolvidos no trauma. 
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Bloqueio de campo 
 
O bloqueio de campo é uma técnica de injeção de anestésico em volta da lesão. 
Cercando a área com o anestésico, os nervos proximais ao sítio de injeção são anestesiados, 
mas o tecido a ser manipulado não é infiltrado. É útil em situações comuns no pronto-socorro 
como as drenagens de abscessos. O bloqueio típico é a injeção da droga envolvendo as 
quatro direções em volta da lesão. 
 
Os abscessos requerem anestesia e drenagem, e representam um desafio à anestesia 
adequada. A droga deverá ser injetada em volta do abscesso, e quando possível na fina 
camada de pele que recobre a lesão(topo). O ambiente ácido da lesão também pode inibir a 
ação da droga.. A pele sadia em volta do abscesso deve ser infiltrada (injeção intradérmica) 
com agulha fina(27 ou 30) em um ângulo oblíquo justo abaixo da epiderme e infundindo 
uma pequena quantidade de anestésico, tendo cuidado para não penetrar no abscesso. 
Observa-se que a pele em torno do sítio de injeção fica mais pálida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anti-sepsia e início do bloqueio de campo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O anestésico é injetado no entorno da lesão, nota-se a palidez da pele onde é aplicada a 
droga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após o último quadrante, se possível, pode-se complementar injetando na pele sobre o 
abscesso , sem perfurá-lo 
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Bloqueios Tronculares: um determinado nervo é bloqueado através da deposição de 
anestésico local sobre ele. Muito útil em trauma e em drenagem de abscessos dos 
dedos . a droga é injetada sobre o trajeto do nervo correspondente. 
Usando uma agulha 25 penetre na pele nos espaços interdigitais 
correspondentes e avance a agulha perpendicularmente ao plano horizontal da mão e 
dedos , aspirando para evitar a punção inadvertida de um vaso . injete cerca de 3ml 
de lidocaína a 1%, sem adrenalina, em cada espaço interdigital 
Os nervos digitais estão localizados na direção da superfície 
volar da mão. No polegar complemente com outra infiltração 
na articulação metacarpofalangeana para bloquear os ramos 
dorsais do nervo radial digital . evite fazer um bloqueio 
circunferencial . 
 
 
 
 
 
A injeção do anestésico também pode ser feita no sentido 
perpendicular 
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Hemostasia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A pressão mecânica pode ser empregada,e com paciência, é também segura e 
usualmente eficiente. Vasos maiores devem ser pinçados com pinça hemostática 
(Kelly, Halstead) e ligados (amarrados) em geral com fio absorvível. Hemostasia 
minuciosa pode ser obtida pela eletrocoagulação. Deve-se resistir a tentação de 
eletrofulgurar cegamente, mesmo quando a fonte do sangramento não é 
imediatamente aparente. Obtém-se uma coagulação ideal ao se aplicar, através de 
uma pinça , uma corrente de coagulação diretamente sobre o vaso sangrante 
 
Pacientes devem ser orientados para manter um curativo compressivo sobre 
suas feridas, que na maior parte dos casos pode ser mantido no local por 36 a 48 
horas. Além disso, o uso regular de um saco de gelo no local pode prevenir a 
exsudação, equimose e edema tecidual, mas pode causar vasoconstrição e 
produzir isquemia 
 
Fios e Agulhas para Sutura 
 
O fio de sutura ideal deve manter fio de sutura ideal deve manter uma alta 
resistência pela duração desejada, atravessar gradualmente os tecidos com um 
mínimo de fricção, induzir a mínima reação tecidual, ser fácil de usar e apresentar 
segurança no nó. A memória de um fio refere-se a capacidade que tem o fio de 
retomar à sua configuração dominante, que é geralmente a forma adotada enquanto 
ele está em seu invólucro. A facilidade de manipulação de um fio é, portanto, inversa 
ao seu grau de memória. Os fios tem diâmetros ou calibres variados expressos em 
zeros; os mais utilizados nas unidades de pronto socorro são: 0, 2.0, 3.0, 4.0, 5.0, 
6.0...( O número de zeros corresponde a um diametro capaz de determinar a 
resistência tênsil) Quanto maior o número de zeros, mais fino é o fio. Podem, ainda, 
ser agulhados (sertix) ou não ( sutupak: 15 fios pré-cortados de 45 cm cada, ou o 
fio inteiro individual de 70 cm em geral, ou o fio catgut enrolado em tubos) utilizados 
para nós manuais. 
 
Fios Absorvíveis 
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O fio absorvível tradicional é confeccionado a partir de colágeno animal, 
conhecido como "categute ou catgut®". 
 Embora sua popularidade tenha declinado ele ainda pode ser
 
usado em algumas circunstâncias. O categute simples é absorvido rapidamente 
perdendo sua força tensil após 4 ou 5 dias. O categute cromado é absorvido menos 
rapidamente. Seu tempo de resistência tensil é pelo menos duas vezes maior. 
Rapidamente absorvível, o categute simples 5-0, e 6-0 é empregado para o 
fechamento da pele em feridas nas pálpebras, enxertos de pele e outras lesões na 
face; quanto mais espesso é o tecido maior é o calibre dos fios. Em geral 
confecciona-se a sutura usando um nó de cada vez, e 4 nós usualmente é o 
suficiente com este fio. 
 
Fios sintéticos absorvíveis têm substituído o categute. Eles induzem menor 
reação tecidual, apresentam maior tempo de resistência tênsil, e têm uma excelente 
segurança de nó. O material mais popular é o Vicryl® (polyglactina-910). . Eles 
mantém 50 % de sua força tênsil por 25 a 30 dias e são totalmente absorvidos 
dentro de 90 a 100 dias. Este processo de degradação inicia-se com a difusão da 
água dentro do material. Em seguida ocorre hidrólise com fragmentação do material. 
O processo de hidrólise se intensifica, ocorrendo então fagocitose, difusão e 
metabolismo das partículas dispersas. O peso molecular e a densidade de materiais 
absorvíveis sintéticos decrescem drasticamente com a duração da hidrólise. O 
resultado é um declínio da resistência à tensão. Os fios absorvíveis sintéticos 
apresentam-se como uma grande evolução em suturas cirúrgicas e o futuro em 
termos de absorvíveis. 
Ambos são constituídos por materiais trançados, são bons de manusear e têm 
boa segurança no nó. O Vicryl® é disponível em uma apresentação lisa, revestida, 
que facilita sua passagem através dos tecidos. 
Materiais trançados não revestidos tendem a apresentar maior atrito, 
enquanto atravessam o tecido. Evite o uso de Vicryl®
tingido de violeta no 
subcutâneo, pois isso pode tatuar a pele. 
 
Um material alternativo é o PDS® (Polidioxanone). O PDS® tem pouca 
resistência tecidual e induz mínima reação. Como a maioria dos fios 
monofilamentares, apresenta um alto grau de memória o que dificulta o seu 
manuseio e lhe dá pouca segurança de nó. Sua principal vantagem é ser altamente 
resistente à tensão, que dura entre 60 e 90 dias. E freqüentemente empregado em 
áreas onde um suporte adicional é necessário por períodos prolongados. 
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Fios Não Absorvíveis 
 
 
 
 
 
 
 
A escolha dos fios é pessoal. Quando encontrar o material ideal para sua 
prática, empregue-o sempre. Os dois produtos mais comumente usados em suturas 
cutâneas , são a poliamida (Mononylon®) e polipropileno (Prolene®) . Estes fios 
monofilamentares têm baixa fricção, baixa reatividade tecidual, alta resistência 
tensional, e pouca segurança do nó. É necessário dar dois seminós inicialmente(nó 
duplo) , e complementar com mais 4 seminós simples para prevenir que a sutura se 
desamarre. O Prolene® pode deslizar através dos tecidos mais facilmente do que o 
nylon, o que é preferível quando se realiza uma sutura contínua intradérmica. Em 
geral o Mononylon® é o de primeira escolha na pele, em geral entre 3.0 até 6.0, 
dependendo da localização da ferida. 
 
Agulhas 
 
As agulhas tem por função promover a passagem do fio pelo tecido com o 
menor trauma possível. Se dividem em fundo (região em contato com o fio), corpo e 
ponta. São classificadas quanto ao trauma que produzem (traumáticas e a 
traumáticas), quanto ao seu formato (circulares ou retas). 
 cilíndrica cortante
 
 
 
 
Quanto ao trauma a classificação é vaga. Aceita-se como agulha atraumática 
aquela que possui sua ponta cilíndrica 
 
 
 
 
 
 
 
, e traumática a de ponta cortante ou triangular. 
 
 
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Cada fabricante possui sua própria 
nomenclatura de agulhas. As dimensões da agulha 
escolhida para qualquer procedimento devem ser 
proporcionais à espessura da pele, sendo a agulha 
cortante a indicada. Obviamente o couro cabeludo ou 
dorso requerem agulhas muito mais fortes do que 
aquelas para pálpebras ou orelhas. A maioria das 
agulhas tem três oitavos de curvatura de um círculo. 
Entretanto uma agulha de meio círculo pode ser mais fácil de manusear em ângulos 
apertados, como no fechamento da gálea do couro cabeludo. A imagem do corte, em 
perfil, deve ser triangular, apresentando três ângulos cortantes, um em cada bordo lateral 
e o terceiro no lado côncavo (cortante) ou no lado convexo (cortante reverso). A 
vantagem teórica de uma agulha cortante reversa é que ela corta para fora do traçado da 
sutura, fornecendo uma base plana em que o fio pode se apoiar. Na prática, as suturas na 
superfície da pele devem ser realizadas com a menor tensão possível, de modo que 
a probabilidade dos fios em promoverem injuria na pele seja praticamente 
nula. 
 
Lesões em mucosas devem ser suturadas com agulhas cilíndricas e fios absorvíveis , pois 
agulhas cortantes tendem a lacerar as mucosas delicadas.Também indica-se o uso de 
agulhas cilíndricas com fios de Catgut® na região perineal pelo menor incômodo em 
remover os pontos depois, pois em geral ele caem espontaneamente. 
 
Curativos 
 
A cicatrização é beneficiada mantendo-se um curativo semioclusivo, úmido. Isto se 
aplica tanto às lesões que fecham por primeira intenção, quanto às deixadas cicatrizar por 
segunda intenção. Uma rotina simples é aplicar um curativo com gaze ( preferencialmente 
não aderente) na ferida , coberto com fita adesiva microporosa (Micropore®) ou filme 
adesivo(Tegaderm®) e aplicar alguma pressão. Este curativo compressivo é geralmente 
reavaliado em 36 a 48 horas, sendo trocado ou não dependendo do caso. Em casos de 
ferida não exsudativa pode-se manter a ferida ocluida apenas com filme adesivo 
semipermeávelTegaderm®. As feridas em geral a partir do terceiro dia estão com as 
bordas fisiologicamente seladas. Em alguns casos permite-se que a ferida seja molhada 
durante o banho, e a seguir realiza-se o curativo , podendo-se também por optar pela 
manutenção do curativo não oclusivo até que a sutura seja removida. 
Existe atualmente uma variedade de novos curativos , de hidrocoloide, como o 
Duoderm® particularmente úteis para feridas exsudativas ou nos casos de cicatrização 
por segunda intenção. 
É importante fornecer orientações e cuidados com o curativo. Elas devem ser 
escritas com palavras que o paciente possa entender . Deve incluir informações sobre 
problemas potenciais, principalmente dor, equimose, exsudação e infecção, 
analgésicos e a data da próxima visita. 
14 
Complicações Pós-Operatórias 
 
Ninguém está imune a complicações cirúrgicas. ,No aprendizado do acadêmico 
de medicina nas unidades de emergência, frequentemente e em grande volume e 
variedade de complexidade, os traumas de tecidos mole compreenderão expressiva 
parte do trabalho destes estudantes. Em relação diretamente proporcional ao 
conhecimento científico e a habilidade dos alunos, serão os resultados obtidos na 
realização destes procedimentos invasivos. . Sangramento persistente e formação de 
hematoma podem estar relacionados a uma hemostasia ineficiente no momento da 
cirurgia ou possivelmente a um distúrbio da coagulação, inerente ao indivíduo ou 
induzido por drogas (aspirina, anticoagulantes etc.). Todas as feridas exsudarão 
minimamente. Com um pequeno sangramento, mais incômodo, respondendo 
usualmente bem a simples compressão constante 
Quando o sangramento é mais acentuado e persistente, deve-se reabrir a 
ferida e encontrar a fonte. Hematomas são tensos, intumescidos e dolorosos. 
Durante sua evolução, passam por diferentes fases. Inicialmente são gelatinosos e 
podem ser facilmente drenados através da ferida. Eventualmente tendem a ser 
reabsorvidos espontaneamente, mas, em alguns casos, eles podem se infectar e/ou 
calcificar. A drenagem aberta ou por punção deverão ser consideradas. 
A permanência de corpos estranhos na ferida á outra causa freqüente de 
complicações. Deve-se estar atento á etiologia do trauma para realizar uma 
exploração e limpeza eficiente da lesão, buscando materiais como vidro,madeira, 
dentre outros que possam permanecer na ferida, sem a percepção do operador. 
Atenção também para a retirada atraumática e meticulosa no que concerne à 
substâncias intencionalmente colocadas por leigos sobre a ferida na tentativa de 
atenuar o sangramento ou combater a infecção( pó de café, querosene, etc...) 
 
Nos casos de infecção estabelecida, o tratamento deve ser instituído, sempre 
que possível após a realização de estudos bacteriológicos. A introdução precoce do 
antibiótico apropriado, repouso e elevação da área afetada costumam resolver a 
maioria das infecções. Analgésicos e compressas mornas podem ajudar 
sintomaticamente. Se a ferida posteriormente se fica tensa e com áreas de flutuação 
deve haver exsudato provavelmente purulento que precisa ser drenada. A 
antibioticoprofilaxia deve ser discutida em cada caso, de acordo com a orientação do 
preceptor do serviço de emergência onde se está atuando. 
Feridas complicadas tendem à deiscência e infecção. Muitas cicatrizarão por 
segunda intenção podendo ser tratadas com curativos interativos ( Aquacel®, 
Duoderm®), . Alternativamente, a ferida poderá ser reconstruída em um estágio 
posterior. 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exemplos de suturas 
_-,Ott!• atd <»et sols.'"(.._lettupied attd a':f'lliuuous) 
,( f""</ 
\I ,.-•,..r-)-'---'Tf.·.J 
 
 
 
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16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Usando o Porta-Agulha 
A preferência pessoal determinará como as pessoas seguram o porta-agulhas. 
Em geral há duas escolhas: pode-se inserir os dedos polegar e anular nos anéis do 
cabo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ou segurar o instrumento 
na palma da mão, entre as 
eminências tenar e hipotenar 
 
 
 
 
 
 
 
 
Embora esta última técnica possa parecer 
deselegante, ela pode prover um controle adicional e um movimento de rotação 
maior sobre o punho. Em ambos os métodos, o dedo indicador é usado para 
estabilizar o cabo do instrumento.Evite entortar a agulha. A parte proximal da agulha 
é de metal macio, onde se embute o fio de sutura 
 
 
 
 
Segure a agulha na sua porção entre o terço proximal 
e o medial. Empregue um porta-agulha de tamanho 
apropriado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTA AGULHA DE TITÂNIO PORTA AGULHA COM PONTA DE VÍDIA 
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Orientação da Agulha e Eversão da Ferida 
 
As bordas da ferida são melhores para trabalhar quando discretamente 
evertidos. Isto pode ser conseguido pelo posicionamento da agulha, colocando-a na 
extremidade distal do instrumento , na junção do terço medial com o distal , 
mergulhando no tecido em um ângulo de 90 graus, em relação ao plano da pele em 
seu ponto de entrada Um ângulo similar de saída deve completar a passagem da 
agulha. A eversão exagerada da ferida pode proporcionar ma cicatriz pouco estética 
ou favorecer a separação das bordas das feridas após a retirada dos pontos. 
Entretanto, a eversão discreta e adequada auxiliará a cicatrização e reduzirão a 
distensão da ferida e a inversão de suas bordas. 
 
 
 
 
 
 
• Entrar na pele em uma borda de 
cada vez, com distãncias 
equivalentes, e distante o 
bastante da incisão para 
posicionar adequadamente os 
nós na pele, sempre do mesmo 
lado, nunca sobre a incisão 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Geralmente a distância entre o orifício de entrada da agulha até a 
incisão é de cerca de 4 a 5mm, e a distância entre os pontos é de 5- 
7mm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sutura e Segurança do Nó 
 
Os nós devem ser firmes, para ser de alguma eficácia. Isto está em oposição 
a, uma sutura, onde o nó muito apertado pode estrangular o suprimento sangüíneo 
dos bordos da ferida. No fechamento da ferida, esses dois fatores devem ser 
considerados em conjunto. A tensão da sutura deve ser suficiente para aproximar 
delicadamente as margens da ferida. Quando necessário, o emprego de suturas 
internas reduzirão a tensão da ferida, facilitando a aproximação suave das bordas da 
ferida auxiliando a boa cicatrização, e otimização do aspecto estético. 
19 
 
 
 
1. Alinhe o porta-agulha com a 
ferida e penetre no tecido com a 
agulha em 90° com a pele(A) 
2. fazer inicialmente o nó duplo 
corrediço no fio para prevenir o 
deslizamento.Este procedimento é 
importante quando usamos fios 
monofilamentares; geralmente não é 
necessário quando usamos fios 
multifilamentados com catgut, seda, 
algodão , linho, sempre fazendo um 
nó de cada vez . O vycril desliza 
adequadamente bem com segurança, 
e pode ser usado inicilamete o nó 
duplo. Segure a extremidade longa do 
fio de sutura e faça duas voltas ao 
redor da ponta do porta-agulhas ( B). 
3. Prenda a extremidade curta do 
fio com a ponta do porta-agulhas, 
puxando-o para o lado oposto da 
ferida ( C). 
4. Tracione as duas pontas do fio 
de sutura em paralelo com a ferida; 
aplique tensão suficiente para 
juntar as margens da pele 
delicadamente ( D). 
5. O próximo nó requer uma laçada única do fio de sutura , enrolada ao redor do 
porta-agulhas no sentido oposto à etapa 1. Este nó assenta-se confortavelmente e 
impede que o nó ceda à tração. Assim, alinha o porta-agulhas como na etapa 1, 
acima. Segure a extremidade do fio e faça uma única laçada no sentido oposto ao 
primeiro laço ( E). 
6. Prenda a extremidade curta do fio e passe-o através desta laçada única para seu 
lado original da ferida, firmando-a como na etapa 4 (F). 
7. Fios de mononylon e polipropileno precisam de um total de seis nós para prevenir 
que o ponto se desamarre e retome ao seu estado original. Na prática, é necessário 
colocar uma ou duas laçadas adicionais em todos os nós, fazendo cada laçada no 
sentido oposto (G). 
O ponto com volta frouxa foi desenvolvido com alguma folga projetada, para 
acomodar o edema tecidual e prevenir seu estrangulamento (H). A segunda laçada 
do nó é deixada deliberadamente frouxa, mas é assegurada pela quarta laçada em 
diante , que são firmemente colocadas. Esta técnica é mais útil em tecidos delicados. 
Quando as feridas se tornam mais edemaciadas, a folga da volta frouxa é apertada. 
Com o uso de fios de catgut em planos internos podemos apertar com firmeza a 
partir do primeiro nó, e em geral confecciona-se o ponto com 4 nós, pois este fio 
costuma travar o nó devido ao grande atrito do material. 
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Sutura Simples Interrompida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A sutura simples interrompida de pele é a mais comumente empregada nas 
unidades de emergência . Sua colocação deve aproximar as bordas da ferida com idêntica 
altura, evertendo-os discretamente com a mínima tensão. 
1. A agulha penetra na pele em um ângulo de 90 graus ou maior. Entra verticalmente na 
derme e começa sua curva, após ter alcançado o subcutâneo (A). 
2 deve completar a passagem alcançado o subcutâneo (A). 
3. A passagem da agulha pelo outro lado da ferida deve ser uma imagem em espelho da 
etapa 1. Freqüentemente, é mais rápido realizar a passagem inteira em apenas uma etapa, 
mas no início do aprendizado devemos passar uma borda de cada vez. (B). 
5. Alternativamente, você pode sair após a etapa 1, prender novamente a agulha e 
completar a passagem, começando profundamente no subcutâneo (C). 
21 
 
 
 
 
PENETRAR UMA BORDA DE CADA VEZ , SEGURANDO O TECIDO COM DELICADEZA, USANDO UMA 
PINÇA ANATÔMICA OU COM DENTE 
 
 
PUXAR E/OU EMPURRAR A AGULHA PELO CORPO EVITANDO SEGURAR PELA PONTA 
 
 
PENETRAR NA OURA BORDA NA MESMA DISTÂNCIA E DIREÇÃO 
 
 
APROXIMAR AS BORDAS E PREPARAR PARA FAZER O NÓ 
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USANDO FIO MONOFILAMENTADO, INICIAR COM NÓ DUPLO 
 
 
ENVOLVER O INSTRUMENTO COM O FIO, COM MAIS 4 NÓS SIMPLES SUBSEQUENTES, EVITANDO 
APERTAR O TECIDO. A PRESSÃO DEVE SER EXERCIDA A PARTIR DO QUARTO NÓ QUANDO O FIO 
NÃO DEVERÁ MAIS DESLIZAR CONTRA A PELE, EVITANDO A COMPRESSÃO DESNECESSÁRIA E 
DELETÉRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POSICIONAR OS NÓS NA LATERAL DA FERIDA, SEMPRE DO MESMO LADO, COM DISTÂNCIA 
EQUIVALENTE ENTRE CADA UM. É SUGERIDO QUE SE INICIE A SUTURA PELO MEIO DA FERIDA, 
DEPOIS NAS EXTREMIDADES E FINALMENTE ADICIONANDO PONTOS EM CADA INTERVALO 
NECESSÁRIO. O OBJETIVO É A OTIMIZAÇÃO DOS ASPECTOS ESTÉTICO E FUNCIONAL . 
23 
 
 
 
 
 
 
Ponto de Colchoeiro Vertical 
 
 
O ponto de colchoeiro vertical proporciona mais suporte ao 
processo de cicatrização, pela oposição precisa e segura dos 
bordos da ferida e redução da tensão e do espaço morto. 
Excelente para obter a eversão adequada das bordas da 
ferida, esta sutura é também conhecida como o ponto longe- 
longe perto-perto. O componente longe-longe reduz a tensão 
da ferida e oclui o espaço morto subjacente, enquanto o 
componente perto-perto produz a aposição delicada das 
bordas da ferida. Alternativa
técnica para o acadêmico ao 
perceber a dificuldade em aproximar sem tensão as bordas 
da ferida. 
 
Passo 1. A primeira passada é idêntica a da sutura simples interrompida, exceto quando é 
posta afastada de 5 a 10 mm da margem da ferida 
Passo 2. A agulha é invertida, em seu sentido, no porta-agulha e a segunda passada é feita 
na direção oposta à da etapa 1. Esta passada é posicionada muito mais próxima do bordo 
da ferida (2 mm) e o curso da agulha é muito mais alto, na ferida, no nível da derme média 
ou superior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ponto de Smead Jones 
Um ponto simples realizado duas vezes (também chamado de ponto duplo) no 
mesmo sentido - longe-perto, perto-longe- técnica alternativa ao ponto simples e o 
de colchoeiro, com bom resultado estético. Inicia-se com um ponto simples (longe) e 
atravessar a borda oposta próxima à incisão(perto) e retorna-se com a agulha na 
posição inicial, e penetra-se na pele novamente e próxima à incisão(perto) e 
atravessa-se a borda oposta emergindo longe da incisão(longe) sempre na mesma 
linha. Pode ser usado na pele e nos planos internos. 
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Sutura Contínua Simples 
Técnica usada para um fechamento mais hermético de um plano, frequentemente 
usada em planos internos . e anastomoses Não recomendada para uso na pele .Uma 
sutura contínua (ou corrida) atravessa toda a extensão da ferida, e é fixada em cada 
extremidade. Estas suturas devem ser usadas somente nos casos de feridas não 
complicadas, isto é, com pouca tensão. 
 
A sutura contínua simples é uma técnica útil 
para feridas lineares, com baixa tensão. 
1. Começando em um extremo da ferida, um 
ponto interrompido simples é feito e amarrado 
com um nó direito firme (A). A ponta final 
mais curta do fio é aparada, enquanto a outra 
permanece conectada ao primeiro ponto. 
2. Outras passadas idênticas sucessivas são 
feitas, dispostas simetricamente e sempre 
começando do mesmo lado da ferida (B). 
3. A sutura deve ser feita com tensão 
limitada, apenas o suficiente para aproximar 
os bordos da ferida. Depressões e 
estiramentos devem ser evitados, pois podem 
produzir o estrangulamento da ferida e uma 
cicatrização insatisfatória. Deve ser mantida a 
eversão das bordas e evitar toda a formação 
de degraus. 
Passo 4. O fechamento é completado, 
amarrando-se a extremidade distal do fio com a laçada feita previamente (C). 
 
 
 
Sutura Continua Entrelaçada 
 
 
 
 
 
 
Passo 1. A sutura contínua entrelaçada é quase idêntica à 
sutura contínua simples. A diferença é que cada passada do 
fio, é feita através da volta prévia, o que tende a isolar cada 
passada e reduz o deslizamento, à medida que o cirurgião 
trabalha ferida abaixo (A). 
25 
 
 
 
 
Passo 2. Esta sutura contínua é completada amarrando-se, atrás, nela mesma com 
um nó firme (B e C). 
A sutura contínua entrelaçada pode ser útil para 
o fechamento de feridas com maior tensão, mas 
pode comprometer-se cosmeticamente, devido à 
tendência de deixar marcas da sutura. Considere 
o uso de uma sutura entrelaçada em associação 
com uma sutura contínua simples, nos casos de 
feridas anguladas, com mudança de 
direção.Também é frequentemente usada em 
planos internos . 
 
 
 
 
Feridas com alturas desiguais 
• Ambos os lados de uma ferida devem ser postos no mesmo nível. Mesmo 
leves variações são facilmente notadas. 
• Feridas com desnivelamento de uma das bordas apresentam um degrau, 
deixando sempre uma aparência ruim. 
Desde o início, procure evitar a formação de degraus, mantendo cuidadosa atenção 
às posições relativas das margens da ferida durante seu fechamento. Problemas 
ocorrem, freqüentemente, quando se fecham feridas de diferentes espessuras . As 
suturas devem ser dispostas em igual profundidade, de ambos os lados da ferida. 
Use um gancho de pele ou uma pinça com dentes para auxiliar a disposição exata 
das suturas. 
 Passo 1. Para nivelar as margens de uma ferida, o lado 
elevado deve descer e o lado deprimido deve subir. Isto é conseguido com uma 
sutura interrompida simples passada superficialmente no lado mais alto e 
profundamente no lado baixo (A e B). 
Passo 2. Você pode ter de supercompensar com um ponto exagerado, para obter o 
efeito desejado. A prática determinará a disposição exata. Nunca se satisfaça com 
um ponto mal posicionado. Retire-o e tente aperfeiçoá-los. 
26 
 
 
 
 
 
 
Sutura Continua Horizontal 
A sutura contínua horizontal é 
empregada raramente para 
fechamentos, quando existem 
preocupações cosméticas. Baseia-se 
no ponto de colchoeiro horizontal, 
descrita anteriormente 
1. A sutura é fixada em uma 
extremidade da ferida por um ponto 
interrompido simples (A). 
2. A ponta curta livre é aparada, 
enquanto a outra ponta condutora 
permanece conectada com o nó. 
3. As passadas de colchoeiro 
horizontal adjacentes são feitas sem 
outros nós até que a extremidade 
distal da ferida seja alcançada será 
alcançada. Cada componente 
horizontal deve ser idêntico em altura e distância das margens da ferida ( B e C). 
 
 
 
Sutura Subcutânea Interrompida 
 
 
tensão das bordas da ferida. 
A sutura subcutânea interrompida é usada em feridas 
profundas. O fechamento de espaço morto melhora o 
nível da ferida e reduz as chances de infecção e 
formação de hematoma. A gordura subcutânea pode 
ser aproximada com poucos pontos interrompidos, no 
sentido vertical com fio absorvível. Uma sutura 
subcutânea contínua não ajudará muito a reduzir a 
 
 
 
 
Ponto interno invertido ou sepultado 
O ponto interno sepultado é planejado 
com o seu nó disposto em sua base, 
sepultado no subcutâneo. Um nó 
colocado superiormente será palpável na 
superfície da pele, e pode ser eliminado 
através da desta, na fase de cicatrização 
1. Everta cuidadosamente a margem da 
ferida com um gancho de pele ou uma 
pinça com dentes. Para sepultar o nó, 
penetre abaixo da derme na gordura 
subcutânea alta e saia na derme média 
(A). 
27 
 
 
 
 
 
 
2. Entre no lado oposto da ferida, no mesmo nível da derme média e saia na 
hipoderme alta (1). 
Puxe as duas pontas do fio de sutura em paralelo com a ferida, e amarre-as com um 
nó direito, aparando-o curto ( B e C). Com esta técnica, o nó torna-se sepultado ( 
2). Para memorizar: dentro-fora e fora-dentro, ou seja, entrar com a agulha de 
dentro para fora do subcutâneo e voltar de fora para dentro com a agulha. 
 
 
 
 
Ponto intradérmico superevertente separado 
sepultado 
O ponto intradérmico superevertente sepultado 
produzirá uma magnífica eversão da ferida. 
1. O ponto começa mais distante, sob as bordas da 
ferida. 
2. Cada passada intradérmica entra e sai pela gordura 
subcutânea. As duas superfícies das margens 
oponentes da ferida não são transpassadas pelo fio de 
sutura (A). 
3. O ponto é amarrado com tensão suficiente para 
aproximar as bordas da ferida. Observe que os nós ficam sepultados (B). 
O ponto intradérmico superevertente pode pode reduzir reações teciduais 
traumáticas e inflamatórias secundárias. Outras vantagens teóricas incluem a melhor 
perfusão de oxigênio dos bordos da ferida e a menor possibilidade de extrusão do 
material de sutura pela ferida 
 
 
 
. 
 
Sutura Subcuticular Contínua 
A disposição do material de sutura 
inteiramente dentro da derme 
subcuticular possibilita uma cicatriz 
altamente cosmética, livre de marcas de 
sutura. Esta sutura pode ser deixada no 
lugar por semanas, fornecendo suporte 
extra para a ferida, sem o 
desenvolvimento de marcas feias de 
sutura. A sutura subcuticular contínua 
não deverá ser usada em feridas com 
tensão alta. A escolha do fio de sutura é 
importante;
fio monofilamentar com 
mínima resistência tecidual, tais como o 
Prolene® e/ou o Mononylon®, são 
ideais. 
1. Comece por um extremo, 
penetrando na pele a cerca de 5 mm 
28 
 
 
do bordo da ferida e saindo na derme média do seu vértice (A). 
2. Observe como o corpo do porta-agulhas pode ser empunhado para facilitar a 
manipulação. Em cada passada alternada, a agulha é invertida no porta-agulhas, 
avançando sempre na mesma direção até o ponto de fechamento (. B). 
3. A primeira passada começa próximo ao vértice da ferida. A agulha é passada 
horizontalmente entre a derme média e a alta, e o mesmo nível é mantido por todo o 
fechamento. Note como um gancho de pele, ou uma pinça com dentes, pode everter 
a margem da ferida e estabilizá-la, sem produzir maceração (. C ). 
4. A segunda passada não começa diretamente em frente ao primeiro. Em vez disso, 
a agulha é recuada cerca de um terço da distância avançada. Em todos os outros 
aspectos, ela é idêntica à primeira passada (D). 
 
 
 
 
 
 
 
Passo 5. A ferida é fechada gradualmente com uma terceira e subseqüentes 
passadas, mantendo sempre a mesma altura intradérmica horizontal e sempre 
recuando em relação à passada prévia 
Passo 6. Saia da ferida do mesmo modo que entrou, através da derme média, no 
vértice. 
Passo 7. Em qualquer ferida maior que 3 cm, a sutura é trazida à superfície 
(externalizada) como uma só passada de sutura contínua simples. Isto permite que a 
sutura seja removida mais facilmente depois do fechamento da ferida 
Passo 8. Amarre ambas as pontas da sutura, ou faça oos nós independentes para 
cada extremidade e pode-se aplicar Micropore® ou fitas adesivas Steristrip® para 
estabilizar a superfície da ferida . 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alternativas para sutura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grampeadores simples 
São aqueles em que os grampos são aplicados um a um de forma a aproximar 
superfícies ou fixar estruturas.Neste grupo temos os grampeadores cutâneos usados 
para o fechamento da pele. Estes possuem configuração completamente diferente 
daqueles que são usados em vísceras. Após a cicatrização os grampos devem ser 
retirados no pós-operatório. São apresentados em diversos tipos e tamanho e podem 
ser usados inclusive para fixação de retalhos de pele. È um método rápido, mas nem 
sempre o aspecto estético é satisfatório 
 
Adesivos 
O adesivo tópico para pele Dermabond® é um adesivo líquido, 
estéril, que contém uma formulação monomérica (2-octil 
cianoacrilato) e corante violeta . Apresenta-se em um aplicador 
de uso único que consiste em uma ampola de vidro quebrável , 
ou contido em uma embalagem plástica com um bico aplicador. 
O adesivo líquido polimeriza-se , formando um filme 
bacteriostático que possui força tênsil equivalente à do tecido 
cicatrizado após 7 dias. É sugerido seu uso em situações de trauma de partes moles 
quando estamos diante de feridas superficiais e de pequena extensão, em áreas de 
pouca tensão e sem sangramento ativo. Dispensa o uso de anestesia. 
O adesivo é aplicado sobre as bordas da pele bem coaptadas e 
mantém-se a aproximação central com instrumento , durante 60 
a 90 segundos até ocorrer a polimerização. Com o passar dos 
dias, o adesivo vai descamando espontaneamente da pele. 
 
 
 
 
Fitas adesivas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indicações de uso: 
O Steri-Strip® é um curativo estéril 
de Micropore® com filamentos de 
poliéster, que promove o fechamento 
de pele de maneira fácil e rápida. 
Apresenta boa adesão inicial, 
proporcionando economia de tempo 
em relação as suturas convencionais. 
30 
 
 
 
 
 
 
• Aproximação de bordas de pequenas feridas superficiais e sem sangramento ativo , em 
áreas com pouca tensão 
 
 
 
 
• complemento do fechamento de incisões cirúrgicas e suporte 
para suturas convencionais 
 
 
 
 
 
 
 
Uso do material de sutura nas situações mais comuns 
 
Pele- o fio de escolha é a poliamida(mononylon®) e o calibre terá variação de acordo 
com o sítio da lesão. Usar agulha cortante. 
 
Escalpo- 2.0 ou 3.0 
Face- 5.0 ou 6.0 
Tronco- 4.0 e 5.0 
Membros superiores- 4.0 e 5.0 
Membro inferiores- 3.0 e 4.0 
Região genital- deve-se dar preferência ao uso de fio absorvível como o catgut simples, 
com agulha cilindrica, de 3.0 a 5.0 
 
Mucosas- fio absorvível de longa ou curta absorção, com agulha cilíndrica. 
Preferencialmente em mucosa oral usa-se o catgut simples, assim como na mucosa 
vaginal, de calibre 3.0 a 4.0. no lábio podemos usar também este fio, assim como nas 
feridas na língua (3.0 ou 2.0) 
 
Tecido subcutâneo, fáscia e plano muscular preferencialmente com fio 
absorvível sintético de longa duração(vicryl) e o calibre dependerá da 
tensão dos tecidos onde ocorreu o trauma. Quanto maior a resistência e 
espessura do tecido, maior será o calibre do fio. 
Na face podemos usar 5.0 e 6.0, com os nós invertidos. No tronco e membros superiores 
de 3.0 a 4.0, em membros inferiores de 2.0 a 4.0. Os fios devem ser cortados deixando o 
mínimo possível para não desfazer os nós, e evitar a presença de muito material que 
possa levar à uma reação indesejada a este “ corpo estranho” durante o processo de 
absorção do fio. Na indisponibilidade do Vicryl optaremos pelo catgut cromado. 
 
 
 
 
 
 
 
Remoção das Suturas 
A escolha do momento oportuno é crucial. O retardo na remoção das suturas está 
associado a marcas de sutura pouco estéticas. Isto relaciona-se à cicatrização sob o 
31 
 
 
 
 
material de sutura e à epitelização intradérmica ao redor da sutura propriamente 
dita. A remoção prematura da sutura, entretanto, pode levar à deiscência da ferida. 
• Suturas faciais devem ser removidas em cerca de 5 a 7 dias. 
• As localizadas no pescoço, genitália, mãos e pés, de 10 a 12 dias; 
• No couro cabeludo, tronco, braços e pernas, 14 dias. 
• Suturas subcuticulares contínuas podem ser deixadas por períodos maiores 
mas geralmente são removidas em tomo de 2 semanas. 
 
Cada caso deve ser avaliado individualmente. O consenso é de que os pontos devem 
ser retirados após cumprirem sua função. Em alguns casos pode-se fazer a retirada 
intercalada dos pontos, deixando-se os restantes para remover dias depois. 
 
A técnica para remoção das suturas é simples, 
mas precisa ser realizada cuidadosamente. 
1. Remova crostas e resíduos orgânicos de 
tecido morto pela aplicação delicada de solução 
salina ou água destilada 
2. Cuidadosamente, deslize a lâmina de uma 
tesoura de íris(ponta fina), ou lâmina 13, sob o 
ponto e corte o fio próximo a um lado da ferida 
(A). 
Passo 3. Prenda o nó com uma pinça (anatômica ou 
hemostática) e puxe para o mesmo lado em que ele 
foi cortado ( B e C). Este procedimento evitará a 
tendência de a tração no fio separar com violência 
as bordas de uma ferida ainda cicatrizando-se 
 
 
 
 
Mordeduras 
Há consenso na literatura em relação à importância da limpeza franca do 
ferimento no serviço de emergência em pacientes vítimas de mordedura por cão. 
Porém, o próximo passo terapêutico a ser tomado é controverso. Muitos autores 
defendem que a sutura primária só pode ser realizada em feridas limpas, sem 
grandes lacerações, decorrentes de mordeduras não humanas e com evolução menor 
de 5 horas. Entretanto, vários outros trabalhos relatam sucesso no fechamento 
primário das mordeduras, independentemente de seu tipo ou tempo de evolução. 
O motivo para benefício do tratamento primário é a diminuição de 
procedimentos cirúrgicos posteriores e da morbidade. 
Alguns fatores são determinantes no resultado do tratamento como limpeza prévia, 
antibioticoterapia, curativos diários e relacionados à higidez do paciente. 
O fechamento imediato das mordeduras humanas
ou animais na face é seguro, até 
em casos após várias horas da lesão, diminuindo os procedimentos cirúrgicos 
posteriores e melhorando a morbidez. 
Os ferimentos puntiformes apresentam maior chance de infecção que as 
avulsões ou lacerações porque nas feridas puntiformes ocorre uma grande inoculação 
de bactérias e porque a limpeza profunda desses ferimentos é difícil 
32 
 
 
A profilaxia antitetânica é essencial, existindo relatos que sugerem a aquisição de 
tétano e hepatite B após mordedura humana. Nas agressões caninas, é obrigatória a 
profilaxia do tétano e da raiva, pois estas são responsáveis pela transmissão de 85% 
dos casos de raiva humana no Brasil 
O uso de antibiótico de cinco a sete dias após mordeduras na face é 
amplamente aceito na literatura, e o antibiótico de escolha é a Amoxicilina , 
Cefalexina, ou Sulfametoxazol associado a Trimetoprim O uso da cultura para 
escolher o antibiótico só é feita em casos em que a infecção está estabelecida, e os 
germes mais freqüentes são os estreptococos e os estafilococos .As mordeduras por 
gato e humanos apresentam uma maior probabilidade de infecção que as caninas. A 
mordedura humana tem maior chance de infecção devido ao fato de a saliva humana 
conter 108 bactérias por milímetro cúbico, apresentando 42 espécies diferentes de 
bactérias, destacando-se a Eikenella corrodens que é uma espécie normalmente 
resistente aos antibióticos usuais. As agressões por gato também se destacam pelo 
seu potencial infeccioso devido ao fato de serem arranhaduras e feridas puntiformes 
com grande inoculação bacteriana, distinguindo-se a inoculação da Pasteurella 
multocida. 
 
Localização da ferida 
As mordeduras na face têm uma menor chance de infecção que em outros 
locais do corpo devido à rica vascularização da face e drenagem postural desse 
segmento do corpo. As que ocorrem na mão e lesam a cápsula articular ou o tendão 
têm grande potencial de infecção 
 
Resumo de conduta frente à mordedura 
 
9 Limpeza do local com água e sabão e aplicação de anti-séptico, 
imediatamente após a agressão. 
9 Embora possa aumentar o risco de infiltração do vírus nas terminações 
nervosas, a sutura das lesões deve ser realizada se houver risco de 
comprometimento funcional, estético ou de infecções. 
9 O soro anti-rábico, quando indicado, deve ser infiltrado no local ferido 
uma hora antes da sutura. É necessário avaliar a necessidade de 
profilaxia do tétano, de acordo com a norma vigente, e de 
antimicrobianos para a prevenção de infecções secundárias. 
9 Quando o animal agressor for cão ou gato deve ser observado durante 
10 dias para identificar qualquer sintoma sugestivo de raiva; se o 
animal suspeito for sacrificado, sua cabeça ou seu cérebro deve ser 
enviado para o Laboratório especializado, em gelo, para o exame 
laboratorial. 
33 
 
 
Profilaxia do Tétano 
http://www.saude.df.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=23562 
 
 
PROFILAXIA DO TÉTANO EM CASO DE FERIMENTOS 
História de Imunização Contra o 
Tétano (DTP, DT, dT ou TT) 
 
Incerta ou menos de 3 doses 
 
3 ou mais doses 
Tipo de ferimento Esquema Esquema 
 
 
 
 
 
 
Ferimento Leve Não 
Contaminado 
. Se menor de 7 anos, aplicar DTP 
completando 3 doses, com 
intervalos de 2 meses (mínimo 30 
dias). 
 
. Se 7 anos ou mais, aplicar dupla 
(dT), completando 3 doses, com 
intervalo de 2 meses (mínimo 30 
dias). 
 
 
 
 
. Só aplicar a vacina (dT) se 
tiverem decorridos mais de 
10 anos da última dose. 
 
Não Aplicar o Soro Antitetânico 
(homólogo ou heterólogo) 
Não Aplicar o Soro 
Antitetânico (homólogo ou 
heterólogo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os Outros Ferimentos 
Inclusive Punctóricos 
- Se menor de 7 anos, aplicar 
DTP completando 3 doses, com 
intervalos de 2 meses (mínimo 30 
dias). 
 
. Se 7 anos ou mais, aplicar dupla 
(dT), completando 3 doses, com 
intervalo de 2 meses (mínimo 30 
dias) 
 
 
 
 
Só aplicar a vacina (dT) se 
tiverem decorridos mais de 
10 anos da última dose. 
Aplicar o Soro Antitetâncio 
 
Soro heterólogo - administrar 
5.000 unidades, por via 
 
 
 
 
 
Não Aplicar o Soro 
Antitetânico (homólogo ou 
heterólogo) 
intramuscular, após tratamento 
preventivo de anafilaxia. 
 
Soro homólogo - administrar via 
intramuscular, 250 unidades com 
título de 1:400, ou dosagem 
equivalente com outro título. 
 
• A vacina contra o tétano e o soro heterólogo ou homólogo antitetânico não devem 
ser administrados no mesmo local anatômico. 
• Não há indicação para o emprego de Penicilina G Benzatina e outros. 
 
• Considerar o risco de tétano em ferimentos superficiais extensos e queimaduras 
extensas. 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
Métodos alternativos para o tratamento das feridas traumáticas 
 
Clipes (grampos) 
Os clipes cutâneos disponíveis atualmente derivam se dos agrafes, estruturas metálicas 
utilizadas mais antigamente. Podem ser feitos de aço inoxidável, 
tântalo ou titânio. Também existem clipes de material absorvível a 
base de polidioxanona. 
Proporcionam a aproximação das bordas da pele e são, 
geralmente, aplicados com o uso de um clipador, freqüentemente 
descartável. As reações alérgicas aos clipes são raras, mas, no 
entanto, ocasionam desconforto aos pacientes e, não levam, de 
um modo geral, a um melhor resultado estético, sendo pouco 
utilizados entre nós. 
Além dos clipes cutâneos, existem clipes para ligadura. 
Encontram-se disponíveis em diversos tamanhos, geralmente em 
forma de "V". São semelhantes a grampos, sendo colocados - 
com o auxílio de clipadores - ao redor da luz de um vaso ou de uma estrutura com o intuito de 
fechá-Ia, sendo muito utilizados em videolaparoscopia. 
 
Fitas adesivas 
 
As fitas adesivas modernas são fabricadas de forma que sejam relativamente não-oclusivas - 
microporosas - e com excelentes 
características adesivas. Podem ser 
empregadas principalmente naquelas 
partes do corpo onde não ocorre força de 
tensão contrária à ferida, levando a um 
resultado estético bastante satisfatório. 
Também podem ser usadas em conjunto 
com suturas subdérmicas ou em feridas 
suturadas em áreas corporais com 
movimento constante, com a finalidade de reduzir a tensão na pele. Em crianças, seu uso evita 
a dificuldade na realização e remoção das suturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
Cianoacrilato 
Mais recentemente, encontra-se disponível para uso um adesivo cutâneo líquido, fabricado a 
partir do 2-octil cianoacrilato (Surgiseal), que oferece uma alternativa ao uso das suturas 
com fios e das fitas adesivas. Após limpeza e desbridamento das feridas, faz-se, com uma 
pinça ou com os dedos, aproximação das bordas da incisão e aplicação desse adesivo. Da 
mesma forma que com as fitas adesivas, esse adesivo cutâneo constitui um método rápido e 
efetivo para o tratamento de feridas localizadas em locais sem tensão na ferida, sendo 
particularmente indicada para uso na face, tronco e membros para lacerações menores 
superficiais sem sangramento ativo , e como reduz não só a dor física, mas também a 
ansiedade associada com as agulhas usadas para a administração do anestésico, é 
adequado especialmente para as crianças. Também reduz o risco de ferimento por agulha 
para médicos e pacientes e elimina a necessidade de remoção da sutura. 
 
 
Antiaderentes 
O uso de uma biomembrana absorvível à base de uma fórmula quimicamente modificada de 
ácido hiaIurônico e carboximetilcelulose (Seprafilm, Interceed) tem sido difundida com a 
intenção de diminuir a quantidade de aderências entre alças intestinais, epíploo, bexiga, 
estômago e órgãos ginecológicos com a parede abdominal. Inúmeros estudos demonstram 
sua eficácia também na interposição
entre o conteúdo da cavidade abdominal e a presença de 
uma tela de polipropileno ou tetrafluoroetileno expandido (tela em ponte). Mais recentemente, 
uma nova apresentação desse material provê, na mesma embalagem, além da membrana, a 
própria prótese parietal - tela - a ser empregada, diminuindo o custo dos procedimentos. 
 
“ZÍPER” 
Um dos grandes problemas enfrentados pelos cirurgiões é o das peritonites difusas, por 
etiologias diversas. Os três princípios básicos para o tratamento dessas infecções são: 1) 
drenagem do foco séptico; 2) desbridamento do tecido morto; e 3) prevenção ininterrupta do 
reacúmulo séptico. 
Nas últimas duas décadas, vimos crescer a realização de peritoneostomias, em que o 
abdome é deixado aberto, com relaparotomias programadas para limpeza da cavidade 
abdominal. Inicialmente o abdome, nesses casos, era tamponado, utilizando-se suturas 
aponeuróticas sobre tampões abdominais. A esses tampões, seguiu-se o uso de telas de 
retenção, espuma de poliuretano e tampões de betadine com fixadores corporais e protetores 
das feridas. Um grande percentual dos pacientes em que foram utilizadas qualquer dessas 
técnicas necessitavam de ventilação mecânica e reposição de quantidades maciças de 
líquidos. 
Em 1983, Wouters e colaboradores sugeriram a utilização de uma tela de polipropileno 
para fechar o abdome - sem tensão - nesses pacientes com peritonite difusa que, em 
combinação com o uso de drenos intraperitoneais,eliminaria os problemas de evisceração 
associados com o abdome completamente aberto e diminuía a necessidade de ventilação 
mecânica. 
36 
 
 
Em 1986, Hedderich e colaboradores, bem como Teichmann e colaboradores, combinaram 
a utilização da tela de polipropileno, que minimiza os problemas do abdome "aberto", com um 
mecanismo de fechamento tipo zíper para permitir a inspeção diária, o desbridamento, a 
drenagem e a lavagem de toda a loja abscedada ou do espaço infectado. 
A tela é ancorada à aponeurose ou à pele com uma sutura contínua de polipropileno, 
idealmente sobre o grande epíploo. Na primeira reintervenção, a tela é incisada, pratica-se o 
procedimento desejado e um zíper de náilon, existente no mercado e esterilizado com óxido de 
etileno, é costurado às bordas cortadas da tela de polipropileno com uma sutura contínua de 
polipropileno, permitindo o acesso ilimitado à cavidade abdominal, até por mais de uma vez ao 
dia. Tem-se utilizado o zíper mesmo sem a tela. Quando se considerar que a cavidade 
abdominal está livre do processo infeccioso, remove-se a tela e o zíper e realiza-se, nessa 
oportunidade, o fechamento primário da parede abdominal. Muitas das vezes essas reopera-
ções para lavagens e desbridamentos podem ser realizadas na própria unidade de terapia 
intensiva, com ouso de analgesia narcótica parenteral associado a benzodiazepínicos, 
principalmente naqueles casos onde o transporte do paciente para a sala de cirurgia pode 
constituir um grande risco. 
O uso de telas de Gore-Tex foi descrito, mais recentemente, para aplicação nesses casos 
de realização de laparostomias, com ou sem o uso de zíperes, mostrando vantagens sobre as 
telas de polipropileno. 
Afora o uso do zíper nas peritoneostomias, ele também tem sido indicado no tratamento de 
ferimentos em geral bem como em incisões operatórias. 
O uso de um emplastro adesivo atraumático com fecho 
disponível em variados tamanhos - Zíper – Em ferimentos, 
permite-nos prescindir, na maior parte dos casos, da aplicação de 
anestesia local. Através do emplastro adesivo faz-se uma 
coaptação das bordas da ferida, ultimada pelo fechamento do 
zíper. 
Da mesma forma, no fechamento de feridas incisas cirúrgicas, 
pode-se fazer o fechamento do tecido celular subcutâneo e aplicar 
o emplastro adesivo com fecho. Em ambas as indicações evita-se 
a aplicação de fios de sutura ou clipes na pele, levando a melhores 
resultados estéticos. Além do mais, pela abertura do zíper pode-se 
fazer a inspeção, quantas vezes se queira, da ferida, 
acompanhando-se sua cicatrização. Devido à rapidez de sua 
aplicação é possível reduzir-se o tempo de duração do fechamento 
das feridas, propiciando vantagens para os pacientes devido aos resultados cosméticos e à 
remoção não-dolorosa do emplastro. 
 
 
Normas Técnicas de Profilaxia da Raiva Humana 
A transmissao ocorre quando o virus contido na saliva e secrecoes do animal infectado 
penetra no tecido, principalmente atraves de mordedura e, mais raramente, pela 
arranhadura e lambedura de mucosas e/ou pele lesionada. Em 
seguida, multiplica-se no ponto de inoculacao, atinge o sistema nervoso periferico e 
migra para o SNC protegido pela camada de mielina. Nao ha viremia. A partir do SNC, 
dissemina-se para varios orgaos e glandulas salivares, onde tambem se replica e e 
eliminado na saliva das pessoas ou animais infectados.Quanto a suscetibilidade, a 
infeccao e geral para todos os mamiferos. Nao se tem relatos de caso de imunidade 
natural nos seres humanos. A imunidade e adquirida pelo uso da vacina e a imunidade 
37 
 
 
passiva, pelo uso do soro. Em caso de possivel exposicao ao virus da raiva, e 
imprescindivel a limpeza do ferimento com agua corrente abundante e sabao ou outro 
detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamente, o risco de infeccao. E 
preciso que seja realizada o mais rapido possivel apos a agressao e repetida na 
unidade de saude,independentemente do tempo transcorrido. 
A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o 
ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados antissepticos que inativem o virus da 
raiva, como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato de clorexidina ou alcool-
iodado. Essas substancias deverao ser utilizadas somente na primeira consulta. Nas 
seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orientados pelo profissional de saude, de 
acordo com a avaliacao da lesao. 
Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de Atendimento 
Antirrabico Humano (Anexo 1), visando a indicacao correta da profilaxia da 
raiva humana. As exposicoes (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e contatos 
indiretos) devem ser avaliadas de acordo com as caracteristicas do ferimento e do 
animal envolvido para fins de conduta de esquema profilatico 
Características do ferimento 
Em relacao a transmissao do virus da raiva, os ferimentos causados por animais 
devem ser avaliados quanto ao: 
1. Local: ferimentos que ocorrem em regioes proximas ao sistema nervoso central 
(cabeca, face ou pescoco) ou em locais muito inervados (maos, polpas digitaise planta 
dos pes) sao graves, porque facilitam a exposicao do sistema nervoso ao virus. A 
lambedura de mucosas e considerada grave, porque as mucosas sao permeaveis ao 
virus, mesmo quando intactas, e as lambeduras geralmente abrangem areas mais 
extensas. A lambedura da pele integra nao oferece risco. 
2. Profundidade: os ferimentos devem ser classificados como superficiais (sem 
presenca de sangramento) ou profundos (apresentam sangramento, ou seja, 
ultrapassam a derme). Os ferimentos profundos, alem de aumentar o risco de 
exposicao do sistema nervoso, oferecem dificuldades a assepsia, contudo, vale 
ressaltar que os ferimentos puntiformes sao considerados como profundos, 
ainda que algumas vezes nao apresentem sangramento. 
3. Extensão e número de lesões: deve-se observar a extensao da lesao e se ocorreu 
apenas uma unica lesao ou multiplas, ou seja, uma porta de entrada ou varias. Por 
exemplo, uma mordedura pode ter varias portas de entrada. Considerar cada 
perfuracao como uma porta de entrada. 
De acordo com os criterios acima estabelecidos, as exposicoes podem ser 
assim classificadas: 
Acidentes leves 
1. Ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente unicos, em tronco e 
membros (exceto maos, polpas digitais e planta dos pes); podem acontecer em 
decorrencia de mordeduras ou arranhaduras
causadas por unha ou dente. 
2. Lambedura de pele com lesoes superficiais. 
Acidentes graves 
1. Ferimentos na cabeca, face, pescoco, mao, polpa digital e/ou planta do pe. 
2. Ferimentos profundos, multiplos ou extensos, em qualquer regiao do corpo. 
3. Lambedura de mucosas. 
4. Lambedura de pele onde ja existe lesao grave. 
5. Ferimento profundo causado por unha de animais. 
6. Qualquer ferimento por morcego. 
38 
 
 
 
Atenção: o contato indireto, como a manipulação de utensílios 
potencialmente contaminados, a lambedura da pele íntegra e acidentes 
com agulhas durante aplicação de vacina animal não são considerados 
acidentes de risco e não exigem esquema profilático. 
 
Características do animal envolvido no acidente 
1. Cão e gato 
As caracteristicas da doenca em caes e gatos, como periodo de incubacao, 
transmissao e quadro clinico, sao bem conhecidas e semelhantes. Por isso, esses 
animais sao analisados em conjunto. 
Em caso de acidente com estes animais e necessario avaliar: 
a) O estado de saúde do animal no momento da agressão: avaliar se o animal 
estava sadio ou se apresentava sinais sugestivos de raiva. A maneira como 
ocorreu o acidente pode fornecer informacoes sobre seu estado de saude. 
O acidente provocado (por exemplo, o animal que reage em defesa propria, 
a estimulos dolorosos ou outras provocacoes) geralmente indica reacao 
normal do animal, enquanto que a agressao espontanea (sem causa aparente) 
pode indicar alteracao do comportamento e sugere que o animal pode estar 
acometido de raiva. Lembrar que o animal tambem pode agredir devido a 
sua indole ou adestramento. 
b) A possibilidade de observação do animal por 10 dias: se o animal estiver sadio no 
momento do acidente, e importante que ele seja mantido em observacao por 10 dias. 
Nos caes e gatos, o periodo de incubacao da doenca pode variar de alguns dias a anos, 
mas, em geral, e de cerca de 60 dias. No entanto, a excrecao de virus pela saliva, ou 
seja, o periodo em que o animal pode transmitir a doenca, so ocorre a partir do final 
do periodo de incubacao, 
variando entre dois e cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, 
persistindo ate sua morte, que ocorre em ate cinco dias apos o inicio dos sintomas. Por 
isso, o animal deve ser observado por 10 dias. Portanto, se em 
todo esse periodo (dez dias) permanecer vivo e saudavel, nao ha riscos de 
transmissao do virus. 
c) A procedência do animal: e necessario saber se a regiao de procedencia do 
animal e area de raiva controlada ou nao controlada. 
d) Os hábitos de vida do animal: o animal deve ser classificado como domiciliado ou 
nao domiciliado. Animal domiciliado e o que vive exclusivamente dentro do domicilio, 
nao tem contato com outros animais desconhecidos e so sai a rua acompanhado do 
seu dono. Desse modo, esses animais podem ser 
classificados como de baixo risco em relacao a transmissao da raiva. Ao 
contrario, aqueles animais que passam longos periodos fora do domicilio, 
sem controle, devem ser considerados como animais de risco, mesmo que 
tenham proprietario e tenham recebido vacinas, o que geralmente so ocorre 
nas campanhas de vacinacao. 
2. Animais silvestres 
Animais silvestres como morcego de qualquer especie, micos (sagui ou soim, 
como e mais conhecido em algumas regioes), macaco, raposa, guaxinim, quati, 
39 
 
 
gamba, roedores silvestres etc. devem ser classificados como animais de risco, 
mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja vista que, nesses animais, a raiva 
nao e bem conhecida. 
Muitos relatos na literatura médica mostram que o risco de transmissão 
do vírus pelo morcego é sempre elevado, independentemente da espécie 
e da gravidade do ferimento. Por isso, todo acidente com morcego deve 
ser classificado como grave. 
3. Animais domésticos de interesse econômico ou de produção 
Animais domesticos de producao ou de interesse economico (bovinos, 
bubalinos, equideos, caprinos, ovinos, suinos e outros) tambem sao animais de 
risco. E importante conhecer o tipo, a frequencia e o grau do contato ou exposicao que 
os tratadores e outros profissionais tem com esses animais e a incidencia de raiva na 
regiao para avaliar tambem a indicacao de esquema de pre-exposicao ou de pos-
exposicao. 
4. Animais de baixo risco 
Os seguintes roedores e lagomorfos (urbanos ou de criacao) sao considerados 
como de baixo risco para a transmissao da raiva e, por isso, não é necessário indicar 
esquema profilático da raiva em caso de acidentes causados por esses animais: 
a) ratazana de esgoto (Rattus norvegicus); 
b) rato de telhado (Rattus rattus); 
c) camundongo (Mus musculus); 
d) cobaia ou porquinho-da-india (Cavea porcellus); 
e) hamster (Mesocricetus auratus); e 
f) coelho (Oryetolagus cuniculus). 
5. Observação válida para todos os animais de risco 
Sempre que possivel, coletar amostra de tecido cerebral e enviar para o laboratorio de 
referencia. O diagnostico laboratorial e importante tanto para definir a conduta em 
relacao ao paciente quanto para conhecer o risco de transmissao da doenca na area 
de procedencia do animal. Se o resultado for negativo, o esquema profilatico nao 
precisa ser indicado ou, caso tenha sido iniciado, pode ser suspenso. 
 
Todas as características acima são fundamentais para determinar a 
indicação ou não da profilaxia de raiva humana, de acordo com os 
esquemas descritos no Quadro 3. 
40 
 
 
 
E preciso avaliar, sempre, os habitos do cao e do gato e os cuidados recebidos. Podem 
ser dispensadas do esquema profilatico as pessoas agredidas pelo cao, ou gato, que, 
com certeza, nao tem risco de contrair a infeccao rabica. Por exemplo, animais que 
vivem dentro do domicilio (exclusivamente); nao tenham contato com outros animais 
desconhecidos; que somente saem a rua acompanhados dos seus donos e que nao 
circulem em area com a presenca de morcegos. Em caso de duvida, iniciar o esquema 
de profilaxia indicado. 
 
Se o animal for procedente de area de raiva controlada, nao e necessario iniciar o 
esquema. 
Manter o animal sob observacao e so iniciar o esquema indicado (soro + vacina) se o 
animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso. 
3. O soro deve ser infiltrado na(s) porta(s) de entrada. Quando nao for possivel infiltrar 
41 
 
 
toda a dose, aplicar o maximo possivel e a quantidade restante, a menor possivel, 
aplicar pela via intramuscular, podendo ser utilizada a regiao glutea. Sempre aplicar em 
local anatomico diferente do que foi aplicada a vacina. Quando as lesoes forem muito 
extensas ou multiplas, a dose pode ser diluida, o menos possivel, em soro fisiologico, 
para que todas as lesoes sejam infiltradas. 
4. Nos casos em que so se conhece tardiamente a necessidade do uso do soro 
antirrabico, ou quando nao ha soro disponivel no momento, aplicar a dose 
recomendada antes da aplicacao da 3a dose da vacina de cultivo celular. Após esse 
prazo, o soro não é mais necessário. 
5. Nas agressoes por morcegos, deve-se indicar a sorovacinacao independentemente 
da gravidade da lesao, ou indicar conduta de reexposicao. 
 
Bases Gerais da Profilaxia da Raiva Humana 
 
1. A profilaxia contra a raiva deve ser iniciada o mais precocemente possivel. 
2. Sempre que houver indicacao, tratar o paciente em qualquer momento, 
independentemente do tempo transcorrido entre a exposicao e o acesso a 
unidade de saude. 
3. A historia vacinal do animal agressor não constitui elemento suficiente para a 
dispensa da indicacao do esquema profilatico da raiva humana. 
4. Havendo abandono do esquema profilatico, completar as doses da vacina 
prescritas anteriormente e nao iniciar nova serie. 
5. Recomenda-se que o paciente evite esforcos fisicos excessivos e bebidas alcoolicas 
durante e logo apos a profilaxia da raiva humana. 
6. Embora nao se tenha, no Brasil, vacina antirrrabica de virus vivo, em caso de
acidente por esse tipo de vacina, o paciente deve receber esquema profilatico 
completo (soro + vacina). 
7. Em caso de acidente por vacina antirrabica animal de virus inativado, nao ha 
recomendacao de esquema profilatico da raiva humana. 
8. Nao se indica o uso de soro antirrabico para os pacientes considerados 
imunizados por esquema profilatico anterior, exceto nos casos de pacientes 
imunodeprimidos ou em caso de duvidas sobre o tratamento anterior. 
9. Nos casos de pacientes imunodeprimidos, usar, obrigatoriamente, o esquema 
de sorovacinacao, independentemente do tipo de acidente e mesmo se o 
paciente tiver historico de esquema profilatico anterior. Checar se existe 
indicação na literatura. 
10. Nos casos em que se conhece so tardiamente a necessidade do uso do soro 
antirrabico, ou quando nao ha soro disponivel no momento, aplicar a dose de 
soro recomendada antes da aplicacao da 3a dose da vacina de cultivo celular. 
Apos esse prazo, o soro nao e mais necessario. 
11. Nao se deve consumir produtos de origem animal (carne, leite) suspeitos de 
raiva. Se ocorrer, nao ha indicacao de esquema profilatico para raiva humana. 
Nao ha relatos de caso de raiva humana transmitida por essa via. 
Sobre o ferimento 
1. Lavar imediatamente o ferimento com agua corrente, sabao ou outro detergente. 
A seguir, devem ser utilizados antissepticos que inativem o virus da raiva 
(polivinilpirrolidona-iodo, por exemplo, povidine ou digluconato de clorexidina 
42 
 
 
ou alcool-iodado). Essas substancias deverao ser utilizadas uma unica vez, na 
primeira consulta. Posteriormente, lavar a regiao com solucao fisiologica. 
2. Havendo contaminacao da mucosa com saliva, outras secrecoes ou tecidos 
internos de animal suspeito de ter raiva, seguir o esquema profilatico indicado 
para lambedura da mucosa. A mucosa ocular deve ser lavada com solucao 
fisiologica ou agua corrente. 
3. O contato indireto e aquele que ocorre por meio de objetos ou utensilios 
contaminados com secrecoes de animais suspeitos. Nesses casos, indica-se 
apenas lavar bem o local com agua corrente e sabao. 
4. Em casos de lambedura da pele integra por animal suspeito, recomenda-se lavar 
o local com agua e sabao. 
5. Não se recomenda a sutura do(s) ferimento(s). Quando for absolutamente 
necessario, aproximar as bordas com pontos isolados. Havendo necessidade de 
aproximar as bordas, o soro antirrabico, se indicado, devera ser infiltrado 1 hora antes 
da sutura. 
6. Proceder a profilaxia do tetano segundo o esquema preconizado (caso o 
paciente nao seja vacinado ou esteja com o esquema vacinal incompleto) e usar 
antibioticos nos casos indicados, apos avaliacao medica. 
Sobre o animal 
1. O periodo de observacao de 10 (dez) dias é restrito aos caes, gatos e ferret (furao). 
2. Considera-se suspeito todo cao, gato e ferret (furao) que apresentar mudanca 
brusca de comportamento e/ou sinais e sintomas compativeis com a raiva, 
tais como salivacao abundante, dificuldade para engolir, mudanca nos habitos 
alimentares e paralisia. 
3. Sempre que possivel, o animal agressor – cao, gato e ferret (furao) – devera ser 
observado. Se durante o periodo de observacao o animal morrer ou desenvolver 
sintomatologia compativel com a raiva, amostras do seu sistema nervoso central 
deverao ser enviadas para o laboratorio de diagnostico. 
4. A agressao por outros animais domesticos (bovinos, ovinos, caprinos, equideos 
e suinos) devera ser avaliada e, se necessario, e recomendado o esquema 
profilatico, lembrando que nao se indica a observacao desses animais com o 
objetivo de definir a conduta a ser tomada quanto ao ser humano. Se o animal 
morrer, sempre que possivel, deve-se coletar amostra de tecido do sistema 
nervoso central e enviar ao laboratorio de diagnostico. 
5. Cuidados deverao ser observados no manuseio e coleta de material biologico 
de animais, para evitar acidentes. Utilizar equipamentos de protecao individual, 
tais como mascara, oculos, luva e macacao. 
6. Esta indicada a profilaxia da raiva humana, sistematicamente, para todos os casos 
de agressao por animais silvestres, mesmo quando domiciliados e domesticados. 
7. Nao e indicada a profilaxia da raiva humana nas agressoes causadas pelos 
seguintes roedores e lagomorfos (urbanos ou de criacao): 
a) ratazana de esgoto (Rattus norvegicus); 
b) rato de telhado (Rattus rattus); 
c) camundongo (Mus musculus); 
d) cobaia ou porquinho-da-india (Cavea porcellus); 
e) hamster (Mesocricetus auratus); e 
f) coelho (Oryetolagus cuniculus). 
8. Nas agressoes por morcegos, deve-se proceder a sorovacinacao, 
independentemente do tipo de morcego agressor, do tempo decorrido e da 
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gravidade da lesao. Em caso de reexposicao, seguir as orientacoes especificas, 
conforme cada caso. 
Importante: a imunofluorescencia para raiva e um exame importante, de 
alta sensibilidade e especificidade. Em caso de agressao em que o cao ou gato 
tenha evoluido para morte por causa natural e o diagnostico laboratorial do 
animal agressor for negativo pela tecnica de imunofluorescencia, o esquema 
profilatico da raiva humana do paciente, a criterio medico, pode ser suspenso, 
aguardando-se o resultado da prova biologica. Essa regra nao se aplica a 
agressoes por outras especies animais. 
Conteúdo elaborado pelos professores e monitores da disciplina 
de técnica cirúrgica MED 196- 2011.2 
Bibliografia 
 
 1) MONTEIRO, E.L.C; SANTANA,E.M.S. Técnica Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 
 2) TOWNSEND, C. M.;BEAUCHAMP, R. D; EVERS, B. M.; MATTOX, K. L ;Sabiston, Tratado De Cirurgia 
18ºed. Elsevier Brasil 2009 
3) PETROIANU A, MIRANDA ME, OLIVEIRA RG. Blackbook Cirurgia 1ª Ed. Blackbook Editora 2008 
4) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância 
Epidemiológica.Normas técnicas de profilaxia da raiva humana / Ministério da Saúde, Secretaria de 
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 
2011. 
5) PIRES, M.T.B ; STARLING, S.V. Manual deUrgências em Pronto-Socorro.8ª. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006 
6) FERREIRA. L. M., ODO, L. M. Guia De Cirurgia: Urgências E Emergências .1ª ed. Editora Manole 
Ltda 2011 3) SKINOVSKY, J. Cirurgia ambulatorial .1ªed. Editora REVINTER 2009 
7) UTIYAMA, E. M; RASSLAN,S; BIROLINI, D. Procedimentos Básicos Em Cirurgia 1ª Ed. Editora 
Manole ltda 2008 
8) TOWNSEND, COURTNEY M./ EVERS, B. MARK .ATLAS DE TÉCNICAS CIRÚRGICAS. Editora Elsevier 
Brasil .1ª Edição 2011 
 
 
 
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	Fitas adesivas
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