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SEMIÓTICA, CULTURA E LINGUAGEM Prof. Milton Julio Faccin O que é Cultura? Posner, caracteriza qualquer cultura em três níveis: Como uma sociedade (cultura social). Como uma civilização (cultura material). Como uma mentalidade (cultura mental). Posner, Roland. “O mecanismo semiótica da cultura”. Comunicação na era pós-moderna. (M. Rector e E. Neiva, orgs.). Petrópolis: Vozes, 1997: 37 – 49. O que é Cultura? Como uma sociedade, isto é, um conjunto de indivíduos cujas relações mútuas são organizadas em instituições sociais especificas (cultura social). O que é Cultura? Como uma civilização, isto é, um conjunto de artefatos produzidos e utilizados pelos membros desta sociedade (cultura material). O que é Cultura? Como uma mentalidade (um sistema de valores e idéias, morais e costumes), isto é, um conjunto de fatos mentais que controla estas instituições sociais e determina as funções e significados destes artefatos (cultura mental). Semiótica e Cultura • A cultura tem a capacidade de condensar a experiência humana, que vai inferindo gradativamente consciência no grupo social e passa a fazer parte da memória coletiva • É assim que um signo ganha significado. Semiótica, Cultura e Linguagem De modo geral, pode-se aproximar a cultura da linguagem, a medida que esta seria a forma de expressão de um grupo social. Assim, Cultura seria a memória não-genética, aquele conjunto de informações que os grupos sociais acumulariam e transmitiriam, formando um tecido (continuum semiótico) sobre o qual se estruturaria o mecanismo das relações comunicativas. Semiótica, Cultura e Linguagem As transformações tecnológicas dos últimos dois séculos (pós-revolução industrial) ampliaram as formas de expressão criadas pelo homem, ou seja passamos a conviver com diferentes linguagens. As linguagens atravessam nosso cotidiano com diferentes tipos de informações e valores que reforçam ou constroem novos sentidos, indicando um “modos de ser” ou produzindo subjetividades. Vários tipos de linguagens As linguagens se estruturam de diferentes modos e suas regras de combinação, também, são diferentes. Algumas linguagens possuem estruturas mais flexíveis outras não, por exemplo: - Linguagem da moda: muda com o tempo. - Linguagem verbal: são inflexíveis. - Linguagem artística: constituem um meio termo. Tipos de linguagem * Linguagem verbal: é aquela que tem como unidade básica a palavra (oral ou escrita). * Linguagem não verbal: é a que usa os demais signos, como as cores, os sons, os gestos, os cheiros, etc. Exercício Identifique o tipo de linguagem utilizada em cada uma das mensagens: verbal, não verbal ou as duas ao mesmo tempo. Exercício Indique o significado de cada código não verbal a seguir. MATRIZES DA LINGUAGEM E PENSAMENTO Matrizes da Linguagem e Pensamento • Lúcia Santaella postula a existência de três matrizes da linguagem e pensamento. “Postulo, portanto, que há apenas trçs grandes matrizes de linguagem e pensamento a partir das quais se originam todos os tipos de linguagens e processos signicos que os seres humanos, ao longo de toda sua histåria, foram capazes de produzir.” (Santaella, 2001, 20) Matrizes da Linguagem e Pensamento - SONORA - VISUAL - VERBAL • Matriz: lugar onde algo se gera ou se cria múltiplas linguagens, denominadas como híbridas, por serem uma mescla das três matrizes primordiais. LINGUAGENS HÍBRIDAS Linguagens híbridas • Todas formas de linguagens (literatura, música, teatro, desenho, pintura, gravura, escultura, publicidade, jornalismo etc) estão alicerçadas nestas matrizes, não obstante a variedade de suportes (foto, cinema, TV, vídeo, jornal, rádio). Linguagens híbridas • Dança: mistura linguagem visual com linguagem sonora. Linguagens híbridas • Conversa: mistura linguagens verbal, sonora e visual pela gestualidade que a acompanha. Linguagens híbridas • Multimídia - mistura de áudio, visual (vídeo, links e espaços interativos) e verbal. Linguagens híbridas • As matrizes não se apresentam na comunicação de forma pura. • Ela sempre será híbrida quando manifestada em alguma mensagem. • É nesse hibridismo que os signos se entrelaçam e tecem as malhas da significação, isto é da produção e efeito do sentido. Como se afirmou anteriormente, não há linguagens puras, pois todas as linguagens são híbridas. Isso porque: Apenas a sonoridade alcançaria um certo grau de pureza se o ouvido não fosse e se não se ouvisse com o corpo todo. A visualidade, mesmo nas imagens fixas, também é tátil, além de que absorve a lógica da sintaxe, que vem do domínio do sonoro. A verbal é a mais misturada de todas as linguagens, pois absorve a sintaxe do domínio sonoro e a forma de domínio verbal. Explicando ... VOLTANDO ÀS MATRIZES DA LINGUAGEM E PENSAMENTO Matrizes da Linguagem e Pensamento Para Lúcia Santaella: A matriz sonora está relacionada é primeiridade, que é o modo de ser tal como é, pura qualidade de sentimento; A matriz visual, com a categoria da secundidade que é o modo de ser tal como é em relação a qualquer outra coisa – consciência em constante reagir como o mundo. A matriz verbal, é terceiridade, que coloca em relação recíproca um primeiro com um segundo numa síntese intelectual. Para compreender, o que é fenômeno? • Todas as linguagens são apreendidas pelo receptor através de um fenômeno. • Por fenômeno entende-se tudo aquilo que se apresenta à percepção humana. Fenômeno e Pensamento • • Peirce classifica o fenômeno em: • • PRIMEIRIDADE • SECUNDIDADE • TERCEIRIDADE Primeiridade É o modo de ser daquilo que é tal como é, sem referência a qualquer coisa. Pura qualidade de sentimento. Momento de suspensão do pensamento. A consciência aberta para aquilo que a ela se apresenta. É espontâneo, imediato e livre. Explicando, a PRMEIRIDADE é ligada a qualidade, algo que falamos ou sentimos (sensações), independente de outras coisas, não tem relação ou referência com outra coisa. Por exemplo, entendermos a cor azul e sua “azulidade” sem remeter a nenhum sentimento ou lembranças que tivemos. A primeiridade é a sensação de liberdade, paz. Secundidade • É o modo de ser daquilo que é tal como é, em relação a qualquer outra coisa. • É a nossa consciência que reage constantemente com o mundo. • É quando a pessoa lê com profundidade e compreensão o seu conteúdo. O observador faz uma comparação com experiências e situações vividas por ele. • Explicando, a SECUNDIDADE é ligada a existência, é algo que existe em algum lugar, e tem uma relação com alguma coisa, já temos a relação de identificação de algo e o sentimento que esse algo remete para nós A secundidade é você sentir que o sol está batendo no seu rosto. Terceiridade • É o modo de ser daquilo que coloca em relação recíproca um primeiro e um segundo “numa síntese intelectual [...] pensamento em signo”. • É a reflexão que você fará (pode ser uma ação, uma reflexão etc). • É o pensamento em signos, a qual representamos e interpretamos. • Explicando, a TERCEIRIDADE está ligada a lei, representamos e interpretamos o todo, ao nível simbólico. É a representação de algo com os nossos sentimentos, e agora com fator cognitivo, o estudo de semiose, das articulações dos signos propriamente dito. A terceiridade é a sua ação de você sair do sol, por exemplo. Aplicando ... Quais são as propriedades das matrizes? 1. Matriz sonora 1.1 As sintaxes do acaso 1.2 As sintaxes dos corpos sonoros 1.3 As sintaxes das convenções musicais 2. Matriz visual 2.1 Formas não-representativas 2.2 Formas figurativas 2.3 Formas representativas 3. Matriz verbal 3.1 Descrição 3.2 Narração 3.3 Dissertação MATRIZ SONORA Todo e qualquer tipo de som capturado pela audição Realiza a primeiridade, por ser qualidade pura Tem poder referencial frágil porque não substitui algo concreto, não tem poder de representação de algo que esteja fora dele. O som é o som, mas não tem o poder de substituir, estar no lugar de outra coisa que não seja ele mesmo. O som possibilita a fuga do pensamento (poder de fugacidade) A falta de capacidade referencial do som é compensada pelo poder de sugestão de ideias, ou seja, associações por similaridade. O som é pura qualidade de sentimento. “(...) aquilo que dá sabor, tom, matiz é nossa consciência imediata, mas é também paradoxalmente justo aquilo que se oculta ao nosso pensamento, porque para pensar precisamos nos deslocar no tempo, deslocamento que nos coloca fora do sentimento mesmo que tentamos capturar.”(SANTAELLA, 2001, 43). Tem como propriedade a sintaxe (combinação dos elementos a fim de formar unidades mais complexas). Sintaxes do acaso Sintaxes dos corpos sonoros Sintaxes das convenções musicais Sintaxes do acaso (vento, espirro...) Fortes atributos como fugacidade e indeterminação Forte poder evocador Ênfase na espontaneidade O Acaso pode ser programado ou não Sintaxes dos corpos sonoros (pandeiro, buzina...) Atributos associados a algo previamente conhecido, pois designa algo Ênfase na orientação do pensamento O som dos corpos sonoros são fixados previamente pela cultura Sintaxes das convenções musicais (ritmo, melodia e harmonia). Expressam- se nos diversos sistemas musicais criados pelo homem. O ritmo (combinações das variações de durações e acentos), A melodia (organização horizontal das alturas ou sucessão de sons que variam em altura e duração) A harmonia (organização vertical das alturas ou combinação simultânea de notas). MATRIZ VISUAL Reflexos luminosos capturados pela visão humana. Realiza a secundidade, por haver uma presentificação, uma singularidade existente. Tem poder de fragmento do real, pois ver é estar diante de algo que toma conta da nossa apreensão (mesmo que seja imagem mental, onírica). Há que se lembrar que desde tempo das cavernas o homem tenta duplicar o mundo. Quais os TIPOS de imagens visuais? Imagens Artesanais ou Artísticas: Desenho Pintura Gravura Imagens Técnicas: Fixas – fotografia, holografia De movimento – cinema, televisão, vídeo e computação gráfica. Tem como propriedade a forma (aspecto exterior dos corpos materiais). - Formas não-representativas - Formas figurativas - Formas representativas ou simbólicas • Formas não-representativas: imagens abstratas. • Formas figurativas: imagens que apenas fazem uma referência ao objeto, tais como as pinturas e esculturas mais realistas. • Formas representativas ou simbólicas: imagens que a elas estão associadas ideias conceituais, como os símbolos matemáticos. MATRIZ VERBAL Da faculdade de verbalização própria do homem Realiza a terceiridade, por ser o reino das abstrações. Tem poder conceitual. Seus atributos são a arbitrariedade e a convencionalidade (é uma lei que fará o signo ser interpretado como se referindo a um determinado objeto). Há que se atentar que a linguagem verbal oral incorpora elementos da sonoridade e do gestual - considerada híbrida por Santaella. Matriz verbal Tem como eixo fundamental o discurso verbal (organização da sequencialidade discursiva), que está sempre dirigido para os efeitos interpretativos que é capaz de produzir em processos comunicativos. Santaella considerou a DESCRIÇÃO, a NARRAÇÃO e a DISSERTAÇÃO como os grandes princípios organizadores do discurso. Matriz verbal Matriz verbal • Descrição • - apreende e apresenta as qualidades das coisas, pessoas, ambientes e situações • - corresponde à primeira subdivisão da matriz verbal Matriz verbal • Narração • - traduz ações, eventos e conflitos (normalmente protagonista e antagonista) que se desenrolam e impulsionam a história Matriz verbal • Dissertação • - apresentação de argumentos (introdução) e passagem de premissas (desenvolvimento) para uma conclusão. • - Encontra-se no âmbito do intelecto, das abstrações racionais. LINGUAGENS E INTERPRETAÇÃO DAS MENSAGENS Interpretação • A interpretação das mensagens produzidas pelo emissor através do uso das linguagens passa pela noção de interpretante da linha semiótica de Charles Sanders Peirce. • O interpretante é uma dimensão do signo. • MAS O QUE É SIGNO? O que é Signo? • Pela concepção peirceana, um signo tenta estar no lugar de seu objeto, ele é toda coisa que possa afetar uma mente, seu intérprete, e que deste possa dirigir a atenção sobre um objeto qualquer, o qual já está contido na esfera de sua experiência. • “(...) ele tem o poder de estimular o espírito (seja diretamente pela imagem ou pelo som, ou indiretamente) em qualquer gênero de emoção, ou a um esforço de qualquer espécie ou a um pensamento[...]” -Tudo aquilo que representa algo para alguém. -Algo que está no lugar de outra coisa. - Faz presente o ausente. O que é Signo? Da série de pinturas intitulada A Traição das Imagens , do belga René Magritte (1898-1967). Para pensar ... Um Signo, enfim, é uma representação do seu objeto. Ele, o signo, tenta representar seu objeto, tenta estar no lugar dele. É, pois, aquilo que dá corpo ao pensamento. Por outras palavras, ao representar, o homem esquematiza o real e materializa o seu pensamento em signos. Mas, o que é representação? “uma parte essencial do processo através do qual o sentido é produzido e trocado entre membros de uma cultura” (Hall, 1997: 15). “a produção do sentido dos conceitos nas nossas mentes através da linguagem. É o laço entre os conceitos e a linguagem que nos capacita para referir o mundo real dos objetos, pessoas e eventos, ou palavras imaginárias de objetos, pessoas e eventos ficcionais” (Hall, 1997: 17). Stuart Hall (1997). Representation: cultural representations and signifying practices. London, California, New Dehli: SAGE, Open University. Mas, o que é representação? “A unidade de representação conhecida como signo – tida como entidade básica para se compreender a cultura e suas linguagens – encerra uma relação de alteridade. Representar significa substituir e substituir denota estar no lugar do outro. É como se o signo possuísse algum aspecto vicário do referente, ainda que puramente convencional como no símbolo peirciano” (Bettochi; Coelho; Formiga, 2002). Eliane Bettochi; Luiz Antonio L. Coelho; Simone Formiga (2002), “Quem reflete que reflexo?”. Artigo apresentado no I Simpósio O Outro – PUC-Rio. 12 e 13 de Agosto. Disponível em: http://wwwusers.rdc.puc- rio.br/imago/site/virtualidade/ensaios/reflexo.htm. Mas, o que é representação? Peirce fala da Semiótica como “a teoria geral das representações, usando ora o termo signo ora representação. Especifica representação como um processo de apresentação de um objeto a um intérprete de um signo, ou simplesmente a relação entre o signo e o objeto, introduzindo um terceiro termo – o representamen” (Santaella, 1999: 17). Lúcia Santaella (1999). Matrizes da linguagem e pensamento- sonoro, visual e verbal. São Paulo: Iluminuras. Signos naturais: • Trazem significados pela sua própria natureza. Signos arbitrários: • Partem de uma regra ou convenção. Classificação geral dos signos Cadeira • O signo só tem sentido quando o repertório do receptor permite compreender a idéia. • Ou seja, o signo precisa, de fato, trazer significação para o decodificador. O que é Signo? Em relação aos aspectos do objeto e do interpretante do signo, Peirce estabelece a existência de: - Um objeto dinâmico, - Um objeto imediato, - Um interpretante imediato - Um interpretante dinâmico - Um interpretante final. Interpretação Objeto dinâmico: É tudo aquilo sobre o qual podemos pensar, falar, sonhar, ouvir, tocar, sentir etc. ou ainda o tema que determina o signo. É a coisa em si. O objeto imediato: É aquele pedaço que o signo traz do objeto dinâmico ao tentar representá-lo. É a forma de representação do signo, ou, então, como o objeto está representado. Interpretação Interpretante imediato. Tudo aquilo que um signo está apto a produzir em uma mente interpretadora. Interpretante dinâmico. Aquilo que o signo efetivamente produz em cada mente singular. É o efeito de sentido desejando. Interpretante em si ou final. Modo como qualquer mente reagiria ao signo, dadas certas condições. Interpretação Exemplo FIM Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76 Slide 77 Slide 78 Slide 79 Slide 80 Slide 81 Slide 82 Slide 83 Slide 84 Slide 85 Slide 86 Slide 87 Slide 88 Slide 89 Slide 90 Slide 91 Slide 92 Slide 93 Slide 94 Slide 95