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MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE DISCIPLINA: Políticas de Saúde no Brasil CURSO DE GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE BH 02/05/2013 Modelos assistenciais em saúde Em busca de uma conceituação: Modo como são produzidas ações de saúde e a maneira como os serviços de saúde e Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las (CAMPOS, 1996). MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE 3 ALGUNS CONCEITOS De acordo com Paim (1999), MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE pode ser definido como combinações tecnológicas estruturadas para a resolução de problemas e para o atendimento de necessidades de saúde, individuais e coletivas. Lógica que orienta a ação e organiza os meios de trabalho (saberes e instrumentos) utilizados na práticas de saúde. Indicam um determinado modo de dispor os meios técnico- científicos existentes para intervir sobre riscos e danos à saúde. 4 ALGUNS CONCEITOS Para Teixeira (2000) OS MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE são formas de organização das relações entre sujeitos (profissionais de saúde e usuários) mediadas por tecnologias (materiais e não materiais) utilizadas no processo de trabalho em saúde, cujo propósito é intervir sobre problemas (danos e riscos) e necessidades sociais de saúde historicamente definidas. Partem de uma dinâmica histórica e social em constante transformação. Mas podem estar reproduzindo interesses econômicos e políticos de grupos profissionais, empresas, corporações e elites políticas. 5 ALGUNS CONCEITOS Para Kalil e Feuerwerker (2002) MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE é a forma como se concebem, organizam e concretizam as ações de saúde, segundo um determinado contexto histórico, em determinado local e com determinado conceito de saúde. É no modelo de atenção que vamos encontrar as concepções dos sujeitos, as práticas de saúde e as relações que se estabelecem nesse processo, particularmente as relações de poder entre os vários atores, a utilização das tecnologias e a gestão do sistema e do processo de trabalho. 6 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL • De acordo com Paim (2008) no Brasil convivem his- toricamente de forma contraditória ou complementar: . o Modelo Médico Hegemônico (MMH) . o Modelo Sanitarista/Programas • Não tem contemplado nos seus fundamentos o princípio da integralidade – ou atendem a demanda espontânea (MMH) ou buscam atender necessidades que nem sempre se expressam em demandas (sanitarista). 7 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL MODELO MÉDICO HEGEMÔNICO CARACTERÍSTICAS: 1) individualismo; 2) saúde/doença como mercadoria; 3) ênfase no biologismo; 4) ahistoricidade da prática médica; 5) medicalização dos problemas; 6) privilégio da medicina curativa; 7) estímulo ao consumismo médico; 8) participação passiva e subordinada dos consumidores. 8 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL MODELO MÉDICO HEGEMÔNICO EXEMPLOS : • Modelo Médico Assistencial Privatista • Modelo de atenção gerenciada. 9 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL MODELO SANITARISTA/DOS PROGRAMAS Predominante no que se refere às intervenções no campo da saúde pública, mas subalterno ao MMH. Remete à idéia de campanha ou programa diante de uma necessidade coletiva. Saúde Pública institucionalizado durante o século XX centrada no saber biomédico e que buscava atender às necessidades de saúde mediante campanhas ou programas especiais. 10 MODELO MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA Representa a versão mais conhecida do modelo médico hegemônico. Fundamentos na chamada medicina flexneriana. Características: ênfase na atenção médica individual atendimento demanda espontânea baseado em procedimentos e serviços especializados objeto é a doença ou o doente agente: médico, sobretudo o especialista tecnologias médicas Valorização do ambiente hospitalar como o centro do sistema MODELO MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA Não é exclusivo do setor privado, reproduzindo- se, também, no setor público. É predominantemente curativo, tende a prejudicar o atendimento integral e pouco se compromete com o impacto sobre o nível de saúde da população Mais recentemente surge uma variante denominada MANAGED CARE – nos planos e seguros de saúde americanos com a entrada do capital financeiro no setor saúde apostando na subprodução e controle do trabalho médico, visando contenção da demanda e racionalização dos procedimentos e serviços e a introdução da prevenção com vistas a baixar custos. 11 MODELO MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA Fundamenta-se nas disciplinas biológicas e epidemiologia. Concentra atuação em certos agravos e riscos ou em determinados grupos populacionais, deixando-se de preocupar com os determinantes mais gerais da situação de saúde. Essência: administração vertical, com coordenadores ou gerentes nacional, estadual e municipal de forma individualizada, fragmentada, desintegrada e às vezes autoritária. Pulverização de recursos e atividades sem integração: Programa de AIDs, HA, DM TBC, SM, SB, Criança, Adolescente – Vigilância Sanitária e Epidemiológica 12 MODELO SANITARISTA PACs - programa especial dirigidos aos pobres e excluídos para melhor a capacidade da população de cuidar da sua saúde. Posteriormente ampliou seus objetivos sendo articulado dentro do PSF. PSF – inicialmente concebido como um programa vertical do modelo sanitarista aos poucos foi sendo amadurecido conceitual e institucionalmente no sentido de contribuir para reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do SUS, imprimindo nova dinâmica às UBS 13 MODELO SANITARISTA 14 Não haverá um modelo de atenção definido centralmente pela diversidade. Mas princípios e diretrizes gerais centrais de modelos a serem construídos a partir das condições concretas de cada município e estado. EM DIREÇÃO A MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE E GESTÃO MAIS CUIDADORES E INTEGRAIS 16 SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL GRANDE QUESTIONAMENTO SOBRE A FORMA COMO NOSSOS SERVIÇOS FUNCIONAM – DESUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO REFORMA DA ATENÇÃO À SAÚDE OU DO MODELO DE ATENÇÃO – nova perspectiva de atender, assistir e cuidar MUDANÇA NAS PESSOAS PARA A BUSCA DE UM PROJETO QUE DEFENDA A VIDA REFORMA DA ATENÇÃO À SAÚDE 17 CONSTRUÇÃO DE NOVAS ORGANIZAÇÕES E SUJEITOS de forma a facilitar e modificar as relações entre gestores, trabalhadores de saúde e usuários POR QUE? COMO É HOJE O NOSSO MODELO ASSISTENCIAL? Características dos modelos assistenciais existentes no Setor Saúde no Brasil Saúde como ausência de doenças; Doenças apenas como lesões ou alterações do corpo biológico; Desconsideram outros determinantes da saúde- doença; Ênfase no indivíduo doente, isolando-o de seu contexto social; 18 Atendimentos médico-centrados; Centrados na produção de procedimentos reparadores; Fragmentação do cuidado Atuação desarticulada, desintegrada e pouco cuidadora; Atendem prioritariamente à demanda espontânea; Modelo Hospitalocêntrico desconhecendo outros níveis assistenciais; Medicalizam todas as questões; 19 Características dos modelos assistenciais existentes no Setor Saúde no Brasil Não se articulam com outras práticas terapêuticas ou racionalidades; Incorporam acriticamente novas tecnologias; Não avaliam sistematicamente seus resultados; Sistema de alto custo. 20 Características dos modelos assistenciais existentes no Setor Saúde no Brasil Gastam muito e sem necessidade Baixa Eficiência Conseguem poucos resultados Baixa Eficácia Contribuem pouco na melhoria da saúde Baixa Efetividade 21 CRISE DO MODELO ASSISTENCIAL HEGEMÔNICO Desde a década de 70 • Ineficácia • Ineficiência • Iniqüidade • Insatisfação dos usuários CRISE NO SETOR SAÚDE Financeira RH Gestão Modelo Assistencial Modelo Ensino 23 EXISTE SAÍDA PARA ESTA CRISE? SIM. REPENSAR E RECONSTRUIR O MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE EM NOVAS BASES Saúde como direito social e de cidadania; Saúde é um bem indissociável da vida, um “valor de uso” que confere graus de bem- estar e autonomia às pessoas no seu viver; Saúde como resultante das condições de alimentação, moradia, saneamento e meio ambiente, educação, trabalho e renda, lazer e cultura; Saúde não é mera ausência de doenças e não é conseguida apenas com a reparação do corpo biológico. 24 Repensando e construindo Modelos de Atenção à Saúde em novas bases CONCEITO DE SAÚDE 25 Amplo e intervenção coerente com a complexidade do objeto Reabilitação Promoção Tratamento Diagnóstico precoce Monitoramento Prevenção CONCEITO DE SAÚDE GESTÃO DA LINHA DO CUIDADO Tecnologias ou recursos a serem consumidos durante o processo de assistência ao beneficiário nas diversas etapas do processo de produção da saúde (promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação), operando vários serviços e funcionando de forma articulada REPENSANDO E CONSTRUINDO MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE EM NOVAS BASES 27 Melhorar e humanizar o acesso - Acolhimento; Aumentar o Vínculo / Responsabilização (nova relação profissional de saúde-usuário); Trabalho em equipe e multidisciplinar; Prática clínica cuidadora - Gestores do cuidado ou cuidadores monitorando e articulando as diversas intervenções em saúde através do acompanhamento do caminhar do usuário pela rede de serviços; Aumentar a qualidade da atenção (ações coordenadas, continuidade e satisfação); 28 Profissionalização e democratização dos serviços; Articulação em Rede; Participação da Sociedade / controle dos Usuários; Aumentar a Resolubilidade, a Eficiência e a Efetividade GRANDE PACTO ENTRE OS ATORES DA SAÚDE PARA MUDANÇA DO MODELO (GESTORES, PRESTADORES, TRABALHADORES DA SAÚDE E USUÁRIOS) REPENSANDO E CONSTRUINDO MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE EM NOVAS BASES A PERSPECTIVA DESTA REFORMA DENTRO DA REDE • Em um só serviço • Só em um nível de atenção • De forma desarticulada IMPOSSÍVEL E INEFICAZ PRÁTICA CLINICA MAIS CUIDADORA – PRESSUPOSTOS 1. Conceito mais global da SAÚDE 2. INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO – necessidade da articulação e integração entre diversos níveis de assistência 3. Nova forma de ORGANIZAR A REDE e a prestação de serviços: CO-GESTÃO – gestores, trabalhadores e usuários Trabalho em equipe solidário e compartilhado Articulação do sistema em REDE GRANDE PACTO ENTRE OS SUJEITOS PACTO ENTRE OS SUJEITOS PARA OPERAR A MUDANÇA DE QUE FORMA FAZÊ-LO? EXPERIMENTANDO COM O CONJUNTO DOS ATORES NÃO HÁ FÓRMULA MÁGICA NÃO É FÁCIL EM DIREÇÃO A PRÁTICAS MAIS CUIDADORAS E INTEGRAIS SE EXISTIR: PROJETO (POLÍTICAS CLARAS) RECURSOS E VONTADE POLÍTICA O COMO PODE SER CONSTRUÍDO Alzira de Oliveira Jorge Prof. DMPS Faculdade de Medicina – UFMG alzira.o.jorge@gmail.com alzirajorge@medicina.ufmg.br