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Livro_Lingua_Latina

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Autor 
 Rodrigo Tadeu Gonçalves
 
Língua Latina
1.ª edição
© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br
Gonçalves, Rodrigo Tadeu.
 Língua Latina. /Rodrigo Tadeu Gonçalves – Curitiba: IESDE 
Brasil S.A., 2007.
 184 p.
 ISBN: 978-85-7638-771-8
 1. Língua latina – Didática 2. Língua latina – Estudo e ensino 
3. Língua Latina – Gramática 4. Língua latina – Literatura I. Título.
CDD 470.07
G635
Sumário
História do latim e as línguas neolatinas | 7
A hipótese do indo-europeu | 9
História do latim | 11
A passagem do latim para as línguas românicas modernas | 13
A latinização | 14
Fonologia e prosódia do latim | 21
A questão da duração das vogais | 22
O alfabeto latino | 23
O acento de intensidade | 25
As pronúncias do latim | 26
Estrutura da língua latina comparada com a do português | 31
A estrutura da língua portuguesa | 31
A estrutura do latim | 32
Comparação entre as duas línguas | 36
Sistema nominal latino | 43
As declinações nominais | 43
 Os adjetivos de primeira classe | 47
Preposições | 49
Sistema nominal latino II | 55
Terceira declinação dos nomes | 55
Adjetivos de segunda classe | 59
Graus dos adjetivose formação de advérbios | 73
A formação do comparativo dos adjetivos | 73
A formação do superlativo dos adjetivos | 75
Comparativos e superlativos irregulares | 76
Advérbios regulares | 76
Estrutura da língua latina: os verbos | 81
Características morfológicas dos verbos em latim | 81
Primeira conjugação verbal | 85
Segunda conjugação verbal | 88
Aprofundamento da morfologia verbal latina | 95
Terceira conjugação | 95
Quarta conjugação | 97
Conjugação mista | 99
Verbos irregulares | 101
A voz passiva e os verbos depoentes | 115
Voz passiva | 115
Verbos depoentes | 121
Os pronomes em latim | 131
Pronomes pessoais | 131
Pronomes possessivos | 132
Pronomes interrogativos e indefinidos | 133
Pronomes demonstrativos | 134
Pronomes relativos | 136
Conjunções: coordenação e subordinação | 147
 Conjunções | 147
Conjunções coordenativas | 147
Conjunções subordinativas | 149
A questão da subordinação sem conjunção: o acusativo com infinitivo | 153
Os numerais, o calendário romano, a quarta e quinta declinações | 161
Os numerais | 161
O calendário romano | 163
A quarta e a quinta declinações nominais | 167
Gabarito | 175
Referências | 183
Apresentação
É muito difícil não reconhecer a importância da língua latina para 
todos os estudiosos e profissionais de áreas relacionadas com a língua 
portuguesa, dada a relação de descendência histórica direta entre elas. 
Assim, a inclusão do estudo, ainda que incipiente, do latim nos currícu-
los de Letras é fundamental. 
Este livro tentará apresentar questões importantes da língua la-
tina para alunos de graduação em Letras. O ensino do latim pretendido 
aqui é, portanto, instrumental, voltado para uma compreensão da nossa 
própria língua. Em especial, pensamos, o contato com a língua da qual a 
nossa deriva diretamente deve aumentar a nossa capacidade de refletir 
sobre estruturas linguísticas e sobre a nossa própria concepção da nos-
sa própria língua, tanto no sentido histórico quanto no sentido sistemá-
tico, nos termos da diacronia e da sincronia saussureanas. 
Dessa forma, não pretendemos, por razões de escopo do mate-
rial e do papel que essa disciplina exerce numa licenciatura em Letras – 
Português, oferecer um ensino extremamente complexo e aprofunda-
do de todas as formas possíveis da gramática latina, nem pretendemos 
levar os aprendizes aos caminhos dos textos originais de forma mila-
grosa. Mas sim, por outro lado, em uma tentativa metodologicamente 
reflexiva e crítica, pretendemos abrir o caminho ao aluno interessado 
para que, a partir daqui e das referências apresentadas ao longo do 
livro, continuem seus estudos a fim de que se apoderem dos tesouros 
do conhecimento, do pensamento, da literatura, da religião e da filoso-
fia ocidentais a que o domínio pleno da língua latina conduz. 
Isso não quer dizer, no entanto, que não tentaremos incentivar os 
alunos ao acesso desde o primeiro momento aos textos autênticos do 
vasto corpus da literatura latina: com glossários explicativos e adaptações 
mínimas, apresentaremos alguns excertos como base dos exercícios, para 
que, através de metodologia moderna no ensino da habilidade de leitura, 
possamos ajudar os alunos a se tornarem leitores capazes de compreen-
der uma língua como o latim em sua base estrutural tão diversa da nossa. 
Por esse mesmo motivo, como o ensino da língua latina (que 
não tem mais falantes nativos vivos) só pode ser pensado de modo 
plausível visando a habilidade de leitura (e não as de escrita, produ-
ção e compreensão oral), será necessário trabalhar com exemplos não-
autênticos e que fugiriam aos moldes da literatura latina canônica. 
Faremos tudo, esperamos, de maneira dosada e sem distorcer o que 
deveria ter sido de fato a língua de Roma. 
História do latim e 
as línguas neolatinas
Rodrigo Tadeu Gonçalves*
O latim é a língua que era falada na região central da Itália, chamada de Lácio, durante o primeiro 
milênio antes de Cristo e que, juntamente com o Império Romano, estendeu-se por grande parte da 
Europa, pelo norte da África e por diversas regiões da Ásia, até se transformar, através do curso natural 
das línguas, em dialetos incompreensíveis entre si, que acabaram dando origem a línguas como o nosso 
português, o francês, o catalão, o espanhol, o italiano, o romeno, o provençal, entre outras.
O latim que aprendemos hoje corresponde à variante literária de um período muito importante 
para a história do Ocidente: o período que, de maneira geral, compreende os séculos I a.C. e I d.C. Nesse 
período, grandes autores escreveram obras literárias que ajudaram a moldar as bases culturais, políticas, 
sociais, filosóficas e religiosas da Europa e, consequentemente, do mundo Ocidental. Dentre esses auto-
res, podemos destacar o mantuano Públio Virgílio Maro1, que, dentre outras obras, escreveu a Eneida no 
final do século I a.C. Virgílio narra, em doze livros de cerca de 700 a 1 000 versos cada, as origens históri-
cas e mitológicas da grandiosa Roma que, no seu tempo, era governada pelo imperador Augusto2, que, 
após longas décadas de guerras civis, havia sido declarado imperador em Roma, e criaria um período de 
paz e prosperidade para a capital de um império que, se já vinha se expandindo enormemente ao longo 
dos séculos precedentes, avançaria seus domínios para lugares tão distantes quanto as Ilhas Britânicas, 
a costa do Norte da África (incluindo o Egito), e vários territórios do atual Oriente Médio, até as bordas 
do Mar Negro. 
* Mestre em Letras e bacharel em Letras: português, inglês e latim pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
1 Virgílio nasceu no ano 70 a. C. perto de Mântua, na Gália Cisalpina, e morreu no ano 19 a.C.
2 De nome Gaio Júlio César Otaviano, Augusto recebeu esse título quando se tornou o primeiro imperador de Roma. Nasceu em 63 a.C. e 
morreu no ano 14 da nossa Era. Sob seu império, cessam quase cem anos de guerras civis entre os romanos, em especial, a mais importante, 
travada entre seu tio, Júlio César, e Pompeu. 
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Mapa do Império Romano por volta da época de Augusto.
Na Eneida de Virgílio, o surgimento de Roma está ligado às raízes mitológicas européias, pois 
Enéias, o herói do poema, fugindo como um dos poucos sobreviventes da Guerra de Tróia3, recebe a 
missão de buscar uma nova terra para fundar uma cidade que viria a ser a capital do mundo. 
Os destinos e os deuses
então guiam Enéias por terras distantes, até que ele chega na foz do rio Tibre, por 
volta do século VIII a.C., perto das famosas sete colinas que hoje ficam em Roma. Lá, seu filho Ascânio dá origem 
a uma linhagem de reis que misturam sua ascendência com as dos povos locais, que incluíam etruscos, faliscos, 
oscos, sabinos, entre outros, e que, com seus descendentes Rômulo e Remo, fundam a cidade de Roma. 
Acompanhemos as palavras que Enéias ouve de seu pai, Anquises, quando desce aos infernos 
para encontrar-se com ele e conhecer o futuro glorioso de Roma:
Outros, é certo, hão de o bronze animado amolgar com a mão destra, 
ninguém o nega; do mármore duro arrancar vultos vivos. 
Nos tribunais falar bem, apontar com o seu rádio as distâncias 
na azul abóbada e os astros marcar quando a leste despontam. 
Mas tu, romano, aprimora-te na governança dos povos. 
Essas serão tuas artes; e mais: leis impor e costumes, 
poupar submissos e a espinha dobrar dos rebeldes e tercos.4 
A partir dos relatos míticos da fundação de Roma, as conquistas desse povo belicoso e austero 
tornaram grande parte do mundo conhecido falante de latim, e, com a fusão de Império Romano e 
Igreja ao longo dos primeiros séculos da Era Cristã, a religião, a cultura, a literatura, a filosofia e a admi-
3 Os gregos sitiaram a cidadela de Tróia por cerca de dez anos e finalmente a destruíram porque o belo Páris, filho de Príamo, rei de Tróia, 
raptara a belíssima princesa Helena, esposa do chefe grego Menelau. Dentre os gregos destacavam-se, por exemplo, o engenhoso Odisseu, 
protagonista da Odisséia do poeta grego Homero, e o furioso Aquiles, tema do outro poema épico homérico, a Ilíada. Também durante a 
guerra de Tróia encontramos o ardil do cavalo de madeira cheio de soldados, o famoso “presente de grego”.
4 Tradução de Carlos Alberto Nunes para os versos 847 a 853 do Livro VI da Eneida. Em latim: Excudent alii spirantia mollius aera, / credo 
equidem, vivos ducent de marmore voltus, / orabunt causas melius, caelique meatus / describent radio, et surgentia sidera dicent: / tu regere imperio 
populos, Romane, memento; / hae tibi erunt artes; pacisque imponere morem, / parcere subiectis, et debellare superbos.
Expansão do Império Romano para a morte de César.
Expansão territorial desde Augusto até Nero e época de Trajano.
Tentativa de penetração Romano-Germânica na época de Augusto.
8 Língua Latina
nistração pública levaram a antiga língua da Itália, ao longo da Antigüidade e da Idade Média, para a 
grande parte da Europa.
Assim, se falamos português hoje, é porque a região onde hoje fica Portugal fez parte desse proces-
so de recepção da cultura dos conquistadores romanos e a língua latina lá falada foi aos poucos se diferen-
ciando do latim falado pelas outras regiões, até que já não fosse a mesma língua. Somos, de certa forma, 
herdeiros lingüísticos da empreitada do mítico Enéias, e, por isso, é ainda muito importante aprendermos 
ao menos um pouco dessa língua que constitui um dos pilares fundamentais da cultura ocidental. 
A hipótese do indo-europeu
Ao longo principalmente do século XVIII, estudiosos europeus interessados em várias línguas e 
culturas começaram a perceber similaridades muito claras entre palavras de línguas que já se sabia que 
eram aparentadas, como o grego e o latim, e línguas de regiões muito afastadas da Europa Ocidental, 
como o sânscrito, língua sagrada da antiga civilização dos Vedas, da Índia. Perplexos, os pesquisadores 
começaram a estabelecer relações entre essas línguas e a maioria das línguas faladas na Europa, e fo-
ram mapeando semelhanças que constituíam evidência forte demais para levantar a hipótese de que 
todas essas línguas teriam derivado de algum ancestral comum. Em 1786, Sir William Jones, magistrado 
do Império Britânico que fora enviado para a Índia, pronunciou em um discurso na Sociedade Asiática 
aquilo que seria o pontapé inicial da ciência linguística que viria a se desenvolver ao longo do século 
XIX: a linguística histórico-comparativa. Eis o famoso trecho do discurso:
O sânscrito, sem levar em conta a sua antiguidade, possui uma estrutura maravilhosa: é mais perfeito que o grego, 
mais rico que o latim e mais extraordinariamente refinado que ambos. Mantém, todavia, com essas duas línguas tão 
grande afinidade, tanto nas raízes verbais quanto nas formas gramaticais, que não é possível tratar-se do produto do 
acaso. É tão forte essa afinidade que qualquer filólogo que examine o sânscrito, o grego e o latim não pode deixar 
de acreditar que os três provieram de uma fonte comum, a qual talvez já não exista. Razão idêntica, embora menos 
evidente, há para supor que o gótico e o celta tiveram a mesma origem que o sânscrito. (ROBINS, 1983, p. 107).
Essa nova ciência buscava compreender a sistematicidade das relações históricas entre as línguas 
que passaram a ser chamadas de indo-européias. Elas foram assim chamadas porque os pesquisadores 
acreditavam que não só o latim, o grego e o sânscrito, mas também a maioria das línguas européias e 
muitas asiáticas, como o inglês, o alemão, o russo, o persa, o hindi, o francês, e tantas outras, derivavam 
de uma mesma língua-mãe, o proto-indo-europeu. 
Essa protolíngua5 da Europa e de grande parte da Ásia teria sido falada há cerca de sete mil anos 
por um povo de origem ainda relativamente misteriosa, que, em virtude da necessidade de migrações 
em massa, levou sua língua e costumes (como seus hábitos agrícolas, o uso de cavalos e de instrumentos 
de guerra, e sua sociedade patriarcal) por diversas regiões em ondas migratórias que deixaram o grupo 
original fragmentado em grupos menores, sem contato uns com os outros. Assim, as regiões que, em 
períodos diferentes e em locais diferentes receberam grupos de nômades indo-europeus, desenvolveram 
seus dialetos de maneiras diferentes, gerando ramos diferentes de dialetos que foram se diferenciando e 
formando línguas diferentes. Dessa forma, temos o ramo indo-iraniano, do qual fazem parte línguas como 
5 Chamam-se protolínguas as línguas originárias de todo um ramo de uma família linguística ou da família inteira. Assim, a família das 
línguas indo-européias tem a sua protolíngua, o indo-europeu, enquanto que dentro dessa família várias outras são protolínguas, como o 
protogermânico, o proto-eslavo e assim por diante. 
História do latim e as línguas neolatinas 9
o persa, o sânscrito e o bengalês; o ramo eslávico, do qual fazem parte línguas como o russo, o búlgaro, o 
servo-croata, o polonês; o ramo germânico, do qual fazem parte línguas como o alemão, o inglês, o islan-
dês, o norueguês, o holandês; o ramo helênico, do qual fazem parte, entre outras, o grego antigo e o grego 
moderno; o ramo céltico, do qual fazem parte línguas como o gaulês, o gaélico escocês e irlandês, o galês, 
entre outras; o ramo anatólico, do qual fazem parte línguas de locais bastante distantes da Europa, como 
o tocário, falado numa região da Ásia Central, hoje pertencente à China, e, por fim, o ramo itálico, do qual 
fazem parte o latim, o osco e o umbro, por exemplo.
islandês
dinamarquês
sueco
norueguês
Proto-Indo-Europeu
ITÁLICO
latim
[Romance]
francês 
italiano 
espanhol 
português 
romeno
grego clássico
grego koiné 
(Novo Testamento)
grego moderno
HELêNICO
gaélico escocês
gaélico irlandês
galês
CÉLTICO BALTO-ESLÁVICO
lituano
búlgaro
russo
polonês
ucraniano
sânscrito
hindi
ÍNDICO ALBANêS ARMêNICO GERMâNICO
Germânico Ocidental
frísio alemão
inglês holandês
Germânico Setentrional
nórdico antigo
Germânico Oriental
gótico
bengalêsbengalêsbengalês
Assim como nos outros ramos, línguas mais antigas deram origens a línguas mais novas com 
base em processos de dialetação semelhantes aos que levaram o proto-indo-europeu a vários lugares 
diferentes e que o transformaram em várias línguas diferentes.
Do mesmo modo que do gótico antigo 
nós temos hoje o alemão e o inglês modernos, do latim antigo nós temos hoje um sub-ramo, chamado 
de ramo das línguas neolatinas ou românicas, composto por línguas como o português, o francês, o 
italiano, o espanhol, entre outras. 
Vejamos uma tabela com algumas palavras em várias línguas indo-européias:
Português pai mãe irmão lobo
Latim pater mater frater lupus
Grego pater meter phrater lykos
Sânscrito pitar matar bhratar vrkas
Espanhol padre madre hermano lobo
Francês pere mere frere loup
Inglês moderno father mother brother wolf
10 Língua Latina
Inglês antigo fæder modor brothor wulf
Alemão Vater Mutter Bruder Wolf
História do latim 
Estudamos o latim por meio de seus registros escritos, que são dos mais variados, como inscrições 
em muros, monumentos fúnebres, documentos transcritos e copiados em várias épocas, citações de 
textos mais antigos em textos de autores mais recentes, dentre outras fontes. Assim, há documentos 
de vários períodos, e há, obviamente, escassez maior de registros escritos de estágios mais antigos da 
língua. A história do latim que faremos aqui é, portanto, bastante resumida e de caráter didático.
Latim arcaico
Supõe-se que o latim tenha sido falado na região do Lácio por volta do século XI a.C., mas os 
primeiros registros da língua escrita encontrados datam do século VII ou VI a.C. Mais tarde, por volta do 
século III a.C., começam a ser produzidos textos literários em latim, em grande parte por meio de um 
processo de assimilação da cultura e literatura gregas do período. 
Roma, então já uma potência, conquistava territórios de vários fundos culturais diferentes, e em pou-
co tempo, por volta do século II a.C., o Mar Mediterrâneo já era praticamente dominado pelos romanos.
O ambiente cultural efervescente produzido pelo contato de várias culturas produziu em 
Roma o início de uma literatura que, de certa forma, surgiu como adaptação para o público falante 
de latim de textos épicos e dramáticos da tradição grega. É desse período, por exemplo, a suposta 
primeira obra da literatura latina, uma tradução da Odisséia de Homero feita pelo escravo grego 
Lívio Andrônico para propósitos educacionais. Lívio, capaz de ler e escrever em grego, trazido para 
Roma como escravo, tornou-se responsável pela educação dos filhos de seu senhor e, pela escassez 
de material, traduz o poema homérico para poder ensinar as letras às crianças em Roma. Assim sur-
ge a literatura latina. Nesse período, ainda, outros autores produziram textos mais ou menos adap-
tados da tradição grega, como as comédias de Plauto e Terêncio, de gosto popular, que seguem a 
tradição da Comédia Nova6 grega e as tragédias (em grande parte perdidas) de Névio e ênio, por 
exemplo. Seguindo o caminho aberto por Lívio, Névio e ênio também escrevem os primeiros textos 
épicos em latim, dos quais, infelizmente, restaram apenas fragmentos. 
Latim clássico
Convencionou-se chamar de latim clássico o estilo literário da língua ao longo do primeiro século a.C. 
até o início do primeiro século da Era Cristã. São desse período a prosa elaborada do político, filósofo e orador 
Cícero, a poesia lírica e a épica nacional de Virgílio, com as suas Bucólicas e a sua Eneida, e a lírica amorosa de 
6 A Comédia Nova grega surge no período da virada do século IV para o III antes de Cristo, e baseia-se em tramas familiares, convencionais, 
com personagens caricaturais, como o velho imbecil, seu filho sem responsabilidades e, em geral, apaixonado por uma moça que não pode se 
casar com ele, o escravo sagaz do velho que ajuda o filho em suas desventuras etc. O principal autor grego dessa tradição é Menandro.
História do latim e as línguas neolatinas 11
Catulo, Propércio, Tibulo, Horácio e Ovídio. Em geral, o latim que ensinamos hoje em dia é a língua literária 
desse período, tanto por causa da beleza do estilo cuidadosamente trabalhado desses autores, quanto pelo 
fato de que grande parte do corpus mais substancial dos textos clássicos é literário, o que nos deixou sem 
muito acesso aos outros registros lingüísticos do período.
Latim culto
O latim culto era a variedade falada pela classe culta de Roma. Esse dialeto era a base do latim 
clássico, a variante literária. O latim culto deveria ser muito mais rígido quanto às normas gramaticais 
que estudamos hoje como sendo a gramática do latim, mas certamente muito menos estilizado que a 
língua literária, o chamado latim clássico. Documentos escritos nessa variedade linguística são menos 
comuns, mas é possível encontrar esse tipo de registro, por exemplo, em cartas de autores antigos, 
como as cartas de Cícero para seu irmão ou as cartas de Sêneca para sua mãe, nas quais a estilização e o 
trabalho estético consciente com a linguagem são menos intensos, ainda que presentes.
Latim vulgar
A variedade do latim chamada de latim vulgar é a língua das massas, dos analfabetos, do povo em 
geral. Os registros dessa língua são mais difíceis de se encontrar, mas dão testemunhos muito interes-
santes da evolução do latim. As inscrições encontradas em muros, em banheiros públicos, e até mesmo 
em obras literárias que tentavam retratar a variedade linguística (como o romance chamado Satyricon, 
de Petrônio, autor do século I d.C., que apresenta longas passagens que tentam representar a língua do 
povo de Roma) nos mostram uma língua viva, muito frequentemente aberta às mudanças que ocorrem 
naturalmente nas línguas. 
Um texto extremamente interessante é o chamado Appendix Probi, anônimo, provavelmente 
datado do século III a.C., que se constitui simplesmente de uma lista na forma de “X non Y”, que fun-
cionaria para que as pessoas dissessem ou escrevessem X ao invés da forma realmente usada, Y. Nessa 
lista temos, por exemplo, a seguinte linha: auris non oricla. Essa linha nos diz muita coisa sobre como 
as pessoas falavam, e sobre como a língua seguia seu curso de mudança natural. A forma auris, em 
latim culto, que significa “orelha”, na fala popular, possivelmente recebia o sufixo diminutivo –cula, 
resultando em auricula7 “orelhinha”. Daí para a forma oricla, que deveria ser evitada, temos a mudança 
do ditongo au para simplesmente o, e a queda da vogal u entre c e l. Ao estudarmos a passagem do 
latim para o português, vemos que é sistemática e regular essa mesma mudança de ditongos a vogais 
plenas, essas quedas de vogais e, além disso, vemos que frequentemente formas como –cla resultam 
em “-lha” e que vogais como i podem se “transformar” em e. Assim, “orelha” em português descende 
diretamente de auris ou de oricla? Parece claro que, ao menos nesse caso, a instrução do Appendix não 
funcionou! Mais de 20 séculos depois, sobrevive a forma “errada”! Curiosamente, como vimos acima, 
oricla já era uma forma diminutiva, então, etimologicamente, quando dizemos “orelha”, remetemo-nos 
historicamente ao jeito de dizer “orelhinha” em latim.
7 De onde vem, por exemplo, “auricular” em português? Essa é uma palavra que foi emprestada do latim muito tempo depois de a forma 
“orelha” já estar em uso pelos falantes de português. Esse tipo de empréstimo é considerado “erudito”, pois os falantes voltam ao latim para 
recuperar formas que, quando depois acolhidas pela língua, vivem lado a lado com as formas populares que já existiam. Os exemplos são 
muitos, como a forma popular “maduro” e a forma erudita “maturidade”, vindos do latim maturus, a forma popular “pai” e as formas eruditas 
como “patronímico”, ambos do latim pater, patris.
12 Língua Latina
Latim tardio
Após o período do latim clássico, o latim continuou sendo usado como língua do Império Ro-
mano, que cresceu cada vez mais e, posteriormente, o latim tornou-se a língua oficial da Igreja Católica 
ocidental. Assim, ao longo de muitos séculos, o latim foi usado como língua universal para relações 
internacionais, para administração do Império e da
Igreja, e ao longo da Antiguidade e da Idade Média, 
tudo que fosse importante era escrito em latim. Aos poucos, as comunidades foram desenvolvendo 
seus dialetos de forma que se afastassem mais e mais do latim, dando origem a línguas diferentes, mas 
a língua escrita continuava a seguir, na medida do possível, os padrões do latim culto, de forma que te-
mos muito material escrito em latim “culto” por falantes nativos de outras línguas ou de outras varieda-
des do latim. Esses registros escritos são bastante abundantes. Como exemplo, temos desde a tradução 
latina dos textos bíblicos, a Vulgata, vertida por São Jerônimo para o latim nos fins do século IV, até os 
documentos portugueses de administração e legislação do século XI, passando pela filosofia medieval 
e renascentista. Encontramos até mesmo textos escritos como teses e monografias de universidades no 
século XX, como a monografia que Karl Marx escreveu em latim sobre a filosofia do grego Epicuro. 
É evidente que o latim, ao longo de tantos séculos de usos tão variados, foi sofrendo alterações 
substanciais, de forma que as variedades linguísticas resultantes foram se tornando incompreensíveis 
entre si, resultando, no curso dos séculos, em línguas diferentes, as chamadas línguas românicas.
A passagem do latim para as línguas românicas modernas
Como vimos anteriormente, o latim é a língua da qual surgem as chamadas línguas românicas, 
grupo que inclui não só o nosso português, mas também línguas importantes como o francês, o espa-
nhol, o italiano, e línguas menores e menos conhecidas como o galego – falado na região da Galícia –, 
na Espanha, o provençal – idioma quase extinto falado em algumas regiões de fronteira da Itália com 
a França –, o catalão – língua oficial de Andorra e falado na Catalunha na Espanha –, o romeno – língua 
oficial da Romênia –, entre outras. 
Como sabemos, além de o latim ter sido a língua de um dos maiores impérios que o mundo já viu 
durante tantos séculos, e além de ter sido a língua da administração religiosa, da produção científica e fi-
losófica de grande parte da Europa por tanto tempo, as línguas diretamente derivadas do latim também 
encontraram seu caminho ao redor do mundo. O português, como sabemos, é falado não só no Brasil 
e em Portugal, mas também em Angola, Cabo Verde, Macau, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor Leste, 
São Tomé e Príncipe, entre outros países asiáticos e africanos pelos quais os portugueses passaram nos 
séculos XV e XVI, quando navegaram ao redor do mundo. Os espanhóis, de modo similar, levaram seu 
idioma a grande parte das Américas, o que explica o nome América Latina. O francês, também falado no 
Canadá, Suíça, Luxemburgo, Congo, Haiti, Senegal e em vários outros países, ajuda a dar uma idéia da 
importância das línguas românicas ou neolatinas ao redor do globo. 
Além disso, mas não somente por esse fato, grande parte do vocabulário do inglês (que, embora 
seja uma língua indo-européia, faz parte de outro ramo, o das línguas germânicas) é de origem latina, 
via empréstimos do francês, ocorridos durante o período em que a Inglaterra foi dominada pelos Nor-
mandos, por volta dos séculos XI e XII. Assim, a expansão de um vocabulário de origem latina ao longo 
das línguas mais importantes do mundo na atualidade faz com que grande parte do núcleo comum 
História do latim e as línguas neolatinas 13
dessas línguas seja aparentado, facilitando a nós, falantes de uma língua latina, o reconhecimento de 
muitas palavras das outras línguas européias importantes.
A latinização
Tendo sido exposta toda a importância das línguas neolatinas no contexto mundial, passemos ao 
estudo de como o latim veio a se transformar nessas outras línguas. 
Durante o período em que o Império Romano mantinha uma administração política centralizada, 
as conquistas de territórios, em geral, significavam a instalação de um governo local, que deveria 
utilizar-se do latim para fins gerenciais. Não só isso, mas também os povos dominados, por motivos 
diversos, acabavam falantes do latim, ou como língua materna ou como segunda língua. As línguas 
locais, mais ou menos aparentadas do latim, acabavam influenciando a língua latina usada na região 
e, com o passar do tempo, conforme os dialetos latinos das províncias iam se consolidando, eles iam 
tomando características individualizadas, e aos poucos esses dialetos se constituíam como línguas 
autônomas. A seguinte passagem explica esse processo chamado latinização:
Latinização ou romanização é a assimilação cultural e lingüística dos povos incorporados ao universo da civilização 
latina. O fato de tantos povos de língua, raça e cultura diferentes terem adotado a língua e, pelo menos em parte, a civi-
lização dos vencedores é um fenômeno único na história da humanidade. Essa aceitação, porém, não se deveu a impo-
sições diretas. As conquistas romanas tinham caráter político e econômico; não houve por parte de Roma pretensão de 
impor aos conquistados sua língua ou sua religião; ao contrário, considerava o uso da língua latina como uma honra. Se 
os drúidas foram perseguidos na Gália, isso aconteceu porque a utilização de vítimas humanas nos sacrifícios feria o di-
reito romano, ao qual se dava grande valor e importância. O Novo Testamento mostra que os romanos não eliminavam 
instituições políticas, religiosas ou jurídicas, obviamente desde que não conflitantes, dos povos incorporados: o povo 
judeu manteve a religião, o sinédrio, o sumo sacerdote, os levitas e os saduceus; a casa real de Herodes continuou a 
existir. Deviam pagar os impostos, enquanto as legiões cuidavam da segurança e ao governador romano era reservada 
a palavra final em questões jurídicas específicas, como no caso da condenação à morte. (BASSETO, 2005, p. 103).
Esse processo não é nada simples. Por exemplo, embora o latim tenha sido usado nas Ilhas Bri-
tânicas, uma das últimas províncias a serem conquistadas (o que se deu por volta do século I d.C.), ao 
longo do processo de descentralização do poder imperial, ao longo do período de queda do Império 
Romano (que atinge seu ápice quando o Império Romano Ocidental deixa de ter um centro político no 
século V, em virtude das invasões bárbaras), as províncias mais afastadas e aquelas onde havia menor 
centralização do poder e unidade cultural não mantiveram o latim como língua “oficial”. Isso explica 
porque territórios mais próximos de Roma, como as terras onde hoje temos França, Espanha, Portugal 
e Itália, mantiveram-se falando latim, enquanto que, uma vez que o domínio imperial enfraquecia-se, 
províncias como a Bretanha acabaram por continuar a falar as línguas locais, o que aconteceu em gran-
de parte do resto da Europa e das outras regiões ao redor do Mar Mediterrâneo, da Ásia Menor, entre 
outros. Por isso os ingleses, os egípcios, os escandinavos e tantos outros hoje em dia não falam uma 
língua neolatina. 
Nos locais em que a língua latina foi falada por mais tempo, mesmo com o enfraquecimento e 
posterior queda do domínio do império, os dialetos foram se diferenciando cada vez mais dos dialetos 
das outras regiões falantes do latim. Aos poucos, falantes do latim da Ibéria já não conseguiam entender 
plenamente falantes da península itálica, por exemplo. 
14 Língua Latina
Como vimos nas seções anteriores, havia uma diferença substancial entre o dialeto da classe ur-
bana culta de Roma, base da língua literária que conhecemos como latim clássico, e o chamado latim 
vulgar, língua falada pelas classes mais baixas, em geral analfabetas. Esse latim vulgar, provavelmente 
muito diferente de região para região, por ser a língua viva que fervilhava nos mercados, que era falada 
pelos estrangeiros, pelos escravos de outros lugares, pelos trabalhadores, pelos soldados de baixa pa-
tente em tantos lugares diferentes, deve ter sofrido mudanças mais rapidamente que o dialeto urbano 
culto de Roma. Com o passar dos séculos, esse latim
vivo das províncias foi o que serviu de base para as 
transformações posteriores que resultaram nas línguas neolatinas. 
Vejamos alguns exemplos de semelhanças nos vocabulários das línguas românicas ou neolatinas:
a) nos nomes de algumas cores:
Português Francês Espanhol Italiano latim
branco blanc blanco bianco album
negro noir negro néro niger, nigra, nigrum
verde vert verde vérde viridis
b) nos nomes dos números de um a dez:
Português 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Latim unus duo tres quattuor quinque sex septem octo novem decem
Espanhol uno dos tres cuatro cinco seis siete ocho nueve diez
Catalão un dos tres quatre cinc sis set vuit nou deu
Galego un dous tres catro cinco seis sete oito nove dez
Português um dois três quatro cinco seis sete oito nove dez
Francês un deux trois quatre cinq six sept huit neuf dix
Italiano uno due tre quattro cinque sei sette otto nove dieci
Romeno unu doi trei patru cinci şase şapte opt nouâ zece
Texto complementar
O seguinte texto corresponde a um trecho da Eneida de Virgílio, na tradução do paraense Carlos 
Alberto Nunes. O trecho conta o início da história do Cavalo de Tróia, e consiste no início do Canto II 
do poema. Nele, o protagonista Enéias narra à sua amante, Dido, a rainha de Cartago, como foi esse 
episódio da Guerra de Tróia, na qual ele lutara, e da qual ele saíra como sobrevivente e com a missão de 
encontrar a terra prometida, a Nova Tróia, que viria a ser Roma.
História do latim e as línguas neolatinas 15
Prontos à escuta calaram-se todos, dispostos a ouvi-lo.
O pai Enéias, então, exordiou do seu leito elevado: 
Mandas, rainha, contar-te o sofrer indizível dos nossos, 
como os aquivos9 a grande potência dos teucros10 destruíram,
reino infeliz, espantosa catástrofe que eu vi de perto,
e de que fui grande parte. Quem fora capaz de conter-se 
sem chorar muito, mirmídone ou dólope ou cabo de Aquiles? 
A úmida noite do céu já descamba, e as estrelas, caindo 
devagarinho no poente, os mortais ao repouso convidam. 
Mas, se realmente desejas ouvir esses tristes eventos, 
breve relato do lance postremo11 da guerra de Tróia, 
bem que a lembrança de tantos horrores me deixe angustiado, 
principiarei. – Pela guerra alquebrados, dos Fados12 repulsos 
em tantos anos corridos, os cabos de guerra da Grécia
com a ajuda da arte de Palas13 construíram na praia um cavalo 
alto como uma montanha, de bojo com tábuas de abeto. 
Voto de pronto regresso era a máquina, todos diziam. 
Nessa medonha caverna, tirados por sorte, os guerreiros 
de mais valor ingressaram, num ápice enchendo as entranhas
daquele monstro, com armas e gente escolhida de guerra. 
Tênedo, ilha famosa se encontra defronte de Tróia, 
rica no tempo em que o império de Príamo ainda existia, 
ora uma enseada de pouco valor ou nenhum para as naves.
Prestes mudaram-se os dânaos; na praia deserta se ocultam.
Nós os supúnhamos longe, a caminho da rica Micenas. 
Com isso a Têucria respira mais leve no luto penoso.
Abrem-se as portas; alegram-se os troas de ver mais de espaço 
o acampamento dos dórios, as praias desertas agora: 
O ponto era este dos dólopes; eis onde Aquiles se achava; 
9 Os gregos.
10 Os troianos. 
11 Último.
12 Os Fados são os destinos, os desígnios que fogem até mesmo à vontade dos deuses.
13 A deusa da sabedoria, Palas Atena. 
16 Língua Latina
surtos na terra, os navios; o campo em que as hostes lutavam. 
Muitos pasmavam de ver o presente ominoso da deusa, 
a imensidão do cavalo. Timetes, primeiro de todos,
aconselhou derrubarmos o muro e direto o postarmos 
na cidadela, ou por dolo isso fosse ou dos Fados previsto. 
Cápis, porém, e outros mais de melhor parecer insistiam 
para que ao mar atirássemos logo a armadilha dos dânaos, 
fogo deitássemos nela ou que ao menos o ventre do monstro
fosse explorado ou sondadas as vísceras sem mais reservas. 
Assim, o vulgo inconstante oscilava entre vários alvitres.
Nisso, Laocoonte ardoroso, seguido de enorme cortejo,
da sobranceira almeidina desceu para a praia, e de longe 
mesmo gritou: – Cidadãos infelizes, que insânia vos cega? 
Imaginais porventura que os gregos já foram de volta,
ou que seus dons sejam limpos? A Ulisses, então, a tal ponto
desconheceis? Ou esconde esta máquina muitos guerreiros, 
ou fabricada ela foi para dano de nossas muralhas, 
e devassar nossas casas ou do alto cair na cidade. 
Qualquer insídia contém. Não confieis no cavalo, troianos! 
Seja o que for, temo os dânaos, até quando trazem presentes.
Disse, e arrojou com pujança viril um venab’lo dos grandes 
contra os costados e o ventre abaulado do monstro da praia, 
no qual se encrava, a tremer; sacudida com o baque, a caverna 
solta um gemido, abaladas no fundo as entranhas do monstro. 
Oh! Se não fosse a vontade dos deuses e a nossa cegueira, 
com o ferro, então, deixaríamos frustra a malícia dos gregos, 
e em pé, ó Tróia, estarias, o paço luxuoso de Príamo.
(Eneida II, 1-56)
História do latim e as línguas neolatinas 17
Atividades
1. Individualmente ou em grupo, analise as indicações do Appendix Probi abaixo e discuta em que 
medida ainda hoje cometemos os mesmos “erros” e por quê. 
a) umbilicus non imbilicus
b) uiridis non uirdis.
c) formica non furmica
18 Língua Latina
2. Explique a chamada Hipótese do Indo-europeu.
História do latim e as línguas neolatinas 19
20 Língua Latina
Fonologia 
e prosódia do 
Este texto pretende capacitar os alunos a pronunciar o latim de acordo com o que se considera 
a maneira mais correta, segundo estudos baseados em várias evidências. Algumas delas são os erros 
cometidos por falantes de latim menos cultos em inscrições (por exemplo, quando um falante de portu-
guês escreve “caza” ao invés de “casa”, sabemos que é porque o som do grafema1 “s”, quando em posição 
intervocálica, e o do “z” são iguais), os testemunhos de gramáticos antigos (quando tentavam descrever 
articulatoriamente o som de cada letra2) e o modo como certos grafemas são pronunciados em diversas 
línguas derivadas do . 
Portanto, é aceitável que haja consenso no modo como se pronuncia o latim hoje, e uma sistemati-
zação (inclusive se mais próxima do modo como os falantes do latim no período clássico falavam) do modo 
como se pronuncia uma língua que já não possui mais falantes é extremamente desejável e importante. 
Por exemplo, podemos superar barreiras internacionais quando pensamos em estudos que envolvam o 
latim e podemos nos comunicar com estudiosos do latim no mundo todo e sermos entendidos. Como ou-
tro exemplo da importância da tentativa de padronizar a pronúncia do , se a reconstituição da pronúncia 
do latim clássico é realmente acurada, poderemos nos treinar para pronunciar a literatura escrita em latim 
de maneira correta, o que nos permitirá admirar uma dimensão extremamente importante da literatura 
do período, que envolvia ritmo e duração de vogais. 
A pronúncia que usaremos, portanto, é a chamada pronúncia reconstituída ou restaurada do , que é re-
sultante de evidências como as descritas acima. Há ainda pelo menos duas outras maneiras de pronunciar o 
latim que são importantes e comuns. Uma delas, mais ampla em nível internacional, é a chamada pronúncia 
eclesiástica. A pronúncia eclesiástica é mais comum entre estudiosos do latim ligados à religião e apresenta 
1 Tentaremos não cometer confusões terminológicas sérias como atribuir um “som” a uma “letra”. Na verdade, as letras são símbolos gráficos 
(unidades chamadas “grafemas”) que representam “fonemas”, ou unidades mínimas de som de uma dada língua. Ainda que estejamos lidando 
com uma língua chamada de “morta”, porque não há mais falantes nativos vivos dela, com os avanços da linguística, é possível falar em 
“grafemas” e “fonemas” para o . Ainda que não estejamos empregando os símbolos
do Alfabeto Fonético Internacional (International Phonetic 
Alphabet – IPA), usaremos algumas notações caras aos estudos linguísticos, como os sinais “[ ]” para indicar pronúncia aproximada (nesse livro, 
sempre de modo impressionístico, dadas as características do , língua já sem falantes nativos). 
2 Conforme se pode ver no texto complementar, ao final dessa aula. 
algumas diferenças com relação à pronúncia reconstituída, como veremos. Uma terceira maneira de pronun-
ciar o latim é mais regional, e, no caso do Brasil e de Portugal, é chamada de pronúncia tradicional (ou portu-
guesa). Na verdade, as pronúncias tradicionais locais são pronúncias do latim influenciadas pela fonologia da 
língua local. Assim, além da pronúncia tradicional portuguesa, encontramos uma pronúncia tradicional do 
latim influenciada pelo inglês, outra pelo alemão e assim por diante. 
Os motivos que nos levam a adotar a pronúncia reconstituída nesse material são de diversas ordens:
Como exposto anteriormente, os argumentos para a reconstituição da pronúncia do latim a. 
que chamamos de pronúncia restaurada ou reconstituída são baseadas em várias evidên-
cias, muitas delas baseadas em diversos dados, como os erros de ortografia dos falantes 
nativos do latim de épocas antigas, os testemunhos de gramáticos antigos sobre como eram 
pronunciadas as letras e a evolução da pronúncia das diversas línguas derivadas do , as lín-
guas românicas. 
Se as evidências são de natureza variada, é plausível que a pronúncia reconstituída seja mais b. 
próxima do que se considera que fosse a pronúncia do latim pela classe culta no período clás-
sico. Isso inclui o fato de que a construção poética na literatura latina se baseava fortemente 
no som das palavras e, assim, pronunciando o latim de forma mais próxima como se deveria 
pronunciar, apreciamos a literatura latina mais plenamente.
Uma pronúncia adotada em vários lugares do mundo e sem vieses ideológicos (como o reli-c. 
gioso ou o nacionalista) é mais apropriada para estudos também não enviesados.
A questão da duração das vogais
São cinco as vogais em : a, e, i, o, u (o y também é considerado vogal, porém é usado basicamente 
em palavras estrangeiras, como as gregas). No entanto, cada vogal poderia ser pronunciada de forma 
longa ou breve. Comumente, representam-se as vogais longas com o sinal diacrítico mácron ( ¯ ) e as 
vogais breves com o sinal diacrítico braquia ( ˘ ) sobre as vogais. Assim, temos as vogais longas ā, ē, ī, ō 
e ū e as vogais breves ă, ĕ, ĭ, ŏ e ŭ.
De acordo com os testemunhos da métrica clássica e dos gramáticos antigos, a duração de uma 
vogal dizia respeito ao tempo relativo de produção de cada vogal. Cada vogal longa corresponderia ao 
tempo de duração da pronúncia de duas breves. Dessa forma, um ā corresponderia à pronúncia seguida 
de dois ă ( ¯ = ˘˘ ).
A pronúncia adequada de vogais breves e longas em latim era extremamente importante, uma vez 
que palavras de mesma grafia pronunciadas com diferença apenas na duração de uma vogal poderiam 
significar coisas totalmente diferentes. Por exemplo, hĭc significa “este”, enquanto que hīc significa “aqui”; ĕst 
é a forma de terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “ser” latino, enquanto que ēst é 
a forma de terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “comer” latino. 
Por isso, ainda que não pronunciemos todas as vogais longas e breves como os falantes de latim 
as pronunciavam, já que, em português, a duração de vogais não é fonologicamente distintiva como 
era em , nesse material tentaremos marcar como longa ou breve toda vogal que, para fins de reconhe-
cimento e distinção de formas linguísticas, seja necessariamente breve ou longa. 
22 Língua Latina
O alfabeto latino
O alfabeto latino teve origem no alfabeto usado pelos gregos. Em períodos mais antigos, o latim 
era escrito apenas com letras maiúsculas, sem sinais de pontuação. Hoje, costuma-se usar pontuação e 
letras minúsculas, mesmo em início de sentenças. Maiúsculas são usadas apenas em nomes próprios. 
O alfabeto latino é praticamente igual ao alfabeto usado hoje por nós, falantes de português, 
exceto pelo fato de que a letra V/u exercia as funções do que hoje são as letras V/v e U/u e a letra I/i do 
que hoje são o I/i e o J/j. 
Vamos às letras individuais: 
A a: lê-se como o nosso “a” aberto, não nasal, como em “amor”, “casa”.
B b: como o nosso “b” em “boca”.
C c: na pronúncia reconstituída, o “c” sempre se lê como uma consoante oclusiva3 [k], e nunca 
como uma fricativa [s]. Assim, Cicero lê-se sempre “kíkero”, e não “síssero”.
D d: como o nosso “d” em “dedo”. A regra que transforma o “d” antes de “i” em alguns dialetos do 
português em [dj] não se aplica em .
E e: o “e” breve (ĕ) lê-se como o “e” aberto em português, como em “pé”. O “e” longo (ē) lê-se como 
o “e” fechado em português, como em “cabelo”.
F f: como o nosso “f” em “flor”.
G g: assim como o “c”, o “g” em latim era sempre oclusivo, como em “gato”. Assim, genus deveria ser 
lido como [guênus] em português, e não como [jênus]. 
H h: o “h” latino era sempre uma consoante fricativa aspirada e, portanto, era sempre pronuncia-
do. Assim, o “h” em hodie deveria ser pronunciado como uma consoante, aspirado na garganta, e não 
como o “h” em “hoje”, que não é pronunciado. O “h” era pronunciado aspirado mesmo quando logo após 
consoantes oclusivas, como em philosophia (lido com um “p” seguido da soltura do ar entre os lábios 
antes da produção da vogal), e thalamus (com a soltura do ar antes da vogal depois da pronúncia do 
“t”), por exemplo.
I i: essa letra em latim representava tanto o “i” vocálico quanto o “i” semivocálico (que aparece 
imediatamente antes ou depois de uma outra vogal, funcionando como uma ditongação da vogal – um 
exemplo em português é o “i” em “pai”, que não é pronunciado como uma vogal plena, e sim como uma 
semivogal, ou seja, algo intermediário entre a vogal “i” e a consoante “j”). Assim, o “i” latino se pronuncia 
como o “i” em “ilha” (vogal) ou como o “i” em “ioiô” (semivogal). Posteriormente, o “i” semivocálico latino 
transformou-se no “j” do português. Assim, de Iuppiter em latim temos “Júpiter” em português. Não ha-
via em latim o som que representamos pela consoante J j em português, embora alguns dicionários e 
edições de textos latinos apresentem a semivogal latina grafada como J j e a vogal grafada como I i, por 
questões didáticas. 
K k: assim como o “k” em português, o “k” latino era usado em palavras emprestadas de outras 
línguas, em especial do grego. Assim, o “k” em kalendas se pronuncia como o “c’ em “calendário”.
3 Uma consoante oclusiva é uma consoante que, para ser produzida, requer que haja fechamento completo da passagem do ar pela boca 
e soltura posterior. São oclusivas, por exemplo, as consoantes [d, t, p, b, k], entre outras, enquanto as fricativas são consoantes que requerem 
passagem constante do ar pela boca, com alguma constrição (que nunca é completa) em algum local, como com a língua perto dos dentes 
superiores, o que produz os sons [s] e [z], ou com os dentes superiores no lábio inferior, que produz os sons [f ] e [v]. 
Fonologia e prosódia do latim 23
L l: como o “l” em “lua”.
M m: antes de vogal e em posição intervocálica, como em “mel”. Em fim de palavra, ocorria nasa-
lização da vogal anterior, assim como em “amaram”.4
N n: antes de vogal e em posição intervocálica, como em “nariz”. Em fim de palavra, diferentemen-
te do “m”, o “n” era pronunciado como consoante plena, e não como nasalização da vogal. Por exemplo, 
o n sublinhado em nomen est é pronunciado da mesma forma que o “n” sublinhado em “benefício”.
O o: assim como o “e”, o “o” breve (ŏ) era pronunciado como o “o” aberto em “ódio” e o “o” longo (ō) 
era pronunciado como o “o” fechado em “orelha”.
P p: como o “p” em “pipoca”.
Q q: o q em latim era sempre seguido da semivogal
“u”, de forma que sempre era pronunciado 
como o [kw] de “aquário” [akwário], e nunca como o [k] de “quente” [kente]. 
R r: o r latino nunca era pronunciado como o r aspirado fricativo de “rua” [hua], e era sempre pro-
nunciado como o “r” em “era” ou, ainda, como o “r” vibrante de alguns dialetos do sul do Brasil, que é 
como se fosse uma sequência rápida de vários “r” como o de “era”.
S s: como o “s” em “silêncio”. O “s” latino nunca era pronunciado sonorizado como o “s” de “casa”, 
mesmo quando em final de palavra. Não ocorre em latim o processo de sonorização que ocorre em 
português. Em português, o “s” em final de palavra antes de outra palavra que comece com vogal ou 
com consoante sonora sofre sonorização, e assim a pronúncia de “casas”, por exemplo, tem [s] ou [z] pro-
nunciados no final, a depender do que vem depois. Dessa forma, temos [kazas] em “casas quadradas” e 
[kazaz] em “casas azuis” ou “casas vermelhas”. 
T t: como o “t” em “tatu”. A regra que transforma o “t” antes de “i” em alguns dialetos do portu-
guês em [tch] não se aplica em latim.
V u: Essa letra em latim representava tanto o “u” vocálico quanto o “u” semivocálico (que aparece 
imediatamente antes ou depois de uma outra vogal, funcionando como uma ditongação da vogal – um 
exemplo em português é o “u” em “mau” [maw], que não é pronunciado como uma vogal plena, e sim 
como uma semivogal, ou seja, algo intermediário entre a vogal “u” e a consoante “v”; outro exemplo é 
o som do “w” em “kiwi”). Assim, o “u” latino se pronuncia como o “u” em “uva” (vogal) ou como o u em 
“auê” (semivogal). Posteriormente, o “u” semivocálico latino transformou-se no “v” do português. Assim, 
de uita em latim temos “vida” em português. Não havia, em , o som que representamos pela consoante 
V v em português, embora alguns dicionários e edições de textos latinos apresentem a semivogal latina 
grafada como V v e a vogal grafada como U u por questões didáticas. 
X x: sempre como o encontro [ks] em português, assim como no estrangeirismo “ecstasy”, e nunca 
como em “êxtase”. 
Y y: como o “ü” francês ou alemão, ou seja, trata-se de uma vogal como “i”, mas pronunciada com 
os lábios arredondados para produzir um “u”. Estrangeirismos como “Müller” exemplificam o som dessa 
vogal, de origem grega no alfabeto latino. 
4 Há controvérsias entre os teóricos sobre se o “m” final representava apenas a nasalização da vogal anterior ou se era pronunciado como 
consoante oclusiva bilabial nasal, ou seja, com o fechamento completo dos lábios e a produção de um “m” como o de “minha”. Sigo aqui a teoria 
de que o “m” final nasaliza a vogal anterior em virtude de que, em métrica latina, uma sílaba final de uma palavra pode sofrer o processo chamado 
de “crase” quando termina em vogal + “m” e a palavra seguinte inicia-se por vogal, o que indica que o “m” possivelmente não era consonantal em 
final de palavra. Outra evidência a favor dessa posição é que palavras com “n” final não se encaixam nessa regra de crase na métrica.
24 Língua Latina
Z z: Assim como o “x”, o “z” era pronunciado como consoante dupla, e devia ser lido como [dz].
Os ditongos em latim são apenas os seguintes:
ae (também grafado æ):::: pronuncia-se como o ditongo “ai” no português “pai”, por exemplo.
oe (também grafado œ):::: pronuncia-se como o ditongo “oi” no português “foi”, por exemplo.
ei:::: como o ditongo “ei” no português “andei”.
ui:::: como o ditongo “ui” no português “fui”.
au:::: como o ditongo “au” no português “mau”.
eu:::: como o ditongo “eu” no português “cresceu”.
O acento de intensidade
O , além de marcar todas as vogais como longas ou breves, mantinha em seu sistema prosódico a 
marca de intensidade das sílabas relativamente independente do sistema de duração. 
A marcação de intensidade de sílabas cria o fenômeno chamado acento. Trata-se de acento do 
ponto de vista da produção das sílabas mais fortes (tônicas) ou mais fracas (átonas), e não do ponto de 
vista da marcação gráfica de acentos (graves, agudos, circunflexo e til, por exemplo). 
Em, não havia palavras cujo acento principal caía na última sílaba (oxítonas), a não ser que a pala-
vra consistisse de apenas uma sílaba.
Todas as outras palavras tinham acento tônico principal ou na penúltima ou na antepenúltima 
sílaba, a depender dos seguintes fatores:
se a penúltima sílaba for longa, recebe o acento principal (a palavra é paroxítona).a. 
se a penúltima sílaba for breve, o acento não recai sobre ela, e o acento principal cai sobre a a. 
antepenúltima sílaba (a palavra é proparoxítona). 
Reconheceremos uma sílaba longa das seguintes maneiras:
a vogal principal é naturalmente longa (marcada com o sinal de mácron; ex.: a. habēre);
a sílaba contém um ditongo (ex.: b. prōēlium);
uma vogal é seguida por duas consoantesc. 5 ou por consoante dupla “x” ou “z” por exemplo: āctus. 
Por isso, saber se uma vogal é longa ou breve é bastante importante, e marcaremos a vogal longa 
nesse livro sempre que ela for importante para o reconhecimento do padrão acentual da palavra. Bons 
dicionários de latim marcam as vogais longas e breves de todas as palavras.
5 O grupo formado por consoante seguida de “r” ou “l”, as chamadas líquidas, não conta como consoante dupla para essa regra.
Fonologia e prosódia do latim 25
As pronúncias do latim
Existem várias maneiras de pronunciar o . Como neste livro adotaremos a pronúncia reconstruída 
ou reconstituída, é importante saber que adeptos de outras formas acabam pronunciando ligeiramente 
diferente da que adotaremos aqui. Vejamos quais são as formas mais comuns de se pronunciar “o” .
Pronúncia reconstituída
Como vimos nas seções anteriores, a pronúncia reconstituída é aquela que tenta resgatar o modo 
como os romanos cultos do período clássico pronunciavam a sua língua. As evidências para a recons-
tituição da pronúncia original do latim são, por exemplo, erros de ortografia de falantes menos cultos 
(escrever “caza” ao invés de “casa” indica, em português, que pronunciamos o “s” e o “z” nesses contextos 
da mesma forma – assim acontecia com exemplos em latim que servem para que se possa reconstituir 
a pronúncia do ), testemunhos de gramáticos antigos sobre a pronúncia das letras, regras do sistema 
poético latino, entre outros.
Pelo fato de que se trata de uma pronúncia que tenta, com a maior quantidade de dados empíri-
cos que for possível coletar, reproduzir a exata forma como os falantes nativos de latim pronunciavam 
seu idioma, adotaremos essa pronúncia em nosso curso.
Pronúncia eclesiástica
O latim foi pronunciado por muito tempo com forte influência da língua-mãe da região onde era 
falado. Assim, o italiano influenciou fortemente a pronúncia do latim na Itália, sede da Igreja Católica. Os 
ritos tradicionais da Igreja acabaram sendo pronunciados com a pronúncia italiana do , o que fez com 
que houvesse grande influência da pronúncia italiana do latim ao redor do mundo, em especial no que 
concerne às relações entre latim e Igreja Católica. A essa pronúncia com forte influência da pronúncia 
do italiano chamamos de pronúncia eclesiástica do . 
Algumas características da pronúncia eclesiástica são:
Os ditongos “ae” e “oe” são sempre pronunciados como um “e” aberto (como em pé). Assim, femi-
nae, que na pronúncia reconstituída se pronuncia com um ditongo [ai] no final, na pronúncia eclesiásti-
ca se pronuncia [feminé], com acento principal em “fe”.
A letra “c” não é pronunciada sempre como se fosse um “k”, como na pronúncia reconstituída, e 
sim como o “tch” de “tchê” antes de “e” e “i”. Assim, na pronúncia eclesiástica, Cícero pronuncia-se “tchí-
tchero”, e não “kíkero”.
26 Língua Latina
As pronúncias locais
As pronúncias influenciadas por outras línguas locais acabaram por gerar variações regionais no 
modo como o latim é pronunciado. Por exemplo, na chamada pronúncia tradicional portuguesa, pronun-
ciam-se as palavras latinas quase como se estivesse usando o sistema de pronúncia do português.
Algumas características são, por exemplo:
Os ditongos “ae” e “oe” são pronunciados [é], assim como na pronúncia eclesiástica. ::::
Os grafemas “j” e “v” são pronunciados como consoantes, e não como semivogais. Assim, a ::::
forma Iupiter é pronunciada [Júpiter], como em português, e a forma uita se pronuncia [vita], 
como no português “vitalidade”. 
O “t” antes de “i” e não precedido das consoantes “s”, “t” e “x” é pronunciado [ss]. Portanto, :::: iusti-
tia lê-se [justíssia].
Listamos aqui apenas algumas das características das pronúncias eclesiástica e tradicional portugue-
sa, apenas para que se saiba que pode haver variação no modo como se pronuncia o . No entanto, pelos 
motivos listados ao longo deste capítulo, sugere-se que o aprendiz de latim tente pronunciar as palavras do 
modo mais próximo ao que teria sido o modo como os romanos pronunciavam o latim em Roma por volta 
dos séculos I a.C. e I d.C., ou seja, usando a pronúncia chamada de restaurada ou reconstituída.
Texto complementar
O seguinte texto trata das teorias dos autores antigos sobre as letras e seus sons. O trecho destacado 
em negrito serve como exemplo de testemunho de tentativas de descrição dos sons das letras pelos autores 
antigos.
(WEEDWOOD, 2002, p. 43-46)
Gregos e romanos compartilhavam concepções semelhantes da natureza da littera (grego: 
grámma), a menor unidade da fala (vox; grego: phoné). Havia duas visões distintas, frequentemente 
expostas lado a lado. De acordo com uma, a littera era o símbolo escrito, a representação do som da 
fala (: elementum; grego: stoikheïon). Essa visão, a precursora da moderna dicotomia letra-som, foi 
menos importante na Antigüidade (e, de fato, até por volta de 1800) do que a segunda visão, mais 
complexa. Estóicos e romanos descreviam a littera como uma entidade com três propriedades: seu 
nome (nomen), sua forma ou aspecto escrito (figura) e seu som ou valor (potestas). Essa visão mais 
flexível, suscetível de extensão e refinamento num grau muito maior que a crua oposição entre letra 
e som, foi a base para uma série de abordagens multifacetadas e infinitamente variadas da littera 
por parte dos estudiosos antigos e, mais ainda, dos medievais.
Fonologia e prosódia do latim 27
Potestas era a propriedade da littera cujo domínio mais se aproximava do moderno campo da 
fonética. Platão, Aristóteles e os latinos classificam as litterae do seguinte modo: 
 Vogais
Litterae
 Semivogais
 Consoantes
 Mudas
(A categoria das “semivogais” incluía o que modernamente chamamos de continuantes: Do-
nato inclui F, L, M, N, R, S, X sob esta rubrica.)
Só uns poucos estudiosos sentiram a necessidade de ir mais fundo na fonética articulatória. 
Entre eles estavam Dionísio de Halicarnasso (em atividade entre 30 e 8 a.C.), cuja notável descrição 
da articulação dos sons do grego ficou desconhecida do Ocidente latino até sua primeira edição em 
1508 pelo grande impressor veneziano Aldo Manúcio, e o metricista Terenciano Mauro (século II), 
cujo relato em versos dos sons e metros latinos foi pouco lido antes do Renascimento. Na prática, 
as vinhetas de uma linha oferecidas por Marciano Capela (século V) em sua enciclopédia alegórica, 
O Casamento de Filologia e Mercúrio (III, 261), foram as únicas descrições articulatórias dos sons do 
latim disponíveis para a maioria dos estudiosos medievais. Caracterizações do tipo “o D surge do 
ataque da língua perto dos dentes superiores” ou “o L soa docemente com língua e palato” 
ou “Apio Cláudio detestava o Z porque imita os dentes de um cadáver” ainda eram citadas no 
século XVI. Somente depois de se familiarizarem com as descrições articulatórias muito mais deta-
lhadas, que eram lugar-comum nas gramáticas medievais do hebraico e do árabe, é que os cristãos 
do Renascimento começaram a se interessar pela fonética articulatória.
Em contrapartida, as propriedades do nomen e da figura despertavam um interesse mais ativo 
e criativo entre os estudiosos medievais. Coleções de alfabetos exóticos – grego, hebraico, “caldeu”, 
gótico, runas, ogamos, vários códigos e cifras – circulavam amplamente, bem como breves tratados 
sobre a invenção de várias escritas. Uma antiga forma de taquigrafia, as notas tironianas, era pratica-
da em alguns centros monásticos nos séculos IX e X, enquanto em outros os escribas adicionavam 
subscrições em latim transliterado em caracteres gregos. Um notável pequeno tratado do século 
VII ou VIII, atribuído a certo Sergílio[...], descreve o movimento da pena ao formar cada letra e dá o 
nome de cada gesto em , grego e hebraico: “Quais são os nomes dos três gestos da letra A nas três 
línguas sagradas? Em hebraico, abst ebst ubst. Como são chamados em grego? Albs elbs ulbs. E em ? 
Duas linhas oblíquas e uma reta traçada entre elas”.
Mas o que interessava aos autores medievais não era a littera como uma unidade de fala fisi-
camente visível ou audível, e sim, muito mais, sua possível importância na iluminação dos aspectos 
28 Língua Latina
superiores da ordem do mundo. Um autor do século VII, Virgílio Gramático, explicava: “Tal como o 
homem consiste de corpo, alma e uma espécie de fogo celeste, assim a littera é constituída de corpo 
– isto é, sua forma, sua função e sua pronúncia (suas juntas e membros, por assim dizer) – e tem sua 
alma em seu sentido, e seu espírito em sua relação com as coisas superiores”. Outros autores aplicavam 
interpretações tipológicas e alegóricas a vários aspectos da littera, no mais das vezes à sua forma. Seu 
som era de menor importância: era a parte terrena da littera, seu “corpo”. Só lentamente, à medida que 
a Idade Média se encerrava, é que os pensadores ocidentais começaram a voltar seu interesse para a 
parte física da fala, tal como passaram a levar mais a sério as manifestações físicas do mundo natural. O 
ímpeto para tal iniciativa não veio de dentro da própria tradição ocidental, mas de fora dela: primeiro, 
durante o Renascimento, do mundo semita; mais tarde, por volta de 1800, da Índia.
Atividades
1. Em duplas ou grupos de até quatro alunos, escolham algumas das palavras latinas abaixo e 
organizem-se de forma que cada aluno leia uma palavra por vez, enquanto outro aluno ouve a 
pronúncia da palavra e procura nas regras da pronúncia reconstituída informações para julgar 
se o colega está lendo corretamente a palavra, tanto do ponto de vista da pronúncia das letras 
individualmente quanto do ponto de vista de onde vai o acento principal da palavra. O aluno que 
estiver ouvindo deverá apontar os eventuais erros ou inconsistências e tentar corrigir o leitor.
abīre dexter ingens proponĕre tendĕre
accusāre diuus iubēre puella tollere
addĕre eques iuuāre quietus utilitas
aestas facĕre luna quis uehemens
amicitia ferox luxuria redīre uenīre
aqua gens mediocris rex uoluntas
bibĕre grauitas necessario saeuus uoluptas
caput homo nuntius sapientia
ciuis hora obiicĕre saxum
decem humanĭtas paruus suauis
delēre indignus postridie surgĕre
2. Selecione palavras de três ou mais sílabas no exercício anterior, escreva-as abaixo, marque a 
sílaba tônica da palavra com um acento agudo ( ´ ) e justifique, segundo as regras de acentuação 
aprendidas nesta aula.
Fonologia e prosódia do latim 29
30 Língua Latina
Estrutura da língua 
latina comparada com 
a do português
Neste texto, veremos as principais diferenças entre a estrutura morfossintática1 da língua portu-
guesa e do latim. Para um curso com a extensão deste, é possível que esta seja a questão mais relevante 
a ser aprendida apropriadamente sobre o latim, pois, ainda que a Língua portuguesa seja diretamente 
derivada do latim, a estrutura das duas línguas é bastante diferente no que concerne ao modo de esta-
belecer as conexões entre as palavras.
A estrutura da língua portuguesa
Basicamente, o sentido de uma oração em Português depende da ordem em que colocamos as 
palavras umas diante das outras. Assim, as seguintes orações têm sentidos diferentes:
a) O poeta vê a lua. 
b) A lua vê o poeta.
Claramente, embora a segunda sentença seja gramatical2, ela significa algo bastante diferente da 
primeira. Isso se dá porque a ordem em que sujeito e objeto direto são ditos influencia na nossa per-
cepção de quem faz o quê para quem, nas sentenças normais da língua. Explicando melhor, na primeira 
sentença, é o sujeito “o poeta” quem “vê” com seus olhos o objeto direto “a lua”, a coisa vista. Na segunda, 
1 Morfossintática porque envolve tanto a forma interna das palavras quanto o modo como as palavras se combinam umas com as outras 
para produzir expressões bem-formadas da língua. 
2 Sentenças gramaticais são aquelas que não violam regras gramaticais da língua, e que, portanto, poderiam ser ditas por qualquer falante 
dela. 
a mesma expressão lingüística, “o poeta”, aparece depois do verbo transitivo direto, de modo que ele 
passa a ser o que é visto no evento de “ver” denotado pela sentença. Nesse segundo caso, por causa da 
ordem das palavras, quem age no evento de ver é a lua (mesmo que pareça implausível ou estranho 
imaginar que a lua veja alguma coisa – mas, afinal, o que seria da linguagem se ela não nos permitisse 
dizer todas as coisas que quiséssemos?), que, através dos seus “olhos”, “vê” o poeta. 
O que queremos mostrar é que o processo sintático na Língua portuguesa envolve a colocação 
das palavras em uma ordem linear mais rígida, e o que define quem é o sujeito e quem é o objeto em 
sentenças transitivas simples, como as duas acima, é qual expressão nominal aparece antes e qual ex-
pressão nominal aparece depois do verbo. 
Isso se dá de várias formas, e em vários níveis. Por exemplo, dizemos “o poeta”, e não “poeta o”; 
dizemos “vê a lua”, e não “a vê lua”, nem “vê lua a”. Tudo isso tem a ver com o fato de que em Português 
as palavras são concatenadas às outras seguindo regras sintáticas rígidas de colocação. 
Vejamos quais são as funções sintáticas importantes em uma sentença mais complexa, e como 
elas se realizam em Português:
 c) O cozinheiro dá um camelo para o escravo do senhor no fórum. 
 Analisando a sentença com calma, temos o seguinte:
“o cozinheiro” é a expressão sujeito do verbo principal da sentença, pois concorda com ele e ::::
aparece antes dele. 
“dá” é o verbo principal da sentença, e requer três argumentos:::: 3 para ter a idéia do evento com-
pleta: alguém que dá (o sujeito), algo que é dado (o objeto direto) e para quem se dá a coisa 
(o objeto indireto). 
“um camelo” é o objeto direto do verbo, o :::: algo que é dado. 
“para o escravo” é o objeto indireto, o :::: para quem se dá algo. 
“do senhor” é uma expressão preposicionada que se junta a um nome (o escravo) de modo ::::
a formar uma adjunção, ou seja, uma expressão que pode (mas não precisa) se unir a outro 
nome para especificá-lo mais (um adjetivo poderia fazer a mesma coisa – por exemplo, pode-
ríamos ter “o escravo esperto” ao invés de “o escravo do senhor”).
“no fórum” é uma expressão preposicionada que funciona como um circunstancializador do ::::
evento, que diz onde o evento ocorreu. 
Com essa sentença analisada, passamos à análise da estrutura do latim.
A estrutura do latim
Diferentemente do Português, que estabelece a maioria das relações sintáticas através da ordem 
sequencial em que colocamos as palavras, o latim estabelece as relações das funções dos termos da 
3 Argumentos são aqueles termos que são obrigatórios para que um verbo expresse seu sentido completo. Por exemplo, um verbo transitivo 
direto requer dois argumentos: o sujeito e o objeto. Caso um falte, o evento não é expresso propriamente. Exemplo: “o menino quebrou...”, “a 
menina viu...” são sentenças em que falta o argumento objeto. A terminologia remete à lógica tradicional.
32 Língua Latina
oração através do chamado sistema de casos. Assim, embora a ordem das palavras seja relativamente 
importante em latim, ainda mais importante é o caso em que uma palavra se encontra flexionada. Ve-
jamos como isso se dá.
Os casos
Todas as palavras pertencentes a categorias nominais4 em latim acontecem em uma oração ne-
cessariamente em um dos seis casos latinos5 , o que significa que elas apresentam flexões morfológicas 
correspondentes a esses casos. Cada caso corresponde basicamente a uma função sintático-semântica 
na maneira de construir expressões lingüísticas. Segue-se uma lista dos nomes dos casos latinos e de 
suas principais funções:
O :::: nominativo é o caso da nomeação, é o caso fundamental de um nome.6 É o caso em que os 
substantivos se encontram quando são sujeitos dos verbos. Os substantivos são encontrados 
no dicionário na forma nominativa. Um nome como dominus (“senhor, dono, mestre”), tem 
marca de nominativo singular -us e plural -i (dominus, domini). Um exemplo seria dominus 
camelum uidet, “o senhor vê o camelo”.
O :::: vocativo é o caso que se usa quando o nome está sendo usado para interpelar um interlo-
cutor na segunda pessoa, como quando chamamos alguém (um exemplo é “ó, senhor, venha 
cá”, que terá a forma domine, hūc ueni). Exceto por alguns tipos de substantivos, como o tipo 
em que se enquadra dominus, todos os vocativos são iguais em sua forma aos nominativos. 
O :::: acusativo é o caso que corresponde basicamente aos objetos diretos latinos. No caso acusati-
vo, “senhor” será dominum no singular e dominos no plural. É do acusativo plural que derivam os 
nomes em Português que vieram direto do latim (“donos” de dominos).7 Outro uso importante 
do acusativo é o que dá idéia de movimento para dentro de ou para junto de algum outro ponto. 
Esse uso é, em geral, oposto ao do caso ablativo, como veremos abaixo. Um exemplo de acusati-
vo em uma sentença seria dominum camelus uidet, “o camelo vê o senhor”.
O :::: genitivo é o caso que corresponde basicamente à idéia de posse. Assim, domini significa, 
em latim, “do senhor”, e seu plural é dominorum. O genitivo, juntamente com os próximos dois 
casos, o dativo e o ablativo, são casos que foram sendo substituídos por formas preposiciona-
das nas línguas derivadas do latim. O nome do caso apresenta relação com a idéia de genus, 
gens, gentis, ou seja, de geração, pertencimento a alguma família, por exemplo. Um exemplo 
simples poderia ser camelus domini, “camelo do senhor”. 
4 Categorias nominais se definem em oposição a categorias verbais. Assim, nome (substantivo), adjetivo, pronome e particípio são classes 
de palavras que apresentam o traço nominal. O traço verbal é encontrado nos verbos e nos particípios (por participar tanto do grupo das 
categorias verbais quanto das nominais, o particípio recebe esse nome). As outras classes de palavras não se flexionam, ou seja, são invariáveis 
(dentre essas temos os advérbios, as conjunções, as preposições e os numerais). 
5 A palavra “caso”, etimologicamente, vem de casus em latim, particípio do verbo cado, cadere, que significa “cair”. Assim, casus significa 
“aquele ou aquilo que caiu”, “caído”, “queda”. Daí temos a idéia de que “caso” significa o modo pelo qual o substantivo acontece, se dá, “cai” em 
uma estrutura lingüística.
6 Chamo de “nomes” todas as palavras pertencentes a categorias nominais, ou seja, que podem ser flexionadas em casos.
7 Entenderemos melhor isso se pensarmos que em italiano os nomes derivam das formas de nominativo, por isso temos plural ragazzi para 
“meninos”. 
Estrutura da língua latina comparada com a do português 33
O :::: dativo é o caso que melhor representa o objeto indireto, de modo que dominō significa “para 
o senhor” e dominis significa “para os senhores”. O nome do caso deriva do verbo do, dare, datus 
“dou, dar, dado”, ou seja, se trata do argumento “para quem se dá alguma
coisa” no evento de dar. 
O dativo também expressa uma idéia básica de movimento em direção a um alvo, como quando 
dizemos algo “a alguém” ou entregamos algo “a alguém”. Um exemplo desse substantivo no da-
tivo seria seruus camelum domini dat, “o escravo dá o camelo para o senhor”.
O :::: ablativo é o caso que tem significados básicos de afastamento a partir de algum ponto ou 
de meio ou instrumento pelo qual se faz alguma coisa. O nome dominō significa, então, “atra-
vés do senhor”, “pelo senhor”, “a partir do senhor” (essas formas de ablativo serão melhor en-
tendidas no contexto das orações latinas), e seu plural é dominis8 O ablativo também significa 
posicionamento em algum ponto ou afastamento a partir do mesmo ponto. Nesse sentido, o 
ablativo é oposto ao acusativo. Um exemplo do ablativo com o uso instrumental ou de meio 
com dominus seria seruum thesaurum habet dominō, “o escravo possui um tesouro através 
do senhor/por causa do senhor”. Outro exemplo, mais compreensível, poderia ser dominus 
seruum necat gladio, “o senhor mata o escravo com o gládio”.
Funções sintáticas
Para entendermos melhor o funcionamento básico da língua latina, voltemos à oração em Por-
tuguês usada como exemplo:
a) O cozinheiro dá um camelo para o escravo do senhor no fórum.
Ao traduzirmos essa sentença com a mesma ordem de palavras para o latim, teremos:
b) coquus dat camelum seruō domini in forō
As primeiras observações que precisam ser feitas são:
Não há, em latim, artigos (o, a, os, as, um, uma, uns, umas). Os artigos, se necessários, são ex-::::
pressos através de pronomes. No exemplo acima, não há necessidade de artigos, e um nome 
como coquus poderia significar, a princípio, tanto “o cozinheiro” quanto “um cozinheiro”. O con-
texto resolverá essa questão. 
A ordem das palavras e o tipo de vocabulário adotados nos exemplos serão bastante artificiais, ::::
com relação ao modo como o latim realmente era utilizado. 
Vejamos o vocabulário utilizado no exemplo, analisado morfologicamente:
coquus: o substantivo aqui significa “O cozinheiro” e, dado o final -us, sabemos que se trata do 
sujeito do verbo da frase.
dat: o verbo dare está flexionado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, e signi-
fica “[ele/ela] dá [algo] [a alguém]”.
camelum: o substantivo camelus aqui se encontra no acusativo (veja o final -um) e, portanto é o 
objeto direto do evento representado pela sentença. 
8 No caso desse substantivo especificamente as formas de dativo e ablativo são iguais. Veremos adiante que isso não acontece com todos 
os substantivos. 
34 Língua Latina
seruō: o substantivo seruus aqui está no dativo (final -ō9) e, portanto representa o objeto indireto, 
ou seja, para quem se dá o camelo. 
domini: o substantivo dominus aqui está no caso genitivo, e sabemos disso pela terminação -i. 
Assim, sabemos que domini significa “do senhor”, então procuraremos algum substantivo na sentença 
que possa representar algo que seja do senhor. 
in: trata-se da preposição “em”. Veremos adiante que as preposições em latim exigem que os subs-
tantivos selecionados por ela estejam em casos específicos. Nesse caso, o in se segue de um substantivo 
no caso ablativo, dando a idéia de que algo aconteceu “em” algum lugar. Nesse caso, o evento de dar um 
camelo para o escravo do senhor pelo cozinheiro aconteceu “no fórum”.
forō: como vimos acima, pelo fato de que a preposição in significa, nesse contexto, “em”, no sentido 
de dentro de algum lugar, sem pressupor movimento para dentro de (que seria um outro uso da prepo-
sição in com outro caso), o caso que ela exige do seu substantivo é o ablativo, significando estaticidade 
dentro de algum lugar. Por isso, forō está no ablativo, por esse motivo sabemos que o evento se deu dentro 
do [no] fórum. 
Vejamos um quadro que resume as informações a respeito dos casos:
Caso Exemplo no singular Exemplo no plural Funções básicas Tradução
Nominativo dominus domini sujeito “o(s) senhor(es)”
Vocativo domine domini interpelação “ó senhor”
Acusativo dominum dominos objeto direto / 
movimento em 
direção a ou para 
dentro de
“o(s) senhor(es)”
Genitivo domini dominorum posse / adjunto 
adnominal
“do(s) senhor(es)”
Dativo dominō dominis objeto indireto “para o(s) 
senhor(es)”
Ablativo dominō dominis meio / instrumento / 
afastamento a partir 
de / estaticidade em
“(a partir d)o(s) 
senhor(es)” / “pelo(s) 
senhores”
A ordem das palavras em latim
Como vimos, as funções sintáticas em latim se dão basicamente através das marcas morfológicas 
de caso, e não da ocorrência sequencial das palavras, como em português. Para exemplificar, mante-
remos as funções sintáticas principais da sentença latina usada como exemplo acima, e mostraremos 
9 Se você percebeu que o final -ō também poderia significar a forma de ablativo, parabéns! Na verdade, embora essa ambigüidade seja legítima, 
o contexto aqui favorece a leitura de dativo para seruō, uma vez que o evento de dar requer um objeto indireto para quem se dá a coisa dada. 
Estrutura da língua latina comparada com a do português 35
como a ordem de palavras é secundária em latim, com relação ao processo de marcação de caso.
A sentença, na ordem em que está, mantidas as funções sintáticas principais10, é como se segue:
c) coquus dat camelum seruō 
Assim, embora a ordem das palavras na sentença acima mantenha-se fiel à ordem de palavras de 
uma sentença com o mesmo sentido em português, isso é apenas um acidente. Isso porque qualquer uma 
das sentenças listadas abaixo poderia significar exatamente a mesma coisa que a sentença (c) em latim:
d) coquus seruō camelum dat
e) coquus camelum dat seruō
f ) coquus camelum seruō dat
g) camelum seruō dat coquus
h) dat seruō camelum coquus
i) camelum dat seruō coquus
Qualquer uma das sentenças listadas acima, e qualquer outra possível ordenação das palavras, 
poderia significar exatamente a mesma coisa: “O cozinheiro dá um camelo para o escravo”. Como vimos, 
isso acontece porque não é a posição na frase que diz que coquus é sujeito do verbo dat, e sim a mar-
cação morfológica de nominativo (nesse caso, -us). Da mesma forma, é a marcação de acusativo (-um) 
que diz que camelum é o objeto direto do verbo dat, e não sujeito ou qualquer outra coisa. O mesmo 
se dá finalmente com seruō, que, com a marca de dativo (-ō), é reconhecido como objeto indireto do 
verbo dat.
Isso significa que o latim dependia fundamentalmente de informação morfológica para estabe-
lecer as relações sintáticas, ou seja, o modo como as palavras se conectam para produzir sentido, e 
que, portanto, a ordem das palavras era relativamente secundária11 no modo de construção da oração 
latina.
Comparação entre as duas línguas
Como vimos, então, as estruturas do latim e do português são bastante diferentes. Se a mesma 
palavra em português pode ser sujeito ou objeto direto do verbo, bastando que a posicionemos antes ou 
depois do verbo, em latim a mesma palavra sofrerá flexão de caso para poder exercer função de sujeito ou 
objeto (por exemplo, em uma oração declarativa simples com um verbo transitivo direto, dominus pode 
ser sujeito, mas não objeto direto, enquanto dominum pode ser objeto direto, e não sujeito).
10 A decisão de se trabalhar apenas com as funções sintáticas básicas aqui tem a ver com o fato de que certas funções acessórias como as 
expressões adjuntas e adverbiais (como “do senhor” e “no fórum”) dependem um pouco mais de ordem do que as funções básicas – sujeito, verbo, 
objeto direto e objeto indireto, na sentença do exemplo. Veremos como isso se dá. 
11 Dizemos aqui secundário, pois, não é verdade, em absoluto, que qualquer ordem de palavras em latim era permitida para os falantes. Os 
falantes costumavam usar ordenações mais ou menos comuns de sujeito, verbo e complementos, por exemplo, ou de substantivo e o adjetivo 
que o modifica,
e assim por diante. As ordens mais comuns constituíam a forma não-marcada da língua, e quaisquer alterações de ordem surtiriam 
efeitos de sentido que, embora sutis, seriam percebidos pelos falantes. Para termos uma idéia, a sentença (d) dentre as sentenças (d) a (i) do 
conjunto acima era a mais comum do ponto de vista da ordem, para um falante de latim. Ou seja, “sujeito – objeto indireto – objeto direto – verbo” 
era a ordem considerada não-marcada, neutra.
36 Língua Latina
Isso se dá em virtude de que a Língua portuguesa não manteve o sistema de casos que existia em 
latim.12 Assim, se analisarmos a mesma sentença usada acima para exemplificar a liberdade relativa de 
ordem em latim, e se efetuarmos as mesmas permutações da posição das palavras, obteremos sentenças 
que, ou significam coisas completamente diferentes, ou são agramaticais e não podem significar nada 
porque não são sentenças que seriam ditas por nenhum falante da Língua portuguesa. Vamos à mesma 
sequência de sentenças:
a) O cozinheiro ao escravo um camelo dá.
b) O cozinheiro um camelo dá ao escravo. 
c) O cozinheiro um camelo ao escravo dá. 
d) Um camelo ao escravo dá o cozinheiro. 
e) Dá ao escravo um camelo o cozinheiro. 
f ) Um camelo dá ao escravo o cozinheiro. 
Fica claro que esse conjunto de sentenças não possui o mesmo significado, como o conjunto das sen-
tenças latinas possuía. Ainda que, nas sentenças de (a) a (c), o significado seja quase o mesmo, e ainda que 
consigamos entender pelo contexto o que acontece, no caso das três últimas fica claro que a relação de 
quem dá o que é invertida (ainda que implausível): o camelo é que dá um cozinheiro ao escravo. 
Ao eliminarmos a dificuldade relacionada com a questão do contexto estranho (camelos, cozinheiros 
e escravos na mesma sentença formam um cenário bem estranho), perceberemos claramente a diferença 
fundamental entre uma estrutura linguística baseada na ordem das palavras e uma baseada no sistema de 
casos. Imaginemos um verbo transitivo simples como “vê” (uidet), que significa que “x vê y” (sequência que 
não é igual a “y vê x”). Com esse verbo, criemos uma frase simples como:
g) O cozinheiro vê o escravo. 
Em latim, a frase pode ser dita de inúmeras maneiras do ponto de vista da ordem, pois quem dirá com 
certeza quem é o sujeito de “vê” e quem é o objeto direto de “vê” são as flexões de nominativo e acusativo, 
respectivamente. Assim, as seguintes ordenações em latim significarão a mesma coisa que (g) acima (com 
pequenas alterações no ponto de vista de ênfase, estilo etc., que não são importantes neste ponto):
h) coquus seruum uidet. (ordem mais comum em latim)
i) coquus uidet seruum.
j) seruum coquus uidet.
l) seruum uidet coquus.
m) uidet coquus seruum. 
n) uidet seruum coquus. 
Se fizermos o mesmo com a oração em português, obteremos significados diferentes e algumas 
sentenças que causarão sensação de estranheza:
12 Exceto em alguns resquícios, como no caso dos pronomes pessoais “eu, me, mim, meu, tu, te, ti, teu”, que significam a mesma coisa do ponto 
de vista semântico, mas que têm formas diferentes para funções sintáticas diferentes. O “eu” pode ser sujeito do predicado “ver o camelo”, mas não 
pode ser objeto direto que preenche a expressão “o camelo viu”. Na posição de objeto direto, o pronome pessoal “eu” transforma-se em “me”, ou 
seja, “O camelo me viu” é uma sentença em que o “eu” se encontra no caso acusativo, por assim dizer. 
Estrutura da língua latina comparada com a do português 37
o) O escravo vê o cozinheiro. (sentido completamente diferente) 
p) O cozinheiro o escravo vê. (estranha)
q) O escravo o cozinheiro vê. (estranha)
r) Vê o cozinheiro o escravo. (estranha)
s) Vê o escravo o cozinheiro. (estranha)
Resumindo, se em português quem aparece antes do verbo costuma ser o seu sujeito e quem aparece 
depois costuma ser o seu objeto direto, em latim essa relação se dá antes pela marcação morfológica de caso 
em cada palavra, e não através da posição das palavras na frase. 
Por causa dessa diferença, será crucial identificar as formas em que as palavras de categorias no-
minais estão quando aparecem num texto latino, sob pena de simplesmente não entendermos o sen-
tido das expressões. A partir desse momento, portanto, o sistema de casos será o que nos guiará pelo 
caminho da compreensão dos textos latinos.
Texto complementar
O texto abaixo é retirado do livro Uma Estranha Língua?, de Alceu Dias Lima, um dos maiores 
classicistas vivos do Brasil. Trata-se de um trecho de um dos capítulos do livro, em que o autor discute, 
com um elevado grau de erudição, as questões de ensino da estrutura da sentença latina, nosso objeto 
de estudo nesta aula.
A frase latina segundo o esquema: nome sujeito versus nome objeto + verbo 
Considerações de ordem sintática
(LIMA, 1995)
Sejam os enunciados
a) O patrão chama o criado; 
b) O criado chama o patrão.
Aqui aleatória e globalmente assumidos, sem nenhum esforço, em razão apenas do seu 
acabamento gramatical de unidades frasais quaisquer, conaturais ao falante nativo do português, 
tudo como convém a estas considerações com vistas à descrição do sistema, mas que, em situação 
real de discurso, são concebíveis no latim de Roma, quando mais não seja por parafrasearem ocor-
rências autênticas. [...]
38 Língua Latina
Submetido um e outro enunciado (a e b) às perguntas que a competência em língua natural 
materna, corroborada por uma correta escolarização elementar, deve autorizar, tais como: 1. Quais 
são as unidades morfossintáticas do enunciado a?; 2. Quais são as unidades morfossintáticas do 
enunciado b?; 3. Quais as unidades léxicas de a?; e 4. Quais as de b?, força é constatar que, no to-
cante à gramática, pelo menos a gramática do Ensino Médio, e ao vocabulário, eles são idênticos. 
Não há, pois, como explicar com esses conhecimentos, ainda que tenham sido objeto de ensino na 
escola, a diferença óbvia entre os dois enunciados no que concerne à sua referência, ou seja, à sua 
indicação de sentido. Nem será difícil concluir que a análise sintática tradicional – as coisas não pare-
cem mudar muito no ensino linguístico moderno, ao qual ela está pressuposta – deixou sempre de 
valorizar e, por isso, de batizar esse componente básico, por mais que de natureza não-segmental 
que faz da colocação dos nomes antes e depois do verbo, fator indispensável da significação frási-
ca em idiomas como o Português. Ninguém duvida que a conotação não apenas constatativa da 
declaração algo malcriada e provocadora do menino à mesa: “Feijão eu não quero” retira sua força 
expressiva, conotadora mais de um estado emocional do que denotadora da emissão de um juízo, 
da alteração dessa colocação dos nomes no enunciado e, portanto, fornece mais um fundamento 
ao seu valor morfemático. A força desse morfema constituinte básico da frase vernácula dos falantes 
naturais do Português (aqueles para quem ele é a língua de berço) responde por forte interferência13 
desse idioma sobre o latino. Requer-se por isso particular cuidado para que mesmo um enunciado 
gramaticalmente latino, mas tão pouco romano em seu uso discursivo quanto
philosophum non facit barba
Não seja entendido e apressadamente traduzido pelo incauto aprendiz falante nativo dessa 
língua moderna como “O filósofo não faz a barba”. O erro do principiante tem como causa outro 
maior, pois envolve o leitor moderno: não perceber o chiste do humanista cristão que forjou essa 
“versão latina” para o popular “O hábito não faz o monge”. Mesmo depois de ter-lhe sido, ao discí-
pulo, metodicamente ensinado em aula que: 1. no latim, a colocação anterior e posterior ao verbo, 
pertinente no que concerne à ênfase, não o é pelo que toca à gramática, que opõe nominativo a 
acusativo, quer dizer, não faz parte do que, segundo R. Jakobson, “deve ser dito”14 na língua de Lu-
crécio; 2. tratando-se
do latim, a competência verbal do romano antigo põe em jogo, com base na 
flexão, um sistema de pressuposições sintagmáticas portador de alto índice de autocorreção (sem 
escapar, talvez, a um certo grau de redundância), em que cada nome deve chegar à frase provido de 
uma desinência específica, conforme exigências contextuais ou sintáticas. Estas o fazem pressentir, 
antes mesmo da identificação, na linearidade frasal, dos outros termos da seleção determinada pela 
regência e pela concordância, na função de sujeito, objeto direto ou indireto, adjunto adnominal, 
adjunto adverbial, aposição, regime de preposição, predicativo, simples exclamativo, além de por-
tador daquelas indicações comuns às línguas modernas, ainda que, com uso diverso, isto é, com 
13 “Interferência”, s. f.: Em didática das línguas: dificuldades enfrentadas pelo aluno e erros que ele comete em línguas estrangeiras por causa da 
influência de sua língua materna ou de outra língua estrangeira anteriormente estudada” (GALISSON; COSTE, 1976, s.v.).
14 Nota do autor: Alceu Dias Lima aqui faz uso de uma famosa postura teórica de vários linguistas estruturalistas importantes da primeira 
metade do século XX, como Roman Jakobson e Franz Boas, que diziam que as línguas diferem no que nos obrigam a dizer, e não no que podem 
dizer. Assim, para ficarmos com um exemplo do latim em oposição ao Português, se na primeira língua não temos artigos de nenhum tipo, ao 
traduzirmos daquela para esta deveremos preencher a lacuna do artigo com alguma coisa: ou um artigo definido, ou um indefinido, ou um 
quantificador assim por diante. Dessa forma, de dominus latino o Português nos obriga a dizer “o senhor”, “um senhor” e assim por diante. 
Estrutura da língua latina comparada com a do português 39
outra realização fonética, quais sejam o gênero e o número. Ou não é sequer de redundância, nem 
no sentido corrente, nem no da teoria da informação, que se há de falar aqui e sim de legítima força 
expressiva! Nem, por um lado, a eventualidade, aliás comprovada, de serem muitos os fatos da ex-
pressão situados fora das relações da fonologia, da morfossintaxe e da lexicologia, os quais explicam 
plenamente a existência e o bom desenvolvimento de domínios inteiros, como o da retórica, da es-
tilística e da poética, nem, por outro, a grande incidência de variantes, quer contextuais, quer livres, 
no latim, como, de resto, em qualquer língua, nada justifica os exageros da chamada morfologia 
latina das gramáticas de inspiração donatiana, conforme visto. 
Atividades
1. Através do que se aprendeu sobre a marcação de casos nessa aula, flexione os substantivos abaixo 
para construir sentenças com os verbos disponíveis e traduza as sentenças construídas.
Substantivos: deus “deus” mundus “mundo” Verbos:
agnus “cordeiro” dominus “senhor” philosophus “filósofo” habet “tem, possui”
amicus “amigo” equus “cavalo” populus “povo” uidet “vê”
asinus “asno” filius “filho” porcus “porco” amat “ama”
Augustus “Augusto” fungus “cogumelo” oculus “olho” est “é”
Brutus “Bruto” gladius “gládio, espada” seruus “escravo” ēst “come”
camelus “camelo” Homerus “Homero” ursus “urso” dat “dá”
capillus “cabelo” Marcus “Marco” necat “mata”
coquus “cozinheiro” medicus “médico” laudat “louva”
crocodilus “crocodilo” Minotaurus “Minotauro” docet “ensina”
 Exemplos: 
a) Augustus mundum docet: “Augusto ensina o mundo”.
b) agnus asinum amat: “O cordeiro ama o asno”.
c) porcum necat equus: “O cavalo mata o porco”.
d) Minotaurus amicō ursum dat: “O Minotauro dá um urso para o amigo”.
e) Brutus est fungus: “Bruto é um cogumelo15”.
f ) Brutus ēst fungum: “Bruto come um cogumelo”.
15 Em latim, fungus também era uma maneira de chamar alguém de imbecil ou pouco inteligente (via a metáfora da cabeça grande, como a de 
um cogumelo).
40 Língua Latina
2. Tente explicar por que, dentre os exemplos da atividade 1, o exemplo (e) tem dois nominativos 
(Brutus e fungus), e não um nominativo e um acusativo. Para isso, compare a sentença com a sua 
tradução em Português e com a sentença seguinte, a de letra (f ).
Estrutura da língua latina comparada com a do português 41
3. Com base nos exemplos da atividade 1, explique a diferença na ordem de palavras nas sentenças 
latinas e portuguesas.
42 Língua Latina
Sistema nominal latino
Veremos, neste texto, como os substantivos são divididos em declinações e como os adjetivos são 
divididos em classes. Também conheceremos algumas preposições e seus sentidos básicos.
As declinações nominais
Todos os substantivos latinos estão sujeitos à flexão de caso. Assim, todos eles apresentam, ide-
almente, 12 formas diferentes (singular e plural, nos casos nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, 
dativo e ablativo). Os substantivos latinos também apresentam a categoria gramatical de gênero. Os 
gêneros possíveis em latim são o masculino, o feminino e o neutro. Em português, temos apenas o 
masculino e o feminino. É importante que tenhamos em mente que gênero é apenas uma categoria 
gramatical e que não reflete necessariamente as nossas intuições sobre o que deve ser masculino ou 
feminino no mundo real. As línguas diferem quanto à marcação de gênero, e isso é natural. Devemos 
aprender o gênero do substantivo juntamente com seu significado, pois, do ponto de vista gramatical, 
os substantivos sempre estabelecem concordância de gênero, número e caso com outras palavras no-
minais que os modificam.1
Os gramáticos estabeleceram uma tipologia para todos os substantivos latinos, de acordo com 
características comuns deles. A característica mais usada para separar os substantivos em classes de 
forma didática envolve o chamado tema. O tema é a parte do substantivo pronta para receber as desi-
nências de caso, ou seja, constitui-se do radical do substantivo e, em alguns casos, uma vogal temática 
que segue-se imediatamente ao radical. Os substantivos latinos podem ter, então, seis tipos de tema: os 
com vogal temática a, o, i, u, e, e os sem vogal temática (que têm o radical terminado em consoante, por-
tanto). Isso nos dá um total de seis classes possíveis para os substantivos. No entanto, os substantivos de 
tema consonântico e os de tema em “i” foram incluídos na mesma categoria, o que nos deixa com cinco 
conjuntos (ou paradigmas) de declinações nominais. A tabela a seguir apresenta as cinco declinações 
nominais e a terminação de genitivo de cada uma delas:2
1 Tirando o caso, o mesmo acontece em português, pois devemos flexionar, por exemplo, o adjetivo “preto” conforme as informações de 
gênero e número presentes no nome a ser qualificado: assim, temos “o gato preto”, “a gata preta”, “os gatos pretos” e não “o gato pretas”. 
2 Chamaremos de terminação o final das palavras que apresentam algum tipo de flexão. No caso dos substantivos, temos originalmente o 
radical, a vogal temática e a desinência número-casual (uma forma subjacente que, quando combinada com o tema real da palavra, resulta em 
uma forma chamada de terminação). 
Declinação Vogal temática Genitivo singular Exemplo
Primeira a -ae luna, lunae “lua”
Segunda o -ī camelus, cameli 
“camelo”
Terceira i / nenhuma (consonantal) -ĭs fur, furis “ladrão”
Quarta u -ūs manus, manus “mão”
Quinta e -eī res, rei “coisa, assunto”
Apresentamos os genitivos singulares como característicos de cada declinação nominal, pois é 
essa a forma que não se confunde de uma declinação para outra. Por exemplo, na tabela acima temos 
pelo menos dois nomes que no nominativo singular parecem fazer parte da mesma declinação. Came-
lus e manus parecem iguais, mas seus genitivos singulares são diferentes: cameli diz que se trata de um 
substantivo da segunda declinação, enquanto que manūs nos diz que o substantivo pertence à quarta 
declinação dos nomes. 
Nos dicionários, em geral, não é a declinação do nome que encontramos, e sim a seqüência “no-
minativo, genitivo”
como aparece na tabela acima, ou como luna, ae; camelus, i; fur, is; manus, us; res, ei. 
Por isso, é importante aprender os substantivos juntamente com sua declinação, gênero e significado 
básico. A dica que damos é que o aluno faça listas de vocabulário nos seguintes moldes: luna, lunae, 
substantivo da primeira declinação, feminino de significado “lua” pode ser anotado luna 1f 3 “lua” (essa 
é a forma que adotaremos nos vocabulários daqui por diante). 
Primeira declinação
Esta é a declinação dos nomes de tema em a. Isso significa que o radical do substantivo se liga 
às desinências dos casos através de uma vogal intermediária a. Vejamos a tabela com um exemplo de 
nome dessa declinação:
Caso Singular Significado Plural Significado
Nominativo lună a / uma lua lunae as / umas luas
Vocativo lună ó lua lunae ó luas
Acusativo lunăm a / uma lua lunās as / umas luas
Genitivo lunae da lua lunārum das luas
Dativo lunae para a / à lua lunīs para as / às luas
Ablativo lunā pela / com a lua lunīs pelas / com as luas
É importante observar o seguinte com relação aos nomes da primeira declinação:
Há terminações que podem ser referentes a vários casos simultaneamente, como :::: -ae, que 
pode ser genitivo e dativo singular e nominativo plural, -a (se não estiver marcado como longa 
ou breve) que pode ser nominativo, vocativo ou ablativo singular e -īs, que pode ser de dativo 
ou de ablativo plural. 
3 Essa notação é lida como “substantivo luna, primeira declinação feminino, significado ‘lua’”.
44 Língua Latina
O tema do substantivo pode ser encontrado através da remoção do final :::: -rum do genitivo 
plural: lunarum menos rum nos dá o tema luna-.
Os substantivos de primeira declinação são mais freqüentemente femininos, mas também há ::::
alguns masculinos.
Alguns substantivos comuns da primeira declinação são:
Femininos: aquila 1f. “águia”
aqua 1f. “água”
columba 1f. “pomba”
ara 1f. “altar”
cena 1f. “ceia, jantar”
insŭla 1f. “ilha”
littera 1f. “letra”
pecunia 1f. “dinheiro”
sagitta 1f. “flecha”
scaena 1f. “palco, cena”
silua 1f. “bosque, selva”
Masculinos: agricŏla 1m. “agricultor”
nauta 1m. “marinheiro”
poeta 1m. “poeta”
Nomes que se usam sempre no plural (nomes 
como esses ou não possuem formas no singular, 
ou possuem formas singulares com significados 
diferentes):
diuitiae, arum 1f. “riquezas”
nuptiae, arum 1f. “núpcias”
litterae, arum 1f. “carta”
Segunda declinação
A segunda declinação é a dos nomes de tema em o. No entanto, exceto por algumas formas, 
as desinências de caso, ao encontrarem o tema em o, sofreram diversas mudanças historicamente, de 
modo que em muitas das desinências temos um u ao invés de um o. Isso se dá apenas na superfície; nas 
formas morfológicas subjacentes, a vogal temática o está lá. 
Os nomes de segunda declinação apresentam alguns subtipos que são melhor entendidos se 
vistos separadamente. Temos nomes de segunda declinação comuns, nomes de segunda declinação 
com apenas nominativo e vocativo singulares diferentes, em -er, e nomes de segunda declinação de 
gênero neutro com terminação em -um no nominativo e vocativo singular.4 A partir daqui, será evitada 
a tradução na tabela das formas latinas, pois ela dependerá mais do contexto e do caso do que de me-
morização pura e simples. As atividades ajudarão nesse sentido. 
Vejamos as tabelas dos nomes de segunda declinação:
4 Também há nomes neutros que declinam com nominativo singular em -us. 
Sistema nominal latino 45
Caso Singular: 
“senhor”
Singular: 
“menino”
Singular: 
“palavra”
Plural: 
“senhores”
Plural: 
“meninos”
Plural: 
“palavras”
Nominativo domĭnŭs puer uerbŭm domĭnī puerī uerbă
Vocativo domĭnĕ puer uerbŭm domĭnī puerī uerbă
Acusativo domĭnŭm puerŭm uerbŭm dominōs puerōs uerbă
Genitivo domĭnī puerī uerbī domĭnōrum puerōrum uerbōrum
Dativo domĭnō puerō uerbō domĭnīs puerīs uerbīs
Ablativo domĭnō puerō uerbō domĭnīs puerīs uerbīs
Sobre os substantivos da segunda declinação, podemos observar que:
Há substantivos dos três gêneros que se declinam exatamente como :::: dominus.
Só há substantivos masculinos que se declinam como :::: puer.
Só há substantivos neutros que se declinam como :::: uerbum. 
Observando a tabela, verificamos que, exceto por nominativos, vocativos e acusativos, os ou-::::
tros casos são iguais para os três subgrupos. 
Somente em nomes da segunda declinação terminados em :::: -us é que temos uma terminação 
específica para o vocativo. Em todos os outros substantivos, de todas as declinações, tanto no 
singular quanto no plural, o vocativo é sempre igual ao nominativo.
Os substantivos de segunda declinação terminados em:::: -er só são diferentes dos terminados 
em -us no nominativo e vocativo singulares. 
Os substantivos neutros, como vemos pelo subtipo representado por :::: uerbum, sempre têm 
nominativos, vocativos e acusativos iguais, no singular e no plural. Os neutros de segunda 
declinação têm nominativo, vocativo e acusativo plural em -ă. Não confunda com os nomes 
da primeira declinação. O fato de os nominativos serem iguais aos acusativos nos nomes neu-
tros causa grandes confusões, pois, como aprendemos, os nominativos em geral representam 
sujeitos, e os acusativos, objetos diretos. As ambiguidades surgem quando não temos mais a 
marca unívoca de sujeito e objeto, se a língua tem mais flexibilidade na ordem das palavras, 
como é o caso do latim. 
Os dativos e ablativos são iguais, tanto no singular quanto no plural, o que representa uma ::::
diferença com relação aos substantivos de primeira declinação, em que os dativos singulares 
eram iguais aos genitivos singulares. 
Seguem substantivos comuns pertencentes à segunda declinação:
Masculinos em -us: popŭlus, i 2m. “povo”
equus, i 2m. “cavalo”
camelus, i 2m. “camelo”
filius, i 2m. “filho”
philosophus, i 2m. “filósofo”
46 Língua Latina
Femininos em -us: domus, i 2f. “casa”
ficus, i 2f. “figueira”
laurus, i 2f. “loureiro”
humus, i 2f. “terra”
Neutros em -us: pelăgus, i 2n. “mar”
uulgus, i 2n. “povo”
Masculinos em -er: ager, agri 2m. “campo”
magister, magistri 2m. “mestre, professor”
aper, apri 2m. “javali”
liber, libri 2m. “livro”
uir, uiri 2m. “homem, varão”
Neutros em -um: bellum, i 2n. “guerra”
castrum, i 2n. “fortificação, castelo”
signum, i 2n. “sinal, estandarte”
somnium, i 2n. “sonho”
 Os adjetivos de primeira classe
Os adjetivos são as palavras que podem ser usadas diretamente para qualificar um substantivo. 
Os exemplos em português são muitos, como ao substantivo “casas”, que podemos acrescentar a espe-
cificação “amarelas”, produzindo “casas amarelas”. Como se vê, em português, o adjetivo costuma apare-
cer imediatamente em seguida ao substantivo e costuma concordar com ele em gênero e número (por 
isso “casas amarelas”, e não “casas amarelo” ou qualquer coisa assim). O mesmo se dá em latim, com a di-
ferença que, como o sistema de casos permite a flexibilidade de ordem já mencionada, um substantivo 
pode receber qualificação de um adjetivo mesmo que ele não apareça em uma posição imediatamente 
posterior ou anterior. Basta que o substantivo e o adjetivo estabeleçam relação de concordância para 
que eles estejam em uma relação de modificação. 
No entanto, um adjetivo em latim deve concordar com o substantivo não somente em número e gê-
nero, como em português, mas também em caso. Por isso, os adjetivos em latim são palavras que podem ter 
até 36 formas diferentes: seis casos, vezes dois números, vezes três gêneros é igual a 36. 
Os adjetivos que têm 36 formas diferentes são os chamados adjetivos de primeira classe, uma vez 
que eles seguem a primeira declinação dos nomes no gênero feminino, a segunda declinação em -us 
para as formas masculinas e a segunda declinação em -um para as formas neutras. Vejamos a tabela a 
seguir com o adjetivo de exemplo magnus, a, um “grande”:5
5 Essa é uma maneira comum de listar um adjetivo: perceba que há as formas dos três gêneros (magnus, a, um = magnus, magna, magnum), 
identificando que o adjetivo pertence à primeira classe, e a tradução. Os adjetivos que aparecerem listados dessa forma declinam-se como 
magnus, a, um acima.
Sistema nominal latino 47
Feminino Masculino Neutro
Nominativo singular magnŭs magnă magnŭm
Vocativo singular magnĕ magnă magnŭm
Acusativo singular magnŭm magnăm magnŭm
Genitivo singular magnī magnae magnī
Dativo singular magnō magnae magnō
Ablativo singular magnō magnā magnō
Nominativo plural magnī magnae magnă
Vocativo plural magnī magnae magnă
Acusativo plural magnōs magnās magnă
Genitivo plural magnōrum magnārum magnōrum
Dativo plural magnīs magnīs magnīs
Ablativo plural magnīs magnīs magnīs
Esse é um adjetivo típico da chamada primeira classe dos adjetivos: ele segue a primeira e a se-
gunda declinações nominais. Observe as terminações, e você verá que elas correspondem aos paradig-
mas apresentados anteriormente para os substantivos de primeira e segunda declinação.
Qualquer substantivo, não importa a qual declinação pertença, poderá ser modificado por um adjeti-
vo, bastando que suas informações de número, gênero e caso sejam iguais. Vejamos alguns exemplos:
O substantivo cena, ae 1f. “ceia” é de gênero feminino. Se pegarmos ao acaso qualquer uma de 
suas formas, como o acusativo singular cenam, poderemos modificar essa forma com qualquer adjeti-
vo que também esteja no acusativo singular, na forma feminina. Dessa forma, teremos magnam cenam 
“grande ceia” (na posição de objeto direto – lembre-se do acusativo).
No entanto, não é sempre que as terminações do substantivo e do adjetivo são exatamente iguais. 
Isso se dá em virtude de que muitos substantivos pertencem a declinações que costumam ter a maioria dos 
seus membros de um gênero, mas que apresentam uma menor parte de substantivos de outro gênero. Ve-
jamos o exemplo de nauta, ae 1m. “marineiro”, que é um substantivo da primeira declinação, mas que não é 
feminino. Um adjetivo que concorde com a forma de nominativo singular masculino nauta poderá ser, por 
exemplo, magnus, gerando a forma magnus nauta, “grande marinheiro”. 
Por isso, para identificar o substantivo com o qual um certo adjetivo concorda em uma sentença 
latina, devemos saber reconhecer a declinação e o gênero do substantivo, bem como o gênero, o nú-
mero e o caso em que o adjetivo está. 
Segue uma pequena lista de adjetivos comuns da primeira classe:
48 Língua Latina
altus, a, um “alto”
beatus, a, um “feliz”
bellus, a, um “bonito, belo”
bonus, a, um “bom”
clarus, a, um “famoso”
diuinus, a, um “divino”
falsus, a, um “falso”
ignarus, a, um “ignorante”
malus, a, um “mau”
multus, a, um “muito”
paruus, a, um “pequeno”
plenus, a, um “cheio [de + genitivo.]”
nullus, a, um “nenhum”
secundus, a, um “favorável”
stultus, a, um “imbecil, estúpido”
tutus, a, um “salvo, protegido”
Preposições
As preposições latinas sempre escolhem o caso em que o substantivo selecionado por ela deverá 
estar. Por isso, você deve aprender as preposições juntamente com o(s) caso(s) que ela seleciona. Algu-
mas preposições, ainda, podem selecionar mais de um caso, com alteração no significado a depender 
do caso utilizado. Com essas primeiras preposições que veremos já será possível ter acesso a um frag-
mento interessante do latim para as atividades que proporemos e, ainda, com o diagrama básico dos 
usos de casos em preposições, grande parte dos problemas relacionados ao significado das preposições 
será sanada.
Vejamos as preposições mais comuns e importantes para o início do aprendizado do latim:
in:::: “em” / “para dentro de”:
A preposição in tem dois sentidos básicos muito distintos, um ligado à noção de permanência e 
estaticidade, e outro ligado à noção de movimento para dentro de algum lugar ou corpo. O primeiro se 
expressa com o ablativo e o segundo com o acusativo:
in + ablativo: estaticidade → in forō “no fórum”; in uiā, “no caminho”, in scaenā “no palco”.
in + acusativo: movimento para dentro de → in forŭm “para dentro do fórum”; in uiăm “para den-
tro do caminho (vindo de fora dele)”; in scaenăm “para dentro do palco (vindo de fora dele)”.
A preposição in com seus dois usos dependentes do caso acusativo e do caso ablativo é um dos 
melhores exemplos de como esses casos se relacionam, em geral, com movimento versus estaticidade 
ou com movimento para dentro versus movimento para fora. As próximas preposições ilustram isso. 
ad:::: + acusativo: “até” / “até junto a” → ad domum “para junto da casa (mas não entrando nela)”; 
“até a casa”.
a(b:::: 6) + ablativo: “para longe de” (contrário de ad + acusativo ) → ab agrō “para longe do 
campo (sem a pressuposição de que o que está se afastando do campo estava antes dentro 
do campo)”.
e(x):::: + ablativo: “para fora de” (contrário de in + acusativo) → ex agrō “para fora do campo (com 
a pressuposição de que o que está indo para fora estava dentro do campo)”.
6 As preposições ab e ex podem perder o “b” e o “x”, respectivamente, antes de consoantes. Portanto, temos ab arā mas a forō e ex arā, mas ē foro.
Sistema nominal latino 49
Uma boa maneira de aprender essas preposições e a relação dos casos acusativo e ablativo com 
movimento e/ou estaticidade é observar bem o diagrama abaixo:
Domus
ad + acusativo
in + acusativo
in + ablativo
e(x) + ablativo
a(b) + ablativo
Texto complementar
O seguinte poema de Catulo é um dos textos mais famosos e comentados da literatura latina. 
Abaixo, segue uma versão bilíngue que poderá ser bastante apreciada via tradução. No entanto, estão 
marcadas no texto latino as palavras cujas formas já possam ser reconhecidas pelo que se apresentou 
até o momento quanto à morfologia do latim. O aluno poderá olhar para o texto latino com o auxílio de 
um dicionário e dessa aula e tentar encontrar sentido para as expressões em negrito. É possível, também, 
com o auxílio da tradução, tentar adivinhar outras formas. 
Há também questões literárias bastante importantes a serem comentadas sobre esse poema. Tra-
ta-se do Carmen VIII, poema no qual encontramos um interessante jogo de vozes. A mudança do ponto 
de vista do “eu” para o “nós” e, finalmente, para o “tu” faz com que o poeta se desdobre em dois e se veja 
de várias maneiras e ângulos. Tente identificar essas questões na leitura abaixo. 
Miser Catulle, desinas ineptire,
et quod uides perisse perditum ducas.
Fulsere quodam candidi tibi soles, 
cum uentitabas quo puella ducebat
Meu pobre Catulo, põe um termo neste delirar
e considera perdido o que vês que se perdeu. 
Em tempos passados sóis luminosos brilharam 
quando tu, constantemente, corrias
50 Língua Latina
amata nobis quantum amabitur nulla. 
Ibi illa multa tum iocosa fiebant, 
quae tu uolebas nec puella nolebat. 
Fulsere uere candidi tibi soles.
Nunc iam illa non uolt; tu quoque, inpotens, noli, 
nec quae fugit sectare, nec miser uiue, 
sed obstinata mente perfer, obdura. 
Vale, puella. Iam Catullus obdurat, 
nec te requiret nec rogabit inuitam; 
at tu dolebis, cum rogaberis nulla. 
Scelesta, uae te; quae tibi manet uita! 
Quis nunc te adibit? Cui uideberis bella? 
Quem nunc amabis? Cuius esse diceris? 
Quem basiabis? Cui labella mordebis? 
At tu, Catulle, destinatus obdura.
para onde te chamava a jovem por nós tão amada 
quanto nenhuma outra será jamais amada. 
Nestes encontros então aconteciam aqueles 
inumeráveis momentos de prazer: o que tu querias 
a jovem também não o deixava de querer. 
Sóis luminosos realmente brilharam para ti. 
Hoje, porém, ela já não quer mais.
Também tu, incapaz de te conteres, não queiras mais, 
não persigas aquela que te foge, não vivas infeliz, 
mas conserva inflexível teu espírito, resiste.
Adeus, minha jovem amiga, Catulo já resiste, 
não mais irá te procurar, não mais te convidará 
a um encontro, se não o desejares. 
Mas tu chorarás quando não mais fores solicitada. 
Ai de ti, infeliz. Que vida te está reservada? 
Que homem irá ter contigo? 
Tradução: Lauro Mistura (Novak, Maria da Glória e 
Neri, Maria Luiza (orgs.) Poesia Lírica Latina. São Paulo: 
Martins Fontes, 2003.)
Atividades
1. Identifique as formas das palavras abaixo, dizendo, para cada uma, qual é a declinação (primeira 
ou segunda), o número (singular ou plural), o gênero (masculino, feminino ou neutro) e o caso. 
Se a palavra puder estar em vários casos e números, indique todas as possibilidades. Use as 
informações dadas ao longo dessa aula para isso.
Exemplos:
a) arārum: (1f gen. pl.)
b) columbās: (1f. acus. pl.)
c) nautae: (1m. gen. sing. / dat. sing. / nom. pl.) 
d) pecuniā:
Sistema nominal latino 51
e) equŭm:
f ) popŭlŭs:
g) magistrīs:
h) signă:
i) cenă:
j) insula:
l) agricolārum:
m) filiōs:
n) bellŭm:
o) domī:
p) aprīs:
52 Língua Latina
2. Construa expressões com os substantivos flexionados acima, colocando-os juntamente com a 
forma apropriada dos adjetivos listados na seção de adjetivos acima. Traduza o resultado. 
 Exemplos: 
 arārum multārum: “dos muitos altares” (o adjetivo concorda em gênero, número e caso com o 
substantivo).
paruās columbās: “pombas pequenas”.
 nautae malī: “marinheiros malvados” (perceba-se que o adjetivo flexionado no nominativo plural 
aqui é malī, não malae, uma vez que o nome nauta, embora se pareça com um nome feminino, é 
masculino).
3. Sublinhe, na lista de palavras após os dois pontos, aquelas que podem aparecer junto com a que 
aparece antes dos dois pontos. No caso de adjetivos e substantivos, verifique a concordância. No 
caso de preposições, verifique o caso do substantivo.
Ex.:
 in: domō, domŭm, domōs, domī, domīs, domŭs (solução: domō (ablativo singl.); domŭm (acus. sing.); 
domōs (acus. plural), domīs (ablativo plural), mas não domī (gen. sing ou nominativo plural) nem 
domŭs (nominativo ou vocativo singular).
 multīs: arae, domŭm, nautārum, nuptiīs, camelīs, ficīs
 pelagŭs: altŭm, clarŭs, diuinŭm, altă, malae
 ex: scaenā, aquăm, castrō, domīs, domōs, domī, aquā, aquae
Sistema nominal latino 53
54 Língua Latina
Sistema nominal latino II
Aqui, serão estudados os substantivos da terceira declinação e os adjetivos de segunda classe, 
que são nomes de tema em i ou tema consonantal. O paradigma para todos eles é praticamente idên-
tico, com alterações principalmente nos nominativos singulares e nos genitivos plurais. Assim, serão vis-
tos um modelo básico de declinação de todos os nomes de terceira declinação e adjetivos de segunda 
classe e depois as exceções mais importantes e subparadigmas ligeiramente diferentes. 
O objetivo é que todos os nomes de terceira declinação sejam aprendidos (incluindo na categoria 
de nomes, aqui, os adjetivos, uma vez que os adjetivos de segunda classe seguem os substantivos da 
terceira declinação), pois seguem basicamente o mesmo padrão de declinação.
Terceira declinação dos nomes
Separaremos os substantivos de terceira declinação em dois grandes grupos: os de tema em i e 
os de tema consonântico. 
Um exemplo de substantivo de tema consonântico é rex, regis 3m. “rei”. Vejamos a sua declinação:1
Singular Plural
Nominativo rex regēs
Acusativo regĕm regēs
Genitivo regĭs regŭm
Dativo regī regĭbŭs
Ablativo regĕ regĭbŭs
1 Não mais listaremos os vocativos nas tabelas de declinação, pois, como sabemos, apenas nos nomes masculinos terminados em -us da 
segunda declinação no singular é que temos uma terminação exclusiva para o vocativo. Em todos os outros casos, o vocativo é exatamente 
igual ao nominativo. 
Os substantivos de tema consonantal pertencentes a essa declinação possuem, em geral, nomi-
nativo singular com uma sílaba a menos que o genitivo singular, o que se convencionou chamar, na 
literatura de ensino de latim, de substantivos imparissilábicos. Isso se dá em virtude de que o tema con-
sonantal não recebe nenhuma vogal de ligação entre o final do tema e a desinência abstrata de nomi-
nativo singular -s (que não aparece na maioria dos casos, mas que aqui se torna clara: o tema reg- mais 
a desinência -s gera a forma pronunciada [reks], resultante desse encontro consonantal. A depender da 
consoante final do tema, outros tipos de transformação ocorrerão no nominativo singular dos substan-
tivos de temas consonantais da terceira declinação. Por isso, preste atenção sempre ao genitivo singular, 
que, para todos os substantivos da terceira declinação, se realiza como -is. 
Atenção às seguintes características desses substantivos:
Todos têm acusativo singular em :::: -em (exceto os de gênero neutro, que sempre têm nominati-
vos iguais a acusativos, tanto no singular quanto no plural). 
Os genitivos plurais são em :::: -um, diferentemente do genitivo plural dos nomes da terceira de 
tema em i, como veremos. 
Nominativos e acusativos plurais são iguais, em :::: -es. 
Dativos e ablativos plurais em :::: -ibus passam a ser a característica de todos os substantivos 
da terceira, quarta e quinta declinações (diferentemente dos dativos e ablativos plurais da 
primeira e segunda declinação, em -is).
Vejamos uma lista de nomes da terceira declinação, de acordo com a consoante final do tema. 
Preste atenção ao que acontece com os nominativos plurais, pois em geral as alterações dependem do 
tipo de consoante final do tema:
Temas com final em l ou r: 
consul, consulis 3m. “cônsul” [tema consul-]
uxor, uxoris 3f. “esposa” [tema uxor-]
fur, furis 3m. “ladrão” [tema fur-]
soror, sororis 3f. “irmã” [tema soror-]
labor, laboris 3m. “trabalho” [tema labor-]
Temas com final em d ou t:
pes, pedis 3m. “pé” [tema ped-]
dos, dotis 3f. “dote” [tema dot-]
ciuitas, ciuitatis 3f. “cidade” [tema ciuitat-]
salus, salutis 3f. “saúde, salvação” [tema salut-]
miles, militis 3m. “soldado” [tema milit-]
Temas com final c ou g:
dux, ducis 3m. “comandante, condutor” [tema duc-]
iudex, iudicis 3m. “juiz” [tema iudic-]
lex, legis 3f. “lei” [tema leg-]
56 Língua Latina
Temas em -ōn ou -iōn:
praedo, praedonis 3m. “pirata” [tema praedon-]
legio, legionis 3f. “legião, exército” [tema legion-]
religio, religionis 3f. “rito, obrigação, religião” [tema religion-]
Agora vejamos os substantivos de terceira declinação de tema em i. Um exemplo de substantivo 
desse tipo é aedis, aedis 3f. “templo, casa”.2 Vejamos a sua declinação:
Singular Plural
Nominativo aedĭs aedēs
Acusativo aedĕm aedīs ou aedēs
Genitivo aedĭs aediŭm
Dativo aedī aedĭbŭs
Ablativo aedĕ (ou aedī) aedĭbŭs
Como podemos ver, o nominativo e o genitivo singular têm o mesmo número de sílabas. Por isso, 
esses substantivos são considerados parissilábicos, e se opõem aos imparissilábicos (cujo nominativo 
tem uma sílaba a menos que o genitivo singular), formando uma espécie de subparadigma específico, 
com suas características específicas.
As diferenças principais a serem notadas com relação aos substantivos de tema consonantal e 
imparissilábicos são as seguintes:
O ablativo singular pode ser como o dos imparissilábicos ou como o dativo singular. As duas ::::
formas são comuns. 
 O nominativo e o acusativo plural podem ser diferentes. Uma forma especial de adjetivo plural ::::
em -īs (note a longa, que diferencia do nominativo singular) é encontrada assim como a forma 
já vista em -ēs dos imparissilábicos. 
A :::: diferença mais importante dos parissilábicos com relação aos imparissilábicos se encontra 
no genitivo plural, em -iŭm ao invés de em -ŭm. Isso se dá em virtude de a maioria dos paris-
silábicos terem radical temático em i.
Vejamos alguns dos substantivos da terceira declinação de tema em i:
auis, is 3f. “ave, agouro”
hostis, is 3m. “inimigo”
piscis, is 3m. “peixe”
finis, is 3m. “fim (singular), território, fronteiras, bordas, limites (plural)”
nox, noctis 3f. “noite” 3
2 Esse é um dos exemplos de substantivos que têm um significado específico somente para o plural e outro para os dois números. aedis, no 
singular e no plural, pode significar “templo”, mas apenas no plural significa “casa”.
3 Alguns nomes imparissilábicos declinam-se conforme aedis, is porque apresentam genitivo plural em -ium. Assim, eles serão apresentados 
nessa lista. Será fácil reconhecê-los; basta contar uma sílaba a menos no nominativo singular. 
Sistema nominal latino II 57
urbs, urbis 3f. “cidade, Roma”
arx, arcis 3f. “fortaleza, cidadela, fortificação”
ars, artis 3f. “arte”
dens, dentis 3m. “dente”
mons, montis 3m. “monte”
pons, pontis 3m. “ponte”
Há alguns nomes neutros da terceira declinação que apresentam diferenças especiais apenas 
no nominativo singular (e consequentemente no acusativo singular, visto que, como já vimos, todos 
os nomes neutros sempre apresentam nominativos e acusativos iguais), e listaremos alguns dos mais 
importantes aqui, seguidos de seu genitivo transcrito na íntegra, a partir do qual se poderá declinar o 
restante dos casos e números, bastando que se reconheça o tema (retirando o -is do genitivo singular) e 
que se apliquem as desinências normais de neutro. Declinamos completamente um parissilábico e um 
imparissilábico como exemplo:
Imparissilábico 
(consonantal) 
singular
Imparissilábico 
(consonantal)
plural
Parissilábico 
(tema em i) 
singular
Parissilábico 
(tema em i) 
plural4
Nominativo caput capĭtă mare marĭă
Acusativo caput capĭtă mare marĭă
Genitivo capĭtĭs capĭtŭm marĭs marĭum
Dativo capĭtī capĭtĭbŭs marī marĭbŭs
Ablativo capĭtĕ capĭtĭbŭs marī marĭbŭs
Observamos que, fora o nominativo/acusativo singular, os nomes neutros da terceira seguem os 
subparadigmas consonantal e de tema em i, conforme vemos pelo caso distintivo básico, o genitivo 
plural, capitum versus marium. 
Outra questão relevante é que no ablativo singular os substantivos neutros de tema consonantal 
apresentam terminação ĕ enquanto os de tema em i apresentam terminação ī.
Segue a lista com outros neutros, com genitivos inteiros para identificar o tema (quando hou-
ver um hífen no meio da palavra, salvo informação em contrário, ele servirá apenas como informação 
didática que separa a terminação e o tema).
uulnus, uulner-is 3n. “ferida”
corpus, corpŏr-is 3n. “corpo”
opus, opĕr-is 3n. “obra, trabalho”
onus, onĕr-is 3n. “peso, carga”
pectus, pectŏr-is 3n. “peito”
4 É importante lembrar que a correspondência imparissilábico – consonantal / parissilábico – tema em i nem sempre vale. Haverá eventuais 
exceções, como os substantivos como nox listados acima. 
58 Língua Latina
scelus, scelĕr-is 3n. “crime”
tempus, tempŏr-is 3n. “tempo”
ius, iur-is 3n. “lei, direito”
nomen, nomĭn-is 3n. “nome”
animal, animal-is 3n. “animal” (embora não pareça, trata-se de um parissilábico, cujo nominativo 
teria sido animalĕ)
exemplar, exemplar-is 3n. “exemplo” (mesmo caso de animal).
Adjetivos de segunda classe
A maioria dos adjetivos de segunda classe se baseia na declinação dos substantivos de terceira 
declinação de tema em i, mas há também os que seguem a declinação de tema consonantal. A litera-
tura sobre a língua latina classifica os adjetivos de segunda classe em uniformes, biformes e triformes. No 
entanto, essas formas diferentes só se manifestam no nominativo singular nos gêneros masculino, femi-
nino e neutro (os uniformes apresentam uma só forma para os três gêneros, os biformes apresentam uma 
forma para o masculino e feminino, chamada de comum, e os triformes apresentam uma forma para cada 
gênero). Todos os outros casos e números apresentam terminações iguais para os três gêneros. As tabelas 
a seguir apresentarão adjetivos de segunda classe desses três tipos, além de um exemplo de adjetivo de 
segunda classe de tema consonantal. Veremos adiante o que todos eles têm em comum.
uniformes: exemplo: :::: ingēns, ingentis “enorme”
Masculino 
singular
Feminino 
singular
Neutro 
singular
Masculino 
plural
Feminino 
plural
Neutro plural
Nominativo ingens ingens ingens ingentēs ingentēs ingentia
Acusativo ingentĕm ingentĕm ingens ingentēs(īs) ingentēs(īs) ingentia
Genitivo ingentĭs ingentĭs ingentĭs ingentĭum ingentĭum ingentĭum
Dativo ingentī ingentī ingentī ingentĭbŭs ingentĭbŭs ingentĭbŭs
Ablativo ingentī ingentī ingentī ingentĭbŭs ingentĭbŭs ingentĭbŭs
biformes: exemplo: :::: omnis, omn-e “todo, todos”
Masculino 
singular
Feminino 
singular
Neutro 
singular
Masculino 
plural
Feminino 
plural
Neutro plural
Nominativo omnis omnis omne omnēs omnēs omnia
Acusativo omnem omnem omne omnēs(īs) omnēs(īs) omnia
Genitivo omnis omnis omnis omnĭum omnĭum omnĭum
Dativo omnī omnī omnī omnĭbŭs omnĭbŭs omnĭbŭs
Ablativo omnī omnī omnī omnĭbŭs omnĭbŭs omnĭbŭs
Sistema nominal latino II 59
triformes: exemplo: :::: acer, acris, acre “amargo, afiado”
Masculino 
singular
Feminino 
singular
Neutro 
singular
Masculino 
plural
Feminino 
plural
Neutro plural
Nominativo acer acris acre acrēs acrēs acria
Acusativo acrem acrem acre acrēs(īs) acrēs(īs) acria
Genitivo acris acris acris acrĭum acrĭum acrĭum
Dativo acrī acrī acrī acrĭbŭs acrĭbŭs acrĭbŭs
Ablativo acrī acrī acrī acrĭbŭs acrĭbŭs acrĭbŭs
 adjetivos de segunda classe de tema consonantal: exemplo: :::: uetus, ueteris “velho”
Masculino 
singular
Feminino 
singular
Neutro 
singular
Masculino 
plural
Feminino 
plural
Neutro plural
Nominativo uetus uetus uetus ueterēs ueterēs uetera
Acusativo ueterem ueterem uetus ueterēs ueterēs uetera
Genitivo ueteris ueteris ueteris ueterum ueterum ueterum
Dativo ueterī ueterī ueterī ueterĭbŭs ueterĭbŭs ueterĭbŭs
Ablativo ueterĕ ueterĕ ueterĕ ueterĭbŭs ueterĭbŭs ueterĭbŭs
É importante perceber que todos os tipos de adjetivos de segunda classe só se apresentam “uni-
formes, biformes ou triformes” com relação ao nominativo singular, conforme se pode perceber pelas 
tabelas anteriores. Tirando o nominativo singular, os adjetivos de segunda classe são, em geral, biformes: 
têm uma forma para o masculino e feminino (o chamado gênero “comum”) e uma forma para o gênero 
neutro. Os genitivos, dativos e ablativos, no entanto, são iguais para os três gêneros. É importante estu-
dar as tabelas com calma muito mais para encontrar as similaridades entre as diferentes subclasses dos 
adjetivos do que para identificar exceções ou anomalias. 
Vejamos uma lista de exemplos de adjetivos da segunda classe. Primeiro, os “uniformes”:
prudens, prudentis “prudente”
sapiens, sapientis “sensato, sábio”
audax, audacis “audaz”
ferox, ferocis “feroz”
feliz, felicis “feliz”
Agora, exemplos dos biformes:
ciuilis, ciuile “civil”
grauis, graue “grave”
nobilis, nobile “nobre”
incredibilis, incredibile “incrível”
humilis, humile “humilde”
utilis, utile “útil”
fortis, forte “forte”
60 Língua Latina
Vejamos alguns dos triformes:
celer, celeris, celere “rápido”
celeber, celebris, celebre “célebre”
Agora, vejamos alguns exemplos de adjetivos de segunda classe baseados nos substantivos de 
terceira declinação de tema consonantal:
diues, diuitis “rico”
pauper, pauperis “pobre”
princeps, principis “primeiro”
A seguinte tabela resume os nomes destas declinações:
Substantivos e adjetivos de segunda 
classe de tema em i
Substantivos e adjetivos de segunda 
classe de tema consonantal
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nom. sing. -s/variável -s/-e -s/variável -s
Acus. sing. -em -s/-e -em -s
Gen. sing. -is
-is
Dat. sing. -ī -ī
Abl. sing. -ī/-e -ī/-e
Nom. pl. -ēs -ia -ēs -a
Acus. pl. -ēs/īs -ia -ēs/īs -a
Gen. pl. -ium -um
Dat. pl. -ibus -ibus
Abl. pl. -ibus -ibus
As três primeiras declinações dos substantivos dão conta da grande maioria dos substantivos em 
latim, e só há duas classes de adjetivos. Assim, já é possível ter acesso ao reconhecimento da maioria das 
formas nominais latinas. É importante ter em mente que, embora as tabelas apresentadas pareçam assus-
tar à primeira vista, há muito em comum entre os subparadigmas. A tabela acima, que resume a terceira 
declinação dos substantivos e a segunda classe dos adjetivos mostra isso claramente. Ainda, o que precisa 
ficar claro é que o ensino do latim deve ter ênfase muito mais na capacitação do aluno à leitura dos textos 
latinos do que à produção de textos latinos. Assim, mais que decorar formas específicas, é importante que 
o aluno seja capaz de reconhecer as formas quando elas ocorrem nos textos. 
Outra questão importante a ser enfatizada, agora que o sistema nominal latino está apresentado 
em uma extensão relativamente grande, é que as diferentes declinações dos substantivos podem ser 
modificadas por qualquer uma das duas classes dos adjetivos. Não é porque os adjetivos de segunda 
classe têm suas flexões baseadas nos substantivos de terceira declinação que eles só podem modificar 
os substantivos dessa declinação. Qualquer adjetivo pode modificar qualquer substantivo, pois o que 
é realmente necessário é que haja concordância de gênero, número e caso entre eles. É a partir desse 
momento que o processo de concordância substantivo–adjetivo pode ficar um pouco mais complexo, 
já que não poderemos mais confiar apenas na aparência externa das palavras para estabelecer a con-
cordância. Os seguintes exemplos comentados ilustram isso:
Sistema nominal latino II 61
magna cena “grande ceia”: magna: fem. sing. nom., cena: fem. sing. nom. 
clarus philosophus “filósofo famoso”: clarus: masc. sing. nom., philosophus: masc. sing. nom
felix filius “filho feliz”: felix: masc./fem./neut. sing. nom., filius: masc. sing. nom. (aqui vemos um 
adjetivo que possui uma forma comum para os três gêneros, e que, portanto, pode concordar com o 
substantivo que está no masculino)
felix filia “filha feliz”: felix: masc./fem./neut. sing. nom., filia: fem. sing. nom
felicem filium (ambos masculino singular acusativo)
felicem filiam (ambos feminino singular acusativo)
felicis filii (ambos masculino singular genitivo)
felicis filiae (ambos feminino singular genitivo) 
e assim por diante...
Texto complementar
O texto abaixo é um excerto do livro I do longo poema de Ovídio chamado de Metamorfoses, no 
qual o poeta narra em pequenos episódios, nos moldes da poesia épica grega e latina de até então, 
histórias de formas mudadas em outras formas, desde a criação do mundo até os seus dias. O trecho 
abaixo narra a criação do mundo através do Caos primordial e das coisas que nele foram colocadas pelo 
Factor universal (factor é aquele que faz, em latim). 
As formas já identificáveis pelas declinações e formas de adjetivos ensinadas serão sublinhadas nos 
primeiros dez versos, para que você possa ler o texto nas duas línguas e verificar quanto do vocabulário 
latino já pode ser analisado morfologicamente. 
A tradução é do poeta lírico português Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), famoso por 
sua própria produção literária e também um excelente tradutor de textos clássicos.
Ante mare et terras et quod tegit omnia caelum
unus erat toto naturae vultus in orbe,
quem dixere chaos: rudis indigestaque moles
nec quicquam nisi pondus iners congestaque eodem
non bene iunctarum discordia semina rerum.
nullus adhuc mundo praebebat lumina Titan, 
nec nova crescendo reparabat cornua Phoebe,
nec circumfuso pendebat in aere tellus
ponderibus librata suis, nec bracchia longo
Antes do mar, da Terra, e céu que os cobre 
Não tinha mais que um rosto a Natureza: 
Este era o Caos, massa indigesta, rude, 
E consistente só num peso inerte. 
Das coisas não bem juntas as discordes, 
Priscas sementes em montão jaziam; 
O Sol não dava claridade ao mundo, 
Nem crescendo outra vez se reparavam
As pontas de marfim da nova Lua. 
5
62 Língua Latina
margine terrarum porrexerat Amphitrite;
utque erat et tellus illic et pontus et aer, 
sic erat instabilis tellus, innabilis unda,
lucis egens aer; nulli sua forma manebat,
obstabatque aliis aliud, quia corpore in uno
frigida pugnabant calidis, umentia siccis,
mollia cum duris, sine pondere, habentia pondus.
Hanc deus et melior litem natura diremit.
nam caelo terras et terris abscidit undas 
et liquidum spisso secrevit ab aere caelum.
quae postquam evolvit caecoque exemit acervo,
dissociata locis concordi pace ligavit: 
ignea convexi vis et sine pondere caeli
emicuit summaque locum sibi fecit in arce;
proximus est aer illi levitate locoque;
densior his tellus elementaque grandia traxit
et pressa est gravitate sua; circumfluus umor 
ultima possedit solidumque coercuit orbem.
Sic ubi dispositam quisquis fuit ille deorum
congeriem secuit sectamque in membra coegit,
principio terram, ne non aequalis ab omni
parte foret, magni speciem glomeravit in orbis.
tum freta diffundi rapidisque tumescere ventis
iussit et ambitae circumdare litora terrae;
addidit et fontes et stagna inmensa lacusque
fluminaque obliquis cinxit declivia ripis,
quae, diversa locis, partim sorbentur ab ipsa, 
in mare perveniunt partim campoque recepta
parte secant zonae, quinta est ardentior illis,
Não pendias, ó Terra, dentre os ares, 
Na gravidade tua equilibrada 
Nem pelas grandes margens Anfitrite
Os espumosos braços dilatava.
Ar, e pélago, e Terra estavam mistos: 
As águas eram pois inavegáveis, 
Os ares negros, movediça a Terra.
Forma nenhuma em nenhum corpo havia, 
E neles uma coisa a outra obstava, 
Que em cada qual dos embriões enormes 
Pugnavam frio, e quente, úmido, e seco, 
Mole, e duro, o que é leve, e o que é pesado.
Um Deus, outra mais alta Natureza
A contínua discórdia enfim põe termo: 
A Terra extrai dos Céus, o mar da Terra, 
E ao ar fluido, e raro abstrai o espesso. 
Depois que a mão divina arranca tudo 
Do enredado montão, e o desenvolve, 
Em lugares diversos, que lhe assina, 
Liga com mútua paz os corpos todos. 
Súbito ao cume do convexo espaço 
O fogo se remonta ardente, e leve; 
A ele no lugar, na ligeireza
Próximo fica o ar; mais densa que ambos 
A Terra puxa os elementos vastos, 
Da própria gravidade é comprimida. 
O salitroso humor circunfluente
A possui, a rodeia, a lambe, e aperta.
Assim depois que o Deus (qualquer que fosse) 
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Sistema nominal latino II 63
sic onus inclusum numero distinxit eodem
cura dei, totidemque plagae tellure premuntur.
quarum quae media est, non est habitabilis aestu; 
liberioris aquae pro ripis litora pulsant.
iussit et extendi campos, subsidere valles,
fronde tegi silvas, lapidosos surgere montes,
utque duae dextra caelum totidemque sinistra 
nix tegit alta duas; totidem inter utramque locavit
temperiemque dedit mixta cum frigore flamma.
Inminet his aer, qui, quanto est pondere terrae
pondus aquae levius, tanto est onerosior igni.
illic et nebulas, illic consistere nubes
iussit et humanas motura tonitrua mentes 
et cum fulminibus facientes fulgura ventos.
His quoque non passim mundi fabricator habendum
aera permisit; vix nunc obsistitur illis,
cum sua quisque regat diverso flamina tractu,
quin lanient mundum; tanta est discordia fratrum.
Eurus ad Auroram Nabataeaque regna recessit
Persidaque et radiis iuga subdita matutinis;
vesper et occiduo quae litora sole tepescunt,
proxima sunt Zephyro; Scythiam septemque triones
horrifer invasit Boreas; contraria tellus 
nubibus adsiduis pluviaque madescit ab Austro.
haec super inposuit liquidum et gravitate carentem
aethera nec quicquam terrenae faecis habentem.
cum, quae pressa diu fuerant caligine caeca, 
sidera coeperunt toto effervescere caelo;
neu regio foret ulla suis animalibus orba,
O grão corpo dispôs, quis dividi-lo, 
E membros lhe ordenou. Para que a Terra
Não fosse desigual em parte alguma, 
Por todas a compôs na forma de orbe. 
Ao mar então mandou que se esparzisse, 
Que ao sopro inchasse dos forçosos ventos, 
E orgulhoso abrangesse as louras praias; 
À mole orbicular deu fontes, lagos, 
Rios cingindo com oblíquas margens, 
Os quais, em parte absortos pelas terras 
Várias, que vão regando, ao mar em parte
Chegam, e recebidos lá no espaço
De águas mais livres, e extensão mais ampla, 
Em vez das margens assalteiam praias.
O universal Factor também dissera:
“Descei, ó vales, estendei-vos, campos, 
Surgi, montanhas, enramai-vos, selvas!” 
Como o Céu repartido à destra parte 
Tem duas zonas, à sinistra duas, 
E uma no centro mais fogosa que elas, 
Assim do Deus o próvido cuidado 
Pôs iguais divisões no térreo globo; 
Ele é composto de outras tantas plagas; 
Aquela que das mais está no meio 
Em calores inóspitos se abrasa; 
Alta neve enregela, e cobre duas;
Outras duas, porém, que entre elas ambas 
O Númen situou, são moderadas, 
Misto o frio, e calor. Fica iminente 
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64 Língua Latina
A estas o ar, que assim como é mais leve 
O peso d’água que da terra o peso, 
 Vix ita limitibus dissaepserat omnia certis,
astra tenent caeleste solum formaeque deorum, 
Errassem no inconstante, aéreo seio; 
cesserunt nitidis habitandae piscibus undae,
terra feras cepit, volucres agitabilis aer.
Sanctius his animal mentisque capacius altae
deerat adhuc et quod dominari in cetera posset: 
natus homo est, sive hunc divino semine fecit
ille opifex rerum, mundi melioris origo,
sive recens tellus seductaque nuper ab alto 
aethere cognati retinebat semina caeli.
quam satus Iapeto, mixtam pluvialibus undis,
finxit in effigiem moderantum cuncta deorum,
pronaque cum spectent animalia cetera terram,
os homini sublime dedit caelumque videre 
iussit et erectos ad sidera tollere vultus:
sic, modo quae fuerat rudis et sine imagine, tellus
induit ignotas hominum conversa figuras.
Tanto mais peso coube ao ar que ao fogo. 
Deus ordenou que as névoas, e que as nuvens 
Que os ventos o habitassem, produtores
Dos penetrantes frios, que estremecem, 
E os raios, os trovões, que o mundo aterram; 
Mas o supremo Autor não deu nos ares 
Arbitrário poder aos duros ventos: 
Bem que rebentem de encontrados climas, 
Resistir-se-lhe pode à fúria apenas, 
Vedar que em turbilhões lacere o mundo: 
Tanta é entre os irmãos a desavença!
Euro foi sibilar ao céu da aurora,
Aos reinos Nabateus, à Pérsia, aos cumes 
Que o raio da manhã primeiro alcança. 
O Véspero, essas plagas, que se amornam 
Com Febo ocidental, estão vizinhas
Ao Zéfiro amoroso; o fero Bóreas
Da Cítia fera, e dos Triões se apossa; 
As regiões opostas umedece
Austro chuvoso com assíduas nuvens. 
O Númen sobrepôs aos elementos 
O líqüido, e sem peso éter brilhante, 
Que das terrenas fezes nada envolve.
Logo que tudo com limites certos
Foi pela eterna destra sinalado,
As estrelas, que opressas, que abafadas 
Houve em si longamente a massa escura, 
A arder por todo o céu principiaram; 
E porque não ficasse do universo 
70
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85
90
95
75
Sistema nominal latino II 65
Alguma região desabitada, 
Astros, e deuses têm o etéreo assento, 
O mar aos peixes nítidos é dado, 
Aves ao ar, quadrúpedes à Terra.
A estes animais faltava um ente
Dotado de mais alta inteligência, 
Ente, que a todos legislar pudesse:
Eis o homem nasce, e - ou tu, suprema Origem 
De melhor Natureza, e quanto há nela, 
Ou tu, pasmoso Artífice, o formaste 
Pura extração de divinal semente, 
Ou a Terra ainda nova, inda de fresco 
Separada dos céus, lhe tinha o germe. 
Com águas fluviais embrandecida, 
Dela o filho de Jápeto afeiçoa, 
Organiza porções, e as assemelha 
Aos entes imortais, que regem tudo. 
As outras criaturas debruçadas 
Olhando a Terra estão; porém ao homem 
O Factor conferiu sublime rosto, 
Erguido para o céu lhe deu que olhasse.
A Terra, pois, tão rude, e informe dantes, 
Presentou finalmente assim mudada, 
As humanas, incógnitas figuras.
Ovídio. Metamorfoses. Tradução de Bocage. São 
Paulo: Editora Hedra, 2007. (Versos 5 a 88, Livro I)
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66 Língua Latina
Glossário
Primeira declinação:: agricŏla 1m. “agricultor”
aqua 1f. “água”
aquila 1f. “águia”
ara 1f. “altar”
cena 1f. “ceia, jantar”
columba 1f. “pomba”
diuitiae, arum 1f. “riquezas”
filia 1f. “filha”
insŭla 1f. “ilha”
littera 1f. “letra”
litterae, arum 1f. “carta”
luna 1f. “lua”
nauta 1m. “marinheiro”
nuptiae, arum 1f. “núpcias”
pecunia 1f. “dinheiro”
poeta 1m. “poeta”
sagitta 1f. “flecha”
scaena 1f. “palco, cena”
silua 1f. “bosque, selva”
Segunda declinação:: ager, agri 2m. “campo”
aper, apri 2m. “javali”
bellum, i 2n. “guerra”
camelus, i 2m. “camelo”
castrum, i 2n. “fortificação, castelo”
dominus, i 2m. “senhor”
domus, i 2f. “casa”
equus, i 2m. “cavalo”
Sistema nominal latino II 67
ficus, i 2f. “figueira”
filius, i 2m. “filho”
humus, i. 2f. “terra”
laurus, i 2f. “loureiro”
liber, libri 2m. “livro”
magister, magistri 2m. “mestre, professor”
pelăgus, i 2n. “mar”
philosophus, i 2m. “filósofo”
popŭlus, i 2m. “povo”
puer, i 2m. “menino”
signum, i 2n. “sinal, estandarte”
somnium, i 2n. “sonho”
uerbum, i 2n. “palavra”
uir, uiri 2m. “homem, varão”
uulgus, i 2n. “povo”
Terceira declinação:: aedis, aedis 3f. “templo (sing.), casa (plural)”
animal, animal-is 3n. “animal” 
ars, artis 3f. “arte”
arx, arcis 3f. “fortaleza, cidadela, fortificação”
auis, -is 3f. “ave, agouro”
caput, capita 3n. “cabeça”
ciuitas, ciuitatis 3f. “cidade” [tema ciuitat-]
consul, consulis 3m. “cônsul” [tema consul-]
corpus, corpŏr-is 3n. “corpo”
dens, dentis 3m. “dente”
dos, dotis 3f. “dote” [tema dot-]
dux, ducis 3m. “comandante, condutor” [tema duc-]
exemplar, exemplar-is 3n. 
finis, is 3m. “fim (singular), território, fronteiras, 
bordas, limites (plural)”
fur, furis 3m. “ladrão” [tema fur-]
hostis, is 3m. “inimigo”
iudex, iudicis 3m. “juiz” [tema iudic-]
ius, iur-is 3n. “lei, direito”
labor, laboris 3m. “trabalho” [tema labor-]
legio, legionis 3f. “legião, exército” [tema legion-]
lex, legis 3f. “lei” [tema leg-]
mare, maria 3n. “mar”
miles, militis 3m. “soldado” [tema milit-]
mons, montis 3m. “monte”
nomen, nomĭn-is 3n. “nome”
68 Língua Latina
nox, noctis 3f. “noite”
onus, onĕr-is 3n. “peso, carga”
opus, opĕr-is 3n. “obra, trabalho”
pectus, pectŏr-is 3n. “peito”
pes, pedis 3m. “pé” [tema ped-]
piscis, is 3m. “peixe”
pons, pontis 3m. “ponte”
praedo, praedonis 3m. “pirata” [tema praedon-]
religio, religionis 3f. “rito, obrigação, religião” 
[tema religion-] 
rex, regis 3m. “rei”
salus, salutis 3f. “saúde, salvação” [tema salut-]
scelus, scelĕr-is 3n. “crime”
soror, sororis 3f. “irmã” [tema soror-]
tempus, tempŏr-is 3n. “tempo”
urbs, urbis 3f. “cidade, Roma”
uulnus, uulner-is 3n. “ferida”
uxor, uxoris 3f. “esposa” [tema uxor-]
Adjetivos de primeira classe:: altus, a, um “alto”
beatus, a, um “feliz”
bellus, a, um “bonito, belo”
bonus, a, um “bom”
clarus, a, um “famoso”
diuinus, a, um “divino”
falsus, a, um “falso”
ignarus, a, um “ignorante”
magnus, a, um “grande”
malus, a, um “mau”
multus, a, um “muito”
nullus, a, um “nenhum”
paruus, a, um “pequeno”
plenus, a, um “cheio [de + genitivo.]”
secundus, a, um “favorável”
stultus, a, um “imbecil, estúpido”
tutus, a, um “salvo, protegido”
Sistema nominal latino II 69
Adjetivos de segunda classe:: acer, acris, acre “acre, amargo”
audax, audacis “audaz”
celeber, celebris, celebre “célebre”
celer, celeris, celere “rápido”
ciuilis, ciuile “civil”
diues, diuitis “rico”
felix, felicis “feliz”
ferox, ferocis “feroz”
fortis, forte “forte”
grauis, graue “grave”
humilis, humile “humilde”
incredibilis, incredibile “incrível”
ingens, ingens “enorme”
nobilis, nobile “nobre”
omnis, omne “todo, toda, todos”
pauper, pauperis “pobre”
princeps, principis “primeiro”
prudens, prudentis “prudente”
sapiens, sapientis “sensato, sábio”
uetus, ueteris “velho”
utilis, utile “útil”
Atividades
1. Traduza as sentenças abaixo.
a) diues rex in castro ingente cum multis seruibus habitat.
b) equi nobiles, feroces aquilae et multa animalia in silua sunt. 
c) seruus ignarus ferocem aquilam forte sagittā uulnerat.
Vocabulário da atividade::
cum: “com” + ablativo
habitat: “vive, habita”
70 Língua Latina
sunt: são, estão, existem, há.
sagittā: “flecha” no ablativo singular; pode significar “com a flecha”, “por meio da flecha”
uulnerat: “fere, machuca”
2. Sublinhe as palavras após os dois pontos com as quais a primeira palavra pode estabelecer 
relação de concordância:
 praedonis: multis, altō, felicis, ignari, ignarōs, beatōrum, prudentis 
 celere: nautā, aquis, equis, aprō, animali, opus, lex, montem 
 hostium: multōrum, clarārum, felicibus, ueterum, stultum.
 incredibilibus: oneris, urbium, sceleribus, scaenis, diuitiis, arcis.
3. Decline o adjetivo em todos os casos, no singular e no plural, para os seguintes adjetivos:
bonus audax diues
Nom. sing. uir
Acus. sing. uirum
Gen. sing. uiri
Dat. sing. uiro
Abl. sing. uiro
Nom. pl. uiri
Acus. pl. uiros
Gen. pl. uirorum
Dat. pl. uiris
Abl. pl. uiris
Sistema nominal latino II 71
72 Língua Latina
Graus dos adjetivos 
e formação de advérbios
Veremos como os adjetivos em latim também apresentam flexão de grau (comparativo e superla-
tivo), bem como serão conhecidos os processos de formação dos advérbios em latim. 
Quanto aos graus do adjetivo, o latim admite duas maneiras de estabelecer essa relação: a analí-
tica e a sintética. A forma analítica é aquela que expressa a comparação através do uso de mais de uma 
palavra e se dá, por exemplo, com os comparativos de igualdade, quando dizemos Petrus tam felix est 
quam Paulus “Pedro é tão feliz quanto Paulo”. A forma analítica também é encontrada em português, 
tanto no comparativo de igualdade quanto no de superioridade e inferioridade “x é mais/menos ... que 
y”. Em latim, embora este último também possa ser estabelecido com formas analíticas (magis/plus ... 
quam / minus ... quam), as formas preferenciais são as sintéticas, ou seja, aquelas que aplicam processos 
morfológicos aos adjetivos já existentes para que eles se flexionem em grau. Passemos aos dois tipos 
de flexão de grau dos adjetivos latinos.
A formação do comparativo dos adjetivos 
Qualquer adjetivo em latim pode receber as desinências de grau comparativo, que são basica-
mente -ius para os neutros no nominativo e acusativo singular ou -ior para as outras formas. A desinên-
cia de comparativo será acrescentada entre o tema do adjetivo e a desinência de caso. Assim, com um 
adjetivo como felix, por exemplo, teremos o seguinte padrão:
Masc. e fem. sing. Neutro sing. Masc. e fem. pl. Neutro pl.
Nominativo felicior felicius feliciores feliciora
Acusativo feliciorem felicius feliciores feliciora
Genitivo felicioris feliciorum
Dativo feliciori felicioribus
Ablativo feliciore felicioribus
As terminações dos casos para os adjetivos no grau comparativo seguem as terminações dos 
adjetivos de segunda classe. Isso se dá com todos os adjetivos que se flexionarem para o grau compa-
rativo, mesmo se eles pertencerem à primeira classe no grau neutro. Ou seja, um adjetivo como diuinus, 
a, um (divino) terá suas formas de comparativo como as da tabela acima, a saber: diuinior, diuiniorem, 
diuinioris etc. 
Desse modo, vemos que o processo de formação dos adjetivos no grau comparativo segue o se-
guinte processo: pega-se o adjetivo no grau neutro (de primeira ou de segunda classe), separa-se o tema 
(através da retirada do -i ou do -is do genitivo singular), acrescenta-se o infixo -ior- (ou -ius para o neutro 
nominativo e acusativo singular) e, finalmente, as desinências de caso e número do paradigma da segunda 
classe (-em, -is, -i, -e, -es etc.). O processo resume-se da seguinte forma:
TEMA + IOR + DESINêNCIA DE ADJETIVOS DE SEGUNDA CLASSE
Quanto ao significado, uma forma como felicior pode ser usada de basicamente dois modos: iso-
ladamente, significa “muito feliz”, “bastante feliz”, enquanto que, em composição com a forma quam 
(o nosso “que” da comparação), significa “mais feliz que”. Note que apenas o segundo uso é esperado 
quando se fala de uma forma “comparativa”. No entanto, o primeiro uso é bastante comum e é facilmen-
te interpretável, uma vez que, além de faltar a forma quam, faltará o segundo elemento da comparação. 
Assim, as seguintes orações latinas exemplificam esses usos do comparativo: 
a) Petrus felicior est. “Pedro é muito feliz”
b) Petrus felicior est quam Paulus. “Pedro é mais feliz que Paulo”
É importante notar que, no segundo caso, temos a forma quam estabelecendo a relação entre 
dois termos x e y, Petrus e Paulus, e que ambos estão no mesmo caso, o nominativo. O caso poderia ser 
qualquer um, a depender da estrutura da sentença, mas o que se deve ter em mente é que, em uma 
estrutura de comparação, os dois termos sendo comparados têm que estar no mesmo caso. Um outro 
exemplo ilustra essa questão:
c) uideo seruum diuiniorem quam regem. “Eu vejo um escravo mais divino que um rei”
Aqui, percebemos que o caso acusativo é necessário apenas em virtude de que hominem, o nú-
cleo da construção comparativa, é núcleo do objeto direto. Por isso ele leva o segundo termo da com-
paração e o adjetivo para o acusativo. 
Há um detalhe importante com relação ao uso do comparativo de relação: é possível trocar a 
construção “quam + segundo elemento no mesmo caso do primeiro” pela construção “segundo ele-
mento no ablativo sem o quam”. Esse é o chamado uso comparativo do ablativo, e pode ser exemplifi-
cado pelas sentenças b e c acima, repetidas abaixo: 
d) Petrus feliciorem est Paulō. “Pedro é mais feliz que Paulo.”
e) uideo seruum diuiniorem rege. “Eu vejo um escravo mais divino que o rei.”
74 Língua Latina
A formação do superlativo dos adjetivos 
Assim como os comparativos, os superlativos latinos são formados através de um processo de 
infixação. O infixo básico de superlativo latino é o -issim- (ou -errim- para os adjetivos terminados em 
-er). No entanto, se os comparativos são formas adjetivas baseadas no paradigma dos adjetivos de se-
gunda classe, os superlativos baseiam-se na primeira classe dos adjetivos. Segue a tabela com o mesmo 
adjetivo usado anteriormente:
Masc. sing. Fem. sing. Neut. sing. Masc. pl. Fem. pl. Neut. pl. 
Nominativo felicissimus felicissima felicissimum felicissimi felicissimae felicissima
Acusativo felicissimum felicissimam felicissimum felicissimos felicissimas felicissima
Genitivo felicissimi felicissimae felicissimi felicissimorum felicissimarum felicissimorum
Dativo felicissimo felicissimae felicissimo felicissimis
Ablativo felicissimo felicissima felicissimo felicissimis
Fica claro, aqui, que o processo de flexão de grau cria um novo adjetivo cada vez que é aplicado. 
Se felix é um adjetivo de segunda classe quando está no grau normal, ele se transforma em um adjetivo 
de primeira classe quando está no superlativo. Por outro lado, um adjetivo como diuinus, a, um é da 
primeira classe no grau normal e no superlativo, mas não no comparativo.
Por isso é tão importante 
aprender a distinção entre primeira e segunda classes de adjetivos, uma vez que ela terá implicações 
importantes para processos morfológicos tão relevantes como o da flexão de grau. Podemos resumir a 
formação do superlativo da seguinte maneira:
TEMA + ISSIM + DESINêNCIA DE ADJETIVOS DE PRIMEIRA CLASSE
Quanto ao sentido, uma forma como felicissimus pode significar basicamente duas coisas: “mui-
tíssimo feliz/felicíssimo” ou “o mais feliz de todos os...”. Basicamente, os dois significados podem ser ilus-
trados pelas sentenças abaixo:
a) Petrus felicissimus est. “Pedro está muitíssimo feliz/Pedro está felicíssimo.”
b) Petrus felicissimus est omnium hominum. “Pedro é o mais feliz de todos os homens.”
O primeiro sentido é bastante comum em português nas formas em -íssimo(a) que derivam clara-
mente dessa mesma forma latina. No entanto, o segundo será estabelecido basicamente pela presença 
de um genitivo (no caso da sentença d, omnium hominum “de todos os homens”), que estabelece o 
conjunto das coisas com relação às quais aquele elemento modificado pelo adjetivo em relação a outra 
coisa ou alguém (o “alguma coisa” estabelece-se pelo sentido básico do adjetivo no superlativo).
É importante perceber as diferenças importantes entre os comparativos e os superlativos em latim:
Os adjetivos na forma comparativa pertencem à declinação de segunda classe. ::::
Os adjetivos na forma superlativa pertencem à declinação de primeira classe. ::::
Graus dos adjetivos e formação de advérbios 75
Os adjetivos comparativos constroem-se com a partícula :::: quam para introduzir o segundo ele-
mento da comparação.
Os adjetivos superlativos constroem-se com um genitivo que representa o conjunto de dentro ::::
do qual se seleciona a entidade denotada pelo substantivo modificado.
Comparativos e superlativos irregulares
Assim como em português alguns comparativos e superlativos são irregulares e não seguem o padrão 
do modelo de construção analítico (os exemplos incluem formas como “melhor” ao invés de “mais bom”, 
“pior” ao invés de “mais ruim” ou “menos bom” e assim por diante), em latim há adjetivos que são irregulares 
no modo como se constroem e, portanto, eles devem ser aprendidos separadamente. Segue a tabela dos 
adjetivos com os comparativos e superlativos irregulares mais importantes em latim:
Adjetivo base Comparativo Superlativo Tradução
bonus, a, um melior, melioris optimus, a, um bom, melhor, o melhor/ótimo
malus, a, um peior, peioris pessimus, a, um ruim, pior, o pior/péssimo
multus, a, um plus, pluris plurimus, a, um muito, mais, o mais/a maior parte de
magnus, a, um maior, maioris maximus, a, um grande, maior, o maior
paruus, a, um minor, minoris minimus, a, um pequeno, menor, o menos
É curioso que a maioria das formas irregulares de adjetivos nos graus comparativo e superlativo 
tem formas que foram transmitidas quase que inalteradas para o português. Curiosamente, do sistema 
dos irregulares sobreviveram as formas sintéticas de comparativos e superlativos em português. As outras 
formas, como vimos, são expressas em português por perífrases (expressões com mais de uma palavra).
Advérbios regulares
Advérbios são palavras que não sofrem nenhum tipo de flexão, são invariáveis, e modificam o 
sentido de verbos, adjetivos e de outros advérbios ou de sentenças inteiras. Os seguintes exemplos 
incluem advérbios em latim:
a) hodie Petrus dormit bene. “Hoje, Pedro dorme bem.”
b) Petrus ualde felix est. “Pedro é muito feliz.”
Em a), hodie é um advérbio que modifica toda a sentença, enquanto bene modifica a idéia do 
evento expresso pelo verbo dormit. Em b), ualde modifica o adjetivo felix, resultando em “muito feliz”, ao 
invés de apenas “felix”. 
76 Língua Latina
Muitos advérbios, como non “não”, sic “assim”, não são derivados de alguma outra palavra com sen-
tido parecido. Mas há advérbios que são resultantes de um processo de sufixação que ocorre produtiva-
mente, o de acrescentar –e ou –(i)ter ao tema de um adjetivo para transformá-lo em um advérbio. O mes-
mo se dá em português quando acrescentamos o sufixo –mente a adjetivos e criamos advérbios a partir 
desse processo. Exemplos em português são “estúpido” > “estupidamente” e “feliz” > “felizmente”.
As explicações sobre a formação dos advérbios regulares em latim foram colocadas neste ponto em 
virtude de dependerem da diferença entre adjetivos de primeira e de segunda classe. Assim, os advérbios 
formados de maneira regular continuam a marcar uma diferença clara entre as duas classes dos adjetivos, 
e tornam bastante didática a tentativa de deixar claro, através da exposição da importância dessas classes 
de adjetivos para a gramática latina como um todo, o modo como as duas classes têm influência sobre 
vários processos gramaticais (como acabamos de ver com a flexão de grau de adjetivos).
Advérbios em -e
Os advérbios formados a partir do acréscimo do infixo -e ao tema do adjetivo são, em geral, deri-
vados de adjetivos de primeira classe. Assim, vejamos uma pequena lista de advérbios em -e:
beatus, a, um > beate “feliz” > “felizmente”
miser, misera, miserum > misere “miserável” > “miseravelmente”
diuinus, a, um > diuine “divino” > “divinamente”
Advérbios em -(i)ter
Os advérbios formados a partir do acréscimo do infixo -(i)ter ao tema do adjetivo são, em geral, 
derivados de adjetivos da segunda classe. Vejamos alguns deles:
felix, e > feliciter “feliz” > “felizmente”
fortis, e > fortiter “forte” > “fortemente”
celer, is, e > celeriter “rápido” > “rapidamente”
Há, também, algumas exceções importantes a serem listadas:
bonus, a, um > bene “bom” > “bem”
paruus, a, um > paulum “pequeno” > “um pouco, ligeiramente, pequenamente”
multus, a, um > multum “muito (adj.)” > “muito (adv.)”
facilis, e > facile (e não faciliter) “fácil” > “facilmente”
Graus dos adjetivos e formação de advérbios 77
Texto complementar
O seguinte trecho do romance Satyricon, de Petrônio1, nos traz duas breves histórias contadas no 
famoso “Banquete de Trimalquião”, um dos episódios que restaram dessa obra. O romance retrata as 
classes baixas de Roma no período de Nero, e nesse trecho tem-se dois narradores contando histórias 
de terror que soam bastante contemporâneas para nós. A primeira, uma típica história de lobisomem 
e a segunda, uma típica história de bruxaria. O romance como um todo é bastante fragmentário mas, 
ainda assim, muito interessante e variado.
1 Gaius ou Titus Petronius Arbiter, autor de origem e biografia incertas, mas que deve ter vivido de 20 a 66 d.C., segundo a biografia que 
chegou a nós pelo historiador e biógrafo Tácito (56-117 d.c) nos seus Anais, foi aceito por Nero na corte, ocupou cargos públicos em Roma e 
nas províncias do Império, e foi condenado ao suicídio após ter sido acusado de envolvimento com uma conspiração para tirar o imperador 
do poder (conspiração que também foi responsável pelas mortes dos autores Sêneca e Lucano, contemporâneos de Petrônio e autores de 
extrema importância nesse período).
Assim que disse essas palavras, contou a seguinte história:
(PETRônIO, 2004)
“Quando eu ainda era escravo, nós morávamos em Vicus Angustus, agora a casa pertence a 
Gavila. Aí, como os deuses assim o queriam, eu me tornei amante da esposa de Terêncio, o taberneiro. 
Vocês a conhecem, Melissa Tarentina, mulher pra ninguém botar defeito. Mas, por Hércules, eu não me 
aproximei dela por motivos materiais, ou por causa dos prazeres do sexo, mas porque ela era uma pes-
soa de muito bons costumes. Se eu pedi alguma coisa a ela, nunca me foi negado; se ela ganhou um 
centavo, eu recebi a metade; eu me entreguei de corpo e alma a ela e nunca fui enganado. O marido 
dela passou dessa para melhor em uma casa de campo. E, assim, eu fiz o possível e o impossível para 
chegar até ela, pois, como dizem, é nas horas difíceis que os amigos
aparecem.
LXII – Por coincidência, meu senhor tinha ido a Cápua para se livrar de uns móveis usados. 
Eu, aproveitando a oportunidade, convenci o homem que nos hospedou a vir comigo por uns cin-
co quilômetros. A propósito, ele era um soldado, forte como o Orco. Sós, caminhamos até quase o 
cantar do galo; a lua iluminava como se fosse meio-dia. Nós chegamos a um cemitério: meu homem 
começou a andar entre as lápides; eu permaneci sentado, cantando, e fiquei contando as lápides. 
Logo depois, quando olhei para meu companheiro, ele tinha se despido e colocado todas as suas 
roupas à beira do caminho. Meu coração quase saiu pela boca; eu estava imóvel, tal como um morto. 
Mas ele mijou em volta de suas roupas e, de repente, transformou-se em um lobo. Não pensem que 
eu estou brincando; nem toda a fortuna do mundo faria com que eu mentisse. Mas, como eu estava 
dizendo, depois que se transformou em lobo, começou a uivar e fugiu para a floresta. No começo, 
eu não sabia nem onde eu estava; em seguida, eu me aproximei para pegar as roupas dele: elas, no 
entanto, se transformaram em pedra. Quem, senão eu, morreu de medo? Contudo, eu empunhei 
minha espada e cortei os galhos [que faziam sombras assustadoras], até que pudesse chegar à casa 
de minha amiga. Entrei feito um fantasma, quase sem respiração, o suor escorria abundantemente 
pelas duas bochechas, os olhos mortos; com muita dificuldade eu me refiz um pouco depois. Mi-
nha Melissa estranhou que eu tivesse ido lá tão tarde e disse: “Se você tivesse chegado antes, pelo 
menos teria nos ajudado; um lobo entrou aqui na casa e todas as cabeças de gado ele sangrou, 
como se fosse um açougueiro. Mas ele não ficou zombando de nós não, mesmo que tenha fugido, 
pois nosso escravo atravessou o pescoço dele com uma lança”. Quando eu ouvi essa história, não 
78 Língua Latina
pude ficar com os olhos mais arregalados do que fiquei, mas, à luz do dia, fugi para a casa de nosso 
Gaio, como um taberneiro que tinha sido roubado; e quando cheguei àquele lugar em que as rou-
pas tinham-se transformado em pedra, não encontrei nada, a não ser sangue. Porém, quando eu 
cheguei à casa dele, meu soldado jazia em uma cama, como um boi, e um médico cuidava de seu 
pescoço. Eu compreendi que ele era um lobisomem e, depois disso, não consegui comer nem um 
pedaço de pão na casa dele, nem se ele me quisesse matar por causa disso. Cada um que faça sua 
avaliação sobre essa história; se eu estou mentindo, quero que os gênios protetores de todos vocês 
se voltem contra mim”.
LXIII – Enquanto todos estavam paralisados pelo espanto, Trimalquião disse: “Eu dou crédito à 
sua palavra, se alguém duvida que haja verdade no que você contou, pois eu fiquei todo arrepiado, 
porque eu sei que Nicerote não fica contando lorotas por aí. Muito pelo contrário, ele é de confiança 
e não é tagarela. E agora eu também contarei uma história horripilante para vocês, tão inacreditável 
como um asno no telhado. Quando eu ainda tinha cabelos compridos, pois desde criança levei uma 
vida mansa, o queridinho do senhor de nossa casa morreu. Por Hércules, ele era uma pérola, [perfei-
to] em todos os sentidos. Então, quando sua pobre mãezinha chorava por ele e muitos de nós tam-
bém compartilhavam de sua tristeza, subitamente, bruxas começaram a fazer um barulho estridente; 
a gente podia pensar que era um cachorro perseguindo uma lebre. Naquela época, nós tínhamos 
um homem da Capadócia, alto, muito corajoso e forte: conseguia carregar um touro bravo. Ele cora-
josamente avançou para fora, espada em punho, com a mão esquerda cuidadosamente protegida, e 
atravessou uma daquelas mulheres bem no meio, como se fosse neste lugar aqui – que o meu que 
eu estou mostrando esteja a salvo! Nós ouvimos um gemido, mas – é claro que eu não vou mentir – 
ver as bruxas nós não vimos. Porém, nosso corajoso imbecil, acuado, projetou-se sobre uma cama e 
seu corpo estava todo da cor de chumbo, como se tivesse sido ferido por chicotadas, evidentemente 
porque uma mão funesta tinha tocado nele. Nós, com a porta fechada, retomamos novamente nossas 
obrigações, mas, no momento em que a mãe quis abraçar o corpo de seu filho, ela o tocou e viu um 
feixe de palha. Não tinha coração, nem intestino, nem nada: é claro que as bruxas já tinham se apo-
derado do menino e posto em seu lugar um boneco de palha. Por favor, vocês precisam acreditar em 
mim, existem mulheres que sabem demais, existem feiticeiras que agem nas trevas e o que está em 
cima elas põem abaixo. De resto, aquele imbecil grandalhão, depois do acontecido, jamais recuperou 
sua cor. Muito pelo contrário, poucos dias depois, morreu debatendo-se”.
LXIV – Nós ficamos assombrados e igualmente acreditamos e, beijando a mesa, pedimos às 
feiticeiras que ficassem em casa, até que nós voltássemos do jantar.
Atividades
1. Traduza as seguintes orações:
a) aquila ferocior est quam columba.
b) animalia ignariores quam homines sunt.
Graus dos adjetivos e formação de advérbios 79
c) pueri fortiores quam puellae sunt. 
d) nauigamus per mare ingentissimum.
e) equus nobilissimus est omnium animalium.
f ) feroces praedones male aggrediunt urbem claram.
g) uxor grauiter uirō bona uerba dicit.
2. Preencha a tabela abaixo com as formas faltantes:
Adjetivo Comparativo Superlativo Advérbio
diuinus diuinior, is diuinissimus, a, um diuine
fortis fortior, is fortissimus, a, um fortissime
nobilis
diues
tutus
beatus
 
 
 
 
 
80 Língua Latina
Estrutura da 
língua latina: os verbos
Nesta aula, serão estudadas as categorias gramaticais relacionadas aos verbos em latim, ou seja, 
o número, a pessoa, a voz, o modo, o tempo e o aspecto. Veremos quais são essas categorias e como 
se realizam. Além disso, iniciaremos o estudo das conjugações verbais como paradigmas aos quais os 
verbos pertencem, dependendo da estrutura do seu radical.
Características morfológicas dos verbos em latim
Os verbos em latim funcionam de maneira bastante parecida com os verbos em português. Há 
uma base temática (radical e, às vezes, vogal temática; como ama- do verbo “amar” em português) que 
carrega o significado básico do verbo, a que se seguem uma eventual vogal de ligação, infixos específicos 
de tempo, aspecto, modo e voz (como o infixo -va do imperfeito no português) e as desinências número-
pessoais, que carregam a informação de pessoa (primeira, o locutor, segunda, o interlocutor, ou terceira, 
aquele de quem se fala) e de número (singular ou plural); exemplos de desinências número-pessoais em 
português seriam -s para a segunda do singular (“amas”) e -mos para a primeira do plural (“amamos”).
Conheceremos as formas dos verbos latinos aos poucos, tentando dar conta da maior parte do 
sistema verbal que caiba nos limites realistas de tempo, espaço e profundidade que precisamos impor 
a esse material.
As conjugações
Assim como os nomes latinos sofrem o mecanismo de flexão morfológica que chamamos de 
declinação, conjugação é o mecanismo de flexão morfológica dos verbos, responsável por nos di-
zer, de cada forma verbal, a qual número, pessoa, modo, voz, tempo e aspecto o verbo faz referência. 
Conheceremos essas categorias gramaticais aos poucos. Comecemos pela questão mais básica de como 
os verbos se classificam em paradigmas diferentes de acordo com a conjugação. 
Os gramáticos latinos estabeleceram basicamente quatro paradigmas de conjugação verbal, com 
base nas diferenças entre os temas dos verbos em latim. Em português, as conjugações são três: em -a-, 
em -e- e em -i-, ou seja, a de verbos como “amar”, “comer” e “dormir”. Essas três conjugações estavam 
presentes em latim, mas havia ainda uma outra, a conjugação dos verbos com tema em consoante. 
A tradição também estabeleceu uma subconjugação derivada da conjugação consonantal, mas 
que tem muitas formas parecidas com as da conjugação de temas em -i-, que
chamaremos aqui de 
conjugação mista. 
Vejamos uma listagem das conjugações com o verbo básico que usaremos de exemplo:
Primeira conjugação :::: – temas em -a-: am-o, ama-s, amau-i, amat-um, amāre1 “amar”
Segunda conjugação :::: – temas em -e-: habe-o, habe-s, habu-i, habit-um, habē-re “ter”
Terceira conjugação :::: – temas consonantais: dic-o, dic-i-s2, dix-i, dict-um, dicĕ-re “dizer”
Quarta conjugação :::: – temas em -i-: audi-o, audi-s, audiu-i, audit-um, audī-re “ouvir”
Conjugação mista :::: – temas consonantais: capi-o, capi-s, cep-i, capt-um, capĕ-re “pegar, capturar”
Dessas informações, facilmente encontráveis nos dicionários para qualquer verbo latino, o que 
deve ser aprendido antes de qualquer coisa é o modo de identificar a conjugação de um verbo. Os 
verbos em latim são enunciados pela primeira pessoa do singular do presente do indicativo, e não pelo 
infinitivo, como em português. No entanto, as primeiras pessoas singulares do presente do indicativo 
são construídas com uma desinência -o que às vezes mascara algumas características dos verbos e, 
para conhecermos com toda a certeza a conjugação a que o verbo pertence, precisaremos conhecer 
também o infinitivo do referido verbo. Com esses dois elementos, não restarão dúvidas quanto a que 
conjugação um verbo pertence. Vejamos a tabela abaixo, que contém apenas a primeira pessoa do sin-
gular do presente do indicativo e o infinitivo presente dos verbos das cinco conjugações.
Primeira conjugação amo amāre amar
Segunda conjugação habeo habēre ter
Terceira conjugação dico dicĕre dizer
Quarta conjugação audio audīre ouvir
Conjugação mista capio capĕre capturar
As sílabas em negrito no infinitivo são as sílabas que recebem o acento principal. Como se pode 
perceber, o acento na penúltima é motivado pela vogal longa. Olhando com atenção, podemos perce-
ber que a vogal longa aparece nas conjugações vocálicas, ou seja, na primeira, segunda e quarta. As vo-
gais breves -ĕ- dos infinitivos da terceira conjugação e da conjugação mista são vogais de ligação entre 
o tema e a desinência -re, o que causa o deslocamento do acento principal para a antepenúltima. Assim, 
1 Daremos aqui a entrada do verbo nas seguintes formas: primeira pessoa do singular do presente do indicativo, segunda pessoa do 
singular do presente do indicativo, primeira pessoa do singular do perfeito do indicativo, supino/particípio perfeito e infinitivo presente. Com 
essas formas, como veremos adiante, seremos capazes de derivar todas as outras formas possíveis dos verbos latinos. Em geral, os dicionários 
apresentam os verbos com essas formas listadas, nessa ordem (eventualmente sem a segunda do singular). Os hífens servem apenas para fins 
didáticos, eles não são parte das palavras latinas. 
2 O -i- aqui é uma vogal breve que serve apenas para ligar o tema consonantal à desinência que o segue. 
82 Língua Latina
há uma separação clara entre conjugações vocálicas e consonantais, que percebemos no infinitivo. Isso 
também nos mostra claramente que, embora muitas formas da quarta conjugação e da conjugação 
mista pareçam iguais, isso acontece apenas por uma anomalia no sistema verbal, pois, na verdade, a 
conjugação mista é como uma parte da terceira conjugação, o que, mais uma vez, fica claro ao olharmos 
para o seu infinitivo. Outra questão, a princípio problemática, que se resolve no cruzamento do infini-
tivo com a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, é a aparente igualdade de construção 
dos verbos da primeira e da terceira conjugação, que têm primeira pessoa em -o, sem vogal temática 
(am-o e dic-o, contra habe-o e audi-o). Com o infinitivo, torna-se claro que amā-re e dicĕ-re fazem parte 
de conjugações diferentes. Portanto, o estudo cuidadoso da tabela anterior nos capacitará a aprender 
inequivocamente a conjugação de qualquer verbo em latim.
Os tempos 
O verbo latino flexiona-se em tempo (presente, passado e futuro) e em aspecto (eventos concluí-
dos ou pontuais, ou seja, perfectivos, e não concluídos ou durativos, ou seja, imperfectivos). Há uma 
separação entre formas verbais de aspectos imperfectivos e perfectivos, que resulta em um sistema 
verbal com os seguintes tempos principais:
Tempos principais da voz ativa – infectum Tempos principais da voz ativa – perfectum
Presente amo, amat, 
amamus...
amo, ama,
amamos
(pretérito) 
Perfeito
amaui, 
amauisti...
amei,
amaste
(pretérito) 
Imperfeito
amabam, 
amabas,...
amava,
amavas
(pretérito) Mais- 
que-perfeito
amaueram, 
amaueras...
amara,
tinha amado
Futuro do 
presente
amabo, 
amabit...
amarei,
amará
Futuro do 
pretérito
amauero, 
amaueris...
terei amado, 
terás amado
Os três tempos do lado esquerdo da tabela são os chamados tempos do sistema verbal infectum 
em latim, pois são imperfectivos quanto ao aspecto e se formam com o radical verbal chamado radical 
do presente (ama-, habe-, dic(ĕ)-, audi- e cap(ĕ)-), que conseguimos ao subtrair o -re do infinitivo pre-
sente. Os tempos da metade direita da tabela são os chamados tempos do perfectum, pois são perfecti-
vos quanto ao aspecto e são formados a partir do radical do perfeito (amau-, habu-, dix-, audiu- e cep-). O 
radical do perfeito é idiossincrático3, ou seja, cada verbo apresenta o seu radical de perfeito, a princípio, 
sem regras predeterminadas para sua formação. Por isso o dicionário apresenta também o radical de 
perfeito na entrada de cada verbo. Todos os verbos possuem dois radicais diferentes, um de infectum e 
um de perfectum, além de um terceiro, aquele que forma os particípios e alguns tempos verbais analíti-
cos (formados por particípio + verbo auxiliar), que é chamado de radical de supino (que também pode 
ser conseguido na entrada lexical dos verbos nos dicionários).
Agora, para podermos prosseguir é necessário falar das desinências número-pessoais. Além 
dos três radicais básicos dos verbos, para podermos construir qualquer forma de qualquer tempo, voz 
ou modo verbal, é preciso conhecer os possíveis conjuntos de desinências número-pessoais. A tabela 
abaixo sistematiza as desinências número-pessoais:
3 Individual e particular de cada verbo, imprevisível segundo regras gerais.
Estrutura da Língua Latina: os verbos 83
Número e pessoa Tempos do indicativo e 
subjuntivo na voz ativa
Tempos do indicativo e 
subjuntivo na voz passiva
Perfeito do 
indicativo ativo
1.ª pessoa do singular -o ou -m -or ou -r -i
2.ª pessoa do singular -s -ris -isti
3.ª pessoa do singular -t -tur -it
1.ª pessoa do plural -mus -mur -imus
2.ª pessoa do plural -tis -mini -istis
3.ª pessoa do plural -nt -ntur -ērunt ou -ēre
A tabela acima resume praticamente todas as possibilidades de desinências número-pessoais 
dos verbos latinos. Há algumas formas de tempos passivos no perfectum que são construídas com o par-
ticípio perfeito ou futuro com um verbo “ser” flexionado como auxiliar. Veremos essas formas oportuna-
mente. Tirando essas últimas, todos os tempos, vozes e modos latinos podem ser construídos, bastando 
que saibamos qual radical deve ser usado (presente/infectum, perfeito/perfectum ou supino/particípio), 
qual dos três conjuntos de desinências número-pessoais deve ser usado, e que infixo modo-temporal 
deve ser colocado entre o radical e a desinência número-pessoal.
Quando as tabelas das conjugações forem apresentadas, preste atenção a esses três fatores da 
construção de cada tempo em cada modo e em cada voz, e você verá facilmente os mecanismos regu-
lares de construção verbal atuando.
As vozes
Diferentemente do português, que constrói a voz passiva sempre com formas analíticas (par-
ticípio mais verbo auxiliar), o latim, em vários tempos, constrói a voz passiva sinteticamente, ou seja: 
através de desinências número-pessoais específicas de voz passiva. Falaremos mais sobre a voz passiva 
adiante, mas, aproveitando
a tabela de desinências número-pessoais acima, já é possível identificar, por 
exemplo, como seriam construídas as vozes passivas dos tempos principais:
Tempos principais da voz ativa – infectum Tempos principais da voz passiva – infectum
Presente 
ativo
amo,
amat, 
amamus...
amo,
ama,
amamos
Presente 
passivo
amor, 
amatur, 
amamur...
sou amado,
é amado,
somos amados
(pretérito) 
Imperfeito 
ativo
amabam, 
amabas,...
amava,
amavas
(pretérito) 
Imperfeito 
ativo
amabar, 
amabaris...
era amado,
eras amado
Futuro do 
presente 
ativo
amabo, 
amabit...
amarei,
amará
Futuro do 
presente 
passivo
amabor, 
amabitur...
serei amado,
será amado
Como se pode perceber pelas desinências em negrito, a voz passiva é formada basicamente pela 
mudança da desinência número-pessoal. Esse tipo de flexão de voz passiva se perdeu em português.
84 Língua Latina
Os modos
Há em latim quatro modos: o indicativo, ligado à denotação de eventos tidos como factuais, 
“reais”; o subjuntivo, que carrega os significados básicos de irrealidade, hipótese, desejo; o imperativo, 
modo responsável pelas ordens; e o infinitivo, a forma verbal sem tempo nem pessoa. Não haverá espa-
ço para tratarmos dos modos individualmente, mas na apresentação das conjugações, que iniciaremos 
abaixo, haverá a indicação das formas de todos os modos.
Primeira conjugação verbal
Na apresentação das conjugações verbais, veremos os tempos principais no indicativo e no sub-
juntivo, além das formas de infinitivo e imperativo, todos na voz ativa. A voz passiva será vista posterior-
mente.
Exemplo de primeira conjugação na voz ativa: amo, amas, amāre, amaui, amatum “amar”.
Presente do 
indicativo:
“amo, amas...”
Perfeito do indicativo: 
“amei, amaste...”
Presente do 
subjuntivo:
“ame, ames...”
Perfeito do 
subjuntivo4:
“tenha amado”
1.ª pessoa do 
singular amo amāui amem amauĕrim
2.ª pessoa do 
singular amas amauisti ames amauĕris
3.ª pessoa do 
singular amat amāuit amet amauĕrit
1.ª pessoa do plural amāmus amauĭmus amēmus amauerĭmus
2.ª pessoa do plural amātis amauistis amētis amauerĭtis
3.ª pessoa do plural amant amauērunt / amauēre ament amauĕrint
4 O perfeito do subjuntivo é um tempo que não apresenta correlação direta com nenhum tempo específico do Português, e que, em latim, 
é usado ou com um sentido de subjuntivo jussivo/desiderativo aoristo, ou seja, com um tempo indeterminado (algo como: amauerim = 
“que eu ame!”) ou como tempo relativo em estruturas de subordinação, como a maioria dos casos de subjuntivo (veremos como funciona a 
subordinação posteriormente).
Estrutura da Língua Latina: os verbos 85
Imperfeito do 
indicativo: “amava, 
amavas...”
Mais-que-perfeito do 
indicativo: “tinha amado, 
amara...”
Imperfeito do 
subjuntivo: 
“amasse, amaria...”
Mais-que-perfeito 
do subjuntivo: 
“tivesse amado, teria 
amado...”
1.ª pessoa do singular amābam amauĕram amārem amauissem
2.ª pessoa do singular amābas amauĕras amāres amauisses
3.ª pessoa do singular amābat amauĕrat amāret amauisset
Imperfeito do 
indicativo:
“amava, amavas...”
Mais-que-perfeito do 
indicativo:
“tinha amado, amara...”
Imperfeito do 
subjuntivo: 
“amasse, amaria...”
Mais-que-perfeito do 
subjuntivo: 
“tivesse amado
teria amado...”
1.ª pessoa do plural amabāmus amauerāmus amarēmus amauissēmus
2.ª pessoa do plural amabātis amauerātis amarētis amauissētis
3.ª pessoa do plural amābant amauĕrant amārent amauissent
Futuro do 
indicativo:
“amarei, amarás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei amado, 
terás amado...”
Infinitivo presente: 
amāre “amar”
Imperativo presente
1.ª pessoa do singular amābo amauĕro
Infinitivo 
perfeito: 
amauisse “ter 
amado”
ama “ama tu” 
amāte “amai vós”
2.ª pessoa do singular amābis amauĕris
Infinitivo futuro: 
amaturus, a, um 
esse “estar por 
amar”
Particípio perfeito: 
amatus, a, um 
“amado, aquele 
que foi amado”
3.ª pessoa do singular amābit amauĕrit
Gerúndio5 
(acusativo): 
amandum
Particípio 
presente: amans, 
amantis “o que 
ama, amante”
5 O gerúndio nada mais é, em latim, que a forma flexionada do infinitivo nos outros casos (o infinitivo é a forma de “nominativo”, ou seja, é o 
sujeito de uma nominalização verbal), por isso a tradução vai depender fortemente do contexto.
86 Língua Latina
1.ª pessoa do plural amabĭmus amauerĭmus
Gerúndio 
(genitivo): 
amandi
Particípio futuro: 
amaturus, a, um 
“o que está por 
amar”
2.ª pessoa do plural amabĭtis amauerĭtis
Gerúndio 
(dativo): 
amando “para 
amar”
Gerundivo: 
amandus, a, um 
“para ser amado, a 
ser amado”
3.ª pessoa do plural amābunt amauĕrint
Gerúndio 
(ablativo): 
amando “por 
amar”
Supino: amatum 
“para amar”
Segue uma lista de verbos comuns da primeira conjugação:
ambulo “atravessar, andar” 
celo “esconder, esconder-se” 
clamo ”gritar”
cogito “pensar, considerar”
do, dāre, dedi, datus “dar”
dono “doar” 
dubito “duvidar, hesitar” 
habito “habitar, morar” 
iuuo, iuuāre, iuui, iutus ”ajudar” 
laboro “trabalhar” 
loco “colocar, pôr” 
monstro “mostrar, demonstrar” 
muto “mudar” 
neco “matar”
nego “negar, dizer (que) não”
nuntio ”anunciar” 
opto “escolher, desejar, optar”
oro “implorar, orar” 
paro “preparar” 
porto “carregar, transportar”
pugno “lutar” 
sto, stare, steti, staturus “estar em pé”
voco “chamar, convocar”
Estrutura da Língua Latina: os verbos 87
Segunda conjugação verbal
Exemplo de segunda conjugação na voz ativa: habeo, habes, habēre, habui, habitus “ter”
Presente do 
indicativo:
“tenho, tens...”
Perfeito do indicativo: 
“tive, tiveste...”
Presente do 
subjuntivo:
“tenha, tenhas...” 
Perfeito do 
subjuntivo: 
“tenha tido”
1.ª pessoa do singular habeo habui habeam habuĕrim
2.ª pessoa do singular habes habuisti habeas habuĕris
3.ª pessoa do singular habet habuit habeat habuĕrit
1.ª pessoa do plural habemus habuĭmus habeāmus habuerĭmus
2.ª pessoa do plural habetis habuistis habeātis habuerĭtis
3.ª pessoa do plural habent
habuērunt / 
habuēre
habeant habuĕrint
Imperfeito do 
indicativo:
“tinha, tinhas...”
Mais-que-perfeito do 
indicativo:
“tinha tido, tivera...”
Imperfeito do 
subjuntivo:
 “tivesse, teria...”
Mais-que-perfeito do 
subjuntivo:
“tivesse tido,
teria tido...”
1.ª pessoa do singular habēbam habuĕram habērem habuissem
2.ª pessoa do singular habēbas habuĕras habēres habuisses
3.ª pessoa do singular habēbat habuĕrat habēret
habuisset
88 Língua Latina
1.ª pessoa do plural habebāmus habuerāmus haberēmus habuissēmus
2.ª pessoa do plural habebātis habuerātis haberētis habuissētis
3.ª pessoa do plural habēbant habuĕrant habērent habuissent
Futuro do indicativo: 
“terei, terás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei tido, 
terás tido...”
Infinitivo presente: 
habēre “ter”
Imperativo presente: 
1.ª pessoa do singular habēbo habuĕro
Infinitivo perfeito: 
habuisse “ter tido”
habe “tem tu”
habēte “tenhai 
vós”
2.ª pessoa do singular habēbis habuĕris
Infinitivo futuro: 
habiturus, a, um 
esse “estar por 
ter”
Particípio perfeito: 
habitus, a, um 
“tido, aquele que 
foi tido”
3.ª pessoa do singular habēbit habuĕrit
Gerúndio 
(acusativo): 
habendum “ter”
Particípio presente: 
habens, amantis “o 
que tem”
1.ª pessoa do plural habebĭmus habuerĭmus
Gerúndio 
(genitivo): habendi 
“de ter”
Particípio futuro: 
habiturus, a, um “o 
que está por ter”
2.ª pessoa do plural habebĭtis habuerĭtis
Gerúndio (dativo): 
habendo “para 
ter”
Gerundivo: 
habendus, a, um 
“para ser amado, a 
ser amado”
3.ª pessoa do plural habēbunt habuĕrint
Gerúndio 
(ablativo): 
habendo “por ter”
Supino: habitum 
“para ter”
Segue uma lista de verbos comuns da segunda conjugação:
appareo, apparere, apparui, apparitus “aparecer”
careo, carere, carui, caritus “carecer, estar sem, faltar”
debeo, debere, debui, debitus “dever”
fleo, flere, flexi, fletus “chorar” 
maneo, manere, mansi, mansus “permanecer”
moneo, monere, monui, monitus “aconselhar, avisar” 
moueo, mouere, moui, motus “mover”
Estrutura da Língua Latina: os verbos 89
pareo, parere, parui, paritus “obedecer”
placeo, placere, placui, placitus “aprazer a, ser agradável” a (+ dativo)
respondeo, respondere, respondi, responsus “responder”
sedeo, sedere, sedi, sessus “sentar-se”
taceo, tacere, tacui, tacitus “calar-se” 
teneo, tenere, tenui, tentus “ter (em mãos), segurar, manter”
terreo, terrere, terrui, territus “aterrorizar-se”
timeo, timere, timui, –, “temer, ter medo de” 
uideo, uidere, uidi, uisus “ver” 
Texto complementar
Agora voltemos à Eneida, de Virgílio. No Canto IV, do qual tiramos o trecho a seguir, conhecemos 
a história trágica do amor entre Dido, rainha de Cartago, e Enéias, sobrevivente troiano que deverá fun-
dar Roma. Dido e Enéias, ambos viúvos, vêem-se reféns de um amor motivado pelos deuses, e o amor 
de Dido. Ela, cada vez mais incapaz de controlar seus sentimentos, é retratada no trecho a seguir como 
enlouquecida de amor.
Ó ciência vã dos agouros! Quê somam delubros e votos
para os delírios do amor? Enquanto isso, a medula enlanguesce 
e no imo peito a ferida se alastra sem ser pressentida. 
Arde a Rainha infeliz, vaga insana por toda a cidade, 
sem rumo certo, tal como veadinha nos bosques de Creta
que o caçador transfixou com uma flecha, sem que ele consciência 
então tivesse do fato. O volátil caniço ali fica; 
corre a coitada, vencendo florestas do Dicte e arvoredos, 
mas sempre ao lado encravada sentindo a fatal mensageira. 
Ora percorre as muralhas com o cabo de guerra troiano, 
mostra-lhe o burgo nascente, a famosa opulência dos tírios,
ora começa a falar e interrompe no meio o discurso; 
novos banquetes lhe apresta no fim da jornada, à noitinha. 
No seu delírio, outra vez quer ouvir os desastres de Tróia; 
pende da boca outra vez do orador eloquente e bem posto. 
90 Língua Latina
Atividades
1. Identifique todas as informações possíveis dos verbos abaixo, conforme o exemplo:
monstrabant: terceira pessoa do plural do imperfeito do indicativo do verbo monstro: “eles/elas 
mostravam”.
 a) celaremus:
 b) locat: 
 c) respondi: 
 d) uidebimus:
Pouco depois, separados no ponto em que a lua nos priva 
do claro lume e ao repouso as cadentes estrelas convidam,
geme por ver-se sozinha na sala; no leito se deita
que ele ocupara; na ausência do amado ainda o vê, ainda o escuta,
retém a Ascânio no colo, na imagem paterna se embebe, 
por esse modo pensando iludir a paixão absorvente. 
Inacabadas, as torres pararam; não mais se exercitam 
moços esbeltos nos jogos da guerra, na faina dos portos; 
interrompidas as obras, o céu das ameaças descansa; 
por acabar as ameias, merlões, toda a fábrica altiva. 
(Eneida IV, 65-90)
Estrutura da Língua Latina: os verbos 91
 e) seduit: 
 f ) mansissem: 
 g) flexeratis:
 h) pugnant: 
 i) dedisti: 
 j) apparere:
 
2. Traduza as seguintes orações para o português:
 a) puer in ciuitate magna habitat.
 b) mihi non placet laborare.
 c) Petrus Paulō respondit cum uerba mala. 
92 Língua Latina
 d) femina cenam ingentem parabit.
 e) sapientes philosophos uir uetus non uidet.
Estrutura da Língua Latina: os verbos 93
94 Língua Latina
Aprofundamento da 
morfologia verbal latina
Nesse texto, serão apresentados verbos da terceira conjugação, de tema consonantal e os da 
quarta conjugação, de tema em i e os da chamada conjugação mista, que, embora sejam basicamente 
verbos da terceira conjugação, apresentam-se parecidos com verbos da quarta conjugação em alguns 
tempos. Além desses, veremos a conjugação dos verbos irregulares mais importantes.
Terceira conjugação
Os verbos da terceira conjugação possuem temas consonantais e, por isso, têm infinitivos presen-
tes ativos em -ĕre. O ĕ serve de vogal que liga o radical de final consonantal ao -re, por isso, como vimos, 
não se trata de um ē como o da segunda conjugação, que constitui uma vogal temática, a marca da se-
gunda conjugação. Vejamos a tabela com as formas da voz ativa dos verbos da terceira conjugação. 
dico, dicis, dicĕre, dixi, dictum “dizer”
Presente do 
indicativo:
“digo, dizes...”
Perfeito do 
indicativo: “disse, 
disseste...”
Presente do 
subjuntivo:
“diga, digas...” 
Perfeito do 
subjuntivo:
“tenha dito”
1.ª pessoa do singular dico dixi dicam dixĕrim
2.ª pessoa do singular dicis dixisti dicas dixĕris
3.ª pessoa do singular dicit dixit dicat dixĕrit
1.ª pessoa do plural dicimus dixĭmus dicamus dixerĭmus
2.ª pessoa do plural dicitis dixistis dicatis dixerĭtis
3.ª pessoa do plural dicunt dixērunt / dixēre dicant dixĕrint
Imperfeito do 
indicativo: “dizia, 
dizias...”
Mais-que-perfeito 
do indicativo: 
“tinha dito, 
dissera...” 
Imperfeito do 
subjuntivo: 
“dissesse, diria...”
Mais-que-
perfeito do 
subjuntivo: 
“tivesse dito, 
teria dito...”
1.ª pessoa do singular dicebam dixĕram dicerem dixissem
2.ª pessoa do singular dicebas dixĕras diceres dixisses
3.ª pessoa do singular dicebat dixĕrat diceret dixisset
1.ª pessoa do plural dicebāmus dixerāmus dicerēmus dixissēmus
2.ª pessoa do plural dicebātis dixerātis dicerētis dixissētis
3.ª pessoa do plural dicebant dixĕrant dicerent dixissent
Futuro do 
indicativo: “direi, 
dirás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei 
dito, terás dito...”
Infinitivo 
presente: dicĕre 
“dizer”
Imperativo 
presente: 
1.ª pessoa do singular dicam dixĕro Infinitivo 
perfeito: dixisse 
“ter dito”
dic “diz tu”
dicite “dizei vós”
2.ª pessoa do singular dices dixĕris Infinitivo 
futuro: dicturus, 
a, um esse 
“estar por 
dizer”
Particípio 
perfeito: dictus, 
a, um “dito, que 
foi dito”
3.ª pessoa do singular dicet dixĕrit Gerúndio 
(acusativo): 
dicendum
Particípio 
presente: 
dicens, dicentis 
“que diz”
1.ª pessoa do plural dicemus dixerĭmus Gerúndio 
(genitivo): 
dicendi
Particípio 
futuro: dicturus, 
a um “que está 
por dizer”
2.ª pessoa do plural dicetis dixerĭtis Gerúndio 
(dativo): 
dicendo “para 
dizer”
Gerundivo: 
dicendus, a, um 
“para ser dito, a 
ser dito”
3.ª pessoa do plural dicent dixĕrint Gerúndio 
(ablativo): 
dicendo “por 
dizer”
Supino: dictum 
“para dizer”
96 Língua Latina
Segue uma lista de verbos comuns da terceira conjugação:
ago, agere, egi, actus “agir” 
cano, canere, cecini, cantus “cantar”
cado, cadere, cecidi, casus “cair”
cresco, crescere, crevi, creturus “crescer” 
curro, currere, cucurri, cursus “correr”
duco, ducere, duxi, ductus “conduzir” 
frango, fangere, fregi, fractus “quebrar” 
gero, gerere, gessi, gestus. “gerir, conduzir”
lego, legere, lexi, lectus “selecionar, ler” 
mitto, mittere, misi, missus “enviar, mandar”
pono, ponere, posui, positus “pôr” 
scribo, scribere, scripsi, scriptus “escrever” 
Quarta conjugação
Os verbos da quarta conjugação são os de tema em i, ou seja, são os que reconheceremos pelo 
infinitivo em -īre. Vejamos a tabela com a conjugação das formas ativas dos verbos dessa conjugação. 
audio, audis, audīre, audiui, auditum “ouvir”
Presente do 
indicativo: “ouço, 
ouves...”
Perfeito do indicativo: 
“ouvi, ouviste...”
Presente do 
subjuntivo: “ouça, 
ouças...” 
Perfeito do 
subjuntivo: “tenha 
ouvido”
1.ª pessoa 
do singular audio audiui audiam audiuĕrim
2.ª pessoa 
do singular audis audiuisti audias audiuĕris
3.ª pessoa 
do
singular audit audiuit audiat audiuĕrit
1.ª pessoa 
do plural audīmus audiuĭmus audiāmus audiuerĭmus
2.ª pessoa 
do plural audītis audiuistis audiātis audiuerĭtis
3.ª pessoa 
do plural audiunt
audiuērunt / 
audiuēre
audiant audiuĕrint
Aprofundamento da morfologia verbal latina 97
Imperfeito do 
indicativo: “ouvia, 
ouvias...”
Mais-que-perfeito 
do indicativo: “tinha 
ouvido, ouvira...” 
Imperfeito do 
subjuntivo: “ouvisse, 
ouviria...”
Mais-que-perfeito do 
subjuntivo: “tivesse 
ouvido, teria ouvido...”
1.ª pessoa 
do singular audiebam audiuĕram audirem audiuissem
2.ª pessoa 
do singular audiebas audiuĕras audires audiuisses
3.ª pessoa 
do singular audiebat audiuĕrat audiret audiuisset
1.ª pessoa 
do plural audiebāmus audiuerāmus audirēmus audiuissēmus
2.ª pessoa 
do plural audiebātis audiuerātis audirētis audiuissētis
3.ª pessoa 
do plural audiebant audiuĕrant audirent audiuissent
Futuro do 
indicativo: 
“ouvirei, 
ouvirás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei 
ouvido, terás 
ouvido...”
Infinitivo presente: 
audīre “ouvir”
Imperativo presente: 
1.ª pessoa 
do singular audiam audiuĕro
Infinitivo perfeito: 
audiuisse “ter ouvido”
audi “ouve tu”
audīte “ouvi vós”
2.ª pessoa 
do singular audies audiuĕris
Infinitivo futuro: 
auditurus, a, um esse 
“estar por ouvir”
Particípio perfeito: 
auditus, a, um “que foi 
ouvido”
3.ª pessoa 
do singular audiet audiuĕrit
Gerúndio (acusativo): 
audiendum “ouvir/para 
ouvir”
Particípio presente: 
audiens, audientis “que 
ouve, ouvinte”
1.ª pessoa 
do plural audiēmus audiuerĭmus
Gerúndio (genitivo): 
audiendi “de ouvir”
Particípio futuro: 
auditurus, a, um “que 
está por ouvir”
2.ª pessoa 
do plural audiētis audiuerĭtis
Gerúndio (dativo): 
audiendo “para ouvir”
Gerundivo: audiendus, 
a, um “para ser ouvido, a 
ser ouvido”
3.ª pessoa 
do plural audient audiuĕrint
Gerúndio (ablativo): 
audiendo “por ouvir”
Supino: auditum 
“para ouvir”
Segue uma lista de verbos comuns da quarta conjugação:
aperio, aperire, aperui, apertus “abrir” 
dormio, dormire, dormiui, dormitus “dormir” 
scio, scire, sciui, scitus “saber, conhecer”
sentio, sentire, sensi, sensus “sentir, perceber”
venio, venire, veni, ventus “vir”. 
98 Língua Latina
Conjugação mista
A conjugação mista é freqüentemente considerada uma conjugação separada, quando, na verda-
de, se trata de uma subdivisão da terceira conjugação. Os verbos da chamada conjugação mista, ou “ter-
ceira e quarta” (3/4), são verbos de tema consonantal que apresentam algumas formas parecidas com as 
da quarta conjugação, como o presente do indicativo ativo (capio, capis...). No entanto, o infinitivo em 
-ĕre nos dá a informação necessária para que estejamos certos de que se trata de um verbo da terceira 
conjugação. Ainda assim, olharemos para essa subconjugação separadamente. 
Um exemplo de verbo da conjugação mista é capio, capis, capĕre, cepi, captum “tomar, capturar”
Presente do 
indicativo: “tomo, 
tomas...”
Perfeito do indicativo: 
“tomei, tomaste...”
Presente do 
subjuntivo: “tome, 
tomes...” 
Perfeito do 
subjuntivo: “tenha 
tomado”
1.ª pessoa 
do singular
capio cepi capiam cepĕrim
2.ª pessoa 
do singular
capis cepisti capias cepĕris
3.ª pessoa 
do singular
capit cepit capiat cepĕrit
1.ª pessoa 
do plural
capĭmus cepĭmus capiāmus ceperĭmus
2.ª pessoa 
do plural
capĭtis cepistis capiātis ceperĭtis
3.ª pessoa 
do plural
capiunt cepērunt / cepēre capiant cepĕrint
Imperfeito 
do indicativo: 
“tomava, 
tomavas...”
Mais-que-perfeito 
do indicativo: “tinha 
tomado, tomara...” 
Imperfeito do 
subjuntivo: “tomasse, 
tomaria...”
Mais-que-perfeito 
do subjuntivo: 
“tivesse tomado, teria 
tomado...”
1.ª pessoa 
do singular
capiebam cepĕram caperem cepissem
2.ª pessoa 
do singular
capiebas cepĕras caperes cepisses
3.ª pessoa 
do singular
capiebat cepĕrat caperet cepisset
1.ª pessoa 
do plural
capiebāmus ceperāmus caperēmus cepissēmus
2.ª pessoa 
do plural
capiebātis ceperātis caperētis cepissētis
3.ª pessoa 
do plural
capiebant cepĕrant caperent cepissent
Aprofundamento da morfologia verbal latina 99
Futuro do 
indicativo: 
“tomarei, 
tomarás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei 
tomado, terás 
tomado...”
Infinitivo presente: 
capĕre “tomar”
Imperativo presente: 
1.ª pessoa 
do singular
capiam cepĕro Infinitivo perfeito: 
cepisse “ter tomado”
cape “toma tu”
capĭte “tomai vós”
2.ª pessoa 
do singular
capies cepĕris Infinitivo futuro: 
capturus, a, um esse 
“estar por tomar”
Particípio perfeito: 
captus, a, um “que 
foi tomado”
3.ª pessoa 
do singular
capiet cepĕrit Gerúndio 
(acusativo): 
capiendum “tomar/
para tomar”
Particípio presente: 
capiens, capientis 
“que toma”
1.ª pessoa 
do plural
capiēmus ceperĭmus Gerúndio (genitivo): 
capiendi “de tomar”
Particípio futuro: 
capturus, a, um 
“que está por 
tomar”
2.ª pessoa 
do plural
capiētis ceperĭtis Gerúndio (dativo): 
capiendo “para 
tomar”
Gerundivo: 
capiendus, a, um 
“para ser tomado, a 
ser tomado”
3.ª pessoa 
do plural
capient cepĕrint Gerúndio (ablativo): 
capiendo “por 
tomar”
Supino: captum 
“para tomar”
Segue uma lista de verbos comuns da conjugação mista:
accipio, accipere, accepi, acceptus “receber”. 
incipio, incipere, incepi, inceptus “começar”. 
recipio, recipere, recepi, receptus “receber, tomar de volta” 
facio, facere, feci, factus “fazer”
interficio, interficere, interfeci, interfectus “matar” 
perficio, perficere, perfeci, perfectus “completar, terminar, perfazer” 
fugio, fugere, fugi, fugitus “fugir, escapar” 
iacio, iacere, ieci, iactus “lançar, arremessar”. 
conicio, conicere, conieci, coniectus “arremessar conjuntamente, conjecturar”. 
specio, specere, spexi, spectus “fitar, olhar para”. 
inspicio, inspicere, inspexi, inspectus “olhar para dentro, examinar”. 
suspicio, suspicere, suspexi, suspectus “estimar, suspeitar”. 
100 Língua Latina
Verbos irregulares
É importante conhecermos alguns dos verbos irregulares do latim, já que são tão importantes 
e comuns. As conjugações desses verbos na voz ativa serão dadas abaixo, e veremos que compostos 
comuns são formados a partir deles. 
O verbo sum
O verbo sum em latim significa “ser, estar, existir, haver”. Vejamos a sua conjugação:
Presente do 
indicativo:
“sou, és...”
Perfeito do indicativo: 
“fui, foste...”
Presente do 
subjuntivo:
“seja, sejas...” 
Perfeito do 
subjuntivo:
“tenha sido”
1.ª pessoa 
do singular
sum fui sim fuĕrim
2.ª pessoa 
do singular
es fuisti sis fuĕris
3.ª pessoa 
do singular
est fuit sit fuĕrit
1ª pessoa 
do plural
sumus fuĭmus simus fuerĭmus
2.ª pessoa 
do plural
estis fuistis sitis fuerĭtis
3.ª pessoa 
do plural
sunt fuērunt / fuēre sint fuĕrint
Imperfeito do 
indicativo:
“era, eras...
Mais-que-perfeito do 
indicativo:
“tinha sido, fora...” 
Imperfeito do 
subjuntivo:
“tomasse, tomaria...”
Mais-que-perfeito do 
subjuntivo: “tivesse 
sido, teria sido...”
1.ª pessoa 
do singular
eram fuĕram essem fuissem
2.ª pessoa 
do singular
eras fuĕras esses fuisses
3.ª pessoa 
do singular
erat fuĕrat esset fuisset
1.ª pessoa 
do plural
erāmus fuerāmus essēmus fuissēmus
2.ª pessoa 
do plural
erātis fuerātis essētis fuissētis
3.ª pessoa 
do plural
erant fuĕrant essent fuissent
Aprofundamento da morfologia verbal latina 101
Futuro do 
indicativo:
“serei, serás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei sido, 
terás sido...”
Infinitivo presente: 
esse “ser”
Imperativo presente: 
1.ª pessoa
do singular
ero fuĕro Infinitivo perfeito: 
fuisse “ter sido”
es “sê tu”
este “sede vós”
2.ª pessoa 
do singular
eris fuĕris Infinitivo futuro: 
futurus, a, um esse 
“estar por ser”
3.ª pessoa 
do singular
erit fuĕrit
1.ª pessoa 
do plural
erimus fuerĭmus Particípio futuro: 
futurus, a, um “que 
está por ser”
2.ª pessoa 
do plural
eritis fuerĭtis
3.ª pessoa 
do plural
erunt fuĕrint
O verbo esse dá origem a vários outros verbos, com prefixos como in-, ad-, ab-, entre outros, que se-
guem a mesma conjugação. Os sentidos desses verbos costumam acompanhar basicamente os sentidos das 
preposições que são usadas como prefixos. Assim, de ad + sum temos adsum, “estar junto a, estar presente”. 
De ab + sum temos absum, “estar afastado de, estar ausente” (particípio presente absens, absentis).
Um verbo derivado de sum extremamente importante é o verbo possum “poder”, que se compõe 
do radical pot- + sum. A conjugação de possum é praticamente idêntica à do sum. Dessa forma, temos, 
no presente do indicativo ativo, possum, potes, potest, possumus, possetis, possunt.
O verbo eo e seus derivados
O verbo eo, ire, iui, itum é o equivalente ao nosso verbo “ir”. Há, assim como há com os verbos de-
rivados do verbo sum, derivações prefixais ligadas ao movimento denotado pelo significado dos verbos 
derivados de eo, como veremos adiante. Primeiramente, vejamos a tabela da conjugação do verbo eo. 
Presente do 
indicativo: “vou, 
vais...”
Perfeito do indicativo: 
“fui, foste...”
Presente do 
subjuntivo: “vá, vás...” 
Perfeito do 
subjuntivo: “tenha 
ido”
1.ª pessoa 
do singular
eo ii ou iui eam iuerim ou ierim
2.ª pessoa 
do singular
is iisti ou iuisti eas iueris ou ieris
3.ª pessoa 
do singular
it iit ou iuit eat iuerit ou ierit
102 Língua Latina
1.ª pessoa 
do plural
imus iimus ou iuimus eāmus iuerimus ou ierimus
2.ª pessoa 
do plural
itis iistis ou iuistis eātis iueritis ou ieritis
3.ª pessoa 
do plural
eunt ierunt/re ou
iuerunt/re
eant iuerint ou ierint
Imperfeito do 
indicativo:
“ia, ias...”
Mais-que-perfeito do 
indicativo:
“tinha ido, fora...” 
Imperfeito do 
subjuntivo:
“fosse, iria...”
Mais-que-perfeito do 
subjuntivo: “tivesse 
ido, teria ido...”
1.ª pessoa 
do singular
ibam iueram ou ieram irem iuissem ou issem
2.ª pessoa 
do singular
ibas iueras ou ieras ires iuisses ou isses
3.ª pessoa 
do singular
ibat iuerat ou ierat iret iuisset ou isset
1.ª pessoa 
do plural
ibāmus iueramus ou ieramus irēmus iuissemus ou issemus
2.ª pessoa 
do plural
ibātis iueratis ou ieratis irētis iuissetis ou issetis
3.ª pessoa 
do plural
ibant iuerant ou ierant irent iuissent ou issent
Futuro do 
indicativo: “irei, 
irás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei ido, 
terás ido...”
Infinitivo presente: 
ire “ir”
Imperativo presente: 
1.ª pessoa 
do singular
ibo iuĕro ou iĕro Infinitivo perfeito: 
iuisse ou iisse “ter 
ido”
i “vai tu”
ite “ide vós”
2.ª pessoa 
do singular
ibis iuĕris ou iĕris Infinitivo futuro: 
iturus, a, um esse 
“estar por ir”
Particípio perfeito: 
itus, a, um “que se 
foi”
3.ª 
pessoa do 
singular
ibit iuĕrit ou iĕrit Gerúndio 
(acusativo): eundum 
“ir/para ir”
Particípio presente: 
iens, euntis “que vai”
1.ª pessoa 
do plural
ibimus iuĕrimus ou ierĭmus Gerúndio (genitivo): 
eundi “de ir”
Particípio futuro: 
iturus, a, um “que 
está por ir”
2.ª pessoa 
do plural
ibitis iuerĭtis ou ierĭtis Gerúndio (dativo): 
eundo “para ir”
Gerundivo: eundus, 
a, um “para se ir”
3.ª pessoa 
do plural
ibunt iuĕrint ou iĕrint Gerúndio (ablativo): 
eundo “por ir”
Supino: itum “para ir”
Aprofundamento da morfologia verbal latina 103
Os verbos derivados do verbo eo seguem a mesma conjugação dele e, em geral, possuem sentido 
ligado ao sentido da preposição que serve de base para a derivação. Exemplos são:
adeo: ir até
abeo: ir embora
redeo: retornar, ir novamente
exeo: sair
ineo: entrar
circumeo: circular
O verbo uolo e seus derivados
O verbo uolo é um verbo irregular que significa “querer”. Os derivados mais importantes dele são 
o nolo (originalmente non uolo) “não querer” e o malo (originalmente, magis uolo) “preferir”. Esses três 
verbos são bastante irregulares em seu presente do indicativo ativo, mas, em geral, são regulares nas 
outras formas dos outros tempos.
As informações básicas desses verbos são:
uolo, uis, uelle, uolui, _____1: querer
nolo, non uis, nolle, nolui, _____: não querer
malo, mauis, malle, malui, _____: preferir
Indicativo:
Presente do 
indicativo: “quero, 
queres...”
Presente do 
indicativo: “não 
quero, não queres...”
Presente do 
indicativo: “prefiro, 
preferes...” 
1.ª pessoa do singular uolo nolo malo
2.ª pessoa do singular uis non uis mauis
3.ª pessoa do singular uult non uult mauult
1.ª pessoa do plural uolumus nolumus malumus
2.ª pessoa do plural uultis non uultis mauultis
3.ª pessoa do plural uolunt nolunt malunt
1 Os verbos derivados de uolo não apresentam particípio perfeito, nem gerúndio, nem gerundivo, nem voz passiva. As formas de imperativo 
só estão disponíveis para o nolo (noli “não queiras” e nolite “não queirais”). Os particípios também não são frequentes e, portanto, não aparecerão 
nas tabelas. 
104 Língua Latina
Imperfeito do 
indicativo: “queria, 
querias...”
Imperfeito do 
indicativo:
“não queria...”
Imperfeito 
do indicativo: 
“preferia...”
1.ª pessoa do singular uolebam nolebam malebam
2.ª pessoa do singular uolebas nolebas malebas
3.ª pessoa do singular uolebat nolebat malebat
1.ª pessoa do plural uolebamus nolebamus malebamus
2.ª pessoa do plural uolebatis nolebatis malebatis
3.ª pessoa do plural uolebant nolebant malebant
Futuro do indicativo: 
“quererei, 
quererás...”
Futuro do indicativo: 
“não quererei...”
Futuro do indicativo: 
“preferirei...”
1.ª pessoa do singular uolam nolam malam
2.ª pessoa do singular uoles noles males
3.ª pessoa do singular uolet nolet malet
1.ª pessoa do plural uolemus nolemus malemus
2.ª pessoa do plural uoletis noletis maletis
3.ª pessoa do plural uolent nolent malent
Perfeito do 
indicativo: “quis, 
quiseste...”2
Mais-que-perfeito 
do indicativo: 
“quisera,...”
Futuro do perfeito: 
“terei querido,...”
1.ª pessoa do singular uolui uolueram uoluero
2ª pessoa do. singular uoluisti uolueras uolueris
3.ª pessoa do singular uoluit uoluerat uoluerit
1.ª pessoa do plural uoluimus uolueramus uoluerimus
2.ª pessoa do plural uoluistis uolueratis uolueritis
3.ª pessoa do plural uoluērunt/uoluēre uoluerant uoluerint
Subjuntivo:
Presente do 
subjuntivo: 
“queira,...”
Presente do 
subjuntivo: “não 
queira,...”
Presente do 
subjuntivo: 
“prefira,...” 
1.ª pessoa do singular uelim nolim malim
2.ª pessoa do singular uelis nolis malis
3.ª pessoa do singular uelit nolit malit
2 Os tempos do perfeito do indicativo são bastante regulares para uolo e seus derivados. Assim, daremos apenas as formas de uolo, bastando 
substituir o radical de perfeito de um verbo pelo de outro para termos as formas de nolo e malo.
Aprofundamento da morfologia verbal latina 105
3 Vide nota 2 sobre o perfeito do indicativo. 
1.ª pessoa do plural uelimus nolimus malimus
2.ª pessoa do plural uelitis nolitis malitis
3.ª pessoa do plural uelint nolint malint
Imperfeito do 
subjuntivo: 
“quisesse, 
quereria...”
Imperfeito do 
subjuntivo: “não 
quisesse...”
Imperfeito do 
subjuntivo: 
“preferia...”
1.ª pessoa do singular uellem nollem mallem
2.ª pessoa do singular uelles nolles malles
3.ª pessoa do singular uellet nollet mallet
1.ª pessoa do plural uellemus nollemus mallemus
2.ª pessoa do plural
uelletis nolletis malletis
3.ª pessoa do plural uellent nollent mallent
Perfeito do 
subjuntivo: “quis, 
quiseste...”3
Mais-que-perfeito 
do subjuntivo: 
“quisera,...”
1.ª pessoa do singular uoluerim uoluissem
2.ª pessoa do singular uolueris uoluisses
3.ª pessoa do singular uoluerit uoluisset
1.ª pessoa do plural uoluerimus uoluissemus
2.ª pessoa do plural uolueritis uoluissetis
3.ª pessoa do plural uoluerint uoluissent
O verbo fero
O verbo fero tem o sentido básico de “levar, carregar, transportar”. Há diversos derivados de fero, 
como aufero (levar embora, roubar), affero (levar até), defero (delatar, entregar), transfero (transportar, 
transferir), entre outros. O verbo fero é um dos que apresentam maior irregularidade na constituição de 
seus radicais: o radical do presente baseia-se na forma fer-o, o do perfeito, na forma tul-i, e o de particí-
pio/supino, na forma lat-us. Assim, a entrada de dicionário desse verbo é:
fero, fers, ferre, tuli, latus “levar, carregar”.
106 Língua Latina
Presente do 
indicativo:
“levo, levas...”
Perfeito do indicativo: 
“levei, levaste...”
Presente do 
subjuntivo:
“leve, leves...” 
Perfeito do 
subjuntivo:
“tenha levado”
1.ª 
pessoa do 
singular
fero tuli feram tulerim
2.ª 
pessoa do 
singular
fers tulisti feras tuleris
3.ª 
pessoa do 
singular
fert tulit ferat tulerit
1.ª pessoa 
do plural
ferimus tulimus feramus tulerimus
2.ª pessoa 
do plural
fertis tulitis feratis tuleritis
3.ª pessoa 
do plural
ferunt tulērunt/tulēre ferant tulerint 
Imperfeito 
do indicativo: 
“levava...”
Mais-que-perfeito 
do indicativo: “tinha 
levado, levara...” 
Imperfeito do 
subjuntivo: “levasse, 
levaria...”
Mais-que-perfeito do 
subjuntivo: “tivesse 
levado, teria levado...”
1.ª 
pessoa do 
singular
ferebam tuleram ferrem tulissem
2.ª 
pessoa do 
singular
ferebas tuleras ferres tulisses
3.ª 
pessoa do 
singular
ferebat tulerat ferret tulisset
1.ª pessoa 
do plural
ferebāmus tuleramus ferremus tulissemus
2.ª pessoa 
do plural
ferebātis tuleratis ferretis tulissetis
3.ª pessoa 
do plural
ferebant tulerant ferrent tulissent
Aprofundamento da morfologia verbal latina 107
Pérfido! Então esperavas de mim ocultar essa infâmia,
e às escondidas deixares meus reinos sem nada dizer-me?
Não te abalou nem a destra que outrora te dei, nem a morte 
que a Dido aguarda, inamável, tão próxima já do seu termo? 
Como se nada isso fora, teus barcos aprestas no inverno, 
quadra infeliz, pretendendo cortar os furiosos embates 
dos aquilões? Que crueldade! Se acaso moradas estranhas
não procurasses, nem campos, e Tróia ainda em pé se encontrasse,
Futuro do indicativo: 
“levarei, levarás...”
Futuro perfeito do 
indicativo: “terei 
levado, terás levado...”
Infinitivo presente: 
ferre “levar”
Imperativo presente: 
1.ª 
pessoa do 
singular
feram tulĕro Infinitivo perfeito: 
tulisse “ter levado”
fer “leva tu”
ferte “levai vós”
2.ª 
pessoa 
do 
singular
feres tulĕris Infinitivo futuro: 
laturus, a, um esse 
“estar por levar”
Particípio perfeito: 
latus, a, um “que foi 
levado”
3.ª 
pessoa do 
singular
feret tulĕrit Gerúndio 
(acusativo): 
ferendum “levar/
para levar”
Particípio presente: 
ferens, ferentis “que 
leva, levando”
1.ª pessoa 
do plural
feremus tulerĭmus Gerúndio (genitivo): 
ferendi “de levar”
Particípio futuro: 
laturus, a, um “que 
está por levar”
2.ª pessoa 
do plural
feretis tulerĭtis Gerúndio (dativo): 
ferendo “para levar”
Gerundivo: 
ferendus, a, um 
“para ser levado”
3.ª pessoa 
do plural
ferent tulĕrint Gerúndio (ablativo): 
ferendo “por levar”
Supino: latum “para 
levar”
Texto complementar
No trecho de Eneida que veremos a seguir, teremos um embate entre Dido e Enéias, quando o 
dever de fundar a Nova Tróia e as ordens dos deuses impelem Enéias a se afastar da rainha de Cartago. 
O trecho inicia-se com Dido encontrando-se com Enéias após descobrir que ele planejava partir. 
108 Língua Latina
navegarias no rumo de Tróia e o mar bravo cortaras?
Foges de mim? Por meu pranto e também pela mão que me deste – 
Mísera! pois perdi tudo, sem nada me ter reservado – 
por nosso enlace, o sagrado himeneu que de pouco nos une, 
se algo mereço de ti ou se alguma ventura me deves, 
doces lembranças, apiada-te ao menos de um lar ora esfeito. 
Muda de idéia, no caso de as preces contigo valerem.
Por tua causa me odeia esta gente da Líbia, os tiranos 
númidas, todos os tírios; por ti a vergonha deixou-me, 
e aquela fama que aos astros meu nome impoluto levara. 
A quem entregas uma moribunda como eu, querido hóspede? 
Sim, esse é o único nome de quem me chamou de consorte. 
Que mais espero? Que o irmão Pigmalião me derrube estes muros, 
ou o próprio Jarbas Getúlio me arraste daqui como escrava? 
Se pelo menos deixasses na fuga um produto do nosso 
inesquecível amor, e nos paços brincasse comigo 
um outro Enéias-menino, contigo semelho nos traços, 
abandonada, em verdade, e sozinha não me julgaria.
Disse. Obediente ao mandado de Jove tinha ele no solo
fixos os olhos e a custo a emoção no imo peito guardava. 
Fala-lhe alfim por maneira sucinta: – Jamais negaria 
tantos favores, Senhora, e outros muitos de que me recordas; 
nem nunca a imagem de Elisa sairá do meu peito, por quanto 
tempo consciência tiver de mim mesmo e com vida eu mover-me. 
Quanto ao que ocorre, direi simplesmente: intenção nunca tive 
de retirar-me às ocultas – apaga essa idéia – nem menos 
planos forgei de casar ou de alianças contigo firmarmos. 
Se a meu arbítrio deixasse o Destino dispor do futuro 
como eu quisesse, o primeiro cuidado seria a cidade 
dos meus troianos reerguer, cultivar as relíquias tão caras 
a todos nós. Então, sim; o palácio de Príamo ainda 
de pé estaria, e estas mãos outra Pérgamo a todos construíra. 
Aprofundamento da morfologia verbal latina 109
Porém Apolo de Grínia ordenou-me há pouquinho buscarmos 
a Grande Itália, essa Itália que os vates da Lícia apontaram. 
Ali, o amor; ali, a pátria. Se a ti, da Fenícia, te agradam
belos palácios e os muros construir na africana Cartago,
por que motivo impedires que os teucros na Ausônia se instalem? 
É de justiça buscarmos também novos reinos por longe. 
Noites seguidas Anquises, meu pai, quando as úmidas sombras 
à terra baixam, ou quando se elevam fulgentes os astros, 
sim, sua pálida imagem nos sonhos me admoesta, me aterra, 
como também a lembrança de Ascânio, querida cabeça, 
que do seu reino na Hespéria eu defraudo, da terra anunciada.
O mensageiro dos deuses da parte de Jove agorinha 
mesmo me trouxe um recado pelo ar – por aqueles o juro, 
Ascânio e Anquises –; eu próprio o enxerguei quando o burgo
no resplendor; sua voz ainda soa-me nos ouvidos. 
Não venhas, pois, agravar minha mágoa – e a tua – com brigas. 
Não busco a Itália por gosto
Durante a fala de Enéias manteve-se Dido alheada, 
virando a vista de cá para lá. Finalmente, mirando-o 
de alto a baixo, furiosa o despeito externou deste modo: 
Não tens por mãe uma deusa nem vens de linhagem dardânia, 
pérfido! A vida também a tiraste do Cáucaso adusto, 
rico em penhascos; mamaste nos peitos das tigres da Hircânia 
Para que dissimular por mais tempo? Que injúrias mais graves 
agüentarei? Reservou-me uma lágrima? Ao menos olhou-me? 
Chegou meu pranto a abalá-lo e de mim apiedado mostrou-se? 
Que afronta há mais dolorosa? Nem Juno, possante deidade,
nem mesmo o filho do velho Saturno isto vê com bons olhos. 
Não há fé pura. Jogado na praia, carente de tudo, 
o recolhi – quanta insânia! – e no reino lhe dei parte ativa. 
Desbaratados os barcos, salvei-lhe da morte a maruja.
Oh dor! As Fúrias me abrasam, me arrastam. Agora os augúrios 
110 Língua Latina
do próprio Apolo, da Lícia as sentenças e até mensageiros 
das divindades, esta ordem terrível lhe trazem nas auras! 
Como se os deuses cuidassem de nugas e o tempo esbanjassem 
do ócio divino! Pois parte! não peço que fiques, nem brigo. 
Vai! Segue os ventos da Itália; procura teus reinos nas ondas. 
Se os justos deuses nos ouvem, espero que um dia hás de a morte 
nas duras rochas sorver e que o nome de Dido mil vezes
invocarás. Mesmo ausente, hei de os passos seguir-te com atros 
fachos, depois que minha alma dos membros a Morte separe. 
Sombra terrível, por tudo estarei. Pagar-me-ás, miserável, 
essa traição. Hei de ouvir teu clamor desde os manes profundos.
Corta no meio o sermão sem resposta aguardar e, fugindo
mesta, da luz se retira, deixando-o confuso entre o muito
que se dispunha a dizer e o que o medo prudente o impedia.
Desfalecida, até ao tálamo todo de mármore as servas 
a carregaram, no leito a depondo aprestado para isso. 
O pio Enéias, conquanto deseje acalmar-lhe o infortúnio, 
e algum consolo lhe dar com palavras de muito carinho, 
geme de dor ante os golpes violentos da sua desdita.
Mas, não se esquece das ordens do nume; revista as trirremes, 
para que os teucros redobrem de esforços e as naus desencalhem 
na praia ao longo, sem falta. As carinas breadas flutuam. 
Do afã da fuga tocados, das matas carregam frondentes 
galhos, à guisa de remos.
Pelos portões da cidade os vereis apressados correrem
como formigas no ponto em que um monte de trigo saqueiam, 
quando do inverno mais perto e a seus paços escuros o levam: 
vai pelos campos o negro esquadrão carregando a pilhagem 
pelas picadas da relva; umas tantas, os grãos mais pesados 
levam nos ombros; incumbem-se algumas das hostes em marcha 
e as retardadas castigam. A trilha com a faina referve. 
A esse espetáculo, Dido, quais foram os teus pensamentos,
Aprofundamento da morfologia verbal latina 111
Atividades
1. Traduza as seguintes orações para o português. Explique as ambigüidades, se houver:
 a) uolebamus dormire.
 b) homines regis seruos audaces interficērunt.
 c) poetae cum auxilio musarum canunt.
 d) philosophi currere non possunt.
 e) duces legiones ducent. 
quantos gemidos soltavas, ao veres do cimo das torres 
do teu palácio animarem-se as praias com o estranho alarido 
daquela turba, de envolta com o surdo marulho lá ao longe? 
Ímprobo Amor! Que de estragos não causas no peito dos homens? 
(Eneida, IV, 303-412)
112 Língua Latina
2. Identifique todas as informações possíveis dos verbos abaixo e depois traduza a forma flexionada, 
conforme o exemplo:
 dicetis: segunda pessoa do plural do futuro do indicativo ativo do verbo dico “dizer”. Tradução: 
“direis, vocês dirão”
 a) cadent: 
 b) agere: 
 c) posuit: 
 d) scribuisse: 
 e) scis: 
 f ) uenissetis:
Aprofundamento da morfologia verbal latina 113
 g) faciunt:
 h) perfecimus: 
 i) fugiebas: 
114 Língua Latina
A voz passiva e os 
verbos depoentes
Aqui, conheceremos as maneiras de expressar a voz em latim. Como em português, o latim possui uma 
voz ativa e uma voz passiva verbais, e elas expressam significados de atividade e passividade da mesma forma 
que em português. Assim, um verbo transitivo direto na voz ativa costuma atribuir ao seu sujeito, em geral, o 
papel de “agente”, enquanto o objeto direto recebe o papel de “paciente”, como na sentença “O menino (agen-
te) viu a menina (paciente)”. Quando alteramos a voz verbal, o sujeito passa a ser o paciente, ou seja, o que teria 
sido objeto direto no correspondente ativo, e o que tinha sido sujeito na versão ativa pode aparecer como 
agente da passiva, como em “A menina (sujeito paciente) foi vista pelo menino (agente da passiva)”.
O mesmo se dá em latim, mas, ao contrário do português, que faz todas as formas da voz pas-
siva com um verbo auxiliar “ser” mais uma forma de particípio passado, o latim possui flexões de voz 
passiva para vários tempos. Nós veremos as formas da passiva para todas as conjugações já vistas, nos 
tempos já estudados. 
Mais adiante, conheceremos os verbos chamados depoentes, que possuem apenas forma da voz 
passiva, mas significado sempre ativo. Trata-se de uma anomalia no sistema verbal latino. 
Voz passiva
Em geral, constroem-se as vozes passivas latinas da mesma forma que as vozes ativas, mas um 
novo conjunto de desinências número-pessoais será usado. Abaixo, segue novamente a tabela com as 
desinências número-pessoais possíveis em latim:
Número e pessoa Tempos do indicativo e 
subjuntivo na voz passiva
Tempos do indicativo e 
subjuntivo na voz ativa
Perfeito do indicativo 
ativo
1.ª pessoa do singular -or ou -r -o ou -m -i
2.ª pessoa do singular -ris -s -isti
3.ª pessoa do singular -tur -t -it
1.ª pessoa do plural -mur -mus -imus
2.ª pessoa do plural -mini -tis -istis
3.ª pessoa do plural -ntur -nt -ērunt ou -ēre
Como veremos abaixo com as formas do infectum (presente, imperfeito e futuro simples), a construção 
da voz passiva nesses tempos, no indicativo e no subjuntivo, baseia-se nas mesmas formas de construção da 
voz ativa, substituindo-se as desinências número-pessoais pelas de passiva. Algumas modificações no tema 
resultam dessa troca, mas, a rigor, as formas infixadas ficam inalteradas. Vejamos as tabelas. 
Primeira 
conjugação
Segunda 
conjugação
Terceira 
conjugação
Quarta 
conjugação
Conjugação 
mista
Presente do indicativo passivo: sou amado, é tido, é dito, somos ouvidos, são capturados....
1.ª pessoa do 
singular
amor habeor dicor audior capior
2.ª pessoa do 
singular
amaris ou re haberis ou re dicĕris ou re audiris ou re capĕris ou re
3.ª pessoa do 
singular
amatur habetur dicitur auditur capitur
1.ª pessoa do 
plural
amamur habemur dicimur audimur capimur
2.ª pessoa do 
.plural
amamĭni habemĭni dicimĭni audimĭni capimĭni
3.ª pessoa do 
plural
amantur habentur dicuntur audiuntur capiuntur
Imperfeito do indicativo passivo: era amado, era dito...
1.ª pessoa do 
singular
amabar habebar dicebar audiebar capiebar
2.ª pessoa do 
singular
amabaris / re habebaris / re dicebaris / re audiebaris 
/ re
capiebaris / re
3.ª pessoa do 
singular
amabatur habebatur dicebatur audiebatur capiebatur
1.ª pessoa do 
plural
amabamur habebamur dicebamur audiebamur capiebamur
2.ª pessoa do 
plural
amabamini habebamini dicebamini audiebamini capiebamini
3.ª pessoa do 
plural
amabantur habebantur dicebantur audiebantur capiebantur
Futuro do indicativo passivo: será amado, será dito...
1.ª pessoa do 
singular
amabor habebor dicar audiar capiar
2.ª pessoa do 
singular
amabĕris / re habebĕris / re dicēris / re audiēris / re capiēris / re
3.ª pessoa do 
singular
amabitur habebitur dicētur audiētur capiētur
116 Língua Latina
1.ª pessoa do 
plural
amabimur habebimur dicēmur audiēmur capiēmur
2.ª pessoa do 
plural
amabimini habebimini dicēmini audiēmini capiēmini
3.ª pessoa do 
plural
amabuntur habebuntur dicēntur audiēntur capiēntur
Presente do subjuntivo passivo: seja amado, seja dito...
1.ª pessoa do 
singular
amer habear dicar audiar capiar
2.ª pessoa do 
singular
amēris ou re habeāris ou re dicāris ou re audiāris ou re capiāris ou re
3.ª pessoa do 
singular
amētur habeātur dicātur audiātur capiātur
1.ª pessoa do 
plural
amēmur habeamur dicāmur audiāmur capiāmur
2.ª pessoa do 
plural
amēmĭni habeāmĭni dicāmĭni audiāmĭni capiāmĭni
3.ª pessoa do 
plural
amentur habeantur dicantur audiantur capiantur
Imperfeito do subjuntivo passivo: tenha sido amado, tenha sido dito...
1.ª pessoa do 
singular
amarer haberer dicerer audirer caperer
2.ª pessoa do 
singular
amareris / re habereris / re dicereris / re audireris / re capereris / re
3.ª pessoa do 
singular
amaretur haberetur diceretur audiretur caperetur
1.ª pessoa do 
plural
amaremur haberemur diceremur audiremur caperemur
2.ª pessoa do 
plural
amaremini haberemini diceremini audiremini caperemini
3.ª pessoa do 
plural
amarentur haberentur dicerentur audirentur caperentur
Com relação aos tempos do perfectum (baseados no tema de perfeito, ou seja, o perfeito, o 
mais-que-perfeito e o futuro perfeito), a construção da voz passiva é diferente, ainda que parecida, de 
certa forma, com a maneira que construímos a voz passiva em português. No entanto, é importante no-
tar as diferenças, que são importantes: uma forma da voz passiva do perfeito do indicativo se constrói 
com particípio perfeito + verbo sum no presente, o que, na forma externa, é parecido com a forma como 
fazemos o presente passivo em português, ou seja, amatus sum se parece com “sou amado”, mas, em 
latim, essa forma passiva significa “fui amado”, enquanto, em português, essa é a forma de voz passiva 
do presente. 
A voz passiva e os verbos depoentes 117
Isso se dá porque as formas verbais de particípio + sum em latim são derivadas de uma constru-
ção que, etimologicamente, significa amatus sum = “estou (sum) [no estado atual] de ter sido amado 
(amatus)”, o que é perfeitamente possível, dada a forma naturalmente passiva e estativa de um particí-
pio perfeito latino. 
Dessa forma, os outros tempos do sistema do perfectum são vistos como que em relação ao 
tempo fundamental, o perfeito. Por exemplo, o mais-que-perfeito significa “antes de um tempo passado 
de referência” e, por isso sua forma será amatus eram, ou seja, “eu estava no estado de ter sido amado 
 tinha sido amado”; o futuro perfeito, portanto, também estabelece a mesma relação, e teremos ama-
tus ero “estarei no estado de ter sido amado  terei sido amado”. 
Passemos à tabela das formas de voz passiva do sistema do perfectum, ou dos tempos baseados 
no radical do perfeito. 
Perfeito do indicativo passivo: foi amado, foi tido, foi dito, foi ouvido, foi capturado
1.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um1 
sum
habitus, a, um 
sum
dictus, a, um 
sum
auditus, a, um 
sum
captus, a, um 
sum
2.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um, 
es
habitus, a, um 
es
dictus a, um, 
es
auditus, a, um 
es
captus, a, um, 
es
3.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um, 
est
habitus, a, um 
est
dictus, a, um, 
est
auditus, a, um 
est
captus, a, um, 
est
1.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
sumus
habiti, -ae, a 
sumus
dicti -ae, a 
sumus
auditi, -ae, a 
sumus
capti -ae, a 
sumus
2ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
estis
habiti -ae, a 
estis
dicti -ae, a 
estis
auditi -ae, a 
estis
capti -ae, a 
estis
3.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
sunt
habiti -ae, a 
sunt
dicti ae a sunt auditi -ae, a 
sunt
capti -ae, a 
sunt
Mais-que-perfeito do indicativo passivo: fora amado, tinha sido dito...
1.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
eram
habitus, a, um 
eram
dictus, a, um 
eram
 auditus, a, um 
eram
captus, a, um 
eram
2.ª pessoa do 
.singular
amatus, a, um 
eras
habitus, a, um 
eras
dictus, a, um 
eras
auditus, a, um 
eras
captus, a, um 
eras
3.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
erat
habitus, a, um 
erat
dictus, a, um 
erat
auditus, a, um 
erat
captus a, um, 
erat
1.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
eramus
habiti -ae, a 
eramus
dicti -ae, a 
eramus
auditi -ae, a 
eramus
capti -ae, a 
eramus
2.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
eratis
habiti -ae, a 
eratis
dicti -ae, a 
eratis
auditi -ae, a 
eratis
capti -ae, a 
eratis
3.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
erant
habiti -ae, a 
erant
dicti -ae, a 
erant
auditi -ae, a 
erant
capti -ae, a 
erant
1 Como particípio, amatus deve concordar em número, gênero e caso com o sujeito da oração. 
118 Língua Latina
Futuro perfeito do indicativo passivo: terei sido amado, terá sido dito...
1.ª pessoa do 
.singular
amatus, a, um 
ero
habitus, a, um 
ero
dictus, a, um 
ero
auditus, a, um 
ero
captus, a, um 
erro
2.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
eris
habitus, a, um 
eris
dictus, a, um 
eris
auditus, a, um 
eris
captus, a, um 
eris
3.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
erit
habitus, a, um 
erit
dictus, a, um 
erit
auditus, a, um 
erit
captus, a, um 
erit
1.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
erimus
habiti -ae, a 
erimus
dicti -ae, a 
erimus
auditi -ae, a 
erimus
capti -ae, a 
erimus
2.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
eritis
habiti -ae, a 
eritis
dicti -ae, a 
eritis
auditi -ae, a 
eritis
capti -ae, a 
eritis
3.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
erunt
habiti -ae, a 
erunt
dicti -ae, a 
erunt
auditi -ae, a 
erunt
capti -ae, a 
erunt
Perfeito do subjuntivo passivo: tenha sido amado, tenha sido dito...
1.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
sim
habitus, a, um 
sim
dictus, a, um 
sim
auditus, a, um 
sim
captus, a, um 
sim
2.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
sis
habitus, a, um 
sis
dictus, a, um 
sis
auditus, a, um 
sis
captus, a, um 
sis
3.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
sit
habitus, a, um 
sit
dictus, a, um sit auditus, a, um 
sit
captus, a, um 
sit
1.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
simus
habiti -ae, a 
simus
dicti -ae, a 
simus
auditi -ae, a 
simus
capti -ae, a 
simus
2.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
sitis
habiti -ae, a 
sitis
dicti -ae, a sitis auditi -ae, a 
sitis
capti -ae, a sitis
3ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
sint
habiti -ae, a 
sint
dicti -ae, a sint auditi -ae, a 
sint
capti -ae, a sint
Mais-que-perfeito do subjuntivo passivo: teria sido amado, tivesse sido dito...
1.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
essem
habitus, a, um 
essem
dictus, a, um 
essem
auditus, a, um 
essem
captus, a, um 
essem
2.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
esses
habitus, a, um 
esses
dictus, a, um 
esses
auditus, a, um 
esses
captus, a, um 
esses
3.ª pessoa do 
singular
amatus, a, um 
esset
habitus, a, um 
esset
dictus, a, um 
esset
auditus, a, um 
esset
captus, a, um 
esset
1.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
essemus
habiti -ae, a 
essemus
dicti -ae, a 
essemus
auditi -ae, a 
essemus
capti -ae, a 
essemus
A voz passiva e os verbos depoentes 119
2.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
essetis
habiti -ae, a 
essetis
dicti -ae, a 
essetis
auditi -ae, a 
essetis
capti -ae, a 
essetis
3.ª pessoa do 
plural
amati -ae, a 
essent
habiti -ae, a 
essent
dicti -ae, a 
essent
auditi -ae, a 
essent
capti -ae, a 
essent
Passemos às formas nominais passivas dos verbos das cinco conjugações:
Primeira 
conjugação
Segunda 
conjugação
Terceira 
conjugação
Quarta 
conjugação
Conjugação 
mista
Infinitivo 
presente 
passivo
amari haberi dici audiri capi
Infinitivo 
perfeito 
passivo
amatus, a, um 
esse2 
habitus, a, um 
esse
dictus, a, um 
esse
auditus, a, um 
esse
captus, a, um 
esse
Infinitivo 
futuro passivo
amatum iri3 habitumiri dictumiri auditumiri captumiri
Imperativo 
presente 
singular 
passivo
amare4 habere dicere audire capere 
Imperativo 
presente plural 
passivo
amamini habemini dicimini audimini capimini
Supino passivo5 amatu deletu dictu auditu captu
2 Os infinitivos perfeitos são usados apenas em orações subordinadas de acusativo com infinitivo, ou seja, orações subordinadas substantivas 
objetivas diretas
que, em latim, são construídas sem conjunção, e que, portanto, têm o verbo na subordinação sempre no infinitivo e seu 
sujeito sempre no acusativo. Um exemplo desse tipo de oração seria “Ele disse que o escravo tinha sido capturado”, que em latim se constrói 
da seguinte forma: dixit seruum captum esse [literalmente, “ele disse o servo ter sido capturado”]. Por isso, apesar de a forma participial poder 
se flexionar em número e gênero, indiscriminadamente de acordo com a concordância com o sujeito, o caso sempre será acusativo. 
3 Assim como explicamos sobre o infinitivo perfeito, o infinitivo futuro também só é usado em orações subordinadas como tempo relativo. 
A sua construção, no entanto, é a mais estranha das construções dos infinitivos: trata-se de um supino (indeclinável, portanto) seguido de um 
infinitivo perfeito iri do verbo eo, ire, o que resulta, literalmente, em algo como “ir-se para ser ___-do”. Um exemplo, seguindo o mesmo princípio 
da nota acima, seria dixit seruum captum iri, que pode ser traduzida literalmente como “ele disse o servo ir-se para ser capturado”, o que resulta, em 
uma forma mais corrente, em “ele disse que o escravo seria capturado”.
4 Os imperativos passivos presentes (os imperativos futuros que existem em latim são deixados de fora das nossas aulas, por serem 
pouquíssimo usados) são correspondentes às formas de segunda pessoa do singular e plural do presente indicativo passivo dos mesmos 
verbos. Na verdade, os imperativos passivos são idênticos às segundas pessoas do singular do presente do indicativo, uma vez que o sentido 
de certas formas de presente das segundas pessoas pode ser o mesmo que o de imperativos: amare = “você é amado” “seja amado”, como na 
forma atenuante do imperativo em Português “você faz isso, por favor” ao invés da mais incisiva “faça isso, por favor”. Atenção também ao fato 
de que o imperativo presente passivo singular é idêntico em forma aos infinitivos presentes dos mesmos verbos. 
5 O supino passivo é pouco utilizado, e seu sentido pode ser parafraseado pela expressão “de se amar, ter, dizer etc.” As outras formas não foram 
dadas ou porque não há correspondente passivo ou porque elas já são passivas por natureza, ainda que tivessem sido vistas antes (o particípio 
perfeito e o gerundivo se enquadram nessa categoria).
120 Língua Latina
Os verbos irregulares na voz passiva
Antes de seguirmos adiante, é importante falarmos sobre as formas passivas de alguns verbos 
irregulares. 
O verbo sum, esse e seus derivados e os verbos uolo, nolo e malo não têm voz passiva.
O verbo fero conjuga-se na voz passiva de maneira regular, bastando que sejam usados o 
radical fer- para os tempos do infectum e o radical lat- para os tempos do perfectum. O mesmo se 
dá com seus derivados. 
O verbo eo e seus derivados não apresentam voz passiva, ainda que haja algumas formas impes-
soais, como itur “vai-se”, “alguém vai” e iri “ir-se”.
Verbos depoentes
Verbos depoentes6 são verbos que possuem apenas as formas da voz passiva. Seu significado, no 
entanto, é sempre ativo e não há sentido passivo possível para esses verbos. Esses verbos são anômalos, 
portanto. Os depoentes possuem temas que caem nas cinco conjugações já estudadas, e são conjuga-
dos segundo as tabelas vistas nesta aula.
Vejamos uma listagem dos verbos depoentes mais importantes, separada pelas conjugações7:
Primeira conjugação::
minor, minari, minatus sum “ameaçar” (+ dat.)
hortor, hortari, hortatus sum “encorajar, incitar, exortar”
amplexor, amplexari, amplexatus sum “abraçar”
conor, conari, conatus sum “tentar”
imitor, imitari, imitatus sum “imitar, seguir”
meditor, meditari, meditatus sum “considerar, pensar sobre, meditar”
osculor, osculari, osculatus sum “beijar”
recordor, recordari, recordatus sum “lembrar-se de“
suspicor, suspicari, suspicatus sum “suspeitar”
opinor, opinari, opinatus sum “pensar, achar”
precor, precari, precatus sum “implorar” 
Segunda conjugação:: 
polliceor, polliceri, pollicitus sum “prometer, advertir” 
misereor, misereri, miseritus sum “sentir pena de, compadecer-se de”
6 Do verbo latino deponere, “pôr de lado, depor”.
7 Os verbos depoentes são enunciados na sequência: primeira pessoa do singular do presente do indicativo, infinitivo, primeira pessoa do 
singular do perfeito do indicativo.
A voz passiva e os verbos depoentes 121
fateor, fateri, fassus sum “confessar, admitir”
reor, reri, ratus sum “pensar, supor, acreditar”
uereor, uereri, ueritus sum “respeitar, temer”
Terceira conjugação::
loquor, loqui, locutus sum “falar” 
irascor, irasci, iratus sum “ficar nervoso com, irar-se com”
obliuiscor, obliuisci, oblitus sum “esquecer-se de”
sequor, sequi, secutus sum “seguir”
adipiscor, adipisci, adeptus sum “obter, conseguir, tomar, ganhar”
nascor, nasci, natus sum “nascer”
morior, mori, mortuus sum “morrer”
ulciscor, ulcisci, ultus sum “vingar-se de”
Quarta conjugação::
mentior, mentiri, mentitus sum “mentir”
molior, moliri, molitus sum “lutar, construir, trabalhar”
orior, oriri, oritus sum “levantar, subir”8
sortior, sortiri, sortitus sum “escolher, eleger, sortear”
Conjugação mista::
adgredior “aproximar-se, chegar perto”
egredior “sair”
progredior “avançar”
patior, pati, passus sum suportar, sofrer, passar por
Há ainda alguns verbos que são chamados de semidepoentes, pois têm formas ativas para os 
tempos do infectum (radical do presente) e formas passivas para os tempos do perfectum (radical do 
perfeito). São exemplos de semidepoentes:
audeo, audere, ausus sum “ousar”
soleo, solere, solitus sum “costumar” (+ infinitivo) 
fio, fieri, factus sum “tornar-se, acontecer, vir a ser”
O agente da passiva
O agente da passiva, em latim, quando expresso, deve aparecer no caso ablativo introduzido pela 
preposição a(b)9. Assim, voltando ao exemplo Português do início da aula, a oração básica em latim seria:
8 Oriens, orientis é a forma de particípio presente que dá origem ao substantivo “oriente” em Português.
9 A forma ab é usada antes de vogais. a é usado antes de consoantes. 
122 Língua Latina
puer uidet puellam.
O menino vê a menina. 
[nominativo/agente] [presente-indicativo-ativo] [acusativo/paciente]
Transformando-a para a voz passiva, devemos passar a expressão originalmente no caso acusati-
vo/paciente para o caso nominativo/paciente da passiva, flexionar o verbo na forma adequada da voz 
passiva, e acrescentar ou não o agente da passiva, como se segue:
puella uidetur a puerō. 
A menina é vista pelo menino.
[nominativo/paciente] [presente-indicativo-
passivo]
[ablativo/agente da 
passiva]
Apesar de o agente da passiva ser opcional, quando presente numa oração passiva, considera-se 
que as formas ativas e passivas apresentam a mesma oração dita de duas formas diferentes, porém equi-
valentes, ao menos com relação ao seu sentido básico. 
Texto complementar
Na última parte do Canto IV da Eneida, Dido, a Rainha de Cartago, depois de ver os navios do seu 
amado Enéias partirem, planeja a vingança mais grave que consegue, e tira a própria vida, criando uma 
inimizade que viria a durar séculos entre Roma e Cartago. Veremos então os últimos versos do livro IV, o 
fim da história de amor entre Enéias e Dido. 
Já a nova Aurora saltara do leito do cróceo Titono
para a luz bela espargir pelo mundo e de cores orná-lo
no alvorecer, quando Dido avistou desde a sua atalaia,
em boa ordem a esquadra afastar-se, tendidas as velas, 
bem como as praias vazias e sem remadores os portos. 
Três, quatro vezes o peito formoso golpeando, e os cabelos
louros em fúria a puxar, – Há de esse homem, gritou, escapar-me, 
Júpiter? Esse estrangeiro, e zombar de mim própria em meu reino? 
Não se armarão meus guerreiros e toda a cidade não corre 
no rastro dele? Dos seus estaleiros os barcos não tiram? 
Ide, voai,
trazei fogo, dai velas, os remos empunhem! 
Mas, que profiro? Onde estou? que desvairo me cega a esse ponto? 
A voz passiva e os verbos depoentes 123
Dido infeliz, ora sentes o peso da tua desgraça.
Mais valeria o saberes, no dia em que o cetro lhe deste.
Essa, a palavra de quem carregara os penates nos ombros, 
quem nas espáduas o peso sentiu da velhice paterna? 
E não poder apanhá-lo, atirá-lo em pedaços nas ondas, 
passar à espada seus homens, e Ascãnio, seu filho mimado, 
ao próprio pai num banquete ofertar como prato excelente!
Mas, nesse encontro a vitória estaria ao meu lado? Que importa? 
Quem vai morrer, de quem pode temer-se? Incendiara de pronto 
seu arraial, fogo às naus lhe pusera, e de um golpe extinguira 
o pai com o filho, essa raça maldita, e eu por último, ufana. 
Sol, que o universo iluminas e todas as coisas perlustras! 
Juno, ajudante consciente da minha indizível desgraça!
Hécate, sempre invocada nas encruzilhadas, aos gritos!
Fúrias, do mal vingadoras, e deuses de Elisa expirante! 
Minhas palavras ouvi, minhas preces, e contra os malvados 
os vosso numes volvei! Mas, se o Fado impassível resolve 
que chegue ao porto esse monstro, e é forçoso pisar no chão firme; 
se isso os decretos de Júpiter o determinam, que ao menos 
seja acossado por gente guerreira e, banido da Itália, 
vague sem rumo; privado dos braços queridos de Iulo, 
auxílio implore e contemple o extermínio dos seus companheiros, 
morte sem glória de todos. E, vindo a obter paz vergonhosa, 
do apetecido reinado não goze, da luz suspirada,
mas prematuro pereça e insepulto na areia se esfaça!
É o que vos peço; com o sangue vos lanço este apelo supremo. 
Tirios! Vosso ódio infinito em seu filho e nos seus descendentes 
extravasai! é o que esperam de vós minhas cinzas ardentes. 
Nenhuma aliança jamais aproxime os dois povos imigos. 
Há de nascer-me dos ossos quem possa vingar-me esta afronta
com ferro e fogo, quem limpe o meu nome com sangue dardânio. 
Hoje, amanhã, no momento mais certo em que o acaso os ajunte 
124 Língua Latina
e força houver, briguem praias com praias e as ondas entre elas, 
armas de guerra por tudo, até os últimos netos com forças!
Assim falando, volvia no peito projetos sem conta, 
para cortar o mais breve possível a trama da vida.
Por fim, a Barce resolve chamar, de Siqueu a velha ama, 
visto que a sua ficara enterrada na pátria distante.
Vai procurar minha irmã, querida ama, e lhe dize que ponha 
pressa em se purificar na água limpa do rio aqui perto. 
Traga também as ovelhas e as vítimas expiatórias. 
Não se demore. Enquanto isso, na fronte usa a fita sagrada. 
A Jove Estígio pretendo ofertar sacrifícios solenes, 
já começados, a fim de curar-me de atroz sofrimento, 
para, por último, a efígie do teucro lançar na fogueira.
Assim falou. A Velhinha apressou-se com passos tardonhos. 
Dido, convulsa e obstinada no seu tenebroso projeto, 
virando os olhos sanguíneos, manchadas as lívidas faces, 
a palidez do trespasse futuro na cute mimosa, 
pelo interior do palácio irrompeu e postou-se, iracunda, 
no alto da pira, sacando da espada do chefe dardânio, 
prenda jamais destinada para uso de tanta fereza. 
Nessa postura, enxergando as ilíacas vestes e o leito, 
pós recolher-se algum tempo, banhados de lágrima os olhos, 
no toro excelso inclinada, estas últimas queixas profere:
Ó doces prendas enquanto um dos deuses e o Fado quiseram, 
minha pobre alma acolhei e de cruel pesadelo livrai-me. 
Vivi bastante e perfiz o caminho previsto dos Fados.
Cheia de glória, esta sombra ora baixa aos domínios subtérreos. 
Uma cidade grandiosa fundei, vi suas fortes muralhas; 
a meu esposo vinguei, castiguei um irmão inimigo. 
Muito feliz, ah! demasiadamente o seria se as naves 
desses guerreiros troianos aqui nunca houvessem chegado!
Disse. E no leito tocando com os lábios: Morremos inulta? – 
A voz passiva e os verbos depoentes 125
torna a falar – Pois morramos; assim baixarei para as sombras. 
Veja o Dardânio de longe o espetáculo desta fogueira, 
e na alma negra o presságio carregue da minha desgraça.
Disse. Mal tinha acabado, as donzelas caída a percebem 
por próprio impulso, no ferro. Tingidas de sangue espumante 
tinha ela as mãos. Do clamor das mulheres os átrios atroam.
Percorre a Fama a cidade aterrada, o ulular feminino, 
lamentações e gemidos, o pranto incontido de todas. 
Fremem os tetos; no alto o éter ressoa com tanto alarido, 
como se a própria Cartago ou a cidade de Tiro mais velha 
viessem por terra aos embates de turmas furiosas de imigos, 
em chama envoltas as casas, os templos derruidos dos deuses.
Despavorida, sem forças ouve Ana os clamores da turba; 
carpe-se, o rosto a arranhar, afeiando o gracioso semblante; 
corre, atropela as pessoas, por Dido a chamar, moribunda:
Este era, irmã, o sacrifício aprestado? Quiseste lograr-me?
Isto as fogueiras forjaram, a pira, os altares dos deuses?
De quê primeiro queixar-me, se a irmã não me quis ao seu lado 
no próprio instante da morte, associadas no mesmo destino? 
Uma só dor para as duas, um ferro, o minuto supremo! 
Com minhas mãos levantei esta pira, chamei pelos deuses 
pátrios, e tudo porque te finasses de mim afastada? 
Com tua morte, querida, mataste-me, ao povo, o senado, 
tua cidade sidônia. Dai-me água, porque lavar possa 
suas feridas. Se um simples vestígio de alento ainda mostre,
na minha boca o recolho. – Assim disse. E galgando a alta pira, 
no peito aperta a cabeça donosa da irmã moribunda. 
Entre gemidos, com o peplo afastava os cruores escuros. 
Com muito esforço, ao querer levantar a cabeça, de novo 
desfaleceu a Rainha. No peito a ferida estertora. 
Três vezes tenta sentar-se, apoiando-se nos cotovelos, 
três sobre o leito ela torna a cair. Com os olhos errantes, 
126 Língua Latina
busca no céu a luz bela do sol e, encontrando-a, suspira.
Foi quando Juno potente, apiedada da longa agonia,
da sua morte penosa, a Iris rápida enviou do alto Olimpo, 
para soltar aquela alma do nexo pesado dos membros, 
visto não ser decorrente este excídio do Fado ou de culpa 
muito pessoal; prematura e de súbito acesso tomada, 
ainda Prosérpina não lhe cortara da fronte o cabelo 
louro, nem sua cabeça votara às deidades do Inferno. 
Íris, então, orvalhadas as asas, no espaço desliza, 
sarapintadas as penas com o brilho do sol esplendente. 
Sobre a cabeça de Dido detém-se: – Cumprindo o mandado 
que recebi, te desligo do corpo e a Plutão vou levar-te. –
Assim falando, cortou com a direita o cabelo cor de ouro. 
Foi-se o calor, e nas auras o espírito logo diluiu-se.
(Eneida, IV, 582,703)
Atividades
1. Traduza as orações abaixo para o português:
a) uerba serui nuntiantur a poetā.
b) leges faciebantur ab antiquis hominibus.
 
 c) litterae falsae scriptae erant. 
d) a coquō cena parata est ingens.
A voz passiva e os verbos depoentes 127
10 Ennius, ou ênio, como é chamado em Português, foi um dos autores mais importantes do período do início da literatura latina, entre os 
séculos III e II a.C. Escreveu muitas obras, das quais apenas fragmentos restaram. Do que restou, os fragmentos de seu poema épico Anais nos 
mostram que ênio foi o primeiro autor da literatura latina a fazer uso do esquema métrico típico da poesia épica grega, o hexâmetro datílico, 
tipo de verso com o qual Homero escreveu a Ilíada e a Odisséia e Virgílio escreveu a Eneida.
e) bellum malum pugnabitur a populis amicis. 
f ) dominus multum locutus est cum seruo stulto.
2. Transforme as orações abaixo da voz ativa para a voz passiva e traduza o resultado. 
a) miles bonus pugnam ducit.
b) uir uxorem bellam uidebat. 
c) rex audax multos homines necauit. 
d) urbs diues praedones
timebit.
e) uulnera saggitārum senserant aquilae diuinae. 
3. Com a apresentação de praticamente todo o sistema verbal e de todas as formas nominais mais 
importantes, podemos dar início às atividades de tradução de textos originais e não-adaptados. 
Veremos inicialmente um trecho dos primórdios da literatura latina. Trata-se de um trecho de um 
dos fragmentos encontrados do poema épico que conta as origens de Roma do autor arcaico 
Quintus Ennius (239-169 a.C.).10 Traduza o texto, com o auxílio do glossário abaixo e do que já foi 
aprendido nas aulas. 
128 Língua Latina
proelia promulgantur:
pellitur e medio sapientia, ui geritur res; 
spernitur orator bonus, horridus miles amatur; 
ênio, Anais VIII, fr. 1 (247-249).
proelia: proelium 2n. “batalha, prélio”
promulgantur: voz passiva de promulgo 1 “tornar público”
pellitur: voz passiva de pello 3 “banir”
e: preposição ex + ablativo “para fora de”
medium 2n. “centro, meio”
sapientia 1f.
res 5f. “coisa, assunto”
geritur: voz passiva de gero 3
ui: ablativo singular de uis 3f. “força, violência”
spernitur: voz passiva de sperno 3 “desprezar”
amatur: voz passiva de amo
A voz passiva e os verbos depoentes 129
130 Língua Latina
Os pronomes 
em latim
Neste texto serão estudados os pronomes mais importantes do latim, juntamente com as estrutu-
ras que são formadas através deles, uma vez que essa classe de palavras é extremamente importante no 
latim. Naturalmente, alguns pronomes ficarão de fora, mas a declinação da maior parte deles é bastante 
regular e segue um padrão facilmente reconhecível. 
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais em latim são os seguintes:
Singular Plural Singular Plural Singular/Plural
Primeira pessoa Segunda pessoa Terceira pessoa
Nominativo ego nōs tū uōs –
Acusativo mē nōs tē uōs sē
Genitivo meī nostrum/nostrī tuī uestrum/uestrī suī
Dativo mihi (mī) nōbīs tibi uōbīs sibi
Ablativo mē nōbīs tē uōbīs sē
Sobre os pronomes pessoais, é importante aprender o seguinte:
Os pronomes de primeira e segunda pessoa frequentemente não são expressos da mesma for-::::
ma que o são em português. Assim, é a morfologia verbal que nos diz se um verbo tem sujeito 
de primeira ou segunda pessoa. Quando o pronome pessoal aparece na posição de sujeito, ele 
tem a função de dar ênfase ou foco no sujeito. Ou seja, uma oração como seruum habeo já possui 
a informação da pessoa verbal na morfologia do próprio verbo e, portanto, significa “Eu tenho um 
escravo”. Quando acrescentamos o pronome ego no nominativo a essa oração, o significado se al-
tera, e temos algo como “Eu mesmo tenho o escravo.” ou “Sou eu quem tem o escravo.” O mesmo 
acontece com as formas de segunda pessoa e também com as formas de plural. 
Não há em latim um pronome equivalente ao pronome pessoal de terceira pessoa (como :::: ele, 
ela). Essa função será preenchida pelos pronomes demonstrativos. As formas existentes de 
pronomes pessoais de terceira pessoa servem como pronomes reflexivos, sempre ligando-
se ao sujeito do verbo que induz ao uso do pronome. Um exemplo seria dominus se uidet “O 
senhor vê a si mesmo/se vê”, diferente de uma forma como dominus eum uidet “O senhor vê 
ele/o vê”, sendo que o “ele” aqui é necessariamente uma outra pessoa que não o senhor, e é 
representada pelo pronome eum, que veremos abaixo.
Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos são pronomes que declinam exatamente como qualquer adjetivo de 
primeira classe, ou seja, como multus, multa, multum. Vejamos as suas entradas de dicionário:
Primeira pessoa do singular: meus, mea, meum.
Segunda pessoa do singular: tuus, tua, tuum.
Primeira pessoa do plural: noster, nostra, nostrum (tema nostr-).
Segunda pessoa do plural: uester, uestra, uestrum (tema uestr-).
Reflexivo de terceira pessoa, singular e plural: suus, sua, suum.
É importante ter em mente as seguintes questões:
O pronome possessivo é como o possessivo na língua portuguesa “meu”, “teu”, “vosso” etc. e, da ::::
mesma forma que em português, pode ser usado como adjetivo (seruus meus “o meu escravo”) 
ou como substantivo (meus “o meu”). Quando usado sozinho (e, portanto, como substantivo), 
o pronome pode levar consigo a significação ligada ao número e gênero em que está, ou seja: 
mea = “a minha (mulher)”, tuus = “o teu (homem)”, uestra (neutro plural) = “as vossas coisas”.
O vocativo de :::: meus no masculino singular é a forma irregular mi.
O pronome possessivo reflexivo de terceira pessoa, assim como o pronome pessoal reflexivo, ::::
só se refere anaforicamente ao sujeito da oração.1
1 Ou seja, o referente do pronome é buscado atrás no texto.
132 Língua Latina
Pronomes interrogativos e indefinidos
Os pronomes interrogativos (quem? que? qual?) também podem ser usados como pronomes in-
definidos (alguém, algum), por isso os veremos como se fossem um só pronome. A possibilidade do uso 
do pronome interrogativo como adjetivo ou como substantivo (“Que homem fez isso?” = pronome adjeti-
vo vs. “Quem fez isso?” = pronome substantivo) e a possibilidade de algumas alternâncias nas formas dos 
pronomes por causa desses dois usos diferentes pode trazer alguma confusão. Por isso, sugerimos que 
esse pronome seja estudado com calma e damos alguns exemplos abaixo dos seus usos.
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo quī/quis quae/quis quod/quid quī quae quae
Acusativo quem quam quod/quid quōs quās quae
Genitivo cuius quōrum quārum quōrum
Dativo cui quibus
Ablativo quō quā quō quibus
Todas as formas em preto na tabela podem ser pronomes interrogativos adjetivos ou substanti-
vos. No entanto, nas células em que temos formas em negrito ou em tachado duplo, as em negrito são 
formas predominantemente adjetivas e as em tachado duplo, substantivas.
Vejamos alguns exemplos de orações com pronomes interrogativos adjetivos e substantivos (as 
formas negrito e tachado duplo continuarão sendo usadas para identificar, respectivamente, as formas 
adjetivas e as substantivas).
qui seruus stultior est quam Sōsia? “Que escravo é mais imbecil que Sósia?”
quis est stultissimus seruōrum? “Quem é o mais estúpido dos escravos?”
quae mulier regem amat? “Que mulher ama o rei?”
quis regem amat? “Quem ama o rei?” (note-se que, como pronome interrogativo substantivo, 
quis pode ser nominativo singular tanto masculino quanto feminino. Se essa oração for entendida como 
uma paráfrase da anterior, quis será uma forma feminina, que poderemos traduzir como “que mulher”. 
Fora de contexto, há ambiguidade.)
quem regina amat? “Quem a rainha ama?” (aqui, o quem é masculino singular e, portanto, pres-
supõe-se que esse “quem” seja equivalente a “que homem”)
quem regem regina amat? “Que rei a rainha ama?”
quam rex amat? “Quem o rei ama?” (“quem” = “que mulher”)
quam reginam rex amat? “Que rainha o rei ama?”
Uma forma possível desse pronome é a forma aliquis, aliqua, aliquid (substantivo) e aliqui, aliqua, 
aliquod (adjetivo), que significam “alguém, alguma coisa, algo, algum”, e que seguem exatamente a de-
clinação do interrogativo/indefinido quis/qui, quis/qua, quod/quid, mas com o infixo ali-. É destas formas 
que historicamente deriva o nosso pronome indefinido “alguém, algum, algo”.
Os pronomes em latim 133
Há ainda o pronome indefinido quidam, quaedam, quoddam “um, uma, um certo, uma certa” 
(usado quando um referente ainda não apareceu no texto, o mais próximo que o latim tinha do nosso 
artigo indefinido).
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo quidam quaedam quoddam / 
quiddam
quīdam quaedam quaedam
Acusativo quendam quandam quoddam / 
quiddam
quōsdam quāsdam quaedam
Genitivo cuiusdam quōrundam quārundam quōrundam
Dativo cuidam quibusdam
Ablativo quōdam quādam quōdam quibusdam
Como se pode notar, trata-se do
pronome qui, quae, quod (interrogativo) com o sufixo -dam, 
que dá a idéia de indefinição. As flexões das declinações estão antes da forma sufixada, que não varia, 
gerando um tipo de pronome que recebe flexão no meio da palavra. Por isso, por exemplo, há mudança 
fonética do tipo quem quendam, motivada pelo ponto de articulação da consoante d, que empresta 
seus traços para o som imediatamente anterior. 
Pronomes demonstrativos
Há diversos pronomes demonstrativos em latim, dos quais os mais comuns são os que servem 
para fazer referência anafórica a antecedentes textuais, cumprindo tanto as funções do nosso pronome 
pessoal de terceira pessoa (que, como vimos, não existe em latim), quanto as funções dos nossos de-
monstrativos esse, essa, esse, essa, este, esta, aquele, aquela, aquilo, aquele etc. 
Veremos inicialmente o pronome is, ea, id, que funciona tanto como “este, esta, isto” (junto de 
mim) quanto como “aquele, aquela, aquilo” (junto dele), além de servir como pronome átono anafórico 
“o, as, os, as”:
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo is ea id eī / iī eae ea
Acusativo eum eam id eōs eās ea
Genitivo eius eōrum eārum eōrum
Dativo eī eīs / iīs
Ablativo eō eā eō eīs / iīs
134 Língua Latina
Assim como os pronomes já vistos, os demonstrativos podem funcionar isolados (como substan-
tivos) ou juntamente com um nome (como adjetivos).2 Quando isolados, significam “esse homem”, “essa 
mulher”, “essa coisa/isso”, ou seja, pressupõem a existência de um substantivo que viria junto, mas que 
se dá apenas via marcação de número e gênero.
Passemos agora ao segundo demonstrativo, o pronome hic, haec, hoc, que possui a significação 
mais próxima do nosso “este, esta, isto (perto de mim)”.
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo hic haec hoc hī hae haec
Acusativo hunc hanc hoc hōs hās haec
Genitivo huius hōrum hārum hōrum
Dativo huic hīs
Ablativo hōc hāc hōc hīs
Esse pronome, assim como o is, ea, id, costuma funcionar como demonstrativo para coisas pró-
ximas do interlocutor e como anafórico de terceira pessoa. Ambos, em construções de sequência de vá-
rios antecedentes, referem-se ao que foi mencionado por último, ou seja, ao mais próximo do momento 
da fala (em oposição ao que foi mencionado primeiro, mais distante do momento da fala – em geral, ille, 
illa, illud “aquele, aquela, aquilo”, que veremos a seguir).
Vejamos então o pronome que costuma se referir como demonstrativo a algo mais próximo do 
locutor, ou seja, o nosso “esse, essa, isso (perto de ti)”. Trata-se do pronome iste, ista, istud. Vejamos a sua 
declinação:
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo iste ista istud istī istae ista
Acusativo istum istam istud istōs istās ista
Genitivo istīus istōrum istārum istōrum
Dativo istī istīs
Ablativo istō istā istō istīs
2 Essa questão, inclusive, apresenta uma das inadequações da gramática tradicional quando discute as definições das classes de palavras. 
Mais especificamente, quanto ao pronome, a gramática tradicional em geral costuma apresentar a definição “é a classe de palavras que substitui 
o nome”, que só é verdadeira em parte: quando funciona como um adjetivo, um pronome não substitui o nome, e sim funciona junto com ele, 
predica sobre ele, modifica-o. 
Os pronomes em latim 135
O pronome seguinte, naturalmente, será o que significa “aquele, aquela, aquilo (perto dele, 
dela)”. Trata-se do ille, illa, illud. Passemos à sua declinação:
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo ille illa illud illī illae illa
Acusativo istum istam illud illōs illās illa
Genitivo illīus illōrum illārum illōrum
Dativo illī illīs
Ablativo illō illā illō illīs
Este é o pronome que costuma ser usado apenas para coisas mais distantes do interlocutor, 
mais próximas de uma terceira pessoa do que do locutor ou do interlocutor. Este é, também, o pronome 
utilizado para se fazer referência ao referente mais afastado, quando há dois possíveis referentes. 
Vejamos alguns exemplos que envolvam vários demonstrativos:
a) is eam amat. Ele a ama. / Este (homem) ama esta (mulher).
b) is homo eam mulierem amat. Este homem ama esta mulher. 
c) ille seruus est. Aquele (homem) é um escravo. 
d) ille homo seruus est. Aquele homem é um escravo. 
e) rex seruum habet. hic pauper, ille diues est. O rei tem um escravo. Este é pobre, aquele é rico. 
Na primeira e na terceira frase, o pronome demonstrativo é usado isoladamente, como substan-
tivo, enquanto que na segunda e na quarta frases, ele modifica um substantivo e, portanto, funciona 
como adjetivo. Na última frase temos um exemplo do uso de pronomes demonstrativos correlativos 
em referências anafóricas aos referentes mais próximos (“este” = is, ea, id / hic, haec, hoc) versus os mais 
distantes (“aquele” = ille, illa, illud).
Pronomes relativos
Os pronomes relativos em latim se parecem bastante com as formas do interrogativo qui/quis, 
quae/quis, quod/quid. Vejamos as formas:
Singular Plural
Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
Nominativo quī quae quod quī quae quae
Acusativo quem quam quod quōs quās quae
Genitivo cuius quōrum quārum quōrum
Dativo cui quibus / quīs
Ablativo quō quā quō quibus / quīs
136 Língua Latina
Os pronomes relativos em latim funcionam exatamente como em português, com uma única 
diferença ligada a uma questão de concordância. Como as formas nominais latinas apresentam casos, 
deveremos aprender como os pronomes relativos recebem as informações de gênero, número e caso. 
 A função de um pronome relativo é possibilitar que uma expressão oracional seja transformada em 
um adjetivo de um substantivo de uma outra oração. Em termos mais simples, se na expressão “Lá está o es-
cravo pobre” a expressão adjetival em negrito funciona como adjetivo predicando algo a respeito da forma 
nominal “escravo”, dizendo que se trata de um escravo pobre, e não de qualquer outro escravo. Esta mesma 
expressão em negrito poderia ser reescrita como “que não tem dinheiro”, gerando uma sentença com um 
sentido muito próximo: “Lá está o escravo que não tem dinheiro.” Assim, a expressão incompleta “não tem 
dinheiro” pode ser aproveitada como uma expressão adjetiva se a expressão “que” unir “não tem dinheiro” a 
“escravo”, ligando as duas ao substantivo modificado. 
 Para começarmos a entender a maneira de construir as orações relativas em latim, passemos 
ao ponto mais importante: em português, há poucas variações possíveis para o “que” relativo: há for-
mas como “cujo, cuja, o qual, a qual”, que cumprem papéis importantes, a depender da função que 
exercem dentro da estrutura relativa. Por exemplo, na oração já dada como exemplo, o “que” em “que 
não tem dinheiro” funciona como sujeito do verbo “tem” da oração subordinada introduzida pelo 
“que”. O processo é mais ou menos o seguinte:
Lá está o escravo1. O escravo1 não tem dinheiro. Lá está o escravo1 [que1 não tem dinheiro]. (o 
número subscrito serve para mostrar que há correferencialidade entre os termos).
Uma oração relativa na qual o “que” fosse objeto direto poderia ser:
Lá está o escravo1. Eu vi o escravo1. Lá está o escravo1 [que1 eu vi ___ 1].
Transformando essas sentenças em sentenças latinas, perceberemos que o “que”, antes não flexio-
nado, precisará receber flexões de número, gênero e caso. Vejamos os exemplos:
Versão “que” de sujeito: 
ibi est seruus1. seruus1 pecuniam non habet. ibi est seruus1 [quī1 pecuniam non habet]. 
Versão “que” de objeto:
ibi est seruus1. uidi seruum1. ibi est seruus1 [quem1 uidi]. (Lá está o escravo. Eu vi o escravo Lá 
está o escravo q eu vi)
Como podemos perceber, no primeiro caso, usamos o quī pois o antecedente do pronome (a expres-
são que ele
retoma da oração principal, que, nos exemplos, aparece ligada a eles pelo índice numérico) é 
masculino e singular. O caso do pronome relativo, no entanto, não é dependente do seu antecedente, e 
sim da função que o pronome exerce dentro da oração relativa. Assim, no primeiro exemplo, temos quī no 
nominativo porque o pronome exerce a função de sujeito dentro da oração relativa e, no segundo, temos 
quem pois o pronome exerce a função de objeto direto dentro da oração relativa. O seguinte diagrama aju-
dará a entender melhor a atribuição de gênero, número e caso ao pronome relativo:
ibi est seruus1 [quī1 pecuniam non habet.]
 gênero: masculino
 número: singular 
 
 caso: nominativo
Os pronomes em latim 137
ibi est seruus1 [quem1 uidi.]
 gênero: masculino
 número: singular 
 
 caso: acusativo
 E agora um exemplo completamente diferente, com um novo tipo de pronome relativo:
ibi sunt feminae1 [quārum1 pecuniam uolo.]
 gênero: feminino
 número: plural 
 
 caso: genitivo
Nessa oração, temos um pronome relativo no genitivo, e a tradução poderia ser: “Lá estão as mu-
lheres cujo dinheiro eu quero.” ou “Lá estão as mulheres das quais eu quero o dinheiro.” 
Haverá, portanto, muitas possibilidades de construção de orações relativas, mas todas seguirão as 
regras básicas de construção: (i) o pronome recebe informação de número e gênero do seu antecedente e 
(ii) o pronome recebe informação de caso vinda da função que ele exerce dentro da oração relativa. 
Vejamos mais alguns exemplos de orações relativas:
rex dicit mala uerba [quae non audiui]. O rei disse palavras más, [as quais eu não ouvi]. (quae: 
acusativo plural neutro)
milites pugnant in agro [quō ambulo]. Os soldados lutam no campo [pelo qual eu caminho]. 
(quō: ablativo singular masculino)
rex uidit reginam [cui multa uerba dixit]. O rei viu a rainha [a quem disse muitas palavras]. (cui: 
dativo singular feminino) 
Assim, para encerrar esta aula que apresentou tantos pronomes aparentemente diferentes, seria 
importante fazer notar que, apesar de algumas diferenças no significado, que precisam ser aprendidas, 
e apesar das novas construções permitidas pelos pronomes, há muito na declinação deles que é comum 
à maioria dos pronomes e, portanto, o estudo das tabelas simultaneamente, procurando e anotando 
semelhanças e diferenças principais, pode trazer muito mais clareza sobre suas formas e usos. 
Texto complementar
Veremos a seguir uma cena de uma comédia latina muito famosa, o Anfitrião de T. Maccius Plautus 
(Plauto), nascido por volta de 254 a.C. e falecido por volta de 184 a.C. Essa comédia se inscreve na tradição 
da Comédia Nova latina, que imitava originais gregos da comédia de autores do século IV e III a.C., como 
Menandro, e faz parte do período de formação da literatura latina. O enredo desta comédia envolve perso-
138 Língua Latina
nagens mitológicos (Júpiter e Mercúrio) e personagens pertencentes ao ciclo tebano da mitologia grega: 
Anfitrião, casado com Alcmena, é general do rei Creonte de Tebas, e está liderando o exército contra os 
Teleboanos. Aproveitando-se desta ocasião, Júpiter, famoso por seus muitos casos extraconjugais, assume 
as feições do general e visita Alcmena, para com ela passar a noite mais longa de todas (Júpiter ordena 
que a deusa Noite permaneça até que ele ordene o contrário). Alcmena já estava grávida de Anfitrião, mas 
Júpiter a faz duas vezes grávida, e o filho que nasce dessa relação clandestina é nada menos que Hércules, 
o famoso herói grego. Para conseguir levar a cabo tal feito clandestino, Júpiter pede a Mercúrio, seu fiel 
ajudante neste tipo de empreitada, que se faça similar ao escravo da casa, o estúpido Sósia. Na cena que 
leremos abaixo, Sósia está retornando para casa para narrar a Alcmena a vitória do marido, e anunciar que 
em breve Anfitrião retornará. No entanto, Sósia encontra um símile de si que bloqueia sua entrada, en-
quanto, dentro da casa, um outro Anfitrião está com Alcmena. A cena é antológica, e Mercúrio conseguirá 
convencer Sósia de que ele deixou de ser ele mesmo. 
Essa peça foi tão lida, apreciada e imitada que até mesmo Camões tem um Auto dos Enfatriões e, 
no século XX, o dramaturgo brasileiro Guilherme Figueiredo escreveu uma peça ainda mais burlesca, 
chamada Um deus dormiu lá em casa. Entre as realizações mais interessantes desta peça, dado seu vigor 
e recepção posterior, estão as nominalizações do nome próprio Sósia, que passa a significar “o símile, o 
outro que é igual”, e do nome próprio Anfitrião, que passa a significar “aquele que recebe em sua casa”.
SÓSIA: Quem haverá mais audaz e mais confiante do que eu, que bem sei dos costumes da juventu-
de e que ando sozinho noite fora? Que vou eu fazer se os triúnviros me meterem na cadeia? Amanhã 
tiram-me da cela e levam-me para as chicotadas sem mesmo deixarem que me defenda; nenhum 
socorro tenho a esperar de meu dono e não haverá ninguém que não ache que mereço o castigo. 
Oito homens fortes malhariam em mim como se eu fosse uma bigorna. E era com esta hospitalidade 
que eu seria recebido ao regressar. Mas a tudo isto me obrigou a impaciência de meu amo que me 
levou a sair do porto, sem eu querer, ainda de noite. Não é verdade que ele me poderia ter mandado 
de dia? Mas é duro servir um homem rico. O escravo do opulento é o mais infeliz de todos. De noite e 
de dia tem sempre alguma coisa que se faça, alguma coisa que se tem de realizar ou de dizer, só para 
que se não esteja quieto. Um amo rico e que não tem experiência nem de trabalho, nem de fadigas, 
julga que se pode fazer tudo o que lhe vem à cabeça; pensa que tudo está certo e não se importa 
com o trabalho que possa dar. E nem vai sequer refletir se é justo ou injusto aquilo que mandou. É 
por isso que quem serve tem de esperar muita injustiça; mas é uma carga que se tem de suportar e 
de aguentar, qualquer que seja o trabalho que dê.
MERCÚRIO (à parte): O mais acertado era ser eu a queixar-me deste modo da servidão, sempre fui 
livre, exceto hoje. Mas a ele já o pai o fez escravo; nasceu servindo, e ainda se queixa. Mas realmente 
só sou escravo de nome.
SÓSIA: O que eu pensava ao chegar era dar graças aos deuses, era mostrar-lhes alguma gratidão 
pelos favores que me fizeram. Por Pólux! Se eles tencionassem recompensar-me pelos meus méritos 
com certeza arranjariam alguém para me partir a cara à chegada: de fato, sempre fui ingrato, nunca 
dei importância ao bem que me fizeram.
MERCÚRIO (à parte): Este faz o que não é costume: sabe o que merece.
Os pronomes em latim 139
SÓSIA: Aconteceu aquilo que eu não esperava, nem esperou nenhum dos nossos patrícios: voltar 
são e salvo à nossa terra. O exército regressa vitorioso, depois de derrotado o inimigo, depois de 
terminada esta enorme guerra e de destruir os adversários, que tinham causado tantos desastres 
ao povo tebano. A cidade foi vencida e tomada de assalto pelo ímpeto, pelo valor dos nossos sol-
dados sob o comando e a guia de meu amo, Anfitrião. Distribuiu aos seus concidadãos os despojos, 
as terras, e o cereal. E garantiu o seu trono a Creonte, rei de Tebas. Mesmo do porto mandou-me a 
casa, à sua frente, para anunciar tudo isso à mulher, a forma por que ele salvou o Estado com o seu 
comando, as suas ordens, a sua guia. E eu agora estou a pensar de que maneira lho hei de dizer 
quando chegar lá. Se eu disser mentiras, não procederei senão segundo o meu costume. Quando 
eles combatiam com toda a coragem, fugia eu o mais que podia e no entanto tenho de fingir que 
estive lá e contar-lhe o que ouvi. Mas o que eu desejo meditar a sós comigo é de que modo e com 
que palavras me convém mentir; o que eu vou fazer é falar assim.
Primeiro, logo que lá chegamos, e mal se desembarcou, escolheu Anfitrião os chefes principais e 
nomeou-os seus delegados, dando-lhes ordem de comunicar aos
teléboas as suas determinações: 
se eles quisessem, sem violência e sem guerra, entregar os raptores e o raptado, se restituíssem o 
que tinham levado, imediatamente ele faria regressar o exército, os argivos abandonariam o campo 
e ele lhes daria sossego e paz. Mas que se outra fosse a sua intenção, que se não dessem aquilo que 
ele pedia, ele então tomaria de assalto com toda a violência e todo o seu exército a sua cidade. 
Quando aqueles que Anfitrião tinha enviado disseram estas coisas por sua ordem aos teléboas, logo 
os outros, homens corajosos, confiados nas suas forças e no seu valor, e altivos, insultam os nossos 
delegados com toda a violência; respondem que podiam muito bem guardar-se pelas armas, a si e 
aos seus e que, portanto, tratassem de retirar o exército dos seus territórios, o mais depressa possí-
vel. 
Quando os delegados vieram comunicar isso, Anfitrião mandou sair imediatamente do acampa-
mento todo o seu exército; por seu lado os teléboas formam as suas legiões fora da cidade, todas 
equipadas de armas esplêndidas. Depois que duma banda e doutra saiu uma grande quantidade 
de gente, ficaram dispostos os homens e ficaram dispostas as formações: nós dispusemos as tro-
pas segundo a nossa maneira, o nosso costume, e por seu turno fazem o mesmo os Inimigos com 
as legiões que lhes pertencem. Depois ambos os comandantes se dirigem ao meio para além das 
linhas e falam um com o outro; concordam em que os vencidos nesta batalha entreguem a cidade, 
o campo, os altares, os lares, e a si próprios se entregam. Depois de feito isto, soam as trombetas de 
um e de outro lado e em resposta a terra ecoa; levanta-se um clamor de ambos os lados e de ambos 
os lados faz o general seus votos a Júpiter e exorta o seu exército.
Então cada um mostra aquilo que pode o seu valor, e fere com o ferro; passam os dardos, reboa o 
céu com o clamor dos homens; forma-se uma nuvem com o seu fôlego, o seu bafo; caem prostrados 
pela violência das feridas e dos encontros. Finalmente, como era nossa vontade, o nosso exército 
sai vencedor; os inimigos caem em grande número, e os nossos se lançam ao ataque. Vencemos 
pela nossa coragem terrível. Todavia, ninguém se põe em fuga, ninguém recua do seu lugar, mas ali 
combate; prefere morrer a recuar um passo; cada um fica jazendo no lugar em que estivera e morre 
no seu posto. Logo que Anfitrião, meu amo, viu tudo isto, imediatamente mandou a cavalaria atacar 
pela direita. Os cavaleiros obedecem logo e com grande clamor, com violento ímpeto, voam pela 
direita e derrotam, destroem com toda a justiça as injustas tropas inimigas.
140 Língua Latina
MERCÚRIO (à parte): Até agora ainda ele não disse mentira nenhuma: eu e meu pai estávamos lá, 
enquanto se combatia.
SÓSIA: Os inimigos põem-se então em fuga, o que aumenta o ardor dos nossos; os teléboas que 
fugiam ficam com os corpos cobertos de dardos e o próprio Anfitrião matou com suas mãos el rei 
Ptérela. Combateu-se desde manhã até à noite, coisa que me lembro perfeitamente porque nesse 
dia não jantei. Por fim, a noite chegou e com sua intervenção decidiu o combate. No dia seguinte, 
vieram os chefes inimigos, da cidade para o acampamento para falar conosco; vinham chorando e, 
erguendo as mãos, pediam que lhes perdoássemos os seus erros. E todos eles se entregam, com os 
seus bens, com os seus deuses, com a cidade e com os filhos, ao arbítrio e à vontade do povo tebano. 
Depois foi entregue a meu amo, Anfitrião, por causa de sua coragem, uma taça de ouro por onde o 
rei Ptérela costumava beber. É isto o que eu vou dizer à senhora. E agora tenho de cumprir as ordens 
de meu amo e de entrar em casa.
MERCÚRIO (à parte): Que é lá isso? Entrar em casa? Vou-lhe já ao encontro. Hoje não vou deixar que 
este homem entre em casa e como tenho o seu aspecto acho que vou brincar um bocado com ele. 
E, assim como lhe tomei a forma e as ocupações, também tenho que praticar os mesmos feitos e 
mostrar os mesmos costumes. Tenho de ser ruim, esperto, astuto e de afastá-lo da porta com a ma-
lícia, que é a sua arma especial. Mas que é isso? Está a olhar para o céu! Vou ver o que é que ele está 
a fazer.
SÓSIA: O que eu sei, ao certo, por Pólux, se há alguma coisa que eu realmente saiba ao certo, ou 
creia saber, é que me parece que esta noite Vésper se embriagou e se deixou dormir. Efetivamente 
nem as estrelas da Ursa se mexem no céu, nem a lua se move do lugar onde nasceu. Nem Orionte, 
nem Vênus, nem as Plêiades vão para o poente. Todas as estrelas estão paradas e a noite não cede 
o lugar ao dia.
MERCÚRIO (à parte): Vamos, noite, continua como começaste, faze a vontade a meu Pai; fazes otima-
mente uma coisa ótima a uma ótima pessoa. Vais ver como ganhas!
SÓSIA: Eu acho que nunca vi noite maior do que esta, a não ser quando estive pendurado a apanhar 
chicotadas. No entanto, por Pólux! esta noite ainda me parece maior. Por Pólux! acho que o sol está 
dormindo por ter bebido em excesso e muito me admiraria se ele não tivesse ceado hoje um boca-
dinho a mais.
MERCÚRIO (à parte): Ah é isso o que tu dizes, meu patife! Julgas que os deuses são iguais a ti? Por 
Pólux! hoje é que eu te vou dar o que mereces pelos teus ditos e malefícios, grande malandro! Anda 
cá, se queres ver o que te acontece.
SÓSIA: Onde estão esses pândegos que ficam deitados sozinhos e de má vontade? Isto é que é noite 
para se passar com moças e lhes fazer ganhar dinheiro!
MERCÚRIO (à parte): Então meu Pai está a proceder muito bem segundo a opinião deste homem, 
visto que está deitado com Alcmena, abraçando-a e amando-a, segundo sua vontade.
SÓSIA: Pois lá vou, segundo as ordens de meu amo, a dar a notícia a Alcmena. (Percebendo Mercúrio.) 
Mas que homem é esse que eu vejo, assim de noite, diante da porta? Não me agrada nada.
MERCÚRIO (à parte): Nunca vi ninguém com tanto me do.
Os pronomes em latim 141
SÓSIA (à parte): Quem será? Vem-me agora à idéia que ele é capaz de julgar que tem algum conserto 
a fazer-me no manto.
MERCÚRIO (à parte): O homem está com medo; vou brincar com ele.
SÓSIA (à parte): Estou perdido! Até tenho comichão nos dentes! Acho que ele me vai mesmo rece-
ber a soco! Naturalmente por bondade: como o amo me deu ordem de ficar acordado, ele me fará 
dormir com os punhos. Ai que estou mesmo morto! Por favor! Por Hércules! Que tamanho! Como é 
forte!
MERCÚRIO (à parte): Agora vou falar alto para ele ouvir o que digo, o que o fará ter um medo ainda 
muito maior. (Alto.) Vamos, punhos! Já há muito tempo que vós não dais comida para a barriga; e 
já me parece que foi há muito tempo, quando foi ontem, que vós pusestes a dormir, e nus, aqueles 
quatro homens.
SÓSIA (à parte): Do que eu estou com medo é de ter que mudar de nome e passar de Sósia a Quin-
to4. Ele gaba-se de ter feito adormecer quatro homens! Estou com muito receio de ir aumentar o 
número!
MERCÚRIO (na atitude de quem se prepara para bater): Olá! Vamos embora! Toca a recebê-lo!
SÓSIA (à parte): Já está a arregaçar-se, já está a preparar-se!
MERCÚRIO (à parte): Quem apanhar, não agüenta! 
SÓSIA (à parte): Mas quem?
MERCÚRIO: Quem vier, seja quem for, há de comer-me os socos!
SÓSIA (à parte): O quê? Agora assim de noite? Não! Acabei de cear, o melhor é tu ires oferecer essa 
ceia a quem esteja com fome!
MERCÚRIO (à parte): O peso deste punho não é nada mau.
SÓSIA (à parte): Estou perdido! Está pesando os punhos!
MERCÚRIO: E se eu lhe tocar um bocadinho, a ver se ele dorme?
SÓSIA (à parte): Isso é que era favor! Há três noites seguidas que estou acordado.
MERCÚRIO: Mas isto é uma coisa horrível! Esta mão não sabe senão bater à bruta; Será que tem sem-
pre que ficar doutro feitio tudo aquilo em que tocas?
SÓSIA (à parte): Então este homem não se vai pôr a trabalhar em mim? Quer fazer-me outra cara...!
MERCÚRIO (à parte): Cara em que tu bateres a jeito, tem de ficar logo sem ossos!
SÓSIA (à parte): Olha agora!
Está pensando em tirar-me os ossos, como se eu fosse uma moréia! 
Oxalá estivesse bem longe quem assim desossa gente! Se ele me vê, estou perdido!
MERCÚRIO (à parte): Sinto o cheiro dum desgraçado! 
4 Quinto era efetivamente um nome próprio romano e designava primitivamente o quinto filho.
142 Língua Latina
SÓSIA (à parte): Será que eu deitei algum fedor?
MERCÚRIO: Acho que não deve estar longe. (Com ironia ameaçadora:) E já esteve longe...
SÓSIA (à parte): Mas este homem adivinha! 
MERCÚRIO (à parte): Até as mãos já mexem!
SÓSIA (à parte): Pois se as vais exercitar em mim, o melhor era amansá-las primeiro na parede.
MERCÚRIO (à parte): Houve uma voz que voou até aos meus ouvidos.
SÓSIA (à parte): Ai que pena que foi não lhe ter cortado as asas; tenho voz de pássaro!
MERCÚRIO (à parte): Parece que este homem veio procurar carga para o burro.
SÓSIA (à parte): Mas eu não tenho burro nenhum!
MERCÚRIO (à parte): Pois vai levar uma carga de socos!
SÓSIA (à parte): Estou cansado do navio que me trouxe aqui; ainda sinto o enjôo. Mal posso andar. 
Como é possível que ainda me queiram carregar.
MERCÚRIO (à parte): Não sei quem anda a falar por aqui.
SÓSIA (à parte): Estou Salvo. Ele não me vê. Julga que anda a falar o Não-sei-quem. Ora, eu chamo-
me Sósia.
MERCÚRIO (à parte): Parece que a voz me chegou agora da direita.
SÓSIA (à parte): Se a voz lhe chegou da direita, lá me vai ele chegar a mim em vez de à voz.
MERCÚRIO: Ora muito bem, aqui vem ele.
SÓSIA (à parte): Estou cheio de medo, estou entorpecido de todo. Se alguém me perguntasse eu 
nem poderia dizer em que lugar estou da terra; e ai de mim, é tanto o medo que nem me posso 
mexer! Lá morrem juntos Sósia e os recados do amo! Mas o que tenho de fazer é de lhe replicar com 
coragem; talvez eu lhe pareça bastante forte para não me pôr as mãos.
(Anfitrião, ato II, cena I)
Os pronomes em latim 143
Atividades
1. Com o poema de Catulo abaixo podemos estudar vários tipos de pronomes. Leia atentamente o 
texto e procure identificar a forma dos pronomes grifados (dando número, caso, gênero e tipo):
Miser Catulle, desinas ineptire,
et (1) quod uides perisse perditum ducas.
Fulsere quodam candidi tibi soles, 
cum uentitabas quo puella ducebat
amata nobis quantum amabitur nulla. 
Ibi illa multa tum iocosa fiebant, 
(2) quae tu uolebas nec puella nolebat. 
Fulsere uere candidi tibi soles.
Nunc iam illa non uolt; tu quoque, inpotens, 
noli, nec (3) quae fugit sectare, nec miser uiue, 
sed obstinata mente perfer, obdura. 
Vale, puella. Iam Catullus obdurat, 
nec te requiret nec rogabit inuitam; 
at tu dolebis, cum rogaberis nulla. 
Scelesta, uae te; (4) quae tibi manet uita! 
(5) Quis nunc te adibit? (6) Cui uideberis bella? 
(7) Quem nunc amabis? (8) Cuius esse diceris? 
(9) Quem basiabis? (10) Cui labella mordebis? 
At tu, Catulle, destinatus obdura.
Meu pobre Catulo, põe um termo neste delirar
e considera perdido (1) o que vês que se 
perdeu. 
Em tempos passados sóis luminosos brilharam 
quando tu, constantemente, corrias para onde 
te chamava a jovem por nós tão amada 
quanto nenhuma outra será jamais amada. 
Nestes encontros então aconteciam aqueles 
inumeráveis momentos de prazer: (2) o que 
tu querias a jovem também não o deixava de 
querer. 
Sóis luminosos realmente brilharam para ti. 
Hoje, porém, ela já não quer mais.
Também tu, incapaz de te conteres, não 
queiras mais, 
não persigas (3) aquela que te foge, não vivas 
infeliz, mas conserva inflexível teu espírito, 
resiste. 
Adeus, minha jovem amiga, Catulo já resiste, 
não mais irá te procurar, não mais te convidará 
a um encontro, se não o desejares. 
Mas tu chorarás quando não mais fores 
solicitada. 
Ai de ti, infeliz. (4) Que vida te está reservada? 
(5) Que homem irá ter contigo? 
(6) A quem parecerás bela? 
Agora (7) a quem amarás? 
(8) A quem dirão que pertences? (9) A quem 
beijarás? 
(10) De quem morderás os lábios? 
Mas tu, Catulo, resiste.
144 Língua Latina
2. Preencha a tabela abaixo com as formas flexionadas corretas dos pronomes de acordo com o 
substantivo com o qual eles devem concordar, dado na primeira coluna. Cuidado com as possíveis 
ambigüidades. 
is, ea, id hic, haec, hoc ille, illa, illud iste, ista, istud qui, quae, quod
feminam
dominōrum
miles
seruīs
uerba
aedī
3. Traduza as seguintes orações:
a) regina se amat.
b) ille coquus tibi haec uerba dixit.
c) ille seruus suum regem non uidet. 
d) eae aedes dabuntur militibus quī bene pugnant. 
e) nōs necamus hostes quōs uidimus.
Os pronomes em latim 145
Conjunções:
coordenação e subordinação
Aqui veremos as principais conjunções, divididas em dois tipos básicos: as coordenativas e as 
subordinativas. As conjunções coordenativas serão vistas com exemplos de sentenças em latim, já as 
conjunções subordinativas serão analisadas conforme o tipo de estrutura de subordinação, que serão 
explicadas separadamente. Veremos ainda um tipo especial de subordinação feita sem o uso de conjun-
ções, que estabelece o tipo de construção chamada “acusativo com infinitivo”.
 Conjunções
A classe de palavras das conjunções se constitui de palavras que jamais se flexionam e que têm 
como função ligar duas estruturas do mesmo tipo. Por exemplo, uma conjunção como “e” pode ligar um 
substantivo a outro, um verbo a outro, uma sentença a outra. A maior parte das conjunções que vere-
mos liga sentenças (completas ou incompletas) entre si. Muitas das conjunções que estudaremos aqui 
podem ser aproximadas do seu equivalente em português, ou pelo uso ou pela etimologia.
Conjunções coordenativas
As conjunções coordenativas são aquelas que ligam duas orações, mas mantêm relativa inde-
pendência sintática entre elas. Quando dizemos “Pedro comeu.” e “Pedro dormiu.” temos duas sentenças 
isoladas, que podemos ligar por uma conjunção “e”, gerando uma sentença que ainda mantém a inde-
pendência das duas orações: “Pedro comeu e dormiu.” Esse tipo de coordenação, portanto, estabelece 
algumas relações simples, como adição, contraste, disjunção, conclusão ou causa/explicação. O resulta-
do pode ser separado em duas sentenças sintaticamente completas. 
Conjunções aditivas
a) et, ac, -que, atque: “e”
Essas conjunções são as conjunções coordenativas simples que significam “e”. Vejamos exemplos:
seruum et dominum uideo. Eu vejo o escravo e o senhor. 
seruum dominumque uideo. Eu vejo o escravo e o senhor. 
O segundo exemplo nos mostra uma característica interessante da conjunção -que. Trata-se, na 
verdade, de uma espécie de sufixo que, acrescentado ao último elemento de uma lista, funciona como 
a conjunção “e” da língua portuguesa. Como partícula enclítica ligada ao elemento coordenado, o -que 
modifica o padrão acentual da palavra à qual se liga, pois passa a ser a última sílaba, atraindo o acento 
para a penúltima. Assim, por exemplo, o acento em dóminum, antes na antepenúltima, agora cai em do-
minúmque, uma vez que o encontro consonantal mq transforma a vogal anterior em vogal longa, o que 
favorece a atribuição do acento para uma penúltima sílaba quando longa. 
b) etiam, quoque, et: “também”
A conjunção quoque aparece, via de regra, após a primeira palavra da sentença. A conjunção et 
com sentido de “também” pode ser distinguida daquela com sentido de “e” quando aparece na primeira 
posição de uma sentença, sem ligar dois ou mais elementos. Vejamos exemplos:
domini diuites sunt. reges quoque. / et reges. Senhores são ricos. Reis também. 
c) nec, neque: “nem”, “e não”
seruum non uideo nec dominum uoco. Não vejo o escravo nem chamo o senhor. 
d) et... et: “tanto... quanto”
Esta sequência, como várias outras sequências de conjunções, constitui o que chamamos de con-
junções correlativas, pois estabelece um tipo de significado sempre que as duas conjunções integrantes 
da sequência ocorrem
no mesmo período. Nesse caso, temos ainda mais um uso da mesma conjunção 
et. Vejamos um exemplo:
et seruum et dominum uideo. Vejo tanto o escravo quanto o senhor. 
e) cum... tum, non solum... sed etiam: “não só... mas também...”
Trata-se de ainda outras correlativas aditivas. Vejamos um exemplo:
non solum milites hostes pugnauerunt, sed etiam eos necauerunt. Não somente os soldados 
lutaram contra os inimigos, mas também os mataram. 
 Conjunções adversativas
a) at, sed, uerum: “mas”, “mas, pelo contrário,...”
Essas são as conjunções adversativas mais básicas, correspondentes ao nosso “mas”. Vejamos um 
exemplo:
serui pauperes sunt, sed habent diuites dominos. Escravos são pobres, mas têm senhores ricos. 
b) uero, autem, tamen: “porém, todavia”
148 Língua Latina
A conjunção autem é mais um exemplo de conjunção pospositiva, como quoque, ou seja, ela apa-
rece como segunda palavra de uma oração. Exemplo:
milites boni sunt. ego autem eos timeo. Militares são bons. Eu, porém, os temo. 
Conjunções disjuntivas
a) aut, uel, siue, -ue: “ou”; seu... seu: “ou... ou”, “quer... quer”
Essas são as conjunções que significam “ou” em português. A nossa palavra “ou”, como percebe-
mos, inclusive, descende diretamente da forma aut (assim como o nosso “e” é claramente derivado do 
et latino). Assim como a forma enclítica aditiva -que “e”, o -ue é uma partícula acrescentada ao final do 
último elemento da disjunção. Vejamos dois exemplos com o mesmo significado:
argentum aut aurum uolo.  Eu quero prata ou ouro. 
argentum aurumue uolo.  Eu quero prata ou ouro. 
Conjunções conclusivas
a) ergo, igitur: “portanto, logo”
A conjunção igitur também faz parte do conjunto das conjunções que aparecem na segunda po-
sição da oração, como autem e quoque. Vejamos exemplos de uso dessas conjunções conclusivas:
cogito ergo sum. Penso, logo existo. 
seruus dominum timet. ille igitur fugit. O escravo teme o senhor. Portanto, ele foge. 
Conjunções causais / explicativas 
a) nam, enim: “pois”, “porque”
Dessas duas conjunções importantíssimas, enim também é pospositiva, e aparece sempre na se-
gunda posição da sentença. Vejamos exemplos de conjunções coordenativas causais:
ille rex filios non habet, nam regina non uult. Aquele rei não tem filhos, pois a rainha não quer. 
Conjunções subordinativas
As conjunções subordinativas são aquelas que fazem com que uma expressão sentencial passe a 
ser parte de outra, de modo a termos uma oração que chamamos de “principal” e outra que chamamos 
de “subordinada”. A diferença principal entre as orações coordenadas por conjunções e as subordinadas 
é que, no caso destas últimas, se separarmos as duas orações, elas não farão sentido sintático completo 
sozinhas. No caso das coordenadas, é mais provável que elas possam fazer sentido sozinhas, como vi-
mos anteriormente. 
Conjunções: coordenação e subordinação 149
As conjunções subordinativas precisam ser aprendidas juntamente com o modo do verbo da 
oração subordinada. Muitas orações subordinadas levam os verbos sempre no subjuntivo, de maneira 
a nos fazer dizer, inclusive, que o subjuntivo é o caso da subordinação. Há, no entanto, alguns tipos de 
orações subordinadas que podem ter seus verbos no indicativo. Vejamos abaixo os tipos principais.
Conjunções condicionais
a) si “se”, sin “mas se”, siue “seja que”, nisi “se não, a não ser que”, dum “contanto que”
Orações condicionais relacionam duas expressões, de modo que se considere uma como condi-
ção para que o evento expresso pela outra se realize. Podem se construir basicamente de duas manei-
ras: com verbos no indicativo ou no subjuntivo. Vejamos as diferenças principais:
Com verbos no indicativo, o significado do condicional envolve situações reais, que podem acon-
tecer.
si dominus seruum uidet, eum uerberat.  Se o senhor vê o escravo, castiga-o. 
Com verbos no subjuntivo, os significados do condicional podem ser variados, e envolvem situa-
ções irreais ou desejadas. Vejamos exemplos:
si canis felem mordeat, laetus sit.  Se o cão morder o gato, ficará feliz. [E ele poderá fazê-lo a 
qualquer momento.]
Os verbos no presente do subjuntivo dão idéia de possibilidade, e a tradução em português 
reflete essa possibilidade.
si canis felem morderet, laetus esset.  Se o cão mordesse [agora] o gato, ele estaria feliz. [Mas ele 
não está mordendo.]
Os verbos aqui no imperfeito do subjuntivo dão idéia de irrealidade, uma vez que o evento não 
aconteceu, mas poderia acontecer e, se acontecesse, teria as consequências da oração condicional. 
si canis felem momordisset, laetus fuisset.  Se o cão tivesse mordido o gato, teria ficado feliz. 
[Mas ele não mordeu, e fez qualquer outra coisa, ou não é mais possível mordê-lo.]
Os verbos aqui no mais-que-perfeito do subjuntivo expressam a idéia de que o evento considera-
do na oração principal não pode mais se realizar, de forma que se trata de algo impossível, irreal, apenas 
desejado. 
Conjunções causais
As conjunções subordinativas causais como cum, quia, quod relacionam uma expressão a outra, 
estabelecendo entre elas a relação de causalidade, de modo que uma das duas orações é a causa ou 
motivo pelo qual se deu o evento expresso pela outra. 
a) cum: “como”, “uma vez que”
Essa conjunção constrói-se basicamente com subjuntivo. Vejamos um exemplo:
cum felem non uidisset, canis eum non momordit. Como / uma vez que não visse o gato, o cão 
não o mordeu. 
150 Língua Latina
b) quod, quia, quoniam: “quando”, “porque”, “uma vez que”, “já que”
Essas conjunções causais constroem-se basicamente com indicativos. Exemplo:
canis felem non momordit quia eum non uidit. O cão não mordeu o gato porque não o viu. 
Conjunções consecutivas 
As conjunções consecutivas também podem ser chamadas de resultativas, pois colocam duas 
orações em relação de que uma exprime um evento que foi determinante para o acontecimento do 
evento denotado pela outra. Constroem-se com o modo subjuntivo. 
a) ita, sic, tam... ut: “tanto/tão... que”
tam fortis erat ut omnes eum timuissent. Era tão forte que todos o temiam. 
Conjunções finais
As conjunções subordinativas finais são responsáveis por dar a idéia de que o evento denotado 
pela oração principal foi realizado para que o da subordinada pudesse vir a se realizar. 
a) ut: “para”, “para que”, ne: “para que não”
A conjunção ut com sentido final constrói-se com o subjuntivo, e a forma ne é sua forma negativa. 
A depender do tempo da oração principal, o subjuntivo da oração subordinada também sofrerá mu-
danças. Vejamos alguns exemplos:
canis felem petit ut eum mordeat. (presente do indicativo + presente do subjuntivo) O cão pro-
cura o gato para que o morda / para mordê-lo.
canis felem petiuit ut eum morderet. (perfeito do indicativo + imperfeito do subjuntivo) O cão 
procurou o gato para que o mordesse. 
Um exemplo na negativa:
felis non uenit ne morditus esset a cane. (subjuntivo imperfeito passivo) O gato não veio para 
que não fosse mordido pelo cão. 
Conjunções concessivas
As conjunções concessivas mais importantes são quamquam e quamuis, que expressam a idéia 
de que um certo evento da subordinada ocorre mesmo que ou apesar de um outro evento ocorrer. 
a) quamquam: “embora” + indicativo
Essa preposição concessiva ocorre no indicativo em latim. Em português, basicamente, as idéias 
concessivas são expressas pelo modo subjuntivo. Vejamos um exemplo:
quamquam felis celer est, eum canis mordet. Embora o gato seja rápido, o cão o morde. 
b) quamuis: “embora” + subjuntivo
quamuis felis celer sit, eum canis mordet. Embora o gato seja rápido, o cão o morde. 
Conjunções: coordenação e subordinação 151
Percebemos, contrastando o uso das duas conjunções concessivas mais importantes, que ambas 
acabam sendo traduzidas da mesma forma, em virtude de em português usarmos o subjuntivo
com 
orações concessivas. 
Conjunções comparativas
As conjunções comparativas estabelecem relações simples de comparação entre duas orações. 
Uma delas, o quam, já conhecemos como conjunção que geralmente acompanha as construções de 
adjetivos comparativos. 
a) ac, atque, ut: “como”, “assim como”
seruum malus est ut serui mali solent esse. O escravo é mau como costumam ser maus os escravos. 
b) ut si, uelut si, quasi: “como se” 
seruum uerberat ut si malus esset. Ele castiga o escravo como se fosse mal. 
Conjunções temporais 
As conjunções temporais estabelecem relações de simultaneidade, duração, anterioridade e 
posterioridade entre eventos. Algumas pedem o modo indicativo, outras o subjuntivo.
a) cum, ubi: “quando”
Essas duas conjunções constroem-se com o indicativo. Como vimos anteriomente, cum pode se 
construir com subjuntivo quando possui significado concessivo (e, de certa forma, também temporal), 
mas, no uso temporal mais simples, usa-se o indicativo. Vejamos um exemplo:
cum/ubi felis peruenit, canis eum momordit. Quando o gato chegou, o cão o mordeu. 
b) dum, donec + indicativo: “enquanto” 
Diferentemente de ubi e cum, essas conjunções temporais dão a idéia de simultaneidade de even-
tos, e, com esse sentido, constroem-se com indicativo. Exemplo:
dum dominus dormit, seruus laborat. Enquanto o senhor dorme, o escravo trabalha. 
c) dum, donec + subjuntivo: “até que”
Com o subjuntivo, essas conjunções dão idéia de que o evento da oração principal se estende até 
que o evento da subordinada aconteça e, juntamente com isso, podemos ter a idéia de que se espera ou 
se tem intenção de que o evento que ainda não chegou venha a acontecer. Vejamos alguns exemplos:
mane dum redeam. Espere até que eu volte. [E eu tenho intenção de voltar.]
canis felem mordebit donec fugiat. O cão morderá o gato até que ele fuja. 
d) antequam, priusquam “antes (que)”, postquam “depois (que)”
Essas conjunções temporais expressam relações de anterioridade e posterioridade entre os eventos 
da principal e da subordinada. O modo utilizado é basicamente o subjuntivo. Vejamos alguns exemplos:
seruus fugit antequam dominus eum uiderem. O escravo fugiu antes que o senhor o visse. 
postquam felem inuenit, canis eum momordit. Depois que encontrou o gato, o cão o mordeu. 
152 Língua Latina
A questão da subordinação sem conjunção: 
o acusativo com infinitivo 
Uma maneira muito peculiar de se fazer subordinação em latim é a que chamamos de acusativo 
com infinitivo. Trata-se de uma construção em que a oração subordinada não é introduzida por nenhuma 
conjunção, e a expressão inteira subordinada ao verbo da oração principal funciona como um objeto 
direto dele, de forma que o substantivo sujeito da oração subordinada recebe caso acusativo, e o verbo 
da oração subordinada, sem conjunção para fazer com que ele se flexione, mantém-se no infinitivo. 
Vejamos um exemplo simples:
nolo canem mordere felem. Literalmente: Eu não quero o cão morder o gato. 
No entanto, como esse tipo de expressão literal da tradução não é comum em português, e pode 
inclusive resultar em expressões agramaticais, procuramos dar uma tradução para essas sentenças 
que seja mais próxima do tipo de construção subordinativa que fazemos em português. Portanto, da 
expressão literal acima faremos:
nolo canem mordere felem. Eu não quero que o cão morda o gato. 
Analisando mais detidamente a construção toda, podemos pensar em toda a oração subordinada 
como objeto direto do verbo da oração principal, da seguinte forma:
uolo [canem mordere felem]
Verbo da oração 
principal
Sujeito da 
subordinada no 
acusativo
Verbo da 
subordinada no 
infinitivo
Objeto direto 
do verbo da 
subordinada
Vários tipos de verbos exigem esse tipo de construção. Basicamente, o verbo uolo e seus deriva-
dos, como vimos acima, é um dos mais comuns. Outros tipos comuns são os verbos de ordem, como 
iubeo “ordenar, mandar”, e os verbos de introdução de discurso indireto, como os verbos de dizer, de 
sentir, de pensar, de achar, como dico “dizer”, sentio “sentir”, puto “pensar, achar”, opinor “opinar, achar”.
Vejamos alguns exemplos:
dominus iubet [seruum adire ad agrum]. O senhor ordena [que o escravo vá até o campo]. 
dominus dixit [seruos esse stultos]. O senhor disse [que escravos são estúpidos].
seruus sentit [dominum malum esse]. O escravo sente [que o senhor é mau].
milites putant [hostes fugisse]. Os soldados acham [que os inimigos fugiram].
hostes opinantur [duces pugnaturos esse milites]. Os inimigos acham [que os chefes lutarão 
contra os soldados].
Sobre os últimos dois exemplos, é importante notar que o penúltimo apresenta um infinitivo 
perfeito e o último, um infinitivo futuro. O que os infinitivos presentes, perfeitos e futuros fazem dentro 
de uma subordinada de acusativo com infinitivo não é carregar o tempo do acontecimento do evento 
denotado pelo infinitivo, mas, por outro lado, colocar esse evento em relação ao tempo denotado pelo 
Conjunções: coordenação e subordinação 153
verbo da oração principal. Dessa forma, se o tempo da oração principal é presente, os tempos da subor-
dinada serão relativos a ele da seguinte forma: 
infinitivo presente: simultâneo
infinitivo perfeito: anterior
infinitivo futuro: posterior
Assim, uma mesma oração principal pode ter na subordinada infinitivos dos três tipos, resultando 
no seguinte:
dominus dicit [seruum currere]. O senhor diz [que o escravo está correndo]. 
dominus dicit [seruum cucurrisse]. O senhor diz [que o escravo correu].
dominus dicit [seruum cursurum esse]. O senhor diz [que o escravo correrá].
Se trocarmos o tempo do verbo da oração principal, mantendo os infinitivos da subordinada 
exatamente como eles estão, perceberemos que o “tempo” do infinitivo nada mais é do que um esta-
belecedor de relação aspectual, ou seja, de simultaneidade, anterioridade e posterioridade. Vejamos 
primeiramente com o verbo da oração principal no passado:
dominus dixit [seruum currere]. O senhor disse [que o escravo estava correndo]. 
dominus dixit [seruum cucurrisse]. O senhor disse [que o escravo tinha corrido].
dominus dixit [seruum cursurum esse]. O senhor disse [que o escravo correria].
E finalmente com o verbo da principal no futuro:
dominus dicēt [seruum currere]. O senhor dirá [que o escravo está/estará correndo]. 
dominus dicēt [seruum cucurrisse]. O senhor dirá [que o escravo terá corrido].
dominus dicēt [seruum cursurum esse]. O senhor dirá [que o escravo estará por correr].
Texto complementar
No trecho seguinte da peça Anfitrião, de Plauto, Mercúrio e Sósia finalmente começam a conver-
sar e o deus tentará convencer o escravo de Anfitrião, por meio de violência, de que este perdeu a sua 
identidade. Sósia, demorando a se convencer, tentará convencer o deus de que é mesmo Sósia, e de que 
precisa anunciar a Alcmena, futura mãe de Hércules, as novas sobre a guerra. 
MERCÚRIO: Para onde vais tu, que assim levas Vulcano metido num chifre?
SÓSIA: Que queres tu que andas aos socos a tirar ossos da cara das pessoas?
MERCÚRIO: Tu és escravo ou homem livre?
SÓSIA: Sou aquilo que me apetece. 
MERCÚRIO: Isso é mesmo assim? 
154 Língua Latina
SÓSIA: É mesmo assim. 
MERCÚRIO: Então, apanhas.
SÓSIA: Não é verdade.
MERCÚRIO: Ah, sim? então já vais ver que é verdade! 
SÓSIA: Mas para que é preciso isso?
MERCÚRIO: Pode-se saber quando é que vais, a quem pertences, e por que vieste?
SÓSIA: Venho aqui; sou escravo de meu amo, sabes mais alguma coisa?
MERCÚRIO: Pois hoje hei de espremer-te essa língua danada!
SÓSIA: Não podes, é uma língua discreta e de boa qualidade.
MERCÚRIO: Continuas com as graças? Que tens tu que fazer nesta casa?
SÓSIA: E tu? Que tens tu que fazer?
MERCÚRIO: El-rei Creonte sempre lhe põe sentinelas de noite.
SÓSIA:
E faz muito bem; guardava a casa enquanto estávamos ausentes. Mas agora podes-te ir em-
bora e dizer-lhe que já chegou a gente de Anfitrião.
MERCÚRIO: Não sei que gente és tu. E se te não vais imediatamente embora, acho que tenho de 
receber gente de forma nada gentil.
SÓSIA: Mas eu já disse que moro aqui e que sou escravo da casa.
MERCÚRIO: Pois olha: se te não vais embora, vou dar-te hoje uma grande honra.
SÓSIA: Como é isso?
MERCÚRIO: É que se eu pego num pau, não irás por teu pé. Vão ter que te levar.
SÓSIA: Mas se eu digo que pertenço à gente desta casa!
MERCÚRIO: Olha, se não queres apanhar pancada, o melhor é ires-te já embora.
SÓSIA: Mas tu não me queres deixar entrar em casa, quando eu venho assim de tão longe?
MERCÚRIO: Será que esta é a tua casa? 
SÓSIA: Claro que é. 
MERCÚRIO: Então quem é teu amo?
SÓSIA: É Anfitrião, que está comandando as legiões tebanas e que é marido de Alcmena.
MERCÚRIO: O que é que tu dizes? E tu? Que nome tens?
SÓSIA: Os tebanos chamam-me Sósia e meu pai chamava-se Davo.
MERCÚRIO: Pois tu hoje vens ao encontro da desgraça, com essas tuas mentiras audaciosas e essas 
falsidades mal alinhavadas.
SÓSIA: Com o que eu venho alinhavado não é com as mentiras. É com as túnicas.
MERCÚRIO: Vês como estás a mentir. Tu não vens com as túnicas. Vens com os pés.
Conjunções: coordenação e subordinação 155
SÓSIA: Lá isso é verdade.
MERCÚRIO: Então agora vais apanhar pancada por causa dessa mentira.
SÓSIA: Mas eu não quero, por Pólux!
MERCÚRIO: Pois, por Pólux, apanhas mesmo sem querer! E não é uma pura suposição, é a verdade 
mesmo. (Bate-lhe.)
SÓSIA: Mas por favor!
MERCÚRIO: Então tu tens a audácia de vires dizer que és Sósia, quando sou eu que sou Sósia?
SÓSIA: Estou perdido!
MERCÚRIO: E olha que é pouco, em comparação com o que vai vir! A quem pertences tu?
SÓSIA: Agora sou teu; fizeste-me teu a soco. Socorro, patrícios tebanos!
MERCÚRIO: Ainda gritas, assassino! Dize lá a que é que vieste?
SÓSIA: Vim para haver alguém que tu abatestes a soco. 
MERCÚRIO: A quem pertences tu? 
SÓSIA: A Anfitrião, já disse. Sou Sósia.
MERCÚRIO: Então vais apanhar mais, por estares a dizer bobagens. Eu é que sou Sósia, não és tu!
SÓSIA (à parte): Queiram os deuses que tu o sejas! E que eu me transforme em quem te chega!
MERCÚRIO: Ainda rosnas?!
SÓSIA: Já me calo.
MERCÚRIO: Quem é teu dono? 
SÓSIA: Quem tu quiseres.
MERCÚRIO: E agora, como é que tu te chamas?
SÓSIA: Eu não sou ninguém a não ser quem tu mandares.
MERCÚRIO: Mas tu dizias que eras Sósia e que pertencias a Anfitrião.
SÓSIA: Foi engano. O que eu queria dizer é que era um sócio de Anfitrião.
MERCÚRIO: Eu bem sabia que não tínhamos nenhum escravo chamado Sósia a não ser eu. Tu não 
estavas em teu perfeito juízo.
SÓSIA (à parte): Oxalá não o estivessem também as tuas mãos.
MERCÚRIO: Eu sou o Sósia que tu há bocado dizias ser tu.
SÓSIA: Por favor, deixa-me falar em paz e não me batas.
MERCÚRIO: Então, se queres falar, vamos fazer umas tréguas.
SÓSIA: Eu só falo depois de concluída a paz, porque tu tens mais força do que eu.
MERCÚRIO: Então dize lá o que queres. Eu não te faço mal.
SÓSIA: Posso confiar na tua lealdade? 
156 Língua Latina
MERCÚRIO: Podes.
SÓSIA: E se me enganas?
MERCÚRIO: Então oxalá Mercúrio fique irritado com Sósia!
SÓSIA: Então toma cuidado. Olha que eu agora posso falar do que quiser. Eu sou Sósia, escravo de 
Anfitrião.
MERCÚRIO: O quê, outra vez?
SÓSIA: Eu fiz a paz, eu fiz um tratado, estou a dizer a verdade.
MERCÚRIO: Olha que apanhas!
SÓSIA: Podes fazer o que quiseres, visto que tens mais força. Mas seja o que for que tu faças, por 
Hércules, já não me calo.
MERCÚRIO: Tu, enquanto estiveres vivo, não consegues que eu não seja Sósia.
SÓSIA: E tu, por Pólux, também nunca me impedirás que eu pertença à minha casa. Não há nenhum 
outro escravo a não ser eu que se chame Sósia e que tenha ido para a guerra, juntamente com An-
fitrião.
MERCÚRIO: Este homem não está bom da cabeça.
SÓSIA: O defeito que me atribuis a mim és tu quem o tens. Ora esta, então eu não sou Sósia, o escra-
vo de Anfitrião? Não foi esta noite que chegou do porto Pérsico o navio que me trouxe? Não foi meu 
amo quem me enviou para aqui? Não estou eu diante de nossa casa? Não tenho eu uma lanterna na 
mão? Não sou eu quem está a falar? Não estou acordado? Não foi a mim que este homem deu so-
cos? Por Hércules, foi o que ele fez, que ainda me doem os queixos. Mas para que estou eu a hesitar? 
Por que não entro já em nossa casa?
MERCÚRIO: O quê? Em vossa casa? 
SÓSIA: Pois claro.
MERCÚRIO: Tudo aquilo que disseste é mentira: sou eu que sou Sósia, escravo de Anfitrião. Foi esta 
noite que saiu do porto Pérsico O nosso navio; tomamos de assalto a cidade em que reinou el-rei 
Ptérela, vencemos em batalha as legiões dos teléboas e foi o próprio Anfitrião quem matou no com-
bate el-rei Ptérela.
SÓSIA: Eu não creio em mim quando O ouço dizer estas coisas! É que ele realmente sabe tudo o que 
se passou como se lá tivesse estado. Mas ouve lá, que foi dado pelos teléboas a Anfitrião?
MERCÚRIO: Uma taça de ouro por onde costumava beber el-rei Ptérela.
SÓSIA: Aí está! E onde está essa taça?
MERCÚRIO: Num cofrezinho selado com o sinete de Anfitrião.
SÓSIA: E dize lá, que sinete é esse?
MERCÚRIO: O sol nascente com a sua quadriga. Julgas que me apanhas, assassino?
SÓSIA (à parte): Venceu na discussão. O que eu tenho é que procurar outro nome. Não sei onde é 
que ele viu tudo isto. Mas agora é que eu o vou atrapalhar. Porque com certeza ele não vai poder 
Conjunções: coordenação e subordinação 157
dizer o que eu fiz quando estava sozinho, metido na tenda, sem mais ninguém. (Alto.) Se tu és Sósia, 
dize lá o que é que fizeste na tenda, quando as legiões combatiam com toda a violência? Se disseres, 
dou-me por vencido.
MERCÚRIO: Havia uma bilha de vinho e eu enchi uma garrafa.
SÓSIA: Deu logo certo.
MERCÚRIO: E eu bebi-o puro, tal como o deu a cepa.
SÓSIA: Já não é nada de espantar se ele não estava escondido na garrafa. Aconteceu mesmo isso. 
Que eu bebi o vinho e o bebi puro.
MERCÚRIO: Então, não é verdade que já te convenci que não és Sósia?
SÓSIA: Então tu queres dizer que eu não sou eu?
MERCÚRIO: Que hei de eu fazer? Terei por acaso de negar que eu sou eu?
SÓSIA: Juro por Júpiter que sou eu e que estou a dizer a verdade!
MERCÚRIO: E eu juro por Mercúrio que Júpiter não acredita em ti! Mais acredita ele em mim, sem eu 
jurar, do que em ti, jurando tu.
SÓSIA: Então quem sou eu se não sou Sósia? Não farás favor de me dizer?
MERCÚRIO: Quando eu não quiser ser Sósia, podes tu ser Sósia, mas enquanto eu o sou, olha que 
apanhas se não te vais sem pio.
SÓSIA: Por Pólux! Realmente quando me ponho a olhar para ele, vejo que tem o meu aspecto; é mui-
to semelhante a mim, pelo que tenho visto no espelho. Tem o mesmo chapéu, o mesmo vestuário: 
é exatamente como eu: as pernas, os pés, a estatura, o corte do cabelo, os olhos, o nariz, a boca, a 
cara, o queixo, a barba, o pescoço. Tudinho! Que hei de eu dizer?! Se ele tem as costas com cicatrizes, 
não há nada mais parecido comigo. Mas também quando me ponho a pensar, eu devo ser aquele 
que sempre fui. Eu conheço o meu amo, conheço a nossa casa, estou com juízo, tenho os sentidos a 
funcionar. Eu o que vou é não querer saber do que ele diz. Toca a bater à porta.
MERCÚRIO: Para onde é que vais? 
SÓSIA: Para casa.
MERCÚRIO: Mesmo que subisses agora ao carro de Júpiter e te pusesses a fugir, dificilmente esca-
parias a uma desgraça.
SÓSIA: Então não me é permitido ir comunicar à senhora aquilo de que me encarregou meu amo?
MERCÚRIO: Podes ir anunciar o que quiseres, mas à tua. Aqui à minha não tens licença. E olha que se 
tu me irritas vais sair daqui com o lombo em pedaços.
SÓSIA: Então prefiro ir-me embora. Ó deuses
imortais, não quereis ajudar-me? Onde é que eu morri? 
Quando é que eu me transformei? Onde é que eu perdi a minha cara? Será que eu me deixei aqui 
por esquecimento? Efetivamente este tem a fisionomia que eu possuía dantes. Fazem-me enquanto 
vivo o que nunca ninguém me fará depois de morto. Vou ao porto, vou contar a meu amo o que 
sucedeu por aqui. A não ser que ele também me desconheça, o que Júpiter queira. Vou já hoje rapar 
a cabeça para usar o boné da liberdade . (Sai.)
(Anfitrião, ato II, cena I. Cont.)
158 Língua Latina
Atividades
1. Com o seguinte poema de Horácio, que exemplifica belamente o tema da brevidade da vida (é por 
causa desta ode que conhecemos a expressão a expressão carpe diem), identifique as conjunções 
presentes e explique o uso de cada uma delas, com o auxílio da tradução, conforme o exemplo:
Tu ne quaesieris (scire nefas) quem mihi, quem 
[tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. Vt melius quicquid erit 
[pati!
Seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum, sapias, uina liques et spatio breui
spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit
[inuida
aetas: carpe diem, quam minimum credula 
[postero.
Não buscarás, saber é proibido, ó Leucônoe,
que fim reservarão a mim, a ti os Deuses;
nem mesmo os babilônios números perscrutes... 
Seja lá o que for, melhor é suportar! 
Quer Júpiter nos dê ainda mil invernos, 
quer venha a conceder apenas este último, 
que agora estilha o mar Tirreno nos penhascos, 
tem siso, os vinhos vai bebendo, e a esperança, 
de muito longa, faz caber em curta vida. 
Foge invejoso o tempo, enquanto conversamos. 
Colhe o dia de hoje e não te fies nunca, 
um momento sequer, no dia de amanhã...
Conjunções: coordenação e subordinação 159
2. Traduza as seguintes orações: 
a) et serui et domini humani sunt.
b) si rex filium non habet, id malum est. 
c) dum coquus cenam parat, serui multa mala faciunt. 
d) quamuis seruus bene loquatur, eius uerba dominus non audit. 
e) dominus dixit coquum bonam cenam parauisse. 
160 Língua Latina
Os numerais, 
o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
Nesta aula, aprenderemos como dizer os números, dias da semana, meses, e como representar a 
data em latim. Além disso, completaremos o sistema nominal com a quarta e a quinta declinações dos 
substantivos, ou seja, os substantivos de tema em “u” e em “e”, respectivamente. 
Os numerais
Há dois modos básicos em latim para fazer referência aos números: temos os numerais cardinais, 
como os nossos “um, dois, três...” e os ordinais, como os nossos “primeiro, segundo, terceiro...” Na tabela 
abaixo, veremos como esses números são expressos em latim, além de vermos como eles eram repre-
sentados quando não escritos por extenso (conforme o sistema que eventualmente ainda usamos e 
chamamos de “numerais romanos”). Além disso, será importante diferenciar os numerais que são ex-
pressos como adjetivos indeclináveis dos que são adjetivos declináveis e que, portanto, flexionam-se 
juntamente com os substantivos modificados. A primeira coluna traz os numerais no formato arábico, a 
segunda na representação do sistema romano, a terceira traz os numerais cardinais em latim e a quarta 
traz os correspondentes ordinais em latim. 
N.º Sistema 
romano
Numeral cardinal Numeral ordinal (todos 
declinam-se como adjetivo de 
primeira classe)
1 I nom. 
acus. 
genit. 
abl. 
unus,
unum
unius,
unī,
unō,
una,
unam,
unius,
unī,
unā,
unum
unum
unius
unī
unō1
primus (prior)
2 II nom. 
acus. 
genit. 
dat. 
abl. 
 
duo,
duo/duos
duorum, 
duobus, 
duobus,
duae,
duas, 
duarum,
duabus, 
duabus,
duobus2
duo
duo
duorum
duobus
secundus (alter)
3 III nom. 
acus. 
gen. 
dat. 
abl. 
tres
tres / tris
trium
tribus
tribus
tria
tria
trium
tribus
tribus3
tertius
4 IV/IIII quattuor quartus
5 V quinque quintus
6 VI sex sextus
7 VII septem septimus
8 VIII octo octauus
9 IX/VIIII nouem nonus
10 X decem decimus
11 XI undecim undecimus
12 XII duodecim duodecimus
13 XIII tredecim tertius decimus
14 XIV quattuordecim quartus decimus
15 XV quindecim quintus decimus
16 XVI sedecim sextus decimus
1 O plural é declinado como os plurais regulares de adjetivos de primeira classe: uni, unae, una.
2 Naturalmente, não há formas singulares dos numerais maiores que “um”. 
3 Trata-se de um adjetivo de segunda classe biforme, ou seja, com uma forma para masculino ou feminino e uma forma para neutros.
162 Língua Latina
17 XVII septendecim septimus decimus
18 XVIII duodeuiginti duodeuicensimus4
19 XIX undeuiginti undeuicensimus
20 XX uiginti uicensimus
30 XXX5 triginta tricensimus
40 XL quadraginta quadragensimus
50 L quinquaginta quinquagensimus
60 LX sexaginta sexagensimus
70 LXX septuaginta septuagensimus
80 LXXX octoginta octogensimus
90 XC nonaginta nonagensimus
100 C centum centensimus
200 CC ducenti, ae, a (adjetivo de primeira classe) ducentensimus
300 CCC trecenti, ae, a trecentesimus
400 CD quadringenti, ae, a quadringentensimus
500 D quingenti, ae, a quingentesimus
1000 M mille (adjetivo indeclinável), plural nom. e acus. 
milia, plural genitivo milium, plural dativo e 
ablativo milibus6
millensimus
O calendário romano
Há algumas peculiaridades com relação à expressão da data, dos nomes dos dias da semana e dos 
meses em latim. Comecemos com os nomes dos dias da semana.
Os :::: dias da semana são baseados nos nomes de divindades importantes para os romanos, 
como o Sol, a Lua, Marte (pai de Rômulo e Remo, fundadores de Roma), Mercúrio, o mensagei-
ro dos deuses e deus do comércio, Jove ou Júpiter, o pai dos deuses, Vênus, sua filha, a deusa 
do amor, e Saturno (pai de Júpiter, expulso por este do céu, foi residir no Lácio, região onde 
viria a existir a cidade de Roma, protegida por aquele).
4 A terminação -ensimus, mais tarde, transforma-se na mais próxima do Português -esimus. 
5 De vinte e um até vinte e nove, assim como para as dezenas seguintes, as sequências são: unus et uiginti ou uiginti et unus, duo et uiginti ou 
uiginti et duo e assim por diante, até o vinte e oito e vinte e nove, que seguem o padrão do dezoito e do dezenove: duodetriginta (28) e undetriginta 
(29). 
6 A forma mille é usada como adjetivo, conforme mille dies, “mil dias”, enquanto que as formas plurais são adjetivos e se ligam a nomes no 
genitivo (partitivo), como duo millia hominum “dois mil (de) homens”.
Os numerais, o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
163
domingo: solis dies “dia do Sol”
segunda-feira: lunae dies “dia da Lua”
terça-feira: Martis dies “dia de Marte”
quarta-feira: Mercurii dies “dia de Mercúrio”
quinta-feira: Iouis dies “dia de Júpiter”
sexta-feira: Veneris dies “dia de Vênus”
sábado: Saturni dies “dia de Saturno”
Os :::: nomes dos meses do ano originaram os nomes dos meses em português, e, conforme 
iniciava-se primitivamente o ano no dia primeiro de março, os meses com numerais nos 
nomes contam-se a partir dele:
martius, “Março”
aprilis, “Abril”
maius, “Maio”
junius, “Junho”
quintilis, e posteriormente Iulius (em homenagem ao imperador Júlio César), “Julho”
sextilis, e posteriormente Augustus (em homenagem ao imperador Augusto), “Agosto”
september, “Setembro”
october, “Outubro”
nouember, “Novembro”
december, “Dezembro”
januarius, “Janeiro”
februarius, “Fevereiro”
 Os nomes dos meses poderiam ser usados como substantivos, mas eram frequentemente usa-
dos como adjetivos ligados ao substantivo mensis.
 A data em latim era expressa não através de uma contagem cardinal de 1 a 31 como em por-
tuguês, mas através de um sistema de referência a três dias fundamentais para os romanos,
ligados às fases da lua: as kalendae “calendas” (dia 1 de cada mês), as nonae “nonas” (dia 5 de 
cada mês7) e os idus “idos” (dia 13 de cada mês).8
Assim, com esse sistema de referência simples, já podemos entender os seguintes dias:
kalendis Ianuariis9 “Nas calendas de janeiro”, ou seja, no dia primeiro de janeiro.
nonis Iuniis, “Nas nonas de junho”, ou seja, no dia 5 de junho. 
7 Em março, maio, julho e outubro, as nonas eram no dia 7. 
8 Em março, maio, julho e outubro, os idos eram no dia 15.
9 No ablativo de tempo, ou seja, a expressão significa literalmente “nas calendas de janeiro”. 
164 Língua Latina
idus Martiis, “Nos Idos de março”, ou seja, no dia 15 de março.10
Os dias restantes, no entanto, eram nomeados segundo a sua relação com esses três dias funda-
mentais de cada mês. Assim, para se referir ao que para nós é o dia três do mês, o romano precisaria 
dizer “o terceiro dia antes das nonas de janeiro”, segundo a fórmula: tertius dies ante nonas ianuarias11 ou 
ante diem tertius nonas ianuarias.
Se se tratar de apenas um dia antes de uma das três datas de referência, usa-se o substantivo pri-
die, ou “véspera”, e assim teremos pridie Idus nouembris. 
Todos os dias posteriores aos Idos são nomeados de acordo com as calendas do próximo mês. As-
sim, o dia 16 de julho (que é o primeiro depois dos Idos de julho) será o decimus septimus ante kalendas 
Augustas. 
Já no período em que esse calendário estava vigente, havia a preocupação de se acrescentar um 
dia a cada quatro anos no calendário. O dia dobrado era sempre o sextum ante kalendas martias, ou seja, 
24 de fevereiro. Daí a designação que ainda se usa para nomear o ano com 366 dias, ou bissexto, bis 
sextum (que tem dois “sextos” antes das calendas de março).
A tabela abaixo apresenta a equivalência dos dias do nosso calendário com os dias do calendário 
romano. As abreviaturas são: a.d. = ante dies, Id. = idus, kal.= kalendae 
Martius 
Maius 
Iulius 
October12 
Ianuarius 
Augustus 
December13 
Aprilis 
Iunius 
September 
Nouember 
Februarius
1 kalendis kalendis kalendis kalendis 
2 a.d. VI Non. a.d. IV Non. a.d. IV Non. a.d. IV Non. 
3 a.d. V Non. a.d. III Non. a.d. III Non. a.d. III Non. 
4 a.d. IV Non. pridie Nonas pridie Nonas pridie Nonas 
5 a.d. III Non. Nonis Nonis Nonis 
6 Pridie Nonas a.d. VIII Id. a.d. VIII Id. a.d. VIII Id. 
7 Nonis a.d. VII Id. a.d. VII Id. a.d. VII Id. 
8 a.d. VIII Id. a.d. VI Id. a.d. VI Id. a.d. VI Id. 
9 a.d. VII Id. a.d. V Id. a.d. V Id. a.d. V Id. 
10 a.d. VI Id. a.d. IV Id. a.d. IV Id. a.d. IV Id. 
11 a.d. V Id. a.d. III Id. a.d. III Id. a.d. III Id. 
10 Dia famoso por ter ocorrido nele o assassinato de Júlio César no senado. 
11 E agora nonas ianuarias está no acusativo porque a preposição ante “antes” exige que seu complemento esteja no acusativo.
12 Meses de 31 dias com nonas no dia 7 e idos no dia 15.
13 Meses de 31 dias com nonas no dia 5 e idos no dia 13.
Os numerais, o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
165
12 a.d. IV id. pridie Idus pridie Idus pridie Idus 
13 a.d. III id. Idibus Idibus Idibus 
14 pridie Idus a.d. XIX Kal. a.d. XVIII Kal. a.d. XVI Kal. 
15 Idibus a.d. XVIII Kal. a.d. XVII Kal. a.d. XV Kal. 
16 a.d. XVII Kal. a.d. XVII Kal. a.d. XVI Kal. a.d. XIV Kal. 
17 a.d. XVI Kal. a.d. XVI Kal. a.d. XV Kal. a.d. XIII Kal. 
18 a.d. XV Kal. a.d. XV Kal. a.d. XIV Kal. a.d. XII Kal. 
19 a.d. XIV Kal. a.d. XIV Kal. a.d. XIII Kal. a.d. XI Kal. 
20 a.d. XIII Kal. a.d. XIII Kal. a.d. XII Kal. a.d. X Kal. 
21 a.d. XII Kal. a.d. XII Kal. a.d. XI Kal. a.d. IX Kal. 
22 a.d. XI Kal. a.d. XI Kal. a.d. X Kal. a.d. VIII Kal. 
23 a.d. X Kal. a.d. X Kal. a.d. IX Kal. a.d. VII Kal. 
24 a.d. IX Kal. a.d. IX Kal. a.d. VIII Kal. a.d. VI Kal. 
25 a.d. VIII Kal. a.d. VIII Kal. a.d. VII Kal. a.d. V kal. ou a.d. bis VI 
Kal.
26 a.d. VII Kal. a.d. VII Kal. a.d. VI Kal. a.d. IV ou V Kal. 
27 a.d. VI Kal. a.d. VI Kal. a.d. V Kal. a.d. III ou IV Kal. 
28 a.d. V Kal. a.d. V Kal. a.d. IV Kal. pridie Kalendas ou a.d. 
III Kal. 
29 a.d. IV Kal. a.d. IV Kal. a.d. III Kal. pridie Kalendas
30 a.d. III Kal. a.d. III Kal. pridie kalendas 
31 pridie Kalendas pridie Kalendas 
Os :::: nomes dos anos em latim eram dados com relação ao ano que se supunha que tivesse sido 
o ano da fundação de Roma, 753 a.C. Para os romanos, o ano 1 era nomeado, portanto, ano I 
ab urbe condita, ou seja, “desde a Cidade tendo sido fundada” ou, menos literalmente, “desde 
a fundação da Cidade”. O termo urbe referia-se comumente à cidade de Roma, então, os anos 
seriam numerados como I auc = 753 a.C., II auc = 752 a.C. e assim por diante. 
Comumente, também se utilizavam os nomes dos dois cônsules (o consulado era o cargo mais 
alto na República romana, e durava um ano) eleitos e em exercício naquele ano. Assim, o ano de 57 a.C. 
teve como cônsules Lêntulo e Metello, ou Lentulus e Metellus. O nome do ano era dado, então, todo no 
ablativo, significando “sendo Lêntulo e Metello cônsules”, ou, menos literalmente, “no ano em que Lên-
tulo e Metello foram cônsules” e, em latim, a expressão usada era Lentulō et Metellō consulibus. 
166 Língua Latina
A quarta e a quinta declinações nominais
A maioria dos substantivos em latim pertence às declinações de tema em a, o e consoantes, ou 
seja, à primeira, segunda e terceira. Mas há alguns substantivos de temas em u e em e, os da quarta e 
quinta declinações. Para completar o panorama da morfologia nominal latina, veremos essas duas de-
clinações, aproveitando que, para as explicações sobre datas, apareceram dois substantivos importan-
tes pertencentes a essas declinações: idus da quarta e dies da quinta declinação. Vejamos inicialmente 
a quarta declinação.
A quarta declinação dos nomes
A quarta declinação é a dos substantivos de tema em u. Ela pode apresentar alguma dificuldade, 
uma vez que suas formas terminadas em -us podem remeter a formas já conhecidas da segunda de-
clinação. Ainda pior, há muitas formas diferentes em -us no próprio paradigma da quarta declinação. 
Passemos às formas. 
manus, us 4f.14: “mão, tropa” 
Singular Plural
Nominativo manus manūs
Acusativo manum manūs
Genitivo manūs manuum
Dativo manuī manibus
Ablativo manū manibus
É importante notar que muitas formas se parecem, mas que há diferenças entre longas e breves, 
como a terminação -us de nominativo singular versus a terminação -ūs de genitivo singular, nominativo 
e acusativo plural. 
Vejamos outros exemplos de substantivos de quarta declinação:
exercitus, us 4f. “exército”
cornu, us 4n. “chifre”15
Idus, us 4f. “Idos (dia 13 ou 15 de cada mês)”
domus, us 4f. “casa”16
14 Ou seja, substantivo manus, genitivo singular em us, quarta declinação feminino. 
15 Os nomes neutros da quarta têm nominativo e acusativo plural em-ua.
16 Como vimos antes, trata-se de um substantivo irregular, já que possui também formas de segunda declinação. Isso aponta, na verdade, para 
uma tendência que se desenvolveu mais tarde na passagem do latim para as línguas românicas, a de um enfraquecimento no paradigma de 
nomes de tema em u e consequente anexação de suas formas ao paradigma da segunda declinação, de tema em o.
Os numerais, o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
167
A quinta declinação dos nomes
A quinta declinação é a dos substantivos de tema em e. São muito poucos os substantivos pertencen-
tes a essa declinação, mas um dos mais importantes, dies, apareceu nesta aula. Conheçamos as formas:
dies, i 5m.17 : “dia” 
Singular Plural
Nominativo diēs diēs
Acusativo diem diēs
Genitivo diēī (diē) diērum
Dativo diēī (diē) diēbus
Ablativo diē diēbus
Outros substantivos comuns de quinta declinação são:
fides, i 5f. “fé”
res, i 5f. “coisa, questão, assunto, propriedade”
spes, i 5f. “esperança”
species,
i 5f “aparência, aspecto”
Texto complementar
Públio Ovídio Naso (43 a.C. – 17 d.C.) foi autor de uma obra vastíssima, que abrangia desde poesia 
lírica elegíaca18 até textos escritos em hexâmetros datílicos19 que se propunham a narrar os incidentes 
mitológicos de transformações (As Metamorfoses), passando por um curioso poema sobre o ano romano, 
com suas origens e seus períodos. No trecho que leremos, na tradução do poeta romântico português 
António Feliciano de Castilho (1800-1875), veremos os primeiros versos do poema, que incluem a dedica-
tória ao sucessor de Augusto, Germânico, a explicação dos nomes dos meses e do número inicial de dez, 
acrescidos de dois meses pelo rei lendário de Roma Numa e, finalmente, o início propriamente dito do poe-
ma, quando se começa a falar do primeiro dia do ano, dedicado a Jano. Ovídio não conseguiu completar o 
poema, vindo a morrer quando já se completavam os seis primeiros meses do ano.
17 dies é masculino em geral, mas feminino quando significa algum dia especial ou a deusa dies.
18 Poesia de conteúdo erótico, amoroso ou de lamento, escrita em metros chamados de dísticos elegíacos: um hexâmetro datílico seguido de 
um pentâmetro datílico.
19 O hexâmetro datílico é um tipo de verso da literatura antiga que se constitui de seis pés (sequências de sílabas), cinco dátilos (ou seja, uma 
sílaba longa seguida de duas breves) e um pé final com uma sílaba longa seguida de uma longa ou breve. Na poesia antiga, todos os versos eram 
escritos dentro destes padrões métricos e prosódicos, e o verso hexâmetro datílico era o tipo de verso adotado desde os poemas homéricos na 
Grécia pré-clássica até os textos elevados da poesia épica de Roma.
168 Língua Latina
(OVÍDIO, 1949, p. 105-108)
Festas do lácio ano, origens suas,
Quais astros vão, quais vêm, dirão meus versos.
Acolhe-os tu, Germânico! sorri-lhes! 
A tímido baixel sê norte, ó César! 
Proteja teu favor a humilde of’renda.
Na dos priscos anais sagrada mina 
Ver-me-ás andar notando os fundamentos 
Às modernas usuais solenidades,
E a cada dia consignar seus foros.
Fastos vossos domésticos mil vezes 
Virão de Roma aos fastos enlaçar-se: 
Já do pai, já do avô lerás os nomes. 
Como eles ambos nos anais do culto 
Mereceram à pátria o ser inscritos, 
Prêmio igual de virtude haveis de obtê-lo,
Ó Germânico, ó Druso, irmãos na glória.
Armas de César que as celebrem outros; 
Eu de César somente as aras canto,
E os dias que há juntado aos sacros dias.
Ao vate que dos teus imprende as glórias, 
Animo, audácia, teu favor influa. 
De teu semblante, plácido, ou severo, 
Baixará fogo ou gelo à mente incerta.
Só no cuidar que por juiz vai ter-te,
Já sob a destra a página estremece,
Qual se houvera de a ler o deus de Claros. 
Os numerais, o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
169
Pois quem há ‘í que não sentisse o encanto 
Dessa culta facúndia, quando estrénua 
Acudia no foro aos réus trementes? 
Quem não bebeu no teu tratar coas musas 
Caudais torrentes que brotavas d’estro? 
Ao vate humilde pois, grão vate, acode!;
E, por que auspícios bons todo o ano aditem, 
Rege (se cabe a rogo audácia tanta) 
Rege tu próprio aos meus frisões as rédeas.
De Roma o fundador, marcando os tempos, 
Em meses dez circunscreveu seu ano; 
Se, como de astros, entenderas de armas, 
Mal por ti, pobre Rómulo! esses louros 
Que em derredor ceifaste, onde estariam?!
Daquele erro de Rómulo contudo
Inda alguma razão se aventa, ó César: 
Do gerar ao nascer dez meses correm; 
Dez meses a viuvez conserva o luto; 
Supôs que espaço igual bastasse ao ano. 
De um povo inculto o inculto purpurado 
Não abrangia a mais. A Marte of’rece 
O mês primeiro, a Vênus o segundo;
Porque em Vênus lhe prende a clara estirpe, 
E Marte foi seu pai; terceiro, aos, velhos; 
Aos mancebos o quarto há destinado. 
Aos outros seis do número fez nome.
Vem Numa; vê que a Jano, e aos pátrios 
Falece um culto; para dar-lho, cria [mortos, 
Mais dois meses, que aos dez prepõe na ordem.
Índole vária as leis hão dado aos dias; 
Têm diverso mister os sóis diversos.
Cala o dia nefasto as três palavras; 
170 Língua Latina
Causas versa no foro o fasto dia.
Destas duas opostas naturezas
Dias contudo vêm que participam: 
Nefastos de manhã, de tarde fastos.
Mal que a entranha da rês ao deus foi dada, 
Pode livre soar pregão forense, 
E exercer o pretor seu nobre encargo.
Dias há, outrossim, para comícios, 
Que apinhoam de povo o Campo Márcio; 
E dias, que ao mercado impreteríveis, 
De cada lua o nono disco aponta.
As Calendas na Ausónia arroga-as Juno; 
Nos Idos cai a Júpiter cordeira 
Alva e nédia; sem nume as Nonas ficam. 
Nonas, idos, calendas, igualmente, 
(Notai bem, que no errar corrêreis perigo!) 
Têm dia negro após; tremendo agouro, 
Que a história com sucessos nos confirma, 
Pois sempre em dias tais contrário evento 
Deu Marte mal propício às nossas armas.
Destas noções, que têm de vir freqüentes 
Co’os Fastos misturar-se, aqui me aprouve 
Tecer prelúdio breve aos longos cantos, 
Que, importunas depois mos não quebrassem.
Lá vem Jano! lá chega! a ti, grão César, 
Traz novo ano feliz núncio risonho; 
Para mim, cantor seu, traz-se a si mesmo.
Os numerais, o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
171
Nas boas horas para nós descendas, 
Bifronte divinal, eterna origem
Dos anos tacitífluos; deidade,
Que, única entre elas, para trás descobres! 
Propício assiste aos chefes generosos, 
Cujo heróico valor mantém segura 
A fértil terra em paz, em paz os mares! 
Propício ao teu senado! alfim propício 
A todo o povo do imortal Quirino! 
Vem, vem! ao teu aceno os alvos templos 
De par em par festivos se descerrem.
Que alegre aurora pelos céus desponta! 
Religiosa atenção, silêncio, ó turbas! 
Ruim palavra sussurrar não ouse! 
Convém ao dia bom palavras boas. 
Longe os pleitos cruéis, a rixa insana; 
E tu, censor mordaz, teu fel não vertas!
Vedes as rescendentes labaredas? 
Sentis no fogo crepitar fumosas 
Fartas espigas de cilisso nardo? 
Da viva flama o rosicler esplêndido
Da sacra estância nos dourados trémulos 
Borboleteia, e na profunda abóbada 
Estampa alto clarão! de toda a parte, 
De galas novas, como cabe à festa, 
Acode povo e povo ao Capitólio!
Vê-los que vêm chegando, os novos feixes! 
Nova púrpura os segue! A cônsul novo 
Vai o curul marfim ser nobre assento! 
Gordos bezerros dos faliscos pastos 
172 Língua Latina
Dão a intacta cerviz ao sacro ferro.
Jove, que lá do Olimpo abrange o orbe, 
Romano todo o vê. Salve mil vezes, 
Ó mui risonho dia! e mais risonho 
Possas tu de ano em ano alvorecer-nos, 
Sempre do povo-rei credor aos cultos!
Atividades
1. Preencha a tabela abaixo com as datas e anos corretos para o nosso calendário:
Dia Romano Dia moderno Ano romano Ano moderno
pridie nonas martias V auc
a.d. IV kal. augustas C auc
idibus februarius DCCLIII auc
2. Traduza as seguintes orações latinas para o português:
a) nullam spem habet ille qui fidem perdit.
b) exercitūs manus imperatoris ducit. 
c) multos dies manebant in agro hostium. 
d) quattuor homines in urbem inierunt quartō diē. 
3. Traduza o trecho da Eneida, de Virgílio, com o auxílio do vocabulário abaixo.
Nec mihi iam patriam antiquam spes ulla uidendi [est],
nec dulcis natos exoptatumque parentem;
Os numerais, o calendário romano, 
a quarta e quinta declinações
173
uidendi:: gerúndio de uideo 2 “de ver”
dulcis:: acusativo plural do adjetivo dulcis, e: “doce”
natos:: acusativo plural de natus “filho”
exoptatum:: acusativo singular de exoptatus, a, um “muito desejado”
parentem:: acusativo singular de parens, parentis “pai”
174 Língua Latina
Gabarito
Histórias do latim e as línguas neolatinas
1. Ainda hoje alguns falantes utilizam-se da forma “imbigo” ao invés da forma “umbigo”, o que 
constitui um “erro” desde a época dos falantes de latim. 
Sobre “uiridis”, os falantes já naquela época produziam “uirdis”, que veio a dar o nosso “verde” em 
português, indicando um ponto de passagem do latim para o português. 
A forma “furmica” ao invés de “formica” indica um “erro” tão comum para os falantes de latim 
quanto para os falantes de português, ou seja, a troca de um “o” por uma vogal mais alta, o “u”. 
Os exemplos devem despertar nos alunos a percepção de que o latim era uma língua viva, como o 
português, e que os processos de mudança e uso já na época do latim apontavam para mudanças 
que resultariam no que temos hoje em português. Respostas que sigam nessa direção estão 
apropriadas. 
2. A Hipótese do Indo-Europeu é basicamente a hipótese de que a grande maioria das línguas 
européias e algumas da Ásia derivam de uma língua ancestral comum, chamada indo-europeu. 
Os pesquisadores chegaram a ela comparando muitas línguas, como o latim, o grego e o sânscrito, 
a partir do final do século XVIII e especialmente durante o século XIX.
Fonologia e prosódia do latim
2. Accusáre (penúltima sílaba acentuada porque é longa); fácere (antepenúltima sílaba acentuada, 
pois a penúltima é breve); hómo (penúltima sílaba acentuada, pois não há oxítonas em latim); réx 
(última sílaba acentuada porque é a última); e assim por diante.
Estrutura da língua latina comparada com a do português
1. Os exemplos constituem a solução dos exercícios. Quaisquer sentenças bem-formadas com os 
substantivos flexionados como sujeito, objeto direto e objeto indireto do verbo selecionado 
servem para esta atividade.
2. A resposta não se encontra no texto, mas o aluno deverá fazer uma analogia entre o verbo est 
(é, está, existe) em latim e o verbo “é” em português. Os verbos apenas servem para ligar uma 
coisa à outra e, portanto são chamados de “verbo de ligação”. O verbo “ser” não estabelece uma 
relação de sujeito-objeto direto, e sim uma relação de predicativo do sujeito. Assim, os verbos 
est e “é” servem para igualar dois termos. Por isso, o segundo termo fica no nominativo. O aluno 
também poderá observar o sexto exemplo, em que há um verbo transitivo direto e, portanto há 
caso acusativo em fungum.
3. O aluno deverá perceber que, por causa da marcação de caso, a ordem em latim é mais livre, 
pois quem marca as relações de sujeito, predicativo, objeto direto e indireto são os casos. Em 
Português, é a ordem rígida das palavras que faz isso.
Sistema nominal latino
1. Sugestões de solução nas primeiras palavras. Todas as palavras foram dadas anteriormente na 
aula e suas formas estão nas tabelas.
2. Sugestão de resolução já proposta nos exemplos. Mais uma vez, todas as palavras foram dadas 
na aula. 
3. O “x” no ex faz com que apenas as escolhas que iniciam por vogal e que estejam no ablativo sejam 
corretas; assim, apenas aquā deverá ser marcada como correta aqui.
Sistema nominal latino II
1. a) O rei rico mora na fortaleza enorme com muitos escravos.
b) Há cavalos nobres, águias ferozes e muitos animais na selva.
c) O escravo ignorante fere a águia forte com uma flecha.
2. praedonis: multis, altō, felicis, ignari, ignarōs, beatōrum, prudentis 
celere: nautā, aquis, equis, aprō, animali, opus, lex, montem 
176 Língua Latina
hostium: multōrum, clarārum, felicibus, ueterum, stultum
incredibilibus: oneris, urbium, sceleribus, scaenis, diuitiis, arcis
3. Bonus: bonus, bonum, boni, bono, bono, boni, bonos, bonorum, bonis, bonis
Audax: audax, audacem, audacis, audaci, audaci, audaces, audaces, audacium, audacibus, audacibus
Diues: diues, diuitem, diuitis, diuiti, diuite, diuites, diuites, diuitum, diuitibus, diuitibus
Graus dos adjetivos e formação de advérbios
1. a) A águia é mais feroz que a pomba.
b) Os animais são mais ignorantes que os homens.
c) Meninos são mais fortes que meninas.
d) Navegamos por um mar enorme.
e) O cavalo é o mais nobre dos animais.
f) Piratas ferozes atacam de forma má a famosa cidade.
g) A esposa diz palavras boas gravemente ao marido.
2. nobilior, is nobilissimus, a, um nobiliter
diuitior, is diuitissimus, a, um diuiniter
tutior, is tutissimus, a, um tute
beatior, is beatissimus, a, um beate
Estrutura da língua latina: os verbos
1. a) celaremus: 1pp imperf. subj.
b) locat: 3ps pres. indic.
c) respondi: 1ps perfeito indic.
d) uidebimus: 1pp futuro indic.
e) seduit: 3ps perfeito indic.
f ) mansissem: 1ps mais-que-perf. subj. 
g) flexeratis: 2pp mais-que-perf. indic.
h) pugnant: 3pp pres. indic. 
Gabarito 177
i) dedisti: 2ps perf. indic. 
j) apparere: infinitivo pres.
2. a) puer in ciuitate magna habitat. (O menino habita na cidade grande.)
b) mihi non placet laborare. (Não me apraz trabalhar / Não gosto de trabalhar)
c) Petrus Paulō respondit cum uerba mala. (Pedro respondeu a Paulo com palavras más.)
d) femina cenam ingentem parabit. (A mulher preparará um jantar enorme.)
e) sapientes philosophos uir uetus non uidet. (O homem velho não vê os filósofos sábios.)
Aprofundamento da morfologia verbal latina
1. a) uolebamus dormire. (Queríamos dormir)
b) homines regis seruos audaces interficērunt. (Os homens do rei mataram os escravos audazes.)
c) poetae cum auxilio musarum canunt. (Os poetas cantam com auxílio das musas.)
d) philosophi currere non possunt. (Filósofos não podem correr.)
e) duces legiones ducent. (ambígua: “Os generais conduzirão as legiões.” ou “As legiões conduzirão 
os generais.”)
2. a) cadent: 3pp futuro do indicativo “eles cairão”
b) agere: infinitivo presente “agir”
c) posuit: 3ps perfeito indic. “ele pôs”
d) scribuisse: infinitivo perfeito “ter escrito”
e) scis: 2ps pres. indic. “você sabe”
f ) uenissetis: 2pp mais-que-perfeito subjuntivo “que vocês tivessem vindo”
g) faciunt: 3pp pres. indic. facio: “eles fazem”
h) perfecimus: 1pp perf. indic.: “perfizemos, completamos”
i) fugiebas: 2ps imperfeito indic. “você estava fugindo, fugia”
A voz passiva e os verbos depoentes
1. a) uerba serui nuntiantur a poetā. (As palavras do escravo são anunciadas pelo poeta.)
b) leges faciebantur ab antiquis hominibus. (Leis eram feitas pelos homens antigos.)
c) litterae falsae scriptae erant. (Cartas falsas tinham sido escritas.) 
178 Língua Latina
d) a coquō cena parata est ingens. (Uma ceia enorme foi preparada pelo cozinheiro.)
e) bellum malum pugnabitur a populis amicis. (Uma guerra má será lutada pelos povos amigos.) 
f ) dominus multum locutus est cum seruo stulto. (O senhor falou muito com o escravo estúpido.)
2. a) miles bonus pugnam ducit. (solução: pugna ducitur a milite bono. A batalha é conduzida pelo 
bom soldado.)
b) uir uxorem bellam uidebat. (solução: uxor bella uidebatur ab uirō. A bela esposa era vista pelo 
marido.)
c) rex audax multos homines necauit. (solução: multi homines necati sunt a rege audace. Muitos 
homens foram mortos pelo rei audaz.)
d) urbs diues praedones timebit. (solução: praedones timebuntur ab urbe diuite. Os piratas serão 
temidos pela cidade rica.)
e) uulnera saggitārum senserant aquilae diuinae. (solução: uulnera saggitārum sensa erant ab aquilis 
diuinis. Feridas de flechas tinham sido sentidas pelas águias divinas.)
3. Solução aproximada: 
“As batalhas são tornadas públicas
a sabedoria é expulsa do meio (‘do meio do campo de batalha’, entenda-se)
o bom orador é desprezado, o soldado horrível é amado.”
Os pronomes em latim
1. (1) quod – neutro singular acusativo pronome relativo.
(2) quae – neutro plural acusativo pronome relativo.
(3) quae – feminino singular nominativo pronome relativo.
(4) quae – feminino singular nominativo pronome relativo.
(5) quis – masculino singular nominativo pronome interrogativo.
(6) cui – masculino/feminino singular dativo pronome interrogativo. 
(7) quem – masculino singular acusativo pronome interrogativo. 
(8) cuius – feminino singular genitivo pronome interrogativo.
(9) quem – masculino singular acusativo pronome interrogativo.
(10) cui – masculino/feminino singular dativo pronome interrogativo.
Gabarito 179
2.
is, ea, id hic, haec, hoc ille, illa, illud iste, ista, 
istud
qui, quae, 
quod
feminam eam hanc illam istam quam
dominōrum eōrum hōrum illōrum istōrum quōrum
miles is hic ille iste qui
seruīs eīs hīs illīs istīs quibus
uerba ea haec illa ista quae
aedī eī / eā
(dat ou abl)
huic / hāc illī / illā istī / istā cui / quā
3. a) regina se amat. (A rainha se ama.)
b) ille coquus tibi haec uerba dixit. (Aquele cozinheiro disse estas palavras para você.)
c) ille seruus suum regem non uidet. (Aquele escravo não vê o seu rei.) 
d) eae aedes dabuntur militibus quī bene pugnant. (Aquela casa será dada para os soldados que 
lutam bem.)
e) aedes, ium: templo (no singular) e casa (no plural)
f) nōs necamus hostes quōs uidimus. (Nós mesmos matamos os inimigos que vimos.) nōs dá idéia de 
ênfase.
Conjunções: coordenação e subordinação
1. seu... seu: “quer... quer” – trata-se de uma conjunção coordenativa disjuntiva.
ne: “que não” – contrário de ut, dá idéia da negação da conjunção consecutiva/final “para, a fim de...”
nec: “nem, e não” – conjunção aditiva negativa.
ut: “como”: aqui, o ut é comparativo.
et: “e” – conjunção coordenativa aditiva.
dum: “enquanto” – conjunção subordinativa temporal.
2. a) Tanto os escravos quanto os senhores são humanos.
b) Se o rei não tem um filho, isto é ruim.
c) Enquanto o cozinheiro prepara a ceia, os escravos fazem muitas coisas ruins.
d) Embora o escravo fale bem, o senhor não escuta as palavras dele.
e) O senhor disse que o cozinheiro tinha preparado uma boa ceia.
180 Língua Latina
Os numerais, o calendário romano, a quarta e a quinta declinações
1. 
Dia Romano Dia moderno Ano romano Ano moderno
pridie Nonas Martias 6 de março V AUC 749 a. C.
a.d. IV Kal. Augustas 28 de julho C AUC 653 a. C.
Idibus Februarius 13 de fevereiro DCCLIII AUC 1 d.C.
2. a) Não tem nenhuma esperança aquele que perde a fé.
b) A mão do imperador conduz os exércitos.
c) Permaneciam durante muitos dias no campo dos inimigos.
d) Quatro homens entraram na cidade no quarto dia.
3. “Nem há para mim esperança alguma de ver a pátria antiga
nem os doces filhos e o pai muito amado/desejado”.
Gabarito 181
Referências
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Editora, 2003.
BASSETO, Bruno Fregni. Elementos de Filologia Românica: história externa das línguas. 2. ed. São 
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005. v. 1.
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao Latim. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1993. 
HORÁCIO; OVÍDIO. Sátiras & Os Fastos. São Paulo: Jackson Editores, 1949. Clássicos Jackson, v. 4.
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Cambridge University Press, 1986.
_____. Reading Latin: text. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
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UNESP, 1995.
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Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
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Estudos Clássicos, 1994.
PETRÔNIO. Satyricon. Edição Bilingue. Tradução e Posfácio de Sandra Braga Bianchet. Belo Horizonte: 
Crisálida, 2004.
PLAUTO; TERêNCIO. A Comédia Latina. Tradução de Agostinho da Silva. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
REZENDE, A. M.; BIANCHET, Sandra Gualberto. Dicionário do Latim Essencial. 1. ed. Belo Horizonte: 
Editoras Crisálida e Tessitura, 2005.
REZENDE, Antônio Martinez de. Latina Essentia: preparação ao latim. Belo Horizonte: Editora da 
UFMG, 2003.
ROBINS, R. H. Pequena História da Linguística. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1983.
RÓNAI, Paulo. Gradus Primus: curso básico de latim. São Paulo: Cultrix, 2006. 
184 Língua latina
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VERGÍLIO. Eneida. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Brasília/ São Paulo: EDUNB; A montanha, 1983.
WEEDWOOD, Barbara. História Concisa da Linguística. São Paulo: Parábola, 2002.

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