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Fi s i o t e r a p i a B r a s i l a n o 2 - n 1 o Orientação espacial e recrutamento muscular Biomecânica Controle do estresse pela técnica de Watsu Hidroterapia Alterações respiratórias na doença de Parkinson Neurologia Melhora do equilíbrio do tronco em portadores de lesão medular Terapia de dança Janeiro / Fevereiro de 2001Fi i i B il 2 1 J A N E IR O /F E V E R E IR O D E 2 0 0 1 www.atlanticaeditora.com.br Pós-graduação Reconhecimento dos diplomas ISSN 1518-9740 Fi s i o t e r a p i a B r a s i l an o 2 - n 2 o Iº Congresso Brasileiro de Pesquisa em Fisioterapia Pesquisa M a r ç o / A b r i l d e 2 0 0 1Fi i i B il 2 2 M A R Ç O / A B R IL D E 2 0 0 1 www.atlanticaeditora.com.br •Métodos de mensuração de equilíbrio Biomecânica •Avaliação da eficácia da técnica cirúrgica de Cavalier ISSN 1518-9740 • • Programa terapêutico em mulheres com incontinência urinária Impacto no desempenho funcional de um programa fisioterapêutico interdisciplinar Terceira Idade Fi s i o t e r a p i a •Avaliação cinesiológica das curvaturas lombar e torácica das gestantes Gravidez M a i o / J u n h o d e 2 0 0 1Fi i i B il 2 3 M A IO / J U N H O D E 2 0 0 1 www.atlanticaeditora.com.br •Análise da pressão plantar Biomecânica •Estudo do equilíbrio em idosos ISSN 1518-9740 •Uso do laser no tratamento das úlceras de decúbito Laserterapia B r a s i l an o 2 - n 3 o •Análise das técnicas de tratamento da lombalgia Atualização Fi s i o t e r a p i a J u l h o / A g o s t o d e 2 0 0 1Fi i i B il 2 4 J U L H O / A G O S T O D E 2 0 0 1 www.atlanticaeditora.com.br •Cinesiologia do movimeto do ataque no voleibol Esporte ISSN 1518-9740 •Técnicas de relaxamento e seqüelas de acidente vascular cerebral Neurologia B r a s i l an o 2 - n 4 o •Estudo sobre o pé equino Caso Clínico •Princípios de laserterapia Laserterapia Fi s i o t e r a p i a S e t e m b r o / O u t u b r o d e 2 0 0 1Fi i i B il 2 5 S E T E M B R O / O U T U B R O D E 2 0 0 1 www.atlanticaeditora.com.br •Estudo sobre a preensão palmar Cinesiologia ISSN 1518-9740 •Músculos isquiorretais no posicionamento do quadril Anatomia B r a s i l an o 2 - n 5 o •Reabilitação vestibular em duas pacientes com vertigem posicional paroxística benigna Caso clínico •Tratamento da fibrose cística Pneumo funcional Fi s i o t e r a p i a N o v e m b r o / D e z e m b r o d e 2 0 0 1Fi i i B il 2 6 N O V E M B R O / D E Z E M B R O D E 2 0 0 1 www.atlanticaeditora.com.br •Implicação dos músculos espinhais na escoliose Biomecânica ISSN 1518-9740 •Aspectos centrais e periféricos da fadiga Performance B r a s i l an o 2 - n 6 o •Histórico e princípios da hidroterapia Hidroterapia •Princípios de laserterapia - Parte 2 Efeitos sobre os tecidos biológicos Laserterapia Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 269 Fisioterapia prática Ginástica Laborativa EDITORIAL Um ano de muitos trabalhos, os editores ......................................................................................... 271 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ......................................................................... 272 ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES Avaliação de crianças com fibrose cística após 12 meses de fisioterapia respiratória, Juliana de F. Fracon, Maria J. J. Sologuren, Ada C. Gastaldi, Mário Antônio Baraúna......... 289 Estudo sobre a realização da preensão palmar com a utilização do dinamômetro: Considerações anatômicas e cinesiológicas, Demóstenes Moreira, José Roberto Pimenta de Godoy, Watercides Silva Junior ............................................................ 295 A importância dos músculos isquiorretais no posicionamento do quadril, sob uma visão anatômica, José Antônio SFA Pinna Cabral, Fernando Pinna Cabral, Renato Guimarães Loffi, Robson Ines Moreira da Rocha, Renata Carolina de Pinna Cabral ............. 301 A importância da avaliação multidisciplinar da articulação temporomandibular em uma faixa etária de 10 a 12 anos, Marcus Vinícius de Mello Pinto, Giselle Oliveira de Souza, Marcelly Pedroni ......................... 309 Caso clínico: Reabilitação vestibular em duas pacientes com vertigem posicional paroxística benigna, André Luís Santos Silva, Silmar Silva Teixeira, João Soares Moreira, Simone Fernandes .......................................................................................... 313 Normas de publicação ......................................................................................................................... 324 EVENTOS ............................................................................................................................................. 328 Fisioterapia Brasil Índice (vol.2, nº5 set/out 2001 - 269~328) ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A equipe editorial da Fisioterapia Brasil parabeniza seus leitores pelo dia do Fisioterapeuta. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001270 © ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distri- buída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. Fisioterapia Brasil Editor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científico Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ/UCB – Rio de Janeiro) Conselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científico Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina) Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina) Profa. Dra. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU - Estados Unidos) Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro - UNIT – Minas Gerais) Profa. Dra. Neide Gomes Lucena (Univ. Fed. da Paraíba - UFPB – João Pessoa) Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (Univ. Federal de São Carlos - UFSCAR – São Paulo) Prof. Dr. Paulo Sérgio Siebra Beraldo (Coord. Mestrado Sarah Kubitschek – Brasília) Assinaturas 6 números ao ano + 1 CD-ROM = R$ 90,00 Tel.: (21) 2244-6471 / 2285-0804 www.atlanticaeditora.com.br Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001) Rio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de Janeiro Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2244-6471 E-mail: atlantica1@globo.com São PSão PSão PSão PSão Pauloauloauloauloaulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP Dra. Albernice Ma de Oliveira Barreto (CREFITO1 – Recife) Dr. Antonio Neme Khoury (HGI - Rio de Janeiro) Dr. Carlos Alberto Caetano de Azeredo (Rio de Janeiro) Dra. Claudia Bahia (FAFIS/IAENE - Salvador) Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Profa. Dra. Elaine Guirro (Unimep – São Paulo) Dr. Esperidião Elias Aquim (Univ.Tuiuti - Paraná) Dr. Farley Campos (UCB - Rio de Janeiro) Dr. Fernando A. de M. Prati (CREFITO5 – Porto Alegre) Profa. Hélia Pinheiro Rodrigues Corrêa (UCB – Rio de Janeiro) Dr. Hélio Pio (Rio de Janeiro) Dr. Hildeberto Lopes do Santos (CREFITO4 – Belo Horizonte) Dr. Ivan Pinto Varela (CREFITO7 – Salvador) Prof. Dr. João Marinonio A. Carneiro (Rio de Janeiro) Prof. Dr. João Santos Pereira (UERJ - Rio de Janeiro) Dr. José Euclides Poubel e Silva (CREFITO9 – Campo Grande) Dra. Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina) Dr. José Roberto Prado Jr. (Rio de Janeiro) Dr. Jorge Tamaki (PUC - Paraná) Dra. Marisa Moraes Regenga (São Paulo) Dr. Nilton Petrone (Univ. Estácio de Sá - Rio de Janeiro) Dr. Paulo Henrique Eufrásio de Oliveira (FAFIS/IAENE - Bahia) Dr. Paulo Eraldo C. do Vale (UNICID - São Paulo) Dra. Regina Maria de Figuerôa (CREFITO2 - Rio de Janeiro) Profa. Solange Canavarro Ferreira (UNESA - HFAG - Rio de Janeiro) Dra. Suely Marques (Rio de Janeiro) Dr. Zenildo Gomes da Costa (CREFITO 3 – São Paulo) Editor executivoEditor executivoEditor executivoEditor executivoEditor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin PPPPPublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketing René Caldeira Delpy Jr. Administração:Administração:Administração:Administração:Administração: Claudiane Benavenuto RRRRRevista Fevista Fevista Fevista Fevista Fisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasil ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740 RRRRRedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administração (Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço) Jean-Louis Peytavin Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2244-6471 Cel: (21) 9366-7088 atlantica1@globo.com PPPPPublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketing Rio de Janeiro: René C. Delpy Jr (21) 2244-6471 Cel: (21) 9662-9411 Ilustração da capa: Menelau Sete, sem título, acrílico sobre tela, 100x80 cms, 1998 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 271 Editorial Um ano. Pois é, já estamos fazendo nosso primeiro aniversário e podemos festejar como um projeto bem sucedido. Uma revista é sempre uma criança para seus editores, e a cada novo número exis- te a preocupação de melhora-la em relaçao ao anterior. Como perió- dico científico o compromisso é de estar trazendo a seus leitores uma atualização permanente dos trabalhos e pesquisas desenvol- vidos no Brasil, o que temos feito como ninguém até hoje na Fisio- terapia. E quando falamos do Brasil é porque, por não estarmos ligados a qualquer instituição, podemos ter uma independência edi- torial quanto aos trabalhos submetidos sem nos preocuparmos em privilegiar um ou outro pesquisador, recebendo material de todos os centros de pesquisa brasileiros. Na seleção do que vai ser publi- cado é que é feita a peneira com muito critério do conselho científi- co da Fisioterapia Brasil. Podemos destacar trabalhos originais de grande importância ci- entífica que equipes de fisioterapêutas desenvolveram em centros de pesquisa reconhecidos nacionalmente, tal como a FIOCRUZ-RJ, a UFSCAR-SP e UNIT-MG entre outros. Pesquisadores que outrora somente buscavam publicar em periódicos estrangeiros começa- ram a mandar seus trabalhos para a Fisioterapia Brasil entendendo que a revista, embora muito nova, já estava fadada a ser uma refe- rência para o meio acadêmico. Foram mais de 25 artigos publicados neste primeiro ano. Agradecemos a todos que neste primeiro ano colaboraram com a revista e convocamos quem queira colaborar que se apresente, pois será muito bem vindo. Aproveitamos também para dar nossos pa- rabéns pelo dia 13 de outubro, dia do Fisioterapeuta, que é o motivo da existência deste periódico. Boa leitura, parabéns e obrigado por este nosso primeiro aniver- sário, Os editores. Um ano de muitos trabalhos Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001272 Resumos do XV Congresso Brasileiro de Fisioterapia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Condutas fisioterapêuticas no tratamento do linfedema no pós-operatório do câncer de mama Introdução Este estudo investiga as mulheres que desenvolveram Edema Linfático no membro superior ao lado ipsilateral do local da abordagem cirúrgica do câncer de mama. O objetivo é investi- gar a eficácia da bandagem compressiva funcional e da drena- gem linfática manual na recuperação dessas pacientes. Metodologia A pesquisa tem caráter de estudo observacional exploratório de grupo, tendo sido realizado uma ficha de avaliação e um pro- tocolo de tratamento fisioterapêutico, constando de drenagem linfática e bandagem compressiva funcional. O método da pes- quisa seguiu-se de avaliação inicial e reavaliações semanais (anamnese, registro fotográfico, mensurações perimétricas); drenagem linfática manual por 30 minutos e aplicação da bandagem funcional por 24 horas; freqüência de seis atendi- mentos semanais, por um período de quatro semanas. Resultados Foram atendidas sete pacientes mulheres, com idade entre 46 e 79 anos, sendo que quatro foram submetidas à quadrantectomia com esvaziamento axilar total e as outras três à mastectomia radical modificada com esvaziamento axilar. To- das as pacientes do grupo submeteram-se à radioterapia pós- cirúrgica. O tempo de instalação do linfedema foi em torno do sexto mês de pós-cirúrgico nas sete mulheres. Nos resultados obtidos até o presente, observou-se uma média de redução na perimetria do antebraço em torno de 1,5 cm, com relatos signi- ficativos a respeito da qualidade vida: diminuição da sensação de peso, melhora na execução das atividades de vida diária, sen- sação de bem-estar e conforto. Conclusão Com isso, concluímos que o tratamento fisioterapêutico cola- bora de maneira importante na recuperação funcional e na rein- tegração dessas mulheres ao meio familiar, emocional, social e cultural, bem como na ajuda de seu reconhecimento pessoal, resgatando a sua imagem e integridade corporal. Trabalhos apresentados no XV Congresso Brasileiro de Fisioterapia, 10 a 14 de outubro de 2001, São Paulo - SP Juliana Tieppo*, Eder Marcolin*, Iara Schneider**, Adriane Bertotto**, NP Nora*** *Acadêmica Fisioterapia ULBRA- Canoas-RS, **Profª.ULBRA-IPA/ POA/RS - Mestra p/UCES-ARG, ***Fisioterapeuta Hospital São Lucas-PUC- POA/RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 273 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A fisioterapia em relação aos pacientes terminais Introdução Os fisioterapeutas que trabalham nas Unidades de Terapia Intensiva cotidianamente cuidam de pacientes em condições clínicas graves, alguns casos, inclusive, em situações de risco de vida. Por esta razão, é extremamente importante que o pro- fissional esteja preparado, tanto técnica como eticamente para enfrentar essa difícil tarefa. Este trabalho teve como objetivo traçar um perfil dos profissionais da fisioterapia e conhecer sua opinião sobre questões que envolvem os pacientes terminais. Material e métodos O universo pesquisado foram os fisioterapeutas que trabalham em Unidades de Tratamento Intensivo nos Hospitais de Alagoas. Foi aplicado um questionário para obter informações sobre a for- mação técnica do profissional e sua opinião sobre pacientes ter- minais, autonomia do paciente, eutanásia e distanásia. Resultados Obtivemos um total de 54 profissionais que atuam no Estado de Alagoas, sendo 22 que trabalham nas Unidades de Tratamen- to Intensivo, distribuídos entre os 8 hospitais que oferecem este tipo de serviço no Estado de Alagoas. Mais de 60% dos profissio- nais têm herança religiosa católica. Todos entrevistados respon- deram que explicam os procedimentos aos seus pacientes. Em relação à eutanásia ativa, 5,5% são a favor e 94,5% são contra. Eutanásia passiva 73,5% são contra e 26,5% são a favor. Sobre a autonomia do paciente terminal quando consciente, 58% dos fi- sioterapeutas responderam que têm autonomia e 42% que não. Conclusão É evidente a importância das informações prestadas aos pa- cientes, mesmo quando na condição terminal; identificou-se a influência da herança religiosa na opinião dos profissionais quando se trata de eutanásia; e, a maioria absoluta dos fisiote- rapeutas entrevistados é contra a eutanásia ativa ou passiva. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A fisioterapia respiratória em UTI na síndrome de Guillain Barré O objetivo deste trabalho é mostrar como a fisioterapia previne complicações respiratórias na SGB durante a hospitalização do paciente e facilita a reabilitação pós-ventilação mecânica. Esta síndrome é uma inflamação das raízes nervosas, levando a altera- ções da sensibilidade e da motricidade, provocada pela desmielinização da bainha, que impede os impulsos Waldemar A. das Neves Jr*,Laís Záu Serpa de Araújo** *Acadêmico do Curso de Fisioterapia da UNCISAL, Maceió – AL, **Professora de Bioética da UNCISAL, Mestre em Patologia pela UFF Pantaleão C, Caixeta F, Fulgêncio G, Sade I, Gouveia J, Ferraz J, Pires M, Scárdua M, Malta P, Diniz T, Seabra V, Abrunhosa A, Campos F, Frigeri F, UCP, Petrópolis – RJ Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001274 neuromusculares e o arco reflexo. A principal manifestação clíni- ca é a fraqueza muscular, que evolui com caráter progressivo e crescente, começando nos pés, podendo progredir para paralisia motora total com morte, devido à insuficiência respiratória, pelo acometimento de diafragma e intercostais, em poucos dias. Até a terceira semana tem-se a máxima evolução, regredindo com me- lhora dos sintomas ao longo de alguns meses. O fisioterapeuta atua durante a permanência do paciente sob assistência ventilatória onde são observadas alterações como a degradação da função muscular, por redução da força, tônus e trofismo; que são visíveis quando há insucesso no desmame ventilatório. Uma das técnicas utilizadas é a aplicação da pressão positiva em dois níveis, BILEVEL (IPAP – Pressão positiva inspiratória, EPAP - pressão positiva expiratória) que incrementa a endurance da musculatura respiratória promovendo melhor performance. Estes níveis pressóricos quando superior a 10 cm H2O, proporcionam a abertu- ra das vias aéreas reduzindo o trabalho muscular respiratório. A cinesioterapia respiratória enfatiza as manobras de reexpansão, desobstrução pulmonar e higienização brônquica, evitando com- plicações como atelectasias, infecções respiratórias, barotrauma. O trabalho mostra, portanto, de forma clara e científica, a impor- tância do treinamento muscular respiratório para uma readaptação progressiva aos esforços e aceleração do processo de desmame. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Análise do músculo tríceps sural em adolescentes que usam calçado de salto alto Introdução O objetivo da pesquisa foi verificar as conseqüências que o uso do salto alto traz para musculatura tríceps sural. Método O estudo foi feito nas dependências de três escolas da rede particular na cidade de Belém com 50 adolescentes de faixa etária entre 13 e 18 anos que usam salto alto há pelo menos 5 anos. O instrumento utilizado na pesquisa foi o goniômetro e os testes musculares foram do tipo passivo nas posições sentado em decúbito dorsal com pernas estendidas e decúbito ventral com joelhos fletidos a 90º, segundo preconizado por Palmer. Resultados Os resultados revelaram diminuição da amplitude de movi- mentação de 92,85% dos testes para o gastrocnêmio e em 59,18% dos testes para o sóleo. Conclusão Os dados da pesquisa dentro das condições utilizadas, evi- denciaram que a utilização do uso de salto alto traz como uma conseqüência, a contratura da musculatura tríceps sural, prin- cipalmente, dos gastrocnêmios. Continuação Layla Bandeira Arruda, Thaís Amanda Monteiro Nobre Universidade da Amazônia, Belém – Pará, Orientação: Prof. Ms Renato Teixeira, Prof. Mestrando Nelson Higino de Oliveira Filho Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 275 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Análise postural em atletas femininas de handebol A prática de esportes pode ser o fator desencadeante de alte- rações posturais que levam a limitações na amplitude de movi- mento e que, futuramente, poderão desenvolver dores e des- confortos, além de afetar o desempenho esportivo. O handebol é um esporte de grande contato corporal, requerendo ações repetitivas, saltos, corrida e movimentos complexos, além da solicitação assimétrica da musculatura de tronco e braços. Des- sa forma, alterações clínicas no sistema locomotor e na postura podem ocorrer, sendo necessário uma avaliação fisioterápica global, identificando assimetrias corporais desencadeadas ao longo da prática do desporto. A população alvo deste estudo foram as 22 atletas da Seleção Brasileira Adulta Feminina de Handebol convocadas para a fase de treinamentos em Santa Maria (RS), visando os Jogos Olím- picos de Sidney. A ficha de avaliação postural utilizada foi a do Ambulatório de Fisioterapia do Hospital Universitário da UFSM, sendo realizada a análise visual de assimetrias e desequilíbrios corporais, além do registro fotográfico. Em 63,6% das atletas a anteversão pélvica pode ser observada, sendo que 50% dos casos em combinação com a lordose lombar. Quanto aos desvios na coluna, estes existiam em toda população sendo a lordose lombar (68,18%) mais comum. As assimetrias no ombro e escápula também apresentaram frequência elevada com alterações em 100% das atletas: anteriorização de ombros em 95,4% e 90,9% das escápulas com abdução isolada ou combina- ções de desvios (abdução e elevação, p.ex). As assimetrias observadas e aqui relatadas não podem ser caracterizadas como estruturais, tendo em vista a forma subje- tiva da análise. Os desequilíbrios musculares encontrados e a alta frequência de alterações na coluna revelam a carência de estudos na área da fisioterapia desportiva, bem como a impor- tância da avaliação e acompanhamento dos atletas por este pro- fissional. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Autismo: Uma abordagem fisioterápica O autismo é uma inadequação do desenvolvimento que se manifesta de maneira grave durante toda a vida (Grünspun, 78) com alterações presentes desde idades muito precoces e que se caracteriza, sempre, pela presença de desvios nas relações interpessoais, linguagem/comunicação e comportamento, com duas características cardinais: isolamento extremo e um desejo ansiosamente obsessivo de preservação da rotina, e da mesmice Carla Domingues, Ligia Veronica Aita, Michele Forgiarini Saccol Universidade Federal de Santa Maria – UFSM - RS Anahi F. N. Pereira, Daniela Costa, Simone M. Macêdo, Solan- ge T. Silva Centro Universitário do Triângulo, Uberlândia - MG Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001276 (Molfetta, 97). Segundo o livro “Autismo e psicose infantil”, autismo traduzido literalmente significa viver em termos do próprio eu, ou seja, uma criança centrada em si mesma (Moreira, 96). O diagnóstico é baseado no quadro clínico e não poderá, por- tanto, ser feito puramente com base em testes e algumas esca- las de avaliação (Lippi, 99). Com isso, vemos a necessidade de esclarecer melhor a patologia e seu quadro clínico, facilitando o diagnóstico para os profissionais da área de saúde bem como os pais destas crianças, e dando uma abordagem multidisciplinar com ênfase nos benefícios do tratamento fisioterápico, para que elas não sejam prejudicadas com um tratamento iatrogênico e tardio, pois o autismo pode passar desconhecido ou mal diag- nosticado por meses ou, em alguns casos, até anos. Essa pesquisa utiliza revisões bibliográficas, dando ênfase principalmente no diagnóstico, manifestações clínicas do Autismo Infantil Precoce, nos permitindo elaborar as possíveis formas de tratamento fisioterápico. O estudo nos permitiu facilitar o diagnóstico e traçar um tra- tamento fisioterápico adequado capaz de atuar dentro de todo quadro clínico da criança com Autismo Infantil Precoce. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia no transplante hepático Introdução Cerca de dois terços dos órgãos transplantados são acometi- dos por pelo menos um episódio de rejeição, muitas vezes pela decorrência da heterogeneidade da doença hepática. A fisiote- rapia é medida integrante do suporte terapêutico dos pacientes transplantados, fornecendo uma contribuição expressiva para esta parcela da população. O objetivo desse trabalho foi descre- ver uma série com cinco pacientes que realizaram transplante hepático e receberam tratamento fisioterapêutico. Pacientes e métodos Foram incluídos no estudo os pacientes, que realizaram trans- plante hepático, entre o período de fev/2001 a abril/2001. Verificou- se na avaliação, a procedência, idade, sexo, cor, profissão, renda mensal, o total de dias de internação até o momento da pesquisa, número de atendimentos prestados pela fisioterapia, complicações no pós-operatório, medicação utilizada, bem como, as técnicas aplicadas. Os pacientes receberam 3 atendimentos diários. Resultados A média de idade foi de 40,2 anos (± 10,7), sendo 2 pacientes masculinos, 4 pacientes brancos e 1 pardo. A renda mensal mé- dia, foi de 4,04 salários mínimos (± 2,1). As doenças hepáticas foram: cirrose alcoólica (2 casos), cirrose por vírus hepatite C (2 casos e 1 fulminante). O período médio de internação foi de 59,4 dias (± 22,9). Os pacientes receberam 429 atendimentos Continuação Cristine Hermann Nodari, Anelise Raupp, Bianca Ghiraldello, Tania Maria Zambon, Alexandre Simões Dias, Marcelo Rieder Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - ISCMPA e Faculdade de Fisioterapia do Instituto Porto Alegre – IPA, Porto Alegre - RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 277 da fisioterapia, sendo que a média foi de 85,8 (± 30,9). As com- plicações no pós-operatório foram: derrame pleural bilateral e infecções oportunistas em 4 casos. Ocorreu óbito em 1 caso, por rejeição aguda. A medicação controle para todos os paci- entes foi o Ácido ursodesoxicólico, Ciclosporina A, Omeprazol, Prednisona e Nistatina. Foram aplicadas manobras manuais desobstrutivas, exercícios de expansão pulmonar, máscara de EPAP (Pressão Positiva Expiratória) e recondicionamento físi- co global. Conclusão A descrição da série de cinco casos, mostrou-nos que a ava- liação geral desse pacientes é satisfatória e importante para a execução da conduta fisioterapêutica, visando assim, o retor- no precoce às atividades de vida diária, buscando uma me- lhor qualidade de vida. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Reabilitação pós tratamento cirúrgico para lesões condrais da tróclea do tálus com mosaicoplastia A lesão condral do tálus é, em sua grande maioria, associa- da a entorses de tornozelo. O diagnóstico é baseado na inter- pretação de imagens radiológicas, ressonância magnética e tomografia computadorizada. A classificação radiológica da lesão, segundo Bernt e Harty (1959), é a mais utilizada até hoje. O tratamento cirúrgico é o mais indicado devido a evo- lução para osteoartrose precoce. Este trabalho reuniu 5 paci- entes do sexo masculino com lesão osteocondral do tálus, ida- de média de 32,7 anos, acometimento lateral em 2 casos, 3 lesões do lado esquerdo e tempo médio de evolução das do- res após o trauma inicial de 12,7 meses. A técnica cirúrgica foi a mosaicoplastia com utilização de enxerto osteocondral autógeno da crista troclear lateral do joelho. A reabilitação precoce foi baseada na mobilização passiva e ativa de torno- zelo e joelho no pós-operatório imediato, com crioterapia após os exercícios. Os exercícios foram intensificados após 5-7 dias com estimulação elétrica para minimizar a atrofia muscular. A carga foi permitida após 4 semanas nos pacientes com le- são lateral e com lesão medial pura, e após 6 semanas no pa- ciente com lesão dupla. Inicia-se então fortalecimento mus- cular e exercícios de propriocepção até a reabilitação com- pleta. Todos os pacientes retornaram ao mesmo nível de ati- vidade que tinham antes da lesão, sendo a média de pontua- ção da AOFAS 94,5. O retorno as AVDs ocorreu após o retorno da marcha (16 semanas após a cirurgia). A técnica de mosaicoplastia e um programa de reabilitação baseado na mobilização e descarga de peso precoce, otimizaram os resul- tados obtidos. Continuação Marcelo Pires Prado, Maíra Andressa Malvezzi Valenzi, Leandro Siqueira Simões, Alberto Abussamra Moreira Mendes, Sérgio Luiz Jeremias Junior Centro de Ortopedia e Reabilitação no Esporte do Hospital do Coração – CORE - SP Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001278 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Intervenção da fisioterapia na incontinência urinária e a repercussão na relação sexual Introdução A incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de urina que representa um problema social e higiênico para o paciente. O impacto da perda de urina na qualidade de vida do paciente, restringe-o social e sexualmente, uma vez que a maioria dos pacientes reclusam-se e afastam-se dos par- ceiros. Objetivo Analisar a intervenção da fisioterapia em pacientes com di- agnostico de IU e os resultados da aplicação da escala análogo visual quanto ao grau de satisfação sexual no início e final do tratamento fisioterapêutico. Pacientes e métodos Através do serviço de Urologia do HNSC, foram encaminha- das 58 pacientes ao ambulatório de fisioterapia, (durante o ano de 2000) para a realização de fisioterapia pélvico-vesico- esfincteriana, Foram submetidas a avaliação, exame físico, ex- planação anatômica, calendário miccional e aplicação de exer- cícios fisioterapêuticos. Concomitante ao tratamento (início, meio e fim), aplicou-se uma escala análogo visual (de 0 a 10) onde a paciente assinalava o seu grau (de melhora ou não) da condição sexual. Resultados Das 58 pacientes do estudo, 9 (20%) não apresentavam vida sexual ativa. A média de idade foi de 44,2 anos (25-71), e duração dos sintomas era de 5,5 anos, onde 24 (53,3%) das pacientes já realizaram 1 ou mais intervenções para IU. O grau da muscula- tura pélvica inicial foi de 2,4 (na escala de 0-5) e após 4,3 meses (em média) atingiu-se um grau de musculatura de 4,14. Usa- vam em média de 5,6 forros/dia inicialmente e nenhum forro ao final do tratamento. O grau quanto à melhora da qualidade se- xual, inicialmente, era 1,61 (escala de 0-10) e ao final do trata- mento foi de 8,25. Conclusão Através deste estudo, observamos que a implementação das atividades fisioterapêuticas, contribuíram para a recuperação da continência urinária e da melhora considerável quanto à relação sexual das pacientes. Concluímos que, o reforço da musculatura do assoalho pélvico e a recuperação da neuroplasticidade sinérgica vésicoesfincteriana em pacientes com IU refletem na melhora da qualidade da relação sexual e auto-estima da paciente Camila M. Chaves, Tânia M.F. Zambon, Taise C. Tessari, Cristine H. Nodari, Dr. Isidoro D. Papadopol Hospital Nossa Senhora da Conceição-HNSC- Faculdade de Fisioterapia do IPA, Porto Alegre - RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 279 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia respiratória no paciente hospitalizado por tétano grave: relatos de dois casos Introdução O tétano é uma doença infecciosa, não contagiosa, freqüentemente fatal, causada pela ação do Clostridium tetani sobre as células do SNC. Devido suas características (hipertonia da musculatura estriada), observam-se: trismo, opistótono, ri- gidez abdominal e rigidez de nuca. Os espasmos são violentas exacerbações paroxísticas da hipertonia e levam o paciente a um quadro asfíxico, com cianose e parada respiratória. Nem sempre o uso de drogas músculo-relaxadoras cessam os espas- mos, sendo então administrados bloqueadores da junção mioneural. Neste momento a fisioterapia tem o importante pa- pel de manter as vias aéreas permeas, adequadamente ventila- das e higienizadas através da instituição de manobras terapêu- ticas e adequação de parâmetros da ventilação mecânica. O pre- sente trabalho tem como objetivo observar a evolução pneumo- funcional de pacientes internados com tétano grave, submeti- dos à ventilação mecânica e tratamento fisioterápico. Metodologia Foram observados dois casos de tétano grave internados no HC-UNICAMP durante 28 dias. Foram realizadas sessões de fi- sioterapia respiratória durante todos os dias de internação, in- cluindo técnicas de higiene brônquica, aspiração, reexpansão pulmonar e adaptação de parâmetros ventilatórios. Durante o acompanhamento dos pacientes foram avaliados a ausculta pul- monar e os radiogramas de tórax. Resultados Durante os 28 dias de tratamento fisioterápico em cada paci- ente, foram observados: melhora da ausculta pulmonar quanto ao desaparecimento de ruídos adventícios e aumento na venti- lação pulmonar basal no paciente 1 em 71,4% dos dias de atua- ção fisioterapêutica, e no paciente 2, em 75% dos dias. Quanto ao acompanhamento do radiograma de tórax, foi observado que, entre a imagem do 1º dia de internação e do 28º dia, não houve alteração volumétrica, mantendo-se a expansibilidade. Conclusão Através dos resultados obtidos, concluímos que o tratamen- to fisioterápico foi eficaz na maior parte dos dias de atendi- mento, perfazendo um total de melhora na ausculta pulmo- nar pela anamnese em 73,2% dos dias. Camilla Valladão Fernandes, Evelyn Regina Couto Unicamp, Campinas - São Paulo Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001280 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Peso corporal e peso do material escolar transportado por crianças em idade escolar O conhecimento da quantidade de material escolar transpor- tado pelos escolares e relacionando-o ao seu peso corporal é im- portante para uma atuação preventiva no sentido de impedir ou minimizar as possíveis alterações na postura e nas estruturas da coluna vertebral das crianças, além de ampliar a atuação do fisi- oterapeuta na área escolar. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi quantificar o peso absoluto do material escolar relaci- onando-o com o peso corporal dos escolares das escolas particula- res de Bauru. Foram sujeitos 116 meninos e 124 meninas, com idades entre 11 e 14 anos, de 5a e 6a séries da rede de ensino parti- cular de Bauru, no período de outubro de 2000 a março de 2001. Para a consecução do objetivo proposto foram realizados os se- guintes passos: coleta de dados, junto à secretária de educação, do número de alunos matriculados nas escolas particulares da cidade de Bauru; identificação das séries escolares em que é exigida maior quantidade de material escolar; dados específicos sobre o tipo de equipamento, peso do material transportado e peso dos sujeitos da amostra. Foram feitas análises estatísticas descritivas, testes de hipótese (Mann-Whitney), teste Kruskal – Wallis e de correlação (Pearson). Os resultados indicaram que: 1) Os escolares do sexo masculino transportam maior quantidade de material escolar comparados aos do sexo feminino; 2) Os es- colares que utilizam “carrinho” como equipamento para trans- porte do material escolar transportam maior peso comparados aos que utilizam mochila de fixação escapular e mochila de fixa- ção dorsal; 3) Há relação inversa entre a idade e o peso do materi- al escolar; 4) 30% dos alunos transportam material escolar com peso igual ou acima de 4kg; 5) 29,5% da amostra transportam peso acima de 10% do peso corporal e 10% estão acima de 15% do seu peso corpóreo. Pode-se concluir que os estudantes analisa- dos estão sendo submetidos a peso de material escolar excessivo, expondo-os a um maior risco de lesões nas estruturas músculo- esqueléticas da coluna vertebral. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Elogio da ação sensível - projeto de extensão em fisioterapia neurofuncional domiciliar O Projeto de Extensão em Fisioterapia Neurofuncional Do- miciliar acontece no Bairro Canudos, periferia da cidade de Novo Hamburgo, região do Vale dos Sinos de Porto Alegre, 60.000 ha- bitantes, desde setembro do ano de 1999. Veio propor uma Fisi- oterapia que vai ao encontro das necessidades dos alunos e da Cynthia Madrigal, Vanessa Silva Sales, Alberto de Vitta Universidade do Sagrado Coração – Bauru – São Paulo) Ana Clara Bonini Rocha Centro Universitário Feevale – NH/RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 281 população, porque se volta para valores de manutenção e de prevenção da saúde. Seus principais objetivos são de proporci- onar ação de qualidade, sensível e técnica, para um recorte populacional carente e excluído, que desconhece a Fisioterapia autônoma e científica, e de possibilitar ao agente de saúde, alu- no de Fisioterapia, uma ação humanista como valor profissio- nal, o que os conduzirá a um salto em direção a qualidade pro- fissional e para a conquista de uma identidade de ética social. O egresso terá tido todos os subsídios para produção de conheci- mento específico na área da fisico-função da mais alta qualida- de técnica e conhecerá os seus compromissos para com a socie- dade. Os objetivos específicos são de proporcionar um campo para produção científica de projetos e trabalhos de conclusão de curso nas áreas preventiva, recuperativa, curativa, e social; Proporcionar um olhar para toda a dimensão da saúde que trans- cende a lógica da doença; Formar profissionais que se diferenci- em por sua visão global do ser humano; Popularizar a Fisiotera- pia. Quer ser uma contribuição para a sociedade, uma interven- ção profissional de Fisioterapia e de docência fundamentada nas relações interpessoais, científicas e fraternas, que complementem as limitações do conhecimento. A triagem é fei- ta através do preenchimento de Ficha de Inscrição no Posto de Saúde Municipal, e a avaliação e reavaliação fisioterapêutica neurofuncional possui critérios da Medida de Independência Funcional, da Prova de Funcionalidade, da Tabela de Held, e do Controle Motor (Ashburn). São 30 alunos e 80 pacientes (crian- ças, adultos e idosos) sendo atendidos em 20 horas semanais por voluntários, supervisor e assessores de ensino. Desnuda-se uma demanda até então escondida pela pobreza e pelo isola- mento, e que precisa ser atendida em nome da responsabilida- de que tem uma ação fisioterapêutica de saúde, fazendo da Fisi- oterapia do século XXI uma realidade: uma terapia para a vida. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Ordem de recrutamento muscular em movimentos de apontar e sua relação com as forças geradas nas articulações Introdução Para alguns autores a ordem de recrutamento muscular se- ria função da orientação do braço no espaço. Para outros auto- res, a ordem de recrutamento muscular obedeceria à demanda mecânica da tarefa. Neste estudo testamos a hipótese de que a mudança na ordem de recrutamento seria conseqüência dos torques de interação, gerados pelo movimento da articulação focal, na articulação não-focal. Métodos Os movimentos do ombro, cotovelo e dedo indicador foram reconstruídos no espaço, utilizando um sistema óptico de análi- Continuação Nadia Fernanda Marconi*, Maira Lícia Foresti**, Gil Lucio Almeida*. *Universidade Estadual de Campinas, São Paulo e Universidade de Ribeirão Preto - São Paulo, ** Universidade de Ribeirão Preto -São Paulo Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001282 se tridimensional (Optotrak). Os movimentos foram realizados em cinco orientações espaciais diferentes (180°, 135°, 90°, 45° e 0°). As tarefas realizadas nas orientações espaciais de 180°, 135° e 90° foram executadas com adução do ombro e as tarefas reali- zadas nas orientações de 45° e 0° foram executadas com abdução. Em todas as orientações, o cotovelo sempre moveu em exten- são. A partir destes dados, calculamos os torques musculares e de interação nestas articulações. Simultaneamente, registramos a atividade eletromiográfica (EMG) de cinco músculos (deltóide anterior, deltóide posterior, bíceps braquial, braquioradial e tríceps lateral). Esses dados foram utilizados para o cálculo da ordem de recrutamento muscular. Resultados A ordem de recrutamento muscular muda com a orientação espacial. Embora o cotovelo tenha movido em extensão em to- das as orientações espaciais, o bíceps braquial (antagonista) foi ativado antes do tríceps braquial (agonista), em duas orienta- ções espaciais em que o braço moveu em adução (180º e 135º). No entanto, o braquioradial comportou-se como antagonista em todas as orientações espaciais. Por outro lado, não houve uma relação entre a ordem de recrutamento da musculatura do mem- bro superior e os torques de interação. Discussão Os resultados deste estudo revelam que a mudança na or- dem de recrutamento do bíceps, em algumas orientações espa- ciais, deve ser atribuída à sua atuação bi-articular. Essa mudan- ça na ordem de recrutamento atende à demanda mecânica da tarefa, em termos da geração de força muscular na articulação do ombro. Estes achados indicam que devemos ser cautelosos ao utilizarmos a terminologia agonista-antagonista para descre- ver a ação da musculatura, em tarefas motoras mais complexas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A fisioterapia participando da recuperação da corporeidade e auto-estima de idosos - estudo de caso O envelhecimento representa etapa do desenvolvimento indi- vidual, com perdas gradativas da capacidade física e intelectual e menor expectativa de vida. De posse do conhecimento do mé- todo proposto por Kelder (1985), sugerindo cinco exercícios tibetanos, com finalidade de postergar o envelhecimento, optou- se pela aplicação e verificação de seus efeitos numa Instituição Asilar, na cidade de São Carlos, SP. Os objetivos da presente co- municação consistem em apresentar e descrever estudo de qua- tro idosos (uma mulher e três homens, 69, 60, 64 e 78 anos respec- tivamente), submetidos a exercícios da referida técnica, diaria- mente, durante seis meses consecutivos. Foram realizados antes e ao final da intervenção, exames laboratoriais (hemograma, do- sagens hormonais de T3, T4, TSH), testes complementares Continuação Cristina Faria Westphal, Simone Farhat Moujaes, Nelcy Vera Nunes Simões, Aguinaldo Gonçalves Grupo de Saúde Coletiva/ Epidemiologia e Atividade Física – FEF/Unicamp, Campinas - SP Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 283 (Barthel e “Minimal Memorial Test”), avaliação fisioterápica e geriátrica. No inicio, observou-se presença de rigidez articular, referência de dor, déficit de coordenação motora, fadiga, indispo- sição, pele ressecada, máculas senis e dificuldade de memorização para todos os exercícios. No final, houve recuperação acentuada de memória, diminuição da queixa de dores, da rigidez articular, melhora significativa das manchas senis (40%); as taxas hormonais elevaram-se em 20% e houve, ainda, melhora na ventilação pul- monar. Registra-se, assim, situação que pessoas da Terceira Ida- de, podem ganhar condições mais dignas de vida, de imagem corporal e de bem-estar físico-emocional em procedimentos terapêuticos que incluam, destacadamente, a Fisioterapia. Referência: Kelder P. A fonte da juventude. Editora Best Seller: São Paulo, 1989. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fonocardioamplicador com análise gráfica - um recurso didático para aulas de ausculta cardíaca Introdução A ausculta cardíaca constitui um dos itens do exame físico fisioterápico que exige do profissional uma interpretação do som auscultado com a fisiopatologia do quadro clínico. O aprendiza- do é difícil e deve ser utilizado ainda na graduação. Objetivos Facilitar o aprendizado da ausculta cardíaca de modo a tornar o estudo mais interessante e agregador. Demonstrar formas de utili- zação da informática como meio didático simples e de baixo custo. Metodologia Através de um estetoscópio comum, que teve sua parte auricular retirada restando-lhe apenas a campânula e o segmen- to cilíndrico foi adicionado um microfone capacitivo de eletreto, componente comum em rádio-gravadores. A cápsula foi solda- da ao tubo do estetoscópio com algodão embebido em cola para evitar perda de som e interferências do ambiente. Através de fio e plugues apropriados o conjunto foi conectado a uma placa de som de computador. O sinal recolhido recebe tratamento atra- vés de um programa de som como o Cool Edit 96ä ou similar que possibilita amplificação e análise ondulatória do som. Resultados Aumento do interesse dos alunos e da interatividade do gru- po. Maior assimilação do conteúdo e maior facilidade de inter- pretação dos sons cardíacos. Conclusão O fonocardioamplificador pode ser usado como mais um recurso didático nas aulas de ausculta cardíaca por ser um equipamento de simples montagem, de baixo custo e portá- til. Permite a criação de uma fonoteca com diferentes sons cardíacos, nas mais variadas situações. Continuação Will Hernane Pereira Costa, Giane Amorim Ribeiro, Lívia Ribeiro Borges Lazzarotto, Juliana Magalhães Machado Barbosa Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH – Belo Horizonte - MG Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001284 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Descrição de um projeto de hidroterapia pediátrica em Florianópolis O projeto em análise consiste em um programa de hidroterapia realizado na piscina do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos (CEFID), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) em uma parceria entre esta insti- tuição de ensino e o Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) de Florianópolis. O projeto é coordenado por um médico do HIJG, e executado por acadêmicos de Fisioterapia da UDESC. As atividades iniciaram em 1996, atendendo crianças com di- versas patologias crônicas, que chegam ao ambulatório do HIJG com a necessidade da prática de atividade física. O programa é ministrado através de duas sessões semanais durante o ano le- tivo da Universidade. O objetivo principal deste estudo é o de descrever o projeto de hidroterapia pediátrica realizado em par- ceria com o CEFID-UDESC e o HIJG de Florianópolis. Os da- dos foram obtidos através de uma análise retrospectiva dos pron- tuários de todos os pacientes que participaram deste projeto, desde março do ano de 1996 até dezembro de 1999. Os pacientes foram subdivididos conforme suas patologias em 4 grandes gru- pos: “patologias ortopédicas” (problemas posturais, legg-calvè- perthes, osteogênese imperfecta, etc), “neurológicas” (distrofias, paralisia cerebral, mielomeningocele, etc), “respiratórias” (asma, bronquite e mucoviscidose) e “outras” (obesidade, baixa estatu- ra, puberdade precoce, etc). No período do estudo, foram aten- didas em média 50 crianças, com idades variando entre 3 e 14 anos. Foram classificadas 8 crianças no grupo das patologias ortopédicas, 20 no grupo das neurológicas, 16 com patologias respiratórias e 6 com outras doenças. A média de atendimento diário foi de 20 crianças. Conclui-se que o projeto em questão atende crianças com as mais diversas doenças, sendo que as patologias neurológicas, nestes 3 anos, se mostraram em maior número de ocorrências, seguidas de perto pelas patologias res- piratórias. Graças aos efeitos benéficos da água, foram obtidos grandes resultados no tratamento destas crianças, principalmen- te no que diz respeito à independência no meio aquático. Pelo fato de não ter havido nenhuma espécie de acidente na vigên- cia das sessões, verifica-se a segurança do projeto. Resumos de congressos e trabalhos Ana Cristina C. Pons*, Gesilani J. da Silva*, Joel Steinman** *Acadêmicas do curso de Fisioterapia do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis SC, *Médico Pediatra Congresso Brasileiro de Fisioterapia Respiratória, Gramado - RS - 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 285 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Síndrome de Guillain–Barré tipo Aman e fisioterapia: relato de caso A Síndrome de Guillain–Barré (neuropatia desmielinizante inflamatória aguda), é descrita por acometimento de nervos periféricos e cranianos. Compreende variantes conhecidas em literatura, sendo o tipo Aman caracterizado pelo envolvimento axonal sensório–motor agudo, comprometendo adolescentes entre 10 e 15 anos (aproximadamente), e acometendo região superior do corpo (cabeça, pescoço, membros superiores, tórax, e músculos respiratórios). Esta variante é de caráter extrema- mente rara e de difícil diagnóstico. W.A.S., 9 anos, sexo masculino, internado por faringite, apre- sentou insuficiência respiratória aguda grave e paralisia aco- metendo a região superior do corpo. O diagnóstico de AMAN foi definido 30 dias após a internação. Evoluiu com ventilação me- cânica prolongada (70 dias), fraqueza muscular respiratória e difícil desmame. Não houve necessidade de traqueostomia. A fisioterapia proposta deu enfoque à higiene brônquica, reexpansão pulmonar e treinamento muscular. Iniciou-se o tra- balho imediatamente após a internação e evoluiu com acompa- nhamento intensivo ininterrupto, complementando-se em am- bulatório pós alta hospitalar. As condições atuais do paciente mostram recuperação total da função respiratória e leve comprometimento postural, ainda em acompanhamento fisioterapêutico. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia respiratória em pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica: influência do modo de tratamento com Sato2 e estabilidade hemodinâmica Nos últimos anos a Fisioterapia Respiratória tem tido grande indicação em crianças submetidas à cirurgia cardíaca, com a finalidade de prevenir e tratar complicações pulmonares no pós- operatório. Com o objetivo de avaliar os efeitos de técnicas específicas de fisioterapia com a Saturação de Oxigênio (SATO2) e a estabi- lidade hemodinâmica (onde avaliamos a Freqüência Cardíaca (FC) e a Pressão Arterial média (PAm) e comparar qual das téc- nicas levou a maior alteração dos parâmetros analisados, este trabalho foi desenvolvido. Foi utilizado o monitor SIEMENS SC 6002 para análise da FC,SATO2 e PAm. As três condutas utilizadas foram:1-Mano- bras de desobstrução brônquica (MDB) , de Reexpansão Pul- G. Cecílio, R. Grande Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, Serviço de Fisioterapia Pediátrica. Campinas - SP Congresso Brasileiro de Fisioterapia Respiratória, Gramado - RS - 2000 B. Daniela, M. Edna Hospital Português, Instituto do Coração de Pernambuco, Recife PE Congresso Brasileiro de Fisioterapia Respiratória, Gramado - RS - 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001286 monar (RP)e Posicionamento. 2-MDB,RP. 3-MDB, Posicion- amento e Aspiração. Vinte crianças entre 5 m a 15 a, em pós-operatório de cirurgia cardíaca, com indicação de fisioterapia foram incluídas. A esco- lha da conduta a ser aplicada foi baseada nos achados clínicos (Ausculta Pulmonar (AP) e Rx do dia) e comentários do corpo de enfermagem. A FC, SATO2 e PAm, foram analisadas antes, durante e após cada procedimento. Resultados: Em relação a FC houve diferença estatisticamen- te significativa entre a FC antes e após nas condutas 1 e 3. Em relação a SATO2 e PAm não houve diferença estatisticamente significativa antes e após o procedimento nem entre as três con- dutas. Concluímos que condutas que incluem posicionamento e aspiração de secreções causam maiores alterações na hemodinâmica em relação a condutas na quais estas técnicas não estão incluídas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia respiratória na síndrome deprune belly A síndrome de Prune Belly ou da “barriga em ameixa seca” é congênita e se manifesta em recém-nascido do sexo masculino. Caracteriza-se por paredes abdominais finas e flácidas, de as- pecto ruguso com hipoplasia ou agenesia dos musculos da pa- rede abdominal, criptorquidia bilateral e anomalias das vias urinárias. L.A.S., 6 meses de idade, deu entrada na unidade pa- cientes graves do Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ em 11/05/98, proveniente do lar, com quadro de IRA, anemia, sepse, diarréia, distúrbio de coagulação, choque e infecção urinária. Foi intubado, ventilado mecanicamente por 18 dias, sendo 16 dias em VMI e 02 dias em CPAP traqueal. Neste período ocorreu um episódio de PCR por extubação acidental. O acompanha- mento fisioterápico foi de forma descontínua, ora por apresen- tar labilidade clínica, ora por intolerância às tentativas de des- mame, necessitando inclusive de parâmetros agressivos. Após desmame da prótese ventilatória, o RX imediato do tórax mos- trava atelectasia do LSD.A postura do paciente no leito era de hiperextensão da coluna vertebral, discreta retração do esterno, elevação das costelas e dos ombros e encurtamento da muscu- latura do pescoço. O aspecto geral do tórax era de deformidade em sino (redução do diâmetro apical e aumento do diâmetro diafragmático. O tratamento fisioterápico instituído incluiu a colocação de uma cinta abdominal, posicionamento em prono com retroversão de pelve e foi utilizado o método RTA- Reequilíbrio Tóraco Abdominal, como terapêutica de primeira B. Daniela, M. Edna Hospital Português, Instituto do Coração de Pernambuco, Recife PE Congresso Brasileiro de Fisioterapia Respiratória, Gramado - RS - 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 287 escolha e, em seguida, aspiração naso-faríngea. O manuseio in- cluiu alongamento passivo de toda a musculatura paravertebral e de cintura escapular, enfatizando o alongamento dos múscu- los peitorais. O RX de tórax após conduta, mostrou recrutamen- to alveolar da área comprometida. Concluímos que o apoio ade- quado da parede abdominal, através do uso da cinta e postura prona, associado aos alongamentos descritos e maior estabili- dade da caixa torácica fez com que houvesse melhora significa- tiva do padrão respiratório com repercussão clínico funcional. Atualmente o paciente segue acompanhamento sistematizado de fisioterapia respiratória ambulatorial no IFF- FIOCRUZ . ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Linfangiectasia pulmonar congênita – serviço de atendimento domiciliar as crianças cronicamente enfermas do IFF-Fiocruz ASO, 1a, masculino, foi encaminhado ao IFF aos 12 dias de vida com quadro de taquidispnéia e cianose persistentes, esfor- ço respiratório acentuado, ausculta pulmonar com diminuição do murmúrio vesicular e broncoespasmo. Rx de tórax inexpressivo. Após biópsia, foi diagnosticado como portador de Linfangiectasia Pulmonar Congênita, um raro distúrbio congê- nito caracterizado por dilatação excessiva dos ductos linfáticos por todo pulmão. Apresentando-se em 03 diferentes tipos quanto sua extensão e gravidade, a LPC, na maioria dos casos, mani- festa um quadro clínico de angústia respiratória com cianose logo após o nascimento, progredindo com piora do quadro em geral. Está associada a outras anormalidades em 50% dos casos; seus estudos de imagem mostram hiperinsuflação e padrão reticular difuso, e seu diagnóstico é feito através de biópsia pul- monar, apresentando dilatações císticas dos linfáticos nas regi- ões subpleural e intralobular e nos espaços perivasculares, dan- do aos pulmões um padrão reticulado subpleural de finas linhas brancas interconectadas com áreas císticas de aprisionamento aéreo. Durante o período de admissão, necessitou de O2 suple- mentar (oxyhood), e suporte pressórico (CPAP-nasal), posterior- mente adaptado a um Bipap através de máscara nasal. Atual- mente, é dependente de O2 e Bipap noturno. Apresenta uma frequência respiratória média de repouso entre 35-45 irpm, aus- culta pulmonar com murmúrio vesicular diminuído globalmente e broncoespasmo persistente (faz uso de salbutamol 4/4 h), es- forço respiratório moderado com tiragem costal, uso excessivo de musculatura acessória com consequente abaulamento torácico, aletas nasais aladas, com padrão radiológico de hiperinsuflação generalizada. É acompanhado 2 vezes por se- mana, com a finalidade de minimizar a morbi-mortalidade. Até Rafaela Mendes, Marcia de Castro IFF-FIOCRUZ Rio de Janeiro RJ Congresso Brasileiro de Fisioterapia Respiratória, Gramado - RS - 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001288 o momento, o paciente parece responder bem ao tratamento, o qual consiste em manuseios do método RTA (Reequilíbrio Tóraco-Abdominal), apresentando melhora na ventilação e na mecânica respiratória, com diminuição de FR e menor solicita- ção da musculatura acessória, após terapêutica. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O vínculo mãe-bebê em prematuros que foram submetidos à ventilação mecânica e a relação com seu comportamento motor Sabemos que o bebê prematuro, que necessita de ventilação mecânica ao nascimento, sofre uma separação abrupta da mãe logo após o parto, também observamos que com o advento dos Centros de Terapia Intensiva Neonatais hoje sobrevivem crian- ças que anteriormente não teriam possibilidade de vida. Anali- sando estas questões, surge na área de estudo da Fisioterapia a necessidade de pesquisarmos mais sobre todas as possibilida- des que levem estas crianças a terem maior qualidade de vida. O objetivo de nossa investigação é relacionar a interação da mãe com seu bebê prematuro, que foi submetido à ventilação mecâ- nica (VM), com os transtornos de comportamento motor no pe- ríodo de internação hospitalar. A pesquisa foi realizada no Cen- tro de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Conceição da Cri- ança, em Porto Alegre, no ano de1999. A coleta de dados foi rea- lizada através de revisão de prontuários médicos, entrevistas semi-estruturadas às mães, observações sistemáticas das visi- tas das mães aos bebês e avaliação do comportamento motor através da escala de Brazelton. Participaram deste estudo 14 mães e seus bebês. Os dados das entrevistas foram agrupados, conforme as respostas similares, em categorias e analisados de forma qualitativa. Os achados das observações foram relacio- nados com o encontrado no comportamento dos bebês, através de análise estatística, utilizando o Coeficiente de Correlação de Pearson. Encontramos várias correlações significativas, desta- camos: correlação inversa entre exagero de estimulação da mãe e maturidade motora do bebê (-0,612), correlação direta entre calor e emoção maternal com habituação à luz (0,875), entre verbalização da mãe e habituação à luz (0,704), entre interação positiva da díade e habituação à luz (0,763) e entre interação positiva da díade e habituação ao som de chocalho (0,539). Con- cluímos afirmando que é necessária a atuação da Fisioterapia, de forma preventiva, nas alterações do desenvolvimento motor destes prematuros submetidos a VM. K. Scaramussa, V.Rech Universidade Luterana do Brasil, Canoas - RS Congresso Brasileiro de Fisioterapia Respiratória, Gramado - RS - 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 289 Artigo original ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Avaliação de crianças com fibrose cística após 12 meses de fisioterapia respiratória Evaluation of children with cystic fibrosis after 12 months of respiratory physiotherapy Juliana de F. Fracon*, Maria J. J. Sologuren**, Ada C. Gastaldi***, Mário Antônio Baraúna**** *Mestre em Fisioterapia, **Livre Docente em Pediatria, ***Doutora em Reabilitação Pulmonar, ****Doutor em Motricidade Humana, Centro Universitário do Triângulo – UNIT Resumo Objetivos: Avaliar o crescimento pondero estatural, o estado nutricional, a freqüência de pneumonias e a tolerância ao exercí- cio, em crianças com fibrose cística, após associação de fisioterapia respiratória tradicional ao tratamento farmacológico. Métodos: Foram avaliadas 7 crianças com fibrose cística com- provada, do Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. A fisioterapia respiratória foi realizada de novembro de 1997 a outubro de 1998, em sessões de 1 hora, 3 vezes por semana. Os parâmetros avaliados no início e ao final da pesquisa foram peso e altura, pela tabela do National Center for Health Statistics; estado nutricional, segundo o escore de Waterlow; freqüência de pneumonias em relação aos 12 meses anteriores; tolerância ao exer- cício, pelo teste de caminhada de 6 minutos. A análise estatística utilizou a prova de Wilcoxon, com nível de significância em 0,05. Resultados: O crescimento pondero estatural estava comprome- tido no início e ao final da pesquisa, embora houvesse ganho signi- ficativo de peso e estatura ao final. O estado nutricional, previa- mente comprometido, assim se manteve. Os episódios de pneumo- nia diminuíram significativamente (p < 0,05). Não ocorreram alte- rações significativas no teste de caminhada de 6 minutos. Conclusão: O grupo teve crescimento pondero estatural signifi- cativo e diminuiu a freqüência de pneumonias. No entanto, mante- ve-se desnutrido e com tolerância ao exercício inalterada. Endereço para correspondência: Maria José Junho Sologuren, Rua Guaicurus, 270 - Bairro Saraiva, 38408-394 Uberlândia – MG, Tel: (34) 3214-2914, Fax: (34) 3239-9617, E-mail: solo@triang.com.br Palavras- chave: Fibrose cística, Fisioterapia respiratória, Avaliação Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001290 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Abstract Objectives: To evaluate weight and height growth, nutritional status, frequency of pneumonia episodes, and tolerance to exercise, in children with cystic fibrosis after the association of traditional respiratory physiotherapy with pharmacological treatment. Methods: Seven children with confirmed cystic fibrosis seen at the Pediatric Pulmonology outpatient clinic of the Federal University of Uberlandia were evaluated. Respiratory physiotherapy was performed from November 1997 to October 1998 in 1 hour sessions three times a week. The parameters evaluated at the beginning and at the end of the study were weight and height according to the National Center for Healt Statistics; table, nutritional status, frequency of pneumonia during the previous 12 months, and tolerance to exercise determined by the 6 minute walk test. Data were analyzed statistically by the Wilcoxon test, with the level of significance set at 0.05. Results: Weight and height growth was impaired both at the beginning and at the end of the study, although a significant weight gain had occurred by the end of the study. The previously compromised nutritionsl status continued to be so at the end of the study. The episodes of pneumonia decreased significantly (p < 0.05). There were no alterations in the 6 minute walk test. Conclusion: The group had a significant weight and height growth and a decreased frequency of pneumonia. However, it continued to be malnourished, with inaltered tolerance to exercise. Introdução A fibrose cística (FC) é a mais comum das doenças genéticas potencialmente letais da raça branca [1,2]. Embora seja multissistêmica, a doença pulmonar obstrutiva crônica e a desnutrição são suas manifestações mais exuberantes [3]. Entre caucasianos, sua incidência estimada é de 1 em 2.500 nascidos vivos [4]. A doença respiratória progressiva é a prin- cipal responsável pela morbi-mortalidade, embora sua severidade seja muito variável [5]. Em 1938, 80% dos doentes morriam no pri- meiro ano de vida [6]. Contudo, o diagnóstico e o tratamento precoces têm permitido um aumento na sobrevida, nos países desenvol- vidos. A média de sobrevida esperada para os nascidos em 1990 é de 40 anos [7]. Key words: Cystic fibrosis; Respiratory physiotherapy, Evaluation No Brasil, porém, a sobrevida ainda é pe- quena. Em Minas Gerais, a média de sobrevida relatada por Reis et al. (1998) foi de 12,6 anos, semelhante à observada em países desenvol- vidos em 1970. Estes autores relacionaram a curta sobrevida à organização do sistema de saúde e às condições sócio-econômicas desfa- voráveis nos países em desenvolvimento [8]. No tratamento, destacam-se os antibióticos para combater as inúmeras infecções pulmo- nares que são, na maioria dos casos, respon- sáveis pelo rápido declínio na função pulmo- nar [9]; a reposição de enzimas pancreáticas e a melhora no estado nutricional [10,11] e a eli- minação das secreções pulmonares [12]. Fisioterapia respiratória é suporte impres- cindível no tratamento da doença pulmonar [12]. A fisioterapia respiratória tem como ob- jetivo remover o muco viscoso e o exsudato Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 291 causado pelas infecções pulmonares, sendo o principal tratamento não farmacológico. Deve ser iniciada desde o diagnóstico e continuada regular e rotineiramente até o fim da vida, independente do grau de comprometimento pulmonar. Há controvérsias a respeito de quais técnicas fisioterápicas devem ser utilizadas, porém Thomas et al. (1995), em meta análise a respeito, relataram que a fisioterapia tradi- cional resulta em uma eliminação significantemente maior de secreção [12]. Para a fisioterapia respiratória não há um protocolo a ser seguido. Devido à variação no quadro clínico, cabe ao fisioterapeuta julgar as técnicas mais eficientes para cada paciente [13]. Este trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento pondero-estatural, o estado nutricional, a freqüência dos episódios de pneumonia e a tolerância ao exercício, em cri- anças com FC, após associação de fisioterapia respiratória tradicional ao tratamento farmacológico. Pacientes e métodos Participaram do estudo 7 crianças com di- agnóstico comprovado de FC através da dosa- gem, em duplicata, de cloro no suor, com va- lores iguais ou superiores a 60mEg/L. Estas eram todas as crianças em acompanhamento no Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC/UFU). As mesmas faziam uso rotineiro de enzimas pancreáticas; eram medicadas com antibióticos quando ocorriam infecções pulmonares. Em novembro de 1997, foi acrescentado, a este esquema terapêutico, fisioterapia respiratória tradicional, 3 vezes por semana, em sessões de 1 hora, durante 12 meses. Os procedimentos fisioterápicos para crian- ças maiores de 5 anos de idade foram drena- gem postural brônquica, percussão, vibrocompressão e exercícios respiratórios e posturais; em crianças menores de 5 anos, além destes procedimentos, foi feita aspira- ção de secreções, quando necessário. No início e ao término do acréscimo do tra- tamento fisioterápico, as crianças foram ava- liadas nos seguintes parâmetros: crescimen- to pondero-estatural; estado nutricional; fre- qüência de episódios de pneumonia e tolerân- cia ao exercício. Peso e altura foram avaliados segundo os critérios do National Center for Health Statistics (NCHS) para idade e sexo [14]. A avaliação do estado nutricional utilizou o escore de Waterlow [15]. A freqüência dos episódios de pneumonia considerou os episódios ocorridos nos 12 me- ses anteriores à introdução do tratamento fisi- oterápico e os episódios ocorridos nos 12 me- ses de associação de tratamento fisioterápico ao tratamento farmacológico que era utilizado. O teste de caminhada de 6 minutos foi rea- lizado como preconizado por Gulmans et al. (1996) [16]. Durante todo o teste, foi monitorada a saturação arterial de oxigênio (SaO2), oferecendo-se oxigênio por cateter nasal quando a saturação baixava para valo- res inferiores a 90%. A SaO2 foi determinada por oximetria digi- tal, utilizando-se oxímetro Resmed, modelo 305A. Valores iguais ou superiores a 90% fo- ram considerados normais [17]. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos do Centro Universitário do Triângulo (Unit) e foi realiza- da com autorização da direção geral do HC/ UFU e após consentimento informado assina- do pelas mães. Para análise estatística foi aplicada a prova de Wilcoxon, com nível de significância esta- belecido em 0,05. Resultados Dos 7 pacientes estudados, 4 eram meni- nos e 3 eram meninas. Todos eram de cor bran- ca. Pertenciam a famílias com renda inferior a 4 salários mínimos, tratando-se em hospital público. O início dos sintomas de FC ocorreu, em média, com 11 meses e 15 dias de idade e a média de idade do diagnóstico foi de 2,8 anos. A média de idade no início do tratamento fisi- oterápico foi de 5,9 anos, com idade variando de 1 a 11 anos. Todas as crianças tinham comprometimen- to pulmonar; duas tinham bronquiectasia, comprovada por tomografia computadorizada de tórax (Tabela 1). Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001292 Tabela 1- Caracterização da amostra de sete pacientes portadores de fibrose cística. Média de idade do início dos sintomas 11 meses e 15 dias Média de idade do diagnóstico de FC 2,8 anos Média de idade no início da pesquisa 5,9 anos Presença de comprometimento pulmonar 7 crianças Presença de bronquiectasia 2 crianças O crescimento ponderal estava comprome- tido em 5 pacientes (71,4%) ao início da pes- quisa e em 4 (57,1%) no final. O crescimento estatural estava comprometido nos 7 pacien- tes no início da pesquisa, mantendo-se com- prometido em 4 (57,1%) ao final (Tabelas 2 e 3). Embora houvesse ganho estatisticamente significante em peso e altura, não ocorreu re- percussão significante no estado nutricional. A avaliação do estado nutricional eviden- ciou que todos os 7 pacientes eram desnutri- dos no início da pesquisa e que 6 se mantive- ram desnutridos ao final (Tabela 3). Nos 12 meses anteriores à introdução da fisioterapia respiratória, a média de episódios de pneumonia no grupo foi de 2,8 e nos 12 meses de acompanhamento foi de 1,8. A dife- rença entre as freqüências dos episódios de pneumonia foi estatisticamente significante (Tabela 3). O teste de caminhada de 6 minutos não apresentou alteração estatisticamente significante após os 12 meses de acompanha- mento. Não foi feito por 1 criança, em virtude da idade (Tabela 4). Discussão Os pacientes estudados apresentaram cres- cimento pondero estatural significante após 12 meses, mas, tanto em peso quanto em altu- ra continuaram abaixo do esperado para sexo e idade, segundo a Tabela do NCHS [14]. Nes- tes pacientes, portanto, é evidente o compro- metimento no crescimento pondero estatural. Estes resultados são concordantes com os re- latados por outros autores, segundo os quais na FC há grave comprometimento no cresci- mento pondero estatural [18-21]. O comprometimento do estado nutricional, observado em 7 pacientes no início do trata- mento e que persistiu em 6 pacientes após 12 meses, é concordante com o relatado por inú- meros autores [18-21]. A diminuição dos episódios de pneumonia evidenciou a eficácia da fisioterapia respira- tória; a limpeza brônquica, provocando a eli- minação da secreção espessa que há nos paci- Tabela 2- Distribuição da amostra de sete pacientes portadores de fibrose cística, no início e após 12 meses de tratamento fisioterápico. PPPPParâmetros avaliadosarâmetros avaliadosarâmetros avaliadosarâmetros avaliadosarâmetros avaliados TTTTTratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeutico AntesAntesAntesAntesAntes Ao términoAo términoAo términoAo términoAo término Comprometimento do crescimento ponderal 5 crianças (71,4%) 4 crianças (57,1%) Comprometimento do crescimento estatural 7 crianças (100%) 4 crianças (57,1%) Desnutrição 7 crianças (100%) 6 crianças (85,7%) Episódios de pneumonias (média anual) 2,8 1,8* Teste de caminhada de 6 minutos (média em metros) 507,3 445,2 * p < 0,05 Tabela 3- Distribuição da amostra de sete pacientes portadores de fibrose cística, segundo seu peso e altura no início e após 12 meses de tratamento fisioterápico. AmostraAmostraAmostraAmostraAmostra PPPPPeso (kg)eso (kg)eso (kg)eso (kg)eso (kg) Altura (cm)Altura (cm)Altura (cm)Altura (cm)Altura (cm) No inícioNo inícioNo inícioNo inícioNo início ApósApósApósApósApós No inícioNo inícioNo inícioNo inícioNo início ApósApósApósApósApós 12 meses*12 meses*12 meses*12 meses*12 meses* 12 meses*12 meses*12 meses*12 meses*12 meses* 1 27,100 30,400 128 135 2 21,200 21,600 127 133,5 3 16,700 18,700 111 114 4 16,600 19,000 101 109 5 14,000 15,700 93 102 6 11,500 12,800 84 94 7 8,840 11,500 75 86 * p < 0,05 Tabela 4- Distribuição da amostra de seis* pacientes portadores de fibrose cística, segundo o resultado do teste de caminhada de seis minutos no início e após 12 meses de tratamento fisioterápico. AmostraAmostraAmostraAmostraAmostra TTTTTeste de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros) No inícioNo inícioNo inícioNo inícioNo início Após 12 mesesApós 12 mesesApós 12 mesesApós 12 mesesApós 12 meses 1 564,1 478,4 2 570,3 511,0 3 574,2 477,0 4 417,6 378,3 5 511,5 460,0 6 406,1 366,5 média 507,3 445,2 * Um dos pacientes não realizou o teste de caminhada por ser lactente. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 293 entes com FC, pode ter dificultado a prolife- ração dos microorganismos responsáveis pe- las pneumonias. No teste de caminhada de 6 minutos não ocorreu alteração significante ao final da pes- quisa. Como este teste avalia tolerância ao exercício [16], podemos afirmar que a intro- dução da fisioterapia respiratória não contri- buiu para melhorar esta tolerância. No entan- to, Gordon et al. (1999) [22] relataram que ob- tiveram melhora no desempenho do teste de caminhada de 6 minutos em crianças com FC, utilizando fisioterapia com “Flutter” e não fi- sioterapia respiratória tradicional, que foi o procedimento por nós utilizado. Crianças com FC submetidas, além da fisioterapia respira- tória, a programas de condicionamento físico, adequados para sua idade e gravidade da FC, apresentaram melhor desempenho nos teste de caminhada [23.24]. Esta pesquisa nos leva a concluir que a in- trodução da fisioterapia respiratória tradicio- nal ao esquema farmacológico foi eficiente na diminuição da freqüência dos episódios de pneumonia. Também permitiu a estas crian- ças manterem seu crescimento pondero estatural ao longo dos 12 meses, porém não determinou recuperação do crescimento pon- dero estatural e do estado nutricional espera- dos para idade e sexo. Também não alterou o desempenho no teste de caminhada de 6 mi- nutos. Estas conclusões nos levam a sérias reflexões: tratava-se de um grupo que iniciou seus sintomas precocemente, como ocorre com a maioria das crianças com FC [25]. O di- agnóstico foi mais tardio que nos países de- senvolvidos. Nos Estados Unidos, 70% dos casos têm diagnóstico no primeiro ano de vida [25]. No Brasil, o diagnóstico tem sido mais tardio a média de idade do diagnóstico, em pesquisas apresentadas por 3 diferentes au- tores, variou de 1,6; 4,7 e 9,6 anos [8, 26,27]. As crianças que participaram da presente pesquisa não tiveram oportunidade de trata- mento por equipe multiprofissional por oca- sião do diagnóstico. Este fato, a nosso ver, é o responsável pelo comprometimento apresen- tado já no início da pesquisa; a introdução, ainda que tardia, do tratamento fisioterápico respiratório, pode ter contribuído para que os pacientes tivessem um ritmo menos acelera- do de deterioração. A falta de oportunidade para realizar trata- mento adequado e precoce por equipe multiprofissional deve ter sido a principal res- ponsável pela evolução destes pacientes, que pertenciam à classe social pouco favorecida e faziam uso de sistema público de saúde, pois é relatado que serviços de saúde com equipe multiprofissional e pacientes com situação sócio-econômica adequada são fatores respon- sáveis por uma melhor evolução da FC [28]. Reis et al. (1998) [8] também relataram que a baixa sobrevida de crianças com FC em Mi- nas Gerais pode estar relacionada à organiza- ção do sistema de saúde e à condição sócio- econômica desfavorável. Esta pesquisa sugere que as crianças com FC sejam atendidas, tão logo se faça o diagnós- tico, por equipe multiprofissional, com partici- pação de médico, fisioterapeuta, nutricionista, educador físico, entre outros; sugere, também, que o tratamento global seja assumido pelo sis- tema público de saúde. A adoção destas suges- tões poderá permitir que a criança brasileira com FC tenha menor e menos precoce reper- cussão na sua qualidade de vida. Referências 1- Lieu TA, Ray GT, Farmer G, Shay GF. The cost of medical care for patients with cystic fibrosis in a health maintenance organization. Pediatrics 1999;103:e72. 2- Bayleran JK, Yan H, Hopper CA, Simpson EM. Frequencies of cystic fibrosis mutations in the Maine population: high proportion of unknown alleles in individuals of French-Canadian ancestry. Hum Genet 1996;98:207-9. 3- Lotem Y, Barak A, Mussaffi H, Shohat M, Wilschanski M, Sivan Y, Blau H. Reaching the diagnosis of cystic fibrosis – the limits of the spectrum. Isr Med Assoc J 2000; 2:94-8. 4- Corey M, Farewell V. Determinants of mortality from cystic fibrosis in Canada, 1970-1989. Am J Epidemiol 1996;143:1007-17. 5- Kraemer R, Aebi C, Casaulta Aebischer C, Gallati S. 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Comparando-se os resultados obtidos para a força de preensão e levando-se em consideração a mão direita e esquerda para as três medidas na amostra estudada, foi verificado que houve diferença estatisticamente significativa (p < 0,05). Os autores concluem que existe um predomínio da força de preensão palmar nos homens em relação às mulheres. É importante que sejam considerados os as- pectos anátomo-cinesiológicos para uma melhor compreensão do mecanismo de preensão palmar. Palavras-chave: Preensão palmar, dinamômetro, força. Estudo sobre a realização da preensão palmar com a utilização do dinamômetro: Considerações anatômicas e cinesiológicas Study about the accomplishment of palmar grip strength using the dynamometer : Anatomical and kinesiological considerations Demóstenes Moreira*, José Roberto Pimenta de Godoy**, Watercides Silva Junior*** *Professor e Coordenador do curso de fisioterapia da UNIP-Brasília; Docente da FARPLAC e Faculdade Alvorada; Mestre e Doutorando em Ciências da Saúde pela UnB, **Professor de Anatomia da UNIP; UniCEUB e FARPLAC, ***Professor de Anatomia da UNIP e FARPLAC, Doutor em Anatomia Endereço para correspondência: Prof. Ms. Demóstenes Moreira, SHCES, Quadra 1.505, bloco D, apto 201, Cruzeiro Novo, 70658-554, Brasília – DF, Tel: (61) 363-3123/ 938-9157, E-mail: demostenes@terra.com.br Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001296 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Abstract The purpose of this study was verify the palmar grip strength among physiotherapy academics at the University Paulista/UNIP, in Brasília/DF. The subject of this study were 30 young individuals aged 18 to 22 years (15 male and 15 female), without injury report upper extremity. The instrument used was the hydraulic dynamometer Jamar. The grip strength results obtained were compared being taken into account the right and left hand for three trials performed in the studied sample, it was verified statistically significant difference (p < 0,05). The authors conclude that exists prevalence of palmar grip strength correlated to the gender, men are stronger than women. It is considered important the anatomical- kinesiological aspects for a better comprehension of the palmar grip strength mechanism . Key -words: Palmar grip, dynamometer, strength. Introdução Napier em 1956 [10] definiu duas posturas básicas da mão humana: a preensão de força e a preensão de precisão. Ele definiu preensão de força, usada quando é necessária força com- pleta, como sendo atividades de força dos de- dos e polegar agindo contra a palma da mão, com propósito de transmitir força para um objeto. Cada dedo deve acomodar-se em posi- ção para aplicar força a fim de conter as for- ças externas impostas pelo objeto, desta for- ma o polegar é aduzido e posicionado para opor-se à polpa dos dedos. Na preensão de pre- cisão o objeto é pinçado entre as superfícies flexoras de um ou mais dedos com o polegar em oposição, sendo usada quando necessári- as exatidão e refinamento de tato [7,11]. A posição dos dedos nas duas posturas di- ferem consideravelmente. O estudo em ques- tão visa mensurar a força de preensão utili- zando o dinamômetro Jamar na 2ª posição, bem como identificar através de revisão bibli- ográfica, análise cinesiológica e anátomo-fun- cional dos músculos envolvidos. O dinamômetro Jamar tem sido considerado o aparelho hidráulico mais aceito para medir a força de preensão desde 1954 e a 2ª posição é indicada pela Sociedade Americana dos Terapeutas de Mão [1,3,5]. Os dedos se posicionam aduzidos, fletidos, lateralmente rodados e inclinados em direção ao lado ulnar da mão. As elevações tenar e hipotenar oferecem importante base de apoio [10]. O polegar encontra-se flexionado, aduzido tanto em sua articulação metacarpo-falângica como na carpo-metacárpica e opondo-se à polpa dos dedos [12]. O movimento de preensão provoca intensa atividade dos músculos flexor superficial e profundo dos dedos e dos interósseos, bem como nota-se atividade de músculos que rea- lizam o movimento de contrapressão observa- do pelo polegar através do músculo flexor lon- go do polegar, de músculos tenares (oponente do polegar, adutor do polegar e flexor curto do Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 297 polegar), hipotenar (flexor curto do dedo mí- nimo) e do 4º lumbrical, estes agindo como agonistas e contraindo-se isotonicamente. O músculo flexor superficial dos dedos fixa- se na base da falange média e movimenta a articulação interfalângica proximal, enquan- to o flexor profundo dos dedos após perfurar o tendão superficial, fixa-se na base da falange distal e movimenta a articulação interfalân- gica distal e também a proximal, sendo estes os músculos que imprimem maior potência no movimento de preensão [7]. A flexão dos de- dos é quase simultânea nas articulações dos dedos, sendo o movimento iniciado a partir das articulações interfalângicas distais, porém a maior quantidade de movimento é realiza- da pelas articulações interfalângicas proximais e metacarpofalângicas. Os músculos interósseos palmares e lumbricais se localizam na face palmar do eixo de flexão e extensão das articulações metacarpofalângicas, portanto são mecanica- mente capazes de produzir flexão, porém pelo fato das fixações proximais dos lumbricais se encontrarem nos tendões do músculo flexor profundo dos dedos, suas contrações são in- capazes de tracionar significativamente as fi- xações distais movimentando as articulações metacarpofalângicas a menos que se anule a ação do músculo flexor profundo dos dedos, portanto os lumbricais se tornam ineficientes no movimento de preensão com exceção do 4º, que apresenta atividade eletromiográfica na preensão [7]. Os interósseos participam como rotação e flexão das falanges proximais, rodando-as para acomodá-las e oferecer mai- or contato com o dinamômetro. Todos os interósseos participam da flexão das articula- ções metacarpofalângicas, especialmente o 1º interósseo dorsal e 1º interósseo palmar [7]. Os músculos flexor superficial e profundo dos dedos movem as articulações interfalângicas do 2º ao 5º dedos e como seus tendões correm na face palmar pelas articula- ções do punho e metacarpofalângicas, suas contrações produziriam também flexão des- tas articulações. Como na preensão a flexão das articulações metacarpofalângicas e interfalângicas são necessárias, enquanto que a flexão do punho é indesejável pelo fato de diminuir a força exercida pelos flexores dos dedos, torna-se importante a ação sinérgica dos músculos extensores do punho (m. extensor radial longo e curto do carpo, m. extensor ulnar do carpo) que contraem-se isométricamente. A força de contração dos extensores do punho está diretamente relaci- onada com o esforço de preensão. O principal músculo que atua para realizar o movimento de semi-pronação do antebraço é o pronador quadrado, outros músculos par- ticipantes são o pronador redondo, o flexor radial do carpo, o palmar longo e o extensor radial longo do carpo. Os principais músculos flexores do cotove- lo são o braquial, bíceps braquial e braquiorradial. Participam com menor impor- tância o pronador redondo e os extensores ra- diais longo e curto do carpo. Todos os múscu- los que atravessam a articulação do cotovelo, contribuem para fixação e manutenção da posição em 90º. Em movimentos de força todos os múscu- los da extremidade superior podem contrair- se para estabilizar e fixar a articulação glenoumeral (ombro), tornando difícil a aná- lise da atividade muscular. Para manutenção da posição podemos citar a importante ação dos músculos do manguito rotador, do trapézio, do deltóide, do bíceps braquial (ca- beça curta), do tríceps braquial (cabeça longa) e coracobraquial. Material e métodos Trata-se de um estudo de caráter transver- sal, cujo objetivo foi verificar a força de preensão palmar entre os acadêmicos do cur- so de fisioterapia da Universidade Paulista/ UNIP, com sede em Brasília/DF. Os sujeitos deste estudo foram 30 indivíduos jovens com faixa etária que variou de 18 a 22 anos (15 do sexo masculino e 15 do sexo feminino), sem histórico de lesão nos membros superiores. A coleta de dados foi realizada no laboratório de cinesiologia da UNIP/DF. O instrumento utili- zado no estudo foi o dinamômetro hidráulico Jamar, com a manopla posicionada na 2ª posi- ção. O dinamômetro Jamar tem sido conside- rado o aparelho hidráulico mais aceito para medir a força de preensão desde 1954 e a 2ª posição é indicada pela Sociedade Americana Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001298 dos Terapeutas de Mão - SATM [1,3,4,5,11]. Durante a realização do exame com a utili- zação do dinamômetro Jamar, os sujeitos fo- ram orientados a ficarem na posição sentada em um banco regulável de acordo com a altu- ra de cada acadêmico, de tal maneira que os quadris e joelhos permanecessem a 90º, estan- do os pés apoiados no chão. Com relação ao posicionamento do membro superior, tem-se que o ombro manteve-se em posição aduzida junto ao tronco, o cotovelo a noventa graus com o antebraço em posição neutra (entre a pronação e supinação) e o punho na posição neutra sem que houvesse desvios, enquanto o examinador sustentava o dinamômetro, se- guindo a recomendação da SATM (Fig. 1). Os sujeitos foram orientados a realizar o movimento de preensão palmar para cada ten- tativa após o comando verbal do examinador, que consistiu na pronúncia da seguinte frase “um, dois, três e já”. Foi realizado três repeti- ções com a manopla colocada na posição dois (preconizada no aparelho), alternando a mo- vimentação para o teste, sendo inicialmente testada a mão direita e logo em seguida a mão esquerda, seguindo criteriosamente a instrumentação do aparelho. O intervalo de tempo entre uma tentativa e outra foi de um minuto a fim de que não houvesse fadiga muscular durante o teste. As informações coletadas durante cada tentativa foram registradas em kilogramas-força, de acordo com as especificações verificadas no dial do mostrador do dinamômetro. Todos os acadê- micos que participaram do estudo foram ori- entados a preencherem um Termo de Consen- timento Livre e Esclarecido. O tratamento estatístico utilizado foi con- siderado mediante utilização de médias, des- vio padrão e teste t de Student. Resultados e discussão Verificou-se que a média de idade entre os grupos foram bem próximas, favorecendo com isso a confiabilidade das informações obtidas (Fig. 2). Embora a faixa etária média da popu- lação estudada tenha sido inferior aos vinte anos de idade, observa-se em estudos prévios que os maiores valores para a força de preensão são obtidos na faixa etária entre 20 e 40 anos, estando o dinamômetro na segun- da posição [5]. Comparando-se os resultados obtidos para a força de preensão e levando-se em conside- ração a mão direita e esquerda para as três medidas na amostra estudada (Tabela 1), foi verificado que houve diferença estatistica- mente significativa (p < 0,05). Concordando com vários autores, existe um predomínio da força de preensão palmar em homens quando comparados com mulheres da mesma faixa etária [8,9], desta forma, nota-se que a força Tabela 1 – Valores médios e desvio padrão entre homens e mulheres submetidos ao teste de preensão palmar. Brasília/DF – 2001. Medidas em kg/força Homens Mulheres “t” Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo 1ª Medida 55,67 ± 7,16 51,07 ± 5,52 30,80 ± 7,42 28,20 ± 5,86 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000 2ª Medida 54,60 ± 9,04 50,60 ± 6,18 30,47 ± 7,32 28,20 ± 5,48 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000 3ª Medida 53,67 ± 9,28 47,47 ± 6,69 29,93 ± 6,41 27,33 ± 5,79 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000 Média geral 53,12 ± 6,74 51,48 ± 6,80 29,52 ± 6,09 29,20 ± 5,95 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000 * Valores estatisticamente significativos (p < 0,05) Fig. 1 – Avaliação individual com o uso do dinamômetro Jamar. Brasília/DF – 2001. Fonte: Pesquisa dos autores Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 299 de preensão nos homens é superior a das mu- lheres em todas as medidas obtidas. Considerando os dados obtidos apresenta- dos em termos de mão direita e mão esquerda para homens e mulheres (Figs 3 e 4), tem-se que houve um predomínio da força na mão di- reita. Desta forma especula-se que a mão di- reita é mais forte que a esquerda, em função dos indivíduos terem de se adaptar para vive- rem em uma sociedade organizada para pes- soas destras. Apesar de termos tido apenas três indivíduos sinistros, não houve predomínio da força de preensão nestas pessoas [6]. Em concordância com Teraoka [13], no sexo masculino houve índices de força mais eleva- dos para ambas as mãos do que observado no sexo feminino. Crosby [5] afirma que cerca de 60% dos pacientes conseguem a força de preensão máxima na segunda posição e em geral o lado dominante apresenta em média 10% de força a mais em relação ao lado não dominante. No presente estudo os índices de força foram considerados em relação à mão direita e esquerda. Como demostrado no estu- do de Hanten et al. [6], não houve predomínio da força com relação ao padrão de dominância da mão, apesar de termos tido apenas três in- divíduos do sexo masculino sinistros. A SATM, recomendou em 1981 que a força de preensão palmar deveria ser mensurada com o sujeito em posição sentada, ombro aduzido, cotovelo em flexão de 90º e o ante- braço em posição neutra. Balogum et al. [2], encontrou valores maiores com o cotovelo em extensão, e valores significativamente mais altos foram encontrados com o sujeito estan- do em pé com o cotovelo em extensão total para ambos os sexos, esses valores estão em discrepância com os achados de Mathiowetz et al. [8,9]. É importante enfatizar que a amostragem selecionada para estudo foi composta por in- divíduos jovens e que não se encontravam em processo de declínio da força de preensão palmar [6,9]. Conclusões Considerando-se os resultados obtidos e le- vando-se em consideração os achados descri- tos na literatura mundial, pode-se concluir que: 1- Existe um predomínio da força de preensão palmar nos homens em relação às mulhe- res; 2- A padronização da utilização do Dinamômetro deve ser seguida criteriosamente, a fim de que as informa- ções possam ser consideradas de forma fi- dedigna; 3- É importante que outros trabalhos sejam realizados, levando-se em consideração o índice de massa corporal, atividade profis- sional, atividades desportivas, dentre ou- tros; Fig.2 - Média das idades entre os alunos submetidos a exame de preensão palmar. Brasília/DF - 2001. Fig. 4 - Medidas de preensão palmar do lado esquerdo entre homens e mulheres. Brasília/DF - 2001. Fig. 3 - Medidas de preensão palmar do lado direito entre homens e mulheres. Brasília/DF - 2001. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001300 4- Existe um predomínio da força de preensão da mão direita em relação à mão esquerda, independente do padrão de dominância; 5- É importante que seja considerado os as- pectos anátomo-cinesiológicos para uma melhor compreensão do mecanismo de preensão palmar; 6- O Dinamômetro Jamar, é um instrumento confiável e de fácil manuseio, leitura dire- ta, podendo ser utilizado em qualquer am- biente, inclusive em nível ambulatorial e com resultados confiáveis, sendo reco- mendado pela SATM. Referências 1. Ashford RF, Nagelburg S, Adkins R. Sensitivity of the Jamar Dynamometer in Detecting Submaximal Grip Effort. The Journal of Hand Surgery 1996;21-A:402-405. 2. Balogum JA, Akomolafe CT, Amusa LO. Grip Strength: Effects of testing posture and elbow position. Arch Phys Med Rehabil 1991;72:280-283. 3. Bellace JB, Healy D, Besser MP, Bybon T, Hohman L. Vality of the Dexter Evaluation Aystem’s Jamar Dynamometer Attachment for Assessment of Hand Grip Strength in a Nor- mal Population. Journal of hand therapy 2000;13:46-51. 4. Caporrino FA et al. Estudo populacional da for- ça de preensão palmar com Dinamômetro Jamar. Rev Bras ortop 1998;33(2):150-154. 5. Crosby CA, Wehbé MA, Marwan B. Hand Strength: Normative Values. J Hand Surgery 1994;19-A:665-670. 6. Hanten WP. Maximum Grip Strength in Nor- mal Subjects from 20 to 64 Years of Age. J of Hand Ther 1999;193-200. 7. Long C, Conrad PW, Hall EA, Furler SL. Intrinsic-Extrinsic Muscle Control of the Hand in Power Grip and Precision Handling. The Journal of Bone and Joint Surgery 1970;52-A: 854-867. 8. Mathiowetz V, Kashman N, Volland G, Weber K, Dowe M, Roger S. Grip and Pinch Strength: Normative Data for Adults. Arch Phys Med Rehabil 1985;66:69-70. 9. Mathiowetz V, Rennels C, Donahoe L. Effect of Elbow Position on Grip and Key Pinch Strength. J. Hand Surg 1985;10-A:694-697. 10. Napier JR. The Prehensile Movements of Human Hand. J Bone and Joint Surg 1956;38- B:902-913. 11. Patterson H, McLeod. Grip measurements as a part of the pre-placement evaluation. Indus- trial medicine and surgery 1965;34(7):555-557. 12. Pryce,JC. The Wrist Position Between Neutral and Ulnar Deviation that Facilitates the Maximum Power Grip Strength.. J Biomech 1980;13:505-511. 13. Teraoka T. Studies on the Peculiarity of Grip Strength in Relation to Body Positions and Aging. Kobe J Med Sci 1979;25:1-17. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 301 Revisão ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A importância dos músculos isquiorretais no posicionamento do quadril, sob uma visão anatômica José Antônio SFA Pinna Cabral*, Fernando Pinna Cabral**, Renato Guimarães Loffi*** Robson Ines Moreira da Rocha****, Renata Carolina de Pinna Cabral***** *Professor Adjunto de Anatomia, Universidade Católica de Petrópolis, Professor de Cirurgia da Faculda- de de Medicina de Petrópolis, **Chefe do Setor de Cirurgia do Quadril do Hospital Traumato-Ortopédico MS-INTO-RJ, ***Fisioterapeuta , Ex-monitor da disciplina de Anatomia UCP, ****Aluno de fisioterapia UCP, *****Aluna de medicina UNIG Resumo Formado pelos músculos bíceps da coxa, semitendíneo e semimembranáceo, os isquiotibiais (ou músculos do jarrete) atu- am nos movimentos de anteroversão e retroversão pélvica, tendo também a ação de flexionar a perna sobre a coxa, estender a coxa sobre a pelve, de acordo com seu ponto de fixação, intervindo ati- vamente na marcha e na manutenção da posição ereta. A paralisia dos isquiotibiais provoca o movimento de báscula para frente (anteroversão). Na anteroversão da pelve os músculos isquiotibiais estão alon- gados e na retroversão os isquiotibiais estão encurtados ou em retração. O seu posicionamento influencia diretamente no movi- mento por eles realizados. A fixação dos músculos do jarrete está na porção superior do túber isquiático, na qual está subdividida. As pelves masculina e feminina diferem em aspectos gerais, bem como características relativas à conexão da pelve feminina com o Endereço para correspondência: José Antonio de Pinna Cabral, Rua Marechal Deodoro, 79 sala 105, Centro 25620-150 Petrópolis - RJ, E-mail: jpinna@npoint.com.br Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001302 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ canal pélvico. A pelve masculina tende a ser maior, mais pesada, mais grosseiramente demarcada por fixações ligamentosas e mus- culares. A pelve projeta-se mais anteriormente que a feminina. A pelve feminina é mais leve, delicada em seu arcabouço ósseo e também mais rasa. O contorno da cavidade pélvica é redondo ou oval. O sacro e o cóccix são mais planos, menos salientes anterior- mente para não angustiar o canal pélvico De acordo com o tama- nho, peso, profundidade das expressões, seremos capazes de dife- renciar a pelve feminina da pelve masculina. O centro de gravida- de esta diretamente relacionado com a posição pélvica. O objetivo desta trabalho é fazer uma revisão dos aspectos anatômicos importantes para a prática e abordagem do fisiotera- peuta principalmente nas situações em que os músculos isquiotibiais possam influenciar os movimentos de anteroversão e retroversão pélvica. Abstract The hamstrings are formed by the muscles biceps, semitendinous and semiembranaceo wich acts in the movement of anteversion and retroversion of the pelvis, besides the function of flexing the knee, extending the hip according to the fixation point, and participating actively during walking in the upright position. Palsy of the hamstring leads to waddling of the pelvis. During antiversion the hamstrings are elongated and in retroversion they are shortened or retracted. Its position acts directly in the movement realized by them. The male and female pelvis has different general aspects, chiefly regarding the connection between the female pelvis and birth delivery trajectory. The male pelvis is bigger, heavier and more demarcated due to ligamentous and tendinous fixations, wich are stronger in males. The pelvis is also more anteriorly projected than the female. The female pelvis is lighter, thinner in its architectural bone matrix and shallower. Its internal shape is oval or round. The sacrum and coccyx are more flat, less protruded anteriorly to avoid narrowing of the pelvic trajectory. According to its size, weight and bone demarcation we are able to diferrentiate between male and female pelvis. The gravity center is directly correlated with the pelvic position. The aim of this article is to make a revision on anatomical aspects, wich are very important to the physiotherapists, chiefly in situation where the hamstring may affect the movements of antiversion or retroversion of the pelvis. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 303 Introdução Os músculos isquiotibiais atuam de forma significativa nos movimentos de anteroversão e retroversão pélvica. A anteroversão ocorre a partir do alongamento e a retroversão ocorre com a retração ou encurtamento dos isquiotibiais. Além da importância clínica em virtude do encurtamento ou alongamento destes múscu- los aspectos estéticos também são observa- dos e cobrados, em virtude principalmente da nossa cultura. Resolvemos fazer uma revisão dos aspec- tos anatômicos importantes tentando correlacioná-los com a clínica e terapêutica de pontos considerados importantes para a prá- tica diária na área de fisioterapia.. Aspectos anatômicos O cíngulo do membro inferior que é forma- do pelos ossos do quadril (ílio, ísquio e pube) une-se, anteriormente, na sínfise da pube, ar- ticulando-se cada um posteriormente, com a porção superior do sacro, formando a articu- lação sacro-ilíaca e lateralmente, com o fêmur, através da fusão dos três ossos ao nível do acetábulo. O osso do quadril ao unir-se com o sacro e o fêmur forma uma conexão entre o tronco e o membro inferior. Já no feto é cons- tituído por três peças ósseas distintas: púbis na frente; ílio súpero-lateralmente; e ísquio ínfero-posteriormente [1]. O ílio forma dois quintos do acetábulo, con- sistindo em um corpo e uma asa ou ala que forma a porção superior do osso do quadril. O corpo e a asa são separados um do outro, na face interna do osso, pela porção inferior da borda medial. Esta porção inferior da borda é uma crista romba e lisa que constitui a parte ilíaca da linha arqueada. Na parte externa do osso, não existe demarcação visível. Uma li- nha tênue que se estende posteriormente, das margens do acetábulo, marca a união do ílio com o ísquio. A eminência iliopúbica marca a união do ílio com a pube. A extremidade su- perior que se expande do ílio é a crista ilíaca a qual pode ser palpada no indivíduo vivo por toda a sua extensão. A crista é um tanto ar- queada, também curvada lado a lado, sendo côncava para dentro atrás, sendo convexa para fora na frente. A espinha ilíaca ântero-superi- or é o seu limite superior, nesta esta fixada o ligamento inguinal, e a espinha ilíaca póstero- superior é seu limite superior. A maior parte da crista apresenta lábios internos e externos, que envolvem a linha intermédia rugosa. O espessamento ou a projeção do lábio externo, cerca de 5 cm atrás da espinha ilíaca ântero- superior (ao nível da quinta vértebra lombar) é o tubérculo da crista. A asa do ílio apresenta as faces glútea e sacropélvica, a fossa ilíaca e três bordas ante- rior, média e posterior. A face glútea do ílio é uma ampla superfície entre as bordas poste- rior e anterior. É cruzada por três cristas cur- vas que variam em proeminência de acordo com o desenvolvimento muscular do indiví- duo. Inicia-se na crista, cerca de 5 cm da espi- nha ilíaca póstero-superior e curva-se para baixo em direção a incisura isquiática maior a linha glútea posterior. Já a linha glútea ante- rior inicia-se junto ao tubérculo da crista e ar- queia-se através da superfície glútea em dire- ção a incisura isquiática maior. A linha glútea inferior começa acima da espinha ilíaca ântero-superior e curva-se, para baixo e para trás 2 a 3 cm acima do acetábulo, em direção a incisura isquiática maior. É a mais distinta das três linhas glúteas. Situada entre as bordas anterior e medial, a fossa ilíaca está limitada em cima pela cris- ta ilíaca em baixo pelas porções inferiores da borda medial. A fossa é lisa e côncava e geral- mente contém um forame nutrício. A borda posterior e medial da face sacropélvica é limi- tada em cima e em baixo pela crista ilíaca, ela inclui a face auricular e a tuberosidade ilíaca. A face auricular está localizada diretamente atrás da fossa ilíaca. O sulco pré-auricular, em geral é encontrado somente na mulher, locali- zado na frente e embaixo da face auricular. A tuberosidade ilíaca é a área rugosa acima e atrás da face auricular. A borda anterior da asa do ílio estende-se da espinha ilíaca ântero-superior ao acetábulo. Inferiormente apresenta a espinha ilíaca ântero-inferior, uma projeção áspera pouco acima do acetábulo. Um sulco raso, abaixo e medial à espinha ântero-inferior, aloja o iliopsoas. A borda posterior inicia-se na espi- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001304 nha ilíaca póstero-superior. Estende-se para baixo em direção à espinha ilíaca póstero-in- ferior, e então, faz uma curva brusca para adi- ante e se torna contínua com a borda posteri- or do ísquio. Ela forma, com esta borda, a incisura isquiática maior. A borda medial da asa do ílio começa na crista ilíaca e estende-se para baixo, primeiro como uma linha áspera e depois como uma borda cortante, limitando a face auricular na frente. Volta-se então, abruptamente para fren- te e continua como uma linha curva em dire- ção à eminência iliopúbica. É essa metade in- ferior curva que forma a porção ilíaca na li- nha arqueada. O ísquio forma a porção póstero-inferior do osso do quadril, consistindo em um corpo e um ramo. O corpo tem extremidade superior e inferior. A superior funde-se com a pube e o ílio e forma parte do acetábulo. A inferior li- vre e a inferior áspera da face dorsal formam o túber isquiático. O ramo projeta-se da extre- midade inferior e funde-se com o ramo inferi- or da pube, abaixo do forame obturado. O cor- po apresenta faces femoral, pélvica e dorsal para a coxa. A pelvina ajuda a formar a pare- de óssea da fossa ísquiorretal. Ela é contínua em cima, como a face glútea do ílio. Embaixo continua na extremidade inferior livre do ísquio e com ela forma o túber isquiático. A borda lateral do ísquio separa as faces femural e dorsal, a borda posterior separa as faces pelvina e dorsal. E- A porção superior do túber isquiático é sub- dividida para a fixação dos músculos do jarre- te. O ramo do ísquio estende-se para cima e medialmente e une-se ao ramo inferior da pube. Os ramos unidos do ísquio e da pube formam uma barra óssea com duas faces e duas bordas. A pube é dividida em um corpo, e dois ra- mos um inferior e o outro superior. O corpo une-se ao corpo da pube do lado oposto, no plano mediano, para formar a sínfise púbica. A borda anterior áspera é a crista púbica e a porção lateral inferior é o proeminente tubér- culo púbico. O tubérculo é um ponto de repa- ro na porção inferior da parede abdominal, cerca de 3 cm do plano mediano. É um guia para o ânulo inguinal, o ânulo femoral e o hia- to safeno. O ramo superior estende-se para cima, para trás e lateralmente a acetábulo, onde se funde com o ílio e o ísquio. O ramo superior apresenta as faces pectíneas, pelvinas e obturatória e bordas posterior, anterior e in- ferior. A borda anterior é a linha pectínea e a crista obturatória. A borda posterior é a mar- gem do forame obturado. O forame obturado é limitado pela pube e pelo ísquio e seus res- pectivos ramos. É fechado, exceto no sulco obturatório, por uma membrana obturatória que esta fixada às margens do forame, alojan- do os nervos e vasos obturatórios e converten- do o sulco em canal obturado. O ramo inferior se une com o ramo do ísquio. O acetábulo é uma grande cavidade crateriforme do lado externo do osso do qua- dril que articula com a cabeça do fêmur para formar a juntura do quadril. O acetábulo é in- completo embaixo onde se forma a incisura do acetábulo. A fossa do acetábulo é a depres- são áspera no assoalho do acetábulo. A fossa é, algumas vezes, fina e transparente em sua porção superior. O restante, a face semilunar, é lisa e se articula com a cabeça do fêmur. O lábio acetabular é ligado a sua margem peri- férica. As pelves masculinas e femininas diferem em aspectos gerais, bem como por caracterís- ticas relativas à conexão da pelve feminina com o canal do parto [2]. A pelve masculina tende a ser maior, mais grosseiramente marcada por fixações ligamentosas e musculares e mais pesada. A cavidade pélvica é mais funda, suas faces la- terais são mais planas estando o sacro e o cóc- cix mais anteriormente que a pelve feminina. A pelve feminina é mais leve, delicada em seu arcabouço ósseo e também mais rasa. O contorno da cavidade pélvica é redondo ou oval. O sacro e o cóccix são mais planos e me- nos salientes anteriormente, para não angus- tiar canal do parto (canal pélvico). As paredes laterais são mais afetadas pelo desvio lateral das tuberosidades isquiáticas, dos ramos ísquiopubicos mais longos e do arco púbico ter um ângulo mais aberto. O fêmur, ou osso da coxa é o mais longo e mais pesado do corpo, seu comprimento osci- la entre ¼ e 1/3 do comprimento do corpo. Na posição ereta o fêmur transmite o peso do osso do quadril para a tíbia [1]. O fêmur possui uma Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 305 diáfise e duas extremidades superior e inferi- or. A superior é constituída de uma cabeça, um colo, dois trocânteres, o maior e o menor. A inferior consiste em 2 côndilos recurvados em espiral o medial e o lateral. O plano do colo do fêmur fica geralmente um pouco na frente do plano dos côndilos, na posição antevertida. O pequeno ângulo agudo entre os dois planos é denominado de ângulo de torção femoral. Nos adultos o ângulo de torção tem cerca de 15 graus e nas crianças bem maior que 31 graus. O grau de anteversão pode ser alterado em condições patológicas. O ângulo de incli- nação é o ângulo que o eixo longitudinal do colo faz com o eixo longitudinal da diáfise, variando com a idade, sexo, e desenvolvimen- to do esqueleto ósseo. Quando o ângulo de inclinação está aumentado chamamos de coxa valga e coxa vara quando está diminuído. Na diáfise do fêmur a curvatura é mais acentuada na porção superior. A cabeça do fêmur forma cerca de 2/5 de uma esfera. Uma depressão, ou fóvea, a qual está preso o liga- mento da cabeça do fêmur, acha-se localizado abaixo e atrás do seu centro. O colo une a ca- beça à diáfise na região dos trocânteres. Um sulco sagital que aparece freqüentemente na face anterior do colo corresponde ao lábio acetabular. Na frente, o colo e a diáfise são se- parados pela linha intertrocantérica, que tor- na-se contínua com uma linha espiral pouco marcada, curvando-se para o dorso do osso abaixo do trocanter menor indo então se unir ao lábio medial da linha áspera. A crista intertrocantérica une o dorso do trocanter maior ao menor. Uma elevação arre- dondada na crista é denominada de tubércu- lo quadrado O trocanter maior pode ser palpado na face lateral da coxa. Na posição ereta este se encontra no mesmo plano hori- zontal do tubérculo púbico, da cabeça do fêmur e do cóccix. O trocanter maior apresen- ta faces; laterais e mediais, margens superior, anterior e posterior. A lateral tem uma crista para a inserção do glúteo médio. A margem posterior continua embaixo com a crista intertrocantérica que termina no trocanter menor. A face medial apresenta uma depres- são áspera, a fossa trocantérica. A “coxa vara funcional” é medida pelo relacionamento com o trocanter maior [3]. A retroversão e a coxa vara devem ser diagnosticados logo após o nascimento, e tão logo começar o tratamento para o crescimento se normalizar o mais cedo possível [4]. O trocanter menor estende-se medialmente da porção póstero-medial da junção do colo com a diáfise. O trocanter me- nor é indistintamente palpável acima da ex- tremidade lateral da prega glútea quando a coxa gira medialmente. O corpo mostra bor- das medial e lateral mal definidas, mas no ter- ço médio possui uma proeminente borda pos- terior, a linha áspera, que apresenta lábios medial e lateral. A linha pectínea estende-se do dorso do trocanter menor até a linha áspe- ra. A linha supracondilar medial é interrom- pida por uma área lisa relacionada à artéria femoral e termina no tubérculo adutório. A extremidade distal consiste em dois côndilos recurvados em espiral que são separados pos- teriormente e inferiormente pela fossa intercondilar. Anteriormente aos côndilos en- contramos a face patelar. A face medial do côndilo medial é áspera e convexa. Sua por- ção mais proeminente é o epicôndilo medial. O tubérculo adutório é palpável e pode ser lo- calizado seguindo-se o tendão do adutor mag- no. O epicôndilo lateral é uma proeminência da face lateral do côndilo lateral. A fossa intercondilar é separada da face poplítea do corpo pela linha intercondilar. A articulação do quadril (acetábulo- femural) é uma articulação sinovial do tipo esferóide formada pela cabeça do fêmur e o acetábulo. É forte e estável [5]. A amplitude de movimento é um pouco reduzida com a fi- nalidade de proporcionar mais estabilidade e força. Sua amplitude de movimento é resul- tado do colo do fêmur ser mais estreito que o diâmetro da cabeça. Os movimentos da coxa na articulação do quadril são: flexo-extensão, abdução-adução, rotação medial e lateral e circundação. A flexão e extensão da coxa ocorrem através da cabeça do fêmur. A cápsula é afrouxada quando o qua- dril é fletido. Se o joelho estiver fletido (para relaxar os músculos jarrete) a coxa pode ser trazida contra a parede do abdome. Esse mo- vimento não ocorre somente na juntura do quadril, podendo em parte ser feita pela flexão da coluna [6]. Durante a extensão, o ligamen- to iliofemoral torna-se tenso, sendo o quadril Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001306 geralmente estendido apenas um pouco além da vertical. A extensão combinada com a adução moderada e rotação medial, fecham a juntura do quadril. A abdução e a adução ocor- rem ao redor de um eixo ântero-posterior atra- vés da cabeça do fêmur. A abdução é um pou- co mais livre que a adução. Já a rotação ocorre ao redor de um eixo ver- tical, que se estende da cabeça do fêmur e atra- vés do centro do côndilo femoral medial. A rotação pode ser conseguida, por 1/6 do círcu- lo, quando a coxa está estendida, e um pouco mais quando está fletida. Na circundação, o membro gira ao redor de um cone, cujo ápice está na cabeça do fêmur. Outra razão para a articulação sacroilíaca ser mais estável no ho- mem relaciona-se com as diferenças de posicionamento do centro de gravidade. Na posição em pé, o peso corporal força o sacro para baixo, tensionando os ligamentos poste- riores e forçando-o contra o ílio, dando com isso estabilidade para a articulação. Essa po- sição ortostática é a que mantém tencionada a articulação sacroilíaca [7]. Em mulheres, o centro de gravidade locali- za-se no mesmo plano que o sacro, sendo nos homens mais anteriorizado. Os músculos isquiotibiais ou do jarrete são formados pelos músculos bíceps da coxa, semitendíneo e semimembranáceo [8]. O músculo bíceps femoral é formado por uma porção longa e uma curta. A porção curta origina-se na linha áspera do fêmur e insere- se na cabeça da fíbula, enquanto que a porção longa tem a sua origem na tuberosidade isquiática e inserção se também na cabeça da fíbula. A inervação do bíceps femoral provém do nervo isquiático (L5, S1, S2, S3). A inervação da cabeça longa a aborda pelo terço médio de sua face anterior e a destinada à ca- beça curta por seu terço superior [9]. O semitendinoso origina-se na tuberosidade isquiática e se insere por meio de um tendão longo na parte superior da face medial do cor- po da tíbia [8]. Recebe um nervo superior, que pode ser comum com a cabeça longa do bíceps da coxa, inserindo-se no músculo por seu ter- ço superior, e um nervo inferior que chega por seu terço inferior, sendo ambos ramos colaterais do nervo isquiático (S1, S2) [9]. O semimembranoso tem origem na tuberosidade isquiática se inserindo em um sulco na face póstero-medial do côndilo medial da tíbia. Ele envia uma expansão fi- brosa para cima e lateralmente, que reforça a cápsula no dorso da articulação do joelho [8]. Em sua inervação existe um ramo colateral e às vezes dois, que se origina no nervo isquiático (L5, S1, S2) [9]. Os músculos semitendinoso, semimem- branáceo, e bíceps da coxa têm como ação flexionar a perna sobre a coxa e estender a coxa sobre a pelve. O semitendíneo determina a ro- tação da coxa de lateral para medial. O múscu- lo bíceps da coxa também determina a rotação, só que de medial para lateral. Estes três mús- culos por serem flexores da perna e flexores da coxa intervêm ativamente na marcha. Em relação aos movimentos pélvicos po- demos dizer que: o ângulo de torção em adul- tos normalmente é em torno de 150º e que um aumento neste ângulo é considerando como indicativo de anteroversão do colo femoral [10]. Ele geralmente é maior em cri- anças podendo resultar em uma marcha com antepés invertidos. Tem sido especulado que uma anteroversão femoral infantil persisten- te possa contribuir para a osteoartrite em ida- de mais avançada, sendo resultado de um aumento do desgaste rotacional e do aumen- to das forças musculares que atravessam a articulação do quadril para realizar a desrotação da cabeça, ou até mesmo de uma diminuição da congruência levando a áreas de maior pressão com pouca ou nenhuma pressão. Ao permitir que a cabeça do fêmur coloque mais pressão contra as partes supe- rior e anterior do acetábulo, o ângulo aumen- tado também pode causar displasia do acetábulo, resultando em um maior potenci- al de luxação anterior de fêmur. Os movimentos da pelve são descritos obser- vando-se o ílio e, especificamente, as espinhas ilíacas anteriores, superior e inferior na frente do ílio [7]. A inclinação anterior da pelve ocorre quando o tronco é flexionado ou as coxas são estendidas observando-se uma inclinação para frente e para baixo do movimento da pelve. Essa inclinação anterior pode ser oriunda da protusão do abdome criando um posicionamento para trás na coluna lombar, fato observado comumente nas mulheres grávidas [13]. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 307 A inclinação posterior é criada pela exten- são do tronco e achatamento da coluna lom- bar ou pela flexão da coxa na medida em que a pelve se move posteriormente. Estudo clínico Na anteroversão da pelve os músculos isquiotibiais estão alongados, estando encurta- dos na retroversão. A anteroversão também pode ser chamada de movimento de nudação limitado pela tensão do grande e do pequeno ligamento sacro-isquiáticos. E a retroversão também pode ser denominada de contra- nudação estando limitada pela tensão dos liga- mentos ílio-sacrais superficiais e profundos [14]. A anteroversão de fêmur será geralmente verificada quando se avalia a marcha. É ca- racterizada principalmente por uma marcha em anteroversão com inversão de antepés e um aumento do ângulo “Q” ocasionado por uma elevação da torção tibial externa e dos pés pronados, na tentativa de compensar a torção. Pode ocorrer um aumento da lordose lombar, em função de uma pequena curvatu- ra da cabeça femoral anteriormente, dando origem a quadros álgicos na região lombar. Se a condição é unilateral, a pronação com- pensatória poderia levar a uma aparente dife- rença do comprimento nos membros inferio- res, possivelmente também provocando uma disfunção da região sacroilíaca ou até mesmo um quadro álgico. A gonalgia pode ser a queixa principal do paciente com anteroversão femoral, já que pode levar a uma síndrome de mau alinha- mento patelar, ou subluxações patelares. O paciente com anteroversão femoral também pode se queixar de dor no pé, causada por pronação excessiva. O achado mais importan- te relacionado com o quadril é o dramático aumento na rotação interna de 60 para 90º e uma diminuição da rotação externa. Os pés do paciente na postura supina relaxada serão visualizados em uma posição rotacional neu- tra, apesar da eversão normal em torno de 45º. A prevenção de patologias tardias de qua- dril ou relacionadas na coluna, joelho, pé ou tornozelo exige um tratamento continuado precoce da anteversão femoral. O tratamento fisioterápico deve incorporar principalmente exercícios para aumentar a rotação externa, em um programa cinesioterápico domiciliar. A mobilização para aumentar a rotação exter- na pode ser utilizada na clínica [7]. O ângulo de versão pode distinguir pron- tamente a anteroversão da retroversão. Quan- do o ângulo do colo diafisário, no plano trans- verso está muito diminuído, ocorre a retroversão. A marcha divergente indica a possibilidade de quadris retrovertidos. Ela também pode aumentar o desgaste rotacional e contribuir para uma maior torção tibial e pé supinados. O aumento das forças no qua- dril causado pelo esforço dos músculos para rodar internamente o quadril, não será efici- ente como força de desrotação na anteversão, em função da relativa fraqueza dos rotadores internos [11]. A marcha divergente pode ser a primeira indicação para o fisioterapeuta, de que existe uma retroversão femoral. Um aumento da tor- ção tibial interna, diminuição do ângulo “Q”, e/ou pés supinados, também podem ser obser- vados. A retroversão unilateral resultante do aumento unilateral da supinação pode levar a uma aparente discrepância no comprimento dos membros inferiores. As compensações podem causar na região lombar inferior, dor ou, na articulação sacroilíaca em direção aos pés, um aumento da rotação externa, obser- vado no quadril acometido. Assim como na anteversão, a patomecânica deve ser tratada tão logo quanto possível. O tratamento direto do quadril envolve exercí- cios de rotação interna, alongamento dos rotadores internos tensos em um programa de exercícios domiciliares, bem como mobiliza- ções nas rotações internas nos serviços de re- abilitação [7]. A displasia congênita do quadril, termo que se refere à má formação da articulação do qua- dril é uma das deformidades congênitas mais comuns. Ela será aparente no caso de subluxação ou de luxação. Entretanto, a displasia acetabular que não resulta em subluxação luxação pode não ser aparente, até que seja tardiamente revelada pela marcha patológica e/ou radiografias. Quando não é reconhecida e nem tratada precocemente, pode levar a um quadro de osteoartrite na vida adulta [12]. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001308 A paralisia dos isquiotibiais provoca uma báscula de tronco para frente: o paciente com- pensa através de uma extensão do tronco se apoiando sobre um plano fibroso anterior, com diminuição do passo anterior durante a mar- cha, flexão exagerada do quadril e do pé. Ele não pode andar rápido e nem saltar [15]. Referências 1- Gardner E, Gray R,O’Rahilly R. Anatomia re- gional do corpo humano. 4ª edição. Rio de Ja- neiro. Guanabara Koogan 1978. p.62-85. 2- Garner W, Osburn W. O sistema esquelético e suas junturas. In: Anatomia do corpo humano. 2ª edição. São Paulo. Atheneu 1980. p.133-134. 3- Kim SS, Frick WDR. 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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 309 Artigo original ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A importância da avaliação multidisciplinar da articulação temporomandibular em uma faixa etária de 10 a 12 anos The importance of evaluation multidisciplinary of temporomandibular joint in 10 to 12 years old people Marcus Vinícius de Mello Pinto*, Giselle Oliveira de Souza**, Marcelly Pedroni*** *Fisioterapeuta, Prof. da Disciplina de Fisioterapia Orofacial da Faculdade Salesiana de Vitória – ES, Coordenador do Laboratório de Fisioterapia Orofacial e Dor da Faculdade Salesiana de Vitória – ES, **Fisi- oterapeuta, Laboratório de Fisioterapia Orofacial e Dor da Faculdade Salesiana de Vitória – ES, ***Odontologa, Colaboradora do Laboratório de Fisioterapia Orofacial e Dor da Faculdade Salesiana de.Vitória - ES Resumo Este trabalho tem por objetivo ressaltar a importância da avalia- ção multidisciplinar da articulação temporomandibular na fase de desenvolvimento da criança. Enfatiza-se a contribuição do fisiodiagnóstico precoce sobre as alterações no eixo do desenvolvi- mento facial que pode, na fase adulta, ser fonte geradora de dor, transtorno da fala e do aparelho mastigatório. Abstract This study has a purpose to stand out the importance of evaluation multidisciplinary of temporomandibular joint in growing and developing of the child. Emphasize the contribution of the early diagnose physical therapy about the alterations and variations in facial development’s axis which may result pain and disturbs in speech and masticatory function in the adult phase. Endereço para correspondência: Prof. Marcus Vinicius de Mello Pinto, Av. Vitória, 950, Forte São João 29040-330 Vitória – ES, Tel: (27) 3331-8558, E-mail: orofacial@salesiano.com.br Palavras-Chave: Avaliação, articulação temporomandibular, faixa etária de 10 a 12 anos Key-Words: Evaluation physical therapy, Temporomandibular Joint, 10 to 12 years old People Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001310 Introdução Assim como em outras áreas da saúde, a base da fisioterapia orofacial é a avaliação me- ticulosa do paciente [11]. A intervenção tera- pêutica deve-se basear em uma avaliação en- globando todos os elementos da história clí- nica, exame físico e exames complementares para todos os casos [6, 8, 9, 10, 11]. Grieve [5], relatou que a partir do exame objetivo, o fisi- oterapeuta deve estar alerta para uma possí- vel causa músculo-esquelética dos sintomas da articulação temporomandibular. O autor revelou que os objetivos compreendem testes específicos para estas estruturas, tais como: Eletromiografia, eletrognatografia, sensores de célula de carga, goniometria digital, dinamometria de mordida e biofeedback [5]. Estes instrumentos de medida visam confir- mar ou excluir precisamente cada estrutura acometida na articulação temporomandibular [12]. O presente estudo visa ressaltar a impor- tância da avaliação multidisciplinar da articu- lação temporomandibular, em uma população em fase de desenvolvimento facial, facilitan- do assim a compreensão das alterações pato- lógicas que possam advir. Material e métodos A amostra proposital estudada [4] foi de 24 crianças na faixa etária de 10 a 12 anos de ida- de, sendo 14 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Todos eram filhos de brasileiros com ascendência mediterrânea: espanhóis, italia- nos e portugueses. A seleção da amostra foi feita em alunos da 5o e 6o série ginasial do co- légio Salesiano de Vitória no Espírito Santo. A metodologia empregada foi a avaliação des- te universo amostral, classificando as etapas da avaliação fisioterápica. Utilizamos como instrumento, um questionário de avaliação epidemiológica autorizado pelos pais dos me- nores. Nesta pesquisa descritiva os pontos avaliados foram os seguintes : 1. Postura de cabeça em posição ortostática, mantendo o olhar em um ponto fixo. 2. Antropometria facial (mensuração da face que tem como referência o tragus da man- díbula à região mentoniana). 3. Abertura de boca com goniometria. 4. Palpação bilateral intra-oral do músculo masseter. Resultados As respostas dos questionários de avaliação epidemiológica, que estão listadas nas tabe- las de 1 a 5, mostram suas respectivas repre- sentações gráficas com valores estatísticos medido pelo teste t de Student. Os dados es- tatísticos mostraram que 58% das crianças apresentavam normalidade de postura da ca- beça, 42% apresentavam a cabeça projetada à frente e nenhuma criança avaliada apresen- tou hipercifose. A antropometria facial reve- lou que apenas 4% das crianças apresentaram alterações faciais. A prevalência de normalidade no movimen- to de abertura de boca foi maior do que a de restrição. Cerca de 75% executaram o movi- mento sem dificuldade e 25% apresentaram restrição no movimento. Os valores relativos à palpação do músculo masseter podem ser vis- to nas Tabelas 4 e 5. Foi observado dor em 29% das crianças, sendo 21% na hemiface direita e 8% na hemiface esquerda. A presença de incô- modo foi observada em 50% dos avaliados, onde 33% sentiram incômodo à palpação da hemiface esquerda e 17% na hemiface direita. Discussão dos resultados Os achados deste estudo são claros na con- firmação da existência de incômodo na palpação do músculo masseter e na alteração de postura de cabeça, o que nos leva a estabe- lecer uma relação entre alteração postural e miofuncional oral [3]. A Tabela 1 mostra a análise da avaliação da postura da cabeça. A Tabela 2 mostra a análi- se da antropometria facial. A Tabela 3 exibe a análise da abertura de boca. A Tabela 4 mos- tra a análise da palpação do músculo masseter direito. A Tabela 5 reflete a análise do múscu- lo masseter esquerdo. Tabela 1 - Avaliação da postura da cabeça. Sexo Projetada à Frente Normal Hipercifose Feminino 4 7 0 Masculino 6 7 0 Total 10 14 0 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 311 Gráfico 1 – Representação gráfica do percentual da postura da cabeça. Tabela 2 - Antropometria facial. Sexo Apresentou alteração Não apresentou alteração Feminino 0 10 Masculino 1 13 Total 1 23 Gráfico 2 – Representação gráfica do percentual da antropometria facial de acordo com o sexo. Tabela 3 - Análise da abertura de boca. Sexo Normal Restritiva Feminino 6 4 Masculino 12 2 Total 18 6 Gráfico 3 – Representação gráfica do percentual do movimento de abertura da boca. Tabela 4 - Palpação do músculo masseter direito. Sexo Normal Dor Incômodo Feminino 3 3 3 Masculino 12 2 1 Total 15 5 4 Gráfico 4 – Representações gráfica do percentual da palpação do músculo masseter direito. Tabela 5 - Palpação do músculo masseter esquerdo. Sexo Normal Dor Incômodo Feminino 3 1 5 Masculino 11 1 3 Total 14 2 8 Gráfico 5 – Representação gráfica do percentual da palpação do músculo masseter esquerdo. Conclusão Este estudo preliminar proporcionou a in- vestigação das relações morfofuncionais da articulação temporomandibular em crianças. Assim, verificou-se a alteração postural da cabeça, com projeção à frente, e o incômodo no músculo masseter, evidenciando a presen- ça de desordens temporomandibular. Entre- tanto, consideramos que existe uma necessi- dade de mais estudos controlados e com nú- mero maior de participantes sobre este assun- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001312 to, bem como um instrumento clínico multidisciplinar, para que possamos chegar a um consenso diagnóstico e de tratamento. Visamos, neste trabalho, identificar a preco- cidade de vários acometimentos da articula- ção temporomandibular em uma faixa etária de 10 a 12 anos. Referências 1. Bhaskar WS. Histologia e Embriologia oral de Orban. Rio de Janeiro Artes Médicas 1978. 2. Carlson BM Embriologia Humana e Biologia do Desenvolvimento. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan, 1996. 3. Cohen MM. Ortodondia Pediátrica Preventiva. Ed. Interameriacana, Rio de Janeiro, 1977. 4. Pereira MG. Epidemiologia teórica e prática. Ed. 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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 313 Caso clínico ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Reabilitação vestibular em duas pacientes com vertigem posicional paroxística benigna Vestibular rehabilitation in two patients with benign paroxysmal positional vertigo André Luís Santos Silva*, Silmar Silva Teixeira**, João Soares Moreira***, Simone Fernandes**** *Fisioterapeuta, Laboratório de Biomecânica Clínica, Hospital Geral de Ipanema, Rio de Janeiro, **Fisio- terapeuta, UVA, ***Médico-Otoneurologista, CPqHEC-FIOCRUZ, ***Médica-Neurologista, Hospital Municipal Souza Aguiar, Rio de Janeiro Resumo O Tratamento fisioterapêutico de duas pacientes com Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é descrito. A primeira paci- ente é do sexo feminino, 79 anos, com história de 5 anos de verti- gem intermitente e instabilidade postural. A outra paciente, tam- bém do sexo feminino, com 83 anos, apresentava queixa de dificul- dade progressiva na deambulação e importante vertigem decúbito- dependente há 01 mês. Uma paciente foi tratada no período da cri- se com manobra de reposicionamento e a outra com manobra liberatória. Ambas realizaram exercícios de habituação de Brandt- Daroff. Foram acompanhadas por três, seis e doze meses após a crise de vertigem. O programa fisioterapêutico enfatizava a prática de atividades que alteravam a estabilidade. Elas realizaram cinesioterapia ativa livre com coordenação cabeça-olhos sentadas, de pé e deambulando. A freqüência era de 01 a 02 vezes por semana no consultório, associado a exercícios diários de habituação de Brandt-Daroff e treinamento da marcha a nível domiciliar. As mensurações foram obtidas antes e após o tratamento para cada Endereço para correspondência: André Luís Santos Silva, Rua Visconde de Silva, 292/605, Humaitá, 22271-090 Rio de Janeiro– RJ, Tel/Fax: (21) 2554-5959, E-mail: delandre@ccard.com.br Palavras-chave: Fisioterapia, equilíbrio, reabilitação vestibular, vertigem posicional paroxística benigna, controle postural. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001314 paciente, incluindo um acompanhamento diário de auto-relato so- bre a intensidade da vertigem, efeitos positivos da cinesioterapia vestibular ou se havia piora dos sintomas como efeito dos exercíci- os. As pacientes relataram melhora das queixas, com indicadores positivos baseados no Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV), na manobra de Dix-Hallpike, no Teste do Levante e Siga Cronometrado (Timed Up and Go Test), na Prova dos Passos de Fukuda e no Teste do Alcance de Duncan. Esse estudo de casos des- creve um programa de tratamento fisioterapêutico individualizado e documenta a melhora funcional dessas pacientes com diferentes estágios, duração e apresentação clínica de VPPB. Os resultados sugerem que pacientes com disfunção vestibular periférica, VPPB aguda ou crônica, podem ser capazes de melhorar seus quadros de vertigem e estabilidade postural. Abstract The treatment of two patients with Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV) is described. One patient was 79-year-old woman with a 5-years history of dizziness and postural unsteadiness. The other patient was 83-year-old with 1-month history of progressive difficulties for ambulation and vertigo dependent-posture. One patient was treated in acute stage with the canalith repositioning procedure, and other patient was treated with a liberatory maneuver. Both was performed the habituation exercises. The follow-up was of the 3-months, 6-months and 12-months after the crisis. The course of physical therapy emphasized the practice of activities that challenge stability. They had realized active kinesiotherapy with exercises of coordination head-eyes. Each patient had weekly therapy and performed selected balance retraining and habituation exercises on a daily basis at home. Measurements taken before and after treatment for each patient included self-perception and intensity of symptoms, positive effects of the exercises and gait activities or if had worse of the symptoms. Both patients reported improvements in symptoms and demonstrated similar improvements on several indicators such as Dizziness Handicap Inventory (DHI), on the Dix-Hallpik Maneuver, on the Timed Up and Go Test (TUG), Fukuda’s Stepping Test and The Standing Duncan Reach Test. This case report describes two individualized treatment programs and documents functional improvements in two patients with different onset, durations, and clinical presentations of BPPV. The outcomes suggest that patients with peripheral vestibular dysfunction, acute or chronic BPPV, may be able to learn improve their vertigo and postural stability. Key-words: Balance, vestibular rehabilitation, physical therapy, benign paroxysmal positional vertigo, postural control. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 315 Introdução Muitos pacientes procuram hospitais e con- sultórios com queixa de tontura ou de insta- bilidade postural. A tontura é um sintoma inespecífico, que pode ser resultante de qual- quer desordem orgânica. A vertigem é uma sensação ilusória de movimento da própria pessoa ou do ambiente que a cerca, e pode ser uma componente da tontura [1-4]. O diagnós- tico diferencial é amplo e deve incluir causas clínicas, neurológicas e otoneurológicas [4-7]. A nível nacional, entretanto, chama atenção o número de pacientes com quadro de tontura do tipo rotatória (vertigem), onde, após exa- mes clínico e complementares, são classifica- dos de forma genérica como portadores de “labirintite” ou de causa “possivelmente” lo- calizada na região cervical [8-10]. Estudos re- centes [11] da dinâmica circulatória cerebral com ultra-sonografia por efeito Doppler, con- duzidos pelos Drs. Bertora, Bergmann, Claussen e Claussen, do Grupo de Investiga- ção Otooftalmológica da Argentina e Alema- nha, demonstraram que, em 52% dos pacien- tes que os consultam por vertigem com diag- nóstico prévio atribuído a problemas na região cervical, apenas 5% apresentam realmente vertigem de causa cervical por variações de fluxo de artérias vertebrais [11]. Esses auto- res consideram a osteoartrite de coluna cervical de baixo valor clínico como fator cau- sal de disfunções otoneurológicas, contudo, acreditam que os transtornos hemodinâmicos capilares (circulação cerebral terminal) sejam de grande importância, pelas trocas metabó- licas que realizam entre as células cerebrais. Os sistemas vestibular e visual possuem receptores especializados, axônios de nervos cranianos em suas periferias, núcleos especí- ficos no tronco encefálico e área no córtex encefálico dedicadas aos seus funcionamen- tos. O sistema vestibular orienta a informa- ção de movimentos da cabeça e dos olhos, e desta em relação à gravidade e ao corpo, par- ticipa dos controles de ajustes posturais e an- tecipação e exerce influência sobre informa- ções autonômicas e na consciência [12-15]. Consultar Herdman (2002) para uma ampla abordagem sobre neurofisiologia e a Reabili- tação Vestibular [16]. Furman e Cass [5], em recente revisão de literatura, relataram que a VPPB é um dos ti- pos mais comuns de vertigem. Baloh et al. [17], em um coorte de 240 pacientes, com uma va- riação de 11 a 84 anos de idade, demonstra- ram que a média de idade para apresentar a VPPB era de 54 anos [17]. Froehling et al. [18] estimaram que a incidência de VPPB era alta, com 107 casos a cada 100.000 pessoas ao ano. Esta condição patológica surge repentinamen- te (episódica) como uma tontura ou uma ver- tigem provocada por certas posições da cabe- ça. Entre os movimentos mais freqüentes es- tão o rolar na cama, olhar para cima e inclinar a cabeça. Apesar de existir há muito tempo, somente recentemente [19, 20], que a fisiopatologia da VPPB tornou-se mais subs- tancialmente compreendida. Partículas de cristais de carbonato de cálcio (otolitos) livres e flutuando no canal semicircular posterior (CSP) do labirinto vestibular tem sido obser- vadas in vivo em vários pacientes com esta desordem [5, 19, 20]. Antecedentes comuns da VPPB incluem neuronite vestibular e traumatismo craniano [5, 8]. Estes achados permitiram o desenvolvimento de tratamen- to inovador à beira do leito, no qual as partí- culas são movidas do CSP para dentro do ves- tíbulo (região central do labirinto), onde se localiza o utrículo, uma das duas estruturas sensíveis à gravidade presentes na orelha in- terna. Essas manobras geralmente oferecem uma melhora imediata e duradoura da verti- gem [21-23]. No entanto, a recidiva nessa en- fermidade ocorre com certa freqüência [5]. Epley [22], reportou uma recidiva em torno de 30% em um período de 30 meses de acompa- nhamento. Apesar da aparente simplicidade da fisiopatologia da VPPB, o diagnóstico e o tratamento desta patologia pode variar. Os pacientes podem apresentar alguns, mas não todos os sinais e sintomas característicos da VPPB típica, o que demonstra a existência de variantes e, consequentemente, diversas ma- nobras e condutas terapêuticas para o seu con- trole. Um sinal objetivo característico é o nistagmo. Em sua forma mais comum, a VPPB apresenta um nistagmo com componentes vertical e torsional [1, 2, 5]. Alguns autores denominam de nistagmo posicional paroxístico benigno [14-16]. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001316 De acordo com a fisioterapeuta norte-ame- ricana Susan Herdman [16], as limitações cinético-funcionais observadas em pacientes com disfunção labiríntica (vestibular) são ins- tabilidade postural, associadas à manifesta- ções neurovegetativas [2], alteração de marcha [6, 8], fatigabilidade [12, 16] e indisposição [14, 18], resultando em dificuldades para as ativi- dades de vida diária (AVD’s). Procedimento e método Em nosso estudo de casos de duas pacien- tes com história de vertigem e instabilidade postural, descrevemos a fase, baseada na in- tervenção a nível ambulatorial e domiciliar, que promoveu o incremento das alterações positi- vas para vertigem e estabilidade corporal na posição ortostática e deambulando. As pacien- tes tinham diferentes etiologias, duração e apresentação clínica de VPPB (Tabela 1). O programa de tratamento é baseado nas recentes abordagens relacionadas à reabilita- ção do equilíbrio, sugerindo que atividades que acionam os mecanismos de controle neural e postural podem ser mais efetivas para alcançar um controle postural global [13]. Tais mecanismos podem incluir a integração de informações sensoriais ou estratégias alterna- das de controle motor a fim de se conseguir uma estabilidade postural [1, 3, 16]. Nós rela- tamos dados sobre as respostas das pacientes ao tratamento baseados em instrumentos de avaliação clínica do equilíbrio, auto-relato de acompanhamento, análise da qualidade do movimento corporal e análise das respostas sobre dificuldades do paciente através do In- ventário das Deficiências da Vertigem – IDV[16], adaptado do Dizziness Handicap Inventory – DHI [24]. A avaliação médica para cada paciente ra- tificando a indicação de fisioterapia consistia de exames e testes realizados e julgados apro- priados por um otoneurologista ou neurolo- gista. Considerações éticas As pacientes concordaram em participar da pesquisa e assinaram um consentimento in- formado sobre a publicação do presente tra- balho. Relato de caso Paciente 1 – Recidiva de VPPB após 05 anos. CSP à esquerda. Paciente do sexo feminino, 79 anos, enca- minhada ao setor de fisioterapia. Queixava-se de tontura e náusea ao mudar de posição em sua cama (rolar ou passar de sentada para decúbito lateral esquerdo) e instabilidade postural, há aproximadamente 01 mês. Há 05 anos, ela referia os mesmos sinais e sintomas, onde foi constatado VPPB-CSP à esquerda, confirmada pela manobra de Dix-Hallpike [25] e exames otoneurológicos. Na ocasião, foi acompanhada pela fisioterapia através de manobra de reposição canalítica (02 execu- ções) [22] e cinesioterapia ativa com exercíci- os de Habituação de Brandt-Daroff [21], de motilidade óculo-cefálica e exercícios de con- dicionamento geral [14, 26]. Após acompanha- mento de 03 anos e meio, a paciente relatava 100% de melhora dos sintomas, o que correspondia com os bons resultados apresen- tados na reavaliação do equilíbrio em ortostatismo e durante a marcha. [14]. Achados pré-fisioterapia Uma semana antes de comparecer à fisio- terapia, a paciente foi examinada por um mé- dico otoneurologista. Este encontrou uma pa- ciente lúcida e cooperativa. Apresentava mo- vimentos extra-oculares com nistagmo espon- tâneo, e ao acompanhar um alvo móvel, havia incapacidade de suprimir o Reflexo vestíbu- lo-ocular (RVO) por apresentar nistagmo du- rante o teste. Sensibilidades superficial e pro- funda, e movimentos faciais, de tronco e mem- bros sem alterações. Membranas timpânicas íntegras e exame de fundo-de-olho normal. Tabela 1 -História dos casos Sujeito Sexo Idade Etiologia Orelha afetada tratamento prévio Início da crise 1 F 79 Desconhecida Esquerda Sim há 05 anos 2 F 83 Desconhecida Direita Não há 01 mês Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 317 Romberg positivo à esquerda. Provas do dedo- nariz, rechaço e diadococinesia normais. Foi submetida à testes vestibulares que demons- traram nistagmo vertical para cima e rotató- rio anti-horário, pelo monitor da Vectoeletronistagmografia (VENG), no posicionamento lateral esquerdo à prova de Dix-Hallpike, e vertical para baixo e rotatório horário, pelo monitor, ao sentar-se, sugerindo vertigem posicional paroxística benigna por canalitíase do canal semicircular posterior esquerdo (CSPe) [1, 3, 19, 23]. Durante avaliação fisioterapêutica, a paci- ente precisava do apoio de acompanhante para deambular, havia amplitude normal de movi- mento para todas as extremidades. A mobili- dade da coluna cervical e lombar eram com- patíveis com a idade e sem dor. Os testes de força muscular manual estavam normais (5/ 5) para todos os grupos musculares dos quadrantes superior e inferior. Provas de co- ordenação (dedo-nariz e calcanhar-tíbia) apre- sentavam boa velocidade, acurácia e suavida- de, bilateralmente. Sensibilidade superficial e propriocepção estavam normais. Tônus muscular compatível com a idade. A mano- bra posicional de Dix-Hallpike [25], ainda po- sitiva para o lado esquerdo com vertigem e nistagmo vertical e rotatório batendo ipsilateral. Ela era incapaz de fixar visualmen- te um alvo quando realizava movimentos de rotação da cabeça com freqüências modera- das. O Teste do Alcance de Duncan [27], com inclinação para esquerda foi de 03 cm; para direita 04 cm; para frente 02 cm. Havia impor- tante limitação funcional. A marcha encontra- va-se em bloco –sem dissociação de cinturas- base de suporte aumentada, com passos len- tos e com oscilação. A marcha sensibilizada era instável com tendência à queda à esquer- da. As noções de freqüência e intensidade da vertigem foram avaliadas usando-se um ques- tionário padronizado, o Inventário das Defici- ências da Vertigem –IDV- (Tabela 2), onde para a paciente 01 apresentou um total de 64/100. Ambas as pacientes foram avaliadas e tra- tadas pelo mesmo fisioterapeuta. A avaliação do equilíbrio foi baseada nos aspectos de or- ganização sensorial e motora do controle postural de cada paciente, assim como as res- postas posturais automáticas. Os testes foram selecionados de acordo com a história e pato- logia de cada enferma, e a necessidade de identificar (para a proposta de planejamento do tratamento) os aspectos fundamentais do controle postural, que era o ponto mais pro- blemático das pacientes. Seja de pé ou andan- do, a paciente tinha uma tendência a se posicionar mais lateralmente à esquerda. Foi solicitado que ficasse em pé com os pés jun- tos (Romberg) por 60 segundos (mensurado com cronômetro digital). Quando solicitava- se que girasse a cabeça de um lado para o ou- tro, apresentava um aumento importante da oscilação postural. Ela era capaz de manter-se de pé sobre uma almofada de 10 cm de espes- sura com os olhos abertos por 20 segundos e com os olhos fechados por 2,5 segundos, su- gerindo que tinha dificuldade com o controle postural quando a informação visual era re- movida e o ingresso somatossensitivo era al- terado. Ela era capaz de manter-se na posição de Romberg sensibilizado com olhos abertos por 45 segundos. Na posição de pé sobre a per- na dominante (a direita, determinado pela pergunta sobre qual perna ela usaria para chu- tar uma bola), ela conseguia permanecer por 25 segundos com olhos abertos e 1,5 segun- dos com olhos fechados, sugerindo dificulda- de com o controle postural quando as infor- mações visuais eram removidas e necessita- va manter seu centro de gravidade (CG) sobre uma estreita base de suporte. Havia aumento da oscilação postural para Tabela 02 - Resultado global pré-fisioterapia do inventário das deficiências da vertigem das 2 pacientes Comprometimento PAC. 01 PAC. 02 Sim(x4) Não(x0) às vezes(x2) Sim(x4) Não(x0) às vezes(x2) Funcional (38) 4 3 2 2 6 1 Orgânico (36) 4 3 - 3 2 2 Emocional (28) 6 1 2 1 8 - Total: 14(x4)+ 7(x0) + 4(x2) = 64/100 6 (x4) + 16(x0) + 3(x2) = 30/100 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001318 a esquerda durante os testes de marcha, es- pecialmente quando a base de suporte era es- treitada ou quando o ingresso sensorial visu- al era removido. Estes achados sugeriram que ela tinha dificuldade em selecionar uma in- formação sensorial apropriada para o contro- le postural. A estratégia do passo (para recu- peração da estabilidade) era atrasada e com tendência à esquerda em resposta a uma per- turbação inesperada do equilíbrio. A Prova dos Passos de Fukuda foi positiva para o lado es- querdo [16]. O Teste do Levante e Siga Cronometrado –Timed Up and Go Test [16], realizado sobre uma superfície de 12,5 metros, apresentou um tempo de 17 segundos sem o uso de suporte. A marcha era realizada de for- ma insegura, e tornava-se mais lenta ao reali- zar a curva de 180º. A marcha com os olhos fechados sobre uma superfície de 6 metros foi realizada em 8 segundos, mas com uma vaci- lação para o lado direito, o que sugere dificul- dade para o controle postural durante a mar- cha quando a referência visual era retirada. Ela era capaz de realizar a deambulação sen- sibilizada de olhos abertos, porém com lenti- dão e 02 interrupções. Mas era incapaz de rea- lizar essa tarefa com os olhos fechados, o que indica dificuldade sobre o controle postural quando deambula com a base de suporte es- treitada e com necessidade de manter o CG dentro de uma pequena área. Ao andar sobre uma superfície de 6 metros com a cabeça gi- rando de uma lado para o outro, a paciente realizava em 7 segundos, mas com dois cruza- mentos das pernas, indicando dificuldade para integrar informações relacionadas ao movi- mento da cabeça com outras informações sen- soriais durante a atividade. Os objetivos da fisioterapia para a paciente incluíam diminuir as sensações de vertigem decúbito-dependente e torná-la capaz para caminhar independentemente sem apoio e poder aumentar sua participação em ativida- des sociais, com possível melhora do aspecto emocional. Fisioterapia – Caso 01 O Programa de fisioterapia vestibular e para o equilíbrio foi delineado baseado nas seguintes interpretações das condições da paciente: 1. Sua vertigem era relacionada a disfunção vestibular periférica (VPPB) por canalitíase, deflagrada na mudança de posição da cabeça. Esta disfunção possui alta incidência em pes- soas idosas e problemas de equilíbrio também são comuns associados à VPPB (16); 2. Ela estava muito dependente das infor- mações visuais e somatossensitivas para o equilíbrio dinâmico; 3. Apresentava atraso nas respostas de re- cuperação da estabilidade postural após per- turbação do equilíbrio; 4. Apresentava dificuldade na fixação visu- al durante atividades funcionais; Nosso programa de tratamento incluiu: Fase 1 - Utilização de manobra de reposição canalítica para o CSP esquerdo, ficando com colar cervical por 7 dias e permaneceu senta- da nos dois primeiros dias após o procedimen- to [16, 22]. Fase 2 - Relatou 60% de melhora da verti- gem decúbito-dependente. Foi realizado novo teste de Dix-Hallpike à esquerda e a paciente apresentava nistagmo “batendo para baixo” e vertigem. Foi realizada mais uma manobra de reposição canalítica para CSPe, com resulta- do positivo, ou seja, não apresentou nistagmo ou vertigem quando retornou à posição sen- tada. Na semana seguinte, iniciou-se a cinesioterapia ativa livre, através de exercíci- os de Habituação de Brandt-Daroff [21] por 5 semanas, associada a exercícios coordenação cabeça-olhos com estimulação vestibular e interação vestíbulo-visual, nas posições sen- tada, de pé em superfície plana e sobre uma almofada de 10 cm de espessura [16]. Fase 3 - Realizou, durante mais 7 semanas o programa da fase 2 associado a exercícios de equilíbrio e marcha. A paciente compare- cia às sessões de fisioterapia uma vez por se- mana com duração de 45 minutos, durante a qual era reavaliada e trazia o questionário de auto-relato que preenchia toda noite antes de dormir (ferramenta padrão de aderência ao tratamento utilizado em nosso serviço – con- siste de 03 questões sobre a) Intensidade da vertigem, b) Alívio da vertigem com a cinesioterapia, c) Efeitos secundários positi- vos ou negativos da cinesioterapia). Sempre era instruída à progressão dos exercícios a Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 319 nível domiciliar. Excetuando a semana inicial do programa, não relatava dificuldade com a progressão semanal da cinesioterapia domi- ciliar. Realizava pelo menos duas vezes ao dia, durante os 7 dias da semana com tempo de aproximadamente 45 minutos. Após 14 sema- nas, ela foi reavaliada no laboratório de biomecânica clínica com as mesmas mensurações iniciais. Achados pós-fisioterapia Após 14 semanas de tratamento, a pacien- te relatou uma diminuição importante na fre- qüência e na intensidade do desequilíbrio. Não apresentava vertigem nem nistagmo à mano- bra de Dix-Hallpike. Os pontos no Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV) passaram de 64/100 da avaliação inicial para 34/100. Re- latou melhora em 05 itens do aspecto emocio- nal e melhora em 05 itens das atividades fun- cionais. Não houve relato de piora em nenhum item do IDV. Ela era capaz de fixar visualmente um alvo quando realizava movimentos de rotação da cabeça com freqüências moderadas. Ao girar a cabeça de um lado para o outro, apresentou uma diminuição da oscilação postural. Houve melhora no Teste do Alcance de Duncan, onde a inclinação para esquerda foi de 08 cm; para a direita de 09 cm e 06 cm para frente. Ela con- seguiu manter-se de pé sobre a almofada de 10 cm de espessura com os olhos abertos por 40 segundos e com os olhos fechados por 10 segundos. Na posição de pé sobre a perna do- minante, ela conseguiu permanecer por 28 segundos com olhos abertos e 5 segundos com olhos fechados. A Prova de Fukuda estava nos padrões da normalidade. Houve melhora da Teste do Levante e Siga Cronometrado (Timed Up and Go Test-TUG), que passou de 17 segun- dos para 12 segundos. A marcha com os olhos fechados reduziu de 8 segundos para 5,5 se- gundos com discretas vacilações à direita. A marcha sensibilizada com olhos abertos pôde ser realizada apenas com uma interrupção, comparada às duas da avaliação inicial. Con- seguiu realizar a marcha sensibilizada com os olhos fechados, porém com duas interrupções. Ao andar sobre a superfície de 6 metros com a cabeça girando de uma lado para o outro, a paciente realizava em 7 segundos e dois cru- zamentos das pernas, porém na reavaliação, ela conseguiu realizar em 4,5 segundos com apenas 01 cruzamento. Não havia atraso na estratégia do passo para recuperação de estabilidade com uma pertur- bação repentina do equilíbrio. Após seis e doze meses de acompanhamento, a paciente relatou que estava 100% melhor dos sinais e sintomas. Após um ano o IDV era de 08/100 (Tabela 3). Tabela 3 - Resultado do inventário de desvantagens da vertigem da paciente 01 após um ano. Comprometimento PAC. 01 Sim(x4) Não(x0) Às vezes(x2) Funcional (38) - 9 - Orgânico (36) 2 5 - Emocional (28) - 9 - Total: 8(x4)+ 23(x0) + 0(x2) = 08/100 Paciente 2 – VPPB há 01 mês. CSP à direita Paciente do sexo feminino, 83 anos, enca- minhada ao setor de fisioterapia. Queixava-se de vertigem objetiva (“o ambiente girava em torno dela”), náusea ao mudar de posição em sua cama (rolar ou passar de sentada para decúbito lateral direito) e instabilidade postural, há aproximadamente um mês. Não havia história de queda. Achados pré-fisioterapia Uma semana antes de comparecer à fisio- terapia, a paciente foi examinada por uma médica neurologista. Esta encontrou uma pa- ciente lúcida e cooperativa. Ao exame apre- sentou nistagmo com a fase rápida “batendo para cima” e torsional à direita quando movia a cabeça até a posição de Dix-Hallpike à direi- ta. A latência e duração do nistagmo, e a verti- gem concorrente, eram consistentes com cupulolitíase do canal semicircular posterior direito CSPd [8, 9, 10]. Apresentava as sensi- bilidades superficial e profunda, os movimen- tos faciais, de tronco e membros sem altera- ções. Membranas timpânicas íntegras e exa- me de fundo-de-olho normal. Romberg posi- tivo à direita. Provas do dedo-nariz, rechaço e diadococinesia normais. Durante avaliação fisioterapêutica, a paci- ente precisava do apoio de acompanhante para Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001320 deambular, havia amplitude normal de movi- mento para todas as extremidades. A mobili- dade da coluna cervical e lombar eram com- patíveis com a idade e sem dor. Os testes de força muscular manual estavam normais (5/ 5) para todos os grupos musculares dos quadrantes superior e inferior. Tônus muscu- lar compatível com a idade. A Manobra Posicional de Dix-Hallpike mostrou-se positi- va para o lado direito com vertigem e nistagmo vertical “batendo” ipsilateral, com duração acima de 60 segundos. Ela era incapaz de fi- xar visualmente um alvo quando realizava movimentos de rotação da cabeça com fre- qüências moderadas. O Teste do Alcance de Duncan, com inclinação para esquerda foi de 08 cm, para a direita foi 06 cm e para a frente foi 10 cm. Havia limitação funcional modera- da. A marcha encontrava-se com dissociação de cinturas, com base de suporte normal, pas- sos lentos e com oscilação. A marcha sensibi- lizada era instável com tendência à queda à direita. As noções de freqüência e intensida- de da vertigem foram avaliadas usando-se o Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV), onde para a paciente 2 apresentou um total de 28/100. A avaliação do equilíbrio foi basea- da conforme a paciente 01. Foi solicitado que ficasse na posição de Romberg por 60 segun- dos (mensurado com cronômetro digital). Quando solicitava-se que girasse a cabeça de um lado para o outro, apresentava um aumen- to importante da oscilação postural. Ela era capaz de manter-se de pé sobre uma almofa- da de 10 cm de espessura com os olhos aber- tos por 15 segundos e com os olhos fechados por 3,0 segundos, sugerindo que tinha dificul- dade com o controle postural quando a infor- mação visual era removida e o ingresso soma- tossensitivo era alterado. Ela era capaz de manter-se na posição de Romberg sensibiliza- do com olhos abertos por 20 segundos. Na po- sição de pé sobre a perna dominante (a direita, determinado pela pergunta sobre qual perna ela usaria para chutar uma bola), ela conseguia permanecer por 20 segundos com olhos aber- tos e 1,0 segundo com olhos fechados, sugerin- do dificuldade com o controle postural quando as informações visuais eram removidas e ne- cessitava manter seu centro de gravidade (CG) sobre uma estreita base de suporte. Não havia aumento da oscilação postural durante os testes de marcha, especialmente quando a base de suporte era estreitada ou quando o ingresso sensorial visual era remo- vido. Não apresentava estratégia do passo para recuperação da estabilidade em resposta a uma perturbação inesperada do equilíbrio. A Prova dos Passos de Fukuda foi positiva para o lado direito. O Teste do Levante e Siga Cronometrado –Timed Up and Go Test (reali- zado sobre uma superfície de 12,5 metros), apresentou um tempo de 16 segundos sem o uso de suporte. A marcha era realizada de for- ma segura, e tornava-se mais lenta ao realizar a curva de 180º. A marcha com os olhos fecha- dos sobre uma superfície de 6 metros foi rea- lizada em 7 segundos sem vacilação. Era ca- paz de realizar a deambulação sensibilizada de olhos abertos, porém com lentidão e 02 in- terrupções. E conseguia com os olhos fecha- dos, com maior lentidão e com 04 paradas, o que indica dificuldade sobre o controle postural quando deambula com a base de su- porte estreitada e com necessidade de man- ter o CG dentro de uma pequena área. Ao an- dar sobre uma superfície de 6 metros com a cabeça girando de uma lado para o outro, a paciente realizava em 9 segundos e com 03 cruzamentos das pernas, indicando dificulda- de para integrar informações relacionadas ao movimento da cabeça com outras informações sensoriais durante a atividade. Os objetivos da fisioterapia para a paciente incluiu diminuir as sensações de vertigem decúbito-dependente, melhorar a postura e diminuir o risco e o medo de queda. Fisioterapia – Caso 02 O Programa de fisioterapia vestibular e para o equilíbrio foi delineado baseado nas seguintes interpretações das condições da paciente: 1. Sua vertigem era relacionada a disfunção vestibular periférica (VPPB) por cupulolitíase, deflagrada na mudança de posição da cabeça. Esta forma de VPPB é relativamente incomum [16]; 2. Ela estava muito dependente das infor- mações visuais e somatossensitivas para o equilíbrio dinâmico; Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 321 3. Apresentava atraso nas respostas de re- cuperação da estabilidade postural após per- turbação do equilíbrio; Nosso programa de tratamento incluiu: Fase 1 - Utilização da manobra liberatória de Sémont para o CSP direito [2], ficando com colar cervical por 7 dias e permaneceu sentada nos dois primeiros dias após o procedimento. Fase 2 - Relatou 100% de melhora da verti- gem decúbito-dependente. Foi realizado novo teste de Dix-Hallpike e a paciente não apre- sentava nistagmo ou vertigem para ambos os lados. Na semana seguinte, iniciou-se a cinesioterapia ativa livre, através de exercíci- os de Habituação de Brandt-Daroff por 4 se- manas associado a exercícios coordenação ca- beça-olhos com estimulação vestibular e interação vestíbulo-visual, nas posições sen- tada, de pé em superfície plana e sobre uma almofada de 10 cm de espessura. Realizou, também, exercícios terapêuticos de integração sensorial com degrau e bola, associado a mo- vimentação da cabeça [16]. Fase 3 - Realizou, durante mais 4 semanas o programa da fase 2 associado a exercícios de equilíbrio e marcha com obstáculos. A pa- ciente comparecia às sessões de fisioterapia uma vez por semana com duração de 45 mi- nutos, durante a qual era reavaliada e trazia o questionário de auto-relato que preenchia toda noite antes de dormir. Como na paciente 1, era instruída à progressão dos exercícios a nível domiciliar. Não relatava dificuldade com a progressão semanal da cinesioterapia domi- ciliar. Realizava pelo menos duas vezes ao dia, durante os 7 dias da semana com tempo de aproximadamente 45 minutos. Após 12 sema- nas, ela foi reavaliada no laboratório de biomecânica clínica com as mesma mensurações iniciais. Achados pós-fisioterapia Após 12 semanas de tratamento, a pacien- te relatou uma diminuição importante na fre- qüência e na intensidade do desequilíbrio. Não apresentava vertigem nem nistagmo à mano- bra de Dix-Hallpike. Os pontos no Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV) passaram de 28/100 da avaliação inicial para 00/100. Re- gistrou melhora em todos os itens. Ela era capaz de fixar visualmente um alvo quando realizava movimentos de rotação da cabeça com freqüências moderadas. Ao girar a cabeça de um lado para o outro, apresentou uma diminuição da oscilação postural. Houve melhora no Teste do Alcance de Duncan, onde a inclinação para esquerda foi de 10 cm; para a direita de 10 cm e 13 cm para frente. Ela con- seguiu manter-se de pé sobre a almofada de 10 cm de espessura com os olhos abertos por 40 segundos e com os olhos fechados por 15 segundos. Inclusive, realizou tarefas de integração sensorial, como realizar passos em cima da almofada ao mesmo tempo que rece- bia uma bola do fisioterapeuta, e a devolvia, com a cabeça girando ou não. Na posição de pé sobre a perna dominante, ela permanecia por 28 segundos com olhos abertos e 15 se- gundos com olhos fechados. A Prova dos Pas- sos de Fukuda estava nos padrões da normali- dade. Houve melhora da Teste do Levante e Siga Cronometrado (Timed Up and Go Test- TUG), que passou de 16 segundos para 09 se- gundos. A marcha com os olhos fechados re- duziu de 7 segundos para 5,5 segundos com discretas vacilações à direita. A marcha sen- sibilizada com olhos abertos pôde ser realiza- da sem interrupção, comparada às duas da avaliação inicial. Conseguiu realizar a marcha sensibilizada com os olhos fechados, porém com duas interrupções. Ao andar sobre a su- perfície de 6 metros com a cabeça girando de uma lado para o outro, a paciente conseguiu realizar em 7 segundos e sem cruzamentos das pernas. Não havia atraso na estratégia do passo para recuperação de estabilidade com uma pertur- bação repentina do equilíbrio. Houve acom- panhamento seis e doze meses depois, com relato de 100% de melhora. Após um ano, o IDV continuou em 00/100 (Tabela 4). Tabela 4 - Resultado do inventário das deficiências da vertigem da paciente 02 após 01 ano. Comprometimento PAC. 01 Sim(x4) Não(x0) Às vezes(x2) Funcional (38) - 9 - Orgânico (36) - 7 - Emocional (28) - 9 - Total: 0(x4)+ 25(x0)+ 0(x2)= 00/100 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001322 Discussão Ambas as pacientes demonstraram melho- ra do quadro de vertigem e da estabilidade postural, após o acompanhamento de 14 se- manas para o caso 1 e 12 semanas para o caso 02, de um programa racional e individualiza- do de fisioterapia. Houve reavaliação seis e doze meses depois, com relato de melhora de 100% nos dois casos. A paciente 1 apresenta- va um quadro crônico de VPPB, que culmi- nou com uma recidiva 5 anos após o último tratamento [29]. Conforme dados da literatu- ra, os casos de longa história de VPPB podem criar uma ansiedade quanto às posições de provocação dos sintomas [1, 2, 3, 8, 13, 16] e isto pode afetar a adesão do paciente ao trata- mento e aumentar o grau de comprometimen- to cinético-funcional global. Uma explicação cuidadosa sobre os testes e o tratamento que serão aplicados são imprescindíveis. Neste primeiro caso, o nistagmo “batendo para bai- xo” após a manobra significa que o resíduo otolítico não se moveu além da junção do CS Posterior e CS Anterior (cruz comum) até o vestíbulo, mas voltou para o CSP. Isto pode ocorrer pela variação na orientação dos canais ou por uma posição cefálica imprópria duran- te a manobra [1, 8, 16]. Por esta razão, o trata- mento de reposição foi repetido até não apre- sentar mais o nistagmo. Esta paciente resis- tiu a realização do programa domiciliar da fase 2. Após explicação cuidadosa à paciente e aos parentes, houve uma adequada adesão ao tra- tamento. A paciente 2 apresentava um qua- dro mais recente, o que significa uma melho- ra mais rápida e consistente dos sintomas [16, 21, 26]. Esta apresentou uma melhora mais marcante de sua capacidade funcional nos achados pós-fisioterapia. Ela demostrou, tam- bém, maior estabilidade postural sobre super- fícies macias com excelente habilidade para atividades de integração sensorial combina- das [16]. O programa de fisioterapia para as pacientes incluiu atividades nas posições sen- tada, de pé e durante a marcha, associada a alteração da estabilidade postural. Estas ex- periências foram provavelmente instrumen- tos na melhora da habilidade para utilizarem efetivamente as informações somatossensoriais para modificar a magnitu- de das respostas posturais. Cabe lembrar que o uso de drogas supressoras da atividade ves- tibular podem interferir nos mecanismos com- pensatórios centrais dos pacientes vestibulopatas [28]. Futuras pesquisas prospectivas e com grupo-controle são neces- sárias, para fortalecer a veracidade dos acha- dos. Conclusão Esse estudo de casos descreve um progra- ma de tratamento fisioterapêutico individua- lizado e documenta a melhora funcional de pacientes com diferentes estágios, duração e apresentação clínica de VPPB. Uma interpre- tação apropriada dos sinais e sintomas, ofere- cem um terreno seguro para o desenvolvimen- to de um plano de tratamento fisioterapêutico. A associação dos conhecimentos de compen- sação central e dos mecanismos de antecipa- ção e predição, estratégias motoras alteradas, substituição sensorial e os fatores cognitivos e emocionais são relevantes para o entendi- mento do processo adaptativo. Os resultados sugerem que pacientes com disfunção vesti- bular periférica, VPPB aguda ou crônica, po- dem ser capazes de melhorar seus quadros de vertigem e estabilidade postural. Referências 1. Herdman SJ. Advances in the Treatment of Vestibular Disorders. Physical Therapy 1997;77(6)602-618. 2. Ganança MM. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos Editorial, Janssen-Cilag, 1998. 3. Shepard NT, Telian AS. Programatic Vestibular Rehabilitation. Otolaryngol Head Neck Surg 1995;112:173-182. 4. Sémont A, Freyss G, Vitte E. curring the BPPV with a liberatory maneuver. Adv Otorhinolaringol 1988;42:290-293. 5. Furman JM, Cass SP. Benign Paroxysmal Positional Vertigo. N Engl J Med 1999;341(21)1590-1596. 6. Nunez RA, Cass SP, Furman JM. 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A revista Fisioterapia Brasil assume o “es- tilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconi- zado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Os autores que desejarem colaborar em al- guma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, suge- rir trocas ou retorno de acordo com a circuns- tância, realizar modificações nos textos rece- bidos; neste último caso não se alterará o con- teúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três pá- ginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aque- les não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, tera- pêutica e tratamento dentro das áreas defini- das anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja supe- rior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itá- lico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabe- las, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que pos- sam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico cien- tífico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre algu- ma das áreas relacionadas à Fisioterapia, ao encargo do Comitê Científico, bem como re- metida espontaneamente pelo autor, cujo in- teresse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha- se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de arti- gos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resulta- dos iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados Normas para publicação Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 3 - Maio / Junho 2001 325 na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja supe- rior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itá- lico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabe- las em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Cien- tífico, inclusive traduções de trabalhos de ou- tros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência rece- bida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteri- ormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a car- ta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com to- das as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto a mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (quali- dade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos os artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliogra- fia. O autor deve ser o responsável pela tradu- ção do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD- ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros pro- gramas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português e inglês. - Nome completo dos autores, com a quali- ficação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela corres- pondência, com o respectivo endereço, Tele- fone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como auto- res devem ter participado do trabalho o sufi- ciente para assumir a responsabilidade públi- ca do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamen- te nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e in- terpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. De- verão ser cumpridas simultaneamente as con- dições a), b) e c). A participação exclusivamen- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 3 - Maio / Junho 2001326 te na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa tam- bém não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resu- mo (com no máximo 150 palavras para resu- mos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as se- guintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise) - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos) - Conclusão do estudo, destacando os aspec- tos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar qua- tro palavras-chave (ou unitermos) para facili- tar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabe- çalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 5. Referências As referências bibliográficas devem ser numeradas e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes nor- mas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, títu- lo do capítulo, ponto, In: autor do livro (se di- ferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pon- tos, editora, ponto e vírgula, ano da impres- são, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do tra- balha, ponto. Título da revista ano de publica- ção seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inici- al e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Zavala AV, Braver D. Semiologia do Pé – Prevenção e tratamento do pé diabético. Dia- betes Clínica 2000; 4:137-144. Os artigos, cartas e resumos devem ser en- viados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ tel: (21) 2244 6471 E-mail: atlantica1@globo.com Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001 327 DataDataDataDataData HorárioHorárioHorárioHorárioHorário PPPPPalestrantealestrantealestrantealestrantealestrante TTTTTemaemaemaemaema 07 8:30 Marcel Bienfati Fisiologia da globalidade da função locomotora 07 11:15 Maria Luiza Nogueira Respiração no trabalho postural 07 14:00 Regina Coeli V. Gomes Facilitação neuromuscular proprioceptiva 07 14:30 Rubia Marcia Benatti Fuchs Influência do desiquilíbrios da pelve na patelo-femural 07 15:00 Isidro Marques Terapia manual sub-aquática 07 15:30 Debate com os dois palestrantes acima 07 16:10 Ângela Santos Diagnóstico postural clínico - Ponto de partida para todas as abordagens em terapia manual 07 17:10 Afonso Salgado Medicina ortopédica de Cyriax 08 8:30 Rodrigo Luiz L. Juca Mecanismos lesionais das disfunções somáticas vertebrais lombares e suas possibiliades de tratamento 08 9:00 Palmiro Torrieri Terapia manual integrada e Trigger points 08 9:30 Helder Montenegro Uma visão holística nas lesões musculares do atleta 08 10:00 Debate com os dois palestrantes acima 08 10:35 Ângela Santos Fisioterapia estática - Definindo um campo de trabalho em fisioterapia 08 11:30 Mauro Pedroni Jr. Diagnóstico ascendente através da pdoposturologia 08 14:30 Afonso Salgado Terapia manual na cefaleia de tensão 08 15:20 Gordon Cumming Rigidez da torácica alta como causa da síndrome do impacto do ombro e da crepitação escapular 08 16:20 Alberto Vianna da Silveira Princípios fundamentais da RPG 08 17:10 Michael Dufresne O conceito Mulligan 09 8:30 Helder Montenegro Fisioterapia manual nas complicações de joelho 09 9:00 Palmiro Torrieri Tratamento da cefaléias cervicogênicas pelo conceito Mulligan 09 9:30 Michael Dufresne Técnicas de Mullicgan no tornozelo - Mobilização com movimento 09 10:10 Debate com os dois palestrantes acima 09 10:30 Gordon Cumming Cinemática da articulação glenoumeral: Novas visões que todo terapeuta que faz mobilização passiva deve saber 09 11:25 Leopold Busquet Cadeias musculares: Apresentação 09 14:30 Rogério Augusto Queiroz O tratamento osteopático em cervicobraquialgias aguda e crônica 09 15:10 François Ricard Apresentação da osteopatia através da neurofisiologia 09 15:50 Debate com os dois palestrantes acima 09 16:30 Leopold Busquet Cadeias musculares: Influências na bacia e no joelho 09 17:25 Oldack Borges de Barros As Posturas da RPG e suas Aplicações 10 08:30 Celso Luís Dias Trabalho de modelagem manual para as diversas topografias da escoliose Idiopática 10 09:20 José Liberato Jr. Método McKenzie 10 10:25 Elena Nartinez Loza Tratamento osteopático de Whiplash cervical 10 11:05 François Ricard Estatísticas comparativas nos tratamentos de lombociáticas por hérnias discais 10 11:50 Debate com o dois palestrantes acima 10 14:30 Julles Boone Crochetagem mioaponeurótica nas lesões do ombro 10 15:10 Dominique Lippens Reequilíbrio postural através da osteopatia 10 16:00 Debate com os dois palestrantes acima 10 16:30 Philippe E. Souchard Escoliose ICongresso Brasileiro de Terapia ManualCongresso Brasileiro On-Line 7 à 10 de novembro 2001 Centro de Convenções, Fortaleza - CE Informações: Prática Eventos - Tel.: (85) 224-0638 / 261-3531 / 261-9667 www.terapiamanual.fst.br Programação confirmada Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001328 Calendário de eventos Outubro 1º Encontro de F1º Encontro de F1º Encontro de F1º Encontro de F1º Encontro de Fisioterapia e Tisioterapia e Tisioterapia e Tisioterapia e Tisioterapia e Terapia Ocupacional doerapia Ocupacional doerapia Ocupacional doerapia Ocupacional doerapia Ocupacional do CREFITCREFITCREFITCREFITCREFITOOOOO-5-5-5-5-5 5-6 de outubro Porto Alegre – RS Informações: (51) 3334-6586 XVXVXVXVXVooooo Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de Fisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapia VIIIVIIIVIIIVIIIVIIIooooo Congresso P Congresso P Congresso P Congresso P Congresso Paulista de Faulista de Faulista de Faulista de Faulista de Fisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapia IXIXIXIXIXooooo Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 10 a 14 de outubro Pq Anhembi, São Paulo – SP Secretaria: Rua Carneiro da Cunha, 354 Informações: (11) 5584-8969 ou 5071-0011 Annual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of Physiotherapy 19-21 de outubro International Convention Centre, Birmingham, UK informações: www.csphysio.org.br Novembro IIIIIooooo Búzios in fitness Búzios in fitness Búzios in fitness Búzios in fitness Búzios in fitness 02-04 de novembro Búzios - RJ Informações: MetA Produções e Eventos (21) 3707-0189 / 7840-8617 IIIIIooooo Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de Terapia manualerapia manualerapia manualerapia manualerapia manual IIIIIooooo Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online 7-10 de novembro Fortaleza, Ceará Informações: (85)224-0638 www.terapiamanual.fst.br IVIVIVIVIVooooo Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFITOERJOERJOERJOERJOERJ 10 e 11 de novembro Rio de Janeiro, RJ Informações: (21) 2451 1043 E-mail: sofitoerj@bol.com.br IIIIIooooo Congresso de F Congresso de F Congresso de F Congresso de F Congresso de Fisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimento IIIIIooooo Encontro de Ex Encontro de Ex Encontro de Ex Encontro de Ex Encontro de Ex-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em Fisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapia 15 a 18 de novembro SENAI/FIRJAN, Rua Mariz e Barros, 678 - Tijuca Rio de Janeiro, RJ Infs.: (21) 2288-5079 www.cienciaemmovimento.com.br 2002 Junho Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002 Annual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American Physical Therapy AssociationTherapy AssociationTherapy AssociationTherapy AssociationTherapy Association 5-8 de junho Cincinnati, Ohio, EUA Informações: www.apta.org Agosto 2nd International Symposium on R2nd International Symposium on R2nd International Symposium on R2nd International Symposium on R2nd International Symposium on Rehabilitation and Physicalehabilitation and Physicalehabilitation and Physicalehabilitation and Physicalehabilitation and Physical Therapy in VTherapy in VTherapy in VTherapy in VTherapy in Veterinary Medicineeterinary Medicineeterinary Medicineeterinary Medicineeterinary Medicine 10-14 de agosto Knoxville, Tennessee Informações: www.utc.edu/~vetpt/ Novembro 8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical TherapyTherapyTherapyTherapyTherapy 17-20 de novembro Central Grand Plaza Hotel Bangkok, Thailand Informações: acpt2002@yahoo.com European Congress on PEuropean Congress on PEuropean Congress on PEuropean Congress on PEuropean Congress on Prevention of Diseases Throughrevention of Diseases Throughrevention of Diseases Throughrevention of Diseases Throughrevention of Diseases Through PhysiotherapyPhysiotherapyPhysiotherapyPhysiotherapyPhysiotherapy 27-30 de novembro Vienna, Áustria Informações: www.physio.at/congress/2002.htm 2002 Junho WWWWWorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapy 14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meeting 7-12 de junho Barcelona, Espanha Informações: www.wcpt.org E-mail: 14thcongress@wcpt.org MJ Livros UniversitáriosMJ Livros UniversitáriosMJ Livros UniversitáriosMJ Livros UniversitáriosMJ Livros Universitários Livraria especializada emLivraria especializada emLivraria especializada emLivraria especializada emLivraria especializada em FFFFF i s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i a Entrega em todo o Brasil Tel.: (11) 6942-0886 R. Carolina Ferraz, 584 - Itaquera - São Paulo - SP www.mjl ivros.com.br Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 1 Fisioterapia prática Ginástica Laborativa EDITORIAL Uma nova perspectiva para o Lato Sensu, Marco Antonio Guimarães da Silva .......................... 3 OPINIÃO Resposta do COFFITO ao Editorial “Da fisioterapia que temos para a fisioterapia que necessitamos: um novo paradigma?” de Marco Antonio Guimarães da Silva e ao artigo “Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil”, de Gil Lúcio Almeida (Fisioterapia Brasil, vol 1, no 2, nov/dez 2000) ................................................... 5 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ............................................................................. 7 ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES Ordem de recrutamento muscular em movimentos de reversão do braço em diferentes regiões espaciais, Gil Lúcio Almeida, Nadia Fernanda Marconi, Sandra MS Ferreira................................................................................................................................ 23 Análise dos efeitos fisiológicos em pacientes com estresse submetidos à técnica Watsu, Rosângela Maria Borges, Nivaldo Antonio Parizotto ....................................................................... 33 Análise funcional da complacência torácica na doença de Parkinson, Sônia Regina Cardoso, João Santos Pereira ...................................................................................... 41 Dança e equilíbrio de tronco em pessoas com lesão medular: Um estudo preliminar, Marta Simões Peres, Carlos Alberto Gonçalves, Claudia Barata ................................................... 49 CARTA AO EDITOR A ginástica laboral na prevenção da LER/DORT: solução ou paliativo ? Luís Guilherme Barbosa........................................................................................................................ 54 INFORMAÇÃO PROFISSIONAL A pós-graduação em fisioterapia e terapia ocupacional: reconhecimento e registros de certificados, diplomas e títulos, João Marinonio Aveiro Carneiro ........................................... 58 RESUMOS DE DISSERTAÇÕES E TESES ...................................................................................... 64 EVENTOS ................................................................................................................................................ 68 Fisioterapia Brasil Índice (vol.2, nº1, jan/fev 2001 - 1~68) ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Na proxima edição de Fisioterapia Brasil estarão detalhados os CD-roms disponíveis aos nossos assinantes Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20012 © ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instru- ções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. Fisioterapia Brasil Editor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científico Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ/UCB – Rio de Janeiro) Conselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científico Prof. Dr. Gil Lúcio de Almeida (Univ.de Ribeirão Preto - UNARP – São Paulo) Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA - Argentina) Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina) Prof. Dr. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU - Estados Unidos) Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro - UNIT – Minas Gerais) Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (Univ. Federal de São Carlos - UFSCAR – São Paulo) Assinaturas 6 números ao ano + 1 CD-ROM = R$ 90,00 Tel.: (21) 244-6471 / 285-0804 www.atlanticaeditora.com.br Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001) Rio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de Janeiro Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 244-6471 E-mail: atlantica1@globo.com São PSão PSão PSão PSão Pauloauloauloauloaulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP Tel/Fax: (11) 4411-7629 Cel: (11) 9219-0570 Dra. Albernice Ma de Oliveira Barreto (CREFITO1 – Pernambuco) Dr. Antonio Neme Khoury (HGI - Rio de Janeiro) Dr. Carlos Alberto Caetano de Azeredo (Rio de Janeiro) Dra. Claudia Bahia (FAFIS/IAENE - Bahia) Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Profa. Dra. Elaine Guirro (Unimep – São Paulo) Dr. Esperidião Elias Aquim (Univ.Tuiuti - Paraná) Dr. Farley Campos (UCB - Rio de Janeiro) Dr. Fernando A. de M. Prati (CREFITO5 – Rio Grande do Sul) Dr. Hélio Pio (Rio de Janeiro) Dr. Hildeberto Lopes do Santos (CREFITO3 – Minas Gerais) Dr. Ivan Pinto Varela (CREFITO7 – Bahia) Prof. Dr. João Marinonio A. Carneiro (Rio de Janeiro) Prof. Dr. João Santos Pereira (UERJ - Rio de Janeiro) Dr. José Euclides Poubel e Silva (CREFITO9 – Mato Grosso) Dra. Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina) Dr. José Roberto Prado Jr. (Rio de Janeiro) Dr. Jorge Tamaki (PUC - Paraná) Dra. Marisa Moraes Regenga (São Paulo) Dr. Nilton Petrone (Univ. Estácio de Sá - Rio de Janeiro) Dr. Paulo Henrique Eufrásio de Oliveira (FAFIS/IAENE - Bahia) Dra. Regina Maria de Figuerôa (CREFITO2 - Rio de Janeiro) Dra. Solange Canavarro Ferreira (UFRJ – Rio de Janeiro) Dra. Suely Marques (Rio de Janeiro) Editor executivoEditor executivoEditor executivoEditor executivoEditor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin PPPPPublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketing René Caldeira Delpy Jr. (Rio de Janeiro) Maurício G. Costa Anderson (São Paulo) Administração:Administração:Administração:Administração:Administração: Claudiane Benavenuto RRRRRevista Fevista Fevista Fevista Fevista Fisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasil ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740 RRRRRedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administração (Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço) Jean-Louis Peytavin Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 244-6471 Cel: (21) 9218-0346 atlantica1@globo.com PPPPPublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketingublicidade e marketing Rio de Janeiro: René C. Delpy Jr (21) 244-6471 Cel: (21) 9662-9411 São Paulo: Maurício Galvão C. Anderson (11) 4411-7629 Cel: (11) 9219-0570 Ilustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, Pinacoteca di Brerainacoteca di Brerainacoteca di Brerainacoteca di Brerainacoteca di Brera Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 3 *Coordenador científico de Fisioterapia Brasil ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Uma nova perspectiva para o Lato Sensu A crescente oferta de cursos pós-graduação lato sensu nas di- versas áreas do saber, parece ter estabelecido as bases de um novo código comportamental para o recém-graduado. Existe atualmen- te uma alta oferta que ainda está longe da saturação e que não consegue atender a elevadíssima procura pelos chamados MBAs, na área de Administração e Direito, e Lato Sensu nas outras áre- as. É bem possível que, pelo menos em parte, esta alta demanda seja uma busca da satisfação não encontrada no curso de gradu- ação, encerrando um processo de transição esperada, que viabiliza um novo código, reformulando critérios para compor um novo imaginário sócio cultural. Um imaginário que se estru- tura de modo a aumentar a confiança e a elevar a auto-estima do recém-graduado. Se bem organizada, uma pós-graduação lato sensu pode ser um valioso instrumento que complementa a formação profissio- nal do aluno e o introduz de fato, e não apenas de direito, na vida acadêmica. Com uma proposta inovadora para a área, a Atlânti- ca Editora estabeleceu parceria com a Universidade Castelo Bran- co do Estado do Rio de Janeiro, para promover cursos Lato Sensu de fisioterapia em diversas cidades do país. A Universidade em questão é possuidora de mestrado acadêmico recomendado pela CAPES, o que lhe permite emitir certificado de especialização acadêmica e profissional. Os cursos com disciplinas amparadas numa larga experiência profissional de seus professores permi- tem um casamento perfeito entre teoria e prática. A tecnologia educacional adotada baseia-se na educação problematizadora, que busca desenvolver a capacidade reflexiva dos participantes e que considera que o aprendizado ocorre no aluno, pelo aluno e com o aluno. Enfim, trata-se de uma visão pedagógica que en- tende que o professor não ensina, mas ajuda o aluno a aprender, como preconizava o educador Lauro de Oliveira Lima. Editorial Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20014 Como coordenador acadêmico nessa parceria, propus uma modi- ficação radical nos conteúdos da disciplina Métodos e Técnicas da Pesquisa, buscando equivalência com a Metodologia científica mi- nistrada em cursos Stricto Sensu, da área de saúde. Através de tais medidas, espero que o aluno, ao final do curso, seja capaz, com mui- ta precisão, de: conhecer todas as vantagens e desvantagens dos di- ferentes tipos de delineamentos da investigação científica na área de saúde; identificar e neutralizar todos os vieses de seu estudo; deixar claro o(s) fator(es) em estudo (variável independente) e o(s) desfecho(s) medido(s) (variável dependente); conhecer suficiente estatística para formular suas hipóteses e entender as medidas da força de associação (odds ratio, redução de riscos, razão de verossi- milhança), com sua significância estatística (intervalo de confiança, p de alfa, p de beta); selecionar a melhor opção entre ensaio clínico randomizado, revisão sistemática, caso-controle, transversal (prevalência, diagnóstico), coorte (incidência), experimental, relato de casos, estudo qualitativo; analisar uma artigo científico, sugerin- do correções, quando pertinentes. A preocupação em introduzir mudanças na metodologia foi esti- mulada após a minha participação, como examinador, em diversas bancas de Doutorado e de Mestrado no país e no exterior. A partir dessa experiência, notei que em sua grande maioria as teses e dis- sertações apresentam delineamentos com forte influência das áreas humanas, o que não constituiria fato grave se as mesmas não esti- vessem na área de saúde e não apresentassem alguns equívocos.Esperamos que essa iniciativa da Atlântica Editora em promover cursos diferenciados efetivamente contribua para mudar o perfil dos cursos Lato Sensu e para aprimorar o quadro profissio- nal e acadêmico da Fisioterapia. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 5 Por determinação da Diretoria do COFFITO, em reunião ocor- rida na Secretaria-Executiva, em 17 de janeiro, deste ano, em São Paulo, SP, estamos apresentando comentários ao Editorial, de autoria do Dr. Marco Antonio Guimarães da Silva e ao artigo Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil, de autoria do Dr. Gil Lúcio Almeida, ambos publicados na Revista Fisioterapia Brasil, ano 1, no 2. Inicialmente abordaremos a temática do citado Editorial. O referido Editorial engloba aspectos que perpassam desde a pesquisa em fisioterapia, em que não se deve substituir a quali- dade do trabalho produzido em pesquisa pela quantidade de papers trazidos a público, até a existência de um periódico que de alguma forma se destinaria a publicá-los. Em tese tal afirmativa é extremamente válida, ocorre entre- tanto que os parâmetros e mesmo paradigmas norte-americanos não são significativos à luz da sociedade brasileira, que requer antes de mais nada, que uma redução sociológica se realize para que o entendimento e sua aplicabilidade aos brasileiros se reali- ze de forma a trazer a resolutividade em saúde pública. A bem de verdade seria extremamente interessante que se percebesse que o maior importador de fisioterapeutas, hoje no mundo são os Estados de Flórida e de Califórnia, onde visitamos mais de trinta clínicas, e que tem no fisioterapeuta brasileiro a alavanca maior no tratamento dos que, de todos os Estados Uni- dos, demandam a este estado e suas clínicas. Temos fisioterapeutas brasileiros como professores em uni- versidades americanas e que passam, isto sim, seu feeling, sua competência e principalmente a capacidade de criar, assunto não muito próprio do profissional norte-americano. Desta maneira, entendemos que as providências a serem toma- das aí estão esboçadas e se tornando realidade, a saber: novas Dire- trizes Curriculares, que aguarda a aprovação do Conselho Nacional de Educação, CNE; os Referenciais de Honorários que desatrela o fisioterapeuta da AMB e um repertório de Legislação, dos mais adiantados do mundo e que necessita ser do conhecimento dos fu- turos profissionais enquanto acadêmicos o que exige de seus pro- fessores a capacitação real para exercita-los, de forma plena. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Carta do COFFITO em resposta ao Editorial “Da fisioterapia que temos para a fisioterapia que necessitamos: um novo paradigma ?” de Marco Antonio Guimarães da Silva (Fisioterapia Brasil, vol1, no 2, pg. 53- 54) e ao artigo “Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil”de Gil Lúcio Almeida (Fisioterapia Brasil, vol1, no 2, pg. 55-64) Opinião Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20016 É claro que tudo isso perpassa pela criação indiscriminada, com apoio do MEC, de Cursos de Fisioterapia, sem que tenha- mos, de forma lúcida, Corpo Docente para tanto. Em relação ao artigo expresso como Opinião, Uma Agenda para o fisioterapeuta do terceiro milênio no Brasil, o autor deve- ria, s.m.j., estudar mais a legislação do COFFITO para evitar assertivas descabidas e sem amparo legal. Parte dos argumentos acima apresentados cabem ao artigo em questão, quando o autor se volta o fisioterapia nos Estados Uni- dos como comparação com a fisioterapia no Brasil. Existem mitos e verdades a respeito da Fisioterapia no Brasil, que outra oportunidade abordaremos. A Academia Brasileira de Fisioterapia – ABFT, na proposta apresentada, em todos os seus tópicos, contraria a legislação exis- tente, do MEC e do COFFITO, e mais não tem eco em nenhuma das profissões regulamentadas no país, justamente por falta de amparo legal. Percebe-se uma incoerência e o desconhecimento do autor quando no final do último parágrafo da folha 58 tece comentári- os, dizendo que o COFFITO aprova Cursos de Especialização o que não ocorreu em nenhum momento, até o presente momen- to, cabendo as IES, por força da resolução CES/CME 908/98 e 3/ 99, os critérios para que tais cursos possam ter validade para o mercado de trabalho e para a academia. Tais posicionamentos desfavoráveis, aos Cursos de Especialização, “Lato Sensu”, Es- pecialização, posiciona o autor numa contradição, quando em seu final assevera: “É acertada a atitude do COFFITO de acatar as decisões do MEC no que diz respeito aos critérios para a aprova- ção dos cursos de especialização” (grifamos). A Academia Brasileira de Fisioterapia apontada e descrita às fls., 59 pelas razões já aludidas não merece mais nenhum co- mentário. Quanto ao Credenciamento Profissional III. III.1,2,3,4 e 5, nem o Estado nem o COFFITO delegaria competência a quem que fosse para exercer suas prerrogativas emanadas de lei. Em referência a Titulação Profissional tratada no tópico IV, o COFFITO, o Crefito2 e o Crefito 4 baixaram recomendação para não renunciar a isonomia de tratamento dada aos demais profis- sionais de saúde. No tópico VI Do Exercício Profissional, VI.1 e 2, o tópico X. Da conscientização do aluno, XI. Dos convênios de saúde e XII. Do credenciamento de cursos, apresenta propostas descabidas que não resistiriam, sequer, a um simples mandado de segurança. O conhecimento mínimo legal é necessário para o exercício de qual- quer profissão, principalmente as de nível superior e especial em Saúde. Eram estes os comentários que me permito fazer dos temas em questão. Dr. João Marinônio Aveiro Carneiro Vice-presidente do COFFITO Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 7 Avaliação quanto a eficácia da estimulação elétrica transcutânea na produção de analgesia no pós-cirúrgico cardiovascular A Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) é uma corrente de baixa freqüência, utilizada pela fisioterapia visando produzir analgesia através de modulações no sistema neurofisiológico, chamado “controle das comportas”, descrito por Melzack e Wall desde 1965. O objetivo da pesquisa foi comprovar a eficácia do TENS quanto à produção de analgesia e suas inter- ferências no quadro disfuncional. Foram analisados 11 indivídu- os submetidos à cirurgia cardiovascular, via esternotomia medi- ana, sem contra-indicação para utilização do TENS, que foi utili- zado do 1o ao 5o dia pós-operatório, por um período diário de 4 horas. A amostra foi dividida em três grupos, o grupo 1, controle, não submetido à aplicação do TENS (n = 3), grupo 2, que utili- zou TENS em modalidade contínua (n= 4) e grupo 3, em modali- dade BURST (n = 4), sendo todos avaliados diariamente quanto à dor, através das escalas Análogo Visual e Quantitativa Verbal. Os procedimentos cirúrgicos tiveram duração média de 5 horas e 20 minutos. A análise quantitativa de dor sobre a amostra geral demonstrou como resultado médio dos 3 primeiros dias pós-ope- ratórios que 54% dos indivíduos relataram dor em intensidade fraca, 18% moderada, 9% forte e 9% permaneceram sem dor des- de o primeiro dia pós-operatório. O grupo 2 teve como resultado médio pós-terapêutico ausência de dor em 50% dos indivíduos, persistência de dor, em intensidade fraca, em 25% e os demais 25% permaneceram sem dor desde o início. No grupo 3, reporta- mos ausência de dor em 100% dos indivíduos como resultado médio pós-terapêutico. A regressão do quadro álgico no grupo controle foi em média dois dias mais tardia em relação aos de- mais grupos. Concluímos que os resultados da pesquisa suge- rem a adoção do TENS como terapêutica analgésica aos pacien- tes em pós-operatório de cirurgia cardiovascular. Resumos de congressos e trabalhos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Gerson Cipriano Jr, Graziella França B, Instituto do Coração/Santa Casa da Misericórdia, Presidente Prudente SP, Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente SP, LVo Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, junho de 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20018 A inserção da fisioterapia em um programa multiprofissional de orientação ao paciente coronariopata O programa multiprofissional de orientação ao paciente coronariopata (PamCor) visa a orientação sobre os fatores de ris- co relacionados à doença coronariana e estratégias para mudan- ça de hábitos. O programa se desenvolve integrando as diferen- tes áreas de atuação multiprofissional, sendo a Fisioterapia par- te integrante, objetivando influenciar mudanças nas atividades físicas de corporais. Este trabalho objetiva mostrar o resultado do relato dos pacientes frente às orientações realizadas. No período de outubro 1998 a dezembro 1999 foram orienta- dos 135 pacientes, divididos em 35 grupos, que receberam 3 ses- sões de orientações sobre atividade física, postura corporal e ta- bagismo, com duração de 20 minutos cada sessão. No grupo de 135 pacientes, 51% eram de sexo feminino, e 78% dos pacientes relatavam a prática de algum tipo de atividade fí- sica, sendo a caminhada a modalidade de maior freqüência, pre- sente em 88%. 22% dos demais eram sedentários. Após as ses- sões de orientação fisioterápica, 46% dos pacientes que já prati- cavam atividade física, apresentou aumento na freqüência de realização de exercício e mesmo incorporação de alguma nova modalidade. Dos pacientes sedentários, 12% iniciou atividade física, sendo a modalidade predominante a caminhada. Concluímos que um programa educativo e de esclarecimento da doença cardiovascular e seus fatores de risco, acompanhado de orientações sobre meios de combate-los, traz benefícios aos pacientes que uma vez motivados, passam a praticar regularmen- te atividade física e a cuidar melhor do próprio corpo, melhoran- do seu bem-estar e sua qualidade de vida. Diagnóstico e tratamento não-cirúrgico da radiculopatia cervical Objetivo: Revisar a literatura científica atual sobre o acompa- nhamento dos pacientes apresentando radiculopatia cervical. A radiculopatia cervical é uma lesão da raiz do nervo espinhal cervical, com uma prevalência de 3,3/1000 casos; o pico de inci- dência anual é de 2,1/1000 casos e ocorre na quarta ou quinta década da vida. A lesão da raiz nervosa é responsável de limita- ções e incapacidade funcionais significativas. Métodos e medições: Uma pesquisa nos bancos de dados Medline, Cinahl e Web of Science para os períodos 1966, 1982 e 1996, respectivamente, até dezembro de 1999, foi realizada usan- do palavras-chave selecionadas. A bibliografia de todos os arti- gos selecionados foi procurada e todos os artigos pertinentes ob- tidos. O banco de dados Cochrane Database of Systematic Reviews foi também usado. Literatura sobre o diagnóstico, prog- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Denis TS Dias, Maria Ignês Z Feltrim, Antonio P Mansour, Instituto do Coração (InCor) HC-FMUSP, São Paulo, SP, LVo Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ, junho de 2000 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Robert S. Wainner et al, Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 2000;30(12):. 728–744, dezembro de 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 9 nóstico e tratamento da radiculopatia cervical foi revisada e re- sumida usando um método crítico. Resultados: Embora que a radiculopatia cervical seja na mai- oria dos casos um diagnóstico clínico, a real exatidão do exame clínico fica desconhecida. Testes de imagens e eletrofisiológicos podem detectar problemas clinicamente significativos em inú- meros pacientes e cada técnica apresenta forças e fraquezas; fa- tores técnicos e práticos afetam a escolha do procedimento. O curso natural da radiculopatia cervical é geralmente favorável, mas nenhum prognóstico nem fatores de risco foram claramen- te estabelecidos e a eficácia de vários tratamentos não-cirúrgi- cos é desconhecida. Conclusão: Uma definição clara dos conceitos e pesquisas é necessária para estabelecer definitivamente os critérios diag- nósticos e o tratamento efetivo dos pacientes apresentando uma radiculopatia cervical. Exercícios dos músculos diagonais do tronco no tratamento da dor pélvica do pós-parto: estudo clínico randomizado Objetivo: Exercícios para dores pélvicas e lombares aumen- tam supostamente a força muscular pra diminuir os sintomas, mas poderiam também exacerbar os sintomas por sobrecarregar as estruturas pélvicas e espinhais. O objetivo do estudo foi in- vestigar o valor de exercícios graduados sobre os sistemas de músculos diagonais do tronco. Material e métodos: 44 mulheres com dores pélvicas persis- tentes pós-parto (idade média = 31,7 anos, DP = 3,2, intervalo = 23,6 – 37,5; período médio pós-parto = 4,1 meses, DP = 2,2, inter- valo = 1,7 – 5,6). As mulheres foram randomizadas para 3 gru- pos: (1) grupo efetuando exercícios para aumentar a força dos sistemas de músculos diagonais do tronco; (2) grupo efetuando exercícios dos sistemas musculares longitudinais do tronco; (3) grupo que foi mantido sem exercícios. As medições finais foram dores, cansaço, percepção geral do estado de saúde, mobilidade das articulações pélvicas, medidas por radiografias. Resultados: Após 8 semanas, nenhuma diferença foi observa- da entre os três grupos. Discussão e conclusão: Em pacientes com dores pélvicas per- sistentes, o treinamento dos músculos diagonais do tronco, sem acompanhamento profissional, não tem valor adicional ao uso de uma cinta pélvica sem exercícios. O desenho do estudo não permitiu determinar se o tratamento é ineficaz ou se a exacer- bação dos sintomas causada pela sobrecarga das estruturas pélvicas e espinhais esconde o benefício potencial do aumen- to da força muscular. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Jan MA Mens, Chris J Snijders, and Henk J Stam, Physical Therapy 2000;80(12):1164-1173, December 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200110 Heydar Sadeghi, Paul Allard, and Morris Duhaime Physical Therapy 2000;80(12): 1188-1196, dezembro de 2000 Contribuições dos músculos da extremidade inferior na marcha em indivíduos saudáveis Objetivo: Apesar de que a assimetria da marcha em reabilita- ção seja documentada, pouco é conhecido sobre os papeis de pro- pulsão e controle realizados por cada membro e como essas tare- fas são repartidas entre as extremidades inferiores. O objetivo do estudo era testar a hipótese que o membro dominante contri- bui principalmente a incentivar a progressão, enquanto que o membro dominado fornece controle e propele a extremidade in- ferior com extensão menor. Material e métodos: 19 homens com idade média 26,2 anos (DP = 3,2, intervalo = 21 – 34) e sem histórico ortopédico partici- param do estudo. A potência muscular foi determinada usando um sistema vídeo de alta velocidade com câmera 8, sincronizado com dois laminas de força. O método de análise do componente principal foi aplicado para reduzir e classificar 53 variáveis da marcha par cada membro, e as correlações de Pearson foram usa- das para determinar as interações dentre os conjuntos de dados para cada membro. Resultados: A propulsão da marcha é iniciada pelo quadril do membro dominante e é mantida durante a fase de posição. O controle é a tarefa principal do membro secundário, como de- monstra os picos de absorção de força ao nível do quadril e do joelho. Conclusão: A interação dentro do membro ressalta a rela- ção funcional entre a progressão e as tarefas de controle e real- ça a importância das ações no plano frontal e transversal du- rante a marcha. Efeitos de superfície sobre as forças de reação do solo e cinemática das extremidades inferiores em corredores Introdução: Apesar de que a dureza da pista de corrida tinha sido associada com lesões de cansaço, a evidência para compro- var esta sugestão é circunstancial. No estudo, foi investigada a resposta de atletas à mudança de material de superfície da pis- ta. Métodos: 6 corredores efetuaram ensaios par experimentar três tipos de material: asfalto convencional, asfalto modificado com borracha, e material esportista acrílico. Os materiais foram clas- sificados em função da capacidade de absorção do impacto, usan- do os testes padrão de medição do impacto (BS 7044). Resultados: O asfalto modificado com borracha mostrou a melhor taxa de absorção do impacto mecânico, e o asfalto con- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Med Sci Sports Exerc 2000;32(11):1919-26, novembro de 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 11 vencional a menor. A comparação dos valores da força no pico do impacto entre os materiais não mostrou diferença significativa da magnitude da força. Mas uma diminuição significativa da taxa de carga do pico de impacto foi detectada para o asfalto modifi- cado em comparação com o asfalto convencional (p < 0,1). En- quanto que a análise dos dados dos grupos não revelou diferen- ças significativas nas variáveis cinemáticas quando correr em superfícies diferentes, uma resposta variada à modificação do material foi notada entre os corredores, com diferenças marcadas no ângulo inicial da articulação, no ângulo do pico e nas veloci- dades angulares das articulações. Discussão: Para alguns indivíduos, a manutenção de forças de impacto similares em função da superfície da pista pode ser explicada por ajustes cinemáticos. Por exemplo, quando a absor- ção do impacto é menor, foi observado um aumento da flexão ini- cial do joelho, sugerindo um aumento da compliança da extremi- dade inferior. Mas, para outros indivíduos, os dados cinemáticas no plano sagital não são suficientes para explicar os resultados do pico do impacto. O mecanismo de adaptação é variável segundo o corredor, necessitando análises individualizadas. Efeitos de cargas externas sobre a estabilidade da coluna lombar A estabilidade da coluna lombar é um fator importante para determinar a resposta espinhal à carga súbita. Utilizando dois métodos diferentes, o estudo avaliou como várias cargas em magnitudes e direções afetam a estabilidade da coluna lombar. O primeiro método era um procedimento no qual a dureza e a estabilidade da coluna foram calculadas a partir da resposta cinemática a uma força. O segundo método combinou os dados do EMG troncular com um modelo biomecânico para calcular a estabilidade espinhal. 12 indivíduos foram testados em flexão, extensão e movimentos laterais sob 9 permutações da carga do tronco em vertical ou horizontal. Os valores da carga vertical eram 0, 20 e 40% do peso corporal do sujeito. As cargas horizontais eram 0, 10 e 20% do peso corporal. A estabilidade espinhal efeti- va como obtida da primeira experiência aumentou significativa- mente (p < 0,01) com o aumento da carga horizontal ou vertical. O intervalo foi de 785 (DP = 580) Nm/rad sem carga até 2200 (DP = 1015) Nm/rad quando as cargas máximas horizontais e verti- cais foram aplicadas simultaneamente sobre o tronco. A estabili- dade da coluna lombar efetiva antes do esforço e estimada a par- tir do modelo biomecânico, explicou aproximadamente 50% da variância da estabilidade espinhal efetiva obtida a partir dos en- saios em extensão e flexão lateral (0,53 < R(2) < 0,63). Não foi observada essa correlação nos exercícios de flexão. Em conclu- são, a estabilidade da coluna lombar aumentou com a magnitu- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ J Biomech 2000;33(11):1377-85, novembro de 2000 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200112 Marcelo Duarte, Univ. Estácio de Sá, Univ. Grande Rio, Rio de Janeiro, RJ, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 de da carga do tronco na medida que esta carga aumentou a ati- vação muscular. Indiretamente, nossos dados sugerem que a res- posta muscular reflexa à carga súbita pode aumentar o nível de estabilidade da coluna lombar obtido imediatamente antes o evento de carga súbita. Recuperação acelerada em lesões traumáticas de joelho do atleta ocasional As lesões de joelho em atletas ocasionais (atleta de fim de se- mana), são as mais comuns, seja na área profissional ou não, devi- do a grande carga que essa articulação sofre e sendo ela também a mais vulnerável em esporte de contato. Muitas das vezes o indiví- duo retorna às atividades ocasionais (peladeiro) sem a total recu- peração e com isso sofre uma nova lesão e em muito dos casos abandonando sua rotina de lazer, devido ao tempo que o leva a ficar afastado de suas atividades e o receio de voltar e lesionar-se novamente. A recuperação acelerada nesse tipo de atleta, que, de longe, é a grande maioria nos consultórios médicos, fisioterápicos e academias, vem mostrar que através de um trabalho de propriocepção articular, fortalecimento específico, e um treinamen- to desportivo adequado a essas lesões que acometem o joelho, como lesões ligamentares, lesões meniscais, e lesões de patela, onde atra- vés do conhecimento da biomecânica e do tratamento clínico, esse indivíduo estaria “curado” em 30 dias e pergunta-se: Porquê se a clínica se restabelece rápido, como essa pessoa demora vários meses a retornar suas atividades e quando o faz, não volta com a mesma performance? Devido a não estimulação de receptores articulares, musculares e peri-articulares pela imobilização pro- longada que deve submeter-se, onde muitas vezes perde-se o arco de movimento e conseqüente diminuição de força das muscula- turas essenciais para estabilização da articulação do joelho. Reali- zando esse trabalho, desenvolvido em atletas de alta performance, porém com um direcionamento exclusivo a esse pseudo-atleta, conseguiremos readaptar o mais breve possível sem que com isso leve a lesões reincidentes. Lombalgia na gestação: medidas preventivas Introdução: Uma em cada duas gestantes sofrem de lombalgia. Apesar da alta incidência, os estudos relacionados ao tema são escassos e controversos. Devido à magnitude do problema, e suas importantes conseqüências econômicas e sociais, a abordagem preventiva se faz necessária. Objetivo: Realizar uma análise sistemática da literatura de 1987 a 1997 acerca da lombalgia na gestação, com o intuito de identifi- car as medidas preventivas apontadas nestes estudos. Metodologia: ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Cristine Homsi Jorge Ferreira, Ana Márcia Spanó Nakano, Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo Ribeirão Preto, SP, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 13 Foram incluídos 38 artigos indexados que tratam especificamente de lombalgia mecânica na gestação, publicados em periódicos nacionais e internacionais no período de 1987 à 1997. Depois de identificados e obtidos os artigos, foram elaboradas fichas con- tendo referência bibliográfica e resumo de cada artigo e identificadas as medidas preventivas propostas nos estudos. Resultados: As medidas preventivas identificadas nos artigos se dividem naquelas adotadas antes e durante a gestação e in- cluem o esclarecimento e tratamento da lombalgia em mulheres em idade fértil, orientação postural e ergonômica individual no início da gestação além de programas de exercícios de condicio- namento físico e exercícios específicos para a região lombar. Conclusão: As medidas de prevenção da lombalgia na ges- tação são nada mais do que ações de promoção à saúde da mulher que deveriam ser elaboradas e aplicadas por equipes multidisciplinares de saúde, com a importante participação do fisioterapeuta, tendo em vista a redução dos altos índices des- ta morbidade, causadora de grandes prejuízos econômicos e diminuição da qualidade de vida da mulher. Caracterização fisiopatológica de modelos de trauma raquimedular Introdução: Vários modelos de lesão medular têm sido desen- volvidos na tentativa de obtenção de dados que reproduzam a lesão que ocorre em humanos. O objetivo do presente trabalho foi o de estabelecer novos modelos para o estudo da lesão medu- lar em diferentes níveis de intensidade. Metodologia. O animal utilizado foi o rato Wistar albino adul- to e os grupos experimentais (N = 4-8/grupo) foram: anestesia, divulsionamento, laminectomia, lesão por secção total da medu- la espinhal, precedida ou não da aplicação local de xilocaína, le- são por hemissecção e lesão por compressão moderada. Analisa- mos a função motora, sensitiva e funcional dos animais pelas diferentes lesões, 2 e 24 horas após a produção da mesma, a ati- vidade reflexa da medula espinhal através do teste de retirada da cauda, a integração dos circuitos medula espinhal-cérebro através do teste da placa quente, a simetria do efeito do trauma raquimedular através do teste de pinçamento da pata e o com- portamento motor através da análise da locomoção do animal no plano horizontal e em uma plataforma inclinada 30º em relação ao solo e ainda a resposta global do comportamento de autolimpeza, a exploração do plano vertical e do número de bo- los fecais expelidos na unidade de tempo. Os resultados da aná- lise sensório-motora mostraram que a secção total da medula espinhal representou o nível mais elevado de trauma, seguida pela hemissecção e pela compressão. O teste da placa quente e a análise do comportamento de autolimpeza foram sensíveis para ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Carlos Alberto Giglio, Mestrando em Bioengenharia pela FMRP/ USP, Ribeirão Preto, SP, Elaine Aparecida Del Bel, Departamento de Fisiologia, FORP/USP, Ribeirão Preto-SP, Helton Luís Aparecido Defino, Departamento de Cirurgia e Ortopedia, HC-FMRP/ USP, Ribeirão Preto-SP, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200114 Sheila Miranda Payno, Cristine Homsi Jorge Ferreira, Débora Dupas Gonçalves, Andréia Carla de Oliveira, Faculdade de Fisioterapia – Universidade de Ribeirão Preto/SP; Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo/SP Ribeirão. Preto, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 detectar lesões de intensidade variada, em todos os grupos expe- rimentais estudados, mostrando diferenças significativas em relação aos grupos anestesia e divulsionamento da camada mus- cular. O comportamento de exploração no campo vertical mos- trou evolução do trauma com o tempo, com uma perda maior de índices funcionais. Em conclusão, os resultados deste estudo mostram a vali- dade da procura de diferentes modelos de trauma raquimedular e de testes sensório-motores, com objetivo de avaliar o agrava- mento ou a recuperação do traumatismo raquimedular. O TENS como recurso fisioterapêutico de alívio da dor no trabalho de parto. Introdução: A atuação do fisioterapeuta junto à parturiente amplia o campo de atuação da Fisioterapia Obstétrica. Um re- curso importante que este profissional tem em mãos para o alí- vio da dor do parto é a estimulação elétrica transcutânea (TENS), recurso este já bastante utilizado pela Fisioterapia nas algias crô- nicas, mas ainda pouco difundido e utilizado no campo da obste- trícia. Objetivos: Explicitar os principais aspectos abordados na lite- ratura sobre a utilização do TENS no trabalho de parto, refletin- do seu uso dentro do contexto de atuação fisioterapêutica junto à parturiente. Metodologia: Foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos publicados em periódicos indexados no período de 1970 a 1998, que tratam da utilização do TENS para alívio de dor no trabalho de parto. Foram identificados, categorizados e estuda- dos os principais aspectos abordados sobre o tema. Resultados: Os principais aspectos identificados foram a avali- ação da efetividade do método, equipamentos utilizados, técnicas de aplicação, efeitos indesejáveis e contra-indicações. Os resulta- dos dos estudos demonstram que o TENS é um efetivo método coadjuvante no alívio de dor no trabalho de parto, e indicam a necessidade de aprimoramento dos equipamentos e técnicas para a situação específica do trabalho de parto. Em relação a possíveis efeitos indesejáveis, aponta-se para a interferência com o cardiotocógrafo e indução de irregularidades da função cardíaca fetal. Não foram encontradas contra-indicações específicas. Conclusão: O TENS é um recurso promissor para o alívio de dor no trabalho de parto, que contribui para ampliar o campo de atuação da Fisioterapia na Obstetrícia, porém os estudos sobre a temática são escassos, havendo necessidade de mais pesquisas que venham elucidar diversos aspectos incluindo a associação do TENS a outros recursos fisioterapêuticos com o intuito de uma maior efetividade no alívio da dor. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 15 Programa de adequação às condições de trabalho em uma biblioteca Este trabalho analisou a execução de uma intervenção ergonômica, a instituição de um programa de atividade cinesioterápica laboral e de um programa de treinamento para utilização dos postos de trabalho na Biblioteca da Universidade Metodista de Piracicaba, buscando desenvolver uma metodologia para avaliar a eficácia das medidas e métodos de intervenção adotados. O trabalho contou com o envolvimento dos 17 funcio- nários, 15 mulheres e 2 homens, com idade média de 35,8 anos, e teve como objetivo minimizar os riscos ocupacionais relaciona- dos às atividades realizadas e diminuir a sobrecarga gerada, pre- venindo os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Traba- lho (DORT), sendo que para tanto foi realizada a adequação ergonômica dos postos de trabalho, incluindo o mobiliário, aqui- sição de dispositivos para minimizar a sobrecarga e treinamento dos funcionários para utilização dos novos dispositivos e mobili- ário, bem como a introdução de exercícios específicos para pre- paração e compensação das atividades ocupacionais realizadas. Aplicou-se questionários que avaliaram a sobrecarga gerada pela jornada de trabalho e a dor presente nesta atividade ocupacional, e a escala análogo visual. Os resultados indicam que o mobiliá- rio é o principal componente gerador de sobrecarga acarretando em necessidade de aquisição e treinamento para a utilização de dispositivos específicos tais como: apoiadores para os punhos, protetores para as telas, banquinhos para a alternância da des- carga de peso entre outros; sendo que após a execução destas medidas observou-se a diminuição da influência do mobiliário na sobrecarga da jornada de trabalho. Os questionários se mos- traram ferramentas eficazes para a determinação e acompanha- mento dos pontos críticos de intervenção, a metodologia de mensuração da dor por meio da escala análogo visual não se mos- trou satisfatória para avaliar a dor acumulada na semana, e a atividade cinesioterápica laboral propiciou uma maior integração entre os funcionários. Fisioterapia em ATM Estudo do caso da paciente do sexo feminino, de 21 anos, porta- dora de compressão dos discos articulares direito e esquerdo. No exame clínico a paciente apresentou estalidos bilaterais durante a abertura bucal, foi detectado também dor aguda espontânea e ao toque nos músculos masseter, pterigóideo externo, temporal, esternocleidomastóideo, trapézio e deltóide, dor na região das ATM’s, todas bilateralmente, e desvio da cavidade oral para a direi- ta nos movimentos de abertura bucal. No tratamento foi utilizado ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Luciana Falcão Marinho; Anielle Araújo Nascimento; Ana Cecília Ataíde Machado Silva. Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa, PB, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 Edgar Ramos Vieira, Carlos Alberto Fornasari, Maria Imaculada de Lima Montebelo, Universidade Metodista de Piracicaba, SP, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200116 Andréa Diogo Sala, Karin Von Zuben Durante, Carolina Fu, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 moldagens das arcadas dentárias; confecção de uma placa miorrelaxante de Michigan de descompressão; fisioterapia com mentoneiras de tração para condicionamento dos músculos, liga- mentos, discos articulares e cápsulas articulares; massagens mus- culares com vibrotermo para a eliminação do ácido láctico da mus- culatura facial; tração ortopédica com ligas de borracha; e ligamen- tos que compõe as ATMs durante oito meses. Na evolução do trata- mento a aplicação da placa, juntamente com a fisioterapia, as sintomatologias dolorosas foram desaparecendo gradativamente. Foi feita a redução do uso da placa de Michigan para a aplicação da tração ortopédica. O tratamento ainda se encontra em andamento, faltando a aplicação da placa estabilizadora, o que eliminará a sintomatologia dolorosa do músculo pterigóideo externo. Portanto, a eliminação dos estalidos, zumbidos no ouvido e dores muscula- res em geral reforçam a eficácia da fisioterapia em ATMs. Otimização da função pulmonar através da manobra de recrutamento alveolar com pressão controlada e PEEP. Relato de caso Introdução: O recrutamento alveolar é um método de reexpansão pulmonar utilizado em pacientes sob ventilação mecânica apresen- tando atelectasia. Este relato de caso objetiva demonstrar a eficácia da manobra de recrutamento alveolar através da pressão controla- da e PEEP associada à fisioterapia respiratória. Metodologia: Paciente M.B., 56 anos, sexo masculino, 54 kg, submetido à correção de aneurisma de aorta abdominal, evoluiu no pós-operatório imediato com insuficiência respiratória e ins- tabilidade hemodinâmica. No 4o dia de intubação apresentou imagem radiológica de atelectasia em lobo inferior direito, sen- do a partir daí aplicada a manobra de recrutamento alveolar com pressão controlada e PEEP. Esta manobra consiste de duas fases: na primeira fase mantém-se pressão controlada de 20 cmH2O e eleva-se a PEEP em “degraus”, e na segunda fase limita-se a pres- são controlada em 40 cmH2O, reduzindo a PEEP “descendo os degraus”. Devido à ressecção prévia da 4a e 5a costelas esquerdas (correção de aneurisma de aorta tóraco-abdominal em 1994), ocor- reu herniação do parênquima e caixa torácica nesta região, e por isso nossa conduta foi posicionar o paciente em decúbito lateral esquerdo para restrição mecânica, do que resultou atelectasia do ápice pulmonar esquerdo, sendo esta tratada com a manobra de recrutamento alveolar descrita acima. Resultado: Obtivemos melhora radiológica, gasimétrica e de mecânica pulmonar deste paciente após a utilização do recruta- mento alveolar durante as sessões de fisioterapia respiratória. Conclusão: A manobra de recrutamento alveolar através da pressão controlada e PEEP associada à fisioterapia respirató- ria mostrou-se eficaz na otimização da função pulmonar. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 17 Alerta preventivo dos distúrbios corporais apresentados pelos fisioterapêutas A biomecânica é um fator importante na atividade fisioterapêutica. Porém, em alguma circunstância estes profissio- nais utilizam a dinâmica corporal de forma errônea levando não só o aparecimento de algias, inflamações e outros distúrbios como tam- bém, diminuindo o aproveitamento do paciente perante o tratamen- to realizado. Diante deste quadro, vinte e cinco fisioterapeutas fo- ram analisados através de um questionário contendo perguntas sobre qual o tempo e área de atuação profissional; ambiente de tra- balho; recursos fisioterapêuticos utilizados; e se a prática profissio- nal lhe trouxe algum dano corporal e se para este foi realizado algu- ma terapêutica. Como resultados tivemos que o tempo médio de atuação profissional foi de 8,32 anos. Apenas 8% destes profissio- nais atuam exclusivamente em CTIs, enquanto que 36% realizam atendimentos a nível de enfermaria, e 56% atuam em clínicas parti- culares. A área de atuação onde existe maior número de profissio- nais é a Neurologia (68%) seguida pela Traumatologia (20%) e pela Respiratória (12%). Dos profissionais que atuam na Neurologia, to- dos utilizam Cinesioterapia como principal recurso terapêutico. Destes, 28% apresentam algias na coluna, 20% tendinite, 4% discopatias, o que totaliza 52% de terapêuticas acometidas, visto que os que atuam nas outras áreas relacionadas não apresentam nenhum distúrbios corporais que possa está correlacionado com a prática terapêutica. Destes profissionais afetados apenas 40% reali- zam fisioterapia adequada. A Cinesioterapia apareceu como marco diferencial para o surgimento dos distúrbios. O modo como o terapeuta dinamiza o seu corpo poderá prejudicá-lo, reduzindo o seu desempenho profissional, ou até mesmo interrompê-lo. Reabilitação cárdio-respiratória em pré-operatório de pneumectomia, via caminhada de 6 minutos Introdução: Este trabalho foi realizado com o objetivo de co- locar em programa cirúrgico paciente com contra-indicação ci- rúrgica por apresentar grande obstrução ventilatória, com baixa Capacidade Vital e baixo VEF1. E também sendo contra-indicada, no caso da realização da cirurgia, a extubação precoce (antes de 24 horas) e rápida retirada da prótese ventilatória, por causa de prevista Insuficiência Respiratória Aguda. Metodologia: Foi utilizado um protocolo de caminhada de 6 minutos adaptado. Com uma realização de pelo menos 5 vezes por semana, 2 vezes ao dia. Com um percurso total de 32 metros (ida e retorno). Cujo objetivo era percorrer uma maior distância nos 6 minutos dentro do VO2máx. predito calculado para iniciar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ FG Pereira, SJ Abreu, MG Peixoto, AIM Bromerschenckel, Setor de Fisioterapia do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, RJ, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 Anielle Araújo Nascimento, Ana Cecília Ataíde Machado Silva, Luciana Falcão Marinho, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Congresso Nacional de Fisioterapia, Salvador, Bahia, 1999 Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200118 em 60%, e terminar o período do programa em 85% do VO2 máx. Antes do início do protocolo eram verificados os sinais vitais (PA, FC, FR, SatO2 e AP), durante a caminhada era verificada no 2º, 4º e 6º minutos a FC e SatO2. Após a caminhada era verificado no repouso durante o 1º minuto PA, FC, FR, SatO2 e AP, no 3º minuto PA, FC e SatO2, e no 5º minuto PA, FC, FR e SatO2. O repouso era feito após uma redução no ritmo da caminhada . Resultados: Paciente participou do programa por 7 semanas, apresentando melhora no VEF1, na Capacidade Vital, e houve retirada da ventilação mecânica e extubação antes das 24 horas de pós–operatório, com sucesso. Conclusão: Apesar das limitações que existem dentro de um serviço, principalmente quanto à presença de espaço físico e material disponível, houve um grande empenho por parte da equipe e da própria paciente, o que auxiliou junto com a reabi- litação via a caminhada de 6 minutos a incluir um paciente antes sem expectativa cirúrgica devido a restrição ventilatória grave, num programa cirúrgico que foi efetuado com grande sucesso. E também houve a tentativa de demonstrar que mes- mo um trabalho por um curto período, se houver uma intensi- dade adequada, pode trazer algum benefício cárdio-respirató- rio, sem falar na questão mioarticular que também apresen- tou uma grande evolução. Ainda assim, existe um longo cami- nho a ser percorrido para mostrar que a eficácia não se encon- tra só na duração do esforço, e sim na sua intensidade. E, que muito deve ser feito para aprimorar o protocolo para melhor atendimento das necessidades no serviço. Avaliação da função pulmonar e força muscular respiratória em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio As cirurgias cardíacas envolvem sérias complicações pulmona- res como diminuição da atividade ciliar, diminuição do tônus mus- cular respiratório, aumento na produção de secreções, hipoventilação, atelectasias, alterações de complacência e especial- mente alterações dos volumes e capacidades pulmonares, relacio- nadas às manipulações torácicas, à anestesia geral, a fatores mecâ- nicos entre outros. A proposta deste estudo foi avaliar o Volume Corrente (VC), Volume Minuto (VM), Capacidade Vital (CV), Capa- cidade Inspiratória (CI) e as medidas de Pressão Inspiratória Máxi- ma (PImáx) e Pressão Expiratória Máxima (PEmáx) no pré-opera- tório e 3º dia pós-operatório em 8 sujeitos coronariopatas, do sexo masculino, idade entre 44 e 67 anos (X = 55,75 e DP = 11,08), sub- metidos à revascularização do miocárdio. A mensuração dos volu- mes e das capacidades foi realizada através de um ventilômetro (Ohmeda), contendo um ramo inspiratório pelo qual obteve-se a ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ EM Pazzianotto-Forti, L Ysayama, RC Coletti, Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP / Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, SP, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 19 medida da CI e um ramo expiratório pelo qual obteve-se as medi- das de VC, VM e CV; e as pressões respiratórias foram obtidas atra- vés de um manovacuômetro (Record) com intervalo operacional de 0 a + 150 cm H2O para a PEmáx e de 0 a -150 cm H2O para a PImáx. Os métodos estatísticos empregados foram o estudo de suposições para dados pareados e o teste t com um nível de significância de 5% (p < 0,05), e os resultados obtidos revelaram que a PI e PEmáx não apresentaram diferença significativa quando comparados o pré e o 3º pós-operatório (p = 0,164 e p = 0,087, respectivamente), as medi- das de VM apresentaram-se significativamente maiores (p = 0,025) no 3º pós-operatório do que no pré operatório, a CI apresentou-se significativamente maior no pré-operatório quando comparada ao 3º pós-operatório (p = 0,0054) e as medidas do VC e CV não mostra- ram diferença significativa quando comparados o pré e o 3º pós- operatório (p = 0,774 e p = 0,308). Pela evolução dos dados obtidos foi possível observar que as medidas da Capacidade Inspiratória decresceram significativamente no 3º pós-operatório em relação ao pré-operatório, o Volume Minuto aumentou no pós operatório, enquanto as medidas da PImáx, PEmáx, Volume Corrente e Capa- cidade Vital não apresentaram alterações significativas quando com- parados o pré e o 3º pós-operatório. Fisioterapia em pacientes com fratura de costela As fraturas de costelas têm sido relatadas amplamente como um contra-indicação de manobras fisioterápicas manuais, tais como vibrocompressão e tapotagem tendo em vista um alto ris- co da ocorrência de pneumotórax. Este trabalho tem como objetivo analisar a eficácia da fisiote- rapia respiratória em dois casos isolados de pacientes submeti- dos a toracotomia exploradora para correção de atresia de esôfago que evoluiu com atelectasia a direita em virtude de fratura de costelas e hipersecreção brônquica. Foram estudadas duas crianças recém-nascidas com idade mé- dia de um mês, com peso médio de 2000 g, portadoras de atresia de esôfago. A fisioterapia respiratória foi realizada com as crian- ças em decúbito lateral esquerdo utilizando-se respiração dirigida por bloqueio em hemitórax esquerdo, manobras de vibrocompressão leves a direita e manobras com ambu. Foram realizadas análise de freqüência respiratória e imagem radioló- gica a cada 24 horas. Nas duas crianças foram observadas melhora radiológica com reversão da atelectasia. Com relação à freqüência respiratória, esta foi reduzida de um valor inicial médio de 60 rpm para 35 rpm, com diminuição dos sinais clínicos de insuficiência respi- ratória. Conclui-se através deste que, apesar de uma contra-indicação existente com relação ao uso de manobras fisioterápicas manu- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ MS Nascimento, CPO Souza, JES Lima, Hospital São Paulo- EPM, São Paulo, SP, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200120 ais neste tipo de paciente em específico, o uso das mesmas de forma cuidadosa e acima de tudo coerente podem se mostrar efi- cazes na resolução de atelectasias, sendo necessário estudos mais aprofundados que possam confirmar os resultados obtidos nes- te estudo. Fisioterapia preventiva e pública como um fator de intervenção precoce da bronquiolite: análise do centro de saúde Vila dos Comerciários em Porto Alegre A Fisioterapia respiratória é uma área de atuação qualificada para recuperar os pacientes com doenças respiratórias ou preve- nir o aparecimento das mesmas. A faixa etária infantil é propen- sa a infecções respiratórias, a bronquiolite é uma destas doenças de alta incidência. Este trabalho relacionou vinte crianças atendidas na emergên- cia do Centro de Saúde Vila dos Comerciários, onde foi realizado o diagnóstico clínico de bronquiolite e o encaminhamento para tratamento no serviço ambulatorial de fisioterapia respiratória, tendo como objetivo a comparação dos efeitos da ação profilática e da educação em saúde na progressão do quadro sintomatológico da bronquiolite, no período de maio à outubro de 1999. Os dados foram coletados junto aos boletins de atendimento pediátrico (emergência), fichas de avaliação e evolução do servi- ço ambulatorial de fisioterapia, registro geral de pacientes da central de computação da recepção da emergência, setor de es- tatística Centro de Saúde e um questionário realizado no perío- do de janeiro e fevereiro de 2000 na residência das crianças estu- dadas. Os procedimentos utilizados para intervenção precoce foram a lavagem simples das mãos, uso de anti-séptico, ausculta pulmonar e aspiração de secreção. As técnicas específicas da fi- sioterapia utilizadas foram vibrações, compressão, tapotagem, terapia manual passiva, drenagem postural, máscara de EPAP (Pressão Positiva Expiratória). As medidas profiláticas utilizadas foram fluidificação de secreções através de soro fisiológico e as- piração manual com “pêra”. A educação em saúde e o aconselhamento dos pais foi fundamental para a extensão do tra- tamento no ambiente familiar. Neste trabalho vários fatores identificaram que 50% dos paci- entes que abandonaram o tratamento fisioterápico, 40% apresen- taram recidivas com internações em instituições em saúde e os pacientes que completaram o tratamento fisioterápico até sua alta não apresentaram nenhuma recidiva sendo que os princi- pais motivos do abandono foram os financeiros com 20% e fami- liares com 15%. A fisioterapia preventiva é uma atuação indispensável para in- tervir nas complicações do quadro sintomatológico da bronquiolite, evitando assim a super lotação das instituições de saúde. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ PC Teles. Centro de Saúde Vila dos Comerciários, Serviço Ambulatorial de Fisioterapia Feevale, Novo Hamburgo, RS, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 21 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Maria Stela Gonçalves, Sérgio Ricardo Santos, Fábio Kawakama, José Roberto Jardim, Disciplina de Pneumologia e Centro de Reabilitação Pulmonar da UNIFESP, São Paulo, SP, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ EA Giovanetti, CA Boueri, ALB Nunes, E Koterba, AL Graças, Hospital e Maternidade São Camilo, São Paulo, SPl, Xo Simpósio internacional de Fisioterapia respiratória, IIIo Congresso brasileiro de Fisioterapia respiratória, 27 a 30 de setembro de 2000, Gramado, RS Status tabágico do paciente em clínica privada de doenças respiratórias Introdução: Apesar dos inúmeros estudos epidemiológicos rea- lizados com tabagistas e ex-tabagistas, existem poucos relatos da análise do status tabágico em pacientes em atendimento privado. Objetivo: Avaliar o status tabágico e fatores associados à ces- sação do tabagismo de um grupo de pacientes na sua avaliação inicial em uma clínica privada de atendimento a doenças respi- ratórias em São Paulo. Material e métodos: Inquérito epidemiológico entre pacientes de uma clínica privada de pneumologia na cidade de São Paulo. População total estudada: 1020 pacientes, atendidos em primei- ra consulta entre janeiro de 1995 e junho de 2000, sendo excluí- dos os menores de 15 anos e aqueles com dados de identificação incompletos. Amostra final estudada: 906 pacientes, 467 homens e 439 mulheres. Todos os pacientes respondiam a um inquérito epidemiológico sobre o seu status tabágico. Resultados: 420 pacientes nunca fumaram, 170 estavam fu- mando no período da consulta e 316 eram ex-fumantes. Entre os fumantes o tempo de tabagismo era de 27,4 ± 14,2 anos, com 1,3 ± 0,8 maços por dia; 43,7% deles já haviam tentado parar de fu- mar, com 1,7 ± 1,5 tentativas; a idade de início no vício foi de 18,8 ± 7,1 anos. Entre os ex-fumantes a idade de início foi de 20,1 ± 9,1 anos, tendo fumado 1,4 ± 0,9 maços por dia; o tempo médio de abandono era de 10,0 ± 10,0 anos, a decisão própria foi o prin- cipal motivo para deixar de fumar, em geral, desencadeado pela presença de sintomas respiratórios; a interrupção do vício foi abrupta em 78% dos casos, o número médio de tentativas prévi- as antes do abandono definitivo era igual a 1,2 ± 1,9; cerca de 51% dos ex-fumantes sentiram falta do cigarro logo após a inter- rupção, porém, apenas 22% persistiam sentindo. Conclusões: Os tabagistas ou ex-tabagistas correspondiam a mais da metade das consultas. O principal motivo do aban- dono foi a decisão própria e não o aconselhamento médico, conforme já descrito na literatura. A motivação para tal geral- mente ocorre pela presença de sintomas respiratórios. Sindrome do desconforto respiratório aguda após inalação de “crack” O consumo do “crack” tem se tornado comum em nosso meio, assim como os sintomas e as disfunções pulmonares decorren- tes do seu uso. Relatamos um caso de usuário de “crack” que desenvolveu síndrome do desconforto respiratório aguda (SDRA), revendo os aspectos clínicos e do tratamento. Realizada pesqui- sa bibliográfica e revisão de prontuário. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200122 Jovem branco, masculino, 16 anos, com antecedente de utili- zação de drogas inalatórias, internado em uma instituição para recuperação de drogados, foi encontrado em insuficiência respi- ratória, rebaixamento do nível de consciência e suspeita de broncoaspiração, após medicação com haloperidol e diazepínicos. Apresentava acidose respiratória hipoxêmica (pH 7,20; PCO2 56 mmHg e PO2 43 mmHg) e RX de tórax com infiltrado pulmo- nar bilateral heterogêneo. Hipótese diagnóstica: SDRA (PaO2/FiO2 = 54 e Murray 2,5). Recebeu suporte hemodinâmico, nutricional, antibioticoterapia, pulso de corticóide, fisioterapia respiratória. Ventilado com PEEP determinado pelo ponto de inflexão no ramo ascendente da curva P x V, Vt 6 mL/Kg, f suficiente para manter PaCO2 dentro da normalidade, sem gerar auto-PEEP, tolerando hipercapnia se necessário. Recrutamento alveolar foi realizado após desconexão do aparelho ou quando se observou queda da SpO2, com 45 cmH2O por 30 segundos, 3 vezes, com intervalos de 3 ciclos respiratórios. Evoluiu favoravelmente, sendo extubado em 5 dias. O exame anátomo-patológico da biópsia pulmonar mostrou hemorragia alveolar difusa, hiperplasia linfóide peri- brônquica com eosinófilos, ausência de fibrose e a microscopia óptica com luz polarizada foi positiva para material particulado, compatível com inalação de material químico. O pulmão é um dos principais órgãos acometidos pela combus- tão da droga, e o aumento do seu consumo e a quantidade de impu- rezas relacionam-se às complicações pulmonares agudas. As mani- festações clínicas descritas ocorrem imediatamente ou semanas após o uso. O tratamento descrito é paliativo, porém, apesar da gra- vidade com que se apresenta inicialmente, o suporte ventilatório adequado parece influenciar positivamente na evolução. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 23 Artigo original Ordem de recrutamento muscular em movimentos de reversão do braço em diferentes regiões espaciais Gil Lúcio Almeida*, Nadia Fernanda Marconi*, Sandra MS Ferreira** *Laboratório de Pesquisas Clínicas em Fisioterapia, Universidade de Ribeirão Preto e Departamento de Fisiologia e Biofísica, Universidade Estadual de Campinas, **Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Resumo Neste estudo testamos regras freqüentemente utilizadas para descrever a seqüência em que o Sistema Nervoso ativa a muscu- latura. Em particular, testamos a existência das seqüências proximal-distal e agonista-antagonista durante a execução de movimentos complexos. Para tanto, oito indivíduos realizaram movimentos planares de reversão em nove alvos colocados em três orientações espaciais diferentes. Para cada um destes movi- mentos, foram reconstruídos os deslocamentos angulares do om- bro e do cotovelo e o deslocamento linear do dedo indicador. Si- multaneamente foi registrada a atividade eletromiográfica dos músculos: bíceps braquial, tríceps cabeça lateral, deltóide ante- rior e deltóide posterior. Foi demonstrado que esses músculos não foram ativados em uma seqüência proximal-distal e que esta seqüência variou com a orientação espacial. Para uma das orien- tações espaciais, houve também uma reversão na seqüência agonista-antagonista na qual os músculos do cotovelo foram ativados. Os resultados são discutidos em termos da demanda mecânica das tarefas. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200124 Introdução Para realizar movimento voluntário é ne- cessário que o Sistema Nervoso (SN) envie co- mandos para os neurônios motores alfa, para ativar a maquinaria contrátil e assim gerar as forças musculares necessárias à execução do movimento. As estratégias utilizadas pelo SN para modular e controlar estes comandos, en- viados na forma de potenciais de ação, são objetos de inúmeros debates e estudos [1, 2, 3, 4]. Estas estratégias têm sido baseadas em estudos biomecânicos e de controle motor al- tamente sofisticados e são utilizadas no en- tendimento de disfunções e adaptações que acometem o sistema de controle motor [5, 6]. Por outro lado, existem muitas simplifica- ções na descrição e caracterização dos meca- nismos de controle motor dos movimentos humanos. Um exemplo, desta simplificação é a idéia, muito difundida, de que o SN primeiro Endereço para correspondência: Prof. Dr. Gil Lúcio Almeida, Curso de Fisioterapia da UNAERP, Av. Constábile Romano, 2201, 14096-380 Ribeirão Preto - SP, Tel: (16) 603-6774, Fax: (16) 603-7025 (geral), E-mail: gla@odin.unaerp.br Abstract In this study we tested the rules usually used to describe the sequence in which the Nervous System activated the muscles. In special, we tested if there are the proximal-distal and the agonist-antagonist sequences during the execution of complex movements. Eight individuals performed planar reversal movements towards nine targets placed in three special orientations. The angular displacement of the shoulder and elbow joints, and the linear displacement of fingertip was reconstructed, using one 3D motion analysis system. We also recorded the muscle activities of biceps, triceps, posterior and anterior deltoid during each movement. It was showed that these muscles were not activated in a proximal-distal sequence, and that this sequence changed with the spatial orientation. For one spatial orientation, there was a reversion in the agonist-antagonist sequence in which the elbow muscles were activated. The results are discussed in terms of the mechanic demand of the tasks. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ativa a musculatura proximal e depois a distal. Outra simplificação é o uso da terminologia agonista e antagonista para descrever a ação da musculatura. O uso da terminologia agonista-antagonista, por sua vez, tem mais suporte empírico e científico do que a idéia da ativação preferencial da musculatura proximal. Por exemplo, a execução de movimentos uniarticulares simples, como a flexão do coto- velo, tem sido atribuída à geração de um pa- drão eletromiográfico (EMG) trifásico caracte- rístico [7, 8]. Um primeiro envelope de ativida- de EMG agonista gera uma força muscular lan- çando o membro em direção ao alvo. Algumas dezenas de milisegundos após o início deste envelope agonista, um segundo envelope EMG antagonista inicia a aplicação do freio no mo- vimento. Este envelope antagonista desacelera o membro em direção ao alvo. Finalmente um segundo envelope de atividade EMG agonista irá “travar” o membro ao alvo. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 25 Fig. 1 Para movimentos complexos, como o de reversão, envolvendo uma [9, 10, 11] ou mais articulações [12, 13] o padrão EMG é geralmen- te mais complexo do que o padrão trifásico descrito para os movimentos uniarticulares. Outros estudos têm também demonstrado, que a seqüência em que os músculos são ativados varia com a orientação espacial na qual os movimentos são executados [14]. Aqui primeiramente demonstramos que a ativação da musculatura não segue necessa- riamente, um padrão proximal-distal. Segun- do, a ordem de recrutamento dos músculos está associada com a demanda mecânica da tarefa e não necessariamente com uma ação agonista ou antagonista do músculo. Tercei- ro, discutimos as implicações clínicas da sim- plificação do conhecimento dos mecanismos de controle motor dos movimentos. Métodos Sujeitos Oito indivíduos neurologicamente normais, quatro do sexo masculino e quatro do sexo femi- nino participaram deste estudo, após terem assi- nado um Termo de consentimento aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Todos os voluntários eram destros e com idade entre 15 e 30 anos. Tarefa Cada voluntário realizou movimentos de re- versão do braço, com envolvimento das arti- culações do ombro e cotovelo. As articulações do punho e da mão foram imobilizadas por um bracelete. Os movimentos foram divididos em três tarefas que variaram de acordo com a ori- entação espacial (180º, 90º e 0º). A linha no pla- no sagital, cruzando a linha média do corpo na direção ântero-posterior, definiu a orienta- ção espacial de 90º. As linhas definindo a ori- entação espacial de 0º (direita) e 180º (esquer- da) eram ortogonais à linha da orientação es- pacial de 90º (figura 1). Para a realização da tarefa, os voluntários permaneceram sentados em uma cadeira de altura ajustável junto a uma mesa. Nesta mesa, foram demarcadas as três orientações espaciais mencionadas acima. Um cabo preso ao teto da sala de experimento dava suporte a parte proximal do antebraço, permitindo que o braço movesse livremente dez centímetros acima do topo da mesa. A posição inicial foi definida como a intersecção entre as linhas da orientação es- pacial de 90º e 0º. A ponta do dedo indicador foi mantida sobre a posição inicial, com a arti- culação do cotovelo à 90º de flexão (figura 1). Para cada orientação espacial, os voluntários realizaram movimentos em três alvos diferen- tes. Os alvos foram definidos de forma a in- duzir uma amplitude angular específica (18º, 36º ou 54º) na articulação do cotovelo quando o dedo indicador atingia o alvo. Após ouvir um comando verbal, cada vo- luntário realizava movimentos planares, par- tindo da posição inicial, atingindo o alvo e retornando imediatamente à posição inicial. Foi solicitado aos voluntários que realizassem os movimentos “o mais rápido possível” sem enfocar o tempo de reação. Todas as tarefas envolveram abdução (orientação espacial de 0°) ou adução (orientações espaciais de 90° e 180°) horizontal do ombro e o cotovelo sempre moveu em extensão. Figura 1: Ilustração da tarefa. Os movimentos planares de reversão do braço foram realizados em três orientações espaciais diferentes (180º, 90º e 0º). Para cada uma destas orientações, foram colocados, três alvos de forma a induzir uma amplitude angular específica (18º- linha cheia, 36º-linha tracejada ou 54º- linha pontilhada) na articulação do cotovelo, quando o dedo indicador atingisse o alvo. Na posição inicial a articulação do cotovelo permanecia à 90º de flexão. A escala dos eixos x e y estão em milímetros. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200126 Registro e processamento dos dados EMGs Registramos a atividade EMG dos seguin- tes músculos: bíceps cabeça longa, tríceps ca- beça lateral, deltóide anterior e deltóide pos- terior. Para este registro foram utilizados am- plificadores DELSYS (modelo DE2.2L) de si- nais EMGs com eletrodos de superfície, com um ganho total de 2000 e um filtro de 20- 450Hz. Todos os dados EMGs foram digitalizados a uma freqüência de 1000 qua- dros/segundo usando software Optotrak e unidade de sincronização. Registro e processamento dos dados cinemáticos Foram fixadas LEDs (luzes com emissão de diodo) no centro articular do ombro, cotovelo, punho e na ponta do dedo indicador. As coor- denadas X e Y destas LEDs foram registradas utilizando um sistema óptico de análise de movimento (Optotrak 3020) a uma freqüência de 100 quadros/segundo. Essas coordenadas foram utilizadas para reconstruir o desloca- mento e a velocidade angular dos movimen- tos do ombro e cotovelo. A velocidade e o des- locamento linear do dedo indicador foram obtidos das coordenadas X e Y da marca do dedo indicador. Cálculo da ordem de recrutamento muscular O início da atividade EMG de cada múscu- lo foi identificada visualmente. Para esta iden- tificação foi plotado num monitor de compu- tador a atividade EMG de cada músculo jun- tamente com a velocidade linear do dedo in- dicador. O início da atividade EMG foi identi- ficado como uma mudança abrupta e susten- tada no envelope desta atividade. A velocida- de do dedo indicador foi utilizada para guiar a ocorrência da mudança abrupta na atividade EMG. Esta mudança deveria ocorrer entre 100 milisegundos, antes do início do movimento do dedo indicador, até o tempo em que o dedo indicador atingisse o alvo. A identificação do início das atividades EMGs foram utilizadas para calcular as dife- renças entre o início da atividade EMG dos músculos deltóide anterior, deltóide posterior e bíceps em relação ao início da atividade do tríceps. Esta diferença definiu a ordem de re- crutamento dos músculos. Resultados Todos os sujeitos foram capazes de realizar as tarefas nas três orientações espaciais e nas três distâncias angulares conforme a instrução da tarefa. Note na Figura 2 que o deslocamento li- near do dedo indicador ocorreu, conforme espe- rado, na direção espacial da tarefa (180°, 90° e 0°). A velocidade linear do dedo indicador apre- sentou um formato de sino duplo, nas três ori- entações espaciais e nos três alvos (Figura 2). Fig. 2 Figura 2: Trajetória linear do dedo indicador nos planos X e Y e velocidade linear do dedo indicador. Os movimentos são de um indivíduo realizando a tarefa nas três distâncias angulares (18º- linha cheia, 36º- linha tracejada ou 54º- linha pontilhada) e nas três orientações espaciais (180º- dois painéis da esquerda, 90º- dois painéis do centro e 0º- dois painéis da direita). A trajetória linear é dada em milímetros (mm) e velocidade linear em milímetros por milisegundos (mm/ms). O tempo é mostrado em segundos no eixo X. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 27 O primeiro “sino” representa o movimento de ida em direção ao alvo. Ao passo que o segun- do sino representa o movimento de volta em direção à posição inicial. O pico do primeiro “sino” ocorreu aproximadamente no meio do movimento de ida, quando o sujeito acelerou o membro em direção ao alvo. O pico do se- gundo “sino” ocorreu aproximadamente no meio do movimento de volta, quando o sujei- to ainda estava acelerando o membro em di- reção à posição inicial. O menor valor da velo- cidade linear, durante o intervalo entre os dois picos, representa o instante que ocorreu a re- versão do dedo indicador no alvo. Note na Fi- gura 2 que a velocidade linear do dedo indica- dor aumentou para as distâncias maiores, nas três orientações espaciais. Para todas as orientações espaciais, o coto- velo sempre moveu inicialmente em extensão (Figura 3a). No entanto, na orientação espacial de 180° e 90°, o ombro moveu inicialmente em adução horizontal e na orientação espacial de 0° em abdução horizontal (Figura 3b). A ampli- tude angular do ombro e do cotovelo variou com a orientação espacial e com a distância do alvo. O aumento da distância do alvo resultou no aumento do deslocamento e da velocidade angular dos movimentos das duas articulações. 180o 90o 0o Fig. 3a Figura 3: Deslocamento angular, velocidade angular e registros EMGs dos músculos tríceps e bíceps para o movimento do cotovelo (a) e deltóide anterior e deltóide posterior para o movimento do ombro (b). Os movimentos são de um indivíduo realizando a tarefa nas três distâncias angulares (18º- linha cheia, 36º- linha tracejada ou 54º- linha pontilhada) e nas três orientações espaciais (180º, 90º e 0º). Deslocamento angular dada em graus (º), velocidade angular em graus por segundo (º/s), registros EMGs em Volts (V) e tempo em segundos (s). Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200128 O registro EMG mostra um padrão recípro- co de ativação da musculatura anterior e pos- terior do membro superior. De um modo ge- ral, o padrão recíproco foi caracterizado por três envelopes de atividade EMG para a mus- culatura do ombro e do cotovelo. O primeiro envelope gerou uma força muscular que ace- lerou o membro em direção ao alvo. Esse en- velope foi produzido pela atividade do mús- culo agonista. Após o início deste envelope agonista, a musculatura dita antagonista foi ativada, gerando um envelope antagonista. Esse envelope antagonista gerou uma força muscular que foi responsável em frear o mem- bro no alvo, revertendo a sua direção e o lan- çando de volta à posição inicial. Um segundo envelope de atividade EMG agonista gerou uma força muscular que desacelerou o mem- bro em direção à posição inicial. Este padrão recíproco, agonista-antagonis- ta-agonista, pode ser utilizado para explicar a atividade EMG observada para a musculatu- ra do ombro nas três orientações espaciais, mas não para a do cotovelo. Note que na ori- entação espacial de 180°, o cotovelo moveu inicialmente em extensão (figura 3a). No en- tanto, o bíceps, que seria o músculo antago- nista, foi ativado antes do tríceps, o agonista deste movimento. Por outro lado, nas orienta- ções espaciais de 90° e 0°, o cotovelo também moveu inicialmente em extensão, no entanto, o bíceps foi ativado depois do tríceps. 180o 90o 0oFig. 3b Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 29 A ordem de recrutamento da musculatura do membro superior A ordem de ativação destes músculos variou com a orientação espacial. Na orienta- ção espacial de 180° e 90°, o movimento do ombro foi inicialmente em adução horizontal. Nestas duas orientações espaciais o deltóide anterior foi o músculo agonista e o deltóide posterior o antagonista. Já na orientação es- pacial de 0°, o movimento da articulação do ombro foi inicialmente em abdução horizon- tal. Nesta orientação, o deltóide posterior foi o músculo agonista e o deltóide anterior o músculo antagonista. Note na Figura 4 que o deltóide anterior foi ativado antes do tríceps e do deltóide posterior para as orientações de 180° e 90°. No entanto, este músculo foi ativa- do depois do tríceps e do deltóide posterior na orientação espacial de 0°. Em todas as tarefas, o movimento da arti- culação do cotovelo foi sempre em extensão e teoricamente o agonista seria o tríceps e o antagonista o bíceps. Esta afirmativa é verda- deira para as orientações espaciais de 90° e 0°, mas não para a de 180°. Note na Figura 4 que o bíceps é ativado depois do tríceps para as ori- entações de 90° e 0°, mas é ativado por volta de 60 milisegundos antes do tríceps na orien- tação espacial de 180°. O resultado da ANOVA mostra o efeito da ordem de recrutamento dos músculos (bíceps, tríceps, deltóide anterior e posterior) para cada uma das três orientações espaciais (180°, 90° e 0°) estudadas. Este resul- tado comprova as observações citadas acima. Não foi testado o efeito da orientação espacial porque a ordem de recrutamento foi quantitativamente diferente (ver Figura 4). Tabela I: Resultado da ANOVA para o efeito da ordem de recrutamento dos músculos. Orientação espacial F (3,23) p 180º 13.31 0.0001 90º 4.93 0.0037 0º 31.98 0.0001 Discussão A ativação dos músculos não segue necessariamente a seqüência proximal-distal Os dados apresentados aqui não dão supor- te a idéia de que a ordem de recrutamento da musculatura nos indivíduos normais segue um padrão proximal-distal [15, 16, 17, 18]. Se o Sistema Nervoso ficasse limitado à esta es- tratégia (proximal-distal) para recrutar a mus- culatura deveríamos observar uma antecipa- ção da ativação da musculatura do ombro (deltóide anterior e posterior) em relação à musculatura do cotovelo. No entanto, em vá- rios movimentos estudados a musculatura do ombro foi ativada depois do tríceps (Figura 3 e 4). Logo podemos concluir que o Sistema Nervoso não limita a sua estratégia de ativa- ção da musculatura a uma seqüência proximal-distal. Esta flexibilidade na seqüên- cia de ativação da musculatura possibilita ao SN inúmeras formas de modular a geração das forças musculares. Fig. 4 Figura 4: Ordem de recrutamento dos músculos deltóide posterior (barra hachurada), deltóide anterior (barra preta) e bíceps (barra branca) alinhados em relação ao início da atividade EMG do tríceps – “T”. O início da atividade do tríceps - “T” é considerado aqui como tempo zero. Os dados são as médias de oito indivíduos para as três orientações espaciais (180º, 90º e 0º). O tempo é dado em milisegundos (ms). Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200130 A terminologia agonista-antagonista não é apropriada para descrever alguns padrões de atividade EMG. Clinicamente identificamos a direção do movimento e o mensuramos com um goniômetro manual. Da direção do movimen- to, deduzimos então, a ação do músculo, se agonista ou antagonista. Por exemplo, um mo- vimento de extensão do cotovelo seria sempre iniciado pelo tríceps (agonista neste caso) e fre- ado pelo bíceps (antagonista neste caso). Nes- te estudo também aprendemos que devemos ser cautelosos ao usar a terminologia agonista e antagonista para caracterizar a ação de um músculo. Por exemplo, na orientação espacial de 180º existe uma atividade inicial no bíceps que antecede a ativação do tríceps e mesmo da musculatura do ombro (Figura 4). Esta anteci- pação da ativação do bíceps, mesmo com o co- tovelo movendo em extensão, auxilia a ativi- dade do deltóide anterior na geração de uma força muscular em adução horizontal na arti- culação do ombro. Isto ocorre porque o bíceps cabeça longa é um músculo bi-articular e cru- za as articulações do ombro e do cotovelo. Logo, a mudança na ordem de recrutamento obser- vada na orientação espacial de 180° está relaci- onada à demanda mecânica da tarefa. O achado de que a ordem de recrutamento da musculatura é afetada pela orientação es- pacial em que o movimento é executado (Fi- gura 4) confirma resultados de outros estudos [14, 19, 20]. No entanto, de acordo com Hasan & Karst [14], esta mudança na ordem de re- crutamento estaria relacionado à orientação espacial do antebraço no espaço. Como men- cionado anteriormente, acreditamos que o SN faz esta inversão quando é necessário atender a demanda mecânica da tarefa. A atividade EMG antecede o início do mo- vimento [21]. Note na Figura 3a que o início da atividade EMG do tríceps cabeça lateral é antecipado em relação ao início do movimen- to de extensão do cotovelo nas orientações espaciais de 0° e 90°. O tempo desta antecipa- ção é necessário para que o músculo coloque a sua maquinaria contrátil para funcionar, ge- rando uma força muscular que resista a inér- cia do membro. No entanto, na orientação de 180° a atividade do tríceps coincide com o iní- cio do movimento de extensão do cotovelo. Logo, não houve tempo hábil para que o tríceps cabeça lateral gerasse uma força mus- cular que pudesse iniciar o movimento de ex- tensão do cotovelo. Neste caso, não se pode descartar a possibilidade de que outros mús- culos não registrados (ancôneo e as cabeças longa e medial do tríceps) tenham sido ativados concomitantemente ou mesmo antes que o bíceps na orientação espacial de 180°. A terminologia do padrão trifásico pode en- cobrir a complexidade do controle da ativida- de EMG As atividades EMGs dos movimentos uniarticulares [7, 8, 9] e de reversão apresen- tados aqui e em outros estudos [10, 11, 12, 13], podem ser descritas por um padrão trifásico. Porém, existem similaridades e diferenças nas funções dos envelopes agonista-antagonista- agonista entre estes movimentos. O primeiro envelope agonista, de ambos os movimentos (uniarticulares e de reversão) tem a função de gerar uma força muscular que acelera o mem- bro em direção ao alvo. No entanto, o primei- ro envelope antagonista nos movimentos de reversão tem três funções distintas. Primei- ro, este envelope desacelera o membro em direção ao alvo. Segundo, ele reverte a dire- ção do movimento. Terceiro, ele acelera o membro em direção à posição inicial. Em movimentos uniarticulares, a função deste envelope é de apenas desacelerar o movimen- to no alvo. O segundo envelope agonista, tam- bém difere entre os dois tipos de movimen- tos. Nos movimentos uniarticulares o segun- do envelope agonista tem a função de “travar” o membro na posição inicial. Já nos movimen- tos de reversão, o segundo envelope agonista tem a função de desacelerar o membro na po- sição inicial [7, 8]. Dessa forma, podemos con- cluir que para movimentos de reversão, as funções dos envelopes de atividade EMG são mais complexas do que para movimentos sim- ples de apontar. Implicações práticas Como explicar a diferença de resultados que obtivemos, com os dados na literatura e nos inú- meros textos de Cinesiologia? Boa parte do que é ensinado nas disciplinas de Cinesiologia é ba- seado em estudos envolvendo o registro EMG, Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 31 sem uma reprodução concomitante da cinemática (ângulo, velocidade e aceleração) e/ ou da cinética (torques musculares e de interação) dos movimentos. Existe uma rela- ção causal fisiológica entre a geração da força muscular (formação das pontes de actina- miosina) e o sinal EMG [22]. Desta forma, acre- ditamos que para o entendimento dos meca- nismos de controle motor dos movimentos é necessário o registro da atividade EMG dos músculos, porém, é imperioso também a re- construção cinemática e cinética do movimen- to gerado por estas atividades. Os dados apre- sentados aqui demonstram claramente que teremos que estudar de forma bastante criteriosa os mecanismos de geração dos mo- vimentos, se quisermos construir uma Cinesiologia mais sólida. Agradecimentos Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Pau- lo -FAPESP (processos 95/9608-1; 97/02769-5 e 97/02771-0). Referências 1. Asatryan DG, Feldman AG. Functional tuning of the nervous system with control of movement or maintenance of a steady posture - I. Mechanographic analysis of the work of the joint or execution of a postural task.Biofizika. 1965;10:837-846 [English translation 925-935]. 2. Gottlieb GL, Corcos DM, Agarwal GC. 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Verifi- caram-se os efeitos do Watsu em dezoito pacientes sob experimentação com características de estresse, submetendo-os aos procedimentos descritos pelos autores para a referida técnica hidroterápica. As diver- sas posições recomendadas pela técnica associadas aos benefícios da água aquecida mostrou promover momentos de profundo relaxamen- to. Mais de 50% dos participantes já havia realizado tratamento fisiote- rápico clássico com resultados insatisfatórios. Com o Watsu®, além dos pacientes relatarem melhoras das algias musculares, acrescentaram que houve um aumento no rendimento do trabalho, maior disposição para atividades da vida diária, mais flexibilidade e ponderação para resolver situações conflitantes, enfim uma melhora na homeostase. Pode-se concluir que é vantajosa a associação da hidroterapia com água hipertérmica e o uso de exercícios e alongamentos pela técnica de Watsu para controle do estresse. Análise dos efeitos fisiológicos em pacientes com estresse submetidos à técnica Watsu Physiological analysis in stressed patients submitted to Watsu water therapy Rosângela Maria Borges*, Nivaldo Antonio Parizotto** *Fisioterapeuta, especialista em fisioterapia traumatológica e ortopédica pela FUNEC/Santa Fé do Sul – UFSCar, formação em Watsu. Fisioterapeuta da clínica HUNIFISIO – Fernandópolis (SP), **Fisiotera- peuta, especialista em metodologia da educação superior (PUCCAMP), mestre em fisiologia pela faculda- de de medicina de Ribeirão Preto –USP, Doutor em engenharia elétrica pela UNICAMP, docente do depar- tamento de fisioterapia da UFSCar e do programa de pós-graduação em fisioterapia da UFSCar Endereço para correspondência: Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto, Laboratório de Eletrotermofototerapia, Departamento de Fisioterapia – UFSCar, Rodovia Washington Luiz, km 235 CP 676, 13565-905 – São Carlos SP, Tel: (16) 260-8341 ramal 8704, E-mail: parizoto@power.ufscar.br Artigo original ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200134 Introdução Todos os dias somos advertidos pela mídia sobre os perigos potenciais do estresse, alte- ração da pressão arterial, falta ou excesso de apetite, irritabilidade, fadiga, dores generali- zadas, alergias, problemas cardíacos e no ex- tremo o câncer. A competitividade, jornada dupla de trabalho, grandes mudanças, situa- ções desagradáveis são fatores que contribu- em para produzir ou aumentar o estresse psicofísico dos indivíduos [1]. Para amenizá-lo deve-se excluir o agente cau- sal, mas como na maioria dos casos isto não é possível, busca-se técnicas alternativas como massagens, caminhadas, medicamentos, terapi- as individuais ou em grupo que possam excluir ou amenizar os sintomas ou efeitos do estresse. Dentre estas técnicas, o Watsu [2] pareceu ser in- teressante para proporcionar este alívio e para a análise das modificações fisiológicas proporcio- nados em pacientes sob situação de estresse. Ori- ginou-se na Califórnia onde Harold Dull utilizou- se da milenar arte oriental de massagem - o Shiatsu - aplicado na piscina, com pacientes em flutuação. “Deixe-se flutuar e ser embalado numa água aquecida. Deixe todo apoio e o calor da água dissipar as tensões do seu corpo. Deixe-se condu- zir para níveis mais e mais profundos de relaxa- mento, na medida em que seu corpo se alonga livremente. Flutue para o estado de consciência no qual traumas e tensões não tenha acesso. Flu- tue para o nível onde está que seja de tamanho prazer, paz e totalidade, no qual nada poderá dominar você. Isto é Watsu”. [2]. Estresse Estresse é o conjunto de reações do orga- nismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa, e outras capazes de perturbar a homeostase (equilíbrio). O estresse pode ser fisiológico, quando ocorre uma adaptação nor- mal (chamado de estresse positivo), ou pato- lógico em indivíduos mal adaptados (estresse negativo). No do tipo fisiológico, predominam as reações desencadeadas de luta ou fuga en- carregadas de preparar o homem para enfren- tar ou fugir. Estas reações são controladas pelo hipotálamo. Em condição patológica registra- se uma disfunção causando simples distúrbi- os transitórios até doenças graves [1]. O tônus muscular pode ser modificado pelo estresse. Estados psíquicos anormais modifi- cam consideravelmente o grau de estimulação nervosa destinado à musculatura esquelética, aumentando ou diminuindo o tônus muscu- lar [3]. Situações estressantes que envolvam o psiquismo, conflitos psicológicos, ansieda- de e angústia causarão variações do tônus muscular ou postural de ordem passageira ou permanente. O coração também pode ser vítima do estresse. Uma ativação repetida e crônica do sistema nervoso autônomo, numa pessoa que já tenha problemas de lesão da camada inter- na das artérias coronárias pode provocar alte- rações como diminuição do fluxo sanguíneo, ruptura da parede dos vasos enfraquecidos e até arritmias [4]. Principais sintomas A pessoa estressada encontra-se cronica- mente tensa, cansada e irritada. Há um com- prometimento da criatividade e da flexibili- dade. É comum apresentar quadro de astenia, tensão muscular elevada, com presença de câimbras e formação de bandas tensas na musculatura, lombalgias e braquialgias. A expressão facial dos indivíduos mostra a tes- ta franzida, há a presença de cefaléias cons- tantes e as unhas são roídas. O estressado ali- menta-se mal, apressadamente, apresenta transtornos digestivos, pode dormir demais ou ter insônia. Quanto ao aspecto sexual, aconte- ce a falta de libido ou a hipersexualidade, quando o indivíduo tenta descarregar sua ten- são no ato sexual. É como uma reação em ca- deia, em que os problemas vão gerando mais problemas, e um aspecto da vida passa a in- terferir nos outros [5]. É importante lembrar que o estresse não é uma doença, é um estado de desequilíbrio corpo - mente que se instala em uma pessoa quando seu organismo é sub- metido a uma série de tensões [6]. Relaxamento O relaxamento é o que se sobrepõe ao estresse, que reforça a homeostase, que dimi- nui a angústia e a emotividade, que proporci- ona a harmonização dos elementos do orga- nismo [6]. A reação relaxamento pode ser desen- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 35 cadeada voluntariamente pelas técnicas de relaxamento (Jacobson, Mitchell, Shultz, Sandor, entre outros), provocando um hipometabolismo, caracterizado pela diminui- ção da pressão arterial (quando elevada) e dos batimentos cardíacos, assim como redução da freqüência respiratória. Utilização da água aquecida para obtenção de relaxamento Prolongada tensão muscular pode causar disfunção articular. A articulação afetada en- tra num ciclo de dor, espasmo muscular, estocagem de metabólicos e movimentos en- fraquecidos. A partir desses conceitos, elegeu-se a água aquecida como alternativa de tratamento. A água aquecida promove um relaxamento mus- cular, aumenta a circulação, reduz espasmos e reduz efetivamente o nível de dor, interrom- pendo o ciclo da dor [7]. Técnicas para relaxamento na água A aplicação de calor superficial ou profun- do antes da sessão na piscina aumenta a extensibilidade dos tecidos encurtados. Após o término, auxilia a manutenção do relaxa- mento muscular. Diversas técnicas de massagens podem ser aplicadas. Pode-se trabalhar em pontos enrijecidos, ou corpo todo com o paciente au- xiliado por flutuadores. A flutuação diminui o peso nas articulações consequentemente amenizando as dores articulares, facilitando o relaxamento. Efeitos terapêuticos da água aquecida O relaxamento muscular promove uma re- dução da tensão muscular, ajudando a preve- nir restrições na mobilidade articular. Inter- rompido o ciclo da dor, promove-se o relaxa- mento dos músculos espásticos, o que reduz o tensionamento muscular através dos efei- tos relaxantes da água aquecida [8]. O aumen- to da temperatura corporal subsequente à imersão, reduz o tônus muscular anormal e espástico, favorecendo ainda o fluxo sanguí- neo periférico. Facilita-se a movimentação das articulações doloridas, devido à diminuição da compressão possibilitada pela propriedade de flutuação promovida pela água [7]. Os fluxos do Watsu O Watsu se desenvolve através de fluxos de energia. O alongamento passivo, mobilização articular e o deslocamento de Zen Shiatsu as- sociados à respiração conduzem a um efeito de relaxamento corporal e mental do pacien- te [2]. Fluxo Transicional: consiste nas transições, meios de se movimentar de uma posição para outra promovendo um senso de continuidade auxiliando no relaxamento. Fluxo Único: é indicado para pessoas que não são flexíveis o suficiente para as posições mais complexas do Watsu. Fluxo Expandido: é um fluxo mais avança- do, tem sua base nos alongamentos adicionais e trabalho de pontos do Shiatsu (nos meridianos) [9]. Paralelo a estes três fluxos, técnicas inclu- em o fluxo livre, que é composto por quietude em movimento. Posições do Watsu Há dois tipos de posições no Watsu: simples e complexas. Os movimentos simples incluem os movi- mentos básicos e a flutuação livre. Outras po- sições simples são nomeadas pela parte do corpo que é suportada pelo ombro do terapeuta ou posição superior do braço, inclu- indo: acima da cabeça, abaixo do braço, abai- xo do quadril e abaixo da perna. As posições complexas são chamadas de berço (do inglês, cradle) [2]. No berço, o terapeuta captura ou embala o paciente entre seu corpo e um de seus braços, assim liber- tando a outra mão para trabalhar o resto do corpo do paciente. As sessões são sequenciadas de maneira que cada berço seja mais difícil que o anterior. Antes de iniciar O paciente deverá ser avaliado para excluir qualquer condição onde pressão e estiramento estejam contra indicados. A aceitação do meio líquido e o conforto do paciente na posição supina flutuando com o pescoço em extensão devem ser questionados antes de iniciar a ses- são. Abertura Abertura é a posição inicial da sessão de Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200136 Watsu. Caso a piscina apresente uma parede onde o paciente possa se apoiar, a sessão inicia- se na parede. Se a piscina não apresentar uma parede adequada, o paciente poderá sentar-se nos degraus ou nas margens. A sessão ainda pode começar em pé no meio da piscina ou flu- tuando a partir da borda. Importante lembrar que o Watsu deverá ser iniciado em um local para o qual o paciente possa retornar ao final. Começando na parede Orienta-se o paciente para encontrar a po- sição mais confortável apoiando suas costas contra a parede, pernas com base alargada e concentração na retificação de sua coluna. Deve-se sentir o suporte proporcionado pela parede. Após endireitar-se, o paciente deverá se afastar da parede com os olhos abertos, ca- minhando para o meio da piscina. A sessão de Watsu estará concluída quando retornar à posição inicial e sentir o suporte da parede em suas costas novamente. Entregando-se à água O terapeuta mantém-se em frente ao paci- ente, longe o suficiente para que seus braços, flutuando na sua frente, não toque os do paci- ente. As pernas do paciente devem permane- cer estendidas e no mesmo lugar, deixa-se o corpo afundar e levantar naturalmente com a respiração. Quando parecer que o paciente ren- deu-se o máximo possível para a água, deverá ser orientado verbalmente para fechar os olhos e permitir que a água, na expiração, o empurre para cima. O terapeuta, então, caminhará em direção ao lado direito da face do paciente, co- locando seu braço esquerdo sobre o direito do paciente permitindo-lhe flutuar. O antebraço direito do terapeuta é colocado sob o cóccix do paciente para elevar o corpo em direção à su- perfície enquanto inspira. Esta é a primeira posição e o primeiro contato físico. Pode-se iniciar o Watsu a partir da direita ou esquerda, dependendo do seu lado dominante. Nessa descrição as posições são realizadas primei- ro à direita e então, alternadas com a esquerda. Movimentos básicos Dança respiratória na água Mantém-se os antebraços em posição de pronação relaxada, com o braço esquerdo sob a cabeça do paciente e o antebraço direito sob o cóccix, e não sob a coluna lombar, cuja pres- são causaria aumento da extensão da coluna. Em posição estática, promove-se um leve afun- damento do paciente na expiração erguendo- o na inspiração com o mesmo ritmo respirató- rio do paciente. Quando trabalhar com alguém tão leve que o corpo não afunde, pode-se colocar o antebra- ço sobre o abdômen para permitir que o paci- ente afunde a cada expiração. Caso as pernas estejam rígidas coloca-se o braço sob os joe- lhos, encorajando-o a fletir e relaxar, e o su- porte do braço pode retornar para a posição sob o cóccix. Caso o paciente seja muito pesa- do, antes que o terapeuta entre em fadiga, o próximo movimento básico, a sanfona (do in- glês: accordion), poderá ser iniciado. A Sanfona Este movimento básico permite manuseio mais fácil dependendo se o peso do paciente é suficientemente baixo. Após completar a dança respiratória (ou quando o braço direito estiver cansado), o terapeuta lentamente abre os braços do paciente, enquanto ambos parti- cipam da inspiração. Com o antebraço esquer- do no occipital, o paciente é puxado para lon- ge do antebraço direito, o qual é colocado sob os joelhos. Durante a expiração, o tronco do paciente afunda um pouco. Repete-se o pro- cesso com a abertura dos braços na inspira- ção e fechamento na expiração. Os joelhos e o tórax se aproximam gradualmente sem esfor- ço. Entretanto se a resistência nos joelhos e quadril restringir a flexão, o joelho pode ser ressaltado gentilmente e o tronco manuseado para um alinhamento mais vertical a cada expiração, encorajando o paciente a ter os quadris fletidos por favorecer a mudança do peso. Enquanto os joelhos são trazidos mais próximos do tórax, com a expiração, deve-se aumentar o tempo em que os braços estão jun- tos, permanecendo mais longe do ápice da res- piração. Similarmente, os braços abrem-se mais a cada inspiração. Sanfona em rotação Uma vez que os joelhos do paciente tenham se aproximado o máximo possível do tórax, a Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 37 abertura e fechamento da Sanfona se faz con- tínuo com a respiração. Após cada abertura dos braços o terapeuta permanece mais alto e apoiado na frente, estende o braço direito por sob lado esquerdo do paciente, enquanto am- bos expiram, permitindo ao quadril girar atra- vés do seu corpo. Após cada aproximação abre- se os braços na inspiração, balançando as cos- tas, promovendo uma balanço para o quadril do paciente. Rotação da perna próxima Enquanto inicia-se o balanço das costas para abrir os braços, permite-se que a perna mais distante do paciente escorregue dos bra- ços. Sem quebrar o ritmo, inclina-se para ro- dar a perna próxima através do ombro esquer- do, concomitante com a expiração. Os movi- mentos de balanço tornam-se progressiva- mente mais amplos, afundando as costas para dentro da água na inspiração. Enquanto roda- se a perna direita, apoiada pelo cotovelo direi- to, aplica-se um alongamento na perna mais distante (esquerda) através da resistência da água, enquanto movimenta-se o paciente em torno do sentido horário. Se o joelho do paci- ente não aproximar o suficiente do tórax para realizar o próximo “berço”, continue com o flu- xo único ao invés do completo. Portanto, o objetivo deste trabalho foi in- vestigar os efeitos que se poderia obter sob ação da técnica de Watsu em pacientes sob condição de estresse e com sintomas de dores nas costas por tensão postural. Material e métodos Sujeitos experimentais Realizaram-se sessões de Watsu em 18 pa- cientes com idade entre 20 e 60 anos, ambos os sexos, profissões diversas e escolaridade variando entre primeiro grau e curso superi- or, sofrendo sintomatologia de estresse psicofísico com repercussões na tensão da musculatura postural. Descrição do local Conduziu-se o experimento numa clínica na cidade de Fernandópolis (SP), em piscina coberta e aquecida. A dimensão da piscina utilizada foi de oito metros de comprimento, quatro metros de largura, um metro e quaren- ta centímetros de profundidade, bordas regu- lares, escada de alumínio com três degraus e duas barras de alumínio de cada lado. Situa- da em ambiente totalmente fechado, com pa- redes pintadas de azul claro. A cobertura é de telhas de zinco com refrigeração feita por dois exaustores. Utilizou-se sistema elétrico para aquecimento da piscina, sempre objetivando- se temperaturas entre 34°C à 36°C. Para melhores resultados, providenciou-se pouca luminosidade durante as sessões expe- rimentais, acompanhadas de músicas suaves tocadas com volume baixo. Procedimentos Utilizaram-se flutuadores do tipo tornozeleira para os paciente que apresenta- ram dificuldade em permanecer naturalmen- te na superfície da água. Registrou-se ao início e ao final de cada ses- são, parâmetros como pressão arterial, fre- qüência cardíaca e freqüência respiratória. Atentou-se para o monitoramento individu- alizado e evolução das sessões de Watsu atra- vés da utilização de questionário aplicado ao início e final do tratamento. O trabalho constituiu-se de cinco sessões aplicadas por terapeuta treinado e com forma- ção na técnica, individualmente. Cada sessão teve a duração média de cinqüenta minutos, sendo os primeiros quinze minutos destina- dos aos movimentos básicos, quinze minutos seguintes para trabalho do lado direito, quin- ze minutos para o lado esquerdo e os cinco minutos restantes para a finalização e retor- no à parede. Evoluiu-se de maneira a ajustar cada ses- são às particularidades de cada paciente. Para os de menor flexibilidade explorou-se as posi- ções do fluxo único e fluxo livre. Para os mais flexíveis, adicionou-se posições do fluxo ex- pandido. Resultados e discussão Verificou-se no acompanhamento das pres- sões arteriais, demonstrada pela Figura 1, que poucas alterações ocorreram. Pelos dados an- teriores de controle das pressões arteriais dos pacientes, observa-se que o tratamento favo- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200138 receu a aproximação aos valores de norma- lidade da pressão de cada paciente experi- mental, em alguns casos incentivando a elevação para 120 mmHg a pressão sistólica e 80 mmHg a pressão diastólica. Analisan- do os dados individualmente, observou-se que nenhum dos participantes apresenta- va quadro de hipertensão, havendo um caso com características de hipotensão, não ob- servada alteração no decorrer do tratamen- to. Segundo Skinner [10], a água aquecida a valores médios, pouco interfere na pres- são arterial, podendo ocorrer variações em casos de hipertensão. Todavia, no acompanhamento das fre- qüências respiratórias, demonstrada na fi- gura 2, observa-se a tendência de diminui- ção após as sessões de hidroterapia. Tal fato pode ser justificado pelo trabalho respira- tório realizado ao início das sessões, levan- do a uma vasodilatação produzida pela imersão em água aquecida. A verificação do ritmo respiratório era realizada dentro da piscina, imediatamente após as sessões. A freqüência cardíaca também apresen- tou alterações, reduzindo-se após o trata- mento como se observa na Figura 3. A mé- dia inicial foi de 84 batimentos por minuto (bpm) e a final de 78 bpm, o que eqüivale a menos 6 bpm, representando uma redução significativa. Os pacientes que apresenta- ram freqüências cardíacas acima de 90 bpm eram fumantes e gestantes, tendo havido alteração somente no caso dos fumantes. O relaxamento muscular, associado à vasodilatação e respirações profundas fa- vorecem a diminuição da freqüência car- díaca [11]. Comparou-se o perfil dos pacientes e ob- servou-se que 94% são do sexo feminino. Segundo Witkin [12], as mulheres experi- mentam alguns estresses que pertencem só a elas. Os homens não menstruam, não ficam grávidos, não passam pela menopau- sa, não precisam justificar seu estado civil ao empregador, nem seu comportamento sexual à família. As mulheres têm de lidar continuamente com as mensagens conflitantes com as da sociedade; espera-se que sejam atraentes, mas não sexuais; que tenham filhos, mas Fig. 1- Pressões Arteriais Médias (mmHg) tomadas no Início e ao Término do Tratamento Fig. 2 - Frequências Respiratórias Médias (RPM) tomadas no Início e ao Término do Tratamento com a técnica de Watsu Fig. 3 - Frequências Cardíacas Médias (BPM) tomadas no Início e ao Término do Tratamento com a técnica de Watsu Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 39 que permaneçam infantis; que sejam afirma- tivas, mas não agressivas; que tenham um em- prego, mas não negligenciem a família. Estes estresses especiais, fisiológicos e psicológicos, inteiramente femininos, resultam em sinto- mas de tensões mais freqüentemente que nos homens; sintomas que vão da falta de mens- truação a incapacitantes crises de pânico; de dores de cabeça passageiras a anorexias, que constituem um risco de vida. Os homens freqüentemente não buscam recursos para aliviar sintomas do estresse; acreditam ser auto-suficientes e acabam so- frendo cada vez mais com as situações de con- flito, dificultando a abordagem terapêutica por parte dos profissionais da saúde. Dos pacientes, 72% não praticavam espor- tes e apresentavam uma carga horária de tra- balho de no mínimo 8 horas. Leite [4] diz, se- gundo a teoria bioenergética, que o homem necessita de trocas bioenergéticas dentro do ambiente em que vive, às vezes, sob intenso estresse e angústia. O exercício físico regular e correto, principalmente os aeróbios, permi- tem estas trocas bioenergéticas, ou seja, tra- ta-se de uma forma de extravasar a energia acumulada e aliviar tensões. Além disso, há provas que a beta-endorfina e serotonina me- lhoram o humor e podem ser secretadas pelo cérebro em maior concentração sob ação da atividade física regular [3]. Durante o trabalho, 50 % dos indivíduos permanecem sentados a maior parte do tem- po e 55 % queixam-se de dores na região cervical acarretando limitações na rotação do pescoço, abdução e rotação externa do ombro. Segundo Gil-Coury [13], quando sentado o esforço de compressão sobre o disco é maior, diminuindo sua espessura, também sofre ação do tônus dos músculos paravertebrais, neces- sário para manutenção da estática e da exten- são do tronco. A posição sentada significa per- manecer com o segmento cervical em semiflexão exigindo grande esforço dos mús- culos paravertebrais. O excesso de tensão no tônus muscular por tempo prolongado promo- ve diminuição nutricional dos tecidos, espas- mo muscular, rigidez articular, dor, limitação articular, criando um ciclo de dor. Queixaram-se de dor 94% dos pacientes com intensidade variando de 4 à 10, cuja mé- dia foi de 6,9; 62 % deles já haviam procurado recursos fisioterápicos, obtendo resultados insatisfatórios. No questionário final, a dor foi objeto de avaliação pela escala analógica vi- sual, e na figura 4 nota-se uma diminuição sig- nificativa na intensidade da dor dos pacien- tes após o período de tratamento, variando de 0 à 5, cuja média foi de 2,2. Comparando a in- tensidade inicial de dor que alcançou a média de 6,9 com a final de 2,2, nota-se um resultado considerável na diminuição do quadro álgico. O trabalho com Watsu não foi associado à fisi- oterapia clássica e muitos cessaram a utiliza- ção de fármacos (analgésicos e calmantes) durante o período de tratamento hidroterápico. Acredita-se que o relaxamento promovido pela técnica de Watsu associados outros fatores como o calor da água [11], a mobilização em alongamentos [3], o alívio das pressões discais sob a água [10] podem ter con- tribuído para a diminuição de 4,7 a intensida- de de dor presente nos pacientes. Após as sessões, os pacientes diziam sen- tir-se bem, com o corpo leve e uma sensação de extrema tranqüilidade. Vários participan- tes comentaram que a harmonia sentida du- rante as sessões estendia-se para o dia seguin- te, refletindo-se em maior ponderação nas decisões relativas as situações conflitantes. Obteve-se bons resultados na qualidade do sono, dos quais 72% sentiram que melhorou e 23% continuou inalterado. Ao término de cada sessão, os pacientes relatavam que estavam com sono e que a vontade era de permanecer na piscina até dormir. Fig. 5 - Ilustração do momento de início do estabelecimento do relaxamento com a técnica de Watsu em pacientes com estresse Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200140 A diminuição da dor associada às orienta- ções da vida diária e ao equilíbrio emocional contribuíram para um maior rendimento no trabalho, como relatado por 95 % dos partici- pantes. Observou-se que os pacientes que apresen- tavam limitação articular relataram dores nas mesmas durante as primeiras sessões, ame- nizada na quarta e quinta sessão. Ao término das sessões experimentais, 45% dos partici- pantes decidiram continuar o tratamento. No questionário aplicado, observou-se, além da diminuição da dor, informações como o aumento do rendimento no trabalho e melhoria do sono. O Watsu promove maior fle- xibilidade, serenidade, menos cansaço, alívio das tensões, disposição para realizar ativida- des da vida diária, melhoria do humor, con- trole da irritabilidade, e alguns relataram ver- balmente que o Watsu beneficia o corpo, a mente e a alma. Conclusões Pode ser concluído com os resultados des- te trabalho que a atividade física programada utilizando as técnicas de Watsu pode ser um bom método para controle do estresse. Outro dado importante foi a observação de que o uso da hidroterapia em água aquecida parece ser um bom auxiliar como agente de controle do estresse, assim como no controle das algias vertebrais e melhora no estado de humor e desenvoltura para o trabalho de in- divíduos que padecem deste mal que acome- te o homem dos tempos modernos. Referências 1. Raymond C. Stress- The Real Millenium bug. Stress News 2000;12(4). 2. Dull H. At the heart of watsu. http:// www.waba.edu/watsu1998. 3. Kisner C, Colby LA. 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Trabalhando sentado: Um manual para posturas confortáveis. Edi- tora da UFSCar, 1995, 88 p. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 41 Resumo Foram selecionados 40 parkinsonianos nos estágios I a III de Hohen-Yahr, na fase on e outro grupo controle com indivíduos não parkinsonianos com as mesmas características. Mediram-se tanto a amplitude torácica total, como a inspiratória e expiratória, através da perimetria. Os resultados foram submetidos à análise estatística, evidenciando-se diferença estatisticamente signifi- cativa, com p = 0,00001. Concluiu-se que a amplitude torácica constitui um fator determinante nas alterações funcionais respi- ratórias do parkinsoniano, devendo ser valorizada no tratamen- to fisioterápico para melhora das condições físicas e qualidade de vida. Abstract It was selected 40 Parkinson's patients with Hohen and Yahr stages I-III, in the phase on and other group controls with individuals without Parkinson's disease and with similar characteristics. It was assessed the total, inspiratory and expiratory thoracic amplitude through the thoracic perimeter. The results were submitted the statistical analysis, being evidenced difference significant, with p = 0,00001. It was ended that the thoracic amplitude constitutes a decisive factor in the breathing functional alterations of the Parkinson's patients so should be valued in the physical therapy for improvement of the physical conditions and life quality. Análise funcional da complacência torácica na doença de Parkinson Sônia Regina Cardoso*, João Santos Pereira** *Mestre em Motricidade Humana pelo PROCIMH - Universidade Castelo Branco, Fisioterapeuta **Doutor em Medicina pela UNIFESP, Neurologista Endereço para correspondência: Sonia Regina Cardoso, Mestrado/Universidade Castelo Branco, Avenida Santa Cruz, 1631 Realengo, 21710-250 - Rio de Janeiro - RJ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Artigo original Palavras-chave: musculatura respiratória, amplitude torácica, doença de Parkinson Key-words: respiratory muscle, thoracic amplitude, Parkinson's disease Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200142 Introdução A doença de Parkinson (DP) é uma patolo- gia de característica progressiva que acomete o Sistema Nervoso Central, envolvendo os gânglios basais e ocasionando distúrbios mo- tores com comprometimento do tônus mus- cular, da postura e da marcha, reduzindo a ca- pacidade física e a qualidade de vida do indi- víduo. Tendo como principal característica o aparecimento da rigidez, da bradicinesia e do tremor, observamos também o aparecimento de distúrbios autonômicos e depressão psíqui- ca. Ultimamente tem-se dado mais importân- cia para outros distúrbios com igual importân- cia na sintomatologia, como alterações na fonação, na deglutição e na visão, assim como os distúrbios respiratórios. O que se tem ob- servado é que quanto maior for a complexida- de da atividade a ser desenvolvida, mais difí- cil será a resposta motora, evidenciando-se desta forma a lentidão e hesitação [3, 8, 10]. A mobilidade torácica nos parkinsonianos encontra-se comprometida devido à rigidez da musculatura intercostal, observando-se a pos- tura encurvada e fixa, surgindo em decorrên- cia disto contração seletiva dos músculos flexores, adutores, pronadores, flexores plan- tares, cervicais e torácicos, ocasionando a di- minuição ou ausência dos reflexos posturais, tais como as reações de endireitamento, de equilíbrio e de extensão protetora, alteração do equilíbrio e alterações no processamento das informações vestibulares e proprioceptivas. A flexão persiste até mesmo em decúbito dorsal, caracterizando-se o chamado "sinal do traves- seiro", ou seja, a permanência da suspensão da cabeça e posterior queda lenta quando a mes- ma é privada repentinamente de suporte [10]. Na coluna vertebral cervical e torácica, obser- va-se artrose e outras alterações como a cifoescoliose, as quais reduzem a mobilidade até mesmo para o movimento passivo da colu- na vertebral e se relacionam com a presença de restrição pulmonar [11]. Como a DP acomete indivíduos com idade média acima de 50 anos, observa-se que a al- teração morfológica, especialmente da confi- guração torácica, impede que se mantenha a mecânica respiratória fisiológica. A hipercifose torácica e a calcificação das carti- lagens intercostais limitam a expansão do tó- rax, resultando na diminuição da complacên- cia da parede torácica e da capacidade respi- ratória máxima. Percebe-se que os idosos não conseguem realizar inspirações profundas, observando-se ainda, o aumento da freqüên- cia respiratória e a presença de tosse, dispnéia e ruídos pulmonares anormais, como as cre- pitações nas bases pulmonares [7, 8]. A intercorrência de infecções respiratórias não é rara nos parkinsonianos, sendo favorecida pela progressiva inatividade so- mando-se a outras complicações como a osteoporose, alterações vasculares, contraturas e deformidades em partes moles, úlceras de decúbito e distúrbios urinários [10]. Deste modo resolvemos realizar um estu- do comparativo com intuito de analisar as di- ferenças da amplitude torácica em parkinsonianos e sua influência nos distúrbi- os respiratórios. Metodologia Procedeu-se a seleção dos indivíduos parkinsonianos, em acompanhamento no Am- bulatório de Distúrbios do Movimento do Ser- viço de Neurologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), nos estágios I a III da Escala de Hohen-Yahr e sob o efeito da medi- cação, isto é, na fase "on". Dos 100 pacientes atendidos, foram seleci- onados 40, com idade de 50 a 80 anos que pre- enchiam os critérios exigidos. Destes 21 eram do sexo masculino e 19 do feminino. O grupo controle era constituído por 40 indivíduos não- parkinsonianos, que apresentavam caracterís- ticas semelhantes aos parkinsonianos quanto à idade, sexo e atividades funcionais desem- penhadas. A presença de doenças pulmonares, cardiovasculares graves, psiquiátricas ou de- ficiências físicas que pudessem influenciar na avaliação, assim como reações adversas às drogas prescritas, foram consideradas critéri- os de exclusão. A avaliação foi realizada regularmente, no período da manhã, ocasião em que era expli- cado, verbal e individualmente aos paciente e acompanhantes o objetivo da pesquisa. Após tomarem ciência, os participantes assinaram Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 43 a Carta de Consentimento e prestaram, a se- guir, as informações para o preenchimento da Ficha de Anamnese ¾ identificação do indiví- duo, quanto ao nome e idade, e investigação, especialmente, da capacidade para atividades funcionais, patologias apresentadas, trata- mentos realizados e sintomatologia relaciona- dos direta ou indiretamente com a função res- piratória. Considerou-se, ainda, para os parkinsonianos o início da doença e a medi- cação atualmente utilizada. Para a medida da Amplitude Torácica em- pregou-se uma trena metálica Mabo, modelo Simplix, medindo até 100 cm de circunferên- cia e cuja precisão de medida é de 0,1 cm para registrar, em centímetros (cm), o perímetro torácico, no nível do apêndice xifóide, ao fim de uma expiração normal, em uma inspiração máxima e em uma expiração máxima, estan- do o indivíduo em pé. Resultados Utilizou-se a estatística descritiva, no sen- tido de caracterizar o universo amostral pesquisado e a estatística de inferência, com o Teste ANOVA One way (Análise de Variância), combinado com o Teste de Tukey, objetivando- se, a comparação inter-Grupos (Parkinsonianos e Não-Parkinsonianos) das médias encontradas na variável analisada. No sentido de verificar as possíveis relações fun- cionais de proporcionalidade utilizou-se o Tes- te de correlação de Pearson. Foi considerado como o nível de significância p < 0,05. A amostra era constituída de 80 indivídu- os, sendo 40 parkinsonianos (P) e 40 não- parkinsonianos (NP). De cada grupo (Gr) par- ticiparam 21 do sexo masculino (Masc) e 19 do feminino (Fem). A idade, de 65,5 ± 9,3 anos, também foi equivalente entre os grupos, clas- sificada em três faixas etárias (fx Etária): de 50 a 59 anos (A), de 60 a 69 anos (B) e de 70 a 80 anos (C). Estes resultados se caracterizam na Tabela 1 por valores absolutos e relativos e na Figura 1 evidencia a representação gráfica da amostra. TABELA 1. Características da amostra: grupo, sexo e faixa etária Fem Grupo NP P Geral Faixa Etária Absoluto Relativo Absoluto Relativo Absoluto Relativo A 5 13,2% 5 13,2% 10 26,3% B 5 13,2% 5 13,2% 10 26,3% C 9 23,7% 9 23,7% 18 47,4% 19 50,0% 19 50,0% 38 100,0% Masc.Masc.Masc.Masc.Masc. Grupo NP P Geral Faixa Etária Absoluto Relativo Absoluto Relativo Absoluto Relativo A 6 14,3% 6 14,3% 12 28,6% B 8 19,0% 8 19,0% 16 38,1% C 7 16,7% 7 16,7% 14 33,3% 21 50,0% 21 50,0% 42 100,0 A avaliação das distribuições quanto aos parâmetros discricionários Grupo, Sexo e Fai- xa etária, evidenciou diferenças significativas (p = 0,00001), entre as médias das respectivas faixas consideradas, A, B e C, distribuídas nesta ordem ascendente. Para os demais parâmetros e cruzamentos, não foram obser- vadas diferenças significativas (p < 0,05) (Ta- bela 2). TABELA 2. Análise quanto ao grupo, sexo e faixa etária Idade F p Tukey Geral 137,819 0,00001 Existe Diferença Grupo 0,000 1,0000 Iguais Sexo 0,065 0,8023 Iguais Fx Etária 273,580 0,00001 A < B < C 2 - Interações 0,453 0,8099 Iguais Gr Vs Sexo 0,000 1,0000 Iguais Gr Vs Fx Eta 0,000 1,0000 Iguais Sex Vs Fx Eta 1,132 0,3282 Iguais FIG. 1. Características da amostra: grupo, sexo e faixa etária Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200144 A amplitude torácica inspiratória, determi- nada pela perimetria inspiratória (PerimIF), mediu 0,9 ± 0,5 cm nos P e 2,2 ± 0,6 cm nos NP, caracterizando diferença entre as médias dos grupos P e NP; a do grupo P era significa- tivamente menor (p = 0,00001) que a do gru- po NP. Os demais parâmetros e seus cruzamen- tos, não evidenciaram diferenças significati- vas entre as médias (Tabela 3 e Figura 2). TABELA 3. Análise da PerimIF PerimIF F p Tukey Geral 40,263 0,0000 Existe Diferença Grupo 150,238 0,0000 P < NP Sexo 3,897 0,0523 Iguais Fx Etária 2,900 0,0616 Iguais 2 - Interações 1,510 0,1979 Iguais Gr Vs Sexo 1,704 0,1960 Iguais Gr Vs Fx Eta 0,107 0,8986 Iguais Sex Vs Fx Eta 2,828 0,0659 Iguais A amplitude torácica expiratória, determi- nada pela perimetria expiratória (PerimEF), mediu 1,0 ± 0,4 cm nos P e 2,1 ± 0,5 cm nos NP, demonstrando diferença entre as médias dos grupos P e NP; a do grupo P se apresen- tou significativamente menor (p = 0,00001) que a do grupo NP. Foram observadas, ainda, diferenças significativas quanto ao grupo P do sexo F e M, respectivamente menores (p = 0,0418) que as do grupo NP, de ambos os se- xos; a média equivalente encontrada nos gru- pos do sexo F de faixa etária A, B, e C, e do sexo M de faixa etária C, foi menor do que no sexo M nas faixas A e B. Nos demais parâmetros e seus cruzamentos, não se apre- sentaram diferenças significativas entre as médias (Tabela 4 e Figura 3). TABELA 4. Análise da PerimEF PerimEF F p Tukey Geral 31,374 0,00001 Existe Diferença Grupo 120,077 0,00001 P < NP Sexo 0,154 0,7000 Iguais Fx Etária 2,439 0,0947 Iguais 2 - Interações 3,064 0,0147 Iguais Gr Vs Sexo 4,299 0,0418 PF=PM<NPF=NPM Gr Vs Fx Eta 0,369 0,6926 Iguais Sex Vs Fx Eta 5,201 0,0078 FA=FB=FC=MC<MA=MB A amplitude torácica total (Ampl TOT), re- sultante do somatório da PerimIF com a PerimEF, apresentou-se compatível com as mé- dias das suas componentes; mediu 1,8 ± 0,8 cm nos P e 4,3 ± 1,0 cm nos NP, o que deixou claro a diferença entre as médias dos grupos P e NP; a do grupo P foi significativamente menor (p = 0,00001) que a do grupo NP. Tam- bém constataram-se diferenças significativas quanto aos indivíduos do sexo F de faixa etária A, B, C, e do sexo M de faixa etária C, cujas média foram menores (p = 0,0138) que as ob- servadas nos indivíduos do sexo M, das faixas etárias A e B. Quanto aos demais parâmetros e seus cruzamentos, não foram caracterizadas diferenças significativas entre as médias (Ta- bela 5 e Figura 4). TABELA 5. Análise da Ampl TOT Ampl TOT F p Tukey Geral 41,933 0,00001 Existe Diferença Grupo 159,492 0,00001 P< NP Sexo 1,753 0,1898 Iguais Fx Etária 2,757 0,0704 Iguais 2 - Interações 2,486 0,0394 Iguais Gr Vs Sexo 3,291 0,0739 Iguais Gr Vs Fx Eta 0,050 0,9510 Iguais Sex Vs Fx Eta 4,557 0,0138 FA=FB=FC=MC<MA=MB FIG. 2. Médias e DP da PerimIF FIG. 3. Médias e DP da PerimEF Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 45 Discussão Considerando o processo normal de enve- lhecimento pulmonar, deve-se ressaltar a di- minuição da elasticidade pulmonar, a redução do estímulo neural para a musculatura respi- ratória, o enfraquecimento dos músculos in- tercostais e abdominais, o estreitamento das pequenas vias aéreas e a dilatação alveolar, especialmente nas porções periféricas do pul- mão, diminuindo os controles automático e mecânico da ventilação, acarretando a presen- ça de um ritmo respiratório irregular ¾ como o de Cheyne-Stokes e a apnéia do sono, assim como alterações da expansibilidade, a capaci- dade e fluxos pulmonares, além de aumento do volume residual e a da capacidade residu- al funcional. Em decorrência das alterações do parênquima pulmonar, da rede alveolar e do aumento do espaço morto pulmonar, estas pas- sariam a ser mal perfundidas, acarretando em distúrbios na troca gasosa alveolocapilar, oca- sionando queda da tensão arterial de oxigê- nio (PaO2) e desequilíbrio na ventilação- perfusão, identificando-se hipoxemia, por di- minuição de O2 e hipercapnia, por aumento do CO2, na corrente sangüínea. Outras defici- ências sistêmicas como a diminuição do débi- to cardíaco, a redução dos capilares e a fibrose nas arteríolas e vênulas pulmonares, resultan- do em uma ventilação menos uniforme e hipoventilação alveolar, também podem estar presentes. Fatores ambientais, como a polui- ção e o tabagismo contribuem para prejudi- car o mecanismo mucociliar de defesa da ár- vore brônquica, ocorrendo obstruções brônquicas, agravadas pelo amortecimento do reflexo tussígeno e enfraquecimento muscu- lar. O fluxo expiratório deixa de ser eficiente, pela anquilose das articulações costo-verte- brais e pelo aumento do diâmetro antero-pos- terior do tórax, que tornam mais difícil a re- dução da caixa torácica [2, 5, 13]. Em nosso estudo a medida da amplitude torácica total evidenciou-se nos parkinsonianos, significativamente menor que a dos não-parkinsonianos. Tal resultado caracteriza acentuada diminuição da mobili- dade torácica nos parkinsonianos, durante a respiração. Ao mesmo tempo, observou-se que a amplitude torácica respiratória encontra-se diminuída em todas as idades do sexo femini- no e acima dos 60 anos no masculino. Propor- cionalmente, a medida da amplitude torácica inspiratória (PerimIF), mostrou-se nos parkinsonianos, significativamente menor do que nos não-parkinsonianos, demonstrando acentuada diminuição da mobilidade torácica dos parkinsonianos, durante a inspiração má- xima, repercutindo no aumento do trabalho muscular inspiratório e na diminuição da expansibilidade pulmonar. A medida da amplitude torácica expiratória (PerimEF) revelou-se, nos parkinsonianos, no- tavelmente menor do que nos não- parkinsonianos, caracterizando acentuada di- minuição da mobilidade torácica nos parkinsonianos durante a expiração máxima, repercutindo no trabalho muscular expiratório e na limitação da retração torácica. Ao mes- mo tempo a PerimEF encontra-se especial- mente diminuída em todas as idades do sexo feminino e acima de 60 anos no masculino. Na literatura consultada, não encontramos este tipo específico de medida, não havendo, portanto, como relacionar com os resultados obtidos. Indiretamente, referindo-se à ampli- tude torácica, reconheceu-se que o tórax se encontra rígido e torna-se especialmente re- sistente aos movimentos rápidos, o que acar- reta uma limitação progressiva da ventilação [9]. Observa-se uma limitação na amplitude do torax. Tal limitação pode ser associada as alterações posturais, por comprometimento das estruturas ósteo-articulares que compõem a caixa torácica, evidenciando-se a flexão postural fixa e rigidez da musculatura inter- costal [8, 10]. Segundo Sabaté et al. [12], a pre- FIG. 4. Médias e DP da Ampl TOT Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200146 sença de artrose e outros distúrbios como a cifoescoliose, reduziram a mobilidade da co- luna vertebral e do tórax em 58 parkinsonianos, em acompanhamento ambulatorial. Sabaté et al. [11] mediram a am- plitude, concluindo por correlacionar as alte- rações da coluna cervical e torácica com as disfunções pulmonares. Quantificaram a artrose da coluna cervical em 79% da amos- tra, agravada por degeneração discal em 44,4% e a artrose torácica em 47,3%, com degenera- ção discal em 21,8%, destacando a bradicinesia como um dos fatores intereferênciais. Embora haja limitações respiratórias, causadas pelas alterações posturais típicas do parkinsoniano, estas não estão diretamente ligadas à mortali- dade por falência respiratória [6]. A bradicinesia e a rigidez na DP, além de determinarem dificuldade na execução e na repetição dos atos motores em geral, afetam os músculos respiratórios, levando-os a fadi- ga e consequentemente limitando a ventilação [15]. Desta mesma forma a disfunção respira- tória na DP, contribui para os distúrbios da fonação, surgindo a "voz monótona" com redu- ção na intensidade, também por comprometi- mento da musculatura oral e facial, dificultan- do a comunicação do parkinsoniano [8, 10]. Outra observação que pode ser correlacionada aos distúrbios respiratórios é a inatividade e o sedentarismo dessa popula- ção, acarretando em hipotrofia ou atrofia mus- cular, inclusive dos músculos respiratórios, traduzindo-se por diminuição da função fisi- ológica da mecânica tóraco-pulmonar. Embo- ra possa estar sob controle volitivo, normal- mente o ato respiratório se processa automa- ticamente, sem participação consciente do indivíduo, através de impulsos nervosos ge- rados nos centros respiratórios. Durante a res- piração, os mecanorreceptores proporcionam informações sensoriais, inclusive aos fusos musculares, conforme o comprimento e a ten- são dos músculos respiratórios, sendo deter- minados a inibição da atividade muscular res- piratória, tanto inspiratória quanto expiratória, para a "apnéia"; a ativação dos músculos inspiratórios e a inibição dos expiratórios para a "inspiração" e a inibição dos inspiratórios e ativação dos expiratórios para a "expiração forçada". As pressões inspiratória e expiratória, denominadas PImax e PEmax representam a força dos músculos envolvidos no processo respiratório, já que no seu meca- nismo de contração a freqüência de impulsos no motoneurônio alfa aumenta, sendo mais neurônios recrutados, resultando no aumen- to da sua força. Este mecanismo pode estar comprometido na DP [1, 10, 14]. Ocorre desor- ganização no controle da contração e relaxa- mento dos músculos com atividade muscular intercostal e inspiratória simultânea [4]. Desta forma concluímos que a amplitude torácica constituiu-se no fator determinante, por excelência, da alteração funcional respi- ratória dos parkinsonianos, diminuída tanto na inspiração quanto na expiração. A limita- ção nos movimentos de elevação das estrutu- ras do tórax, demonstra menor amplitude torácica na inspiração interferindo na venti- lação fisiológica e acarretando a redução da expansibilidade pulmonar. Assim, redução da depressão do tórax, característica da limitação da amplitude torácica na expiração, impede a saída normal do fluxo expiratório. Tal dimi- nuição da amplitude ocorre, apesar da eviden- cia de que os músculos inspiratórios e expiratórios se apresentaram potentes. Deve- se considerar a resistência imposta à mobilização do tórax tanto pela postura em flexão, como pela presença de rigidez torácica, típicas da DP, ao se iniciar um programa de fisioterapia respiratória para esses pacientes, contribuindo para melhorar sua qualidade de vida. Referências 1. Bethlem N. Pneumologia. 4aed. São Paul : Atheneu. 1996. 2. Brandstetter Rd, Kazemi H. Envelheci- mento do Sistema Respiratório. Clínicas médicas da América do Norte 1983;2: 441- 453. 3. Bridgwater Kj, Sharpe Mh. Trunk Muscle Performance in Early Parkinson's Disease. Phys Ther1998;78(6):566-576. 4. Brown LK. Respiratory dysfunction in Parkinson's disease Clin Chest Med 1994;15(4):715-727. 5. Delisa JA. 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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 49 Dança e equilíbrio de tronco em pessoas com lesão medular: Um estudo preliminar Wheelchair dance and trunk balance in spinal cord injured people: A pilot study Marta Simões Peres*, Carlos Alberto Gonçalves**, Claudia Barata*** *Mestre em Ciências da Saúde, **Prof. Adjunto, Departamento de Ciências Fisiológicas, CFS/IB/ UnB, ***Neurologista, Clínica SOS Neurológica, Hospital Santa Luzia, Brasília DF Endereço para correspondência: Marta Simões Peres, SHCES Qd 105 Bl B apto 403, Cruzeiro Novo 70650-152 DF, E-mail: pedrobento@zaz.com.br Artigo original ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Palavras-chave: lesão medular, dança, equilíbrio de tronco, cadeira de rodas Key-words: spinal cord injury, dance, trunk balance, wheelchair Resumo O objetivo deste trabalho foi o de avaliar o efeito de um treinamento baseado em dança no ganho de equilíbrio de tronco em um grupo de pes- soas com lesão medular. Investigamos o equilíbrio de tronco em 4 sujei- tos, homens, portadores de lesão medular torácica, moradores de Brasília/ DF, Brasil, a partir do preenchimento de um protocolo de avaliação de atividades de vida diária aplicado antes e depois de um período de atendi- mento pela dança. Os dados do protocolo foram reduzidos a uma pontua- ção, através de um sistema de escalonamento pré-definido. A compara- ção das pontuações obtidas nos pré e pós-teste mostraram que houve um ganho de equilíbrio significativo nos 4 sujeitos. Esses mesmos resultados foram encontrados em estudo paralelo, no qual utilizou-se método computadorizado de análise postural. O incremento do equilíbrio de tronco após o treinamento por dança sugere que esta abordagem pode oferecer uma valiosa contribuição na recuperação de pessoas com lesão medular. Abstract The purpose of this study was to assess the influence of a dance-based treatment on the trunk balance of spinal cord injured people. Four paraplegic volunteers participated in this study Their trunk balance was assessed by daily life activities questionnaire answered before and after eight wheelchair dance classes based on body awareness techniques and lasting an average period of six weeks. Results showed significant ba- lance improvement. A computer-based postural analysis, carried out in parallel, corroborated these results. The increasing of trunk balance after a dance-based treatment suggests that this can be an effective approach in spinal cord injured people rehabilitation. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200150 Introdução Além de ser uma modalidade de expressão artística, a dança também consiste numa ati- vidade utilizada com fins terapêuticos. O cres- cente desenvolvimento das unidades de rea- bilitação de lesados medulares fez com que a equipe interdisciplinar integre profissionais de diversas especialidades, entre elas, o pro- fessor de dança em cadeira de rodas. Boswell (1993) cita que a dança criativa melhorou o equilíbrio dinâmico de crianças com retardo mental. Deusen (1987) relata que após um trei- namento por dança, ao exame de goniometria, adultos com artrite reumatóide ganharam arco de movimento em articulações comprometi- das. Ao longo de nossa prática profissional, foi observado que, além de ser mais uma opção de atividade física e de lazer para portadores de lesão medular, a dança em cadeira de rodas traz como benefício o ganho de equilíbrio de tronco. Entretanto, não há estudos na litera- tura que avaliem, nessa população, a eficácia da dança quanto à melhoria desta habilidade. Ressalte-se que o equilíbrio de tronco é fun- damental para usuários de cadeira de rodas, durante seu manejo, na execução das ativida- des de vida diária e de posições de alívio de pressão visando a prevenção de escaras. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de um treinamento baseado em dança no ganho de equilíbrio de tronco em pessoas com lesão medular. Material e métodos Sujeitos Foram selecionados para este estudo 4 vo- luntários, homens, portadores de lesão medu- lar torácica, moradores de Brasília, Brasil, com idade entre 20 e 40 anos e tempo de lesão vari- ando entre 3 meses e 18 anos, sendo que 2 agudos e 2 crônicos (considerando para os úl- timos um tempo de lesão superior a um ano). Todos assinaram um Termo de Consentimen- to Livre e Espontâneo aprovado pela Comis- são de Ética da UnB. Protocolo experimental Os sujeitos responderam a um protocolo de avaliação de atividades de vida diária nas quais seu equilíbrio é requisitado. Esse con- sistiu numa ficha composta de 10 itens em que questionava-se sua capacidade de realizar de- terminadas tarefas e cuja resposta poderia ser NÃO ou, no caso afirmativo, graduada nos ní- veis REGULAR, BOM e MUITO BOM, ao que foi atribuído, respectivamente, em nossa aná- lise de resultados, os valores 0; 0,5; 1; e 2 pon- tos. Os itens variaram desde uma avaliação global de seu equilíbrio até questões relativas a apanhar objetos no chão e sobre um móvel, realizar transferências, higiene, cuidado pes- soal e execução de posições de alívio de pres- são. As respostas foram totalizadas, portanto, numa pontuação que poderia variar entre 0 e 20 pontos. Além disso, os voluntários foram solicitados a dar um depoimento livre sobre a experiência da dança em cadeira de rodas ao final da pesquisa. O protocolo de avaliação foi aplicado antes (pré-teste) e depois (pós-teste) de 8 sessões de dança, correspondentes a um período médio de 6 ± 2 semanas. Treinamento por dança O treinamento consistiu em 8 sessões de dança em cadeira de rodas, nas quais exerci- taram-se movimentos globais, incluindo mem- bros superiores, cabeça, auto-mobilização de membros inferiores e orientações para execu- ção de posições de alívio de pressão. A abor- dagem baseia-se em técnicas de consciência corporal - Gerda Alexander, Rudolf Laban e Angel Vianna - em que busca-se manter, du- rante os movimentos, o contato com o próprio corpo adquirido no relaxamento. Além disto, as aulas baseiam-se em atividades lúdicas que visam oferecer imagens para o movimento, aumentar a motivação e diminuir a autocensura. Durante as atividades propostas são trabalhados, principalmente, os grupos musculares responsáveis pelos movimentos de flexão, extensão e inclinação lateral do tron- co, visando tanto o fortalecimento quanto o alongamento. Resultados Os resultados, baseados na comparação dos pré e pós-teste, mostraram ganho de equilí- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 51 brio significativo nos 4 sujeitos As pontuações obtidas no pré e pós-teste foram as seguintes: Sujeito pré pós vvvvv11111 8,5 17,0 vvvvv22222 6,5 16,0 vvvvv33333 5,5 12,0 vvvvv44444 1,0 11,0 Em sua avaliação global do equilíbrio, to- dos consideraram que houve ganhos impor- tantes. Quanto às tarefas mais incrementadas, devem ser ressaltadas as seguintes: apanhar objeto no chão e sobre móvel, execução de posições de alívio de pressão, para a frente e para os lados. Não apresentaram diferenças as tarefas de lavar a cabeça e empinar a cadei- ra de rodas. Além disso, os depoimentos livres nos for- neceram um rico material relativo ao aprovei- tamento que os participantes tiveram da ati- vidade, do qual citaremos como exemplo: “O equilíbrio ajuda muito a dar confiança no uso da cadeira de rodas”; “Agora abaixo sozinho, faço um bocado de coisa”; “Ganhei flexibili- dade, equilíbrio na cadeira, confiança e bem- estar. Quando a gente vê o que não fazia antes e consegue fazer, vê a diferença e aonde nossa capacidade pode chegar”; “Na realidade, o que a gente pensava que era limitação não era” (sic). Discussão Os resultados apresentaram um ganho de equilíbrio satisfatório para os quatro parti- cipantes, confirmando as observações da prá- tica profissional com essa atividade, o que pode suscitar a realização de novos estudos sobre seus benefícios, visando o maior apro- veitamento da dança em cadeira de rodas. No entanto, pode-se pensar nesse ganho como fruto de um ‘progresso natural’, associ- ado mais à passagem do tempo do que à dan- ça. Nesse caso, basta frisar que dois sujeitos possuíam lesão crônica, sendo, portanto, teo- ricamente bastante imunes a uma suposta ‘ação do tempo’. Estes achados foram confir- mados por estudo paralelo, baseado em análi- se postural computadorizada (Peres, 2000). Estes achados iniciais podem ser enrique- cidos, num estudo futuro, com um aumento do tamanho da amostra e da admissão de um grupo controle. Trabalhamos com uma amos- tra reduzida devido a dificuldades tais como a falta de disponibilidade, o desconhecimento da abordagem proposta, até à falta de interes- se, pois existe muito preconceito, no meio masculino, contra uma atividade baseada em dança. Este fator tem seu peso aumentado quando os dados epidemiológicos evidenciam que a maioria dos portadores de lesão medu- lar traumática é do sexo masculino. O estranhamento comum diante de um convite à participação numa atividade de dança em cadeira de rodas foi expresso em alguns dos depoimentos. Um estudo futuro pode buscar solucionar algumas novas questões, tais como: qual se- ria o número mínimo de sessões necessário para alcançar os objetivos e qual a importân- cia da continuidade da prática dos exercícios aprendidos. Conclusão Os resultados acima evidenciam a eficácia do treinamento por dança sob o ponto de vis- ta avaliado, pois os sujeitos apresentaram um ganho no controle dos movimentos de tronco. Portanto, além dos supostos benefícios emo- cionais decorrentes do prazer de dançar, o in- cremento do equilíbrio de tronco após essa abordagem sugere que ela pode oferecer uma valiosa contribuição na reabilitação de pesso- as com lesão medular. Referências Alexander G. Eutonia; um caminho para a percepção corporal. 2.ed. São Paulo Anderson B. Alongue-se. São Paulo: Summus Editorial, 1983. Atwater S. Interrated Test-Retest Reliability of two Pediatric Balance Tests. Physical Therapy 1992;70(2). Barros Filho T. Avaliação padronizada nos traumatismos raquimedulares. 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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 53 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A ginástica laboral na prevenção da LER/ DORT: solução ou paliativo ? The strecht exercice in RSI/OOS prevention: solution or palliative ? Carta ao editor Luís Guilherme Barbosa* *Mestre em Engenharia de Produção da UFRJ, Grupo de Engenharia e Novas Tecnologias da COPPE/UFRJ, Professor Adjunto da Escola de Fisioterapia da UniGranRio, Professor Adjunto do UniFOA, Professor Assistente do Curso de Fisioterapia da UNIG, Professor Assistente da UVA Endereço para correspondência: Luís Guilherme Barbosa, Av. Automóvel Clube, 63, Sala 106, 25520-000 São João de Meriti, RJ, Tel: (21) 99 54 41 50, Tel/Fax: (21) 756 42 65. Resumo A ginástica laboral vem sendo aplicada em grande escala nas empresas. Nos últimos anos vários cursos rápidos de formação surgiram no mercado, mercado esse ocupado por fisioterapeutas, professores de educação física, terapeutas corporais, psicólogos, entre outros. Geram uma atividade com bela plástica, muito motivadora, em alguns casos, e com promessas enfáticas de pre- venção das Lesões por Esforços Repetitivos / Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Essa atividade é im- portante para chamada qualidade de vida no trabalho, mas não deve ser vista como a grande e, talvez única, solução de proble- mas que tendem a se apresentar com alto grau de complexidade. Abstract The stretch exercise techniques have been applied in the office environment. There are several courses to prepare physiotherapists, psychologists, physical education professionals, body therapists and others professionals. These physical activities promote a beautiful body expression and are regarded to motivate employees. These activities emphasize a preventive approach to Repetitive Strain Injuries / Overuse Occupational Syndrome. These practices constitute an important initiative to promote the quality life at work. Nevertheless, they can’t be seen as the best solution or supposedly the main solution to tackle the muscle-skeletal problems. Palavras-chave: ginástica laboral, qualidade de vida, prevenção Key-words: stretch exercise, life quality, prevention Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200154 1 - Introdução A Ginástica Laboral tem sido aplicada em larga escala nas empresas há alguns anos. Com a onda da qualidade de vida no trabalho esta prática invadiu a vida do trabalhador, tor- nando-se, em alguns Estados, uma verdadei- ra febre. Conhecemos esta metodologia pre- ventiva de intervenção denominada de Ginás- tica Laboral nos idos de 1982 quando, então trabalhador nas plataformas de perfuração da Petrobrás, fomos enviados ao Japão com a missão de integrar a equipe de acompanha- mento do transporte da Unidade de Perfura- ção Marítima 12 - UPM12, uma Sonda Semi- submersível de Perfuração Marítima construída no estaleiro da Mitsui, na cidade de Chiba. Durante os quinze dias que antece- deram nossa viagem de retorno ficamos acom- panhando os testes finais dos equipamentos, prova de mar e outros inerentes a preparação para entrega de uma embarcação. Foi nessa oportunidade que tivemos a grata satisfação de assistir, boquiabertos naquela época, à con- centração de uma “micro cidade”, pois eram 8.000 empregados, para o acontecimento obri- gatório de todas as manhãs, vinte minutos antes do início do trabalho - a atividade de gi- nástica preventiva de aquecimento. Se consi- derarmos que a melhor temperatura de tra- balho muscular está na faixa de 36º [1], o que evita distensões e/ou dificuldades de respos- ta motora [2], responsáveis por tropeços, que podem se transformar em acidentes numa ati- vidade repleta de riscos físicos. Atualmente, muitas empresas possuem academias em suas instalações, com professores especializados em trabalhos de capacitação física, prevenção de doenças cardiovasculares e estresse, tão como fisioterapeutas-ergonomistas especializados em prevenção de DORT’s, pro- blemas posturais e respiratórios, todos se so- mando às atividades de saúde ocupacional. Mas essa não é uma realidade na maior parte das empresas, visto que estão lançando mãos do recurso da chamada Ginástica Laboral iso- ladamente, onde os trabalhadores param sua atividade de trabalho por alguns poucos mi- nutos, em períodos pré-determinados, e reali- zam exercícios de alongamento, nos permitin- do supor que o acompanhamento estreito e sistemático deva ser um preciosismo supor- tado por empresas de grande porte, somente. Será a Ginástica Laboral suficiente para con- ter o avanço das DORT’s, ou estará sendo usa- da apenas como um paliativo, ou ainda, esta- rá sendo aplicada com o intuito de atender a chamada - “para inglês ver?” Cabe ressaltar que essa discussão não tem por objetivo inva- lidar a Ginástica Laboral ou qualquer ativida- de semelhante, mas avaliar, frontalmente, uma prática antiga em nova denominação, afastan- do a mística das soluções mirabolantes e rápi- das para problemas complexos. 2 - O modelo japonês O modelo usado na Mitsui consistia em um trabalho físico de aquecimento muscular, rea- lizado durante vinte minutos por todos os tra- balhadores, incluindo os contratados e fiscais de outras empresas, sob orientação proveni- ente de alto-falantes e demonstradas por monitores em patamares de madeira elevados a um metro e meio de altura. Esses exercíci- os, que aconteciam nas ruas do estaleiro, ou nos galpões, conforme as condições de tem- po, tinham por objetivo aquecer e fortalecer a musculatura dos trabalhadores, principalmen- te os que iriam trabalhar nas atividades de instalação e manutenção a bordo das embar- cações e oficinas. Se considerarmos que a tem- peratura no Japão é baixa, inclusive no verão, esse tipo de atividade funciona preventiva- mente para a grande maioria das pessoas, pois a demanda já começa no acesso às embarca- ções pelas “escadas de costado”. Os exercíci- os eram direcionados aos grupamentos mus- culares envolvidos, principalmente, nas ativi- dades das pernas, dos ombros e do tronco. Tempos depois, em 1986, já no Brasil, tivemos a grata satisfação de participar da mesma ati- vidade física, em missão semelhante, no esta- leiro da Ishibras, no bairro do Caju, na cidade do Rio de Janeiro. O modelo é o mesmo e, pelo acesso que tivemos na época, os resultados também eram muito positivos. 3 - O modelo, que conhecemos, praticado no Brasil Atualmente, dentro do que temos visto e lido, adota-se um modelo de alongamento, coordenação motora e fortalecimento muscu- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 55 lar, com duração de até 12 minutos, como nos apresenta o artigo publicado na Revista CIPA [3]. Outros modelos não variam muito, apenas aumentando ou diminuindo a duração ou a freqüência da atividade. O SESI faz um tra- balho muito bom nesse sentido, tão como muitas outras empresas especializadas, que se apresentam no mercado, demonstrando uma plástica belíssima e passando uma imagem de muito positivismo, o que deve ser considera- do muito bom. Entretanto, analisando esse modelo e comparando-os com outros modos de intervenção desenvolvidos em empresas outras, como Xerox, Faber-Castell, jornal O Globo e Citibank, onde a ginástica laboral não é o centro da atividade, mas um elemento factível de ser aplicado, e como tem havido uma maciça divulgação desta metodologia de intervenção preventiva de modo tão indepen- dente, surgiram alguns questionamentos que julguei pertinentes colocar em discussão. 3.1 - Pontos importantes para profissionais e empresas, que aplicam esta prática 3.1.1. Os exercícios prescritos partem de uma análise ergonômica detalhada da ativi- dade realizada pelo indivíduo, ou apenas a aplicação de algumas séries já tradicionais? 3.1.2. A duração de 12 minutos é sufici- ente para realizar alongamento de um grande número de grupos musculares e, se houver necessidade de aumentar a duração, não in- terfere na produtividade? 3.1.3. Os grupos são formados por pesso- as da mesma faixa etária, ou ocorre a separa- ção, que pode ser vista como segregação, mas que na ausência pode por em perigo os mais velhos ou não atingir os mais jovens, ou mes- mo não atender a nenhum dos dois grupos? 3.1.4. A eficiência destas práticas, estan- do o indivíduo vestido para trabalhar, muitas vezes em espaços inadequados é razoável? 3.1.5. Todos os trabalhadores participam sem constrangimento, em presença de outras pessoas muita gente fica tímida - é a questão do ridículo social, que não pode ser substituí- do por um simples: - vamos lá, deixa de ver- gonha! 3.1.6. Auto-alongamento, do modo como é praticado, é realmente produtivo? Nossos clientes, em outras duas empresas, relatam, constantemente, a dificuldade de realizarem os alongamentos sozinhos, ou seja, o resulta- do dos alongamentos musculares com inter- venção de um profissional é mais eficiente. 3.1.7. Em ergonomia aprendemos a per- sonalizar as situações, individualizar é o ver- bo, pois que todos somos diferentes física, psicológica e socialmente e vemos o direcionamento para que os horários sejam os mesmos, os exercícios idênticos, como se to- dos sentissem necessidade de alongar ao mes- mo tempo, com mesma duração e os mesmos grupamentos musculares. 3.1.8. E o trabalho de conscientização postural inexiste, ou será que basta um peque- no número de exercícios, durante dez ou quin- ze minutos, para estimular a adoção de uma postura mais adequada? 4 - Evoluindo na discussão Os questionamentos anteriormente feitos não invalidam a prática da atividade laboral, entretanto é necessário deixar claro, muito cla- ro, que a simples inserção da ginástica laboral, por si só, não produz o efeito mágico de redu- ção das LER/DORT’s, podendo transformar-se em ação que mascará a identificação de sinais e sintomas iniciais de surgimento de proble- mas. Uma contratura severa passa por uma hipertonia leve, que gera um incômodo, que pode ser aliviado pela ginástica laboral, não sendo relatado e eclodir muito fortemente mais adiante; ou mesmo agravar o problema rapi- damente, transformando o incômodo em dor aguda, provavelmente porque aquele exercício não era indicado para aquele grupamento mus- cular naquela situação, ou simplesmente pela realização errada do mesmo, gerando um aci- dente de trabalho [4]. É preciso focar na individualidade, traba- lho que realizamos no Citibank e no Jornal O Globo, no fato de que somos diferentes, na questão de que as pessoas dentro das empre- sas são obrigadas, na maioria das vezes, a as- sumir posturas diferentes daquelas assumi- das em uma academia de ginástica. Não pode ser desprezado o fato de que é preciso muito mais que uma simples atividade lúdica para aliviar uma tensão muscular, que os incômo- dos devem ser tratados separadamente muito antes de se tornarem dor efetiva. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200156 A variáveis ligadas diretamente à ergonomia merecem atenção cuidadosa, pois que o correto entendimento da atividade do indivíduo, suas tarefas, os esforços realizados, as repetições de maior ou menor carga física, de maior ou menor carga psicológica e a aná- lise biomecânica dessas atividades devem for- necer a base para prescrição dos exercícios. Permitem identificar as atividades físicas mais adequadas para cada indivíduo, podendo ser relaxamento e alongamento muscular [5], for- talecimento muscular [6], ou simples ajuste adequado do “layout” do posto de trabalho. A organização do trabalho não deve ser abando- nada, em hipótese alguma, pois nela pode es- tar a chave para o insucesso de um programa deste tipo, por exemplo, ao “impor” a ativida- de a desafetos, onde um deles ou os dois pos- suam relação ruim com o próprio corpo ten- derá a atrapalhar o trabalho ou terá sua efici- ência comprometida. Ou ainda, permitir a demonstração de poder por parte de gerentes do tipo X, visto que um programa deste tipo não deve ter participação obrigatória, entre- tanto uma análise criteriosa possibilita a iden- tificação das imposições tácitas praticadas em algumas organizações nas trocas de olhares, nas referências monossilábicas, nas entonações especiais da voz e outros códigos similares, característicos de cada organização, de cada “modus” de gerenciamento. Entender essas relações pode ser a chave para soluções mais profundas, pois que muitas pessoas po- dem estar participando a contra gosto, ainda que um sorriso, um tanto amarelo, esteja es- tampado no rosto. É fácil perceber que essas pessoas irão combater o programa, podem ser os que se afastam na primeira oportunidade, não pelas características intrínsecas ao mes- mo, mas pelo que ele está representando para aquele determinado grupo. A própria insatis- fação com a vida e com o trabalho que geram estresse adicional significativo [7], podem sig- nificar “inimigos” desnecessários ao progra- ma, existindo apenas por não terem sido ob- servados e identificados anteriormente As variáveis ligadas ao mobiliário devem ser con- templadas fortemente, por serem elementos de grande interferência para a manutenção ou anulação do trabalho realizado. Não é preciso transformar a cadeira em vilã [8], como fazem os “cadeirologistas”, ou sair mudando tudo que se veja pela frente, mas é possível, com o correto critério, estabelecer os elementos li- gados ao mobiliário que precisem de substi- tuição imediata, ou os acessórios que facilitem a “habitação” dessas verdadeiras “ilhas de tra- balho” [8, 9]. 5 - Conclusão A introdução da ginástica laboral nas em- presas representa mais um importante recur- so de auxílio à saúde ocupacional, onde a me- dicina e a enfermagem do trabalho parecem sobrecarregadas. Hoje, fisioterapeutas, educa- dores físicos e outros profissionais saem em defesa da saúde do trabalhador somando es- forços à prevenção e tratamento da temidas e famigeradas DORT’s. É preciso, porém, estar- mos certos de que somente uma intervenção completa é capaz de gerar resultados positivos e significativos pela abrangência, modificadores de culturas, possibilitando ações mais contundentes dos chamados “donos do dinheiro”, que beneficiarão empregados e em- pregadores, conseqüentemente a sociedade. Por outro lado, se ficar determinada à fragili- dade da intervenção, ainda que esta seja de baixo custo, esta será nivelada nos modelos das falácias, propiciando o descrédito, inimigo pe- rene de toda e qualquer ação, principalmente, das benéficas ações preventivas, até pelas difi- culdades que possuímos em respalda-las em fatos e dados. E, o que é pior, engessa a cultura, fecha portas em todos os lugares onde as avali- ações negativas possam ter acesso, portas es- sas que foram abertas com grandes sacrifícios de profissionais sérios e dedicados. Referências 1. Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. 8ª edição. Revisão Técnica de Charles Alfred Esbérard. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan . 1991.864p. Il. 2. Kisner C, Colby L. Exercícios terapêuticos. Fundamentos e técnicas. 3ª edição. Tradu- ção de Lilia Breternitz Ribeiro. São Paulo. Editora Manole Ltda. 1998. 746p. Il. 3. Oliveira JR. Gabriel, A importância da gi- nástica laboral na prevenção da LER. Re- vista CIPA. São Paulo, 2000. Pg. 70 a 71. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 57 4. Orselli CN. Aspectos legais sobre DORT - LER. São Paulo. Revista CIPA 2000;21(246):88–93. 5. Pope RP, Herbert DR, Kirwan JD, Graham BJ. A randomized trial of preexercise stretching for prevention of lower-limb. 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Tel.: (21) 244-6471 www.atlanticaeditora.com.br E-mail: atlantica1@globo.com Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200158 Temos sido procurados por profissionais da área da saúde com indagações sobre pós-gra- duação e, de forma singular, sobre a especiali- zação e o que se percebe, nas mais das vezes, é que estes profissionais se vêm envolvidos por uma terminologia estranha à sua forma- ção más que devem conhece-la, posto que este desconhecimento pode vir a prejudicá-los na sua busca pelo saber, ao matricular-se em cur- sos após a sua graduação, sem que na realida- de estejam matriculando-se num curso de pós- graduação. Os Cursos de Pós-graduação têm como fi- nalidade precípua, o aprofundamento dos es- tudos realizados no Curso de Graduação, com maior enfoque numa área de estudos especí- fica. Em 20 de dezembro de 1996 foi sancionada pelo Presidente da República a Lei 9.394 – Di- retrizes e Bases da Educação Nacional, que no inciso III do art. 44, refere-se aos cursos e pro- A pós-graduação em fisioterapia e terapia ocupacional: reconhecimento e registros de certificados, diplomas e títulos João Marinonio Aveiro Carneiro* *Mestre, Doutor e Livre-Docente em Educação, UFRJ; Ph.D. in Religious Studies, FICU, Mercedes, Cal. USA, Mestre em Filosofia, UGF, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, UFRJ, Terapeuta Ocupacional, FRASCE, RJ, Fisioterapeuta, CEUAM, RJ Endereço para correspondência: Rua CônegoTobias, 140, Meier, 20725-010 Rio de Janeiro RJ, Telefax: 21 269-3771 E-mail: caeprofcar@jmbrazil.com Informação profissional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ gramas de pós-graduação que são abrangidos pela educação superior – “...programas de mestrado e doutorado, cursos de especializa- ção, aperfeiçoamento e outros, abertos a can- didatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino.” O caminho que leva a obtenção do Certifi- cado de Aperfeiçoamento e de Especialização abrigava-se, até o advento do Parecer nº CES 617/99, de 08/06/99 e do Parecer nº 968/98 e da Resolução nº 3/99, de 05/10/99. A segunda vertente, teve início através de Residências, atendendo ao que foi deliberado pela IXª Conferência Nacional de Saúde (1992) que propôs, e obteve-se aprovação da Plená- ria em seu Relatório Final, o tópico nº 279 - “manutenção de programas de residência médica pelas unidades do SUS, e ampliação do número de vagas, contemplando também outras categorias profissionais”. ( grifamos) Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 59 A Residência, enquanto visa a complementação do curso de graduação com vistas exclusivamente ao exercício melhor qualificado, constitui-se um equivalente a Especialização, trata-se de “treinamento em serviço”, outorgando o título de Especialista. Como ainda não existem na maioria das profissões de saúde uma Comissão Nacional de Residências, tal como existe para a medici- na e como os certificados a serem emitidos pelas Residências, são passíveis de registro nos Conselhos Federais das Profissões Regu- lamentadas de Saúde cabe a cada Conselho Federal normatizar as Residências para suas profissões. No caso específico da fisioterapia e da tera- pia ocupacional, corresponde ao - COFFITO, via Conselhos Regionais - CREFITOS, os Pro- jetos de Residência em Fisioterapia e de Tera- pia Ocupacional devem ser submetidos ao COFFITO para análise e parecer, a fim de que o mesmo possa ter seus certificados registrados no mesmo. Ocorre que em 9 de dezembro de 1998 fo- ram publicadas as Resoluções COFFITO 186, COFFITO 187, COFFITO 188, COFFITO 189, que dispõem sobre o reconhecimento de Cer- tificados, Diplomas e Títulos conferidos a Fi- sioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais; re- conhecendo as Especialidades de Fisioterapia Pneumo-Funcional e Fisioterapia Neuro-Fun- cional que desta forma superam o vazio exis- tente até então, apontando normas e procedi- mentos, de cumprimento obrigatório por Fi- sioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais. Em 02/12/98 o Conselho Nacional de Edu- cação – CNE, aprova o Parecer nº CES 908/98 que assim se expressa: “Assim sendo, a formação pós-graduada de caráter profissional, que pressupõe necessari- amente o exercício, sob supervisão, da prática profissional, poderá ser oferecida tanto por instituição de ensino superior com atuação tradicional em uma área específica como em ambientes de trabalho dotados de corpo técni- co-profissional possuidor de titulação profis- sional ou acadêmica reconhecida e de insta- lações apropriadas ou por Sociedade Nacio- nal Especializada ou, ainda, mediante a cele- bração de convênios ou acordos entre institui- ções de ensino superior e estas sociedades. O valor do título obtido, entretanto, variará segundo as situações a seguir descritas: 1) Curso de especialização oferecido por ins- tituição de ensino superior: o título tem reco- nhecimento acadêmico, e para o exercício do magistério superior, mas não tem necessaria- mente valor para o exercício profissional sem posterior manifestação dos conselhos, ordens ou sociedades nacionais profissionais respec- tivos, nas áreas da saúde e jurídica; 2) Curso de especialização realizado em ambientes de trabalho qualificados, credenciados por IES que possuam pós-gra- duação stricto sensu na área ou em área correlata ou autorizado pelo CNE ou, por sua delegação, pelos CEE: os títulos terão reconhe- cimento profissional e acadêmico; 3) Curso oferecido mediante celebração de convênios ou acordos entre instituições de ensino, ordens ou sociedades, conselhos na- cionais ou regionais com chancela nacional profissional: os títulos, neste caso, terão tanto reconhecimento acadêmico como profissional; 4) Cursos oferecidos por instituições pro- fissionais mediante convênio com ordens, so- ciedades nacionais, ou conselho:. o título tem reconhecimento profissional, mas não será re- conhecido para fins acadêmicos sem a expres- sa manifestação de uma instituição de ensino superior. Em qualquer um dos casos mencionados, os títulos profissional ou acadêmico reconhe- cidos terão validade nacional.” (grifamos) Conforme acima citamos a Fundação Coor- denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES encaminhou projeto de Resolução que fixa “condições de validade dos certificados de cursos de especialização” e que o aprovou através do Parecer nº CES 617/ 99, de 03/09/99, do Parecer nº 968/98 e da Re- solução nº 3/99, 05/10/99 deram uma nova rou- pagem a Resolução 12/83 CFE, sendo pois o que deve observado na organização dos Cur- sos de Pós-graduação “Lato Sensu”, Especia- lização e que oferece os seguintes elementos: Os cursos serão abertos à matrícula de por- tadores de diplomas de curso superior que cumpram as exigências de seleção que lhe são próprias e poderão ser oferecidos por institui- ções de ensino desse nível que ministrem cur- so de graduação ou pós-graduação stricto Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200160 sensu reconhecido na grande área a que se vincula a proposta. (Art 2º) As instituições previstas no Parecer nº 908/ 98, da Câmara de Educação Superior do CNE, poderão, a critério do Conselho Nacional de Educação, ser autorizadas a oferecer os cur- sos de que trata a presente Resolução, obser- vadas as exigências nela estabelecidas. A qualificação mínima exigida do corpo docente é o título de Mestre, obtido em curso reconhecido pelo MEC. (Art. 3º) Quando, no entanto, existirem áreas pro- fissionais em que o número de mestres seja insuficiente para atender à exigência de qua- lificação anteriormente prevista, poderão le- cionar profissionais de alta competência e ex- periência em áreas específicas do curso, des- de que aprovados pelo Conselho de Ensino e Pesquisa, no caso das universidades e centros universitários, ou pelo colegiado equivalente, no caso das demais instituições de educação superior. A apreciação da qualificação dos não porta- dores do título de Mestre levará em conta o curriculum vitae do professor e sua adequa- ção ao plano geral do curso e ao programa da disciplina pela qual ficará responsável. Em qualquer hipótese, o número de docen- tes sem título de Mestre não poderá ultrapas- sar 1/3 (um terço) do corpo docente, salvo em casos especiais previamente aprovados pela Câmara de Educação Superior do CNE. Nenhum curso poderá iniciar seu funcio- namento sem os requisitos especificados nes- te artigo. As instituições deverão assegurar aos pro- fessores e alunos as condições de infra-estru- tura física, biblioteca, equipamentos e labora- tórios adequados ao curso proposto. A carga horária mínima permanece a exi- gência de 360 (trezentas e sessenta) horas, não computado o tempo de estudo individual ou em grupo sem assistência docente e o desti- nado à elaboração de monografia ou trabalho de conclusão do curso (Art. 5º). Quanto se tratar de curso destinado à qua- lificação de docentes para o magistério supe- rior do Sistema Federal de Ensino, deve-se as- segurar, na carga horária, além do conteúdo específico do curso, o indispensável enfoque pedagógico. Sendo que os mesmos poderão ser ministrados em uma ou mais etapas res- peitado um prazo mínimo de 6 (seis) meses. Caberá à instituição responsável pelo cur- so emitirá certificado de especialização a que farão jus os alunos que tiverem tido aprovei- tamento e freqüência, segundo critério de ava- liação estabelecido pela instituição, assegura- da a presença mínima de 75% (setenta e cinco por cento) (Art. 6º). Nos certificados expedidos deverão menci- onar claramente a área específica do conheci- mento a que corresponde o curso oferecido e conter obrigatoriamente: a) a relação das disciplinas, sua carga ho- rária, a nota ou conceito obtido pelo aluno, e o nome e a titulação do professor por elas res- ponsável; b) o período em que o curso foi ministrado e sua duração total em horas; a) a declaração de que o curso cumpriu to- das as disposições da Resolução que teve como origem o Parecer nº CES nº 617/99. Os estudantes de programas de pós-gradu- ação stricto sensu reconhecidos pelo MEC po- derão requerer, a critério da Instituição que os ofereceu, a validação dos estudos realiza- dos, como de especialização, desde que pre- encham pelo menos os seguintes requisitos (Art. 7º): a) tenham sido aprovados em disciplinas correspondentes a uma carga horária progra- mada de, no mínimo, 360 (trezentas e sessen- ta) horas, observado o disposto no Art. 5º; b) requeiram o certificado antes de terem defendido dissertação ou tese. A grande inovação fica por conta da avalia- ção da Fundação Coordenação de Aperfeiçoa- mento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. (Art. 8º) Já Resolução CES nº 3, de 05/10/99 veio fixar condições de validade dos certificados de cur- sos presenciais de especialização, sendo os mes- mos abertos à matrícula de portadores de diplo- mas de curso superior que cumpram as exigên- cias de seleção que lhe são próprias e poderão ser oferecidos por instituições de ensino desse nível que ministrem curso de graduação ou pós- graduação stricto sensu reconhecido na grande área a que se vincula a proposta. (art. 2º). As ins- tituições previstas no Parecer 908/98, CES/CNE, poderão, a critério do CNE, ser autorizadas a Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 61 oferecer os cursos de que trata a presente Reso- lução, observadas as exigências nela estabelecidas (Parágrafo único do art 2º). A qualificação mínima exigida do corpo do- cente é ainda o título de Mestre, obtido em curso reconhecido pelo MEC (art. 3º), sendo que nas áreas profissionais em que o número de mestres seja insuficiente para atender à exigência de qualificação prevista no referido artigo, poderão lecionar profissionais de alta competência e experiência em áreas específi- cas do curso, desde que aprovados pelo Con- selho de Ensino e Pesquisa, no caso das uni- versidades e centros universitários, ou pelo colegiado equivalente, no caso das demais ins- tituições de educação superior. (§ 1º do Art 3º) A apreciação da qualificação dos não portado- res do título de Mestre levará em conta o curriculum vitae do professor e sua adequação ao plano geral do curso e ao programa da disci- plina pela qual ficará responsável. (§ 2º do art 3º) O número de docentes sem título de Mes- tre não poderá ultrapassar 1/3 (um terço) do corpo docente, salvo em casos especiais pre- viamente aprovados pela Câmara de Educa- ção Superior do CNE. (§ 3º do Art 3º) É impositivo que nenhum curso poderá ini- ciar seu funcionamento sem os requisitos es- pecificados no art 3º. (§ 4º do Art 3º) Caberá às instituições assegurar aos pro- fessores e alunos as condições de infra-estru- tura física, biblioteca, equipamentos e labora- tórios adequados ao curso proposto. (Art. 4º) Os cursos amparados por esta Resolução terão a duração mínima de 360 (trezentas e sessenta) horas, não computado o tempo de estudo individual ou em grupo sem assistên- cia docente e o destinado a elaboração de monografia ou trabalho de conclusão do cur- so. (Art. 5º) Quanto se tratar de curso destinado à qua- lificação de docentes para o magistério supe- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200162 rior do Sistema Federal de Ensino, deve-se as- segurar, na carga horária, além do conteúdo específico do curso, o indispensável enfoque pedagógico.(§ 1º Art. 5º) Os cursos poderão ser ministrados em uma ou mais etapas respeitado um prazo mínimo de 6 (seis) meses.(§ 2º Art. 5º) É a instituição responsável pelo curso quem emitirá o certificado de especialização a que farão jus os alunos que tiverem tido aprovei- tamento e freqüência, segundo critério de ava- liação estabelecido pela instituição, assegura- da a presença mínima de 75% (setenta e cinco por cento). (Art. 6º) Os certificados expedidos deverão menci- onar claramente a área específica do conheci- mento a que corresponde o curso oferecido e conter obrigatoriamente: a) a relação das disciplinas, sua carga horá- ria, a nota ou conceito obtido pelo aluno, e o nome e a titulação do professor por elas res- ponsável; b) o período em que o curso foi ministrado e sua duração total em horas; c) a declaração de que o curso cumpriu to- das as disposições da presente Resolução. (Parágrafo único do Art 6º) Os estudantes de programas de pós-gradu- ação stricto sensu reconhecidos pelo MEC po- derão requerer, a critério da Instituição que os ofereceu, a validação dos estudos realiza- dos, como de especialização, desde que pre- encham pelo menos os seguintes requisitos: a) tenham sido aprovados em disciplinas correspondentes a uma carga horária progra- mada de, no mínimo, 360 (trezentas e sessen- ta) horas, observado o disposto no Art. 5º; b) requeiram o certificado antes de terem defendido dissertação ou tese. (Art. 7º) A Resolução repete a inovação do Parecer 968/98 quando nos diz ser avaliação do curso ser da competência da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su- perior – CAPES. (Art. 8º) Uma pergunta que tem sido lugar comum quando falamos em pós-graduação, é a que trata do valor acadêmico dos denominados Cursos de Aprimoramento, principalmente, no Estado de São Paulo, onde os mesmos têm sido oferecidos por mais de oitenta e seis (86) instituições quer sejam de ensino ou não. Muito embora não esteja previsto, em ne- Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 63 nhum diploma legal, a nível acadêmico, é ne- cessário que constatemos a existência de cur- sos denominados de aprimoramento. Desta maneira o COFFITO, em muito boa hora, re- solveu criar uma certificação de Qualidade de Ensino para os Cursos de Aprimoramento pro- fissional na Área da Fisioterapia, o que foi fei- to através da Resolução COFFITO 209, de 17/ 08/2000. Não possuindo valor acadêmico, os referi- dos cursos se revestem, formalmente, como “treinamento em serviço”, com validade pro- fissional a critério do próprio profissional que está sendo treinado, não podendo, sob nenhu- ma hipótese, ser este “treinamento” aprovei- tado em Cursos de Pós-graduação “Lato Sensu” - Aperfeiçoamento, Especialização, ou “Stricto Sensu” - Mestrado e Doutorado ou mesmo para a obtenção do título de especia- lista o que é possível via Residência ou apro- vação em provas teórico-práticas nos termos da Resolução COFFITO-188. A instituição que ofereça Curso de Aprimo- ramento deverá submeter seu Projeto Peda- gógico ao COFFITO exigindo-se uma carga horária mínima de 90 horas/aula com um mí- nimo de 40% de aulas práticas, devendo seu corpo docente deverá cumprir os mesmos re- quisitos exigíveis pela Lei nº 9394, de 20 de 12/1996. Os referidos cursos serão reavaliados a qualquer tempo e no caso de perda de quali- dade perderão o mérito outorgado. Os custos decorrentes das avaliações dos projetos, cor- rerão a conta dos interessados. Como se depreende do que foi escrito há uma distinção entre os títulos que derivam de “treinamento em serviço” – Residência – Es- pecialista, os que emergem dos Cursos de Aperfeiçoamento e de Especialização – Aper- feiçoamento em... / Especialização em..., rea- lizado em IES e aqueles que resultam de um Curso de Aprimoramento”. O primeiro voltado, tão somente, ao trato clínico, o segundo ao trato clínico e Magisté- rio Superior e o terceiro como um “plus” bus- cado pelo profissional. Do exposto, só após o deferimento de seu registro pelo COFFITO, poderá o profissional, já então devidamente registrado, apresentar- se à sociedade com a titulação que lhe cabe por direito – Especialista, Aperfeiçoamento em ..., Especialização em..., Mestre em..., Doutor em ..., Livre-Docente em...., cabendo, aos CREFITOS efetuarem tais registros na Car- teira de Identidade (tipo livro) de Fisioterapeu- tas e Terapeutas Ocupacionais. Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200164 Reabilitação profissional: análise do preparo do fisioterapeuta para atuação e intervenção na área Este estudo avaliou o preparo do fisioterapeuta para atuar e intervir em uma equipe interdisciplinar que trabalha com Reabi- litação Profissional, relacionando este preparo às ações curriculares oferecidas durante a sua graduação. A preocupação com este tema surgiu a partir da constatação assistemática de que o fisiotera- peuta não tem, em sua formação, a exposição adequada a aborda- gens e intervenções na área de Reabilitação Profissional. Os objetivos deste trabalho foram a identificação de pare- ceres de fisioterapeutas que atuam na área da Reabilitação Pro- fissional, o levantamento das atividades curriculares dos cursos de formação de fisioterapeutas no Estado de São Paulo e, ainda, a análise do significado destes dados para a formação de um pro- fissional apto a atuar e intervir na Reabilitação Profissional. Participaram deste estudo Chefes de Departamento e Co- ordenadores dos cursos de Fisioterapia do Estado de São Paulo que atenderam à nossa solicitação e nos enviaram a estrutura curricular dos cursos sob sua responsabilidade. Também foram contatados fisioterapeutas que atuam em Serviços de Fisioterapia de Instituições ou Centros voltados para a Reabilitação Profissional, também no Estado de São Paulo, os quais responderam questionários que investigavam o perfil des- ses profissionais e o seu conhecimento acerca do processo que visa reinserir, no mundo do trabalho, a pessoa com deficiência. Os dados resultantes da pesquisa mostraram que 85,72% dos fisioterapeutas não se sentiram preparados para a sua atua- ção inicial com Reabilitação Profissional a partir da sua forma- ção na graduação, tendo eles adquirido a sua experiência atual no próprio trabalho. Dentre muitos resultados relevantes também observou-se que 92,86% dos sujeitos não consideram suficiente, para a inter- venção na Reabilitação Profissional, o embasamento teórico-prá- tico oferecido pelo currículo mínimo preconizado pelo MEC. Os profissionais envolvidos na pesquisa sugeriram medi- das que possam viabilizar, já na formação do profissional, um envolvimento com equipes e/ou serviços que trabalham com a Reabilitação Profissional. Sugeriram também a inserção de con- teúdos específicos do tema na grade curricular, para preparar o fisioterapeuta para atuação e intervenções na área. Este, enfim, o objetivo maior do estudo. Resumos de dissertações e teses ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Cecília Barros Carvalho, Dissertação de Mestrado em Educação/Ensino na Educação Brasileira, Julho de 1997, Universidade Estadual Paulista/ UNESP, Campus de Marília, Marília-SP, Endereço para correspondência: Cecília Barros Carvalho, Rua Goiás, 145 apto 1001, 17509-140, Marília-SP Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 65 Prevalência de linfedema subsequente a tratamento cirúrgico para câncer de mama Introdução: O linfedema é a principal complicação decorren- te do tratamento cirúrgico para câncer de mama, acarretando im- portantes alterações físicas, psicológicas e sociais, que compro- metem a qualidade de vida das mulheres. Objetivo: Estimar a prevalência de linfedema em mulheres submetidas a tratamento cirúrgico para câncer de mama. Metodologia: Foi realizado um estudo seccional com 394 mu- lheres em acompanhamento médico no Hospital Luiza Gomes de Lemos / INCa III, no período de abril a agosto de 2000. Os dados foram obtidos através de uma entrevista semi-estruturada, exame físico e complementados pela análise do prontuário. Fo- ram coletadas variáveis relacionadas a características: da paci- ente, do tratamento realizado, do tumor, e das complicações pós- operatórias. Resultados: A prevalência de linfedema variou de 16,2 % a 30,7 % dependendo do critério utilizado para diagnóstico. Os critérios de diagnóstico objetivos apresentaram melhor confiabilidade. Na análise bivariada, as variáveis que se mostraram positivamente associadas (p < 0,05) com o linfedema foram: IMC, número total de dias com dreno, radioterapia, radioterapia axilar, comprometi- mento ganglionar, estadiamento tumoral, relato de sintomatologias sugestivas de edema precoce, relato de edema precoce, infecção no membro superior homolateral ao câncer de mama, limitação no movimento de alcance global da mobilidade, e limitação arti- cular no movimento de abdução e rotação externa. Conclusões: