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Direito do Consumidor Livro Apostila 02

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1 
 
 APOSTILA DE DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
Ementa 
 Código de Defesa do Consumidor. Política nacional das relações de 
consumo. Conceitos e relação entre consumidor e fornecedor. Prevenção e 
reparação de danos. Responsabilidade por fato e vício do produto e serviço. 
Garantia legal e contratual dos produtos e serviços. Oferta e publicidade. 
Sanções. 
 
 
Carga Horária 
- 20 horas 
 
 
Objetivos 
 
 Proporcionar ao participante do curso uma compreensão geral acerca 
dos direitos do consumidor 
 
 Promover conhecimento sobre a responsabilidade civil dos 
fornecedores nas relações de consumo 
 
 Proporcionar atividades que sensibilizem o participante a perceber a 
forma correta de informar e ofertar produtos e serviços aos 
consumidores 
 
 Promover conhecimento sobre as formas de sanções e suas 
conseqüências para os fornecedores 
 
 
Conteúdo programático 
1. Introdução 
2. Breve relato histórico 
3. Panorama do direito do consumidor no Brasil 
4. Conceitos 
4.1. Consumidor 
4.2. Fornecedor 
4.3. Relação de consumo 
5. Prevenção e reparação dos danos 
5.1. Direitos básicos 
6. Responsabilidade civil no CDC 
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6.1. Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço 
6.2. Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço 
7. Garantias 
7.1. Garantia legal de adequação 
7.2. Garantia contratual 
8. Oferta e publicidade 
8.1. Princípios e requisitos da oferta 
8.2. Publicidade enganosa 
8.3. Publicidade abusiva 
9. Sanções 
10. Conclusão 
 
 
METODOLOGIA 
 Aulas teórico-expositivas. Apresentação e discussão de casos e 
jurisprudências. Seminários. 
 
 
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO 
 Avaliações sistemáticas, trabalhos escritos e seminários. 
 O grau total que pode ser atribuído ao aluno obedecerá à seguinte 
ponderação: 
50% avaliação individual - 14/01 (sexta) 
50% por meio de organização, apresentação em seminário e trabalhos em 
grupo – dia 15/01 (sábado) 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 
 
ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Negócio jurídico de consumo: 
caracterização, fundamento e regime jurídico. Boletim do Ministério da 
Justiça, Lisboa, v.347, jun.1985. 
 
BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcelos. O conceito jurídico de 
consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 628, p. 69. 
BRASIL. Código brasileiro de defesa do consumidor. Comentado por 
Ada Pellegrini Grinover et al. 7, ed. rev. amp. e atual. São Paulo: Forense, 
2002. 
 
CAVALIERI FILHO. Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 5. ed. 
rev. aum. e atual. São Paulo: Malheiros, 2003. 
3 
 
 
COMPARATO, Fábio Konder. A proteção do consumidor: Importante 
capítulo do direito econômico. São Paulo: Revista de direito mercantil 
industrial, econômico e financeiro, v.13, n.15/16, 1974. 
 
DIREITO. Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio; 
TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo (Coord.) Comentários ao novo Código 
Civil: da responsabilidade civil, das preferências e privilégios 
creditórios. Rio de Janeiro: Forense, 2004, v. XIII. 
 
FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual do direito do consumidor. São 
Paulo: Atals, 1991 
 
GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de direito do consumidor. Rio de Janeiro: 
Forense, 2000. 
 
GRINOVER, Ada Pelegrini et al. Código brasileiro de defesa do 
consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Forense Universitária, 2004. 
 
GUIMARÃES, Paulo Jorge Scartezzini. Vícios do produto e do serviço por 
qualidade, quantidade e insegurança: cumprimento imperfeito do 
contrato. São Paulo: revista dos Tribunais, 2004. 
 
MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; MIRAGEM, 
Bruno. Comentários ao código de defesa do consumidor. 2. ed. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. 
 
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do 
consumidor. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. 
 
MICHAELIS 2000: Moderno dicionário da língua portuguesa. Rio de 
Janeiro: Reader's Digest; São Paulo: Melhoramentos, 2000. 
 
NOVAS, Alinne Arquette Leite. A teoria contratual e o código de defesa 
do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. 
 
NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 2. ed. rev. modif. e 
atual. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
VENOSA, Silvio de Salvo. Teoria geral das obrigações e teoria geral dos 
contratos. 3. ed. v. 2. São Paulo: Atlas, 2003. 
 
 
4 
 
CURRÍCULO RESUMIDO PROFª ESP. FERNANDA THEOPHILO 
CARMONA KINCHESKI 
 Fernanda Theophilo Carmona Kincheski é advogada graduada pela 
Universidade de Cuiabá, desde 2002, com MBA em Direito Empresarial e 
Docência no Ensino Superior pela Fundação Getúlio Vargas-RJ, Especialista 
em Direito do Consumidor pela Universidade Gama Filho-RJ, Membro da 
Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-MT, Assessora Jurídica e 
Revisora da Cartilha do Consumidor da OAB-MT. 
 Atualmente é advogada no escritório Carmona & Carmona Advogados 
Associados, professora na Universidade de Cuiabá na Faculdade de 
Administração de Empresas nas disciplinas de Introdução ao Direito, Direito 
Empresarial e Direito do Consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
PROFª. FERNANDA THEOPHILO CARMONA KINCHESKI 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO: 
 
 É considerado consumidor toda pessoa ou empresa que numa relação 
de consumo, adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, ou 
seja, para satisfazer suas próprias necessidades. 
 
É considerado fornecedor todo aquele que produz, distribui ou 
comercializa produtos ou presta serviços. 
 
 A Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 em seu artigo 170, V, 
assegura a todos a defesa do consumidor e, em 1990 foi criado o Código de 
Defesa do Consumidor, que é o conjunto de normas que estabelece os 
direitos do consumidor, as responsabilidades de quem vende os produtos, 
regulamenta as práticas de comércio e a publicidade, proíbe práticas abusivas e 
estabelece punições para o desrespeito ao consumidor. 
 
 Se a pessoa não estiver satisfeita com o que adquiriu, poderá pedir a 
substituição do produto por outro em boas condições, a devolução da quantia 
paga ou o abatimento no preço. É proibido aos fornecedores a venda de 
produtos fora do prazo de validade ou que estejam estragados, alterados ou 
falsificados. 
 
 No caso de a prestação de serviços não ter sido satisfatória, o 
consumidor poderá exigir a reexecução do serviço sem nenhum custo 
adicional, a devolução da quantia paga ou o abatimento no preço. 
 
O consumidor tem o direito de ser protegido dos riscos de produtos 
perigosos, de ser informado sobre o consumo adequado dos produtos e de se 
saber a especificação correta de sua quantidade, características, composição, 
qualidade e preço, de ser protegido contra a publicidade enganosa e de ter 
acesso à Justiça para pedir a reparação de qualquer prejuízo e defender seus 
direitos. 
 
 O crescimento do nível de consciência dos consumidores no Brasil é o 
exemplo mais claro, e mostra que a democracia está cada dia mais 
sedimentada. O Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078 de 11 de 
setembro de 1990 e o Decreto 2.181, de 20 de março de 1997 são invocados a 
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cada dia, em todas as partes do país. Poucas leis brasileiras se mostraram tão 
eficientes e populares. E mesmo com dados tão positivos, ainda sabemos que, 
90% da população não reclama seus direitos, mesmo tendo conhecimento 
deles. Somente com o desenvolvimento amplo da consciência cidadã de cada 
um dos brasileiros para erguer os pilares de sustentação de uma nação forte, 
soberana e democrática. 
 
 
2. A HISTÓRIA DO CONSUMO E A PROTEÇÃO AO 
CONSUMIDOR: 
 
 Os dicionários brasileiros dão várias definições sobre a palavra 
consumidor, como exemplo citaremos o Michaelis 2000 - Moderno
Dicionário da língua Portuguesa, p.569, que diz: "consumidor é aquele que compra 
para o próprio gasto". 
 
Todos em resumo abordam que consumidor é qualquer pessoa que 
compra produto ou contrata um serviço para satisfazer suas necessidades 
pessoais ou familiares, independente da idade, condição social ou econômica. 
 
Para que alguém possa adquirir um produto ou contratar um serviço é 
necessário a existência de fornecedores. Essa relação se toma cada dia mais 
intensa à medida em que o mundo vai se modernizando e as pessoas vão 
ansiando por novos produtos e serviços. 
 
 Durante séculos as pessoas consumiam somente para satisfazer suas 
necessidades básicas de alimentação, vestuário, produtos agrícolas e remédios. 
Não havia produção em série, estoque ou grandes pontos de vendas, os 
produtos eram feitos de forma artesanal e em pouca quantidade. No Brasil a 
situação não era diferente, até as primeiras décadas do século XIV muitos 
produtos eram feitos apenas por encomendas. As mudanças em relação ao 
consumo começaram com a vinda da família real portuguesa ao Brasil em 
1808. Nossos portos foram abertos para o progresso e chegavam desde 
alimentos, vestuário, objetos, especiarias da Europa e principalmente da Índia. 
Proteger o consumidor é uma preocupação bem antiga. Alguns livros datam 
que desde o século XIII, a.C., o código de Massú da Índia estabelecia sanções 
para os casos de adulterações aos falsificadores. 
No século XVIII a.C., na Babilônia Antiga, existia o Código de 
Hamurabi, que continha regras para tratar questões de cunho patrimoniais, 
assuntos relativos ao preço, qualidade e quantidade de produtos. 
 
No século XVII, o microscópio passou a ser um grande aliado dos 
consumidores no auxílio da análise da água, alimentos e adulterações, 
principalmente de especiarias. 
7 
 
 
No final do século XIX, o movimento de defesa do consumidor, já 
sendo tratado com essa denominação, ganhou força nos Estados Unidos em 
virtude do avanço do capitalismo. Com o surgimento das indústrias e a 
variedade dos produtos a preocupação com a relação entre produtor e 
consumidor ficou ainda maior. 
 
 
3. PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR NO BRASIL: 
 
 A legislação brasileira sempre contemplou dispositivos e normas legais 
para a proteção do consumidor. Em 1850 foi instituído o Código Comercial, 
que em seus artigos 629 a 632 estabelecia direitos e obrigações dos passageiros 
em embarcações, e uma das cláusulas determinava o seguinte: "Interrompendo-se 
a viagem depois de começada por demora de conserto do navio, o passageiro pode tomar 
passagem em outro, pagando o preço correspondente à viagem feita. Se quiser esperar pelo 
conserto, o capitão não é obrigado ao seu sustento; salvo se o passageiro não encontrar outro 
navio em que comodamente se possa transportar, ou o preço da nova passagem exceder o da 
primeira, na proporção da viagem andada" . 
 
Nos anos seguintes foram estabelecidas novas normas que 
beneficiavam o consumidor. Em 1916 o Código Civil, também em seu artigo 
1.245 estabelecia critérios de responsabilidade aos fornecedores determinando 
que: "Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o 
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante cinco anos, pela solidez e segurança 
do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo, exceto, quanto a este, se não o 
achando firme, preveniu em tempo o dono da obra". 
 
Nos anos 50, no período pós Guerra, o Brasil dá uma arrancada rumo 
ao progresso e as novas tecnologias. Lojas de departamento e grandes 
magazines são construídos, o consumo aumenta e a preocupação com a 
proteção ao consumidor também. São criadas novas leis e critérios que deviam 
ser respeitados pelos fornecedores. 
 
 O marco na proteção ao consumidor nos anos 60 foi à promulgação da 
Lei Delegada n° 4 de 1962 que vigorou até 1993 e visava assegurar a livre 
distribuição de produtos. 
 
 Na década de 70 chega ao Brasil as grandes redes de supermercados 
criando uma mudança no comportamento social, aumenta o acesso a 
informação e o consumo é impulsionado por grandes campanhas publicitárias 
no rádio e na televisão colorida, que, começa a ser um dos bens de consumo 
mais cobiçados na época. 
 
8 
 
 Os anos 80 foram marcados por profundas transformações políticas no 
País. À volta da democracia e vários planos políticos marcaram essa década e 
com isso aumentou a participação popular nas questões envolvendo o 
consumo. Regulamentações setoriais, normas técnicas e de boa prática, 
difundiam direta e indiretamente a proteção aos consumidores. Diversas 
entidades civis começaram a se organizar e despontar em seguimentos 
específicos, tais como: Associação de Inquilinos, Associação de Pais e Alunos 
e muitas outras. Em 1980 é instituída a Comissão de Defesa do Consumidor 
da OAB em São Paulo e em 1987 foi criado o IDEC, Instituto Brasileiro de 
Defesa do Consumidor. 
 
 Finalmente em 1990, no dia 11 de setembro foi sancionada a Lei n° 
8.078, conhecida como Código de Defesa do Consumidor que também criou 
o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, da Secretaria do 
Direito Econômico do Ministério da Justiça. Outras entidades civis passam a 
atuar na proteção e defesa dos interesses dos associados, à exemplo a 
Associação das Vítimas de Erros Médicos, ANDIF - Associação Nacional dos 
Devedores de Instituições Financeiras, a BRASILCON - Instituto Brasileiro 
de Política e Direito do Consumidor e muitas outras. 
 
 Os artigos 4º e 5º do Código de Defesa do Consumidor tratam 
especificamente sobre a política nacional de relações de consumo, 
reconhecendo as necessidades especiais que os consumidores possuem, 
através da aplicação dos seguintes princípios: 
 
a) da vulnerabilidade do consumidor – O consumidor é a parte mais fraca da 
relação de consumo, merecendo especial proteção do Estado. 
 
b) do intervencionismo do Estado – Para garantir a proteção ao consumidor, 
não só com a previsão de normas jurídicas, mas com um conjunto de medidas 
que visam o equilíbrio das relações de consumo, coibindo abusos, a 
concorrência desleal e quaisquer outras práticas que possam prejudicar o 
consumidor. 
 
c) da harmonização de interesses – Visa garantir a compatibilidade entre o 
desenvolvimento econômico e o atendimento das necessidades dos 
consumidores, com respeito à sua dignidade, saúde e segurança. 
 
d) da boa-fé e equidade – Garante o equilíbrio entre consumidores e 
fornecedores, buscando a máxima igualdade em todas as relações, com ações 
pautadas na veracidade e transparência. 
 
e) da transparência - Garantido pela educação para o consumo 
e, especialmente, pela informação clara e irrestrita ao consumidor e ao 
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fornecedor sobre seus direitos e obrigações. 
 
 
4. CONCEITOS E RELAÇÃO DE CONSUMO 
 
 O Código de Defesa do Consumidor define em seu art. 2º o 
consumidor como “toda pessoa física ou jurídica que adquira ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final”. 
 
 Existem muitas correntes doutrinárias que buscam explicar tal conceito, 
especialmente a expressão destinatário final dada pelo legislador, entretanto a 
interpretação deve ser dada da forma mais ampla possível, atendendo os 
princípios e as finalidades do Código de Defesa do Consumidor. 
 
 Destinatário final então será aquele que adquirir a título gratuito ou 
oneroso ou aquele que, mesmo não tendo adquirido, utilizou ou consumiu o 
produto ou serviço, sendo este o fim da cadeia produtiva. 
 
 Assim, quando um produto ou serviço for adquirido ou utilizado 
dentro ainda dentro da cadeia de produção, o direito a ser aplicado será o 
direito comum e não o Código de Defesa do Consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Código de Defesa do Consumidor ainda trás a figura do consumidor 
por equiparação conforme se
destacam no parágrafo único do artigo 2º e nos 
artigos 17 e 29, casos em que se aplicam as disposições do Código para 
aqueles que efetivamente não se adquiriram produto ou serviço, mas os 
utilizaram ou simplesmente estão expostos a estes. 
 
 PADRÃO/REAL – é o destinatário final que retira o 
produto ou serviço do mercado de consumo através de sua 
aquisição ou utilização (art.2º) 
Consumidor EQUIPARADO – coletividade que haja intervindo na 
relação de consumo (parágrafo único do art.2º), vítimas do 
evento danoso (art.17), à coletividade (art.29) 
CONSUMIDOR 
Concessionária 
de automóvel 
Direito comum CDC 
Montadora 
de automóvel 
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 Sem maiores dificuldades o conceito de fornecedor está definido do 
artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor como “toda pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços”. 
 Assim, qualquer pessoa física ou jurídica que pratique atividade 
econômica (almeja lucro) de forma habitual, mesmo despersonalizada (massa 
falida e camelô) será fornecedor. 
 
 Entretanto, o Código de Defesa do Consumidor apesar de não 
mencionar explicitamente faz diferenciação de tipos de fornecedores ao tratá-
los diversamente nos artigos 12 e 18, sendo necessário esclarecer quais são 
eles: 
 
 REAL – participa da cadeia produtiva 
 PRESUMIDO – coloca sua logomarca no produto, 
Fornecedor mesmo sem produzi-lo 
 APARENTE – é o comerciante, o importador (são 
intermediantes) 
 
 Diante os conceitos supracitados, existirá relação jurídica de consumo 
sempre que puder identificar num dos pólos da relação o consumidor, no 
outro, o fornecedor, ambos transacionando produtos ou serviços. 
 
 
5. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS: 
 
 O Código de Defesa do Consumidor, artigo 6º, estabelece os direitos 
básicos do consumidor: 
 
a) Proteção à vida e à saúde - Antes de comprar um produto, ou utilizar um 
serviço, o consumidor deve ser avisado pelo fornecedor, dos possíveis riscos 
que ele possa oferecer à sua saúde ou segurança. 
 
b) Educação para o consumo - Todo o consumidor tem direito a receber 
orientação sobre o consumo adequado e correto de cada produto ou serviço. 
 
c) Escolha de produtos e serviços - O consumidor deve ter assegurado a 
liberdade de escolha dos produtos e serviços e a igualdade das contratações. 
 
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d) Informação - Ao entrar em um estabelecimento comercial ou contratar 
alguma empresa de serviços, o consumidor tem o direito de ser informado de 
maneira clara e objetiva dos diferentes produtos e serviços oferecidos, com 
especificações correta quanto: a quantidade, característica, qualidade e preço, 
bem como sobre os riscos que eles possam apresentar decorrente do uso 
inadequado. 
 
e) Proteção contra a publicidade enganosa ou abusiva - O Código garante 
proteção ao consumidor contra métodos comerciais, desleais, práticas e 
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. 
 
f) Proteção contratual - O Código tomou possível fazer mudanças em 
cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou revisão 
em razão de fatos posteriores que possam causar dificuldade no cumprimento 
do mesmo por ter se tomado excessivamente oneroso. 
 
g) Indenização - Caso haja algum descumprimento ou falha nos serviços 
prestados o consumidor tem o direito de ter a reparação de danos 
patrimoniais, morais, individuais, coletivos e difusos. 
 
h) Acesso à justiça - O Código garante ao consumidor o acesso à justiça 
através dos órgãos judiciários, administrativos e técnicos e assegura a proteção 
jurídica aos necessitados. 
 
i) Facilitação da defesa de seus direitos - O Código facilita a defesa dos 
direitos do consumidor permitindo até, que em certos casos, seja invertido o 
ônus da prova dos fatos. 
 
j) Qualidade dos serviços públicos - Existem normas no Código de Defesa do 
Consumidor que asseguram a prestação de serviços públicos de qualidade, 
assim como o bom atendimento ao consumidor pelos órgãos públicos ou 
empresas concessionárias desses serviços. 
 
 
6. RESPONSABILIDADE CIVIL: 
 
 A responsabilidade civil do fornecedor definida no Código de Defesa 
do Consumidor, nos artigos 12 e 18, é objetiva, ou seja, independente de culpa 
o fornecedor é responsável pelo fato e pelo vício de seus produtos ou 
serviços, isto porque a teoria do risco integral, hoje adotada excepcionalmente 
no Novo Código Civil , aqui se aplica como regra, pois é inerente à atividade 
econômica, ademais associam-se a esse conceito todos os princípios e 
finalidades do Código de Defesa do Consumidor. 
 
12 
 
 Excepcionalmente, o Código definiu a responsabilidade dos 
profissionais liberais de forma diversa, sendo esta conferida mediante a 
verificação de culpa dos profissionais liberais, é a chamada responsabilidade 
subjetiva, que se caracteriza pela comprovação de negligência, imprudência ou 
imperícia. 
 
 O vício é aquele que compromete a qualidade ou a quantidade do 
produto ou do serviço que os tornem impróprios ou inadequados para o 
consumo a que se destinam e também lhes diminuam o valor, aplicando-se a 
responsabilidade solidária a todos os tipos de fornecedores de cadeia de 
produção do bem ou do serviço, nos termos do artigo 18. 
 
 O vício pode ser aparente, de fácil constatação, aparecendo no singelo 
uso ou consumo do produto ou serviço, ou pode ser oculto, quando 
só aparecem algum ou muito tempo após o uso e/ou que, por 
estarem inacessíveis ao consumidor, não podem ser detectados na utilização 
ordinária. 
 
 Conforme prevê o § 1º do artigo 18, o fornecedor tem direito de tentar 
sanar o problema no prazo de 30 dias, ou outro entre 7 a 180 dias se acordado 
com o consumidor, caso contrário o consumidor escolherá uma das 
alternativas do mesmo dispositivo para a solução do vício. 
 
 Portanto, a chamada assistência técnica oferecida pelos fornecedores se 
aplica justamente nesse momento, quando lhes é dada a oportunidade de 
resolver o problema. 
 
 Entende-se por fato do produto ou serviço o defeito que atinge a 
essência da coisa, é um vício acrescido de um problema extra, algo intrínseco 
ao produto ou serviço, que causa dano maior que simples mau 
funcionamento, a quantidade errada, perda do valor pago – já que o produto 
ou serviço não cumpriu o fim ao qual se destinava, impondo, como regra, a 
responsabilidade do fornecedor real, conforme determina o artigo 12, casos 
em que o acidente de consumo será resolvido com o pagamento de 
indenização por danos morais e ou materiais. 
 
 De forma sucinta os quadros abaixo fazem uma comparação, 
abordando as diferenças entre vício e fato dos produtos ou serviços: 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. GARANTIAS: 
 
 O Código de Defesa do Consumidor deu ao consumidor uma proteção 
legal buscando impor a qualidade nos produtos e serviços ofertados no 
mercado de consumo e, assim, atribuiu uma garantia legal para todos os 
produto e serviços, independentemente de concordância do fornecedor ou 
qualquer termo expresso. 
 
 A chamada garantia legal esta prevista no artigo 26 do Código de 
Defesa do Consumidor, sendo de 30 dias para produtos e serviços não 
duráveis e 90 dias para produtos e serviços duráveis. 
 
 Entretanto muitos fornecedores reais também oferecem garantias aos 
seus produtos e serviços, numa tentativa de demonstrar a qualidade e 
durabilidade dos mesmos, essa garantia denominada garantia contratual deve 
ver conferida mediante termo expresso, conforme orienta o artigo 50 do 
Código.
Vale ressaltar que os dispositivos legais supracitados trazem regras para 
aplicação das garantias, ressaltando-se que o artigo 50, conforme interpretação 
Fato 
 
 Art. 12/17 
 Ofende a integridade física 
ou psíquica 
 Conceito: acidente de 
consumo 
 Consumidor real é a vítima 
 Prazo prescricional 5 anos 
(art. 27) 
 Responsabilidade é do 
fornecedor real. 
Fornecedor aparente será 
responsável nos casos do 
art. 13 
 Direito: indenização pelos 
danos materiais e morais 
 
 
Vício 
 
 Art. 18/25 
 Ofende a integridade 
econômica 
 Conceito: problema de 
qualidade/quantidade 
 Consumidor padrão 
 Prazo decadencial: 30 dias 
para não duráveis e 90 para 
duráveis (art. 26) 
 Responsabilidade solidária 
de todos os fornecedores 
da cadeia de produção 
 Direito: opções do § 1º 
art. 18 e incisos do 
art. 19 
14 
 
do STJ, determina a adição da garantia contratual após esgotado o prazo da 
garantia legal. 
 
 
8. OFERTA E PUBLICIDADE: 
 
 A oferta é o meio pelo qual o fornecedor expõe seus produtos e 
serviços no mercado de consumo, de forma a atrair o consumidor para que o 
mesmo adquira ou os utilize. 
 
 A publicidade é uma das formas mais comuns de oferta, ocorrendo 
através de anúncios nos meios de comunicação escritos, televisão, rádio, 
folhetos, rótulos, embalagens. 
 
 Mas a oferta não se restringe a publicidade, sendo mais ampla atinge 
qualquer informação prestada ao consumidor, seja ela dada pela gerente do 
banco, pelo funcionário do atendimento telefônico, ou seja é qualquer 
informação prestada ao consumidor, por qualquer meio de comunicação 
escrita, verbal, gestual etc. 
 
 Dessa forma, toda informação suficientemente precisa integra o 
contrato, vinculando, obrigando o seu cumprimento ao fornecedor, conforme 
determina o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor, sob pena do seu 
cumprimento forçado de acordo com as alternativas do artigo 35. 
 
 O artigo 31 do Código é exemplificativo, mas determina os elementos 
obrigatórios mínimos para apresentação e oferta de produtos e serviços, 
sendo crime punível nos termos do artigo 63. 
 
 É justamente pela maioria das ofertas serem veiculadas através de 
publicidades que o Código definiu nos parágrafos 1º e 2º do artigo 37 os 
conceitos de publicidade enganosa e abusiva, condutas que constituem ato 
ilícito, puníveis nos termos dos artigos 66 ao 68. 
 “É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por 
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, 
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos 
e serviços.” 
 “É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que 
incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e 
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.” 
15 
 
 É importante destacar que erros podem ocorrer na oferta de produtos e 
serviços, mas estes só eximem sua obrigatoriedade quando forem erros 
escusáveis, patentes, de fácil constatação, como exemplo o preço de uma 
televisão de LCD 32¨ anunciada por R$ 150,00, sendo que o valor correto é 
R$ 1.500,00 ou quando ocorrer a retificação da oferta em tempo hábil para 
não ocorrer a legitima expectativa do consumidor ou qualquer dano. 
 
 A responsabilidade pela veracidade da informação e da publicidade será 
de quem as patrocina, conforme artigo 38 do Código de Defesa do 
Consumidor, mas a Lei específica (9.294/96) também reconhece a 
responsabilidade solidária do anunciante, da agência de publicidade e do 
veículo de divulgação utilizado, na medida de sua participação e ou poder 
decisório, pelos danos que o planejamento, criação, execução e veiculação do 
anúncio tenham causado. 
 
 O tema é atraente sendo recomendado entre outras a leitura da 
Constituição Federal (artigo 220 § 4º) e da Lei 9.294 de 15 de julho de 1996, 
que dispõe sobre restrições ao uso e à publicidade de produtos fumígenos, 
bebidas alcoólicas, medicamentos e terapias. 
 
 
9. PUNIÇÃO AOS FORNECEDORES: 
 
 Além da responsabilidade civil e penal, o Código de Defesa do 
Consumidor impõe penas para o fornecedor que não obedecer as Leis. Essas 
penas são chamadas de sanções administrativas que podem ser aplicadas em 
forma de: multas, apreensão do produto, cassação do registro do produto em 
um órgão competente, suspensão temporária do fornecimento ou do serviço, 
suspensão temporária das atividades, cassação da licença do estabelecimento, 
interdição total ou parcial do estabelecimento, intervenção administrativa, 
imposição da contrapropaganda e indenização ao consumidor. 
 
 Além da aplicação de todas essas sanções, o fornecedor que não agir 
corretamente poderá ser preso dependendo da gravidade do caso. 
 
 Os órgãos públicos de defesa do consumidor são obrigados pelo 
Código a ter um cadastro das reclamações feitas pelo consumidor contra 
determinados fornecedores que podem ser consultados a qualquer momento 
pelos interessados e devem ser publicados todos os anos. 
 
 
11. CONCLUSÃO: 
12. 
 Desde os séculos passados, já existia a necessidade de estabelecerem 
16 
 
normas, direitos e deveres nas relações entre consumidores e fornecedores. 
Com o passar dos anos estas relações exigiram maiores detalhes, já que o 
consumo no Brasil arrancava rumo ao progresso. 
 
 Após varias transformações políticas, progressos tecnológicos e grandes 
investimentos no comércio e em campanhas publicitárias, as preocupações 
com a relação entre produtores e consumidores cresceu inevitavelmente. 
 
 Por força maior, a proteção ao consumidor foi promulgada nos anos 60 
e vigorou até 1993, visando a livre distribuição dos produtos, com a 
regulamentação técnica e de boa prática já difundiam direta ou indiretamente a 
proteção ao consumidor. 
 
 Em 1980 é instituída a Comissão de Defesa ao Consumidor da OAB 
(Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo. Até que em 11 de Setembro 
de 1990, foi sancionada a Lei n° 8.078 denominada: Código de Defesa do 
Consumidor. 
 
O consumidor tem que lutar pelos seus direitos. Segundo pesquisas, 
ainda hoje 90% (noventa por cento) dos brasileiros não reclamam. Talvez por 
falta de conhecimento, pelo fato de existirem processos burocráticos, gastos 
com ações que muitas vezes superam o valor do bem/serviço adquirido. 
Preferem ficar com o prejuízo, Isso faz com que desta maneira aconteçam 
mais falsificações, deslealdade e publicidades enganosas e explorem cada vez 
mais o consumidor de forma abusiva e indiscriminada. 
 
 Não basta conhecer seus direitos, mas sim que eles sejam respeitados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 Código de defesa do Consumidor 
 Texto: O Recall 
 Jurisprudências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. 
Regulamento 
Regulamento 
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá 
outras providências. 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte lei: 
TÍTULO I 
Dos Direitos do Consumidor 
CAPÍTULO I 
Disposições Gerais 
 Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de 
ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da 
Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
 Art. 2° Consumidor é toda pessoa física
ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
 § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
CAPÍTULO II 
Da Política Nacional de Relações de Consumo 
 Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção 
de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
(Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
 I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; 
 II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: 
 a) por iniciativa direta; 
 b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; 
 c) pela presença do Estado no mercado de consumo; 
 d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, 
segurança, durabilidade e desempenho. 
19 
 
 III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e 
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento 
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem 
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas 
relações entre consumidores e fornecedores; 
 IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e 
deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; 
 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e 
segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de 
conflitos de consumo; 
 VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de 
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações 
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos 
aos consumidores; 
 VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; 
 VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. 
 Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder 
público com os seguintes instrumentos, entre outros: 
 I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; 
 II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do 
Ministério Público; 
 III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores 
vítimas de infrações penais de consumo; 
 IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a 
solução de litígios de consumo; 
 V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do 
Consumidor. 
 § 1° (Vetado). 
 § 2º (Vetado). 
CAPÍTULO III 
Dos Direitos Básicos do Consumidor 
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
 II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem 
como sobre os riscos que apresentem; 
20 
 
 IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos 
ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de 
produtos e serviços; 
 V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais 
ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos 
e difusos; 
 VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou 
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a 
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
 VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a 
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for 
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 
 IX - (Vetado); 
 X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
 Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou 
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de 
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que 
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade. 
 Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente 
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
CAPÍTULO IV 
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos 
SEÇÃO I 
Da Proteção à Saúde e Segurança 
 Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos 
à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em 
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a 
dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
 Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as 
informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam 
acompanhar o produto. 
 Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde 
ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade 
ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 
 Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que 
sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou 
segurança. 
 § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no 
mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante 
anúncios publicitários. 
21 
 
 § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na 
imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. 
 § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à 
saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios 
deverão informá-los a respeito. 
 Art. 11. (Vetado). 
SEÇÃO II 
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço 
 Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se 
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - sua apresentação; 
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi colocado em circulação. 
 § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter 
sido colocado no mercado. 
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado 
quando provar: 
 I - que não colocou o produto no mercado; 
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
 I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; 
 II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor 
ou importador; 
 III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
 Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito 
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento 
danoso. 
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos 
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
22 
 
 § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode 
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - o modo de seu fornecimento; 
 II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi fornecido. 
 § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa. 
 Art. 15. (Vetado). 
 Art. 16. (Vetado). 
 Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do 
evento. 
SEÇÃO III 
Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço 
 Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua 
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
 I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no 
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos 
contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de 
manifestação expressa do consumidor. 
 § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre 
que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a 
qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
23 
 
 § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não 
sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca 
ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, 
sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. 
 § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o 
consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. 
 § 6° São impróprios ao uso e consumo: 
 I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
 II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, 
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as 
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; 
 III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se 
destinam. 
 Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto 
sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for 
inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - o abatimento proporcional do preço; 
 II - complementação do peso ou medida; 
 III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os 
aludidos vícios; 
 IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos. 
 § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. 
 § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o 
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. 
 Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, 
por conta e risco do fornecedor. 
 § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas 
regulamentares de prestabilidade. 
24 
 
 Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer 
produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de 
reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações
técnicas do 
fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor. 
 Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou 
sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, 
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
 Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas 
neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos 
causados, na forma prevista neste código. 
 Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos 
produtos e serviços não o exime de responsabilidade. 
 Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo 
expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. 
 Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou 
atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. 
 § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão 
solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. 
 § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, 
são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a 
incorporação. 
SEÇÃO IV 
Da Decadência e da Prescrição 
 Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: 
 I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; 
 II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. 
 § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou 
do término da execução dos serviços. 
 § 2° Obstam a decadência: 
 I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de 
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma 
inequívoca; 
 II - (Vetado). 
 III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
 § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar 
evidenciado o defeito. 
 Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato 
do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo 
a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
25 
 
 Parágrafo único. (Vetado). 
SEÇÃO V 
Da Desconsideração da Personalidade Jurídica 
 Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em 
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou 
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será 
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da 
pessoa jurídica provocados por má administração. 
 § 1° (Vetado). 
 § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são 
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
 § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações 
decorrentes deste código. 
 § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
 § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade 
for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
CAPÍTULO V 
Das Práticas Comerciais 
SEÇÃO I 
Das Disposições Gerais 
 Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas 
as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
SEÇÃO II 
Da Oferta 
 Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer 
forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, 
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser 
celebrado. 
 Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações 
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, 
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros 
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 
 Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados 
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989, de 
2009) 
 Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e 
peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. 
 Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por 
período razoável de tempo, na forma da lei. 
26 
 
 Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o 
nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados 
na transação comercial. 
 Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a 
chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). 
 Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de 
seus prepostos ou representantes autônomos. 
 Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, 
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: 
 I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou 
publicidade; 
 II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 
 III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, 
monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 
SEÇÃO III 
Da Publicidade 
 Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e 
imediatamente, a identifique como tal. 
 Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em 
seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos 
que dão sustentação à mensagem. 
 Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 
 § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, 
capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, 
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
 § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que 
incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e 
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. 
 § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar 
de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. 
 § 4° (Vetado). 
 Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação 
publicitária cabe a quem as patrocina. 
SEÇÃO IV 
Das Práticas Abusivas 
 Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
(Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
27
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto 
ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; 
 II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas 
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; 
 III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou 
fornecer qualquer serviço; 
 IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, 
saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; 
 V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 
 VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do 
consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; 
 VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no 
exercício de seus direitos; 
 VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as 
normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, 
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho 
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); 
 IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha 
a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados 
em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
 X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 
11.6.1994) 
 XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso 
XIII, quando da converão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 
 XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de 
seu termo inicial a seu exclusivo critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
 XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente 
estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999) 
 Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao 
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo 
obrigação de pagamento. 
 Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio 
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as 
condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. 
 § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, 
contado de seu recebimento pelo consumidor. 
 § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente 
pode ser alterado mediante livre negociação das partes. 
 § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da 
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. 
28 
 
 Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de 
controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob 
pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, 
monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do 
negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. 
SEÇÃO V 
Da Cobrança de Dívidas 
 Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, 
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 
 Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do 
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária 
e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. 
 Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, 
deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas 
– CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou 
serviço correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009) 
SEÇÃO VI 
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores 
 Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações 
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre 
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. 
 § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e 
em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a 
período superior a cinco anos. 
 § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser 
comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. 
 § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá 
exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a 
alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. 
 § 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção 
ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. 
 § 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão 
fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que 
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. 
 Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de 
reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo 
pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo 
fornecedor. 
 § 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por 
qualquer interessado. 
 § 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo 
anterior e as do parágrafo único do art. 22 deste código. 
 Art. 45. (Vetado). 
29 
 
CAPÍTULO VI 
Da Proteção Contratual 
SEÇÃO I 
Disposições Gerais 
 Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os 
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu 
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a 
compreensão de seu sentido e alcance. 
 Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor. 
 Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-
contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive 
execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. 
 Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua 
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de 
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente 
por telefone ou a domicílio. 
 Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste 
artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão 
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. 
 Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo 
escrito. 
 Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, 
de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o 
lugar em
que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, 
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de 
instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações. 
SEÇÃO II 
Das Cláusulas Abusivas 
 Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que: 
 I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de 
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. 
Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização 
poderá ser limitada, em situações justificáveis; 
 II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos 
previstos neste código; 
 III - transfiram responsabilidades a terceiros; 
 IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor 
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; 
 V - (Vetado); 
 VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; 
30 
 
 VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
 VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo 
consumidor; 
 IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o 
consumidor; 
 X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira 
unilateral; 
 XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito 
seja conferido ao consumidor; 
 XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que 
igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; 
 XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do 
contrato, após sua celebração; 
 XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; 
 XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; 
 XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. 
 § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que: 
 I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; 
 II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal 
modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; 
 III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e 
conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. 
 § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando 
de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das 
partes. 
 § 3° (Vetado). 
 § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao 
Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula 
contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo 
equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. 
 Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou 
concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, 
informá-lo prévia e adequadamente sobre: 
 I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; 
 II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; 
 III - acréscimos legalmente previstos; 
31 
 
 IV - número e periodicidade das prestações; 
 V - soma total a pagar, com e sem financiamento. 
 § 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não 
poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.(Redação dada pela Lei nº 
9.298, de 1º.8.1996) 
 § 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou 
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos. 
 § 3º (Vetado). 
 Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em 
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno 
direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do 
credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do 
produto alienado. 
 § 1° (Vetado). 
 § 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a 
restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem 
econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao 
grupo. 
 § 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente 
nacional. 
SEÇÃO III 
Dos Contratos de Adesão 
 Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela 
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou 
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 
 § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. 
 § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, 
cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior. 
 § 3
o
 Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres 
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a 
facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008) 
 § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas 
com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. 
 § 5° (Vetado) 
CAPÍTULO VII 
Das Sanções Administrativas 
(Vide Lei nº 8.656, de 1993) 
 Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas 
respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, 
industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços. 
32 
 
 § 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a 
produção, industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de 
consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do 
bem-estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias. 
 § 2° (Vetado). 
 § 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com atribuições para 
fiscalizar e controlar o mercado de consumo manterão comissões permanentes para 
elaboração, revisão e atualização das normas referidas no § 1°, sendo obrigatória a 
participação dos consumidores e fornecedores. 
 § 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos fornecedores para que, sob pena 
de desobediência, prestem informações sobre questões de interesse do consumidor, 
resguardado o segredo industrial. 
 Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o 
caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das 
definidas em normas específicas: 
 I - multa; 
 II - apreensão do produto; 
 III - inutilização do produto; 
 IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; 
 V - proibição de fabricação do produto; 
 VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade; 
 VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; 
 IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; 
 X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; 
 XI - intervenção administrativa; 
 XII - imposição de contrapropaganda. 
 Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade 
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive 
por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo. 
 Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem 
auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento 
administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os 
valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao 
consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de 21.5.1993) 
 Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três 
milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que 
venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de 6.9.1993) 
33 
 
 Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de 
produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do 
produto e revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela administração, 
mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados 
vícios de quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço. 
 Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão 
temporária da atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante 
procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na 
prática das infrações de maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo. 
 § 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço público, 
quando violar obrigação legal ou contratual. 
 § 2° A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de 
fato desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade. 
 § 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, 
não haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença. 
 Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na 
prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre 
às expensas do infrator. 
 § 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, freqüência e 
dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de 
desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva. 
 § 2° (Vetado) 
 § 3° (Vetado). 
TÍTULO II 
Das Infrações Penais 
 Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, sem 
prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos 
seguintes. 
 Art. 62. (Vetado). 
 Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de 
produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações 
escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. 
 § 2° Se o crime é culposo: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade 
ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
34 
 
 Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, 
imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou 
perigosos, na forma deste artigo. 
 Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de 
autoridade competente: 
 Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes 
à lesão corporal e à morte. 
 Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a 
natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço 
ou garantia de produtos ou serviços: 
 Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
 § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 
 § 2º Se o crime é culposo; 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou 
abusiva: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à 
publicidade: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, 
sem autorização do consumidor: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou 
moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que 
exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou 
lazer: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele 
constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros: 
35 
 
 Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. 
 Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de 
cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente 
preenchido e com especificação clara de seu conteúdo; 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, incide 
as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, 
administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo 
aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou 
a oferta e prestação de serviços nas condições por ele proibidas. 
 Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código: 
 I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade; 
 II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; 
 III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; 
 IV - quando cometidos: 
 a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja 
manifestamente superior à da vítima; 
 b) em detrimento de
operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos 
ou de pessoas portadoras de deficiência mental interditadas ou não; 
 V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer 
outros produtos ou serviços essenciais . 
 Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, 
correspondente ao mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade 
cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, §1° 
do Código Penal. 
 Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, 
cumulativa ou alternadamente, observado odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: 
 I - a interdição temporária de direitos; 
 II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às 
expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; 
 III - a prestação de serviços à comunidade. 
 Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este código, será fixado pelo juiz, ou 
pela autoridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do 
Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. 
36 
 
 Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança 
poderá ser: 
 a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; 
 b) aumentada pelo juiz até vinte vezes. 
 Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros 
crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como 
assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais 
também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo 
legal. 
TÍTULO III 
Da Defesa do Consumidor em Juízo 
CAPÍTULO I 
Disposições Gerais 
 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser 
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
 Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
 I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e 
ligadas por circunstâncias de fato; 
 II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de 
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; 
 III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de 
origem comum. 
 Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: 
(Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
 I - o Ministério Público, 
 II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; 
 III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem 
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos 
protegidos por este código; 
 IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre 
seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, 
dispensada a autorização assemblear. 
 § 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas 
nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou 
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. 
 § 2° (Vetado). 
 § 3° (Vetado). 
37 
 
 Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis 
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, 
o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem 
o resultado prático equivalente ao do adimplemento. 
 § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas 
optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático 
correspondente. 
 § 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código 
de Processo Civil). 
 § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia 
do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, 
citado o réu. 
 § 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, 
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, 
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. 
 § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá 
o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e 
pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força 
policial. 
 Art. 85. (Vetado). 
 Art. 86. (Vetado). 
 Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, 
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da 
associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas 
processuais. 
 Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores 
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários 
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos. 
 Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá 
ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos 
autos, vedada a denunciação da lide. 
 Art. 89. (Vetado) 
 Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil 
e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo 
que não contrariar suas disposições. 
CAPÍTULO II 
Das Ações Coletivas Para a Defesa de Interesses Individuais Homogêneos 
 Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no 
interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos 
38 
 
individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela 
Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
 Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a 
justiça local: 
 I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; 
 II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito 
nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de 
competência concorrente. 
 Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os 
interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla 
divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor. 
 Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a 
responsabilidade do réu pelos danos causados. 
 Art. 96. (Vetado). 
 Art.
97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e 
seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o 
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de 
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada pela Lei nº 
9.008, de 21.3.1995) 
 § 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da 
qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado. 
 § 2° É competente para a execução o juízo: 
 I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual; 
 II - da ação condenatória, quando coletiva a execução. 
 Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.° 
7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do 
mesmo evento danoso, estas terão preferência no pagamento. 
 Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância 
recolhida ao fundo criado pela Lei n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto 
pendentes de decisão de segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo 
na hipótese de o patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela 
integralidade das dívidas. 
 Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número 
compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação 
e execução da indenização devida. 
39 
 
 Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei 
n.° 7.347, de 24 de julho de 1985. 
CAPÍTULO III 
Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços 
 Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem 
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: 
 I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; 
 II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o 
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta 
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do 
Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a 
informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o 
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da 
lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este. 
 Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código poderão propor ação visando 
compelir o Poder Público competente a proibir, em todo o território nacional, a produção, 
divulgação distribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição, estrutura, 
fórmula ou acondicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou 
perigoso à saúde pública e à incolumidade pessoal. 
 § 1° (Vetado). 
 § 2° (Vetado) 
CAPÍTULO IV 
Da Coisa Julgada 
 Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: 
 I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, 
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento 
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81; 
 II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por 
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no 
inciso II do parágrafo único do art. 81; 
 III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as 
vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. 
 § 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e 
direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe. 
 § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os 
interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação 
de indenização a título individual. 
 § 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos 
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se 
procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à 
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. 
40 
 
 § 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória. 
 Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, 
não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga 
omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os 
autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a 
contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva. 
TÍTULO IV 
Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor 
 Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos 
federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do 
consumidor. 
 Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional de 
Direito Econômico (MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de coordenação 
da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe: 
 I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao 
consumidor; 
 II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões 
apresentadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado; 
 III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias; 
 IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de 
comunicação; 
 V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a apreciação de 
delito contra os consumidores, nos termos da legislação vigente; 
 VI - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de medidas 
processuais no âmbito de suas atribuições; 
 VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa 
que violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores; 
 VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito Federal e 
Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e 
segurança de bens e serviços; 
 IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a 
formação de entidades de defesa do consumidor pela população e pelos órgãos públicos 
estaduais e municipais; 
 X - (Vetado). 
 XI - (Vetado). 
 XII - (Vetado) 
 XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. 
41 
 
 Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Departamento Nacional de 
Defesa do Consumidor poderá solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória 
especialização técnico-científica. 
TÍTULO V 
Da Convenção Coletiva de Consumo
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou 
sindicatos de categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo 
que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à 
garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do 
conflito de consumo. 
 § 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de 
títulos e documentos. 
 § 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias. 
 § 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em 
data posterior ao registro do instrumento. 
 Art. 108. (Vetado). 
TÍTULO VI 
Disposições Finais 
 Art. 109. (Vetado). 
 Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 
1985: 
"IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo". 
 Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a 
seguinte redação: 
"II - inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, 
ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer outro interesse 
difuso ou coletivo". 
 Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte 
redação: 
"§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o 
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa". 
 Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º. da Lei n.° 7.347, de 24 de 
julho de 1985: 
"§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto 
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do 
bem jurídico a ser protegido. 
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito 
Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Vide 
Mensagem de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ) 
42 
 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de 
ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de 
título executivo extrajudicial". (Vide Mensagem de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ) 
 Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: 
"Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a 
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual 
iniciativa aos demais legitimados". 
 Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, passando 
o parágrafo único a constituir o caput, com a seguinte redação: 
“Art. 17. “Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores 
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários 
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos”. 
 Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985: 
"Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, 
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, 
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais". 
 Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte dispositivo, 
renumerando-se os seguintes: 
"Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que 
for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor". 
 Art. 118. Este código entrará em vigor dentro de cento e oitenta dias a contar de sua 
publicação. 
 Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário. 
Brasília, 11 de setembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República. 
FERNANDO COLLOR 
Bernardo Cabral 
Zélia M. Cardoso de Mello 
Ozires Silva 
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 12.9.1990 - Retificado no DOU de 10.1.2007 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
O “RECALL” 
 
 
Texto extraído do livro Curso de Direito do 
Consumidor, de Rizzatto Nunes, 2ª ed. 
rev., modif. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2005. p. 150. 
 
 O § 1º do art. 10 cuida do chamado recall. Muito praticado nos países 
ditos de Primeiro Mundo, o recall começa a funcionar no Brasil, 
especialmente após a edição da Lei n. 8.078/90. 
 
 Por meio desse instrumento, a norma protecionista pretende que o 
fornecedor impeça ou procure impedir, ainda que tardiamente, que o 
consumidor sofra algum dano u perda em função de vício que o produto ou 
serviço tenham apresentado após sua comercialização. 
 
 Essa regra legal tem um alvo evidente. Trata-se das produções em série. 
Após gerar determinado produto, por exemplo, um automóvel, o fabricante 
constata que um componente apresenta vício capaz de comprometer a 
segurança do veículo. Esse componente, digamos, um amortecedor, que é o 
mesmo modelo instalado em toda uma série de 1000 automóveis que saiu da 
montadora, apresentou problema de funcionamento, e, por ter origem no 
mesmo lote advindo do seu fabricante (isto é, do fabricante do amortecedor), 
tem grande probabilidade de repetir o problema nos automóveis já colocados 
no mercado. Então, esses veículos já vendidos devem ser “chamados de 
volta” (recall) para ser consertados. 
 
Modos de efetuar o recall 
 
 O § 2º do art. 10 dispõe que para efetivar o recall o fornecedor deve 
utilizar-se de todos os meios de comunicação disponíveis e, claro, com 
despesas correndo por sua conta. Mas não basta. É preciso fazer uma 
interpretação extensiva do texto para cumprir seu objetivo. 
 
 Assim, utilizando-se do mesmo exemplo acima, dos amortecedores, se 
os veículos são zero-quilômetro, as concessionárias que os venderam têm 
registros, nas notas fiscais, dos endereços dos compradores. Nada mais 
natural, portanto, que as montadoras chamem os consumidores por 
correspondência, telegrama, telefonema, mensageiros etc. 
 
 Então, deve-se entender que o sentido desejado no § 2º é o de 
amplamente obrigar o fornecedor a encontrar o consumidor que adquiriu seu 
produto ou serviço criado para que o vício seja sanado. 
44 
 
JURISPRUDÊNCIAS 
 
TJSP - Apelação: APL 994092871190 SP 
Resumo: Responsabilidade Civil - Consumidor 
Relator(a): Francisco Loureiro 
Julgamento: 22/04/2010 
Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Privado 
Publicação: 28/04/2010 
RESPONSABILIDADE CIVIL - CONSUMIDOR - Vício do produto - Carro com defeitos no 
painel, pintura e direção hidráulica - Laudo pericial confirmando que os vícios advém da 
fabricação - Dever de indenizar pelo valor de um veiculo usado, porém em boas condições de 
uso - Perdas e danos devidamente comprovadas por meio de notas fiscais de serviços 
prestados -Danos morais - Situação narrada nos autos indica sofrimento além do mero 
transtorno da vida quotidiana,além de longo desgaste pessoal por usar produto imperfeito 
enquanto durou a demanda - Danos morais corretamente fixados em R$ 9.300,00 - Ação 
parcialmente procedente - Recursos da autora parcialmente provido e das rés improvidos. 
 
TJSC - Agravo de Instrumento: AG 619143 SC 
2009.061914-3 
Parte: Agravante: Santa Paulina Strasbourg Veículos Ltda 
Parte: Agravado: Juliano Luiz Zimmerman 
Relator(a): Marcus Tulio Sartorato 
Julgamento: 12/04/2010 
Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil 
Publicação: Agravo de Instrumento n. , de Blumenau 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AÇÃO DE RESCISÃO DE 
CONTRATO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO. AUTOMÓVEL QUE 
APRESENTOU DIVERSOS DEFEITOS MECÂNICOS DESDE A AQUISIÇÃO. FATO QUE 
TERIA IMPOSSIBILITADO O USO NORMAL DO BEM. VEÍCULO SUBMETIDO, POR 12 
VEZES, NO PERÍODO DE UM ANO, A REVISÕES NA ASSISTÊNCIA TÉCNICA 
ESPECIALIZADA. VÍCIOS NÃO SANADOS PELA CONCESSIONÁRIA AGRAVANTE. 
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DEFERIDA PELO MAGISTRADO A QUO. 
DETERMINAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DO CARRO POR OUTRO DE IGUAL MODELO AO 
ADQUIRIDO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE CONFIABILIDADE E SEGURANÇA DO 
PRODUTO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. FUNDADO RECEIO DE DANO 
IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO CONSUBSTANCIADO NO RISCO À 
INTEGRIDADE FÍSICA DO AGRAVADO E DE TERCEIROS, ALÉM DA IMPOSSIBILIDADE DE 
USUFRUIR COM NATURALIDADE A COISA ADQUIRIDA. PRESSUPOSTOS 
AUTORIZADORES DA MEDIDA CONFIGURADOS. INTERLOCUTÓRIO MANTIDO. 
RECURSO DESPROVIDO. 
 
TJRJ - APELACAO: APL 102521120068190208 
RJ 0010252-11.2006.8.19.0208 
Parte: Apdo : VOLKSWAGEN DO BRASIL INDUSTRIA DE VEICULOS AUTOMOTORES LTDA 
Parte: Apdo : SCALA COMERCIO E SERVICOS DE AUTOMOVEIS LTDA 
Parte: Apdo : ABOLICAO VEICULOS LTDA 
Parte: Apte : MARCUS LUCIO DE ALMEIDA 
Resumo: Apelação Cível. Ação de Indenização Por Danos Morais e Materiais.vício do Produto. Carro 
Novo que Apresentou Pane em Razão de Defeito de Fabricação, que Posteriormente Levou o 
Fabricante a Fazer o Recall.veículo Roubado no Curso do Processo. 
Relator(a): DES. LEILA ALBUQUERQUE 
Julgamento: 14/09/2010 
Órgão Julgador: DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL 
Publicação: 16/09/2010 
45 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.VÍCIO 
DO PRODUTO. CARRO NOVO QUE APRESENTOU PANE EM RAZÃO DE DEFEITO DE 
FABRICAÇÃO, QUE POSTERIORMENTE LEVOU O FABRICANTE A FAZER O 
RECALL.VEÍCULO ROUBADO NO CURSO DO PROCESSO. 
Por sentença foi julgado extinto o feito sem resolução do mérito em relação à obrigação de 
fazer, por perda de objeto, em razão do roubo do veículo, e julgado improcedente o pedido de 
indenização por danos morais e materiais, ante a sua não caracterização. Recurso do Autor 
reiterando os pedidos de restituição do valor pago pelo bem e de indenização por danos moral 
e material.Impossibilidade de restituição do valor gasto na compra do veículo, nos termos 
pretendidos pelo Autor.Dano material não demonstrado por prova idônea, o que se impunha, 
ante o cunho indenizatório da verba.Os danos morais, por outro lado, estão caracterizados, 
pois o mínimo que se espera de um carro 'zero' quilômetro é que não apresente defeito no mês 
seguinte ao da aquisição; sendo certo que o mero fato de ter havido 'recall' para substituição 
das peças que provocaram a pane no carro do Autor já seria suficiente para demonstrar a 
existência de vício no produto e, conseqüentemente, caracterizar a existência de dano moral in 
re ipsa, por falha no serviço, impondo-se a sua indenização pela Primeira e Segunda Apeladas, 
Volkswagen e Scala, que respectivamente fabricaram e comercializaram um produto que 
comprovadamente apresentou vícios de fabricação,Reforma parcial da sentença para condenar 
Primeira e Segunda Apeladas, Volkswagen e Scala, ao pagamento de indenização por danos 
morais no valor de R$ 5.000,00, corrigida monetariamente a partir desta data e acrescida de 
juros legais a contar da citação.PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. 
 
TJMG: 106720415203500011 MG 
1.0672.04.152035-0/001(1) 
Resumo: Apelação - Indenização - Automóvel Novo - Vício na Qualidade - Produto Impróprio - 
Responsabilidade do Fabricante - Dever de Indenizar - Dano Moral - Vendedor - Excludente de 
Responsabilidade - Prestadora de Serviço - Inexistência do Defeito - Honorários Advocatícios. 
Relator(a): AFRÂNIO VILELA 
Julgamento: 23/08/2006 
Publicação: 29/09/2006 
APELAÇÃO - INDENIZAÇÃO - AUTOMÓVEL NOVO - VÍCIO NA QUALIDADE - PRODUTO 
IMPRÓPRIO - RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE - DEVER DE INDENIZAR - DANO 
MORAL - VENDEDOR - EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE - PRESTADORA DE 
SERVIÇO - INEXISTÊNCIA DO DEFEITO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A 
responsabilidade do fabricante e do fornecedor está expressamente prevista, respectivamente, 
nos arts. 12 e 18 da Lei 8.078/90, e a regular prestação de assistência técnica não o exime da 
obrigação de reparar os danos morais causados à consumidora, quando presentes seus 
requisitos, porque sua aferição não está vinculada aos atos de garantia do veículo ou à forma 
de exercê-la. O dano moral caracteriza-se pelos aborrecimentos e frustração enfrentados pela 
aquisição de carro novo com vício de fábrica, ainda que não tenha sido violado o dever anexo 
de segurança. Estando identificado o fabricante (art. 13, inc.I, do CDC) e tendo sido correto o 
serviço de assistência técnica prestada (art. 14, § 3º, I), não há que se falar em solidariedade 
pelo defeito oriundo da montagem do bem. A valoração dos serviços advocatícios prestados ao 
apelado deve ser mantida porque em harmonia com as alíneas do § 3º, do artigo 20, do Código 
de Processo Civil, sem exceder o percentual máximo previsto no caput do aludido parágrafo. O 
valor da indenização deve ser mantido quando compatível com o dano moral sofrido e se 
revela condizente com a situação fática, a gravidade objetiva do dano, seu efeito lesivo, as 
condições sociais e econômicas da vítima e do ofensor, observado os critérios de 
proporcionalidade e razoabilidade. 
OBS.: indenização foi de R$ 10.000,00 
 
46 
 
TJDF - Ação Cível do Juizado Especial: ACJ 
1432262120058070001 DF 0143226-
21.2005.807.0001 
Relator(a): SILVA LEMOS 
Julgamento: 25/05/2007 
Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF 
Publicação: 26/07/2007, DJU Pág. 137 Seção: 3 
RELAÇÃO DE CONSUMO - COMPRA E VENDA DE VEÍCULO - DEFEITO EM CARRO ZERO 
QUILÔMETRO DENTRO DO PRAZO DE GARANTIA - DEMORA NA PRESTAÇÃO DO 
SERVIÇO - DANO MATERIAL - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA 
MANTIDA. 
 
TJSC - Apelação Cível: AC 302190 SC 
2003.030219-0 
Parte: Apelante: Volkswagen do Brasil Ltda 
Parte: Apelante: Edit Rocha 
Parte: Apelada: Volkswagen do Brasil Ltda 
Parte: Apelado: Gugelmin Comércio de Veículos Ltda 
Parte: Apelada: Edit Rocha 
Parte: Apelado: Avel Apolinário Santo André Veículos Ltda 
Resumo: Processual Civil - Recurso 
Relator(a): Luiz Cézar Medeiros 
Julgamento: 13/11/2009 
Órgão Julgador: Câmara Especial Temporária de Direito Civil 
Publicação: Apelação Cível n. , de Rio do Sul 
PROCESSUAL CIVIL – RECURSO - LIMITES DO PEDIDO 1 Em pleito recursal, o que 
prevalece não é estritamente o que consta do requerimento final, e sim o pedido nele 
formulado, em harmonia com o teor do aduzido globalmente na peça recursal. 2 Não é lícito à 
parte recorrer para afastar um fundamento da sentença e pretender que isso produza 
unicamente o efeito ou efeitos que lhe interessam. Corrigido o equívoco, cabe ao segundo grau 
proceder à analise das consequências no seu todo. CIVIL - VÍCIO DO PRODUTO - 
DECADÊNCIA - TERMO INICIAL - CDC, ARTS. 26 E 50 1 "O prazo de decadência do direito 
de reclamar pelos vícios de produtos ou serviços, previsto no art. 26, § 2º, da Lei n. 8.078/90, 
resta obstado pela reclamação formulada pelo consumidor ao fornecedor, somente voltando a 
transcorrer a partir da inequívoca resposta negativa correspondente; ausente esta, segue 
obstado o lapso decadencial (AC n. , Des. Vanderlei Romer)" . 2 Nos termos do art. 50 do 
Código do Consumidor, a garantia contratual é complr à legal. "Na verdade, se existe uma 
garantia contratual de um ano tida como complr à legal, o prazo de decadência somente pode 
começar da data em que encerrada a garantia contratual, sob pena de submetermos o 
consumidor a um engodo com o esgotamento do prazo judicial antes do esgotamento do prazo 
de garantia. E foi isso que o art. 50 do Código de Defesa do Consumidor quis evitar" (REsp n.
225.859, Min. Menezes Direito). CIVIL - VEÍCULO NOVO - DEFEITO DE FÁBRICA - 
SIGNIFICÂNCIA DO VÍCIO - CDC, ART. 18, I - EXEGESE 1 A questão da significância do 
defeito não pode ser resultado de avaliação simplista, com enfoque no vício em si. Ela está 
relacionada à possibilidade e ao grau de dificuldade de o defeito ser definitivamente reparado, 
bem assim aos inconvenientes e à frustração plena do uso e gozo do bem que o defeito causa. 
2 A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso a que 
alude o art. 18, inc. I, do Código de Defesa do Consumidor, deve ser interpretado como o 
restabelecimento integral do status quo ante. Significa que se o consumidor comprou um carro 
zero quilômetro, novo, com defeito, deve receber em substituição outro carro novo, da mesma 
marca e tipo, mas que não apresente nenhum vício. 3 "Comprado veículo com defeito de 
fábrica, é responsabilidade do fabricante entregar outro do mesmo modelo, presentes as 
condições do art. 18, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor. Se demorou a cumprir com o 
seu dever, não pode o fabricante alegar que não há como efetuar. Nesse caso, o carro novo do 
mesmo modelo e com as mesmas características corresponderá ao do ano em que efetivada a 
substituição, sob pena de impor-se, por culpa do fabricante, severo prejuízo ao consumidor" 
(AC n. , Des. Vanderlei Romer). RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO -
47 
 
LEGITIMIDADE PASSIVA - CDC, ARTS. 18 E 34 -SOLIDARIEDADE "Importa esclarecer que, 
no pólo passivo dessa relação de responsabilidade, encontram-se todas as espécies de 
fornecedores, coobrigados e solidariamente responsáveis pelo ressarcimento dos vícios de 
qualidade ou quantidade eventualmente apurados no fornecimento de produtos ou serviços" 
(AC n. , Des. Jorge Schaefer Martins). CIVIL E PROCESSO CIVIL - DIREITO DO 
CONSUMIDOR - DENUNCIAÇÃO DA LIDE - LITISDENUNCIADA - CONDENAÇÃO DIRETA E 
SOLIDÁRIA - CPC, ART. 75, I O fabricante que vem a juízo e aceita a denunciação da lide 
levada efeito por um dos requeridos, oferece contestação e apresenta defesa na mesma linha 
da denunciante, assume a condição de litisconsorte passivo, formal e materialmente, podendo, 
em conseqüência, ser condenado, direta e solidariamente a recompor as perdas do 
consumidor. DEFEITO DO PRODUTO - CDC - DESVALORIZAÇÃO DO BEM - DANOS 
MORAIS - PROVA 1 O dano moral, em regra, não precisa ser provado. O que reclama 
inequívoca demonstração é o ato lesivo e a sua capacidade de causar gravame ao lesado. 2 "A 
aquisição de um automóvel zero kilômetro é motivo de satisfação e felicidade, representando, 
muitas vezes, a realização de um sonho. Assim, configura dano moral a frustração do 
adquirente motivada pela impossibilidade de plena fruição do bem em razão de recorrentes 
defeitos não solucionados pela concessionária" (AC n. , Des. Luiz Carlos Freyesleben). 3 "O 
valor da indenização do dano moral há de ser fixado com moderação, em respeito aos 
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, levando em conta não só as condições 
sociais e econômicas das partes, como também o grau da culpa e a extensão do sofrimento 
psíquico, de modo que possa significar uma reprimenda ao ofensor, para que se abstenha de 
praticar fatos idênticos no futuro, mas não ocasione um enriquecimento injustificado para o 
lesado" (AC n. , Des. Jaime Ramos). 
 
 
TJSC - Apelação Cível: AC 154836 SC 
2004.015483-6 
Parte: Apte/Apdo: Soraia Lummertz da Silva e outro 
Parte: Apdo/Apte: Renault do Brasil S/A 
Resumo: Ação Rebiditória - Sentença de Procedência Parcial - Recursos de Ambas As Partes Apelação da 
Requerida - Sentença Extra Petita - Inocorrência - Preliminar Afastada - Existência de Dano Moral 
- Recurso Desprovido 
Relator(a): Sérgio Roberto Baasch Luz 
Julgamento: 27/09/2005 
Órgão Julgador: Primeira Câmara de Direito Civil 
Publicação: Apelação cível n. , de Araranguá. 
AÇÃO REBIDITÓRIA - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL - RECURSOS DE AMBAS 
AS PARTES APELAÇÃO DA REQUERIDA - SENTENÇA EXTRA PETITA - INOCORRÊNCIA - 
PRELIMINAR AFASTADA - EXISTÊNCIA DE DANO MORAL - RECURSO DESPROVIDO 
- Ora, sentença extra petita ocorre quando o magistrado decide questões diversas daquelas 
suscitadas em juízo, não se caracterizando em caso de procedência parcial do pedido. 
- Porquanto, o dano moral não compreende tão somente o opróbrio passado por aquele que 
sofre algum tipo de dano perante outrem, mas também pode ser traduzido na sensação de 
impotência diante de uma situação em que não se consegue ter um automóvel em plena e 
completa condição de uso, ou seja, um veículo que não apresente defeito de fabricação. Tal 
sentimento que sofreram os autores, trouxe muitos incômodos e desgostos aqueles, por não 
poderem utilizar seu bem conforme esperavam. A compra de um carro, como no caso em tela, 
é para todos um momento de grande alegria e satisfação, que quando apresenta oposição à 
expectativa, gera o tão chamado dano moral. RECURSO DOS AUTORES - CARRO ZERO 
QUILÔMETRO COM DEFEITOS DE FABRICAÇÃO - VÍCIOS NÃO SANADOS - 
IMPOSSIBILIDADE DE FRUIÇÃO DO BEM - RESSARCIMENTO DO VALOR DO CARRO HÁ 
ÉPOCA DA AQUISIÇÃO COM JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA COM A CONSEQÜENTE 
DEVOLUÇÃO DO AUTOMÓVEL - APLICAÇÃO DO ART. 18, § 1º, DO CDC - SENTENÇA 
REFORMADA - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL - RECURSO PROVIDO - "Ao 
consumidor adquirente de veículo automotor zero quilômetro é assegurado o direito de 
restituição da quantia paga pelo bem, monetariamente atualizada, quando, após reiterados 
consertos em oficina de concessionária autorizada, persistem os defeitos no automóvel."(AC n. 
, Balneário Camboriú. Rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben). 
48 
 
 
STJ, REsp. 324629, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, Terceira Turma, DJ 
12-12-2002 
“Direito do Consumidor. Recurso especial. Ação de conhecimento sob o rito ordinário. 
Aquisição de automóvel zero-quilômetro. Vícios do produto solucionados pelo fabricante no 
prazo legal. Danos morais. Configuração. Quantum fixado. Redução. Honorários advocatícios. 
Sucumbência recíproca. 
- O vício do produto ou serviço, ainda que solucionado pelo fornecedor no prazo legal, poderá 
ensejar a reparação por danos morais, desde que presentes os elementos caracterizadores do 
constrangimento à esfera moral do consumidor. 
- Se o veículo zero-quilômetro apresenta, em seus primeiros meses de uso, defeitos em 
quantidade excessiva e capazes de reduzir substancialmente a utilidade e a segurança do 
bem, terá o consumidor direito à reparação por danos morais, ainda que o fornecedor tenha 
solucionado os vícios do produto no prazo legal. 
- Na linha de precedentes deste Tribunal, os danos morais, nessa hipótese, deverão ser 
fixados em quantia moderada (salvo se as circunstâncias fáticas apontarem em sentido 
diverso), assim entendida aquela que não ultrapasse a metade do valor do veículo novo, sob 
pena de enriquecimento sem causa por parte do consumidor. 
- Se o autor deduziu três pedidos e apenas um foi acolhido, os ônus da sucumbência deverão 
ser suportados reciprocamente, na proporção de 2/3 (dois terços) para o autor e de 1/3 (um 
terço) para o réu. 
- Recurso especial a que se dá parcial provimento.” 
 
TJMT - CLASSE CNJ - 198 - COMARCA CAPITAL 
APELANTE: GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA. 
APELANTE: SUETOSHI MATSUMURA 
APELANTE: TUIUIU MOTORS VEÍCULOS E PEÇAS LTDA. 
APELADO: SUETOSHI MATSUMURA 
APELADO: TUIUIU MOTORS VEÍCULOS E PEÇAS LTDA. 
APELADO: GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA. 
Número do Protocolo: 102744/2007 
Data de Julgamento: 1°-07-2009 
 
APELAÇÃO CÍVEL - RELAÇÃO DE CONSUMO – DECADÊNCIA DO DIREITO DO AUTOR 
NÃO CONFIGURADA - AUTOMÓVEL NOVO - VÍCIO OCULTO - PRODUTO IMPRÓPRIO 
PARA FIM QUE SE DESTINA - DEVER DE RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO E 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - REPETIÇÃO DE INDÉBITO SIMPLES 
QUANDO NÃO CARACTERIZA
MÁ-FÉ OU ERRO DO CREDOR - HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS - APLICAÇÃO DO ARTIGO 20, § 3° DO CPC PARA FIXAÇÃO - RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO. 
Nas relações de consumo, o prazo decadencial relativo ao direito de reclamar pelos vícios de 
bens duráveis é de 90 (noventa) dias, sendo obstada a decadência pela reclamação 
comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor. 
Os fornecedores de produtos duráveis respondem por vícios de qualidade do produto que o 
tornem impróprio ou inadequado para o fim a que se destina ou lhe diminuam o valor. 
O dano moral caracteriza-se pelos aborrecimentos e frustração enfrentados pela aquisição de 
carro novo com vício de fábrica. 
Aquele que recebe pagamento indevido deve restituí-lo para impedir o enriquecimento 
indevido, mas na forma simples quando os valores pagos não foram por erro ou má-fé. 
 
 
TJMT- SEGUNDA CÂMARA CÍVEL - AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 65735/2009 - 
CLASSE CNJ - 202 – COMARCA CAPITAL 
AGRAVANTE: FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA. 
AGRAVADA: LETÍCIA CANCIAN 
49 
 
Número do Protocolo: 65735/2009 
Data de Julgamento: 04-8-2010 
RELATÓRIO 
EXMA. SRA. DESA. MARIA HELENA GARGAGLIONE PÓVOAS 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E 
MORAIS - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – COMPRA DE VEÍCULO NOVO - APRESENTAÇÃO 
DE DEFEITO - GARANTIA - DIREITO DO CONSUMIDOR - PRESENÇA DOS REQUISITOS 
PREVISTOS NO ART. 273, DO CPC E NO ART. 18, § 1º, DO CDC - AUSÊNCIA DE 
PERICULUM IN MORA INVERSO - DECISÃO MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. 
Uma vez verificado pelo MM. Juiz Singular a presença dos requisitos necessários para a 
concessão da antecipação de tutela postulada na petição inicial, o deferimento da liminar é 
medida que se impõe, importando, por conseguinte, no improvimento do Recurso. 
O defeito apresentado, mormente por se tratar de veículo zero quilômetro já com sucessivas 
idas à oficina, diminuiu o valor e comprometeu a qualidade do produto, além de impossibilitar a 
utilização do bem. 
Não há falar-se em periculum in mora inverso, quando, além de não haver qualquer 
comprovação de que, vencido na demanda, a Agravada não possa arcar com perdas e danos 
eventualmente ocasionados ao Recorrente. Ademais, sabe-se que eventuais prejuízos gerados 
pelo fornecimento de produto defeituoso inserem-se no risco da própria atividade comercial. 
 
 
 “CIVIL. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ZERO-QUILÔMETRO. 
DEFEITO. 
A quantidade e a freqüência dos defeitos manifestados logo após a compra do veículo zero-
quilômetro autorizam o pedido da substituição (CDC, art. 18, § 3º); nada justifica a presunção 
de que, consertado o último defeito, outro não se revele logo a seguir, como já aconteceu nas 
ocasiões anteriores. Recurso especial conhecido e provido em parte, tão-só para afastar da 
condenação a 
indenização por danos morais, com conseqüente reflexo na verba honorária”. 
(STJ-3ª Turma, REsp n. 445.804/RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 05-12-2002, DJ 19-5-2003, p. 
226) 
 
 
“Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Veículo novo. Defeito de fábrica. Código 
do Consumidor. 1. O defeito apresentado, mormente por tratar-se de veículo zero quilômetro já 
com sucessivas idas à oficina, diminuiu o valor e comprometeu a qualidade do produto, além 
de impossibilitar a utilização do bem. 
2. Regular a aplicação do artigo 18, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.078/90, estando a decisão em 
harmonia com os precedentes desta Corte ao determinar a substituição do bem. (...) 
4. Agravo regimental desprovido.” (STJ-3ª Turma, AgRg no Ag 350.590/RJ, Rel. Min. Carlos 
Alberto Menezes Direito) 
 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - RESPONSABILIZAÇÃO DO FORNECEDOR - DIREITO DO 
CONSUMIDOR - VEÍCULO NOVO - DEFEITO - REVENDEDORA - LEGITIMIDADE PASSIVA - 
DENUNCIAÇÃO DA LIDE - IMPOSSIBILIDADE NA RELAÇÃO DE CONSUMO - 
ANTECIPAÇÃO DE 
TUTELA - FORNECIMENTO DE VEÍCULO EM SUBSTITUIÇÃO ATÉ A SOLUÇÃO DA LIDE - 
DESGASTES - CONSEQÜÊNCIA NATURAL - CAUÇÃO - IMPRESTABILIDADE E 
INSUFICIÊNCIA - MERA ALEGAÇÃO – RECURSO IMPROVIDO. 
(...) 
É de se manter decisão que manda antecipar a entrega, ao comprador, de um veículo com as 
mesmas características do que adquiriu novo e apresentou defeito, para a sua utilização até a 
solução da lide, diante do preenchimento dos requisitos do art. 273 do CPC”. (TJMT-6ª Câm. 
Cível, RAI n. 45799/06, Rel. Des. Juracy Persiani) 
 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE 
PRODUTO POR VÍCIOS NÃO SANADOS. ALEGAÇÃO DE VÍCIO REDIBITÓRIO. PEDIDO DE 
SUBSTITUIÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DE VEÍCULO EM CONDIÇÕES DE USO. DIREITO 
DO CONSUMIDOR. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA, NO CASO CONCRETO. 
50 
 
APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO PRIMEIRO DO ART. 18 DO CDC. AGRAVO DE 
INSTRUMENTO DESPROVIDO.” (TJRS-14ª Câm. Cível, Agravo de Instrumento n. 
70016386559, Rel. Sejalmo Sebastião de Paula Nery) 
 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. AUSÊNCIA DE 
FUNDAMENTAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. COMPRA DE VEÍCULO NOVO. DEFEITO 
DE FABRICAÇÃO. VÍCIO OCULTO. GARANTIA. SUBSTITUIÇÃO. DIREITO DO 
CONSUMIDOR. 
I - Na presença dos requisitos legais, a antecipação da tutela é medida que se impõe. 
II - Não gera nulidade a decisão fundamentada de forma sucinta, mas suficiente. 
III - O defeito de fabricação não sanado no prazo estipulado pelo Código Consumerista autoriza 
a substituição do produto defeituoso ou a devolução do valor por ele pago, nada obstando que 
tal tutela seja deferida in limine, se presentes os requisitos do art. 273 do Código de Processo 
Civil. Inteligência do art. 18, § 1º, inc. I, do CDC. 
IV - Eventuais prejuízos decorrentes da substituição do produto defeituoso, nos moldes 
determinados pelo inc. I do § 1º do art. 18 do CDC, inserem-se no próprio risco da atividade de 
comerciar, não se podendo, pois, perfazer-se em óbice ao deferimento da antecipação da 
tutela perseguida, se presentes os requisitos necessários para tanto. 
V - Provimento negado ao recurso”. (TJDFT-1ª Turma, 20080020039103AGI, Rel. Des. Nívio 
Geraldo Gonçalves, j. 18-6-2008, DJ 23-6-2008, p. 50) 
 
TJMT- SEXTA CÂMARA CÍVEL - AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 138124/2008 - 
CLASSE CNJ - 202 – COMARCA CAPITAL 
AGRAVANTE: CITAVEL DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS 
LTDA. 
AGRAVADA: MARILENE FERREIRA TELES 
Número do Protocolo: 138124/2008 
Data de Julgamento: 26-8-2009 
RELATÓRIO 
EXMO. SR. DES. JOSÉ FERREIRA LEITE 
 
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MATERIAIS E MORAIS FUNDADA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - VEÍCULO 
NOVO QUE APRESENTA DEFEITOS NÃO SANEADOS NO PRAZO DE TRINTA DIAS 
PREVISTO NO ART. 18, § 1º, DO CDC - TUTELA ANTECIPADA - DEFERIMENTO PARA 
QUE SEJA SUBSTITUÍDO POR OUTRO - POSSIBILIDADE - PRESENÇA DOS REQUISITOS 
PREVISTOS NO ART. 273, DO CPC E NO ART. 18, § 1º, DO CDC - AUSÊNCIA DE 
PERICULUM IN MORA INVERSO - MULTA PECUNIÁRIA POR ATRASO NO CUMPRIMENTO 
DA OBRIGAÇÃO - ALEGADO EXCESSO EM SUA FIXAÇÃO - NÃO-OCORRÊNCIA - 
CAUÇÃO - AUSÊNCIA DE IMPOSIÇÃO LEGAL EM SUA EXIGÊNCIA NA HIPÓTESE DE 
CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA - DECISÃO MANTIDA - RECURSO IMPROVIDO. 
1. É de ser mantida a decisão interlocutória que concedeu a tutela antecipada para determinar 
a substituição de veículo com menos de dois mil quilômetros de uso quando há prova 
inequívoca nos autos de que, embora o fornecedor tenha tido conhecimento dos vícios nele 
apresentados, não logrou sanálos no prazo do art. 18, § 1º, do CDC, causando, assim, 
prejuízos ao consumidor, em virtude da impossibilidade de utilizar adequada e de forma segura 
o bem. 
2. A teor do art. 18, § 1º, do CDC, é facultado ao consumidor, quando o fornecedor de produto 
durável não sana o defeito nele apresentado no prazo máximo de trinta dias, exigir a sua 
substituição por outro da mesma espécie; a restituição imediata e atualizada da quantia paga, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou, ainda, o abatimento proporcional do preço. 
3. Não há falar-se em
periculum in mora inverso, decorrente de possível depreciação do 
veículo entregue em substituição ao adquirido pelo consumidor, quando, além de não haver 
qualquer comprovação de que, vencido na demanda, aquele não possa arcar com perdas e 
danos eventualmente ocasionadas pelo uso do bem, sabe-se que eventuais prejuízos 
decorrentes da substituição de produto defeituoso inserem-se no risco da própria atividade 
comercial. 
51 
 
4. Inexistindo obrigação legal para a fixação de caução como condição para a concessão de 
tutela antecipada, cabe ao magistrado singular aferir a sua necessidade em conformidade com 
as peculiaridades de cada caso concreto. 
5. É de ser mantido o valor da multa aplicada para o caso de descumprimento da decisão 
judicial quando ele não se revela excessivo ou desproporcional, mas adequado à obrigação 
pactuada entre as partes e, sobretudo, à finalidade de compelir o devedor a atender o comando 
judicial. 
 
 
 
INTEIRO TEOR 
TJMT - SEXTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 45039/2009 - CLASSE CNJ - 198 - 
COMARCA DE RONDONÓPOLIS 
APELANTE: TOYOTA DO BRASIL LTDA. 
APELANTE: PARÁ AUTOMÓVEIS LTDA. 
APELADA: SCHROEDER & SCHROEDER LTDA. - EPP 
Número do Protocolo: 45039/2009 
Data de Julgamento: 29-7-2009 
 
RECURSO DE APELAÇÃO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - REPARO NO CÂMBIO 
AUTOMÁTICO - TOYOTA COROLLA - CÓDIGO DEDEFESA DO CONSUMIDOR - VEÍCULO - 
USO NA ATIVIDADE EMPRESARIAL - DESTINATÁRIO FINAL - APLICABILIDADE - DEFEITO 
- VEÍCULO NOVO - REPARAÇÃO DO VÍCIO - ATIGO 18, § 1º E 26 DO CDC - 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - REVENDEDORA AUTORIZADA E FABRICANTE - 
RECONHECIMENTO - DANOS MATERIAIS – OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR - RECURSOS 
DESPROVIDOS. 
A revendedora autorizada e o fabricante são responsáveis pelos produtos que colocam no 
mercado, bem assim pela qualidade dos produtos, especialmente se o defeito manifestado 
apresenta-se dentro da garantia contratual e legal. 
 
RELATÓRIO 
EXMO. SR. DES. GUIOMAR TEODORO BORGES 
Egrégia Câmara: 
Cuida-se de Recursos de Apelação interpostos por Toyota do Brasil Ltda. e Pará Automóveis 
Ltda., respectivamente, de sentença que julgou procedente a Ação de Obrigação de Fazer que 
lhe move Schroeder & Schroeder Ltda. - EPP para condená-las, solidariamente, a iniciar o 
reparo no câmbio automático do veículo no prazo máximo de 40 (quarenta) dias, sob pena de 
incorrer em multa diária arbitrada em R$5.000,00 (cinco mil reais). 
Condenou-as, ainda, ao pagamento de indenização civil com base nos danos materiais 
sofridos que serão fixados em liquidação de sentença, além do pagamento das despesas, 
custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$2.500,00. 
Toyota do Brasil Ltda., primeira apelante, argumenta que o defeito apresentado no veículo não 
estava mais coberto pela garantia porque o automóvel foi submetido a condições de uso 
severo e, por causa disso, não há falar-se em defeito de fabricação, mas sim em culpa 
exclusiva do consumidor. 
Aduz que o parecer técnico realizado revelou a ausência de defeito no veículo ou em seus 
componentes e concluiu pela utilização anormal do bem pelo apelado, causa da quebra do 
câmbio automático. 
Diz que o laudo pericial também afastou qualquer hipótese de defeito na prestação de serviço 
realizado pelas apelantes, porque as revisões de 10.000 e 20.000 Km não contemplavam a 
verificação do câmbio automático. 
Defende a inaplicabilidade da cláusula de garantia porque o apelado não observou as 
recomendações do fabricante quanto à utilização do veiculo. 
Assevera que para condenação em danos materiais exige-se prova cabal e irrefutável dos 
gastos despendidos, o que não ocorreu. 
Ainda, no tocante ao dano material, salienta que o veículo foi preservado e acondicionado na 
Concessionária, o que afasta a alegação de deteriorização ou desvalorização, salvo aquela 
decorrente do próprio mercado. 
Reclama, ainda, da aplicação do Código de Defesa do Consumidor porque não se provou que 
o apelado é o destinatário final do bem. 
52 
 
Ao final, requer o provimento do recurso a fim de reformar integralmente a sentença. 
Pará Automóveis Ltda., também recorre da decisão e sustenta que o Laudo Pericial foi 
contundente em afirmar que a causa do dano verificado no veículo (quebra do câmbio 
automático) se deu por conta da má utilização do bem pelo condutor. 
Defende que a garantia é concedida pela fabricante dentro de um quadro de configuração de 
utilização normal do veículo, sem colocá-lo em situação anômala para o qual foi projetado. 
Postula, ao final, pela reforma integral da sentença, com exclusão das astreintes arbitradas e 
inversão do ônus de sucumbência. 
Em contra-razão (fls. 431/444), Schroeder & Schroeder Ltda. – EPP aduz que não foi 
comprovada a culpa exclusiva do condutor como causa geradora do evento danoso capaz de 
eximir as apelantes da responsabilidade de reparar o veículo. 
Aduz que o automóvel foi adquirido 0 km junto a Pará Automóveis Ltda., revendedora 
autorizada, porém, em menos de 01 ano de uso, apresentou, por duas vezes, defeito no 
cambio automático, sendo que a reincidência se deu em um intervalo de 45 dias, bem ainda, 
defeito no cabo de transmissão automática conforme atesta o “recall” (fl. 140), situações que, 
por si só, afastam as supostas excludentes de responsabilidades levantadas pelas apelantes 
como o uso indevido ou má utilização do automóvel. 
Assevera que a prova pericial foi inconclusiva e não descartou a existência de peças 
defeituosas e/ou prestação de serviço de má qualidade como causa do defeito no câmbio 
automático do veículo. 
Explica, ainda, que no ato da vistoria pelo perito, a caixa de transmissão 
se encontrava desmontada, o que prejudicou a resposta de alguns quesitos com precisão, 
especialmente o suposto desgaste dos componentes da caixa de transmissão do câmbio 
automático. 
Diz que o fato do veículo periciado apresentar quilometragem alta, por conta das atividades da 
empresa, não revela uso indevido ou severo do bem, capaz de acarretar as falhas mecânicas 
constatadas no câmbio automático. 
Defende a aplicabilidade do Código do Consumidor por se tratar relação consumerista, cuja 
disposição garante ao consumidor o prazo de 90 dias para reclamar vícios aparentes ou de 
fácil constatação pelo serviço ou produto que lhe foi prestado. 
Afirma que os danos materiais serão aferidos em liquidação de sentença e decorrem da 
negativa da prestação de serviço pelas requeridas, aqui apelantes, sob a vigência e cobertura 
da garantia contratual, especialmente porque o automóvel encontra-se inutilizado há mais de 
três anos. 
Ao final, pugna pelo desprovimento dos recursos interpostos. 
É o relatório. 
 
VOTO 
EXMO. SR. DES. GUIOMAR TEODORO BORGES (RELATOR) 
Egrégia Câmara: 
Cinge-se a controvérsia em saber se tem pertinência o recurso tirado de sentença que julgou 
procedente a Ação de Obrigação de Fazer para condenar, solidariamente, as apelantes a 
iniciar o reparo no câmbio automático do veículo do apelado, bem como indenização por 
eventuais danos materiais sofridos. 
 
Da Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor 
No que se refere à aplicação da Lei Consumerista ao caso, verifica-se o acerto do decisum 
combatido. 
O Código de Defesa do Consumidor é plenamente aplicável à espécie, porque a relação 
jurídica pactuada entre as partes se amolda ao perfil da relação de consumo. 
O artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor estabelece o seguinte: “Art. 2º - O consumidor 
é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário 
final.” 
No caso, o destinatário final do produto é a Apelada, que retirou o bem do mercado para utilizá-
lo em sua atividade empresarial, encerrando, portanto, a cadeia produtiva. 
Vale repisar, que por se tratar de pessoa jurídica, a relação de consumo somente restaria 
descaracterizada se a Apelada tivesse adquirido o bem não para uso próprio, mas para
revenda, o que não é o caso. 
O ato jurídico consistente na aquisição do veículo, constituiu, sem dúvida, relação regida pelo 
Código de Defesa do Consumidor e, como tal, correto é o reconhecimento da hipossuficiência 
da Apelada com a inversão do ônus da prova, como posto na sentença. 
53 
 
A respeito: 
“CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. DESTINATÁRIO FINAL. A expressão destinatário final, de 
que trata o art. 2º, caput, do Código de Defesa do Consumidor abrange quem adquire 
mercadorias para fins não econômicos, e também aqueles que, destinando-os a fins 
econômicos, enfrentam o mercado de consumo em condições de vulnerabilidade; espécie em 
que caminhoneiro reclama a proteção do Código de Defesa do Consumidor porque o veículo 
adquirido, utilizado para prestar serviços que lhe possibilitariam sua mantença e a da 
família,apresentou defeitos de fabricação. Recurso especial não conhecido.” (REsp 
716.877/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, 3ª T., j. em 22-3-2007, DJ 23-4-2007 p. 257) 
 
“RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E 
MATERIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL - CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR - I) 
COMERCIALIZAÇÃO DE VEÍCULO - FALTA DE PEÇAS PARA REPAROS - DANOS 
MATERIAIS COMPROVADOS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO FABRICANTE E DA 
CONCESSIONÁRIA - RECURSO IMPROVIDO. 
I) A concessionária, na condição de fornecedora, torna-se responsável pelo produto que coloca 
no mercado onde atua e pela qualidade dos produtos e serviços decorrentes da atividade, 
respondendo solidariamente pelos danos materiais causados aos consumidores.” (TJMT, Rac 
nº 87394/2007, 4ª CC, Rel. Des. José Silvério Gomes, j. em 14-4-08) 
Neste aspecto a sentença não comporta reparos. 
 
Do reconhecimento da obrigação de indenizar. 
A apelada adquiriu o veículo 0 km, junto a Pará Automóveis Ltda.,revendedora autorizada, com 
garantia de 36 meses ofertada pela fabricante Toyota do Brasil Ltda. Porém, em menos de 01 
ano, apresentou, por duas vezes, defeito no câmbio automático. 
Num primeiro momento, o reparo foi realizado pela Concessionária Green Center (atual 
Paraná) e coberto pela garantia. Contudo, num intervalo de menos de dois meses o veículo 
sofreu nova falha no câmbio automático, ou seja, houve reincidência no defeito que já havia 
sido reparado, mas, a apelante se recusou a cobertura para os reparos, orçados em 
R$13.782.60 (fl. 37). 
Assim, por se tratar de relação consumerista, forçoso a aplicação do art.26, inciso II, do CDC, 
in verbis: 
“Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: 
(...) 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. 
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do 
término da execução dos serviços.” 
Observa-se que o câmbio automático apresentou novamente o defeito em menos de 90 dias do 
término da execução do reparo, o que é suficiente para reclamar pelo vício verificado e receber 
o reparo adequado. 
Nesse sentido: 
“CIVIL. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ZERO-QUILÔMETRO. DEFEITO. A quantidade e a 
freqüência dos defeitos manifestados logo após a compra do veículo zero-quilômetro 
autorizam o pedido da substituição (CDC, art.18, § 3º); nada justifica a presunção de que, 
consertado o último defeito, outro não se revele logo a seguir, como já aconteceu nas 
ocasiões anteriores. Recurso 
especial conhecido e provido em parte, tão-só para afastar da condenação a indenização por 
danos morais, com conseqüente reflexo na verba honorária.” 
(REsp 445.804/RJ, Rel. Min. Ari pargendler, 3ª T., j. em 05-12-2002, DJ 19-5-2003 p. 226) (g.n) 
 
Ainda: 
“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO COM DEFEITO DE FÁBRICA. 
REPARAÇÃO DO VÍCIO. ART. 18, § 1º, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
NOTIFICAÇÃO FORMAL DOS RESPONSÁVEIS. DESNECESSIDADE. 
(...) 
III - É o que se verifica na hipótese dos autos, em que, a despeito de não ter sido dirigida 
nenhuma notificação formal às rés, por força dos documentos comprobatórios das 
revisões realizadas no veículo, tiveram elas conhecimento dos problemas detectados, 
sem que os tivessem solucionado de modo definitivo. Recurso especial a que se nega 
54 
 
conhecimento.” (REsp 435.852/MG, Rel. Ministro CASTRO FILHO, 3ª T., j. em 23-8-2007, DJ 
10-9-2007 p. 224) (g.n) 
 
No que pertine a prova pericial, nota-se que o Laudo Pericial não é conclusivo ou objetivo. O 
perito argumentou suas teses baseado em probabilidades, o que se mostra imprestável para 
caracterizar a culpa exclusiva de terceiro. 
Por oportuno, transcreve-se trecho da sentença a corroborar o entendimento (fls. 364/365): 
“(...) 
Ressalta-se, que as respostas aos quesitos do laudo pericial não são contundentes, objetivas, 
não facilitando na decisão judicial, pois conforme se verifica na maioria das vezes o perito 
argumentou suas teses baseado em suposições. Senão, vejamos: 
a. ‘Uma das causas prováveis é a falha operacional‟ (resposta ao quesito 16, fls. 201). 
b. „Pode se relacionar como possíveis causas da falha os itens relacionados a seguir: 
I. Vício nas peças utilizadas; 
II. Falha operacional do condutor; 
III. Procedimento incorreto na execução da manutenção.‟ (respostas aos quesitos 20 e 27, 
respectivamente às fls. 202 e 204). 
c. Quando questionado sobre o que deu a causa ao defeito, alegou que: „Os componentes 
mecânicos da transmissão automática do veículo apresentam sinais de superaquecimento e 
desgaste (...). Isto origina-se devido ao atrito entre os componentes, gerando 
superaquecimento. (...). Devido a estes sinais, há indícios de uso extremo e abusivo da 
transmissão automática.‟ (resposta ao quesito 7 formulado pela empresa Green veículos 
comércio e importação Ltda). 
d.‟Não há indícios de impacto na caixa de transmissão automática.‟(resposta ao quesito 15 
formulado pela Toyota do Brasil).(...)”. (g.n) 
Não fosse suficiente, o “recall” realizado pela Toyota, favorece a pretensão do consumidor, na 
medida em que afirma ser necessária uma correção no cabo da transmissão automática do 
veículo, situação que, em tese, poderia ensejar ou contribuir com o defeito verificado. 
Eis a transcrição do Recall: 
“(...) 
Esta correção é necessária devido à possibilidade do cabo da transmissão automática, 
sob dada condição de acionamento, desprender-se de seu suporte de fixação, causando, 
desta forma, divergência entre a posição da marcha selecionada pelo condutor e a 
marcha realmente engatada conforme indicado no painel de instrumentos do veículo. 
(...)”. (g.n) 
Assim, por conta do quadro fático retratado (prova pericial, recall e documentos colacionados), 
fica afastada a responsabilidade exclusiva do condutor pela quebra do câmbio automático, vale 
dizer, não se comprovou que o uso indevido do bem, desgaste precoce dos pneus, ausência 
de revisão dos 15.000Km ou a alta kilometragem constante no velocímetro foram a causa 
principal do defeito verificado, caso em que incide a garantia contratual avençada, além da 
legal. 
 
Do dano material 
Quanto ao dano material, os recursos igualmente não procedem. 
É que a extensão dos danos materiais não se restringe aos serviços de locação de veículos 
outros pelo tempo que o automóvel, objeto da lide, ficou indisponibilizado (doc. fls. 141/147). 
Alcança, também, a desvalorização de mercado do veículo que permaneceu parado no pátio 
da empresa desde 2005 até a data da entrega, ocorrida em janeiro de 2009, o que há de ser 
apurado em liquidação de sentença. 
Assim, diversamente das argumentações ventiladas pelas apelantes, não há prova de que o 
defeito tenha sido ocasionado por culpa do consumidor, caso em que tem incidência a regra 
contida no caput do artigo 18 do CDC, que consagra a responsabilidade objetiva dos 
fornecedores. 
No ponto, não merece qualquer reparo a conclusão alvitrada pela magistrada que julgou 
procedente o pedido da autora e condenou, solidariamente,
as apelantes no reparo do câmbio 
automático do veículo, bem como ao pagamento da indenização consistente nos danos 
materiais sofridos. 
Sobre a matéria: 
“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO. VÍCIO DE 
QUALIDADE DO PRODUTO. ARTIGO 18, § 1º, DO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR. DANOS MATERIAIS. 
55 
 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR. CÁLCULO DOS JUROS DE MORA. 
I - Restando comprovado que a extensão dos danos materiais sofridos pelo autor, ora 
recorrido, não se restringiu à peça danificada no motor do veículo fornecida pela ré, ora 
recorrente, tendo alcançado também as despesas efetuadas na realização do serviço, 
mostra-se insubsistente a alegação recursal de que, com a reposição da referida peça, teria 
desaparecido o ato ilícito. 
II - Não havendo nos autos prova de que o defeito foi ocasionado por culpa do 
consumidor, subsume-se o caso vertente na regra contida no caput do artigo 18 da Lei n. 
8.078/90, o qual consagra a responsabilidade objetiva dos fornecedores de bens de consumo 
duráveis pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a 
que se destinam ou lhes diminuam o valor, impondo-se o ressarcimento integral dos prejuízos 
sofridos. (...).” (REsp 760.262/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª T., j. em 03-4-2008, DJe 15-4-
2008) (g.n) 
 
Ainda: 
“Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Veículo novo. Defeito de fábrica. Código 
do Consumidor.1. O defeito apresentado, mormente por tratar-se de veículo zero 
quilômetro já com sucessivas idas à oficina, diminuiu o valor e comprometeu a 
qualidade do produto, além de impossibilitar a utilização do bem. 2. Regular a aplicação 
do artigo 18, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.078/90, estando a decisão em harmonia com os 
precedentes desta Corte ao determinar a substituição do bem. (...)” (AgRg no Ag 350.590/RJ, 
Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª T., j. em 19-3-2001, DJ 07-5-2001 p. 141, REPDJ 
18-6-2001 p. 154, REPDJ 25-6-2001 p. 177) (g.n) 
 
Por fim, não há falar-se em exclusão das astreintes arbitradas porque a imposição de multa 
faz-se necessária como forma de compelir a parte a cumprir a determinação udicial, no caso o 
de iniciar imediatamente o reparo no câmbio automático do veículo. 
Assim, perfeitamente possível a estipulação de multa para o caso de descumprimento da 
decisão judicial. 
Posto isso, nega-se provimento a ambos os recursos de apelação. 
É como voto.

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