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Prof. Giovani Rodrygo Rossi
Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela UNIFEV, mestrando em Direito pela UNIVEM
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
(2º SEMESTRE)
Santa Fé do Sul – SP
2013
Carlos Henrique da Silva Galo – 2º Semestre Direito Noturno - FUNEC
DIREITO CIVIL - DAS OBRIGAÇÕES
1. Conceito de direito obrigacional
Trata-se do conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre um credor e um devedor a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer (Pablo Stolze).
Vejamos o esquema que demonstra o conceito:
CREDOR ------------------------------------------------------- DEVEDOR
 	 cobrar a prestação (dar, fazer, não fazer)
Pois bem, havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor. O credor irá cobrar o devedor para que cumpra com sua obrigação.
1.1. Conceito de Direito Real 
Já os direitos reais significa o direito de seu titular em perseguir a coisa onde ela esteja e contra quem quer que seja. Não se trata de direito das obrigações. Trata-se do jus persequendi, ou seja, direito de seqüela, que consiste em perseguir a coisa.
Esquema que demonstra os direitos reais:
SUJEITO ----------------------------------------------- BEM
 (persegue o bem)
Tabela sobre as diferenças entre direitos obrigacionais e direitos reais.
	DIREITOS OBRIGACIONAIS
	DIREITOS REAIS
	Incide sobre uma prestação
	Incide sobre um bem
	Sujeito passivo determinável
	Sujeito passivo indeterminado
	Cooperação do s. passivo
	Independe de coop. s. passivo
	Ilimitados
	Limitados
	direito relativo
	Oponíveis erga omnes
2. Evolução Histórica
Na Grécia antiga, não havia uma definição de obrigação.
Aristóteles dividiu em dois tipos:
a) Voluntárias (acordo entre as partes).
b) Involuntárias (decorrente de um fato), ato ilícito praticado às escondidas ou mediante violência.
No Direito Romano, também não se conhecia a expressão obrigação. Mas existia o nexum (empréstimo), pela qual, o credor exigia do devedor certa prestação, sob pena de responder com o próprio corpo (escravo).
OB: Hoje, a luz do princípio da dignidade da pessoa humana, o patrimônio que deverá responder pela obrigação e não a pessoa do devedor. Prova disso, é a possibilidade da transmissão das obrigações.
OB: Aplica-se ao direito das obrigações, o princípio da função social das obrigações e o princípio da boa fé objetiva. Os dois princípios baseiam-se em um comportamento ético, que deverá existir no direito das obrigações, ou seja, quando houver a contratação de algum negócio, por exemplo, as partes deverão ter comportamentos éticos.
3. Elementos da Obrigação
Temos o elemento Subjetivo, que é o credor e devedor, o elemento objetivo que é a prestação (imediato) e o bem da vida (mediato), e por fim, o elemento imaterial, virtual ou espiritual que é o vínculo jurídico existente entre as partes.
 O credor é o beneficiário da obrigação (pode ser uma pessoa física, jurídica ou ente despersonalizado). Já o devedor assume um dever de cumprir a obrigação, sob pena de responder com seu patrimônio.
OB: Não se permite mais a prisão civil do depositário infiel. Isso significa que ninguém pode ser preso por uma dívida civil, inclusive o depositário infiel (aquela pessoa que ficava responsável pelo veículo financiado e quando não quitava o financiamento e não devolvia o veículo era considerado depositário infiel e sua prisão civil era decretada).
A única dívida civil que autoriza a prisão é o não pagamento de pensão alimentícia, de forma inescusável (indesculpável).
Estrutura das obrigações
DÉBITO (SCHULD) E RESPONSABILIDADE (HAFTUNG)
Pode haver débito sem responsabilidade, e da mesma forma, responsabilidade sem débito.
Situação nº. 1: Obrigação sem responsabilidade (schuld sem haftung)
É o caso da obrigação natural (dívida prescrita e dívida de jogo). Nesta hipótese existe o débito, mas não há responsabilidade, pois não pode ser exigida. Exemplo deve ao médico, mas a dívida já está prescrita (não pode haver cobrança). A dívida existe, mas como já passou o prazo de cobrança (prescrição), não há responsabilidade do devedor.
Situação nº. 2: Responsabilidade sem obrigação (haftung sem schuld)
É o caso da fiança. Na fiança, alguém assume a responsabilidade de uma dívida de outrem. O fiador não é o principal devedor, que fez a dívida, mas ele se responsabiliza.
Algumas diferenças conceituais:
Obrigação: dever jurídico oriundo da relação de crédito.
Responsabilidade: surge em caso de não cumprimento da obrigação.
Adimplemento: cumprir, quitar.
Inadimplemento: descumprir a obrigação.
A transferência dos Imóveis ocorre por meio do registro no Cartório de Imóveis, a exemplo de um terreno, de uma casa, de um sítio. Já a transferência dos móveis ocorre por meio da tradição, entrega do bem, a exemplo da entrega de um veículo, uma moto.
4. Fontes das Obrigações.
São fontes das obrigações, no direito romano, contrato, quase contrato (que era a gestão de negócios), delito (ilícito doloso), quase delito (ilícito culposo).
Já as fontes das obrigações na atualidade são a lei (fonte primária), os contratos, atos ilícitos e abuso de Direito, atos unilaterais (ex: promessa de recompensa, gestão de negócios) e títulos de crédito (ex: cheque, nota promissora).
5. Classificação das obrigações
5.1 Classificação quanto ao conteúdo:
a) Obrigação de meio = é aquela em que o devedor só é obrigado a empenhar-se para perseguir um resultado, mesmo que este não seja alcançado. Só responde se houver CULPA. Haverá responsabilidade civil SUBJETIVA. Assumem obrigação de meio os profissionais liberais em geral, caso do advogado e do médico.
Nesse sentido é o que dispõe o §4º do art. 14 do Código de defesa do consumidor (Lei 8078/90).
Art. 14...
§ 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Vejamos o julgado do STJ:
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - ERRO MÉDICO - MORTE DE PACIENTE DECORRENTE DE COMPLICAÇÃO CIRÚRGICA - OBRIGAÇÃO DE MEIO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO MÉDICO – ACÓRDÃO RECORRIDO CONCLUSIVO NO SENTIDO DA AUSÊNCIA DE CULPA E DE NEXO DE CAUSALIDADE - FUNDAMENTO SUFICIENTE PARA AFASTAR A CONDENAÇÃO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE – TEORIA DA PERDA DA CHANCE - APLICAÇÃO NOS CASOS DE PROBABILIDADE DE DANO REAL, ATUAL E CERTO, INOCORRENTE NO CASO DOS AUTOS, PAUTADO EM MERO JUÍZO DE POSSIBILIDADE - RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
I - A relação entre médico e paciente é contratual e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio, sendo imprescindível para a responsabilização do referido profissional a demonstração de culpa e de nexo de causalidade entre a sua conduta e o dano causado, tratando-se de responsabilidade subjetiva;
II - O Tribunal de origem reconheceu a inexistência de culpa e de nexo de causalidade entre a conduta do médico e a morte da paciente, o que constitui fundamento suficiente para o afastamento da condenação do profissional da saúde;
III - A chamada "teoria da perda da chance", de inspiração francesa e citada em matéria de responsabilidade civil, aplica-se aos casos em que o dano seja real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e não de mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no âmbito da responsabilidade civil, em regra, não é indenizável;
IV - In casu, o v. acórdão recorrido concluiu haver mera possibilidade de o resultado morte ter sido evitado caso a paciente tivesse acompanhamento prévio e contínuo do médico no período pós-operatório, sendo inadmissível, pois, a responsabilização do médico com base na aplicação da "teoria da perda da chance" ;
V - Recurso especial provido.
Recurso Especial n. 1.104.665 – RS (2008/0251457-1)
A respeito do assunto, esclarece José de Aguiar Dias:
“A prova da culpa.
Do fato de ser o contrato de tratamento médico
uma obrigação de meio e não de resultado, decorre, como vimos, que ao prejudicado incumbe a prova de que o profissional agiu com culpa. Na apuração da responsabilidade há que atender a estas normas: a) a prova pode ser feita por testemunhas, quando não haja questão técnica a elucidar; caso contrário, será incivil admiti-la, dada ignorância da testemunha legal com relação aos assuntos médicos. Por outro lado, sendo a perícia o caminho naturalmente indicado ao julgador, é necessário que se encare esse meio de prova prudentemente, atenta à possibilidade de opinar o perito, por espírito de classe, favoravelmente ao colega em falta; b) é indispensável estabelecer a relação de causa e efeito entre o dano e a falta do médico, que acarreta responsabilidade ainda quando o nexo de causalidade seja mediato” (in Da Responsabilidade Civil, 11ª edição, pág. 334).
Vejamos julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo sobre o profissional dentista, em que não reconheceu a culpa, por se tratar de obrigação de meio:
Ementa - Direito Processual Civil - Ação de Indenização por Danos Morais - Insucesso de procedimento odontológico - Implantes dentários —. Culpa não comprovada - Falta de nexo causai entre o resultado e o procedimento cirúrgico - Obrigação de meio - Precedentes do E. STJ - Sentença mantida – Recurso improvido. (TJSP, Apelação n° 0105809-39.2006.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, Rel. Luiz Antônio Costa, 17.08.11)
b) Obrigação de resultado = na obrigação de resultado, a prestação só é cumprida com a obtenção de um resultado, geralmente oferecido pelo devedor previamente. Responde independente de culpa. Trata-se por isso de responsabilidade civil OBJETIVA (não precisa provar a culpa). Assumem obrigação de resultado o transportador, o médico cirurgião plástico estético e o dentista estético. O transportador responde por obrigação de resultado, pela CLÁUSULA DE INCOLUMIDADE, ou seja, pelo dever de levar o passageiro ou a coisa até o destino com segurança.
IMPORTANTE: o médico cirurgião plástico estético e o dentista estético respondem por obrigação de resultado. O que prometeram devem cumprir, ou seja, deve obter o resultado esperado. 
(cuidado: os profissionais liberais, como o médico, sempre haverá necessidade em demonstrar a culpa).
Vejamos julgado em que cirurgia plástica é obrigação de resultado.
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.
1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam verdadeira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito embelezador prometido.
2. Nas obrigações de resultado, a responsabilidade do profissional da medicina permanece subjetiva. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia.
3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito possui força liberatória e exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo paciente e o serviço prestado pelo profissional.
4. Age com cautela e conforme os ditames da boa-fé objetiva o médico que colhe a assinatura do paciente em “termo de consentimento informado”, de maneira a alertá-lo acerca de eventuais problemas que possam surgir durante o pós-operatório.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO
Recurso Especial n. 1.180.815 – MG (2010/0025531-0)
CUIDADO: O médico cirurgião plástico reparador assume obrigação de meio ou diligência, somente respondendo se provada a sua culpa.
No ano de 2008, no âmbito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, houve um julgado que entendeu que a cirurgia para a correção de miopia, por se tratar de procedimento médico, encerra OBRIGAÇÃO DE MEIO, e não de RESULTADO (Havendo melhora na acuidade visual, a sua finalidade foi atingida, não podendo o médico garantir a visão perfeita).
RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL
No caso dos hospitais, a sua responsabilidade é objetiva, ou seja, responde independente de culpa.
Vejamos:
RECURSO ESPECIAL: 1) RESPONSABILIDADE CIVIL - ERRO DE DIAGNÓSTICO EM PLANTÃO, POR MÉDICO INTEGRANTE DO CORPO CLÍNICO DO HOSPITAL - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL; 2) CULPA RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM - 3) TEORIA DA PERDA DA CHANCE - 4) IMPOSSIBILIDADE DE REAPRECIAÇÃO DA PROVA PELO STJ - SÚMULA 7/STJ
1.- A responsabilidade do hospital é objetiva quanto à atividade de seu profissional plantonista (CDC, art. 14), de modo que dispensada demonstração da culpa do hospital relativamente a atos lesivos decorrentes de culpa de médico integrante de seu corpo clínico no atendimento.
2.- A responsabilidade de médico atendente em hospital é subjetiva, a verificação da culpa pelo evento danoso e a aplicação da Teoria da perda da chance demanda necessariamente o revolvimento do conjunto fático-probatório da causa, de modo que não pode ser objeto de análise por este Tribunal (Súmula 7/STJ).
3.- Recurso Especial do hospital improvido.
Recurso Especial n. 1.184.128 - MS (2010/0038999-0)
Casos específicos julgados recentemente sobre a responsabilidade civil
No primeiro julgado, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu mais uma vez que se deve demonstrar a culpa do médico, entretanto, nos termos do Código de Defesa do Consumidor (art. 6º, VIII), cabe ao médico demonstrar, provar que agiu com diligência, com cuidado e com respeito às orientações técnicas aplicáveis.
Vejamos o primeiro caso:
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 165 E 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO.
1. Se as questões trazidas à discussão foram dirimidas, pelo Tribunal de origem, de forma suficientemente ampla, fundamentada e sem omissões deve ser afastada a alegada violação aos arts. 165 e 535 do Código de Processo Civil.
2. A responsabilidade subjetiva do médico (CDC, art. 14, §4º) não exclui a possibilidade de inversão do ônus da prova, se presentes os requisitos do art. 6º, VIII, do CDC, devendo o profissional demonstrar ter agido com respeito às orientações técnicas aplicáveis. Precedentes deste Tribunal.
3. A verificação da presença dos requisitos estabelecidos art. 6º, VIII, do CDC (verossimilhança da alegação ou hipossuficiência), implica reexame de matéria de fato vedado pela Súmula 7.
4. À caracterização do dissídio jurisprudencial, nos termos dos artigos 541, parágrafo único, do Código de Processo Civil e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ, é necessária a demonstração da similitude de panorama de fato e da divergência na interpretação do direito entre os acórdãos confrontados.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
AgRg no Agravo de Instrumento n. 969.015 – SC (2007/0244421-0).
No segundo caso, o Superior Tribunal de Justiça excluiu a responsabilidade do hospital, porque o médico não tinha vínculo com o mesmo, ele apenas havia locado um espaço do hospital para realizar cirurgia.
Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE
CIVIL. ERRO MÉDICO. NEGLIGÊNCIA. INDENIZAÇÃO. RECURSO
ESPECIAL.
1. A doutrina tem afirmado que a responsabilidade médica empresarial, no caso de hospitais, é objetiva, indicando o parágrafo primeiro do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor como a norma sustentadora de tal entendimento.
Contudo, a responsabilidade do hospital somente tem espaço quando o dano decorrer de falha de serviços cuja atribuição é afeta única e exclusivamente ao hospital. Nas hipóteses de dano decorrente de falha técnica restrita ao profissional médico, mormente quando este não tem nenhum vínculo com o hospital – seja de emprego ou de mera preposição –, não cabe atribuir ao nosocômio a obrigação de indenizar.
2. Na hipótese de prestação de serviços médicos, o ajuste contratual – vínculo estabelecido entre médico e paciente – refere-se ao emprego
da melhor técnica e diligência entre as possibilidades de que dispõe o profissional, no seu meio de atuação, para auxiliar o paciente. Portanto, não pode o médico assumir compromisso com um resultado específico, fato que leva ao entendimento de que, se ocorrer dano ao paciente, deve-se averiguar se houve culpa do profissional – teoria da responsabilidade subjetiva. No entanto, se, na ocorrência de dano impõe-se ao hospital que responda objetivamente pelos erros cometidos pelo médico, estar-se-á aceitando que o contrato firmado seja de resultado, pois se o médico não garante o resultado, o hospital garantirá. Isso leva ao seguinte absurdo: na hipótese de intervenção cirúrgica, ou o paciente sai curado ou será indenizado – daí um contrato de resultado firmado às avessas da legislação.
3. O cadastro que os hospitais normalmente mantêm de médicos que utilizam suas instalações para a realização de cirurgias não é suficiente para caracterizar relação de subordinação entre médico e hospital. Na verdade, tal procedimento representa um mínimo de organização empresarial.
4. Recurso especial do Hospital e Maternidade São Lourenço Ltda. provido.
c) Obrigação de garantia = exemplo do fiador
5.2 Classificação quanto ao conteúdo do objeto obrigacional
a) Obrigação de dar = O sujeito passivo compromete-se em entregar alguma coisa (certa ou incerta).
Na obrigação de dar coisa certa, o devedor se obriga a dar uma coisa individualizada. (arts. 233 a 242 do CC) Ex: obrigação de dar um cavalo. Nela, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 313 do CC).
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. (art. 233). Ex: frutos.
Já na obrigação de dar coisa incerta, tem-se por objeto uma coisa indeterminada. A coisa deverá ser indicada pelo gênero e quantidade. Ex: dar dez sacas de café, não especificou a qualidade. Em regra a escolha cabe ao devedor (qualidade), e este ato é chamado de CONCENTRAÇÃO. Mas, o título da obrigação poderá indicar ao credor a escolha. O devedor não é obrigado a dar mais valiosa. E o credor não é obrigado a aceitar a coisa menos valiosa. Deve se achar um meio termo. Feita a escolha, aplica-se as regras previstas para a obrigação de dar coisa certa.
Perecimento da Coisa
Pode acontecer que a coisa que foi negociada pereça, ou seja, desapareça, deixa de existir. Se a coisa deixa de existir, não é possível mais o devedor entregá-lo para o credor. Então, com o desaparecimento da coisa, haverá várias consequências, e quando houver culpa, se resolve em indenização.
Vejamos as consequências no caso de perecimento da coisa:
A coisa perece, SEM CULPA do devedor, resolve-se a obrigação, sem perdas e danos. Já havendo CULPA do devedor, ele responde pelo valor da obrigação + perdas e danos (indenização). Responderá somente se houver culpa, não podendo lhe ser atribuído à responsabilidade em caso de caso fortuito ou força maior.
Ex: dar uma ferrari, se esta danificar sem culpa do devedor, a obrigação se resolve, até porque o veículo não existe mais. Agora se o devedor foi quem danificou a ferrari, ele terá que responder pelo valor da Ferrari mais indenização, se provar que teve prejuízo. O prejuízo neste exemplo pode ser que a Ferrari seria revendida por um bom preço. 
Nos casos abaixo, responde mesmo em casos de caso fortuito e força maior (evento imprevisível da natureza, chuvas, terremotos, etc):
- devedor em mora, a não ser que prove ausência total de culpa ou que a perda da coisa, objeto da obrigação, ocorrerá mesmo não havendo a mora.
- previsão no contrato
- previsão legal.
Deterioração da coisa
Na deterioração, a coisa estragou. Mas ela continua a existir. Lembre-se que o perecimento, a coisa deixa de existir.
Deterioração SEM CULPA do devedor = 
Abre-se ao credor duas opções:
Opção n. 1 - resolve-se a obrigação, sem perdas e danos.
Opção n. 2 – ficar com a coisa, abatido o preço.
Deterioração COM CULPA do devedor =
Abre-se ao credor duas opções:
Opção n. 1 – exigir o valor equivalente ao da obrigação + perdas e danos.
Opção n. 2 – aceitar a coisa deteriorada, sem prejuízo de perdas e danos (indenização).
ATENÇÃO= de acordo com o art. 237 do CC, até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Exemplo: venda de um animal. Enquanto não entregar o animal (tradição) ele pertence ao devedor com seus acréscimos (animal prenhe). Assim, o devedor poderá exigir um aumento no preço pelo animal prenhe, e se o credor não aceitar, o negócio poderá ser desfeito.
Obrigação de restituir coisa certa
Consiste na obrigação em restituir uma coisa.
PERECIMENTO.
SEM CULPA do devedor = não responde pela obrigação.
A coisa perece para o dono (res perit domino). A coisa desapareceu para o dono.
Ex: contrato de locação= neste contrato, ao fim da locação, o inquilino é obrigado a restituir o imóvel. Caso o imóvel se perde em incêndio por caso fortuito e força maior, não há obrigação de dar outro imóvel no lugar do primeiro.
COM CULPA do devedor = responderá pelo equivalente + perdas e danos (indenização).
Imagine que no exemplo acima, do incêndio, tenha ele sido intencional, neste caso o inquilino terá que pagar o valor do imóvel mais indenização.
Obs: art. 246 do CC – o gênero nunca perece.
DETERIORAÇÃO
SEM CULPA do devedor = o credor receberá a coisa no estado em que se encontrar, sem indenização.
COM CULPA do devedor = o credor irá exigir o valor da coisa + perdas e danos.
No exemplo do incêndio, a casa não desapareceu, apenas danificou.
Então se no incêndio não houver culpa do inquilino, o locador receberá a casa no estado em que se encontrar. Agora, se o incêndio for intencional, o locador poderá exigir o valor do imóvel mais indenização.
IMPORTANTE. ASPECTOS PROCESSUAIS.
A lei nº. 10.444/02 alterou o Código de Processo Civil.
Preceito cominatório via tutela específica.
O credor poderá requerer ao juiz, para fazer cumprir a obrigação de dar:
Fixação de Multa (astreintes);
Busca e Apreensão da Coisa.
 Remoção de pessoas e coisas
Desfazimentos de obras;
Outras medidas previstas no art. 461, §5º, do CPC.
Obs1: não é possível fixar astreintes (multa) nas obrigações pecuniárias.
Obs2: não é possível fixar astreintes (multa) nas obrigações de dar coisa incerta.
Obrigação de Fazer
Obrigação de fazer = Consiste no cumprimento de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor. Ex: obrigação de fazer um quadro. Atenção: se o quadro já estiver pronto, trata-se de obrigação de dar.
A obrigação de fazer divide-se em:
a) obrigação de fazer fungível = é aquela que pode ser cumprida por outra pessoa, à custa do devedor originário.
b)obrigação de fazer infungível = que é aquela que tem natureza personalíssima (intuitu personae).
OB: art. 247 do CC: negando-se o devedor ao seu cumprimento, a obrigação de fazer converte-se em obrigação de dar, devendo o sujeito passivo arcar com as perdas e danos (indenização).
Atenção: o credor poderá requerer o cumprimento da obrigação de fazer nas suas duas modalidades, por meio de ação específica com a fixação de multa ou astreintes (multa) pelo juiz, conforme os arts. 461 do Código de processo civil e 84 do Código de defesa do consumidor.
Consequências do não cumprimento da obrigação de fazer
Art. 248 do CC – Obrigação de fazer
SEM CULPA do devedor = resolve-se a obrigação, sem perdas e danos.
Por outro lado:
COM CULPA do devedor = deverá arcar com perdas e danos (indenização).
Casos de emergência na obrigação de fazer
Art. 249, parágrafo único, do CC: “em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Ex: acabar de construir o prédio por conta própria.
Ex: consertar o veículo, em razão de urgência, e após cobrar o ressarcimento da seguradora.
Obrigação de não fazer
Tem como objeto a abstenção
de uma conduta. O descumprimento ocorre quando o ato é praticado.
Art. 390: “nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster”.
Se o adimplemento da obrigação de não fazer tornar-se impossível sem culpa do devedor, será resolvida.
A obrigação de não fazer pode ter origem legal ou convencional.
Legal= o caso do proprietário de imóvel, que tem o dever de não construir até certa distância do imóvel vizinho (arts. 1.301 e 1.303 do CC).
Convencional = contrato de sigilo industrial que alguém celebra com a empresa que era sua empregadora, por ter sido contratado pelo concorrente.
Art. 251 do CC: praticado o ato pelo devedor, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado as perdas e danos.
A obrigação de não fazer poderá ser convertida em obrigação de dar coisa certa (obrigação de arcar com perdas e danos - indenização).
Art. 251 do CC: “em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido”.
OB: Súmula 410 do STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
5.3 Classificação quanto à presença ou não de elemento acidental.
a) obrigação pura: é aquela que não está sujeita a condição, termo ou encargo. Ex: doação pura.
b) obrigação condicional: é aquela que contém cláusula que subordina o seu efeito a um evento futuro e incerto. Ex: doação feita ao nascituro (art. 542 do CC). Utiliza-se as expressões “se” e “enquanto”.
c) obrigação a termo: é aquela que contém uma cláusula que subordina seu efeito a um evento futuro e certo. Utiliza a expressão “quando”. Ex: doação a termo.
d) Obrigação modal ou com encargo: é aquela onerada por um encargo, um ônus à pessoa contemplada pela relação jurídica. Ex: doação modal. Utiliza a expressão “para que”.
5.4 Classificação quanto à dependência
a) Obrigação principal = é aquela que independe de qualquer outra para ter existência. Ex: obrigação assumida pelo locatário.
b) Obrigação acessória = tem sua existência subordinada a outra relação jurídica obrigacional. Ex: obrigação assumida pelo fiador.
5.5 Classificação quanto ao local para cumprimento
a) quesível (quérable) = tem seu cumprimento no domicílio do devedor. Não havendo previsão no contrato, constitui regra geral.
b) portável (portable) = é aquela em que o seu cumprimento deverá ocorrer no domicílio do credor ou de terceiro.
5.6 Classificação quanto ao momento para cumprimento
a) obrigação instantânea = é aquela cumprida imediatamente após a sua constituição. Em regra, não se pode rever judicialmente. 
b) obrigação de execução diferida = é aquela cujo cumprimento deverá ocorrer de uma vez só, no futuro. Ex: pagamento com cheque pré-datado.
Pode haver a revisão contratual. Nesta obrigação, o juiz poderá rever o contrato se for possível. Se não for possível haverá a rescisão do contrato.
Requisitos para revisão do contrato no Código Civil = art. 317 e 478 imprevisibilidade + onerosidade. Para rever o contrato na seara civil, deverá haver imprevisibilidade. Por isso, a inflação é previsível, não sendo motivo para rever o contrato.
Já no Código de Defesa do Consumidor (art 6º, V, do CDC), para o juiz rever o contrato, basta a onerosidade. Não se exige a imprevisibilidade. Exemplo, em um contrato de financiamento, basta provar que ele se tornou muito oneroso, para a sua revisão, não preciso provar um fato imprevisível.
c) obrigação de execução continuada (de trato sucessivo) = é aquela cujo cumprimento se dá por meio de subvenções periódicas.
Admite revisão contratual. Ex: contrato de financiamento admite a revisão do contrato.
Importante: Desta forma, apenas no contrato que envolve obrigação de execução instantânea é que não admite revisão judicial.
5.7 Classificação quanto à presença de elementos obrigacionais
a) Simples – um credor, um devedor, uma prestação.
b) Compostas – 
Na obrigação composta, ocorre a obrigação cumulativa (cumprir todas as obrigações) ou alternativas (cumprir um ou outra prestação). Tenho nas duas, multiplicidade de objetos. Tem-se também a obrigação solidária, que é a multiplicidade de sujeitos.
Então vejamos obrigações cumulativas e obrigações alternativas.
Obrigação cumulativa = o sujeito deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de inadimplemento. É identificado pela conjunção “e”
Obrigação alternativa = havendo duas prestações, o devedor se desonera totalmente satisfazendo apenas uma delas. É identificado pela conjunção “ou”.
A escolha, como regra, cabe ao devedor, no silêncio. É o ato de concentração.
A obrigação alternativa não se confunde com a obrigação de dar coisa incerta.
Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra (§1º do art. 252 do CC). Ou seja, prestações de forma fragmentada (art. 313 e art. 314 do CC).
De acordo com o §3º do art. 252 do CC, no caso de pluralidade de optantes e não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este determinado para a deliberação em eventual ação.
No caso de haver previsão no instrumento obrigacional no sentido de que a concentração cabe a terceiro, caso este não queira ou não possa exercer o ato, caberá o controle da escolha mais uma vez ao juiz da causa convocado a pronunciar-se sobre o caso concreto (art. 252, §4º, do CC).
De acordo com o art. 253 do CC, se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se uma delas se tornar inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Pelo art. 254 do CC, tornando-se totalmente impossível a obrigação alternativa (se nenhuma das prestações puder ser cumprida) por culpa genérica do devedor, e não cabendo a escolha ao credor, deverá o primeiro arcar com a última prestação pela qual se obrigou, sem prejuízo das perdas e danos.
FÓRMULA PARA FIXAR:
Culpa do devedor + impossibilidade de todas as prestações + escolha não cabe ao credor = valor da prestação que último se impossibilitou + perdas e danos.
Culpa do devedor + impossibilidade de uma das prestações + escolha cabe ao credor = prestação subsistente ou o valor da prestação que se perdeu + perdas e danos.
Culpa do devedor + impossibilidade de todas das prestações + escolha cabe ao credor = valor de qualquer uma das prestações + perdas e danos.
Preconiza o art. 256 do CC, que se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
OBRIGAÇÃO FACULTATIVA = possui somente uma prestação, acompanhada por uma faculdade a ser cumprida pelo devedor de acordo com a sua opção ou conveniência.
Ex: contrato de arrendamento rural
O credor não pode obrigar que o devedor escolha uma ou outra prestação, é uma conveniência do devedor. Havendo impossibilidade de cumprimento da prestação, sem culpa do devedor, a obrigação se resolve.
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS.
Ativa = vários credores solidários
Passiva = vários devedores solidários
Mista = situação em que há vários devedores e credores solidários.
A solidariedade não se presume, ela decorre da lei ou da vontade das partes.
A solidariedade obrigacional constitui a regra no Código do Direito do Consumidor. No direito civil não constitui a regra.
Fiador e devedor principal não são, em regra, devedores solidários.
O fiador tem benefício de ordem (art. 827 do CC).
O fiador é devedor subsidiário.
Poder ser que o fiador seja principal pagador ou devedor solidário (art. 828, II, do CC).
Fiadores de uma mesma dívida são solidários entre si (art. 829 do CC).
Da obrigação solidária ativa (arts. 267 a 274 do CC).
Qualquer um dos credores pode exigir do devedor, ou dos devedores, o cumprimento da obrigação por inteiro, como se fosse um só devedor.
Prevê o art. 269 do CC que caso ocorra o pagamento de forma direta ou indireta (novação, compensação e remissão), a dívida será extinta até o limite
em que for atingida pela correspondente quitação ou pagamento.
Se houve falecimento de um dos credores, haverá a transmissão aos seus herdeiros, cessando a solidariedade entre os herdeiros.
Como os herdeiros sucedem por quinhão, a cada um caberá só a parte da dívida integrada nele, não mais do que isso, não a totalidade da dívida.
Ex: quota do credor = R$ 12.000,00 – cada um dos três herdeiros somente poderá exigir do devedor ou devedores R$ 4.000,00.
Entretanto esta regra não se aplica se o objeto for naturalmente indivisível, a exemplo de um animal.
Importante:
Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade (art. 271 do CC).
Já a obrigação indivisível perde esse caráter quando da sua conversão em perdas e danos.
Art. 273 do CC “a um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”
Lembrando que exceções pessoais são as defesas pessoais, que pertence somente a você. Por exemplo, coação, que é um vício de consentimento, apenas você foi coagido.
Art. 274 do CC. “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve”.
Solução proposta por Fredie Didier Jr.
a) se um dos credores vai a juízo e perde, qualquer que seja o motivo, essa decisão não tem eficácia em relação aos demais credores; 
b) se o credor vai a juízo e ganha, essa decisão beneficiará os demais credores, salvo se o devedor tiver exceção pessoa que possa ser oposta a outro credor não participante do processo, pois, em relação àquela que promoveu a demanda, o devedor nada mais pode opor.
Da obrigação solidária passiva (arts. 275 a 285 do CC)
O credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento ocorrer de forma parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto do valor devido.
Principal efeito: o credor pode cobrar o cumprimento da obrigação de qualquer um dos devedores como se todos fossem um só devedor.
Credor A, e três devedores B, C, e D, sendo a dívida de R$ 30.000,00. Se B paga R$ 5.000,00, poderá ainda ser demandado nos R$ 25.000,00 restantes, o que não exclui, por lógico, C e D.
Situação dos herdeiros:
Dívida de R$ 30.000,00 e três devedores (B, C, D)
Devedor falecido = D
Herdeiros do falecido D= E e F
Cada herdeiro responde por R$ 5.000,00
Isto porque, se houve falecimento, tem a divisão da dívida, há o fracionamento. 
Então, dividindo-se o valor de R$ 30.000,00 por três devedores, tem se R$ 10.000,00, e como estes R$ 10.000,00 cabe ao devedor falecido, seus dois herdeiros que arcarão, mas dividido entre eles. Como são dois herdeiros, tem-se R$ 5.000,00 cada.
Mas a solidariedade ainda continua entre os devedores vivos.
Porém se for um touro reprodutor, deverá ser entregue o animal, permanecendo a solidariedade.
Isto porque, não há como fracionar um touro reprodutor (não é um touro comum).
Se um dos devedores fizer o pagamento, poderá cobrar dos demais, inclusive de seus herdeiros até o limite da herança.
Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão) por ele obtido não têm o efeito de atingir os demais herdeiros (art. 277 do CC).
Caso ocorra o pagamento direito ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.
Comentários: Lembrem-se do exemplo do perdão, que não deve atingir os demais, mas é descontada a cota, pois, houve um perdão, um benefício em relação à algum devedor, e não em relação a todos os devedores.
Segundo o art. 279 da codificação em vigor “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas perdas e danos só responde o culpado.”
Comentários: Significa que todos os devedores solidários sempre respondem pelo débito, mesmo não havendo descumprimento por parte de um ou de alguns. 
Entretanto com relação às perdas e danos, somente responde o culpado.
Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida (art. 281 do CC)
OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL E OBRIGAÇÃO INDIVISIVEL
Obrigação divisível: é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada. Exemplo: entregar 100 sacas de café.
Obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento quanto ao seu cumprimento. Exemplo: entregar um touro reprodutor ou de raça.
OBS: a divisibilidade poderá ser natural, legal e convencional (acordo de vontades).
A diferença inicial entre a obrigação indivisível e a obrigação solidária passiva é que a primeira tem a sua origem na natureza da coisa, tarefa ou negócio, enquanto a segunda surge em decorrência de previsão em lei ou contrato.
Perdão em caso de obrigação indivisível
Comentários: Prestem atenção, agora o perdão não se refere à obrigação solidária, mas a obrigação indivisível.
Lembrando que na obrigação solidária todos respondem como se fosse um só, já na obrigação indivisível todos não respondem como se fossem um só, mas deverão entregar o bem de forma integral, porque ele é indivisível.
(Na prática acaba sendo a mesma coisa, se difere em termos teóricos).
Isto porque entregar um touro reprodutor, qualquer um dos devedores terão que entregar o mesmo por inteiro, mas porque é indivisível, não é possível dividir, mas só por isso. Daí, porque acaba, às vezes, fazendo a confusão com solidariedade. Nesta, todos respondem como se fossem um só.
Exemplo prático em caso de perdão na obrigação indivisível:
A, B e C são credores de D quanto à entrega do famoso touro reprodutor, que vale R$ 30.000,00. A perdoa a sua parte na dívida, correspondente a R$ 10.000,00. B e C podem ainda exigir o touro reprodutor, desde que paguem a D os R$ 10.000,00 que foram perdoados.
Principal diferença entre obrigação indivisível e solidariedade
A solidariedade não perde sua característica ainda que transformada em perdas e danos. Já a obrigação indivisível perde a sua característica, tornando-se uma obrigação de dar divisível.
Comentários: É muito simples, se você tem que entregar juntamente com outro devedor um touro reprodutor, é uma obrigação indivisível, não dá pra dividir. Mas imagine que o touro fuja. Neste caso não dá mais para entregar o touro, e converte-se em indenização. Ai, o valor da indenização dá pra dividir (exemplo: R$ 100.000,00 dividido por dois= R$ 50.000,00 cada um). Isto na obrigação indivisível.
Com relação à obrigação solidária, mesmo se transformando em indenização, a solidariedade continua, não há divisão do valor.
TRANSMISSIBILIDADE DAS OBRIGAÇÕES.
Cessão de Crédito, Cessão de Débito e Cessão de Contrato.
Cessão de Crédito
A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação, transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional. 
Cedente= é aquele que transfere o crédito.
Cessionário= é aquele que recebe o direito de credor
Cedido= devedor.
Com a cessão são transferidos todos os elementos da obrigação, como os acessórios e as garantias da dívida, salvo disposição em contrário.
A FIANÇA ACOMPANHAVA A CESSÃO DE CRÉDITO, PORQUE O FIADOR SE OBRIGOU PELO DÉBITO, A GARANTIA É UMA SÓ. ALÉM DISSO, FOI DITO QUE AS GARANTIAS DA DÍVIDA ACOMPANHAM O PRINCIPAL, A CESSÃO, SALVO SE ESTIPULAR O CONTRÁRIO EM CONTRATO.
VEJAMOS O JULGADO ABAIXO:
“Agravo de Instrumento. Locação de Imóveis. Execução. Bem do fiador. Possibilidade. Cessão de Crédito. Transferência integral da relação jurídica. Recurso improvido.
A cessão de crédito tem como principal efeito a transferência para o cessionário da titularidade integral da relação jurídica cedida, isto é, o crédito e seus acessórios, que formam um todo de caráter
patrimonial, constituindo-se um bem que tem valor de troca, podendo ser passível de alienação.” (TJSP, AI N. 1.008.772.800, rel. Egídio Giacoia, j. 13.03.2006)
IMPORTANTE: A cessão independe da anuência do devedor, que não precisa consentir com a transmissão. MAS DEVERÁ HAVER A NOTIFICAÇÃO.
Art. 286 do CC: “o credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação”
Eficácia perante terceiros
Para ter eficácia perante terceiros a cessão deverá constar de instrumento público ou particular.
Além disso, deverá ser registrado no Registro de Títulos e Documentos (art. 129 da Lei n. 6.015/1993).
Várias cessões
Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter o conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
O cedente, ainda que não se responsabilize expressamente, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu.
Em regra, o cedente não responde pela solvência do devedor ou cedido. É a cessão de crédito pro soluto.
Cessão pro solvendo= o cedente se responsabiliza.
Cessão de Débito ou Assunção de Divida.
A cessão de débito ou assunção de dívida é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com a anuência do credor e de forma expressa ou tácita, transfere a um terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional.
IMPORTANTE: Deverá haver o consentimento do credor.
Poder haver a assunção cumulativa ou coassunção = dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor.
Cedente= antigo devedor
Cessionário= novo devedor
Cedido= credor
Diferença entre cessão de débito e novação subjetiva passiva
Enquanto na cessão de débito mantém-se a integridade da relação obrigacional, isso não ocorre na novação subjetiva, situação em que uma dívida é substituída por outra.
Não pode o devedor opor ao credor as exceções pessoais que detinham o devedor primitivo
Cessão de Contrato
A cessão de contrato pode ser conceituada como sendo a transferência da inteira posição ativa ou passiva da relação contratual, incluindo o conjunto de direito e deveres de que é titular uma determinada pessoa. A cessão de contrato quase sempre está relacionada com um negócio cuja execução ainda não foi concluída.
Exemplo: sublocação.
Segue os artigos aplicáveis a matéria para consulta.
LIVRO I
DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
TÍTULO I
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
CAPÍTULO I
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
Seção I
Das Obrigações de Dar Coisa Certa
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Seção II
Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
CAPÍTULO II
Das Obrigações de Fazer
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
CAPÍTULO III
Das Obrigações de Não Fazer
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
CAPÍTULO IV
Das Obrigações Alternativas
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá
o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
CAPÍTULO V
Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
CAPÍTULO VI
Das Obrigações Solidárias
Seção I
Disposições Gerais
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Seção II
Da Solidariedade Ativa
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.
Seção III
Da Solidariedade Passiva
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
TÍTULO II
Da Transmissão das Obrigações
CAPÍTULO I
Da Cessão de Crédito
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
CAPÍTULO II
Da Assunção de Dívida
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.

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