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RESUMO DE AULAS CURSO: COMUNICAÇÃO - PP TURMA: 1º DISCIPLINA: TEORIA E TÉCNICA EM PP AULAS: 27, 28/08 e 03, 04/09 SÍNTESE CONTEÚDO: PUBLICIDADE E PROPAGANDA: CONCEITUAÇÕES E FINALIDADES Frequentemente confundidos, os termos Publicidade e Propaganda se referem, em análise pouco mais aprofundada, a conceituações distintas. Hoje tidas no senso comum como formas diferentes de significar a mesma coisa, Publicidade e Propaganda distinguem-se uma da outra por algumas peculiaridades, como a proposição de vendas, a intensidade da argumentação, entre outros. Como o próprio termo sugere, publicidade refere-se ao ato ou efeito de tornar algo público, ou seja, levar ao conhecimento de determinado público aquilo que se está divulgando. Mais comumente observada em campanhas de produtos e serviços, a publicidade apresenta um caráter comercial, com forte tendência para a lucratividade da empresa, organização ou indivíduo que a financia. Já a propaganda, por sua vez, teve suas origens - ao menos para o termo - na igreja, quando da necessidade do alto clero incutir princípios e valores ao rebanho de fiéis. Oriundo do latim propagare (enterrar, plantar uma muda por meio de enterro), a designação "propaganda" sugere então que haja certa incursão de um princípio, de uma ideia ou de valores no público ao qual a mensagem se destina. Embora centradas nessa diferenciação básica, ambas, Publicidade e Propaganda, por lidarem essencialmente com a divulgação de fatos e ideias e também, com a persuasão ou convencimento de determinado público, ou seja, a mudança de opiniões ou atitudes em prol de uma finalidade predeterminada, são frequentemente tidas como a mesma coisa, o que acaba não constituindo um equívoco, mas tão somente uma inadequação. Observando, grosso modo, que a Publicidade tem por objetivo vender algo (produto, serviço ou ideia) através da mudança de opiniões ou pensamentos e, que a Propaganda visa a conseguir adesões à ideia que nela se propõe, ambas vão se relacionar diretamente, então, com os aspectos racionais e emocionais do indivíduo, sempre impelindo-o (autoritariamente ou não) a uma determinada atitude ou determinada maneira de pensar e agir. Daí o uso indiscriminado dos dois termos para se referir às mesmas coisas. Tanto Publicidade, quanto Propaganda são elos inseparáveis das campanhas comunicacionais contemporâneas, haja vista que é por meio da profusão de ideias que as duas propõem e da carga persuasiva e argumentativa que ambas apresentam na maioria dos casos, que efetivamente leva-se ao público determinados conteúdos e, em segunda instância, que se promove a alteração de um padrão comportamental, cumprindo o objetivo das suas situações. Uma vez definida como a própria etimologia sugere, a Publicidade, ou seja, a qualidade do que é público, ganha outras significações, geralmente vinculadas às vendas de produtos e serviços e à criação de anúncios decorrentes das intenções de vendas de determinado anunciante. Sob essa ótica, em mutualismo inclusive com os conceitos de Propaganda, é evidente então que a Publicidade, além do cunho estritamente comercial que lhe é comumente auferido, passa a exercer um importante papel no cotidiano do cidadão comum, uma vez que é por ela que determinados mercados são mantidos em ciclo, que novos produtos são levados a conhecimento do público e, principalmente, que se alimenta a sociedade de consumo, tema de nossas próximas aulas. Geralmente com anunciante claro, intenção explícita de se promover um produto ou serviço e, essencialmente, com a finalidade de estimular o consumo do que é anunciado, a Publicidade é pautada pela presença de anunciantes que financiam todo o seu ciclo de atividades, desde a coleta inicial de informações - o chamado briefing - até a veiculação das peças e as pesquisas de resultados, sempre visando a oferecer resultados benéficos para aquele que subsidia a campanha. Financiada então por um cliente, investidor de um anúncio ou de uma série de anúncios, a Publicidade apresentará aí um dos seus muitos núcleos de atividade. Os anúncios oriundos de uma boa atuação publicitária são excelentes meios de captar a atenção do público-alvo (comumente chamado por target), bem como para despertar o interesse, o desejo ou uma necessidade que o leve à ação. Observando tais peculiaridades do anúncio, é pertinente destacar dois conceitos importantes: AIDA e os Cinco Níveis de Comunicação. I. AIDA – Atenção, Interesse, Desejo e Ação Os quatro estados de consciência que o conceito sugere e que formam o acrônimo são, sequencialmente, a chave da persuasão que leva alguém a comprar. O anúncio que conseguir levar o consumidor a esses estados mentais terá a concretização da venda (SANT’ANNA). Cada um deles apresenta peculiaridades que o distingue dos demais e, evidentemente, devem ser contemplados no planejamento de campanhas e peças. Podendo ser observados como quatro estágios que separam o indivíduo do produto, ou quatro etapas a serem vencidas para que este concretize a compra, os estados de consciência são, simultaneamente, o que leva o produto até o seu público, mas sempre de forma unilateral, ou seja, o público precisa ir até o objeto do anúncio e nunca o contrário (excetuando-se as ações de distribuição de amostras, brindes, etc., que não representam a real condição do mercado). No primeiro estágio, o anúncio precisa diferenciar-se dos demais conteúdos e informações que são oferecidos em todo o tempo, em todos os lugares. Para despertar o interesse do indivíduo, é preciso não somente apresentar uma argumentação lógico-emocional que o motive a se deixar envolver pelo anúncio, como, primordialmente, obter a atenção por meio de uma abordagem atraente (visual, textual ou multimídia), capaz de direcioná-lo aos demais estágios. Ao prosseguir para a segunda etapa, interesse, o indivíduo carece de argumentações iniciais e de informações que o motivem a continuar sua exposição ao conteúdo e que compensem a atenção despendida no estágio anterior. Aqui, é importante o uso de elementos que forneçam algumas informações acerca do objeto do anúncio, mas sem níveis elevados de aprofundamento – daí o uso de subtítulos, elementos visuais que demonstram o anunciado, etc. Uma vez despertado o interesse do público, passa-se então à criação ou ao estímulo ao desejo, ponto fundamental para que haja a efetivação do ato de compra. O desejo é o que motivará o indivíduo a adquirir ou aderir ao que é proposto no anúncio e, para trazê-lo à tona, usa-se dos artifícios mais variados: argumentação lógica e emocional, demonstração de benefícios, depoimentos, comprovações, associações a estilos de vida e status, entre outros. O estágio do desejo é onde se disponibiliza ao possível comprador os benefícios¹ que a compra poderá lhe oferecer, desde a satisfação de uma necessidade (que pode ser criada ou sugerida) até os anseios por bem-estar e status. É neste estágio onde há a maior possibilidade (em alguns casos, obrigatoriedade) de demonstrar o valor² do que está sendo anunciado. Por fim, se os esforços para conduzir o indivíduo pelos três estágios anteriores forem bem sucedidos, considera-se que o mesmo efetivará a ação pretendida, ou seja, comprará. Neste ponto é importante se certificar que o comprador tenha as informações necessárias para concretizar a aquisição, haja vista que qualquer dificuldade encontrada no estágio da ação pode ameaçar o obtido nos estágios anteriores. O indivíduo (cliente ou consumidor) disposto a comprar possui níveis variados de convicção, mais ou menos suscetíveis às dificuldades que porventura possam surgir. Por isso, no desenvolvimento de qualquer peça, é importante o desenvolvimentode uma determinação de compra eficaz: onde encontrar o produto ou serviço, de que maneira se pode adquiri-lo e, em alguns casos, quanto é necessário investir (não somente em termos monetários, como também de tempo, deslocamento, etc.) para que se possa adquiri-lo. II. Cinco Níveis de Comunicação De maneira similar ao proposto pelo conceito de AIDA, pode-se observar que o anúncio deve conduzir o público através de cinco níveis de comunicação, ou menos, de acordo com a situação de produto ou do público-alvo. Nas definições de Sant’Anna (2007): Desconhecimento é o nível mais baixo de comunicação, onde estão as pessoas que jamais ouviram falar do produto ou da empresa. Trata-se um nível marcado pela dimensão cognitiva do indivíduo, uma vez que não se trata de determinar o potencial de tomada de decisões ou de subsídios argumentativos para influenciá-lo ou não, mas tão somente de levar ao seu conhecimento a existência de um produto, serviço ou marca. Conhecimento é o nível que, com base mínima, precisa-se de certo esforço para conseguir a identificação do produto por parte do consumidor. Neste nível, explora-se a dimensão racional do indivíduo, oferecendo a ele informações básicas acerca do objeto do anúncio para que então, ele possa alcançar o próximo nível: compreensão. Compreensão: trata-se do nível onde o consumidor não só tem conhecimento do produto/serviço, como conhece outros atributos do mesmo, como marca, formas de utilização, etc. Aqui é onde se concretizam os esforços iniciais para a mudança de opinião ou atitude, com o fornecimento de argumentos lógicos e/ou afetivos, que persuadam o indivíduo. Convicção, quando a preferência do consumidor se dá por motivos racionais e emocionais. Neste ponto, o indivíduo já se predispõe a comprar ou adquirir o que é anunciado, bem como tem ciência do que lhe é necessário para obtê-lo. Trata-se de explorar a dimensão afetiva e emotiva do indivíduo, apresentando-lhe fatos e informações que o impilam para a aquisição. Ação é o nível onde o consumidor realiza algum movimento premeditado para realizar a compra do produto. Por meio da condução nos níveis anteriores, o indivíduo tende a culminar neste nível, que é o objetivo de toda ação que promova o consumo. Semelhantemente ao modelo AIDA, este deve ser um estágio que flua sem nenhum percalço. Tendo em vista que a Publicidade deve conduzir o indivíduo do desconhecimento à ação e, que deve ser forte o suficiente para perpassá-lo aos quatro estágios da comunicação, é importante notar que a Publicidade, de um modo geral, acabará por ter alguns objetivos muito bem definidos, sendo que os principais deles são: a) informar sobre a existência, recente ou não, de produtos, marcas ou serviços, em finalidades diversas, desde lançamentos e inaugurações de novas praças³ até as atividades publicitárias de manutenção de mercado; b) influenciar fisiológica e psicologicamente o comportamento do público pretendido, com a intenção de induzi-lo por meio de argumentação lógica e/ou emotiva a adotar certo comportamento esperado, ou seja, estimulá-lo a comprar aquilo que é anunciado; c) determinar a compra ou a adesão àquilo que se anuncia, por meio de informações que permitam ao espectador orientar- se sobre os procedimentos necessários para tanto e; d) buscar formas eficazes de persuasão, explorando sempre a criatividade, os recursos disponíveis e o correto planejamento das ações propostas, visando a proporcionar ao cliente anunciante, os melhores resultados possíveis. Para uma análise mais completa, observa-se que além das finalidades principais da Publicidade, há também, de forma mais ou menos explícita, suas consequências na sociedade, ou seja, um impacto direto e indireto no modus operandi da coletividade e dos mercados de um modo geral, tema a ser tratado no próximo resumo. OBSERVAÇÕES Alfinetada: como se pode traçar um paralelo entre os quatro estados de consciência (AIDA) e os cinco níveis de comunicação? Como se pode conciliá-los em busca dos melhores resultados para os anúncios publicitários? ¹ Benefícios: tudo aquilo que o objeto do anúncio (marca, produto ou serviço) oferece como sendo vantagem ao comprador, geralmente oriundos de alguma característica particular do que se anuncia (aspecto técnico). Por exemplo, não é benefício oferecido ao comprador um carro com câmbio hidramático, mas tal aspecto técnico se transforma em benefício ao se afirmar que ele oferece um desempenho melhor, mais velocidade e conforto. ² Valor: aquilo que o cliente percebe no produto ou serviço adquirido e que compense o investimento feito. Geralmente, para fins didáticos, define-se: Valor = Percepção – Expectativa, ou seja, valor é o que o cliente/consumidor percebe no que adquiriu, subtraído do que ele espera do mesmo. Caso os benefícios notados sejam maiores que o esperado, cria-se valor positivo, o que aumenta a chance de repetição de compra e adesão à marca ou produto. Caso os benefícios percebidos sejam menores que o esperado, cria-se valor negativo e, por consequência, a depreciação do que foi anunciado. O cliente/consumidor que percebe valor negativo, dificilmente volta a adquiri-lo. ³ Praça: mercado de atuação, ponto de distribuição.