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Orientação espacial e recrutamento muscular
Biomecânica
Controle do estresse pela técnica de Watsu
Hidroterapia
Alterações respiratórias na doença de Parkinson
Neurologia
Melhora do equilíbrio do tronco
em portadores de lesão medular
Terapia de dança
Janeiro / Fevereiro de 2001Fi
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Pós-graduação
Reconhecimento dos diplomas
ISSN 1518-9740
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Iº Congresso Brasileiro de Pesquisa em Fisioterapia
Pesquisa
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•Métodos de mensuração de equilíbrio
Biomecânica
•Avaliação da eficácia da técnica
cirúrgica de Cavalier
ISSN 1518-9740
•
•
Programa terapêutico em mulheres
com incontinência urinária
Impacto no desempenho funcional
de um programa fisioterapêutico interdisciplinar
Terceira Idade
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•Avaliação cinesiológica das curvaturas lombar
e torácica das gestantes
Gravidez
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•Análise da pressão plantar
Biomecânica
•Estudo do equilíbrio em idosos
ISSN 1518-9740
•Uso do laser no tratamento das úlceras de decúbito
Laserterapia
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•Análise das técnicas de tratamento da lombalgia
Atualização
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•Cinesiologia do movimeto do ataque no voleibol
Esporte
ISSN 1518-9740
•Técnicas de relaxamento e seqüelas de acidente
vascular cerebral
Neurologia
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•Estudo sobre o pé equino
Caso Clínico
•Princípios de laserterapia
Laserterapia
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•Estudo sobre a preensão palmar
Cinesiologia
ISSN 1518-9740
•Músculos isquiorretais no posicionamento do quadril
Anatomia
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•Reabilitação vestibular em duas pacientes com
vertigem posicional paroxística benigna
Caso clínico
•Tratamento da fibrose cística
Pneumo funcional
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•Implicação dos músculos espinhais na escoliose
Biomecânica
ISSN 1518-9740
•Aspectos centrais e periféricos da fadiga
Performance
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•Histórico e princípios da hidroterapia
Hidroterapia
•Princípios de laserterapia - Parte 2
Efeitos sobre os tecidos biológicos
Laserterapia
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 269
Fisioterapia prática
Ginástica Laborativa
EDITORIAL
Um ano de muitos trabalhos, os editores ......................................................................................... 271
RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ......................................................................... 272
ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES
Avaliação de crianças com fibrose cística após 12 meses de fisioterapia respiratória,
Juliana de F. Fracon, Maria J. J. Sologuren, Ada C. Gastaldi, Mário Antônio Baraúna......... 289
Estudo sobre a realização da preensão palmar com a utilização do dinamômetro:
Considerações anatômicas e cinesiológicas, Demóstenes Moreira,
José Roberto Pimenta de Godoy, Watercides Silva Junior ............................................................ 295
A importância dos músculos isquiorretais no posicionamento do quadril, sob uma
visão anatômica, José Antônio SFA Pinna Cabral, Fernando Pinna Cabral, Renato
Guimarães Loffi, Robson Ines Moreira da Rocha, Renata Carolina de Pinna Cabral ............. 301
A importância da avaliação multidisciplinar da articulação temporomandibular
em uma faixa etária de 10 a 12 anos,
Marcus Vinícius de Mello Pinto, Giselle Oliveira de Souza, Marcelly Pedroni ......................... 309
Caso clínico: Reabilitação vestibular em duas pacientes com vertigem posicional
paroxística benigna, André Luís Santos Silva, Silmar Silva Teixeira,
João Soares Moreira, Simone Fernandes .......................................................................................... 313
Normas de publicação ......................................................................................................................... 324
EVENTOS ............................................................................................................................................. 328
Fisioterapia Brasil
Índice
(vol.2, nº5 set/out 2001 - 269~328)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A equipe editorial da Fisioterapia Brasil parabeniza seus leitores
pelo dia do Fisioterapeuta.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001270
© ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distri-
buída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do
copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou
propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado.
Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na
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Fisioterapia Brasil
Editor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científico
Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ/UCB – Rio de Janeiro)
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Prof. Dr. Paulo Sérgio Siebra Beraldo (Coord. Mestrado Sarah Kubitschek – Brasília)
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Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)
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RRRRRevista Fevista Fevista Fevista Fevista Fisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasilisioterapia Brasil
ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740ISSN 1518-9740
RRRRRedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administraçãoedação e administração
(Todo o material a ser publicado deve ser
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(21) 2244-6471 Cel: (21) 9662-9411
Ilustração da capa: Menelau Sete, sem título, acrílico sobre tela, 100x80 cms, 1998
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 271
Editorial
Um ano. Pois é, já estamos fazendo nosso primeiro aniversário e
podemos festejar como um projeto bem sucedido. Uma revista é
sempre uma criança para seus editores, e a cada novo número exis-
te a preocupação de melhora-la em relaçao ao anterior. Como perió-
dico científico o compromisso é de estar trazendo a seus leitores
uma atualização permanente dos trabalhos e pesquisas desenvol-
vidos no Brasil, o que temos feito como ninguém até hoje na Fisio-
terapia. E quando falamos do Brasil é porque, por não estarmos
ligados a qualquer instituição, podemos ter uma independência edi-
torial quanto aos trabalhos submetidos sem nos preocuparmos em
privilegiar um ou outro pesquisador, recebendo material de todos
os centros de pesquisa brasileiros. Na seleção do que vai ser publi-
cado é que é feita a peneira com muito critério do conselho científi-
co da Fisioterapia Brasil.
Podemos destacar trabalhos originais de grande importância ci-
entífica que equipes de fisioterapêutas desenvolveram em centros
de pesquisa reconhecidos nacionalmente, tal como a FIOCRUZ-RJ,
a UFSCAR-SP e UNIT-MG entre outros. Pesquisadores que outrora
somente buscavam publicar em periódicos estrangeiros começa-
ram a mandar seus trabalhos para a Fisioterapia Brasil entendendo
que a revista, embora muito nova, já estava fadada a ser uma refe-
rência para o meio acadêmico. Foram mais de 25 artigos publicados
neste primeiro ano.
Agradecemos a todos que neste primeiro ano colaboraram com a
revista e convocamos quem queira colaborar que se apresente, pois
será muito bem vindo. Aproveitamos também para dar nossos pa-
rabéns pelo dia 13 de outubro, dia do Fisioterapeuta, que é o motivo
da existência deste periódico.
Boa leitura, parabéns e obrigado por este nosso primeiro aniver-
sário,
Os editores.
Um ano de muitos trabalhos
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001272
Resumos do XV Congresso Brasileiro de Fisioterapia
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Condutas fisioterapêuticas no tratamento do linfedema no
pós-operatório do câncer de mama
Introdução
Este estudo investiga as mulheres que desenvolveram Edema
Linfático no membro superior ao lado ipsilateral do local da
abordagem cirúrgica do câncer de mama. O objetivo é investi-
gar a eficácia da bandagem compressiva funcional e da drena-
gem linfática manual na recuperação dessas pacientes.
Metodologia
A pesquisa tem caráter de estudo observacional exploratório
de grupo, tendo sido realizado uma ficha de avaliação e um pro-
tocolo de tratamento fisioterapêutico, constando de drenagem
linfática e bandagem compressiva funcional. O método da pes-
quisa seguiu-se de avaliação inicial e reavaliações semanais
(anamnese, registro fotográfico, mensurações perimétricas);
drenagem linfática manual por 30 minutos e aplicação da
bandagem funcional por 24 horas; freqüência de seis atendi-
mentos semanais, por um período de quatro semanas.
Resultados
Foram atendidas sete pacientes mulheres, com idade entre
46 e 79 anos, sendo que quatro foram submetidas à
quadrantectomia com esvaziamento axilar total e as outras três
à mastectomia radical modificada com esvaziamento axilar. To-
das as pacientes do grupo submeteram-se à radioterapia pós-
cirúrgica. O tempo de instalação do linfedema foi em torno do
sexto mês de pós-cirúrgico nas sete mulheres. Nos resultados
obtidos até o presente, observou-se uma média de redução na
perimetria do antebraço em torno de 1,5 cm, com relatos signi-
ficativos a respeito da qualidade vida: diminuição da sensação
de peso, melhora na execução das atividades de vida diária, sen-
sação de bem-estar e conforto.
Conclusão
Com isso, concluímos que o tratamento fisioterapêutico cola-
bora de maneira importante na recuperação funcional e na rein-
tegração dessas mulheres ao meio familiar, emocional, social e
cultural, bem como na ajuda de seu reconhecimento pessoal,
resgatando a sua imagem e integridade corporal.
Trabalhos apresentados no XV Congresso Brasileiro de Fisioterapia, 10 a 14 de outubro de 2001, São Paulo - SP
Juliana Tieppo*, Eder Marcolin*,
Iara Schneider**, Adriane
Bertotto**, NP Nora***
*Acadêmica Fisioterapia ULBRA-
Canoas-RS, **Profª.ULBRA-IPA/
POA/RS - Mestra p/UCES-ARG,
***Fisioterapeuta Hospital São
Lucas-PUC- POA/RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 273
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A fisioterapia em relação aos pacientes terminais
Introdução
Os fisioterapeutas que trabalham nas Unidades de Terapia
Intensiva cotidianamente cuidam de pacientes em condições
clínicas graves, alguns casos, inclusive, em situações de risco
de vida. Por esta razão, é extremamente importante que o pro-
fissional esteja preparado, tanto técnica como eticamente para
enfrentar essa difícil tarefa. Este trabalho teve como objetivo
traçar um perfil dos profissionais da fisioterapia e conhecer sua
opinião sobre questões que envolvem os pacientes terminais.
Material e métodos
O universo pesquisado foram os fisioterapeutas que trabalham
em Unidades de Tratamento Intensivo nos Hospitais de Alagoas.
Foi aplicado um questionário para obter informações sobre a for-
mação técnica do profissional e sua opinião sobre pacientes ter-
minais, autonomia
do paciente, eutanásia e distanásia.
Resultados
Obtivemos um total de 54 profissionais que atuam no Estado
de Alagoas, sendo 22 que trabalham nas Unidades de Tratamen-
to Intensivo, distribuídos entre os 8 hospitais que oferecem este
tipo de serviço no Estado de Alagoas. Mais de 60% dos profissio-
nais têm herança religiosa católica. Todos entrevistados respon-
deram que explicam os procedimentos aos seus pacientes. Em
relação à eutanásia ativa, 5,5% são a favor e 94,5% são contra.
Eutanásia passiva 73,5% são contra e 26,5% são a favor. Sobre a
autonomia do paciente terminal quando consciente, 58% dos fi-
sioterapeutas responderam que têm autonomia e 42% que não.
Conclusão
É evidente a importância das informações prestadas aos pa-
cientes, mesmo quando na condição terminal; identificou-se a
influência da herança religiosa na opinião dos profissionais
quando se trata de eutanásia; e, a maioria absoluta dos fisiote-
rapeutas entrevistados é contra a eutanásia ativa ou passiva.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A fisioterapia respiratória em UTI na síndrome de Guillain
Barré
O objetivo deste trabalho é mostrar como a fisioterapia previne
complicações respiratórias na SGB durante a hospitalização do
paciente e facilita a reabilitação pós-ventilação mecânica. Esta
síndrome é uma inflamação das raízes nervosas, levando a altera-
ções da sensibilidade e da motricidade, provocada pela
desmielinização da bainha, que impede os impulsos
Waldemar A. das Neves
Jr*,Laís Záu Serpa de Araújo**
*Acadêmico do Curso de
Fisioterapia da UNCISAL, Maceió
– AL, **Professora de Bioética da
UNCISAL, Mestre em Patologia
pela UFF
Pantaleão C, Caixeta F,
Fulgêncio G, Sade I, Gouveia J,
Ferraz J, Pires M, Scárdua M,
Malta P, Diniz T, Seabra V,
Abrunhosa A, Campos F, Frigeri
F, UCP, Petrópolis – RJ
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001274
neuromusculares e o arco reflexo. A principal manifestação clíni-
ca é a fraqueza muscular, que evolui com caráter progressivo e
crescente, começando nos pés, podendo progredir para paralisia
motora total com morte, devido à insuficiência respiratória, pelo
acometimento de diafragma e intercostais, em poucos dias. Até a
terceira semana tem-se a máxima evolução, regredindo com me-
lhora dos sintomas ao longo de alguns meses. O fisioterapeuta atua
durante a permanência do paciente sob assistência ventilatória
onde são observadas alterações como a degradação da função
muscular, por redução da força, tônus e trofismo; que são visíveis
quando há insucesso no desmame ventilatório. Uma das técnicas
utilizadas é a aplicação da pressão positiva em dois níveis,
BILEVEL (IPAP – Pressão positiva inspiratória, EPAP - pressão
positiva expiratória) que incrementa a endurance da musculatura
respiratória promovendo melhor performance. Estes níveis
pressóricos quando superior a 10 cm H2O, proporcionam a abertu-
ra das vias aéreas reduzindo o trabalho muscular respiratório. A
cinesioterapia respiratória enfatiza as manobras de reexpansão,
desobstrução pulmonar e higienização brônquica, evitando com-
plicações como atelectasias, infecções respiratórias, barotrauma.
O trabalho mostra, portanto, de forma clara e científica, a impor-
tância do treinamento muscular respiratório para uma readaptação
progressiva aos esforços e aceleração do processo de desmame.
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Análise do músculo tríceps sural em adolescentes que usam
calçado de salto alto
Introdução
O objetivo da pesquisa foi verificar as conseqüências que o
uso do salto alto traz para musculatura tríceps sural.
Método
O estudo foi feito nas dependências de três escolas da rede
particular na cidade de Belém com 50 adolescentes de faixa
etária entre 13 e 18 anos que usam salto alto há pelo menos 5
anos. O instrumento utilizado na pesquisa foi o goniômetro e os
testes musculares foram do tipo passivo nas posições sentado
em decúbito dorsal com pernas estendidas e decúbito ventral
com joelhos fletidos a 90º, segundo preconizado por Palmer.
Resultados
Os resultados revelaram diminuição da amplitude de movi-
mentação de 92,85% dos testes para o gastrocnêmio e em 59,18%
dos testes para o sóleo.
Conclusão
Os dados da pesquisa dentro das condições utilizadas, evi-
denciaram que a utilização do uso de salto alto traz como uma
conseqüência, a contratura da musculatura tríceps sural, prin-
cipalmente, dos gastrocnêmios.
Continuação
Layla Bandeira Arruda, Thaís
Amanda Monteiro Nobre
Universidade da Amazônia, Belém –
Pará, Orientação: Prof. Ms Renato
Teixeira, Prof. Mestrando Nelson
Higino de Oliveira Filho
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 275
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Análise postural em atletas femininas de handebol
A prática de esportes pode ser o fator desencadeante de alte-
rações posturais que levam a limitações na amplitude de movi-
mento e que, futuramente, poderão desenvolver dores e des-
confortos, além de afetar o desempenho esportivo. O handebol
é um esporte de grande contato corporal, requerendo ações
repetitivas, saltos, corrida e movimentos complexos, além da
solicitação assimétrica da musculatura de tronco e braços. Des-
sa forma, alterações clínicas no sistema locomotor e na postura
podem ocorrer, sendo necessário uma avaliação fisioterápica
global, identificando assimetrias corporais desencadeadas ao
longo da prática do desporto.
A população alvo deste estudo foram as 22 atletas da Seleção
Brasileira Adulta Feminina de Handebol convocadas para a fase
de treinamentos em Santa Maria (RS), visando os Jogos Olím-
picos de Sidney. A ficha de avaliação postural utilizada foi a do
Ambulatório de Fisioterapia do Hospital Universitário da UFSM,
sendo realizada a análise visual de assimetrias e desequilíbrios
corporais, além do registro fotográfico.
Em 63,6% das atletas a anteversão pélvica pode ser observada,
sendo que 50% dos casos em combinação com a lordose lombar.
Quanto aos desvios na coluna, estes existiam em toda população
sendo a lordose lombar (68,18%) mais comum. As assimetrias no
ombro e escápula também apresentaram frequência elevada com
alterações em 100% das atletas: anteriorização de ombros em
95,4% e 90,9% das escápulas com abdução isolada ou combina-
ções de desvios (abdução e elevação, p.ex).
As assimetrias observadas e aqui relatadas não podem ser
caracterizadas como estruturais, tendo em vista a forma subje-
tiva da análise. Os desequilíbrios musculares encontrados e a
alta frequência de alterações na coluna revelam a carência de
estudos na área da fisioterapia desportiva, bem como a impor-
tância da avaliação e acompanhamento dos atletas por este pro-
fissional.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Autismo: Uma abordagem fisioterápica
O autismo é uma inadequação do desenvolvimento que se
manifesta de maneira grave durante toda a vida (Grünspun, 78)
com alterações presentes desde idades muito precoces e que se
caracteriza, sempre, pela presença de desvios nas relações
interpessoais, linguagem/comunicação e comportamento, com
duas características cardinais: isolamento extremo e um desejo
ansiosamente obsessivo de preservação da rotina, e da mesmice
Carla Domingues, Ligia Veronica
Aita, Michele Forgiarini Saccol
Universidade Federal de Santa
Maria – UFSM - RS
Anahi F. N. Pereira, Daniela
Costa, Simone M. Macêdo, Solan-
ge T. Silva
Centro Universitário do Triângulo,
Uberlândia - MG
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001276
(Molfetta, 97). Segundo o livro “Autismo e psicose infantil”, autismo
traduzido literalmente significa viver em termos do próprio eu, ou
seja, uma criança centrada em si mesma
(Moreira, 96).
O diagnóstico é baseado no quadro clínico e não poderá, por-
tanto, ser feito puramente com base em testes e algumas esca-
las de avaliação (Lippi, 99). Com isso, vemos a necessidade de
esclarecer melhor a patologia e seu quadro clínico, facilitando o
diagnóstico para os profissionais da área de saúde bem como os
pais destas crianças, e dando uma abordagem multidisciplinar
com ênfase nos benefícios do tratamento fisioterápico, para que
elas não sejam prejudicadas com um tratamento iatrogênico e
tardio, pois o autismo pode passar desconhecido ou mal diag-
nosticado por meses ou, em alguns casos, até anos.
Essa pesquisa utiliza revisões bibliográficas, dando ênfase
principalmente no diagnóstico, manifestações clínicas do
Autismo Infantil Precoce, nos permitindo elaborar as possíveis
formas de tratamento fisioterápico.
O estudo nos permitiu facilitar o diagnóstico e traçar um tra-
tamento fisioterápico adequado capaz de atuar dentro de todo
quadro clínico da criança com Autismo Infantil Precoce.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia no transplante hepático
Introdução
Cerca de dois terços dos órgãos transplantados são acometi-
dos por pelo menos um episódio de rejeição, muitas vezes pela
decorrência da heterogeneidade da doença hepática. A fisiote-
rapia é medida integrante do suporte terapêutico dos pacientes
transplantados, fornecendo uma contribuição expressiva para
esta parcela da população. O objetivo desse trabalho foi descre-
ver uma série com cinco pacientes que realizaram transplante
hepático e receberam tratamento fisioterapêutico.
Pacientes e métodos
Foram incluídos no estudo os pacientes, que realizaram trans-
plante hepático, entre o período de fev/2001 a abril/2001. Verificou-
se na avaliação, a procedência, idade, sexo, cor, profissão, renda
mensal, o total de dias de internação até o momento da pesquisa,
número de atendimentos prestados pela fisioterapia, complicações
no pós-operatório, medicação utilizada, bem como, as técnicas
aplicadas. Os pacientes receberam 3 atendimentos diários.
Resultados
A média de idade foi de 40,2 anos (± 10,7), sendo 2 pacientes
masculinos, 4 pacientes brancos e 1 pardo. A renda mensal mé-
dia, foi de 4,04 salários mínimos (± 2,1). As doenças hepáticas
foram: cirrose alcoólica (2 casos), cirrose por vírus hepatite C
(2 casos e 1 fulminante). O período médio de internação foi de
59,4 dias (± 22,9). Os pacientes receberam 429 atendimentos
Continuação
Cristine Hermann Nodari,
Anelise Raupp, Bianca
Ghiraldello, Tania Maria
Zambon, Alexandre Simões Dias,
Marcelo Rieder
Irmandade Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre -
ISCMPA e Faculdade de Fisioterapia
do Instituto Porto Alegre – IPA, Porto
Alegre - RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 277
da fisioterapia, sendo que a média foi de 85,8 (± 30,9). As com-
plicações no pós-operatório foram: derrame pleural bilateral e
infecções oportunistas em 4 casos. Ocorreu óbito em 1 caso,
por rejeição aguda. A medicação controle para todos os paci-
entes foi o Ácido ursodesoxicólico, Ciclosporina A, Omeprazol,
Prednisona e Nistatina. Foram aplicadas manobras manuais
desobstrutivas, exercícios de expansão pulmonar, máscara de
EPAP (Pressão Positiva Expiratória) e recondicionamento físi-
co global.
Conclusão
A descrição da série de cinco casos, mostrou-nos que a ava-
liação geral desse pacientes é satisfatória e importante para a
execução da conduta fisioterapêutica, visando assim, o retor-
no precoce às atividades de vida diária, buscando uma me-
lhor qualidade de vida.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
 Reabilitação pós tratamento cirúrgico para lesões condrais
da tróclea do tálus com mosaicoplastia
A lesão condral do tálus é, em sua grande maioria, associa-
da a entorses de tornozelo. O diagnóstico é baseado na inter-
pretação de imagens radiológicas, ressonância magnética e
tomografia computadorizada. A classificação radiológica da
lesão, segundo Bernt e Harty (1959), é a mais utilizada até
hoje. O tratamento cirúrgico é o mais indicado devido a evo-
lução para osteoartrose precoce. Este trabalho reuniu 5 paci-
entes do sexo masculino com lesão osteocondral do tálus, ida-
de média de 32,7 anos, acometimento lateral em 2 casos, 3
lesões do lado esquerdo e tempo médio de evolução das do-
res após o trauma inicial de 12,7 meses. A técnica cirúrgica
foi a mosaicoplastia com utilização de enxerto osteocondral
autógeno da crista troclear lateral do joelho. A reabilitação
precoce foi baseada na mobilização passiva e ativa de torno-
zelo e joelho no pós-operatório imediato, com crioterapia após
os exercícios. Os exercícios foram intensificados após 5-7 dias
com estimulação elétrica para minimizar a atrofia muscular.
A carga foi permitida após 4 semanas nos pacientes com le-
são lateral e com lesão medial pura, e após 6 semanas no pa-
ciente com lesão dupla. Inicia-se então fortalecimento mus-
cular e exercícios de propriocepção até a reabilitação com-
pleta. Todos os pacientes retornaram ao mesmo nível de ati-
vidade que tinham antes da lesão, sendo a média de pontua-
ção da AOFAS 94,5. O retorno as AVDs ocorreu após o retorno
da marcha (16 semanas após a cirurgia). A técnica de
mosaicoplastia e um programa de reabilitação baseado na
mobilização e descarga de peso precoce, otimizaram os resul-
tados obtidos.
Continuação
Marcelo Pires Prado, Maíra
Andressa Malvezzi Valenzi,
Leandro Siqueira Simões,
Alberto Abussamra Moreira
Mendes, Sérgio Luiz Jeremias
Junior
Centro de Ortopedia e Reabilitação
no Esporte do Hospital do Coração –
CORE - SP
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001278
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Intervenção da fisioterapia na incontinência urinária e a
repercussão na relação sexual
Introdução
A incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de
urina que representa um problema social e higiênico para o
paciente. O impacto da perda de urina na qualidade de vida
do paciente, restringe-o social e sexualmente, uma vez que
a maioria dos pacientes reclusam-se e afastam-se dos par-
ceiros.
Objetivo
Analisar a intervenção da fisioterapia em pacientes com di-
agnostico de IU e os resultados da aplicação da escala análogo
visual quanto ao grau de satisfação sexual no início e final do
tratamento fisioterapêutico.
Pacientes e métodos
Através do serviço de Urologia do HNSC, foram encaminha-
das 58 pacientes ao ambulatório de fisioterapia, (durante o ano
de 2000) para a realização de fisioterapia pélvico-vesico-
esfincteriana, Foram submetidas a avaliação, exame físico, ex-
planação anatômica, calendário miccional e aplicação de exer-
cícios fisioterapêuticos. Concomitante ao tratamento (início,
meio e fim), aplicou-se uma escala análogo visual (de 0 a 10)
onde a paciente assinalava o seu grau (de melhora ou não) da
condição sexual.
Resultados
Das 58 pacientes do estudo, 9 (20%) não apresentavam vida
sexual ativa. A média de idade foi de 44,2 anos (25-71), e duração
dos sintomas era de 5,5 anos, onde 24 (53,3%) das pacientes já
realizaram 1 ou mais intervenções para IU. O grau da muscula-
tura pélvica inicial foi de 2,4 (na escala de 0-5) e após 4,3 meses
(em média) atingiu-se um grau de musculatura de 4,14. Usa-
vam em média de 5,6 forros/dia inicialmente e nenhum forro ao
final do tratamento. O grau quanto à melhora da qualidade se-
xual, inicialmente, era 1,61 (escala de 0-10) e ao final do trata-
mento foi de 8,25.
Conclusão
Através deste estudo, observamos que a implementação das
atividades fisioterapêuticas, contribuíram para a recuperação
da continência urinária e da melhora considerável quanto à
relação sexual das pacientes. Concluímos que, o reforço
da
musculatura do assoalho pélvico e a recuperação da
neuroplasticidade sinérgica vésicoesfincteriana em pacientes
com IU refletem na melhora da qualidade da relação sexual e
auto-estima da paciente
Camila M. Chaves, Tânia M.F.
Zambon, Taise C. Tessari,
Cristine H. Nodari, Dr. Isidoro D.
Papadopol
Hospital Nossa Senhora da
Conceição-HNSC- Faculdade de
Fisioterapia do IPA, Porto Alegre -
RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 279
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia respiratória no paciente hospitalizado por
tétano grave: relatos de dois casos
Introdução
O tétano é uma doença infecciosa, não contagiosa,
freqüentemente fatal, causada pela ação do Clostridium tetani
sobre as células do SNC. Devido suas características (hipertonia
da musculatura estriada), observam-se: trismo, opistótono, ri-
gidez abdominal e rigidez de nuca. Os espasmos são violentas
exacerbações paroxísticas da hipertonia e levam o paciente a
um quadro asfíxico, com cianose e parada respiratória. Nem
sempre o uso de drogas músculo-relaxadoras cessam os espas-
mos, sendo então administrados bloqueadores da junção
mioneural. Neste momento a fisioterapia tem o importante pa-
pel de manter as vias aéreas permeas, adequadamente ventila-
das e higienizadas através da instituição de manobras terapêu-
ticas e adequação de parâmetros da ventilação mecânica. O pre-
sente trabalho tem como objetivo observar a evolução pneumo-
funcional de pacientes internados com tétano grave, submeti-
dos à ventilação mecânica e tratamento fisioterápico.
Metodologia
Foram observados dois casos de tétano grave internados no
HC-UNICAMP durante 28 dias. Foram realizadas sessões de fi-
sioterapia respiratória durante todos os dias de internação, in-
cluindo técnicas de higiene brônquica, aspiração, reexpansão
pulmonar e adaptação de parâmetros ventilatórios. Durante o
acompanhamento dos pacientes foram avaliados a ausculta pul-
monar e os radiogramas de tórax.
Resultados
Durante os 28 dias de tratamento fisioterápico em cada paci-
ente, foram observados: melhora da ausculta pulmonar quanto
ao desaparecimento de ruídos adventícios e aumento na venti-
lação pulmonar basal no paciente 1 em 71,4% dos dias de atua-
ção fisioterapêutica, e no paciente 2, em 75% dos dias. Quanto
ao acompanhamento do radiograma de tórax, foi observado que,
entre a imagem do 1º dia de internação e do 28º dia, não houve
alteração volumétrica, mantendo-se a expansibilidade.
Conclusão
Através dos resultados obtidos, concluímos que o tratamen-
to fisioterápico foi eficaz na maior parte dos dias de atendi-
mento, perfazendo um total de melhora na ausculta pulmo-
nar pela anamnese em 73,2% dos dias.
Camilla Valladão Fernandes,
Evelyn Regina Couto
Unicamp, Campinas - São Paulo
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001280
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Peso corporal e peso do material escolar transportado por
crianças em idade escolar
O conhecimento da quantidade de material escolar transpor-
tado pelos escolares e relacionando-o ao seu peso corporal é im-
portante para uma atuação preventiva no sentido de impedir ou
minimizar as possíveis alterações na postura e nas estruturas da
coluna vertebral das crianças, além de ampliar a atuação do fisi-
oterapeuta na área escolar. Dessa forma, o objetivo do presente
estudo foi quantificar o peso absoluto do material escolar relaci-
onando-o com o peso corporal dos escolares das escolas particula-
res de Bauru. Foram sujeitos 116 meninos e 124 meninas, com
idades entre 11 e 14 anos, de 5a e 6a séries da rede de ensino parti-
cular de Bauru, no período de outubro de 2000 a março de 2001.
Para a consecução do objetivo proposto foram realizados os se-
guintes passos: coleta de dados, junto à secretária de educação,
do número de alunos matriculados nas escolas particulares da
cidade de Bauru; identificação das séries escolares em que é
exigida maior quantidade de material escolar; dados específicos
sobre o tipo de equipamento, peso do material transportado e
peso dos sujeitos da amostra. Foram feitas análises estatísticas
descritivas, testes de hipótese (Mann-Whitney), teste Kruskal –
Wallis e de correlação (Pearson). Os resultados indicaram que: 1)
Os escolares do sexo masculino transportam maior quantidade
de material escolar comparados aos do sexo feminino; 2) Os es-
colares que utilizam “carrinho” como equipamento para trans-
porte do material escolar transportam maior peso comparados
aos que utilizam mochila de fixação escapular e mochila de fixa-
ção dorsal; 3) Há relação inversa entre a idade e o peso do materi-
al escolar; 4) 30% dos alunos transportam material escolar com
peso igual ou acima de 4kg; 5) 29,5% da amostra transportam
peso acima de 10% do peso corporal e 10% estão acima de 15% do
seu peso corpóreo. Pode-se concluir que os estudantes analisa-
dos estão sendo submetidos a peso de material escolar excessivo,
expondo-os a um maior risco de lesões nas estruturas músculo-
esqueléticas da coluna vertebral.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Elogio da ação sensível - projeto de extensão em fisioterapia
neurofuncional domiciliar
O Projeto de Extensão em Fisioterapia Neurofuncional Do-
miciliar acontece no Bairro Canudos, periferia da cidade de Novo
Hamburgo, região do Vale dos Sinos de Porto Alegre, 60.000 ha-
bitantes, desde setembro do ano de 1999. Veio propor uma Fisi-
oterapia que vai ao encontro das necessidades dos alunos e da
Cynthia Madrigal, Vanessa Silva
Sales, Alberto de Vitta
Universidade do Sagrado Coração –
Bauru – São Paulo)
Ana Clara Bonini Rocha
Centro Universitário Feevale – NH/RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 281
população, porque se volta para valores de manutenção e de
prevenção da saúde. Seus principais objetivos são de proporci-
onar ação de qualidade, sensível e técnica, para um recorte
populacional carente e excluído, que desconhece a Fisioterapia
autônoma e científica, e de possibilitar ao agente de saúde, alu-
no de Fisioterapia, uma ação humanista como valor profissio-
nal, o que os conduzirá a um salto em direção a qualidade pro-
fissional e para a conquista de uma identidade de ética social. O
egresso terá tido todos os subsídios para produção de conheci-
mento específico na área da fisico-função da mais alta qualida-
de técnica e conhecerá os seus compromissos para com a socie-
dade. Os objetivos específicos são de proporcionar um campo
para produção científica de projetos e trabalhos de conclusão
de curso nas áreas preventiva, recuperativa, curativa, e social;
Proporcionar um olhar para toda a dimensão da saúde que trans-
cende a lógica da doença; Formar profissionais que se diferenci-
em por sua visão global do ser humano; Popularizar a Fisiotera-
pia. Quer ser uma contribuição para a sociedade, uma interven-
ção profissional de Fisioterapia e de docência fundamentada nas
relações interpessoais, científicas e fraternas, que
complementem as limitações do conhecimento. A triagem é fei-
ta através do preenchimento de Ficha de Inscrição no Posto de
Saúde Municipal, e a avaliação e reavaliação fisioterapêutica
neurofuncional possui critérios da Medida de Independência
Funcional, da Prova de Funcionalidade, da Tabela de Held, e do
Controle Motor (Ashburn). São 30 alunos e 80 pacientes (crian-
ças, adultos e idosos) sendo atendidos em 20 horas semanais
por voluntários, supervisor e assessores de ensino. Desnuda-se
uma demanda até então escondida pela pobreza e pelo isola-
mento, e que precisa ser atendida em nome da responsabilida-
de que tem uma ação fisioterapêutica de saúde, fazendo da Fisi-
oterapia do século XXI uma realidade: uma terapia para a vida.
○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Ordem de recrutamento muscular em movimentos de
apontar e sua relação com as forças geradas nas
articulações
Introdução
Para alguns autores a ordem de recrutamento muscular se-
ria função da orientação do braço no espaço. Para outros auto-
res, a ordem de recrutamento muscular obedeceria à demanda
mecânica da tarefa. Neste estudo testamos a hipótese de que a
mudança na ordem de recrutamento seria conseqüência dos
torques de interação, gerados pelo movimento da articulação
focal, na articulação não-focal.
Métodos
Os movimentos do ombro, cotovelo e dedo indicador foram
reconstruídos no espaço, utilizando um sistema óptico de análi-
Continuação
Nadia Fernanda Marconi*,
Maira Lícia Foresti**, Gil Lucio
Almeida*.
*Universidade Estadual de
Campinas, São Paulo e
Universidade de Ribeirão Preto -
São Paulo, ** Universidade de
Ribeirão Preto -São Paulo
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001282
se tridimensional (Optotrak). Os movimentos foram realizados
em cinco orientações espaciais diferentes (180°, 135°, 90°, 45° e
0°). As tarefas realizadas nas orientações espaciais de 180°, 135°
e 90° foram executadas com adução do ombro e as tarefas reali-
zadas nas orientações de 45° e 0° foram executadas com abdução.
Em todas as orientações, o cotovelo sempre moveu em exten-
são. A partir destes dados, calculamos os torques musculares e
de interação nestas articulações. Simultaneamente, registramos
a atividade eletromiográfica (EMG) de cinco músculos (deltóide
anterior, deltóide posterior, bíceps braquial, braquioradial e
tríceps lateral). Esses dados foram utilizados para o cálculo da
ordem de recrutamento muscular.
Resultados
A ordem de recrutamento muscular muda com a orientação
espacial. Embora o cotovelo tenha movido em extensão em to-
das as orientações espaciais, o bíceps braquial (antagonista) foi
ativado antes do tríceps braquial (agonista), em duas orienta-
ções espaciais em que o braço moveu em adução (180º e 135º).
No entanto, o braquioradial comportou-se como antagonista em
todas as orientações espaciais. Por outro lado, não houve uma
relação entre a ordem de recrutamento da musculatura do mem-
bro superior e os torques de interação.
Discussão
Os resultados deste estudo revelam que a mudança na or-
dem de recrutamento do bíceps, em algumas orientações espa-
ciais, deve ser atribuída à sua atuação bi-articular. Essa mudan-
ça na ordem de recrutamento atende à demanda mecânica da
tarefa, em termos da geração de força muscular na articulação
do ombro. Estes achados indicam que devemos ser cautelosos
ao utilizarmos a terminologia agonista-antagonista para descre-
ver a ação da musculatura, em tarefas motoras mais complexas.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A fisioterapia participando da recuperação da corporeidade
e auto-estima de idosos - estudo de caso
O envelhecimento representa etapa do desenvolvimento indi-
vidual, com perdas gradativas da capacidade física e intelectual
e menor expectativa de vida. De posse do conhecimento do mé-
todo proposto por Kelder (1985), sugerindo cinco exercícios
tibetanos, com finalidade de postergar o envelhecimento, optou-
se pela aplicação e verificação de seus efeitos numa Instituição
Asilar, na cidade de São Carlos, SP. Os objetivos da presente co-
municação consistem em apresentar e descrever estudo de qua-
tro idosos (uma mulher e três homens, 69, 60, 64 e 78 anos respec-
tivamente), submetidos a exercícios da referida técnica, diaria-
mente, durante seis meses consecutivos. Foram realizados antes
e ao final da intervenção, exames laboratoriais (hemograma, do-
sagens hormonais de T3, T4, TSH), testes complementares
Continuação
Cristina Faria Westphal, Simone
Farhat Moujaes, Nelcy Vera Nunes
Simões, Aguinaldo Gonçalves
Grupo de Saúde Coletiva/
Epidemiologia e Atividade Física –
FEF/Unicamp, Campinas - SP
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 283
(Barthel e “Minimal Memorial Test”), avaliação fisioterápica e
geriátrica. No inicio, observou-se presença de rigidez articular,
referência de dor, déficit de coordenação motora, fadiga, indispo-
sição, pele ressecada, máculas senis e dificuldade de memorização
para todos os exercícios. No final, houve recuperação acentuada
de memória, diminuição da queixa de dores, da rigidez articular,
melhora significativa das manchas senis (40%); as taxas hormonais
elevaram-se em 20% e houve, ainda, melhora na ventilação pul-
monar. Registra-se, assim, situação que pessoas da Terceira Ida-
de, podem ganhar condições mais dignas de vida, de imagem
corporal e de bem-estar físico-emocional em procedimentos
terapêuticos que incluam, destacadamente, a Fisioterapia.
Referência: Kelder P. A fonte da juventude. Editora Best Seller: São Paulo, 1989.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fonocardioamplicador com análise gráfica - um recurso
didático para aulas de ausculta cardíaca
Introdução
A ausculta cardíaca constitui um dos itens do exame físico
fisioterápico que exige do profissional uma interpretação do som
auscultado com a fisiopatologia do quadro clínico. O aprendiza-
do é difícil e deve ser utilizado ainda na graduação.
Objetivos
Facilitar o aprendizado da ausculta cardíaca de modo a tornar o
estudo mais interessante e agregador. Demonstrar formas de utili-
zação da informática como meio didático simples e de baixo custo.
Metodologia
Através de um estetoscópio comum, que teve sua parte
auricular retirada restando-lhe apenas a campânula e o segmen-
to cilíndrico foi adicionado um microfone capacitivo de eletreto,
componente comum em rádio-gravadores. A cápsula foi solda-
da ao tubo do estetoscópio com algodão embebido em cola para
evitar perda de som e interferências do ambiente. Através de
fio e plugues apropriados o conjunto foi conectado a uma placa
de som de computador. O sinal recolhido recebe tratamento atra-
vés de um programa de som como o Cool Edit 96ä ou similar
que possibilita amplificação e análise ondulatória do som.
Resultados
Aumento do interesse dos alunos e da interatividade do gru-
po. Maior assimilação do conteúdo e maior facilidade de inter-
pretação dos sons cardíacos.
Conclusão
O fonocardioamplificador pode ser usado como mais um
recurso didático nas aulas de ausculta cardíaca por ser um
equipamento de simples montagem, de baixo custo e portá-
til. Permite a criação de uma fonoteca com diferentes sons
cardíacos, nas mais variadas situações.
Continuação
Will Hernane Pereira Costa,
Giane Amorim Ribeiro, Lívia
Ribeiro Borges Lazzarotto,
Juliana Magalhães Machado
Barbosa
Centro Universitário de Belo
Horizonte - UNI-BH – Belo
Horizonte - MG
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001284
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Descrição de um projeto de hidroterapia pediátrica em
Florianópolis
O projeto em análise consiste em um programa de
hidroterapia realizado na piscina do Centro de Educação Física,
Fisioterapia e Desportos (CEFID), da Universidade do Estado
de Santa Catarina (UDESC) em uma parceria entre esta insti-
tuição de ensino e o Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG)
de Florianópolis. O projeto é coordenado por um médico do
HIJG, e executado por acadêmicos de Fisioterapia da UDESC.
As atividades iniciaram em 1996, atendendo crianças com di-
versas patologias crônicas, que chegam ao ambulatório do HIJG
com a necessidade da prática de atividade física. O programa é
ministrado através de duas sessões semanais durante o ano le-
tivo da Universidade. O objetivo principal deste estudo é o de
descrever o projeto de hidroterapia pediátrica realizado em par-
ceria com o CEFID-UDESC e
o HIJG de Florianópolis. Os da-
dos foram obtidos através de uma análise retrospectiva dos pron-
tuários de todos os pacientes que participaram deste projeto,
desde março do ano de 1996 até dezembro de 1999. Os pacientes
foram subdivididos conforme suas patologias em 4 grandes gru-
pos: “patologias ortopédicas” (problemas posturais, legg-calvè-
perthes, osteogênese imperfecta, etc), “neurológicas” (distrofias,
paralisia cerebral, mielomeningocele, etc), “respiratórias” (asma,
bronquite e mucoviscidose) e “outras” (obesidade, baixa estatu-
ra, puberdade precoce, etc). No período do estudo, foram aten-
didas em média 50 crianças, com idades variando entre 3 e 14
anos. Foram classificadas 8 crianças no grupo das patologias
ortopédicas, 20 no grupo das neurológicas, 16 com patologias
respiratórias e 6 com outras doenças. A média de atendimento
diário foi de 20 crianças. Conclui-se que o projeto em questão
atende crianças com as mais diversas doenças, sendo que as
patologias neurológicas, nestes 3 anos, se mostraram em maior
número de ocorrências, seguidas de perto pelas patologias res-
piratórias. Graças aos efeitos benéficos da água, foram obtidos
grandes resultados no tratamento destas crianças, principalmen-
te no que diz respeito à independência no meio aquático. Pelo
fato de não ter havido nenhuma espécie de acidente na vigên-
cia das sessões, verifica-se a segurança do projeto.
Resumos de congressos e trabalhos
Ana Cristina C. Pons*, Gesilani J.
da Silva*, Joel Steinman**
*Acadêmicas do curso de
Fisioterapia do Centro de Educação
Física, Fisioterapia e Desportos,
Universidade do Estado de Santa
Catarina, Florianópolis SC,
*Médico Pediatra
Congresso Brasileiro de Fisioterapia
Respiratória, Gramado - RS - 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 285
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Síndrome de Guillain–Barré tipo Aman e fisioterapia: relato
de caso
A Síndrome de Guillain–Barré (neuropatia desmielinizante
inflamatória aguda), é descrita por acometimento de nervos
periféricos e cranianos. Compreende variantes conhecidas em
literatura, sendo o tipo Aman caracterizado pelo envolvimento
axonal sensório–motor agudo, comprometendo adolescentes
entre 10 e 15 anos (aproximadamente), e acometendo região
superior do corpo (cabeça, pescoço, membros superiores, tórax,
e músculos respiratórios). Esta variante é de caráter extrema-
mente rara e de difícil diagnóstico.
W.A.S., 9 anos, sexo masculino, internado por faringite, apre-
sentou insuficiência respiratória aguda grave e paralisia aco-
metendo a região superior do corpo. O diagnóstico de AMAN foi
definido 30 dias após a internação. Evoluiu com ventilação me-
cânica prolongada (70 dias), fraqueza muscular respiratória e
difícil desmame. Não houve necessidade de traqueostomia.
A fisioterapia proposta deu enfoque à higiene brônquica,
reexpansão pulmonar e treinamento muscular. Iniciou-se o tra-
balho imediatamente após a internação e evoluiu com acompa-
nhamento intensivo ininterrupto, complementando-se em am-
bulatório pós alta hospitalar.
As condições atuais do paciente mostram recuperação total
da função respiratória e leve comprometimento postural, ainda
em acompanhamento fisioterapêutico.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia respiratória em pós-operatório de cirurgia
cardíaca pediátrica: influência do modo de tratamento com
Sato2 e estabilidade hemodinâmica
Nos últimos anos a Fisioterapia Respiratória tem tido grande
indicação em crianças submetidas à cirurgia cardíaca, com a
finalidade de prevenir e tratar complicações pulmonares no pós-
operatório.
Com o objetivo de avaliar os efeitos de técnicas específicas
de fisioterapia com a Saturação de Oxigênio (SATO2) e a estabi-
lidade hemodinâmica (onde avaliamos a Freqüência Cardíaca
(FC) e a Pressão Arterial média (PAm) e comparar qual das téc-
nicas levou a maior alteração dos parâmetros analisados, este
trabalho foi desenvolvido.
Foi utilizado o monitor SIEMENS SC 6002 para análise da
FC,SATO2 e PAm. As três condutas utilizadas foram:1-Mano-
bras de desobstrução brônquica (MDB) , de Reexpansão Pul-
G. Cecílio, R. Grande
Hospital de Clínicas da
Universidade Estadual de
Campinas, Serviço de Fisioterapia
Pediátrica. Campinas - SP
Congresso Brasileiro de Fisioterapia
Respiratória, Gramado - RS - 2000
B. Daniela, M. Edna
Hospital Português, Instituto do
Coração de Pernambuco, Recife PE
Congresso Brasileiro de Fisioterapia
Respiratória, Gramado - RS - 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001286
monar (RP)e Posicionamento. 2-MDB,RP. 3-MDB, Posicion-
amento e Aspiração.
Vinte crianças entre 5 m a 15 a, em pós-operatório de cirurgia
cardíaca, com indicação de fisioterapia foram incluídas. A esco-
lha da conduta a ser aplicada foi baseada nos achados clínicos
(Ausculta Pulmonar (AP) e Rx do dia) e comentários do corpo
de enfermagem. A FC, SATO2 e PAm, foram analisadas antes,
durante e após cada procedimento.
Resultados: Em relação a FC houve diferença estatisticamen-
te significativa entre a FC antes e após nas condutas 1 e 3. Em
relação a SATO2 e PAm não houve diferença estatisticamente
significativa antes e após o procedimento nem entre as três con-
dutas.
Concluímos que condutas que incluem posicionamento e
aspiração de secreções causam maiores alterações na
hemodinâmica em relação a condutas na quais estas técnicas
não estão incluídas.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia respiratória na síndrome deprune belly
A síndrome de Prune Belly ou da “barriga em ameixa seca” é
congênita e se manifesta em recém-nascido do sexo masculino.
Caracteriza-se por paredes abdominais finas e flácidas, de as-
pecto ruguso com hipoplasia ou agenesia dos musculos da pa-
rede abdominal, criptorquidia bilateral e anomalias das vias
urinárias. L.A.S., 6 meses de idade, deu entrada na unidade pa-
cientes graves do Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ em
11/05/98, proveniente do lar, com quadro de IRA, anemia, sepse,
diarréia, distúrbio de coagulação, choque e infecção urinária.
Foi intubado, ventilado mecanicamente por 18 dias, sendo 16
dias em VMI e 02 dias em CPAP traqueal. Neste período ocorreu
um episódio de PCR por extubação acidental. O acompanha-
mento fisioterápico foi de forma descontínua, ora por apresen-
tar labilidade clínica, ora por intolerância às tentativas de des-
mame, necessitando inclusive de parâmetros agressivos. Após
desmame da prótese ventilatória, o RX imediato do tórax mos-
trava atelectasia do LSD.A postura do paciente no leito era de
hiperextensão da coluna vertebral, discreta retração do esterno,
elevação das costelas e dos ombros e encurtamento da muscu-
latura do pescoço. O aspecto geral do tórax era de deformidade
em sino (redução do diâmetro apical e aumento do diâmetro
diafragmático. O tratamento fisioterápico instituído incluiu a
colocação de uma cinta abdominal, posicionamento em prono
com retroversão de pelve e foi utilizado o método RTA-
Reequilíbrio Tóraco Abdominal, como terapêutica de primeira
B. Daniela, M. Edna
Hospital Português, Instituto do
Coração de Pernambuco, Recife PE
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Respiratória, Gramado - RS - 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001 287
escolha e, em seguida, aspiração naso-faríngea. O manuseio in-
cluiu alongamento passivo de toda a musculatura paravertebral
e de cintura escapular, enfatizando o alongamento dos múscu-
los peitorais. O RX de tórax após conduta, mostrou recrutamen-
to alveolar da área comprometida. Concluímos que o apoio ade-
quado da parede abdominal, através do uso da cinta e postura
prona, associado aos alongamentos descritos e maior estabili-
dade da
caixa torácica fez com que houvesse melhora significa-
tiva do padrão respiratório com repercussão clínico funcional.
Atualmente o paciente segue acompanhamento sistematizado
de fisioterapia respiratória ambulatorial no IFF- FIOCRUZ .
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Linfangiectasia pulmonar congênita – serviço de
atendimento domiciliar as crianças cronicamente enfermas
do IFF-Fiocruz
ASO, 1a, masculino, foi encaminhado ao IFF aos 12 dias de
vida com quadro de taquidispnéia e cianose persistentes, esfor-
ço respiratório acentuado, ausculta pulmonar com diminuição
do murmúrio vesicular e broncoespasmo. Rx de tórax
inexpressivo. Após biópsia, foi diagnosticado como portador de
Linfangiectasia Pulmonar Congênita, um raro distúrbio congê-
nito caracterizado por dilatação excessiva dos ductos linfáticos
por todo pulmão. Apresentando-se em 03 diferentes tipos quanto
sua extensão e gravidade, a LPC, na maioria dos casos, mani-
festa um quadro clínico de angústia respiratória com cianose
logo após o nascimento, progredindo com piora do quadro em
geral. Está associada a outras anormalidades em 50% dos casos;
seus estudos de imagem mostram hiperinsuflação e padrão
reticular difuso, e seu diagnóstico é feito através de biópsia pul-
monar, apresentando dilatações císticas dos linfáticos nas regi-
ões subpleural e intralobular e nos espaços perivasculares, dan-
do aos pulmões um padrão reticulado subpleural de finas linhas
brancas interconectadas com áreas císticas de aprisionamento
aéreo. Durante o período de admissão, necessitou de O2 suple-
mentar (oxyhood), e suporte pressórico (CPAP-nasal), posterior-
mente adaptado a um Bipap através de máscara nasal. Atual-
mente, é dependente de O2 e Bipap noturno. Apresenta uma
frequência respiratória média de repouso entre 35-45 irpm, aus-
culta pulmonar com murmúrio vesicular diminuído globalmente
e broncoespasmo persistente (faz uso de salbutamol 4/4 h), es-
forço respiratório moderado com tiragem costal, uso excessivo
de musculatura acessória com consequente abaulamento
torácico, aletas nasais aladas, com padrão radiológico de
hiperinsuflação generalizada. É acompanhado 2 vezes por se-
mana, com a finalidade de minimizar a morbi-mortalidade. Até
Rafaela Mendes, Marcia de
Castro
IFF-FIOCRUZ Rio de Janeiro RJ
Congresso Brasileiro de Fisioterapia
Respiratória, Gramado - RS - 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 - Setembro / Outubro 2001288
o momento, o paciente parece responder bem ao tratamento, o
qual consiste em manuseios do método RTA (Reequilíbrio
Tóraco-Abdominal), apresentando melhora na ventilação e na
mecânica respiratória, com diminuição de FR e menor solicita-
ção da musculatura acessória, após terapêutica.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O vínculo mãe-bebê em prematuros que foram submetidos à
ventilação mecânica e a relação com seu comportamento
motor
Sabemos que o bebê prematuro, que necessita de ventilação
mecânica ao nascimento, sofre uma separação abrupta da mãe
logo após o parto, também observamos que com o advento dos
Centros de Terapia Intensiva Neonatais hoje sobrevivem crian-
ças que anteriormente não teriam possibilidade de vida. Anali-
sando estas questões, surge na área de estudo da Fisioterapia a
necessidade de pesquisarmos mais sobre todas as possibilida-
des que levem estas crianças a terem maior qualidade de vida.
O objetivo de nossa investigação é relacionar a interação da mãe
com seu bebê prematuro, que foi submetido à ventilação mecâ-
nica (VM), com os transtornos de comportamento motor no pe-
ríodo de internação hospitalar. A pesquisa foi realizada no Cen-
tro de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Conceição da Cri-
ança, em Porto Alegre, no ano de1999. A coleta de dados foi rea-
lizada através de revisão de prontuários médicos, entrevistas
semi-estruturadas às mães, observações sistemáticas das visi-
tas das mães aos bebês e avaliação do comportamento motor
através da escala de Brazelton. Participaram deste estudo 14
mães e seus bebês. Os dados das entrevistas foram agrupados,
conforme as respostas similares, em categorias e analisados de
forma qualitativa. Os achados das observações foram relacio-
nados com o encontrado no comportamento dos bebês, através
de análise estatística, utilizando o Coeficiente de Correlação de
Pearson. Encontramos várias correlações significativas, desta-
camos: correlação inversa entre exagero de estimulação da mãe
e maturidade motora do bebê (-0,612), correlação direta entre
calor e emoção maternal com habituação à luz (0,875), entre
verbalização da mãe e habituação à luz (0,704), entre interação
positiva da díade e habituação à luz (0,763) e entre interação
positiva da díade e habituação ao som de chocalho (0,539). Con-
cluímos afirmando que é necessária a atuação da Fisioterapia,
de forma preventiva, nas alterações do desenvolvimento motor
destes prematuros submetidos a VM.
K. Scaramussa, V.Rech
Universidade Luterana do Brasil,
Canoas - RS
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Respiratória, Gramado - RS - 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 289
Artigo original
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Avaliação de crianças com fibrose cística após 12 meses
de fisioterapia respiratória
Evaluation of children with cystic fibrosis after 12 months of
respiratory physiotherapy
Juliana de F. Fracon*, Maria J. J. Sologuren**, Ada C. Gastaldi***, Mário Antônio Baraúna****
*Mestre em Fisioterapia, **Livre Docente em Pediatria, ***Doutora em Reabilitação Pulmonar, ****Doutor em
Motricidade Humana, Centro Universitário do Triângulo – UNIT
Resumo
Objetivos: Avaliar o crescimento pondero estatural, o estado
nutricional, a freqüência de pneumonias e a tolerância ao exercí-
cio, em crianças com fibrose cística, após associação de fisioterapia
respiratória tradicional ao tratamento farmacológico.
Métodos: Foram avaliadas 7 crianças com fibrose cística com-
provada, do Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. A fisioterapia
respiratória foi realizada de novembro de 1997 a outubro de 1998,
em sessões de 1 hora, 3 vezes por semana.
Os parâmetros avaliados no início e ao final da pesquisa foram
peso e altura, pela tabela do National Center for Health Statistics;
estado nutricional, segundo o escore de Waterlow; freqüência de
pneumonias em relação aos 12 meses anteriores; tolerância ao exer-
cício, pelo teste de caminhada de 6 minutos.
A análise estatística utilizou a prova de Wilcoxon, com nível de
significância em 0,05.
Resultados: O crescimento pondero estatural estava comprome-
tido no início e ao final da pesquisa, embora houvesse ganho signi-
ficativo de peso e estatura ao final. O estado nutricional, previa-
mente comprometido, assim se manteve. Os episódios de pneumo-
nia diminuíram significativamente (p < 0,05). Não ocorreram alte-
rações significativas no teste de caminhada de 6 minutos.
Conclusão: O grupo teve crescimento pondero estatural signifi-
cativo e diminuiu a freqüência de pneumonias. No entanto, mante-
ve-se desnutrido e com tolerância ao exercício inalterada.
Endereço para correspondência: Maria José Junho Sologuren, Rua Guaicurus, 270 -
Bairro Saraiva, 38408-394 Uberlândia – MG, Tel: (34) 3214-2914, Fax: (34) 3239-9617,
E-mail: solo@triang.com.br
Palavras-
chave: Fibrose
cística,
Fisioterapia
respiratória,
Avaliação
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001290
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Abstract
Objectives: To evaluate weight and height growth, nutritional
status, frequency of pneumonia episodes, and tolerance to exercise,
in children with cystic fibrosis after
the association of traditional
respiratory physiotherapy with pharmacological treatment.
Methods: Seven children with confirmed cystic fibrosis seen at
the Pediatric Pulmonology outpatient clinic of the Federal
University of Uberlandia were evaluated. Respiratory physiotherapy
was performed from November 1997 to October 1998 in 1 hour
sessions three times a week.
The parameters evaluated at the beginning and at the end of the
study were weight and height according to the National Center for
Healt Statistics; table, nutritional status, frequency of pneumonia
during the previous 12 months, and tolerance to exercise
determined by the 6 minute walk test.
Data were analyzed statistically by the Wilcoxon test, with the
level of significance set at 0.05.
Results: Weight and height growth was impaired both at the
beginning and at the end of the study, although a significant weight
gain had occurred by the end of the study. The previously
compromised nutritionsl status continued to be so at the end of the
study. The episodes of pneumonia decreased significantly (p < 0.05).
There were no alterations in the 6 minute walk test.
Conclusion: The group had a significant weight and height
growth and a decreased frequency of pneumonia. However, it
continued to be malnourished, with inaltered tolerance to exercise.
Introdução
A fibrose cística (FC) é a mais comum das
doenças genéticas potencialmente letais da
raça branca [1,2]. Embora seja
multissistêmica, a doença pulmonar
obstrutiva crônica e a desnutrição são suas
manifestações mais exuberantes [3]. Entre
caucasianos, sua incidência estimada é de 1
em 2.500 nascidos vivos [4].
A doença respiratória progressiva é a prin-
cipal responsável pela morbi-mortalidade,
embora sua severidade seja muito variável [5].
Em 1938, 80% dos doentes morriam no pri-
meiro ano de vida [6]. Contudo, o diagnóstico
e o tratamento precoces têm permitido um
aumento na sobrevida, nos países desenvol-
vidos. A média de sobrevida esperada para os
nascidos em 1990 é de 40 anos [7].
Key words:
Cystic fibrosis;
Respiratory
physiotherapy,
Evaluation
No Brasil, porém, a sobrevida ainda é pe-
quena. Em Minas Gerais, a média de sobrevida
relatada por Reis et al. (1998) foi de 12,6 anos,
semelhante à observada em países desenvol-
vidos em 1970. Estes autores relacionaram a
curta sobrevida à organização do sistema de
saúde e às condições sócio-econômicas desfa-
voráveis nos países em desenvolvimento [8].
No tratamento, destacam-se os antibióticos
para combater as inúmeras infecções pulmo-
nares que são, na maioria dos casos, respon-
sáveis pelo rápido declínio na função pulmo-
nar [9]; a reposição de enzimas pancreáticas e
a melhora no estado nutricional [10,11] e a eli-
minação das secreções pulmonares [12].
Fisioterapia respiratória é suporte impres-
cindível no tratamento da doença pulmonar
[12]. A fisioterapia respiratória tem como ob-
jetivo remover o muco viscoso e o exsudato
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 291
causado pelas infecções pulmonares, sendo o
principal tratamento não farmacológico. Deve
ser iniciada desde o diagnóstico e continuada
regular e rotineiramente até o fim da vida,
independente do grau de comprometimento
pulmonar. Há controvérsias a respeito de quais
técnicas fisioterápicas devem ser utilizadas,
porém Thomas et al. (1995), em meta análise
a respeito, relataram que a fisioterapia tradi-
cional resulta em uma eliminação
significantemente maior de secreção [12].
Para a fisioterapia respiratória não há um
protocolo a ser seguido. Devido à variação no
quadro clínico, cabe ao fisioterapeuta julgar as
técnicas mais eficientes para cada paciente [13].
Este trabalho teve por objetivo avaliar o
crescimento pondero-estatural, o estado
nutricional, a freqüência dos episódios de
pneumonia e a tolerância ao exercício, em cri-
anças com FC, após associação de fisioterapia
respiratória tradicional ao tratamento
farmacológico.
Pacientes e métodos
Participaram do estudo 7 crianças com di-
agnóstico comprovado de FC através da dosa-
gem, em duplicata, de cloro no suor, com va-
lores iguais ou superiores a 60mEg/L. Estas
eram todas as crianças em acompanhamento
no Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia (HC/UFU). As mesmas faziam
uso rotineiro de enzimas pancreáticas; eram
medicadas com antibióticos quando ocorriam
infecções pulmonares. Em novembro de 1997,
foi acrescentado, a este esquema terapêutico,
fisioterapia respiratória tradicional, 3 vezes
por semana, em sessões de 1 hora, durante 12
meses.
Os procedimentos fisioterápicos para crian-
ças maiores de 5 anos de idade foram drena-
gem postural brônquica, percussão,
vibrocompressão e exercícios respiratórios e
posturais; em crianças menores de 5 anos,
além destes procedimentos, foi feita aspira-
ção de secreções, quando necessário.
No início e ao término do acréscimo do tra-
tamento fisioterápico, as crianças foram ava-
liadas nos seguintes parâmetros: crescimen-
to pondero-estatural; estado nutricional; fre-
qüência de episódios de pneumonia e tolerân-
cia ao exercício.
Peso e altura foram avaliados segundo os
critérios do National Center for Health
Statistics (NCHS) para idade e sexo [14].
A avaliação do estado nutricional utilizou o
escore de Waterlow [15].
A freqüência dos episódios de pneumonia
considerou os episódios ocorridos nos 12 me-
ses anteriores à introdução do tratamento fisi-
oterápico e os episódios ocorridos nos 12 me-
ses de associação de tratamento fisioterápico
ao tratamento farmacológico que era utilizado.
O teste de caminhada de 6 minutos foi rea-
lizado como preconizado por Gulmans et al.
(1996) [16]. Durante todo o teste, foi
monitorada a saturação arterial de oxigênio
(SaO2), oferecendo-se oxigênio por cateter
nasal quando a saturação baixava para valo-
res inferiores a 90%.
A SaO2 foi determinada por oximetria digi-
tal, utilizando-se oxímetro Resmed, modelo
305A. Valores iguais ou superiores a 90% fo-
ram considerados normais [17].
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa em Humanos do Centro
Universitário do Triângulo (Unit) e foi realiza-
da com autorização da direção geral do HC/
UFU e após consentimento informado assina-
do pelas mães.
Para análise estatística foi aplicada a prova
de Wilcoxon, com nível de significância esta-
belecido em 0,05.
Resultados
Dos 7 pacientes estudados, 4 eram meni-
nos e 3 eram meninas. Todos eram de cor bran-
ca. Pertenciam a famílias com renda inferior
a 4 salários mínimos, tratando-se em hospital
público.
O início dos sintomas de FC ocorreu, em
média, com 11 meses e 15 dias de idade e a
média de idade do diagnóstico foi de 2,8 anos.
A média de idade no início do tratamento fisi-
oterápico foi de 5,9 anos, com idade variando
de 1 a 11 anos.
Todas as crianças tinham comprometimen-
to pulmonar; duas tinham bronquiectasia,
comprovada por tomografia computadorizada
de tórax (Tabela 1).
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001292
Tabela 1- Caracterização da amostra de sete pacientes
portadores de fibrose cística.
Média de idade do início dos sintomas 11 meses e 15 dias
Média de idade do diagnóstico de FC 2,8 anos
Média de idade no início da pesquisa 5,9 anos
Presença de comprometimento pulmonar 7 crianças
Presença de bronquiectasia 2 crianças
O crescimento ponderal estava comprome-
tido em 5 pacientes (71,4%) ao início da pes-
quisa e em 4 (57,1%) no final. O crescimento
estatural estava comprometido nos 7 pacien-
tes no início da pesquisa, mantendo-se com-
prometido em 4 (57,1%) ao final (Tabelas 2 e
3). Embora houvesse ganho estatisticamente
significante em peso e altura, não ocorreu re-
percussão significante no estado nutricional.
A avaliação do estado nutricional eviden-
ciou
que todos os 7 pacientes eram desnutri-
dos no início da pesquisa e que 6 se mantive-
ram desnutridos ao final (Tabela 3).
Nos 12 meses anteriores à introdução da
fisioterapia respiratória, a média de episódios
de pneumonia no grupo foi de 2,8 e nos 12
meses de acompanhamento foi de 1,8. A dife-
rença entre as freqüências dos episódios de
pneumonia foi estatisticamente significante
(Tabela 3).
O teste de caminhada de 6 minutos não
apresentou alteração estatisticamente
significante após os 12 meses de acompanha-
mento. Não foi feito por 1 criança, em virtude
da idade (Tabela 4).
Discussão
Os pacientes estudados apresentaram cres-
cimento pondero estatural significante após
12 meses, mas, tanto em peso quanto em altu-
ra continuaram abaixo do esperado para sexo
e idade, segundo a Tabela do NCHS [14]. Nes-
tes pacientes, portanto, é evidente o compro-
metimento no crescimento pondero estatural.
Estes resultados são concordantes com os re-
latados por outros autores, segundo os quais
na FC há grave comprometimento no cresci-
mento pondero estatural [18-21].
O comprometimento do estado nutricional,
observado em 7 pacientes no início do trata-
mento e que persistiu em 6 pacientes após 12
meses, é concordante com o relatado por inú-
meros autores [18-21].
A diminuição dos episódios de pneumonia
evidenciou a eficácia da fisioterapia respira-
tória; a limpeza brônquica, provocando a eli-
minação da secreção espessa que há nos paci-
Tabela 2- Distribuição da amostra de sete pacientes portadores de fibrose cística, no início e após 12 meses de tratamento
fisioterápico.
PPPPParâmetros avaliadosarâmetros avaliadosarâmetros avaliadosarâmetros avaliadosarâmetros avaliados TTTTTratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeuticoratamento fisioterapeutico
AntesAntesAntesAntesAntes Ao términoAo términoAo términoAo términoAo término
Comprometimento do crescimento ponderal 5 crianças (71,4%) 4 crianças (57,1%)
Comprometimento do crescimento estatural 7 crianças (100%) 4 crianças (57,1%)
Desnutrição 7 crianças (100%) 6 crianças (85,7%)
Episódios de pneumonias (média anual) 2,8 1,8*
Teste de caminhada de 6 minutos (média em metros) 507,3 445,2
* p < 0,05
Tabela 3- Distribuição da amostra de sete pacientes
portadores de fibrose cística, segundo seu peso e altura
no início e após 12 meses de tratamento fisioterápico.
AmostraAmostraAmostraAmostraAmostra PPPPPeso (kg)eso (kg)eso (kg)eso (kg)eso (kg) Altura (cm)Altura (cm)Altura (cm)Altura (cm)Altura (cm)
No inícioNo inícioNo inícioNo inícioNo início ApósApósApósApósApós No inícioNo inícioNo inícioNo inícioNo início ApósApósApósApósApós
12 meses*12 meses*12 meses*12 meses*12 meses* 12 meses*12 meses*12 meses*12 meses*12 meses*
1 27,100 30,400 128 135
2 21,200 21,600 127 133,5
3 16,700 18,700 111 114
4 16,600 19,000 101 109
5 14,000 15,700 93 102
6 11,500 12,800 84 94
7 8,840 11,500 75 86
* p < 0,05
Tabela 4- Distribuição da amostra de seis* pacientes
portadores de fibrose cística, segundo o resultado do teste
de caminhada de seis minutos no início e após 12 meses
de tratamento fisioterápico.
AmostraAmostraAmostraAmostraAmostra TTTTTeste de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)este de caminhada de seis minutos (metros)
No inícioNo inícioNo inícioNo inícioNo início Após 12 mesesApós 12 mesesApós 12 mesesApós 12 mesesApós 12 meses
1 564,1 478,4
2 570,3 511,0
3 574,2 477,0
4 417,6 378,3
5 511,5 460,0
6 406,1 366,5
média 507,3 445,2
* Um dos pacientes não realizou o teste de caminhada por ser
lactente.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 293
entes com FC, pode ter dificultado a prolife-
ração dos microorganismos responsáveis pe-
las pneumonias.
No teste de caminhada de 6 minutos não
ocorreu alteração significante ao final da pes-
quisa. Como este teste avalia tolerância ao
exercício [16], podemos afirmar que a intro-
dução da fisioterapia respiratória não contri-
buiu para melhorar esta tolerância. No entan-
to, Gordon et al. (1999) [22] relataram que ob-
tiveram melhora no desempenho do teste de
caminhada de 6 minutos em crianças com FC,
utilizando fisioterapia com “Flutter” e não fi-
sioterapia respiratória tradicional, que foi o
procedimento por nós utilizado. Crianças com
FC submetidas, além da fisioterapia respira-
tória, a programas de condicionamento físico,
adequados para sua idade e gravidade da FC,
apresentaram melhor desempenho nos teste
de caminhada [23.24].
Esta pesquisa nos leva a concluir que a in-
trodução da fisioterapia respiratória tradicio-
nal ao esquema farmacológico foi eficiente na
diminuição da freqüência dos episódios de
pneumonia. Também permitiu a estas crian-
ças manterem seu crescimento pondero
estatural ao longo dos 12 meses, porém não
determinou recuperação do crescimento pon-
dero estatural e do estado nutricional espera-
dos para idade e sexo. Também não alterou o
desempenho no teste de caminhada de 6 mi-
nutos. Estas conclusões nos levam a sérias
reflexões: tratava-se de um grupo que iniciou
seus sintomas precocemente, como ocorre
com a maioria das crianças com FC [25]. O di-
agnóstico foi mais tardio que nos países de-
senvolvidos. Nos Estados Unidos, 70% dos
casos têm diagnóstico no primeiro ano de vida
[25]. No Brasil, o diagnóstico tem sido mais
tardio a média de idade do diagnóstico, em
pesquisas apresentadas por 3 diferentes au-
tores, variou de 1,6; 4,7 e 9,6 anos [8, 26,27].
As crianças que participaram da presente
pesquisa não tiveram oportunidade de trata-
mento por equipe multiprofissional por oca-
sião do diagnóstico. Este fato, a nosso ver, é o
responsável pelo comprometimento apresen-
tado já no início da pesquisa; a introdução,
ainda que tardia, do tratamento fisioterápico
respiratório, pode ter contribuído para que os
pacientes tivessem um ritmo menos acelera-
do de deterioração.
A falta de oportunidade para realizar trata-
mento adequado e precoce por equipe
multiprofissional deve ter sido a principal res-
ponsável pela evolução destes pacientes, que
pertenciam à classe social pouco favorecida e
faziam uso de sistema público de saúde, pois
é relatado que serviços de saúde com equipe
multiprofissional e pacientes com situação
sócio-econômica adequada são fatores respon-
sáveis por uma melhor evolução da FC [28].
Reis et al. (1998) [8] também relataram que a
baixa sobrevida de crianças com FC em Mi-
nas Gerais pode estar relacionada à organiza-
ção do sistema de saúde e à condição sócio-
econômica desfavorável.
Esta pesquisa sugere que as crianças com
FC sejam atendidas, tão logo se faça o diagnós-
tico, por equipe multiprofissional, com partici-
pação de médico, fisioterapeuta, nutricionista,
educador físico, entre outros; sugere, também,
que o tratamento global seja assumido pelo sis-
tema público de saúde. A adoção destas suges-
tões poderá permitir que a criança brasileira
com FC tenha menor e menos precoce reper-
cussão na sua qualidade de vida.
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 295
Artigo original
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Resumo
Trata-se de um estudo de caráter transversal, cujo objetivo foi
verificar a força de preensão palmar entre os acadêmicos do curso
de fisioterapia da Universidade Paulista/UNIP, com sede em Brasília/
DF. Os sujeitos deste estudo foram 30 indivíduos jovens com faixa
etária que variou de 18 a 22 anos (15 do sexo masculino e 15 do sexo
feminino), sem histórico de lesão nos membros superiores. O ins-
trumento utilizado no estudo foi o dinamômetro hidráulico Jamar.
Comparando-se os resultados obtidos para a força de preensão e
levando-se em consideração a mão direita e esquerda para as três
medidas na amostra estudada, foi verificado que houve diferença
estatisticamente significativa (p < 0,05). Os autores concluem que
existe um predomínio da força de preensão palmar nos homens em
relação às mulheres. É importante que sejam considerados os as-
pectos anátomo-cinesiológicos para uma melhor compreensão do
mecanismo de preensão palmar.
Palavras-chave:
Preensão palmar,
dinamômetro,
força.
Estudo sobre a realização da preensão palmar com a
utilização do dinamômetro: Considerações anatômicas e
cinesiológicas
Study about the accomplishment of palmar grip strength using
the dynamometer : Anatomical and kinesiological considerations
Demóstenes Moreira*, José Roberto Pimenta de Godoy**, Watercides Silva Junior***
*Professor e Coordenador do curso de fisioterapia da UNIP-Brasília; Docente da FARPLAC e Faculdade
Alvorada; Mestre e Doutorando em Ciências da Saúde pela UnB, **Professor de Anatomia da UNIP;
UniCEUB e FARPLAC, ***Professor de Anatomia da UNIP e FARPLAC, Doutor em Anatomia
Endereço para correspondência:
Prof. Ms. Demóstenes Moreira, SHCES, Quadra 1.505, bloco D, apto 201, Cruzeiro Novo, 70658-554,
Brasília – DF, Tel: (61) 363-3123/ 938-9157, E-mail: demostenes@terra.com.br
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001296
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Abstract
The purpose of this study was verify the palmar grip strength
among physiotherapy academics at the University Paulista/UNIP,
in Brasília/DF. The subject of this study were 30 young individuals
aged 18 to 22 years (15 male and 15 female), without injury report
upper extremity. The instrument used was the hydraulic
dynamometer Jamar. The grip strength results obtained were
compared being taken into account the right and left hand for three
trials performed in the studied sample, it was verified statistically
significant difference (p < 0,05). The authors conclude that exists
prevalence of palmar grip strength correlated to the gender, men
are stronger than women. It is considered important the anatomical-
kinesiological aspects for a better comprehension of the palmar grip
strength mechanism .
Key -words: Palmar grip, dynamometer, strength.
Introdução
Napier em 1956 [10] definiu duas posturas
básicas da mão humana: a preensão de força
e a preensão de precisão. Ele definiu preensão
de força, usada quando é necessária força com-
pleta, como sendo atividades de força dos de-
dos e polegar agindo contra a palma da mão,
com propósito de transmitir força para um
objeto. Cada dedo deve acomodar-se em posi-
ção para aplicar força a fim de conter as for-
ças externas impostas pelo objeto, desta for-
ma o polegar é aduzido e posicionado para
opor-se à polpa dos dedos. Na preensão de pre-
cisão o objeto é pinçado entre as superfícies
flexoras de um ou mais dedos com o polegar
em oposição, sendo usada quando necessári-
as exatidão e refinamento de tato [7,11].
A posição dos dedos nas duas posturas di-
ferem
consideravelmente. O estudo em ques-
tão visa mensurar a força de preensão utili-
zando o dinamômetro Jamar na 2ª posição,
bem como identificar através de revisão bibli-
ográfica, análise cinesiológica e anátomo-fun-
cional dos músculos envolvidos. O
dinamômetro Jamar tem sido considerado o
aparelho hidráulico mais aceito para medir a
força de preensão desde 1954 e a 2ª posição é
indicada pela Sociedade Americana dos
Terapeutas de Mão [1,3,5].
Os dedos se posicionam aduzidos, fletidos,
lateralmente rodados e inclinados em direção
ao lado ulnar da mão. As elevações tenar e
hipotenar oferecem importante base de apoio
[10]. O polegar encontra-se flexionado, aduzido
tanto em sua articulação metacarpo-falângica
como na carpo-metacárpica e opondo-se à
polpa dos dedos [12].
O movimento de preensão provoca intensa
atividade dos músculos flexor superficial e
profundo dos dedos e dos interósseos, bem
como nota-se atividade de músculos que rea-
lizam o movimento de contrapressão observa-
do pelo polegar através do músculo flexor lon-
go do polegar, de músculos tenares (oponente
do polegar, adutor do polegar e flexor curto do
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 297
polegar), hipotenar (flexor curto do dedo mí-
nimo) e do 4º lumbrical, estes agindo como
agonistas e contraindo-se isotonicamente.
O músculo flexor superficial dos dedos fixa-
se na base da falange média e movimenta a
articulação interfalângica proximal, enquan-
to o flexor profundo dos dedos após perfurar
o tendão superficial, fixa-se na base da falange
distal e movimenta a articulação interfalân-
gica distal e também a proximal, sendo estes
os músculos que imprimem maior potência no
movimento de preensão [7]. A flexão dos de-
dos é quase simultânea nas articulações dos
dedos, sendo o movimento iniciado a partir
das articulações interfalângicas distais, porém
a maior quantidade de movimento é realiza-
da pelas articulações interfalângicas
proximais e metacarpofalângicas.
Os músculos interósseos palmares e
lumbricais se localizam na face palmar do eixo
de flexão e extensão das articulações
metacarpofalângicas, portanto são mecanica-
mente capazes de produzir flexão, porém pelo
fato das fixações proximais dos lumbricais se
encontrarem nos tendões do músculo flexor
profundo dos dedos, suas contrações são in-
capazes de tracionar significativamente as fi-
xações distais movimentando as articulações
metacarpofalângicas a menos que se anule a
ação do músculo flexor profundo dos dedos,
portanto os lumbricais se tornam ineficientes
no movimento de preensão com exceção do
4º, que apresenta atividade eletromiográfica
na preensão [7]. Os interósseos participam
como rotação e flexão das falanges proximais,
rodando-as para acomodá-las e oferecer mai-
or contato com o dinamômetro. Todos os
interósseos participam da flexão das articula-
ções metacarpofalângicas, especialmente o 1º
interósseo dorsal e 1º interósseo palmar [7].
Os músculos flexor superficial e profundo
dos dedos movem as articulações
interfalângicas do 2º ao 5º dedos e como seus
tendões correm na face palmar pelas articula-
ções do punho e metacarpofalângicas, suas
contrações produziriam também flexão des-
tas articulações. Como na preensão a flexão
das articulações metacarpofalângicas e
interfalângicas são necessárias, enquanto que
a flexão do punho é indesejável pelo fato de
diminuir a força exercida pelos flexores dos
dedos, torna-se importante a ação sinérgica
dos músculos extensores do punho (m.
extensor radial longo e curto do carpo, m.
extensor ulnar do carpo) que contraem-se
isométricamente. A força de contração dos
extensores do punho está diretamente relaci-
onada com o esforço de preensão.
O principal músculo que atua para realizar
o movimento de semi-pronação do antebraço
é o pronador quadrado, outros músculos par-
ticipantes são o pronador redondo, o flexor
radial do carpo, o palmar longo e o extensor
radial longo do carpo.
Os principais músculos flexores do cotove-
lo são o braquial, bíceps braquial e
braquiorradial. Participam com menor impor-
tância o pronador redondo e os extensores ra-
diais longo e curto do carpo. Todos os múscu-
los que atravessam a articulação do cotovelo,
contribuem para fixação e manutenção da
posição em 90º.
Em movimentos de força todos os múscu-
los da extremidade superior podem contrair-
se para estabilizar e fixar a articulação
glenoumeral (ombro), tornando difícil a aná-
lise da atividade muscular. Para manutenção
da posição podemos citar a importante ação
dos músculos do manguito rotador, do
trapézio, do deltóide, do bíceps braquial (ca-
beça curta), do tríceps braquial (cabeça longa)
e coracobraquial.
Material e métodos
Trata-se de um estudo de caráter transver-
sal, cujo objetivo foi verificar a força de
preensão palmar entre os acadêmicos do cur-
so de fisioterapia da Universidade Paulista/
UNIP, com sede em Brasília/DF. Os sujeitos
deste estudo foram 30 indivíduos jovens com
faixa etária que variou de 18 a 22 anos (15 do
sexo masculino e 15 do sexo feminino), sem
histórico de lesão nos membros superiores. A
coleta de dados foi realizada no laboratório de
cinesiologia da UNIP/DF. O instrumento utili-
zado no estudo foi o dinamômetro hidráulico
Jamar, com a manopla posicionada na 2ª posi-
ção. O dinamômetro Jamar tem sido conside-
rado o aparelho hidráulico mais aceito para
medir a força de preensão desde 1954 e a 2ª
posição é indicada pela Sociedade Americana
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001298
dos Terapeutas de Mão - SATM [1,3,4,5,11].
Durante a realização do exame com a utili-
zação do dinamômetro Jamar, os sujeitos fo-
ram orientados a ficarem na posição sentada
em um banco regulável de acordo com a altu-
ra de cada acadêmico, de tal maneira que os
quadris e joelhos permanecessem a 90º, estan-
do os pés apoiados no chão. Com relação ao
posicionamento do membro superior, tem-se
que o ombro manteve-se em posição aduzida
junto ao tronco, o cotovelo a noventa graus
com o antebraço em posição neutra (entre a
pronação e supinação) e o punho na posição
neutra sem que houvesse desvios, enquanto
o examinador sustentava o dinamômetro, se-
guindo a recomendação da SATM (Fig. 1).
Os sujeitos foram orientados a realizar o
movimento de preensão palmar para cada ten-
tativa após o comando verbal do examinador,
que consistiu na pronúncia da seguinte frase
“um, dois, três e já”. Foi realizado três repeti-
ções com a manopla colocada na posição dois
(preconizada no aparelho), alternando a mo-
vimentação para o teste, sendo inicialmente
testada a mão direita e logo em seguida a mão
esquerda, seguindo criteriosamente a
instrumentação do aparelho. O intervalo de
tempo entre uma tentativa e outra foi de um
minuto a fim de que não houvesse fadiga
muscular durante o teste. As informações
coletadas durante cada tentativa foram
registradas em kilogramas-força, de acordo
com as especificações verificadas no dial do
mostrador do dinamômetro. Todos os acadê-
micos que participaram do estudo foram ori-
entados a preencherem um Termo de Consen-
timento Livre e Esclarecido.
O tratamento estatístico utilizado foi con-
siderado mediante utilização de médias, des-
vio padrão e teste t de Student.
Resultados e discussão
Verificou-se que a média de idade entre os
grupos foram bem próximas, favorecendo com
isso a confiabilidade das informações obtidas
(Fig. 2). Embora a faixa etária média da popu-
lação estudada tenha sido inferior aos vinte
anos de idade, observa-se em estudos prévios
que os maiores valores para a força de
preensão são obtidos na faixa etária entre 20
e 40 anos, estando o dinamômetro na segun-
da posição [5].
Comparando-se os resultados obtidos para
a força de preensão e levando-se em conside-
ração a mão direita e esquerda para as três
medidas na amostra estudada (Tabela
1), foi
verificado que houve diferença estatistica-
mente significativa (p < 0,05). Concordando
com vários autores, existe um predomínio da
força de preensão palmar em homens quando
comparados com mulheres da mesma faixa
etária [8,9], desta forma, nota-se que a força
Tabela 1 – Valores médios e desvio padrão entre homens e mulheres submetidos ao teste de preensão palmar.
Brasília/DF – 2001.
Medidas em kg/força Homens Mulheres “t”
Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo
1ª Medida 55,67 ± 7,16 51,07 ± 5,52 30,80 ± 7,42 28,20 ± 5,86 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000
2ª Medida 54,60 ± 9,04 50,60 ± 6,18 30,47 ± 7,32 28,20 ± 5,48 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000
3ª Medida 53,67 ± 9,28 47,47 ± 6,69 29,93 ± 6,41 27,33 ± 5,79 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000
Média geral 53,12 ± 6,74 51,48 ± 6,80 29,52 ± 6,09 29,20 ± 5,95 * * * * * 0,000 * * * * * 0,000
* Valores estatisticamente significativos (p < 0,05)
Fig. 1 – Avaliação individual com o uso do dinamômetro
Jamar. Brasília/DF – 2001.
Fonte: Pesquisa dos autores
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 299
de preensão nos homens é superior a das mu-
lheres em todas as medidas obtidas.
 Considerando os dados obtidos apresenta-
dos em termos de mão direita e mão esquerda
para homens e mulheres (Figs 3 e 4), tem-se
que houve um predomínio da força na mão di-
reita. Desta forma especula-se que a mão di-
reita é mais forte que a esquerda, em função
dos indivíduos terem de se adaptar para vive-
rem em uma sociedade organizada para pes-
soas destras. Apesar de termos tido apenas três
indivíduos sinistros, não houve predomínio da
força de preensão nestas pessoas [6].
Em concordância com Teraoka [13], no sexo
masculino houve índices de força mais eleva-
dos para ambas as mãos do que observado no
sexo feminino. Crosby [5] afirma que cerca de
60% dos pacientes conseguem a força de
preensão máxima na segunda posição e em
geral o lado dominante apresenta em média
10% de força a mais em relação ao lado não
dominante. No presente estudo os índices de
força foram considerados em relação à mão
direita e esquerda. Como demostrado no estu-
do de Hanten et al. [6], não houve predomínio
da força com relação ao padrão de dominância
da mão, apesar de termos tido apenas três in-
divíduos do sexo masculino sinistros.
A SATM, recomendou em 1981 que a força
de preensão palmar deveria ser mensurada
com o sujeito em posição sentada, ombro
aduzido, cotovelo em flexão de 90º e o ante-
braço em posição neutra. Balogum et al. [2],
encontrou valores maiores com o cotovelo em
extensão, e valores significativamente mais
altos foram encontrados com o sujeito estan-
do em pé com o cotovelo em extensão total
para ambos os sexos, esses valores estão em
discrepância com os achados de Mathiowetz
et al. [8,9].
É importante enfatizar que a amostragem
selecionada para estudo foi composta por in-
divíduos jovens e que não se encontravam em
processo de declínio da força de preensão
palmar [6,9].
Conclusões
Considerando-se os resultados obtidos e le-
vando-se em consideração os achados descri-
tos na literatura mundial, pode-se concluir que:
1- Existe um predomínio da força de preensão
palmar nos homens em relação às mulhe-
res;
2- A padronização da utilização do
Dinamômetro deve ser seguida
criteriosamente, a fim de que as informa-
ções possam ser consideradas de forma fi-
dedigna;
3- É importante que outros trabalhos sejam
realizados, levando-se em consideração o
índice de massa corporal, atividade profis-
sional, atividades desportivas, dentre ou-
tros;
Fig.2 - Média das idades entre os alunos submetidos a exame de preensão palmar. Brasília/DF - 2001.
Fig. 4 - Medidas de preensão palmar do lado esquerdo entre homens e mulheres. Brasília/DF - 2001.
Fig. 3 - Medidas de preensão palmar do lado direito entre homens e mulheres. Brasília/DF - 2001.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001300
4- Existe um predomínio da força de preensão
da mão direita em relação à mão esquerda,
independente do padrão de dominância;
5- É importante que seja considerado os as-
pectos anátomo-cinesiológicos para uma
melhor compreensão do mecanismo de
preensão palmar;
6- O Dinamômetro Jamar, é um instrumento
confiável e de fácil manuseio, leitura dire-
ta, podendo ser utilizado em qualquer am-
biente, inclusive em nível ambulatorial
e com resultados confiáveis, sendo reco-
mendado pela SATM.
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 301
Revisão
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A importância dos músculos isquiorretais no
posicionamento do quadril, sob uma visão anatômica
José Antônio SFA Pinna Cabral*, Fernando Pinna Cabral**, Renato Guimarães Loffi***
Robson Ines Moreira da Rocha****, Renata Carolina de Pinna Cabral*****
*Professor Adjunto de Anatomia, Universidade Católica de Petrópolis, Professor de Cirurgia da Faculda-
de de Medicina de Petrópolis, **Chefe do Setor de Cirurgia do Quadril do Hospital Traumato-Ortopédico
MS-INTO-RJ, ***Fisioterapeuta , Ex-monitor da disciplina de Anatomia UCP, ****Aluno de fisioterapia
UCP, *****Aluna de medicina UNIG
Resumo
Formado pelos músculos bíceps da coxa, semitendíneo e
semimembranáceo, os isquiotibiais (ou músculos do jarrete) atu-
am nos movimentos de anteroversão e retroversão pélvica, tendo
também a ação de flexionar a perna sobre a coxa, estender a coxa
sobre a pelve, de acordo com seu ponto de fixação, intervindo ati-
vamente na marcha e na manutenção da posição ereta. A paralisia
dos isquiotibiais provoca o movimento de báscula para frente
(anteroversão).
Na anteroversão da pelve os músculos isquiotibiais estão alon-
gados e na retroversão os isquiotibiais estão encurtados ou em
retração. O seu posicionamento influencia diretamente no movi-
mento por eles realizados.
A fixação dos músculos do jarrete está na porção superior do túber
isquiático,
na qual está subdividida.
As pelves masculina e feminina diferem em aspectos gerais, bem
como características relativas à conexão da pelve feminina com o
Endereço para correspondência:
José Antonio de Pinna Cabral, Rua Marechal Deodoro, 79 sala 105,
Centro 25620-150 Petrópolis - RJ, E-mail: jpinna@npoint.com.br
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001302
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
canal pélvico. A pelve masculina tende a ser maior, mais pesada,
mais grosseiramente demarcada por fixações ligamentosas e mus-
culares. A pelve projeta-se mais anteriormente que a feminina.
A pelve feminina é mais leve, delicada em seu arcabouço ósseo e
também mais rasa. O contorno da cavidade pélvica é redondo ou
oval. O sacro e o cóccix são mais planos, menos salientes anterior-
mente para não angustiar o canal pélvico De acordo com o tama-
nho, peso, profundidade das expressões, seremos capazes de dife-
renciar a pelve feminina da pelve masculina. O centro de gravida-
de esta diretamente relacionado com a posição pélvica.
O objetivo desta trabalho é fazer uma revisão dos aspectos
anatômicos importantes para a prática e abordagem do fisiotera-
peuta principalmente nas situações em que os músculos
isquiotibiais possam influenciar os movimentos de anteroversão e
retroversão pélvica.
Abstract
The hamstrings are formed by the muscles biceps, semitendinous
and semiembranaceo wich acts in the movement of anteversion
and retroversion of the pelvis, besides the function of flexing the
knee, extending the hip according to the fixation point, and
participating actively during walking in the upright position. Palsy
of the hamstring leads to waddling of the pelvis.
During antiversion the hamstrings are elongated and in
retroversion they are shortened or retracted. Its position acts directly
in the movement realized by them. The male and female pelvis has
different general aspects, chiefly regarding the connection between
the female pelvis and birth delivery trajectory. The male pelvis is
bigger, heavier and more demarcated due to ligamentous and
tendinous fixations, wich are stronger in males. The pelvis is also
more anteriorly projected than the female.
The female pelvis is lighter, thinner in its architectural bone
matrix and shallower. Its internal shape is oval or round. The sacrum
and coccyx are more flat, less protruded anteriorly to avoid
narrowing of the pelvic trajectory. According to its size, weight and
bone demarcation we are able to diferrentiate between male and
female pelvis. The gravity center is directly correlated with the
pelvic position.
The aim of this article is to make a revision on anatomical aspects,
wich are very important to the physiotherapists, chiefly in situation
where the hamstring may affect the movements of antiversion or
retroversion of the pelvis.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 303
Introdução
Os músculos isquiotibiais atuam de forma
significativa nos movimentos de anteroversão
e retroversão pélvica. A anteroversão ocorre a
partir do alongamento e a retroversão ocorre
com a retração ou encurtamento dos
isquiotibiais.
Além da importância clínica em virtude do
encurtamento ou alongamento destes múscu-
los aspectos estéticos também são observa-
dos e cobrados, em virtude principalmente da
nossa cultura.
Resolvemos fazer uma revisão dos aspec-
tos anatômicos importantes tentando
correlacioná-los com a clínica e terapêutica de
pontos considerados importantes para a prá-
tica diária na área de fisioterapia..
Aspectos anatômicos
O cíngulo do membro inferior que é forma-
do pelos ossos do quadril (ílio, ísquio e pube)
une-se, anteriormente, na sínfise da pube, ar-
ticulando-se cada um posteriormente, com a
porção superior do sacro, formando a articu-
lação sacro-ilíaca e lateralmente, com o fêmur,
através da fusão dos três ossos ao nível do
acetábulo. O osso do quadril ao unir-se com o
sacro e o fêmur forma uma conexão entre o
tronco e o membro inferior. Já no feto é cons-
tituído por três peças ósseas distintas: púbis
na frente; ílio súpero-lateralmente; e ísquio
ínfero-posteriormente [1].
O ílio forma dois quintos do acetábulo, con-
sistindo em um corpo e uma asa ou ala que
forma a porção superior do osso do quadril. O
corpo e a asa são separados um do outro, na
face interna do osso, pela porção inferior da
borda medial. Esta porção inferior da borda é
uma crista romba e lisa que constitui a parte
ilíaca da linha arqueada. Na parte externa do
osso, não existe demarcação visível. Uma li-
nha tênue que se estende posteriormente, das
margens do acetábulo, marca a união do ílio
com o ísquio. A eminência iliopúbica marca a
união do ílio com a pube. A extremidade su-
perior que se expande do ílio é a crista ilíaca a
qual pode ser palpada no indivíduo vivo por
toda a sua extensão. A crista é um tanto ar-
queada, também curvada lado a lado, sendo
côncava para dentro atrás, sendo convexa para
fora na frente. A espinha ilíaca ântero-superi-
or é o seu limite superior, nesta esta fixada o
ligamento inguinal, e a espinha ilíaca póstero-
superior é seu limite superior. A maior parte
da crista apresenta lábios internos e externos,
que envolvem a linha intermédia rugosa. O
espessamento ou a projeção do lábio externo,
cerca de 5 cm atrás da espinha ilíaca ântero-
superior (ao nível da quinta vértebra lombar)
é o tubérculo da crista.
A asa do ílio apresenta as faces glútea e
sacropélvica, a fossa ilíaca e três bordas ante-
rior, média e posterior. A face glútea do ílio é
uma ampla superfície entre as bordas poste-
rior e anterior. É cruzada por três cristas cur-
vas que variam em proeminência de acordo
com o desenvolvimento muscular do indiví-
duo. Inicia-se na crista, cerca de 5 cm da espi-
nha ilíaca póstero-superior e curva-se para
baixo em direção a incisura isquiática maior a
linha glútea posterior. Já a linha glútea ante-
rior inicia-se junto ao tubérculo da crista e ar-
queia-se através da superfície glútea em dire-
ção a incisura isquiática maior. A linha glútea
inferior começa acima da espinha ilíaca
ântero-superior e curva-se, para baixo e para
trás 2 a 3 cm acima do acetábulo, em direção a
incisura isquiática maior. É a mais distinta das
três linhas glúteas.
Situada entre as bordas anterior e medial,
a fossa ilíaca está limitada em cima pela cris-
ta ilíaca em baixo pelas porções inferiores da
borda medial. A fossa é lisa e côncava e geral-
mente contém um forame nutrício. A borda
posterior e medial da face sacropélvica é limi-
tada em cima e em baixo pela crista ilíaca, ela
inclui a face auricular e a tuberosidade ilíaca.
A face auricular está localizada diretamente
atrás da fossa ilíaca. O sulco pré-auricular, em
geral é encontrado somente na mulher, locali-
zado na frente e embaixo da face auricular. A
tuberosidade ilíaca é a área rugosa acima e
atrás da face auricular.
A borda anterior da asa do ílio estende-se
da espinha ilíaca ântero-superior ao acetábulo.
Inferiormente apresenta a espinha ilíaca
ântero-inferior, uma projeção áspera pouco
acima do acetábulo. Um sulco raso, abaixo e
medial à espinha ântero-inferior, aloja o
iliopsoas. A borda posterior inicia-se na espi-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001304
nha ilíaca póstero-superior. Estende-se para
baixo em direção à espinha ilíaca póstero-in-
ferior, e então, faz uma curva brusca para adi-
ante e se torna contínua com a borda posteri-
or do ísquio. Ela forma, com esta borda, a
incisura isquiática maior.
A borda medial da asa do ílio começa na
crista ilíaca e estende-se para baixo, primeiro
como uma linha áspera e depois como uma
borda cortante, limitando a face auricular na
frente. Volta-se então, abruptamente para fren-
te e continua como uma linha curva em dire-
ção
à eminência iliopúbica. É essa metade in-
ferior curva que forma a porção ilíaca na li-
nha arqueada.
O ísquio forma a porção póstero-inferior do
osso do quadril, consistindo em um corpo e
um ramo. O corpo tem extremidade superior
e inferior. A superior funde-se com a pube e o
ílio e forma parte do acetábulo. A inferior li-
vre e a inferior áspera da face dorsal formam
o túber isquiático. O ramo projeta-se da extre-
midade inferior e funde-se com o ramo inferi-
or da pube, abaixo do forame obturado. O cor-
po apresenta faces femoral, pélvica e dorsal
para a coxa. A pelvina ajuda a formar a pare-
de óssea da fossa ísquiorretal. Ela é contínua
em cima, como a face glútea do ílio. Embaixo
continua na extremidade inferior livre do
ísquio e com ela forma o túber isquiático. A
borda lateral do ísquio separa as faces femural
e dorsal, a borda posterior separa as faces
pelvina e dorsal. E-
A porção superior do túber isquiático é sub-
dividida para a fixação dos músculos do jarre-
te. O ramo do ísquio estende-se para cima e
medialmente e une-se ao ramo inferior da
pube. Os ramos unidos do ísquio e da pube
formam uma barra óssea com duas faces e
duas bordas.
A pube é dividida em um corpo, e dois ra-
mos um inferior e o outro superior. O corpo
une-se ao corpo da pube do lado oposto, no
plano mediano, para formar a sínfise púbica.
A borda anterior áspera é a crista púbica e a
porção lateral inferior é o proeminente tubér-
culo púbico. O tubérculo é um ponto de repa-
ro na porção inferior da parede abdominal,
cerca de 3 cm do plano mediano. É um guia
para o ânulo inguinal, o ânulo femoral e o hia-
to safeno. O ramo superior estende-se para
cima, para trás e lateralmente a acetábulo,
onde se funde com o ílio e o ísquio. O ramo
superior apresenta as faces pectíneas, pelvinas
e obturatória e bordas posterior, anterior e in-
ferior. A borda anterior é a linha pectínea e a
crista obturatória. A borda posterior é a mar-
gem do forame obturado. O forame obturado
é limitado pela pube e pelo ísquio e seus res-
pectivos ramos. É fechado, exceto no sulco
obturatório, por uma membrana obturatória
que esta fixada às margens do forame, alojan-
do os nervos e vasos obturatórios e converten-
do o sulco em canal obturado. O ramo inferior
se une com o ramo do ísquio.
O acetábulo é uma grande cavidade
crateriforme do lado externo do osso do qua-
dril que articula com a cabeça do fêmur para
formar a juntura do quadril. O acetábulo é in-
completo embaixo onde se forma a incisura
do acetábulo. A fossa do acetábulo é a depres-
são áspera no assoalho do acetábulo. A fossa
é, algumas vezes, fina e transparente em sua
porção superior. O restante, a face semilunar,
é lisa e se articula com a cabeça do fêmur. O
lábio acetabular é ligado a sua margem peri-
férica.
As pelves masculinas e femininas diferem
em aspectos gerais, bem como por caracterís-
ticas relativas à conexão da pelve feminina
com o canal do parto [2].
A pelve masculina tende a ser maior, mais
grosseiramente marcada por fixações
ligamentosas e musculares e mais pesada. A
cavidade pélvica é mais funda, suas faces la-
terais são mais planas estando o sacro e o cóc-
cix mais anteriormente que a pelve feminina.
A pelve feminina é mais leve, delicada em
seu arcabouço ósseo e também mais rasa. O
contorno da cavidade pélvica é redondo ou
oval. O sacro e o cóccix são mais planos e me-
nos salientes anteriormente, para não angus-
tiar canal do parto (canal pélvico). As paredes
laterais são mais afetadas pelo desvio lateral
das tuberosidades isquiáticas, dos ramos
ísquiopubicos mais longos e do arco púbico
ter um ângulo mais aberto.
O fêmur, ou osso da coxa é o mais longo e
mais pesado do corpo, seu comprimento osci-
la entre ¼ e 1/3 do comprimento do corpo. Na
posição ereta o fêmur transmite o peso do osso
do quadril para a tíbia [1]. O fêmur possui uma
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 305
diáfise e duas extremidades superior e inferi-
or. A superior é constituída de uma cabeça,
um colo, dois trocânteres, o maior e o menor.
A inferior consiste em 2 côndilos recurvados
em espiral o medial e o lateral. O plano do colo
do fêmur fica geralmente um pouco na frente
do plano dos côndilos, na posição antevertida.
O pequeno ângulo agudo entre os dois planos
é denominado de ângulo de torção femoral.
Nos adultos o ângulo de torção tem cerca de
15 graus e nas crianças bem maior que 31
graus. O grau de anteversão pode ser alterado
em condições patológicas. O ângulo de incli-
nação é o ângulo que o eixo longitudinal do
colo faz com o eixo longitudinal da diáfise,
variando com a idade, sexo, e desenvolvimen-
to do esqueleto ósseo. Quando o ângulo de
inclinação está aumentado chamamos de coxa
valga e coxa vara quando está diminuído.
Na diáfise do fêmur a curvatura é mais
acentuada na porção superior. A cabeça do
fêmur forma cerca de 2/5 de uma esfera. Uma
depressão, ou fóvea, a qual está preso o liga-
mento da cabeça do fêmur, acha-se localizado
abaixo e atrás do seu centro. O colo une a ca-
beça à diáfise na região dos trocânteres. Um
sulco sagital que aparece freqüentemente na
face anterior do colo corresponde ao lábio
acetabular. Na frente, o colo e a diáfise são se-
parados pela linha intertrocantérica, que tor-
na-se contínua com uma linha espiral pouco
marcada, curvando-se para o dorso do osso
abaixo do trocanter menor indo então se unir
ao lábio medial da linha áspera.
A crista intertrocantérica une o dorso do
trocanter maior ao menor. Uma elevação arre-
dondada na crista é denominada de tubércu-
lo quadrado O trocanter maior pode ser
palpado na face lateral da coxa. Na posição
ereta este se encontra no mesmo plano hori-
zontal do tubérculo púbico, da cabeça do
fêmur e do cóccix. O trocanter maior apresen-
ta faces; laterais e mediais, margens superior,
anterior e posterior. A lateral tem uma crista
para a inserção do glúteo médio. A margem
posterior continua embaixo com a crista
intertrocantérica que termina no trocanter
menor. A face medial apresenta uma depres-
são áspera, a fossa trocantérica. A “coxa vara
funcional” é medida pelo relacionamento com
o trocanter maior [3]. A retroversão e a coxa
vara devem ser diagnosticados logo após o
nascimento, e tão logo começar o tratamento
para o crescimento se normalizar o mais cedo
possível [4]. O trocanter menor estende-se
medialmente da porção póstero-medial da
junção do colo com a diáfise. O trocanter me-
nor é indistintamente palpável acima da ex-
tremidade lateral da prega glútea quando a
coxa gira medialmente. O corpo mostra bor-
das medial e lateral mal definidas, mas no ter-
ço médio possui uma proeminente borda pos-
terior, a linha áspera, que apresenta lábios
medial e lateral. A linha pectínea estende-se
do dorso do trocanter menor até a linha áspe-
ra. A linha supracondilar medial é interrom-
pida por uma área lisa relacionada à artéria
femoral e termina no tubérculo adutório. A
extremidade distal consiste em dois côndilos
recurvados em espiral que são separados pos-
teriormente e inferiormente pela fossa
intercondilar. Anteriormente aos côndilos en-
contramos a face patelar. A face medial do
côndilo medial é áspera e convexa. Sua por-
ção mais proeminente é o epicôndilo medial.
O tubérculo adutório é palpável e pode ser lo-
calizado seguindo-se o tendão do adutor mag-
no. O epicôndilo lateral é uma proeminência
da face lateral do côndilo lateral. A fossa
intercondilar é separada da face poplítea do
corpo pela linha intercondilar.
A articulação do quadril (acetábulo-
femural) é uma articulação sinovial do tipo
esferóide formada pela cabeça do fêmur e o
acetábulo. É forte e estável [5]. A amplitude
de movimento é um pouco reduzida com a fi-
nalidade de proporcionar mais estabilidade e
força. Sua amplitude de movimento é resul-
tado do colo do fêmur ser mais estreito que o
diâmetro da cabeça.
Os movimentos da coxa na articulação do
quadril são: flexo-extensão, abdução-adução,
rotação medial e lateral e circundação. A flexão
e extensão da coxa ocorrem através da cabeça
do fêmur. A cápsula é afrouxada quando o qua-
dril é fletido. Se o joelho estiver fletido (para
relaxar os músculos jarrete) a coxa pode ser
trazida contra a parede do abdome. Esse mo-
vimento não ocorre somente na juntura do
quadril, podendo em parte ser feita pela flexão
da coluna [6]. Durante a extensão, o ligamen-
to iliofemoral torna-se tenso, sendo o quadril
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001306
geralmente estendido apenas um pouco além
da vertical. A extensão combinada com a
adução moderada e rotação medial, fecham a
juntura do quadril. A abdução e a adução ocor-
rem ao redor de um eixo ântero-posterior atra-
vés da cabeça do fêmur. A abdução é um pou-
co mais livre que a adução.
Já a rotação ocorre ao redor de um eixo ver-
tical, que se estende da cabeça do fêmur e atra-
vés do centro do côndilo femoral medial. A
rotação pode ser conseguida, por 1/6 do círcu-
lo, quando a coxa está estendida, e um pouco
mais quando está fletida. Na circundação, o
membro gira ao redor de um cone, cujo ápice
está na cabeça do fêmur. Outra razão para a
articulação sacroilíaca ser mais estável no ho-
mem relaciona-se com as diferenças de
posicionamento do centro de gravidade. Na
posição em pé, o peso corporal força o sacro
para baixo, tensionando os ligamentos poste-
riores e forçando-o contra o ílio, dando com
isso estabilidade para a articulação. Essa po-
sição ortostática é a que mantém tencionada
a articulação sacroilíaca [7].
Em mulheres, o centro de gravidade locali-
za-se no mesmo plano que o sacro, sendo nos
homens mais anteriorizado.
Os músculos isquiotibiais ou do jarrete são
formados pelos músculos bíceps da coxa,
semitendíneo e semimembranáceo [8].
O músculo bíceps femoral é formado por
uma porção longa e uma curta. A porção curta
origina-se na linha áspera do fêmur e insere-
se na cabeça da fíbula, enquanto que a porção
longa tem a sua origem na tuberosidade
isquiática e inserção se também na cabeça da
fíbula. A inervação do bíceps femoral provém
do nervo isquiático (L5, S1, S2, S3). A
inervação da cabeça longa a aborda pelo terço
médio de sua face anterior e a destinada à ca-
beça curta por seu terço superior [9].
O semitendinoso origina-se na tuberosidade
isquiática e se insere por meio de um tendão
longo na parte superior da face medial do cor-
po da tíbia [8]. Recebe um nervo superior, que
pode ser comum com a cabeça longa do bíceps
da coxa, inserindo-se no músculo por seu ter-
ço superior, e um nervo inferior que chega por
seu terço inferior, sendo ambos ramos
colaterais do nervo isquiático (S1, S2) [9].
O semimembranoso tem origem na
tuberosidade isquiática se inserindo em um
sulco na face póstero-medial do côndilo
medial da tíbia. Ele envia uma expansão fi-
brosa para cima e lateralmente, que reforça a
cápsula no dorso da articulação do joelho [8].
Em sua inervação existe um ramo colateral e
às vezes dois, que se origina no nervo
isquiático (L5, S1, S2) [9].
Os músculos semitendinoso, semimem-
branáceo, e bíceps da coxa têm como ação
flexionar a perna sobre a coxa e estender a coxa
sobre a pelve. O semitendíneo determina a ro-
tação da coxa de lateral para medial. O múscu-
lo bíceps da coxa também determina a rotação,
só que de medial para lateral. Estes três mús-
culos por serem flexores da perna e flexores
da coxa intervêm ativamente na marcha.
Em relação aos movimentos pélvicos po-
demos dizer que: o ângulo de torção em adul-
tos normalmente é em torno de 150º e que
um aumento neste ângulo é considerando
como indicativo de anteroversão do colo
femoral [10]. Ele geralmente é maior em cri-
anças podendo resultar em uma marcha com
antepés invertidos. Tem sido especulado que
uma anteroversão femoral infantil persisten-
te possa contribuir para a osteoartrite em ida-
de mais avançada, sendo resultado de um
aumento do desgaste rotacional e do aumen-
to das forças musculares que atravessam a
articulação do quadril para realizar a
desrotação da cabeça, ou até mesmo de uma
diminuição da congruência levando a áreas
de maior pressão com pouca ou nenhuma
pressão. Ao permitir que a cabeça do fêmur
coloque mais pressão contra as partes supe-
rior e anterior do acetábulo, o ângulo aumen-
tado também pode causar displasia do
acetábulo, resultando em um maior potenci-
al de luxação anterior de fêmur.
Os movimentos da pelve são descritos obser-
vando-se o ílio e, especificamente, as espinhas
ilíacas anteriores, superior e inferior na frente
do ílio [7]. A inclinação anterior da pelve ocorre
quando o tronco é flexionado ou as coxas são
estendidas observando-se uma inclinação para
frente e para baixo do movimento da pelve. Essa
inclinação anterior pode ser oriunda da protusão
do abdome criando um posicionamento para
trás na coluna lombar, fato observado
comumente nas mulheres grávidas [13].
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 307
A inclinação posterior é criada pela exten-
são do tronco e achatamento da coluna lom-
bar ou pela flexão da coxa na medida em que
a pelve se move posteriormente.
Estudo clínico
Na anteroversão da pelve os músculos
isquiotibiais estão alongados, estando encurta-
dos na retroversão. A anteroversão também
pode ser chamada de movimento de nudação
limitado pela tensão do grande e do pequeno
ligamento sacro-isquiáticos. E a retroversão
também pode ser denominada de contra-
nudação estando limitada pela tensão dos liga-
mentos ílio-sacrais superficiais e profundos [14].
A anteroversão de fêmur será geralmente
verificada quando se avalia a marcha. É ca-
racterizada principalmente por uma marcha
em anteroversão com inversão de antepés e
um aumento do ângulo “Q” ocasionado por
uma elevação da torção tibial externa e dos
pés pronados, na tentativa de compensar a
torção. Pode ocorrer um aumento da lordose
lombar, em função de uma pequena curvatu-
ra da cabeça femoral anteriormente, dando
origem a quadros álgicos na região lombar.
Se a condição é unilateral, a pronação com-
pensatória poderia levar a uma aparente dife-
rença do comprimento nos membros inferio-
res, possivelmente também provocando uma
disfunção da região sacroilíaca ou até mesmo
um quadro álgico.
A gonalgia pode ser a queixa principal do
paciente com anteroversão femoral, já que
pode levar a uma síndrome de mau alinha-
mento patelar, ou subluxações patelares. O
paciente com anteroversão femoral também
pode se queixar de dor no pé, causada por
pronação excessiva. O achado mais importan-
te relacionado com o quadril é o dramático
aumento na rotação interna de 60 para 90º e
uma diminuição da rotação externa. Os pés
do paciente na postura supina relaxada serão
visualizados em uma posição rotacional neu-
tra, apesar da eversão normal em torno de 45º.
A prevenção de patologias tardias de qua-
dril ou relacionadas na coluna, joelho, pé ou
tornozelo exige um tratamento continuado
precoce da anteversão femoral. O tratamento
fisioterápico deve incorporar principalmente
exercícios para aumentar a rotação externa,
em um programa cinesioterápico domiciliar.
A mobilização para aumentar a rotação exter-
na pode ser utilizada na clínica [7].
O ângulo de versão pode distinguir pron-
tamente a anteroversão da retroversão. Quan-
do o ângulo do colo diafisário, no plano trans-
verso está muito diminuído, ocorre a
retroversão. A marcha divergente indica a
possibilidade de quadris retrovertidos. Ela
também pode aumentar o desgaste rotacional
e contribuir para uma maior torção tibial e
pé supinados. O aumento das forças no qua-
dril causado pelo esforço dos músculos para
rodar internamente o quadril, não será efici-
ente como força de desrotação na anteversão,
em função da relativa
fraqueza dos rotadores
internos [11].
A marcha divergente pode ser a primeira
indicação para o fisioterapeuta, de que existe
uma retroversão femoral. Um aumento da tor-
ção tibial interna, diminuição do ângulo “Q”,
e/ou pés supinados, também podem ser obser-
vados. A retroversão unilateral resultante do
aumento unilateral da supinação pode levar a
uma aparente discrepância no comprimento
dos membros inferiores. As compensações
podem causar na região lombar inferior, dor
ou, na articulação sacroilíaca em direção aos
pés, um aumento da rotação externa, obser-
vado no quadril acometido.
Assim como na anteversão, a patomecânica
deve ser tratada tão logo quanto possível. O
tratamento direto do quadril envolve exercí-
cios de rotação interna, alongamento dos
rotadores internos tensos em um programa de
exercícios domiciliares, bem como mobiliza-
ções nas rotações internas nos serviços de re-
abilitação [7].
A displasia congênita do quadril, termo que
se refere à má formação da articulação do qua-
dril é uma das deformidades congênitas mais
comuns. Ela será aparente no caso de
subluxação ou de luxação. Entretanto, a
displasia acetabular que não resulta em
subluxação luxação pode não ser aparente, até
que seja tardiamente revelada pela marcha
patológica e/ou radiografias. Quando não é
reconhecida e nem tratada precocemente,
pode levar a um quadro de osteoartrite na vida
adulta [12].
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001308
A paralisia dos isquiotibiais provoca uma
báscula de tronco para frente: o paciente com-
pensa através de uma extensão do tronco se
apoiando sobre um plano fibroso anterior, com
diminuição do passo anterior durante a mar-
cha, flexão exagerada do quadril e do pé. Ele
não pode andar rápido e nem saltar [15].
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 309
Artigo original
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A importância da avaliação multidisciplinar da articulação
temporomandibular em uma faixa etária de 10 a 12 anos
The importance of evaluation multidisciplinary of
temporomandibular joint in 10 to 12 years old people
Marcus Vinícius de Mello Pinto*, Giselle Oliveira de Souza**, Marcelly Pedroni***
*Fisioterapeuta, Prof. da Disciplina de Fisioterapia Orofacial da Faculdade Salesiana de Vitória – ES,
Coordenador do Laboratório de Fisioterapia Orofacial e Dor da Faculdade Salesiana de Vitória – ES, **Fisi-
oterapeuta, Laboratório de Fisioterapia Orofacial e Dor da Faculdade Salesiana de Vitória – ES,
***Odontologa, Colaboradora do Laboratório de Fisioterapia Orofacial e Dor da Faculdade Salesiana
de.Vitória - ES
Resumo
Este trabalho tem por objetivo ressaltar a importância da avalia-
ção multidisciplinar da articulação temporomandibular na fase de
desenvolvimento da criança. Enfatiza-se a contribuição do
fisiodiagnóstico precoce sobre as alterações no eixo do desenvolvi-
mento facial que pode, na fase adulta, ser fonte geradora de dor,
transtorno da fala e do aparelho mastigatório.
Abstract
This study has a purpose to stand out the importance of
evaluation multidisciplinary of temporomandibular joint in growing
and developing of the child. Emphasize the contribution of the
early diagnose physical therapy about the alterations and variations
in facial development’s axis which may result pain and disturbs in
speech and masticatory function in the adult phase.
Endereço para correspondência:
Prof. Marcus Vinicius de Mello Pinto, Av. Vitória, 950, Forte São João 29040-330
Vitória – ES, Tel: (27) 3331-8558, E-mail: orofacial@salesiano.com.br
Palavras-Chave:
Avaliação,
articulação
temporomandibular,
faixa etária de 10 a
12 anos
Key-Words:
Evaluation physical
therapy,
Temporomandibular
Joint, 10 to 12
years old People
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001310
Introdução
Assim como em outras áreas da saúde, a
base da fisioterapia orofacial é a avaliação me-
ticulosa do paciente [11]. A intervenção tera-
pêutica deve-se basear em uma avaliação en-
globando todos os elementos da história clí-
nica, exame físico e exames complementares
para todos os casos [6, 8, 9, 10, 11]. Grieve [5],
relatou que a partir do exame objetivo, o fisi-
oterapeuta deve estar alerta para uma possí-
vel causa músculo-esquelética dos sintomas
da articulação temporomandibular. O autor
revelou que os objetivos compreendem testes
específicos para estas estruturas, tais como:
Eletromiografia, eletrognatografia, sensores
de célula de carga, goniometria digital,
dinamometria de mordida e biofeedback [5].
Estes instrumentos de medida visam confir-
mar ou excluir precisamente cada estrutura
acometida na articulação temporomandibular
[12]. O presente estudo visa ressaltar a impor-
tância da avaliação multidisciplinar da articu-
lação temporomandibular, em uma população
em fase de desenvolvimento facial, facilitan-
do assim a compreensão das alterações pato-
lógicas que possam advir.
 Material e métodos
A amostra proposital estudada [4] foi de 24
crianças na faixa etária de 10 a 12 anos de ida-
de, sendo 14 do sexo masculino e 10 do sexo
feminino. Todos eram filhos de brasileiros com
ascendência mediterrânea: espanhóis, italia-
nos e portugueses. A seleção da amostra foi
feita em alunos da 5o e 6o série ginasial do co-
légio Salesiano de Vitória no Espírito Santo.
A metodologia empregada foi a avaliação des-
te universo amostral, classificando as etapas
da avaliação fisioterápica. Utilizamos como
instrumento, um questionário de avaliação
epidemiológica
autorizado pelos pais dos me-
nores. Nesta pesquisa descritiva os pontos
avaliados foram os seguintes :
1. Postura de cabeça em posição ortostática,
mantendo o olhar em um ponto fixo.
2. Antropometria facial (mensuração da
face que tem como referência o tragus da man-
díbula à região mentoniana).
3. Abertura de boca com goniometria.
4. Palpação bilateral intra-oral do músculo
masseter.
 Resultados
As respostas dos questionários de avaliação
epidemiológica, que estão listadas nas tabe-
las de 1 a 5, mostram suas respectivas repre-
sentações gráficas com valores estatísticos
medido pelo teste t de Student. Os dados es-
tatísticos mostraram que 58% das crianças
apresentavam normalidade de postura da ca-
beça, 42% apresentavam a cabeça projetada à
frente e nenhuma criança avaliada apresen-
tou hipercifose. A antropometria facial reve-
lou que apenas 4% das crianças apresentaram
alterações faciais.
A prevalência de normalidade no movimen-
to de abertura de boca foi maior do que a de
restrição. Cerca de 75% executaram o movi-
mento sem dificuldade e 25% apresentaram
restrição no movimento. Os valores relativos à
palpação do músculo masseter podem ser vis-
to nas Tabelas 4 e 5. Foi observado dor em 29%
das crianças, sendo 21% na hemiface direita e
8% na hemiface esquerda. A presença de incô-
modo foi observada em 50% dos avaliados, onde
33% sentiram incômodo à palpação da
hemiface esquerda e 17% na hemiface direita.
Discussão dos resultados
Os achados deste estudo são claros na con-
firmação da existência de incômodo na
palpação do músculo masseter e na alteração
de postura de cabeça, o que nos leva a estabe-
lecer uma relação entre alteração postural e
miofuncional oral [3].
A Tabela 1 mostra a análise da avaliação da
postura da cabeça. A Tabela 2 mostra a análi-
se da antropometria facial. A Tabela 3 exibe a
análise da abertura de boca. A Tabela 4 mos-
tra a análise da palpação do músculo masseter
direito. A Tabela 5 reflete a análise do múscu-
lo masseter esquerdo.
Tabela 1 - Avaliação da postura da cabeça.
Sexo Projetada à Frente Normal Hipercifose
Feminino 4 7 0
Masculino 6 7 0
Total 10 14 0
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 311
 Gráfico 1 – Representação gráfica do percentual da
postura da cabeça.
Tabela 2 - Antropometria facial.
Sexo Apresentou alteração Não apresentou alteração
Feminino 0 10
Masculino 1 13
Total 1 23
Gráfico 2 – Representação gráfica do percentual da
antropometria facial de acordo com o sexo.
Tabela 3 - Análise da abertura de boca.
Sexo Normal Restritiva
Feminino 6 4
Masculino 12 2
Total 18 6
Gráfico 3 – Representação gráfica do percentual do
movimento de abertura da boca.
Tabela 4 - Palpação do músculo masseter direito.
Sexo Normal Dor Incômodo
Feminino 3 3 3
Masculino 12 2 1
Total 15 5 4
Gráfico 4 – Representações gráfica do percentual da
palpação do músculo masseter direito.
Tabela 5 - Palpação do músculo masseter esquerdo.
Sexo Normal Dor Incômodo
Feminino 3 1 5
Masculino 11 1 3
Total 14 2 8
Gráfico 5 – Representação gráfica do percentual da
palpação do músculo masseter esquerdo.
Conclusão
Este estudo preliminar proporcionou a in-
vestigação das relações morfofuncionais da
articulação temporomandibular em crianças.
Assim, verificou-se a alteração postural da
cabeça, com projeção à frente, e o incômodo
no músculo masseter, evidenciando a presen-
ça de desordens temporomandibular. Entre-
tanto, consideramos que existe uma necessi-
dade de mais estudos controlados e com nú-
mero maior de participantes sobre este assun-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001312
to, bem como um instrumento clínico
multidisciplinar, para que possamos chegar a
um consenso diagnóstico e de tratamento.
Visamos, neste trabalho, identificar a preco-
cidade de vários acometimentos da articula-
ção temporomandibular em uma faixa etária
de 10 a 12 anos.
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Upper half of body, Williams & Wilkins ed, 2
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12. Netter HF. Atlas of human anatomy. Ed.
Novartis Education, 1997.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 313
Caso clínico
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Reabilitação vestibular em duas pacientes com
vertigem posicional paroxística benigna
Vestibular rehabilitation in two patients with benign
paroxysmal positional vertigo
André Luís Santos Silva*, Silmar Silva Teixeira**, João Soares Moreira***, Simone
Fernandes****
*Fisioterapeuta, Laboratório de Biomecânica Clínica, Hospital Geral de Ipanema, Rio de Janeiro, **Fisio-
terapeuta, UVA, ***Médico-Otoneurologista, CPqHEC-FIOCRUZ, ***Médica-Neurologista, Hospital
Municipal Souza Aguiar, Rio de Janeiro
Resumo
O Tratamento fisioterapêutico de duas pacientes com Vertigem
Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é descrito. A primeira paci-
ente é do sexo feminino, 79 anos, com história de 5 anos de verti-
gem intermitente e instabilidade postural. A outra paciente, tam-
bém do sexo feminino, com 83 anos, apresentava queixa de dificul-
dade progressiva na deambulação e importante vertigem decúbito-
dependente há 01 mês. Uma paciente foi tratada no período da cri-
se com manobra de reposicionamento e a outra com manobra
liberatória. Ambas realizaram exercícios de habituação de Brandt-
Daroff. Foram acompanhadas por três, seis e doze meses após a
crise de vertigem. O programa fisioterapêutico enfatizava a prática
de atividades que alteravam a estabilidade. Elas realizaram
cinesioterapia ativa livre com coordenação cabeça-olhos sentadas,
de pé e deambulando. A freqüência era de 01 a 02 vezes por semana
no consultório, associado a exercícios diários de habituação de
Brandt-Daroff e treinamento da marcha a nível domiciliar. As
mensurações foram obtidas antes e após o tratamento para cada
Endereço para correspondência:
André Luís Santos Silva, Rua Visconde de Silva, 292/605, Humaitá, 22271-090
Rio de Janeiro– RJ, Tel/Fax: (21) 2554-5959, E-mail: delandre@ccard.com.br
Palavras-chave:
Fisioterapia,
equilíbrio,
reabilitação
vestibular, vertigem
posicional paroxística
benigna, controle
postural.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001314
paciente, incluindo um acompanhamento diário de auto-relato so-
bre a intensidade da vertigem, efeitos positivos da cinesioterapia
vestibular ou se havia piora dos sintomas como efeito dos exercíci-
os. As pacientes relataram melhora das queixas, com indicadores
positivos baseados no Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV),
na manobra de Dix-Hallpike, no Teste do Levante e Siga
Cronometrado (Timed Up and Go Test), na Prova dos Passos de
Fukuda e no Teste
do Alcance de Duncan. Esse estudo de casos des-
creve um programa de tratamento fisioterapêutico individualizado
e documenta a melhora funcional dessas pacientes com diferentes
estágios, duração e apresentação clínica de VPPB. Os resultados
sugerem que pacientes com disfunção vestibular periférica, VPPB
aguda ou crônica, podem ser capazes de melhorar seus quadros de
vertigem e estabilidade postural.
Abstract
The treatment of two patients with Benign Paroxysmal Positional
Vertigo (BPPV) is described. One patient was 79-year-old woman
with a 5-years history of dizziness and postural unsteadiness. The
other patient was 83-year-old with 1-month history of progressive
difficulties for ambulation and vertigo dependent-posture. One
patient was treated in acute stage with the canalith repositioning
procedure, and other patient was treated with a liberatory maneuver.
Both was performed the habituation exercises. The follow-up was
of the 3-months, 6-months and 12-months after the crisis. The course
of physical therapy emphasized the practice of activities that
challenge stability. They had realized active kinesiotherapy with
exercises of coordination head-eyes. Each patient had weekly
therapy and performed selected balance retraining and habituation
exercises on a daily basis at home. Measurements taken before and
after treatment for each patient included self-perception and
intensity of symptoms, positive effects of the exercises and gait
activities or if had worse of the symptoms. Both patients reported
improvements in symptoms and demonstrated similar
improvements on several indicators such as Dizziness Handicap
Inventory (DHI), on the Dix-Hallpik Maneuver, on the Timed Up
and Go Test (TUG), Fukuda’s Stepping Test and The Standing
Duncan Reach Test. This case report describes two individualized
treatment programs and documents functional improvements in
two patients with different onset, durations, and clinical
presentations of BPPV. The outcomes suggest that patients with
peripheral vestibular dysfunction, acute or chronic BPPV, may be
able to learn improve their vertigo and postural stability.
Key-words:
Balance, vestibular
rehabilitation,
physical therapy,
benign paroxysmal
positional vertigo,
postural control.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 315
Introdução
Muitos pacientes procuram hospitais e con-
sultórios com queixa de tontura ou de insta-
bilidade postural. A tontura é um sintoma
inespecífico, que pode ser resultante de qual-
quer desordem orgânica. A vertigem é uma
sensação ilusória de movimento da própria
pessoa ou do ambiente que a cerca, e pode ser
uma componente da tontura [1-4]. O diagnós-
tico diferencial é amplo e deve incluir causas
clínicas, neurológicas e otoneurológicas [4-7].
A nível nacional, entretanto, chama atenção o
número de pacientes com quadro de tontura
do tipo rotatória (vertigem), onde, após exa-
mes clínico e complementares, são classifica-
dos de forma genérica como portadores de
“labirintite” ou de causa “possivelmente” lo-
calizada na região cervical [8-10]. Estudos re-
centes [11] da dinâmica circulatória cerebral
com ultra-sonografia por efeito Doppler, con-
duzidos pelos Drs. Bertora, Bergmann,
Claussen e Claussen, do Grupo de Investiga-
ção Otooftalmológica da Argentina e Alema-
nha, demonstraram que, em 52% dos pacien-
tes que os consultam por vertigem com diag-
nóstico prévio atribuído a problemas na região
cervical, apenas 5% apresentam realmente
vertigem de causa cervical por variações de
fluxo de artérias vertebrais [11]. Esses auto-
res consideram a osteoartrite de coluna
cervical de baixo valor clínico como fator cau-
sal de disfunções otoneurológicas, contudo,
acreditam que os transtornos hemodinâmicos
capilares (circulação cerebral terminal) sejam
de grande importância, pelas trocas metabó-
licas que realizam entre as células cerebrais.
Os sistemas vestibular e visual possuem
receptores especializados, axônios de nervos
cranianos em suas periferias, núcleos especí-
ficos no tronco encefálico e área no córtex
encefálico dedicadas aos seus funcionamen-
tos. O sistema vestibular orienta a informa-
ção de movimentos da cabeça e dos olhos, e
desta em relação à gravidade e ao corpo, par-
ticipa dos controles de ajustes posturais e an-
tecipação e exerce influência sobre informa-
ções autonômicas e na consciência [12-15].
Consultar Herdman (2002) para uma ampla
abordagem sobre neurofisiologia e a Reabili-
tação Vestibular [16].
Furman e Cass [5], em recente revisão de
literatura, relataram que a VPPB é um dos ti-
pos mais comuns de vertigem. Baloh et al. [17],
em um coorte de 240 pacientes, com uma va-
riação de 11 a 84 anos de idade, demonstra-
ram que a média de idade para apresentar a
VPPB era de 54 anos [17]. Froehling et al. [18]
estimaram que a incidência de VPPB era alta,
com 107 casos a cada 100.000 pessoas ao ano.
Esta condição patológica surge repentinamen-
te (episódica) como uma tontura ou uma ver-
tigem provocada por certas posições da cabe-
ça. Entre os movimentos mais freqüentes es-
tão o rolar na cama, olhar para cima e inclinar
a cabeça. Apesar de existir há muito tempo,
somente recentemente [19, 20], que a
fisiopatologia da VPPB tornou-se mais subs-
tancialmente compreendida. Partículas de
cristais de carbonato de cálcio (otolitos) livres
e flutuando no canal semicircular posterior
(CSP) do labirinto vestibular tem sido obser-
vadas in vivo em vários pacientes com esta
desordem [5, 19, 20]. Antecedentes comuns da
VPPB incluem neuronite vestibular e
traumatismo craniano [5, 8]. Estes achados
permitiram o desenvolvimento de tratamen-
to inovador à beira do leito, no qual as partí-
culas são movidas do CSP para dentro do ves-
tíbulo (região central do labirinto), onde se
localiza o utrículo, uma das duas estruturas
sensíveis à gravidade presentes na orelha in-
terna. Essas manobras geralmente oferecem
uma melhora imediata e duradoura da verti-
gem [21-23]. No entanto, a recidiva nessa en-
fermidade ocorre com certa freqüência [5].
Epley [22], reportou uma recidiva em torno de
30% em um período de 30 meses de acompa-
nhamento. Apesar da aparente simplicidade
da fisiopatologia da VPPB, o diagnóstico e o
tratamento desta patologia pode variar. Os
pacientes podem apresentar alguns, mas não
todos os sinais e sintomas característicos da
VPPB típica, o que demonstra a existência de
variantes e, consequentemente, diversas ma-
nobras e condutas terapêuticas para o seu con-
trole. Um sinal objetivo característico é o
nistagmo. Em sua forma mais comum, a VPPB
apresenta um nistagmo com componentes
vertical e torsional [1, 2, 5]. Alguns autores
denominam de nistagmo posicional
paroxístico benigno [14-16].
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001316
De acordo com a fisioterapeuta norte-ame-
ricana Susan Herdman [16], as limitações
cinético-funcionais observadas em pacientes
com disfunção labiríntica (vestibular) são ins-
tabilidade postural, associadas à manifesta-
ções neurovegetativas [2], alteração de marcha
[6, 8], fatigabilidade [12, 16] e indisposição [14,
18], resultando em dificuldades para as ativi-
dades de vida diária (AVD’s).
Procedimento e método
Em nosso estudo de casos de duas pacien-
tes com história de vertigem e instabilidade
postural, descrevemos a fase, baseada na in-
tervenção a nível ambulatorial e domiciliar, que
promoveu o incremento das alterações positi-
vas para vertigem e estabilidade corporal na
posição ortostática e deambulando. As pacien-
tes tinham diferentes etiologias, duração e
apresentação clínica de VPPB (Tabela 1).
O programa de tratamento é baseado nas
recentes abordagens relacionadas à reabilita-
ção do equilíbrio, sugerindo que atividades
que acionam os mecanismos de controle
neural e postural podem ser mais efetivas para
alcançar um controle postural global [13]. Tais
mecanismos podem incluir a integração de
informações sensoriais ou estratégias alterna-
das de controle motor a fim de se conseguir
uma estabilidade postural [1, 3, 16]. Nós rela-
tamos dados sobre as respostas das pacientes
ao tratamento baseados em instrumentos de
avaliação clínica do equilíbrio, auto-relato de
acompanhamento, análise da qualidade do
movimento corporal e análise das respostas
sobre dificuldades do paciente através do In-
ventário das Deficiências da Vertigem –
IDV[16], adaptado do Dizziness Handicap
Inventory – DHI [24].
A avaliação médica para cada paciente ra-
tificando a indicação de fisioterapia consistia
de exames e testes realizados e julgados apro-
priados por um otoneurologista ou neurolo-
gista.
Considerações éticas
As pacientes concordaram em participar da
pesquisa e assinaram um consentimento in-
formado sobre a publicação do presente tra-
balho.
Relato de caso
Paciente 1 – Recidiva de VPPB após 05
anos. CSP à esquerda.
Paciente do sexo feminino, 79 anos, enca-
minhada ao setor de fisioterapia. Queixava-se
de tontura e náusea ao mudar de posição em
sua cama (rolar ou passar de sentada para
decúbito lateral esquerdo) e instabilidade
postural, há aproximadamente 01 mês. Há 05
anos, ela referia os mesmos sinais e sintomas,
onde foi constatado VPPB-CSP à esquerda,
confirmada pela manobra de Dix-Hallpike [25]
e exames otoneurológicos. Na ocasião, foi
acompanhada pela fisioterapia através de
manobra de reposição canalítica (02 execu-
ções) [22] e cinesioterapia ativa com exercíci-
os de Habituação de Brandt-Daroff [21], de
motilidade óculo-cefálica e exercícios de con-
dicionamento geral [14, 26]. Após acompanha-
mento de 03 anos e meio, a paciente relatava
100% de melhora dos sintomas, o que
correspondia com os bons resultados apresen-
tados na reavaliação do equilíbrio em
ortostatismo e durante a marcha. [14].
Achados pré-fisioterapia
Uma semana antes de comparecer à fisio-
terapia, a paciente foi examinada por um mé-
dico otoneurologista. Este encontrou uma pa-
ciente lúcida e cooperativa. Apresentava mo-
vimentos extra-oculares com nistagmo espon-
tâneo, e ao acompanhar um alvo móvel, havia
incapacidade de suprimir o Reflexo vestíbu-
lo-ocular (RVO) por apresentar nistagmo du-
rante o teste. Sensibilidades superficial e pro-
funda, e movimentos faciais, de tronco e mem-
bros sem alterações. Membranas timpânicas
íntegras e exame de fundo-de-olho normal.
Tabela 1 -História dos casos
Sujeito Sexo Idade Etiologia Orelha afetada tratamento prévio Início da crise
 1 F 79 Desconhecida Esquerda Sim há 05 anos
 2 F 83 Desconhecida Direita Não há 01 mês
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 317
Romberg positivo à esquerda. Provas do dedo-
nariz, rechaço e diadococinesia normais. Foi
submetida à testes vestibulares que demons-
traram nistagmo vertical para cima e rotató-
rio anti-horário, pelo monitor da
Vectoeletronistagmografia (VENG), no
posicionamento lateral esquerdo à prova de
Dix-Hallpike, e vertical para baixo e rotatório
horário, pelo monitor, ao sentar-se, sugerindo
vertigem posicional paroxística benigna por
canalitíase do canal semicircular posterior
esquerdo (CSPe) [1, 3, 19, 23].
Durante avaliação fisioterapêutica, a paci-
ente precisava do apoio de acompanhante para
deambular, havia amplitude normal de movi-
mento para todas as extremidades. A mobili-
dade da coluna cervical e lombar eram com-
patíveis com a idade e sem dor. Os testes de
força muscular manual estavam normais (5/
5) para todos os grupos musculares dos
quadrantes superior e inferior. Provas de co-
ordenação (dedo-nariz e calcanhar-tíbia) apre-
sentavam boa velocidade, acurácia e suavida-
de, bilateralmente. Sensibilidade superficial
e propriocepção estavam normais. Tônus
muscular compatível com a idade. A mano-
bra posicional de Dix-Hallpike [25], ainda po-
sitiva para o lado esquerdo com vertigem e
nistagmo vertical e rotatório batendo
ipsilateral. Ela era incapaz de fixar visualmen-
te um alvo quando realizava movimentos de
rotação da cabeça com freqüências modera-
das. O Teste do Alcance de Duncan [27], com
inclinação para esquerda foi de 03 cm; para
direita 04 cm; para frente 02 cm. Havia impor-
tante limitação funcional. A marcha encontra-
va-se em bloco –sem dissociação de cinturas-
base de suporte aumentada, com passos len-
tos e com oscilação. A marcha sensibilizada
era instável com tendência à queda à esquer-
da. As noções de freqüência e intensidade da
vertigem foram avaliadas usando-se um ques-
tionário padronizado, o Inventário das Defici-
ências da Vertigem –IDV- (Tabela 2), onde para
a paciente 01 apresentou um total de 64/100.
Ambas as pacientes foram avaliadas e tra-
tadas pelo mesmo fisioterapeuta. A avaliação
do equilíbrio foi baseada nos aspectos de or-
ganização sensorial e motora do controle
postural de cada paciente, assim como as res-
postas posturais automáticas. Os testes foram
selecionados de acordo com a história e pato-
logia de cada enferma, e a necessidade de
identificar (para a proposta de planejamento
do tratamento) os aspectos fundamentais do
controle postural, que era o ponto mais pro-
blemático das pacientes. Seja de pé ou andan-
do, a paciente tinha uma tendência a se
posicionar mais lateralmente à esquerda. Foi
solicitado que ficasse em pé com os pés jun-
tos (Romberg) por 60 segundos (mensurado
com cronômetro digital). Quando solicitava-
se que girasse a cabeça de um lado para o ou-
tro, apresentava um aumento importante da
oscilação postural. Ela era capaz de manter-se
de pé sobre uma almofada de 10 cm de espes-
sura com os olhos abertos por 20 segundos e
com os olhos fechados por 2,5 segundos, su-
gerindo que tinha dificuldade com o controle
postural quando a informação visual era re-
movida e o ingresso somatossensitivo era al-
terado. Ela era capaz de manter-se na posição
de Romberg sensibilizado com olhos abertos
por 45 segundos. Na posição de pé sobre a per-
na dominante (a direita, determinado pela
pergunta sobre qual perna ela usaria para chu-
tar uma bola), ela conseguia permanecer por
25 segundos com olhos abertos e 1,5 segun-
dos com olhos fechados, sugerindo dificulda-
de com o controle postural quando as infor-
mações visuais eram removidas e necessita-
va manter seu centro de gravidade (CG) sobre
uma estreita base de suporte.
Havia aumento da oscilação postural para
Tabela 02 - Resultado global pré-fisioterapia do inventário das deficiências da vertigem das 2 pacientes
Comprometimento PAC. 01 PAC. 02
Sim(x4) Não(x0) às vezes(x2) Sim(x4) Não(x0) às vezes(x2)
Funcional (38) 4 3 2 2 6 1
Orgânico (36) 4 3 - 3 2 2
Emocional (28) 6 1 2 1 8 -
Total: 14(x4)+ 7(x0) + 4(x2) = 64/100 6 (x4) + 16(x0) + 3(x2) = 30/100
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001318
a esquerda durante os testes de marcha, es-
pecialmente quando a base de suporte era es-
treitada ou quando o ingresso sensorial visu-
al era removido. Estes achados sugeriram que
ela tinha dificuldade em selecionar uma in-
formação sensorial apropriada para o contro-
le postural. A estratégia do passo (para recu-
peração da estabilidade) era atrasada e com
tendência à esquerda em resposta a uma per-
turbação inesperada do equilíbrio. A Prova dos
Passos de Fukuda foi positiva para o lado es-
querdo [16]. O Teste do Levante e Siga
Cronometrado –Timed Up and Go Test [16],
realizado sobre uma superfície de 12,5 metros,
apresentou um tempo de 17 segundos sem o
uso de suporte. A marcha era realizada de for-
ma insegura, e tornava-se mais lenta ao reali-
zar a curva de 180º. A marcha com os olhos
fechados sobre uma superfície de 6 metros foi
realizada em 8 segundos, mas com uma vaci-
lação para o lado direito, o que sugere
dificul-
dade para o controle postural durante a mar-
cha quando a referência visual era retirada.
Ela era capaz de realizar a deambulação sen-
sibilizada de olhos abertos, porém com lenti-
dão e 02 interrupções. Mas era incapaz de rea-
lizar essa tarefa com os olhos fechados, o que
indica dificuldade sobre o controle postural
quando deambula com a base de suporte es-
treitada e com necessidade de manter o CG
dentro de uma pequena área. Ao andar sobre
uma superfície de 6 metros com a cabeça gi-
rando de uma lado para o outro, a paciente
realizava em 7 segundos, mas com dois cruza-
mentos das pernas, indicando dificuldade para
integrar informações relacionadas ao movi-
mento da cabeça com outras informações sen-
soriais durante a atividade.
Os objetivos da fisioterapia para a paciente
incluíam diminuir as sensações de vertigem
decúbito-dependente e torná-la capaz para
caminhar independentemente sem apoio e
poder aumentar sua participação em ativida-
des sociais, com possível melhora do aspecto
emocional.
Fisioterapia – Caso 01
O Programa de fisioterapia vestibular e
para o equilíbrio foi delineado baseado nas
seguintes interpretações das condições da
paciente:
1. Sua vertigem era relacionada a disfunção
vestibular periférica (VPPB) por canalitíase,
deflagrada na mudança de posição da cabeça.
Esta disfunção possui alta incidência em pes-
soas idosas e problemas de equilíbrio também
são comuns associados à VPPB (16);
2. Ela estava muito dependente das infor-
mações visuais e somatossensitivas para o
equilíbrio dinâmico;
3. Apresentava atraso nas respostas de re-
cuperação da estabilidade postural após per-
turbação do equilíbrio;
4. Apresentava dificuldade na fixação visu-
al durante atividades funcionais;
Nosso programa de tratamento incluiu:
Fase 1 - Utilização de manobra de reposição
canalítica para o CSP esquerdo, ficando com
colar cervical por 7 dias e permaneceu senta-
da nos dois primeiros dias após o procedimen-
to [16, 22].
Fase 2 - Relatou 60% de melhora da verti-
gem decúbito-dependente. Foi realizado novo
teste de Dix-Hallpike à esquerda e a paciente
apresentava nistagmo “batendo para baixo” e
vertigem. Foi realizada mais uma manobra de
reposição canalítica para CSPe, com resulta-
do positivo, ou seja, não apresentou nistagmo
ou vertigem quando retornou à posição sen-
tada. Na semana seguinte, iniciou-se a
cinesioterapia ativa livre, através de exercíci-
os de Habituação de Brandt-Daroff [21] por 5
semanas, associada a exercícios coordenação
cabeça-olhos com estimulação vestibular e
interação vestíbulo-visual, nas posições sen-
tada, de pé em superfície plana e sobre uma
almofada de 10 cm de espessura [16].
Fase 3 - Realizou, durante mais 7 semanas
o programa da fase 2 associado a exercícios
de equilíbrio e marcha. A paciente compare-
cia às sessões de fisioterapia uma vez por se-
mana com duração de 45 minutos, durante a
qual era reavaliada e trazia o questionário de
auto-relato que preenchia toda noite antes de
dormir (ferramenta padrão de aderência ao
tratamento utilizado em nosso serviço – con-
siste de 03 questões sobre a) Intensidade da
vertigem, b) Alívio da vertigem com a
cinesioterapia, c) Efeitos secundários positi-
vos ou negativos da cinesioterapia). Sempre
era instruída à progressão dos exercícios a
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 319
nível domiciliar. Excetuando a semana inicial
do programa, não relatava dificuldade com a
progressão semanal da cinesioterapia domi-
ciliar. Realizava pelo menos duas vezes ao dia,
durante os 7 dias da semana com tempo de
aproximadamente 45 minutos. Após 14 sema-
nas, ela foi reavaliada no laboratório de
biomecânica clínica com as mesmas
mensurações iniciais.
Achados pós-fisioterapia
Após 14 semanas de tratamento, a pacien-
te relatou uma diminuição importante na fre-
qüência e na intensidade do desequilíbrio. Não
apresentava vertigem nem nistagmo à mano-
bra de Dix-Hallpike. Os pontos no Inventário
das Deficiências da Vertigem (IDV) passaram
de 64/100 da avaliação inicial para 34/100. Re-
latou melhora em 05 itens do aspecto emocio-
nal e melhora em 05 itens das atividades fun-
cionais. Não houve relato de piora em nenhum
item do IDV.
Ela era capaz de fixar visualmente um alvo
quando realizava movimentos de rotação da
cabeça com freqüências moderadas. Ao girar
a cabeça de um lado para o outro, apresentou
uma diminuição da oscilação postural. Houve
melhora no Teste do Alcance de Duncan, onde
a inclinação para esquerda foi de 08 cm; para
a direita de 09 cm e 06 cm para frente. Ela con-
seguiu manter-se de pé sobre a almofada de
10 cm de espessura com os olhos abertos por
40 segundos e com os olhos fechados por 10
segundos. Na posição de pé sobre a perna do-
minante, ela conseguiu permanecer por 28
segundos com olhos abertos e 5 segundos com
olhos fechados. A Prova de Fukuda estava nos
padrões da normalidade. Houve melhora da
Teste do Levante e Siga Cronometrado (Timed
Up and Go Test-TUG), que passou de 17 segun-
dos para 12 segundos. A marcha com os olhos
fechados reduziu de 8 segundos para 5,5 se-
gundos com discretas vacilações à direita. A
marcha sensibilizada com olhos abertos pôde
ser realizada apenas com uma interrupção,
comparada às duas da avaliação inicial. Con-
seguiu realizar a marcha sensibilizada com os
olhos fechados, porém com duas interrupções.
Ao andar sobre a superfície de 6 metros com a
cabeça girando de uma lado para o outro, a
paciente realizava em 7 segundos e dois cru-
zamentos das pernas, porém na reavaliação,
ela conseguiu realizar em 4,5 segundos com
apenas 01 cruzamento.
Não havia atraso na estratégia do passo para
recuperação de estabilidade com uma pertur-
bação repentina do equilíbrio. Após seis e doze
meses de acompanhamento, a paciente relatou
que estava 100% melhor dos sinais e sintomas.
Após um ano o IDV era de 08/100 (Tabela 3).
Tabela 3 - Resultado do inventário de desvantagens da
vertigem da paciente 01 após um ano.
Comprometimento PAC. 01
Sim(x4) Não(x0) Às vezes(x2)
Funcional (38) - 9 -
Orgânico (36) 2 5 -
Emocional (28) - 9 -
Total: 8(x4)+ 23(x0) + 0(x2) = 08/100
Paciente 2 – VPPB há 01 mês. CSP à direita
Paciente do sexo feminino, 83 anos, enca-
minhada ao setor de fisioterapia. Queixava-se
de vertigem objetiva (“o ambiente girava em
torno dela”), náusea ao mudar de posição em
sua cama (rolar ou passar de sentada para
decúbito lateral direito) e instabilidade
postural, há aproximadamente um mês. Não
havia história de queda.
Achados pré-fisioterapia
Uma semana antes de comparecer à fisio-
terapia, a paciente foi examinada por uma
médica neurologista. Esta encontrou uma pa-
ciente lúcida e cooperativa. Ao exame apre-
sentou nistagmo com a fase rápida “batendo
para cima” e torsional à direita quando movia
a cabeça até a posição de Dix-Hallpike à direi-
ta. A latência e duração do nistagmo, e a verti-
gem concorrente, eram consistentes com
cupulolitíase do canal semicircular posterior
direito CSPd [8, 9, 10]. Apresentava as sensi-
bilidades superficial e profunda, os movimen-
tos faciais, de tronco e membros sem altera-
ções. Membranas timpânicas íntegras e exa-
me de fundo-de-olho normal. Romberg posi-
tivo à direita. Provas do dedo-nariz, rechaço e
diadococinesia normais.
Durante avaliação fisioterapêutica, a paci-
ente precisava do apoio de acompanhante para
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001320
deambular, havia amplitude normal de movi-
mento para todas as extremidades. A mobili-
dade da coluna cervical e lombar eram com-
patíveis com a idade e sem dor. Os testes de
força muscular manual estavam normais (5/
5) para todos os grupos musculares dos
quadrantes superior e inferior. Tônus muscu-
lar compatível com a idade. A Manobra
Posicional de Dix-Hallpike mostrou-se positi-
va para o lado direito
com vertigem e nistagmo
vertical “batendo” ipsilateral, com duração
acima de 60 segundos. Ela era incapaz de fi-
xar visualmente um alvo quando realizava
movimentos de rotação da cabeça com fre-
qüências moderadas. O Teste do Alcance de
Duncan, com inclinação para esquerda foi de
08 cm, para a direita foi 06 cm e para a frente
foi 10 cm. Havia limitação funcional modera-
da. A marcha encontrava-se com dissociação
de cinturas, com base de suporte normal, pas-
sos lentos e com oscilação. A marcha sensibi-
lizada era instável com tendência à queda à
direita. As noções de freqüência e intensida-
de da vertigem foram avaliadas usando-se o
Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV),
onde para a paciente 2 apresentou um total
de 28/100. A avaliação do equilíbrio foi basea-
da conforme a paciente 01. Foi solicitado que
ficasse na posição de Romberg por 60 segun-
dos (mensurado com cronômetro digital).
Quando solicitava-se que girasse a cabeça de
um lado para o outro, apresentava um aumen-
to importante da oscilação postural. Ela era
capaz de manter-se de pé sobre uma almofa-
da de 10 cm de espessura com os olhos aber-
tos por 15 segundos e com os olhos fechados
por 3,0 segundos, sugerindo que tinha dificul-
dade com o controle postural quando a infor-
mação visual era removida e o ingresso soma-
tossensitivo era alterado. Ela era capaz de
manter-se na posição de Romberg sensibiliza-
do com olhos abertos por 20 segundos. Na po-
sição de pé sobre a perna dominante (a direita,
determinado pela pergunta sobre qual perna
ela usaria para chutar uma bola), ela conseguia
permanecer por 20 segundos com olhos aber-
tos e 1,0 segundo com olhos fechados, sugerin-
do dificuldade com o controle postural quando
as informações visuais eram removidas e ne-
cessitava manter seu centro de gravidade (CG)
sobre uma estreita base de suporte.
Não havia aumento da oscilação postural
durante os testes de marcha, especialmente
quando a base de suporte era estreitada ou
quando o ingresso sensorial visual era remo-
vido. Não apresentava estratégia do passo para
recuperação da estabilidade em resposta a
uma perturbação inesperada do equilíbrio. A
Prova dos Passos de Fukuda foi positiva para
o lado direito. O Teste do Levante e Siga
Cronometrado –Timed Up and Go Test (reali-
zado sobre uma superfície de 12,5 metros),
apresentou um tempo de 16 segundos sem o
uso de suporte. A marcha era realizada de for-
ma segura, e tornava-se mais lenta ao realizar
a curva de 180º. A marcha com os olhos fecha-
dos sobre uma superfície de 6 metros foi rea-
lizada em 7 segundos sem vacilação. Era ca-
paz de realizar a deambulação sensibilizada
de olhos abertos, porém com lentidão e 02 in-
terrupções. E conseguia com os olhos fecha-
dos, com maior lentidão e com 04 paradas, o
que indica dificuldade sobre o controle
postural quando deambula com a base de su-
porte estreitada e com necessidade de man-
ter o CG dentro de uma pequena área. Ao an-
dar sobre uma superfície de 6 metros com a
cabeça girando de uma lado para o outro, a
paciente realizava em 9 segundos e com 03
cruzamentos das pernas, indicando dificulda-
de para integrar informações relacionadas ao
movimento da cabeça com outras informações
sensoriais durante a atividade.
Os objetivos da fisioterapia para a paciente
incluiu diminuir as sensações de vertigem
decúbito-dependente, melhorar a postura e
diminuir o risco e o medo de queda.
Fisioterapia – Caso 02
O Programa de fisioterapia vestibular e
para o equilíbrio foi delineado baseado nas
seguintes interpretações das condições da
paciente:
1. Sua vertigem era relacionada a disfunção
vestibular periférica (VPPB) por cupulolitíase,
deflagrada na mudança de posição da cabeça.
Esta forma de VPPB é relativamente
incomum [16];
2. Ela estava muito dependente das infor-
mações visuais e somatossensitivas para o
equilíbrio dinâmico;
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001 321
3. Apresentava atraso nas respostas de re-
cuperação da estabilidade postural após per-
turbação do equilíbrio;
Nosso programa de tratamento incluiu:
Fase 1 - Utilização da manobra liberatória de
Sémont para o CSP direito [2], ficando com
colar cervical por 7 dias e permaneceu sentada
nos dois primeiros dias após o procedimento.
Fase 2 - Relatou 100% de melhora da verti-
gem decúbito-dependente. Foi realizado novo
teste de Dix-Hallpike e a paciente não apre-
sentava nistagmo ou vertigem para ambos os
lados. Na semana seguinte, iniciou-se a
cinesioterapia ativa livre, através de exercíci-
os de Habituação de Brandt-Daroff por 4 se-
manas associado a exercícios coordenação ca-
beça-olhos com estimulação vestibular e
interação vestíbulo-visual, nas posições sen-
tada, de pé em superfície plana e sobre uma
almofada de 10 cm de espessura. Realizou,
também, exercícios terapêuticos de integração
sensorial com degrau e bola, associado a mo-
vimentação da cabeça [16].
Fase 3 - Realizou, durante mais 4 semanas
o programa da fase 2 associado a exercícios
de equilíbrio e marcha com obstáculos. A pa-
ciente comparecia às sessões de fisioterapia
uma vez por semana com duração de 45 mi-
nutos, durante a qual era reavaliada e trazia o
questionário de auto-relato que preenchia
toda noite antes de dormir. Como na paciente
1, era instruída à progressão dos exercícios a
nível domiciliar. Não relatava dificuldade com
a progressão semanal da cinesioterapia domi-
ciliar. Realizava pelo menos duas vezes ao dia,
durante os 7 dias da semana com tempo de
aproximadamente 45 minutos. Após 12 sema-
nas, ela foi reavaliada no laboratório de
biomecânica clínica com as mesma
mensurações iniciais.
Achados pós-fisioterapia
Após 12 semanas de tratamento, a pacien-
te relatou uma diminuição importante na fre-
qüência e na intensidade do desequilíbrio. Não
apresentava vertigem nem nistagmo à mano-
bra de Dix-Hallpike. Os pontos no Inventário
das Deficiências da Vertigem (IDV) passaram
de 28/100 da avaliação inicial para 00/100. Re-
gistrou melhora em todos os itens.
Ela era capaz de fixar visualmente um alvo
quando realizava movimentos de rotação da
cabeça com freqüências moderadas. Ao girar
a cabeça de um lado para o outro, apresentou
uma diminuição da oscilação postural. Houve
melhora no Teste do Alcance de Duncan, onde
a inclinação para esquerda foi de 10 cm; para
a direita de 10 cm e 13 cm para frente. Ela con-
seguiu manter-se de pé sobre a almofada de
10 cm de espessura com os olhos abertos por
40 segundos e com os olhos fechados por 15
segundos. Inclusive, realizou tarefas de
integração sensorial, como realizar passos em
cima da almofada ao mesmo tempo que rece-
bia uma bola do fisioterapeuta, e a devolvia,
com a cabeça girando ou não. Na posição de
pé sobre a perna dominante, ela permanecia
por 28 segundos com olhos abertos e 15 se-
gundos com olhos fechados. A Prova dos Pas-
sos de Fukuda estava nos padrões da normali-
dade. Houve melhora da Teste do Levante e
Siga Cronometrado (Timed Up and Go Test-
TUG), que passou de 16 segundos para 09 se-
gundos. A marcha com os olhos fechados re-
duziu de 7 segundos para 5,5 segundos com
discretas vacilações à direita. A marcha sen-
sibilizada com olhos abertos pôde ser realiza-
da sem interrupção, comparada às duas da
avaliação inicial. Conseguiu realizar a marcha
sensibilizada com os olhos fechados, porém
com duas interrupções. Ao andar sobre a su-
perfície de 6 metros com a cabeça girando de
uma lado para o outro, a paciente conseguiu
realizar em 7 segundos e sem cruzamentos das
pernas.
Não havia atraso na estratégia do passo para
recuperação de estabilidade com uma pertur-
bação repentina do equilíbrio. Houve acom-
panhamento seis e doze meses depois, com
relato de 100% de melhora. Após um ano, o
IDV continuou em 00/100 (Tabela 4).
Tabela 4 - Resultado do inventário das deficiências da
vertigem da paciente 02 após 01
ano.
Comprometimento PAC. 01
Sim(x4) Não(x0) Às vezes(x2)
Funcional (38) - 9 -
Orgânico (36) - 7 -
Emocional (28) - 9 -
Total: 0(x4)+ 25(x0)+ 0(x2)= 00/100
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 5 Setembro / Outubro 2001322
Discussão
Ambas as pacientes demonstraram melho-
ra do quadro de vertigem e da estabilidade
postural, após o acompanhamento de 14 se-
manas para o caso 1 e 12 semanas para o caso
02, de um programa racional e individualiza-
do de fisioterapia. Houve reavaliação seis e
doze meses depois, com relato de melhora de
100% nos dois casos. A paciente 1 apresenta-
va um quadro crônico de VPPB, que culmi-
nou com uma recidiva 5 anos após o último
tratamento [29]. Conforme dados da literatu-
ra, os casos de longa história de VPPB podem
criar uma ansiedade quanto às posições de
provocação dos sintomas [1, 2, 3, 8, 13, 16] e
isto pode afetar a adesão do paciente ao trata-
mento e aumentar o grau de comprometimen-
to cinético-funcional global. Uma explicação
cuidadosa sobre os testes e o tratamento que
serão aplicados são imprescindíveis. Neste
primeiro caso, o nistagmo “batendo para bai-
xo” após a manobra significa que o resíduo
otolítico não se moveu além da junção do CS
Posterior e CS Anterior (cruz comum) até o
vestíbulo, mas voltou para o CSP. Isto pode
ocorrer pela variação na orientação dos canais
ou por uma posição cefálica imprópria duran-
te a manobra [1, 8, 16]. Por esta razão, o trata-
mento de reposição foi repetido até não apre-
sentar mais o nistagmo. Esta paciente resis-
tiu a realização do programa domiciliar da fase
2. Após explicação cuidadosa à paciente e aos
parentes, houve uma adequada adesão ao tra-
tamento. A paciente 2 apresentava um qua-
dro mais recente, o que significa uma melho-
ra mais rápida e consistente dos sintomas [16,
21, 26]. Esta apresentou uma melhora mais
marcante de sua capacidade funcional nos
achados pós-fisioterapia. Ela demostrou, tam-
bém, maior estabilidade postural sobre super-
fícies macias com excelente habilidade para
atividades de integração sensorial combina-
das [16]. O programa de fisioterapia para as
pacientes incluiu atividades nas posições sen-
tada, de pé e durante a marcha, associada a
alteração da estabilidade postural. Estas ex-
periências foram provavelmente instrumen-
tos na melhora da habilidade para utilizarem
efetivamente as informações
somatossensoriais para modificar a magnitu-
de das respostas posturais. Cabe lembrar que
o uso de drogas supressoras da atividade ves-
tibular podem interferir nos mecanismos com-
pensatórios centrais dos pacientes
vestibulopatas [28]. Futuras pesquisas
prospectivas e com grupo-controle são neces-
sárias, para fortalecer a veracidade dos acha-
dos.
Conclusão
Esse estudo de casos descreve um progra-
ma de tratamento fisioterapêutico individua-
lizado e documenta a melhora funcional de
pacientes com diferentes estágios, duração e
apresentação clínica de VPPB. Uma interpre-
tação apropriada dos sinais e sintomas, ofere-
cem um terreno seguro para o desenvolvimen-
to de um plano de tratamento fisioterapêutico.
A associação dos conhecimentos de compen-
sação central e dos mecanismos de antecipa-
ção e predição, estratégias motoras alteradas,
substituição sensorial e os fatores cognitivos
e emocionais são relevantes para o entendi-
mento do processo adaptativo. Os resultados
sugerem que pacientes com disfunção vesti-
bular periférica, VPPB aguda ou crônica, po-
dem ser capazes de melhorar seus quadros de
vertigem e estabilidade postural.
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 3 - Maio / Junho 2001324
A revista Fisioterapia Brasil é uma publi-
cação com periodicidade bimestral e está aber-
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ginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com
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Serão considerados para publicação, aque-
les não publicados anteriormente, tampouco
remetidos a outras publicações, que versem
sobre investigação, clínica, diagnóstico, tera-
pêutica e tratamento dentro das áreas defini-
das anteriormente.
Texto: Recomendamos que não seja supe-
rior a 12 páginas, formato A4, fonte English
Times (Times Roman) tamanho 12, com todas
as formatações de texto, tais como negrito, itá-
lico, sobre-escrito, etc.
Tabelas: Considerar no máximo seis tabe-
las, no formato Excel/Word.
Figuras: Considerar no máximo 8 figuras,
digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que pos-
sam ser editados em Power-Point, Excel, etc.
Bibliografia: É aconselhável no máximo 50
referências bibliográficas.
Os critérios que valorizarão a aceitação dos
trabalhos serão o de rigor metodológico cien-
tífico, novidade, originalidade, concisão da
exposição, assim como a qualidade literária do
texto.
3. Revisão
Serão os trabalhos que versem sobre algu-
ma das áreas relacionadas à Fisioterapia, ao
encargo do Comitê Científico, bem como re-
metida espontaneamente pelo autor, cujo in-
teresse e atualidade interessem a publicação
na revista.
Quanto aos limites do trabalho, aconselha-
se o mesmo dos artigos originais.
4. Comunicação breve
Esta seção permitirá a publicação de arti-
gos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que
os autores apresentem observações, resulta-
dos iniciais de estudos em curso, e inclusive
realizar comentários a trabalhos já editados
 Normas para publicação
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 3 - Maio / Junho 2001 325
na revista, com condições de argumentação
mais extensa que na seção de cartas do leitor.
Texto: Recomendamos que não seja supe-
rior a três páginas, formato A4, fonte English
Times (Times Roman) tamanho 12, com todas
as formatações de texto, tais como negrito, itá-
lico, sobre-escrito, etc.
Tabelas e figuras: No máximo quatro tabe-
las em Excel e figuras digitalizadas (formato
.tif ou .gif) ou que possam ser editados em
Power Point, Excel, etc
Bibliografia: São aconselháveis no máximo
15 referências bibliográficas.
5. Resumos
Nesta seção serão publicados resumos de
trabalhos e artigos inéditos ou já publicados
em outras revistas, ao cargo do Comitê Cien-
tífico, inclusive traduções de trabalhos de ou-
tros idiomas.
6. Correspondência
Esta seção publicará correspondência rece-
bida, sem que necessariamente haja relação
com artigos publicados, porém relacionados
à linha editorial da revista.
Caso estejam relacionados a artigos anteri-
ormente publicados, será enviada ao autor do
artigo ou trabalho antes de se publicar a car-
ta.
Texto: Com no máximo duas páginas A4,
com as especificações anteriores, bibliografia
incluída, sem tabelas ou figuras.
PREPARAÇÃO DO ORIGINAL
1. Normas gerais
1.1 Os artigos enviados deverão estar
digitados em processador de texto (Word,
Wordperfect, etc), em página de formato A4,
formatado da seguinte maneira: fonte Times
Roman (English Times) tamanho 12, com to-
das as formatações de texto, tais como negrito,
itálico, sobrescrito, etc.
1.2 Numere as tabelas em romano, com as
legendas para cada tabela junto a mesma.
1.3 Numere as figuras em arábico, e envie
de acordo com as especificações anteriores.
As imagens devem estar em tons de cinza,
jamais coloridas, e com qualidade ótima (quali-
dade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem
estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.
1.4 As seções dos os artigos originais são
estas: resumo, introdução, material e métodos,
resultados, discussão, conclusão e bibliogra-
fia. O autor deve ser o responsável pela tradu-
ção do resumo para o inglês e também das
palavras-chave (key-words). O envio deve ser
efetuado em arquivo, por meio de disquete,
zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos
enviados por correio em mídia magnética
(disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e
identificar com etiqueta no disquete ou CD-
ROM o nome do artigo, data e autor, incluir
informação dos arquivos, tais como o
processador de texto utilizado e outros pro-
gramas e sistemas.
2. Página de apresentação
A primeira página do artigo apresentará as
seguintes informações:
- Título em português e inglês.
- Nome completo dos autores, com a quali-
ficação curricular e títulos acadêmicos.
- Local de trabalho dos autores.
- Autor que se responsabiliza pela corres-
pondência, com o respectivo endereço, Tele-
fone e E-mail.
- Título abreviado do artigo, com não mais
de 40 toques, para paginação.
- As fontes de contribuição ao artigo, tais
como equipe, aparelhos, etc.
3. Autoria
Todas as pessoas consignadas como auto-
res devem ter participado do trabalho o sufi-
ciente para assumir a responsabilidade públi-
ca do seu conteúdo.
O crédito como autor se baseará unicamen-
te nas contribuições essenciais que são: a) a
concepção e desenvolvimento, a análise e in-
terpretação dos dados; b) a redação do artigo
ou a revisão crítica de uma parte importante
de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação
definitiva da versão que será publicada. De-
verão ser cumpridas simultaneamente as con-
dições a), b) e c). A participação exclusivamen-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 3 - Maio / Junho 2001326
te na obtenção de recursos ou na coleta de
dados não justifica a participação como autor.
A supervisão geral do grupo de pesquisa tam-
bém não é suficiente.
4. Resumo e palavras-chave (Abstract,
Key-words)
Na segunda página deverá conter um resu-
mo (com no máximo 150 palavras para resu-
mos não estruturados e 200 palavras para os
estruturados), seguido da versão em inglês.
O conteúdo do resumo deve conter as se-
guintes informações:
- Objetivos do estudo.
- Procedimentos básicos empregados
(amostragem, metodologia, análise)
- Descobertas principais do estudo (dados
concretos e estatísticos)
- Conclusão do estudo, destacando os aspec-
tos de maior novidade.
Em seguida os autores deverão indicar qua-
tro palavras-chave (ou unitermos) para facili-
tar a indexação do artigo. Para tanto deverão
utilizar os termos utilizados na lista de cabe-
çalhos de matérias médicas (Medical Subject
Headings – MeSH do Index Medicus ou, no
caso de termos recentes que não figurem no
MeSH, os termos atuais).
5. Referências
As referências bibliográficas devem ser
numeradas e relacionadas em ordem na qual
aparecem no texto, seguindo as seguintes nor-
mas:
Livros - Número de ordem, sobrenome do
autor, letras iniciais de seu nome, ponto, títu-
lo do capítulo,
ponto, In: autor do livro (se di-
ferente do capítulo), ponto, título do livro (em
grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pon-
tos, editora, ponto e vírgula, ano da impres-
são, ponto, páginas inicial e final, ponto.
Exemplo:
1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In:
Laragh JH, editor. Hypertension:
pathophysiology, diagnosis and management.
2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78.
Artigos – Número de ordem, sobrenome
do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes
(sem pontos nem espaço), ponto. Título do tra-
balha, ponto. Título da revista ano de publica-
ção seguido de ponto e vírgula, número do
volume seguido de dois pontos, páginas inici-
al e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou
itálicos.
Zavala AV, Braver D. Semiologia do Pé –
Prevenção e tratamento do pé diabético. Dia-
betes Clínica 2000; 4:137-144.
Os artigos, cartas e resumos devem ser en-
viados para:
Jean-Louis Peytavin
Atlantica Editora
Avenida Atlântica, 604/1102
22010-000 Rio de Janeiro RJ
tel: (21) 2244 6471
E-mail: atlantica1@globo.com
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001 327
DataDataDataDataData HorárioHorárioHorárioHorárioHorário PPPPPalestrantealestrantealestrantealestrantealestrante TTTTTemaemaemaemaema
07 8:30 Marcel Bienfati Fisiologia da globalidade da função locomotora
07 11:15 Maria Luiza Nogueira Respiração no trabalho postural
07 14:00 Regina Coeli V. Gomes Facilitação neuromuscular proprioceptiva
07 14:30 Rubia Marcia Benatti Fuchs Influência do desiquilíbrios da pelve na patelo-femural
07 15:00 Isidro Marques Terapia manual sub-aquática
07 15:30 Debate com os dois palestrantes acima
07 16:10 Ângela Santos Diagnóstico postural clínico - Ponto de partida
para todas as abordagens em terapia manual
07 17:10 Afonso Salgado Medicina ortopédica de Cyriax
08 8:30 Rodrigo Luiz L. Juca Mecanismos lesionais das disfunções somáticas
vertebrais lombares e suas possibiliades de tratamento
08 9:00 Palmiro Torrieri Terapia manual integrada e Trigger points
08 9:30 Helder Montenegro Uma visão holística nas lesões musculares do atleta
08 10:00 Debate com os dois palestrantes acima
08 10:35 Ângela Santos Fisioterapia estática - Definindo um campo de trabalho em fisioterapia
08 11:30 Mauro Pedroni Jr. Diagnóstico ascendente através da pdoposturologia
08 14:30 Afonso Salgado Terapia manual na cefaleia de tensão
08 15:20 Gordon Cumming Rigidez da torácica alta como causa da síndrome do impacto do
ombro e da crepitação escapular
08 16:20 Alberto Vianna da Silveira Princípios fundamentais da RPG
08 17:10 Michael Dufresne O conceito Mulligan
09 8:30 Helder Montenegro Fisioterapia manual nas complicações de joelho
09 9:00 Palmiro Torrieri Tratamento da cefaléias cervicogênicas pelo conceito Mulligan
09 9:30 Michael Dufresne Técnicas de Mullicgan no tornozelo - Mobilização com movimento
09 10:10 Debate com os dois palestrantes acima
09 10:30 Gordon Cumming Cinemática da articulação glenoumeral:
Novas visões que todo terapeuta que faz mobilização passiva deve saber
09 11:25 Leopold Busquet Cadeias musculares: Apresentação
09 14:30 Rogério Augusto Queiroz O tratamento osteopático em cervicobraquialgias aguda e crônica
09 15:10 François Ricard Apresentação da osteopatia através da neurofisiologia
09 15:50 Debate com os dois palestrantes acima
09 16:30 Leopold Busquet Cadeias musculares: Influências na bacia e no joelho
09 17:25 Oldack Borges de Barros As Posturas da RPG e suas Aplicações
10 08:30 Celso Luís Dias Trabalho de modelagem manual para as diversas topografias da escoliose Idiopática
10 09:20 José Liberato Jr. Método McKenzie
10 10:25 Elena Nartinez Loza Tratamento osteopático de Whiplash cervical
10 11:05 François Ricard Estatísticas comparativas nos tratamentos de lombociáticas por hérnias discais
10 11:50 Debate com o dois palestrantes acima
10 14:30 Julles Boone Crochetagem mioaponeurótica nas lesões do ombro
10 15:10 Dominique Lippens Reequilíbrio postural através da osteopatia
10 16:00 Debate com os dois palestrantes acima
10 16:30 Philippe E. Souchard Escoliose
ICongresso Brasileiro de Terapia ManualCongresso Brasileiro On-Line
7 à 10 de novembro 2001
Centro de Convenções, Fortaleza - CE
Informações: Prática Eventos - Tel.: (85) 224-0638 / 261-3531 / 261-9667
www.terapiamanual.fst.br
Programação confirmada
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 4 - Julho / Agosto 2001328
Calendário de eventos
 Outubro
1º Encontro de F1º Encontro de F1º Encontro de F1º Encontro de F1º Encontro de Fisioterapia e Tisioterapia e Tisioterapia e Tisioterapia e Tisioterapia e Terapia Ocupacional doerapia Ocupacional doerapia Ocupacional doerapia Ocupacional doerapia Ocupacional do
CREFITCREFITCREFITCREFITCREFITOOOOO-5-5-5-5-5
5-6 de outubro
Porto Alegre – RS
Informações: (51) 3334-6586
XVXVXVXVXVooooo Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de F Congresso Brasileiro de Fisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapia
VIIIVIIIVIIIVIIIVIIIooooo Congresso P Congresso P Congresso P Congresso P Congresso Paulista de Faulista de Faulista de Faulista de Faulista de Fisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapia
IXIXIXIXIXooooo Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001 Expofisio Brasil 2001
10 a 14 de outubro
Pq Anhembi, São Paulo – SP
Secretaria: Rua Carneiro da Cunha, 354
Informações: (11) 5584-8969 ou 5071-0011
Annual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of PhysiotherapyAnnual Congress of the Chartered Society of Physiotherapy
19-21 de outubro
International Convention Centre, Birmingham, UK
informações: www.csphysio.org.br
Novembro
IIIIIooooo Búzios in fitness Búzios in fitness Búzios in fitness Búzios in fitness Búzios in fitness
02-04 de novembro
Búzios - RJ
Informações: MetA Produções e Eventos
(21) 3707-0189 / 7840-8617
IIIIIooooo Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de T Congresso brasileiro de Terapia manualerapia manualerapia manualerapia manualerapia manual
IIIIIooooo Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online Congresso brasileiro online
7-10 de novembro
Fortaleza, Ceará
Informações: (85)224-0638
www.terapiamanual.fst.br
IVIVIVIVIVooooo Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFIT Simpósio da SOFITOERJOERJOERJOERJOERJ
10 e 11 de novembro
Rio de Janeiro, RJ
Informações: (21) 2451 1043
E-mail: sofitoerj@bol.com.br
IIIIIooooo Congresso de F Congresso de F Congresso de F Congresso de F Congresso de Fisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimentoisioterapia Ciência em Movimento
IIIIIooooo Encontro de Ex Encontro de Ex Encontro de Ex Encontro de Ex Encontro de Ex-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em F-alunos de Especialização em Fisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapiaisioterapia
15 a 18 de novembro
SENAI/FIRJAN, Rua Mariz e Barros, 678 - Tijuca
Rio de Janeiro, RJ
Infs.: (21) 2288-5079
www.cienciaemmovimento.com.br
2002
Junho
Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002Physical Therapy 2002
Annual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American PhysicalAnnual Conference & Exposition of the American Physical
Therapy AssociationTherapy AssociationTherapy AssociationTherapy AssociationTherapy Association
5-8 de junho
Cincinnati, Ohio, EUA
Informações: www.apta.org
Agosto
2nd International Symposium on R2nd International Symposium on R2nd International Symposium on R2nd International Symposium on R2nd International Symposium on Rehabilitation and Physicalehabilitation and Physicalehabilitation and Physicalehabilitation and Physicalehabilitation and Physical
Therapy in VTherapy in VTherapy in VTherapy in VTherapy in Veterinary Medicineeterinary Medicineeterinary Medicineeterinary Medicineeterinary Medicine
10-14 de agosto
Knoxville, Tennessee
Informações: www.utc.edu/~vetpt/
Novembro
8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical8th General Assembly of Asian Confederation for Physical
TherapyTherapyTherapyTherapyTherapy
17-20 de novembro
Central Grand Plaza Hotel
Bangkok, Thailand
Informações: acpt2002@yahoo.com
European Congress on PEuropean Congress on PEuropean Congress on PEuropean Congress on PEuropean Congress on Prevention of Diseases Throughrevention of Diseases Throughrevention of Diseases Throughrevention of Diseases Throughrevention of Diseases Through
PhysiotherapyPhysiotherapyPhysiotherapyPhysiotherapyPhysiotherapy
27-30 de novembro
Vienna, Áustria
Informações: www.physio.at/congress/2002.htm
2002
Junho
WWWWWorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapyorld Confederation for Physical Therapy
14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meetin14th International Congress and 15th General Meeting
7-12 de junho
Barcelona, Espanha
Informações: www.wcpt.org
E-mail: 14thcongress@wcpt.org
MJ Livros UniversitáriosMJ Livros UniversitáriosMJ Livros UniversitáriosMJ Livros UniversitáriosMJ Livros Universitários
Livraria especializada emLivraria especializada emLivraria especializada emLivraria especializada emLivraria especializada em
FFFFF i s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i ai s i o t e r a p i a
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Tel.: (11) 6942-0886
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Itaquera - São Paulo - SP
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 1
Fisioterapia prática
Ginástica Laborativa
EDITORIAL
Uma nova perspectiva para o Lato Sensu, Marco Antonio Guimarães da Silva .......................... 3
OPINIÃO
Resposta do COFFITO ao Editorial “Da fisioterapia que temos para a fisioterapia que
necessitamos: um novo paradigma?” de Marco Antonio Guimarães da Silva
e ao artigo “Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil”, de
Gil Lúcio Almeida (Fisioterapia Brasil, vol 1, no 2, nov/dez 2000) ................................................... 5
RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ............................................................................. 7
ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES
Ordem de recrutamento muscular em movimentos de reversão do braço
em diferentes regiões espaciais, Gil Lúcio Almeida, Nadia Fernanda Marconi,
Sandra MS Ferreira................................................................................................................................ 23
Análise dos efeitos fisiológicos em pacientes com estresse submetidos à técnica Watsu,
Rosângela Maria Borges, Nivaldo Antonio Parizotto ....................................................................... 33
Análise funcional da complacência torácica na doença de Parkinson,
Sônia Regina Cardoso, João Santos Pereira ...................................................................................... 41
Dança e equilíbrio de tronco em pessoas com lesão medular: Um estudo preliminar,
Marta Simões Peres, Carlos Alberto Gonçalves, Claudia Barata ................................................... 49
CARTA AO EDITOR
A ginástica laboral na prevenção da LER/DORT: solução ou paliativo ?
Luís Guilherme Barbosa........................................................................................................................ 54
INFORMAÇÃO PROFISSIONAL
A pós-graduação em fisioterapia e terapia ocupacional: reconhecimento e registros
de certificados, diplomas e títulos, João Marinonio Aveiro Carneiro ........................................... 58
RESUMOS DE DISSERTAÇÕES E TESES ...................................................................................... 64
EVENTOS ................................................................................................................................................ 68
Fisioterapia Brasil
Índice
(vol.2, nº1, jan/fev 2001 - 1~68)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Na proxima edição de Fisioterapia Brasil estarão detalhados os
CD-roms disponíveis aos nossos assinantes
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20012
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meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não
assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instru-
ções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da
saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.
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Fisioterapia Brasil
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Conselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científico
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Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA - Argentina)
Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina)
Prof. Dr. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU - Estados Unidos)
Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro - UNIT – Minas Gerais)
Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (Univ. Federal de São Carlos - UFSCAR – São Paulo)
Assinaturas
6 números ao ano + 1 CD-ROM = R$ 90,00
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Prof. Dr. João Marinonio A. Carneiro
(Rio de Janeiro)
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Dr. José Euclides Poubel e Silva (CREFITO9 – Mato Grosso)
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Ilustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, PIlustração da capa: Gino Severini, Dinamismo de um dançarina, 1912, óleo sobre tela 60x45, Milano, Pinacoteca di Brerainacoteca di Brerainacoteca di Brerainacoteca di Brerainacoteca di Brera
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 3
*Coordenador científico
de Fisioterapia Brasil
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Uma nova perspectiva para o
Lato Sensu
A crescente oferta de cursos pós-graduação lato sensu nas di-
versas áreas do saber, parece ter estabelecido as bases de um novo
código comportamental para o recém-graduado. Existe atualmen-
te uma alta oferta que ainda está longe da saturação e que não
consegue atender a elevadíssima procura pelos chamados MBAs,
na área de Administração e Direito, e Lato Sensu nas outras áre-
as. É bem possível que, pelo menos em parte, esta alta demanda
seja uma busca da satisfação não encontrada no curso de gradu-
ação, encerrando um processo de transição esperada, que
viabiliza um novo código, reformulando critérios para compor
um novo imaginário sócio cultural. Um imaginário que se estru-
tura de modo a aumentar a confiança e a elevar a auto-estima do
recém-graduado.
Se bem organizada, uma pós-graduação lato sensu pode ser
um valioso instrumento que complementa a formação profissio-
nal do aluno e o introduz de fato, e não apenas de direito, na vida
acadêmica. Com uma proposta inovadora para a área, a Atlânti-
ca Editora estabeleceu parceria com a Universidade Castelo Bran-
co do Estado do Rio de Janeiro, para promover cursos Lato Sensu
de fisioterapia em diversas cidades do país. A Universidade em
questão é possuidora de mestrado acadêmico recomendado pela
CAPES, o que lhe permite emitir certificado de especialização
acadêmica e profissional. Os cursos com disciplinas amparadas
numa larga experiência profissional de seus professores permi-
tem um casamento perfeito entre teoria e prática. A tecnologia
educacional adotada baseia-se na educação problematizadora,
que busca desenvolver a capacidade reflexiva dos participantes
e que considera que o aprendizado ocorre no aluno, pelo aluno e
com o aluno. Enfim, trata-se de uma visão pedagógica que en-
tende que o professor não ensina, mas ajuda o aluno a aprender,
como preconizava o educador Lauro de Oliveira Lima.
Editorial
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20014
Como coordenador acadêmico nessa parceria, propus uma modi-
ficação radical nos conteúdos da disciplina Métodos e Técnicas da
Pesquisa, buscando equivalência com a Metodologia científica mi-
nistrada em cursos Stricto Sensu, da área de saúde. Através de tais
medidas, espero que o aluno, ao final do curso, seja capaz, com mui-
ta precisão, de: conhecer todas as vantagens e desvantagens dos di-
ferentes tipos de delineamentos da investigação científica na área
de saúde; identificar e neutralizar todos os vieses de seu estudo;
deixar claro o(s) fator(es) em estudo (variável independente) e o(s)
desfecho(s) medido(s) (variável dependente); conhecer suficiente
estatística para formular suas hipóteses e entender as medidas da
força de associação (odds ratio, redução de riscos, razão de verossi-
milhança), com sua significância estatística (intervalo de confiança,
p de alfa, p de beta); selecionar a melhor opção entre ensaio clínico
randomizado, revisão sistemática, caso-controle, transversal
(prevalência, diagnóstico), coorte (incidência), experimental, relato
de casos, estudo qualitativo; analisar uma artigo científico, sugerin-
do correções, quando pertinentes.
A preocupação em introduzir mudanças na metodologia foi esti-
mulada após a minha participação, como examinador, em diversas
bancas de Doutorado e de Mestrado no país e no exterior. A partir
dessa experiência, notei que em sua grande maioria as teses e dis-
sertações apresentam delineamentos com forte influência das áreas
humanas, o que não constituiria fato grave se as mesmas não esti-
vessem na área de saúde e não apresentassem alguns
equívocos.Esperamos que essa iniciativa da Atlântica Editora em
promover cursos diferenciados efetivamente contribua para mudar
o perfil dos cursos Lato Sensu e para aprimorar o quadro profissio-
nal e acadêmico da Fisioterapia.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 5
Por determinação da Diretoria do COFFITO, em reunião ocor-
rida na Secretaria-Executiva, em 17 de janeiro, deste ano, em
São Paulo, SP, estamos apresentando comentários ao Editorial,
de autoria do Dr. Marco Antonio Guimarães da Silva e ao artigo
Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil, de
autoria do Dr. Gil Lúcio Almeida, ambos publicados na Revista
Fisioterapia Brasil, ano 1, no 2.
Inicialmente abordaremos a temática do citado Editorial.
O referido Editorial engloba aspectos que perpassam desde a
pesquisa em fisioterapia, em que não se deve substituir a quali-
dade do trabalho produzido em pesquisa pela quantidade de
papers trazidos a público, até a existência de um periódico que
de alguma forma se destinaria a publicá-los.
Em tese tal afirmativa é extremamente válida, ocorre entre-
tanto que os parâmetros e mesmo paradigmas norte-americanos
não são significativos à luz da sociedade brasileira, que requer
antes de mais nada, que uma redução sociológica se realize para
que o entendimento e sua aplicabilidade aos brasileiros se reali-
ze de forma a trazer a resolutividade em saúde pública.
A bem de verdade seria extremamente interessante que se
percebesse que o maior importador de fisioterapeutas, hoje no
mundo são os Estados de Flórida e de Califórnia, onde visitamos
mais de trinta clínicas,
e que tem no fisioterapeuta brasileiro a
alavanca maior no tratamento dos que, de todos os Estados Uni-
dos, demandam a este estado e suas clínicas.
Temos fisioterapeutas brasileiros como professores em uni-
versidades americanas e que passam, isto sim, seu feeling, sua
competência e principalmente a capacidade de criar, assunto não
muito próprio do profissional norte-americano.
Desta maneira, entendemos que as providências a serem toma-
das aí estão esboçadas e se tornando realidade, a saber: novas Dire-
trizes Curriculares, que aguarda a aprovação do Conselho Nacional
de Educação, CNE; os Referenciais de Honorários que desatrela o
fisioterapeuta da AMB e um repertório de Legislação, dos mais
adiantados do mundo e que necessita ser do conhecimento dos fu-
turos profissionais enquanto acadêmicos o que exige de seus pro-
fessores a capacitação real para exercita-los, de forma plena.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Carta do COFFITO em
resposta ao Editorial
“Da fisioterapia que
temos para a
fisioterapia que
necessitamos: um novo
paradigma ?” de Marco
Antonio Guimarães da
Silva (Fisioterapia
Brasil, vol1, no 2, pg. 53-
54) e ao artigo “Uma
agenda para a
fisioterapia do terceiro
milênio no Brasil”de Gil
Lúcio Almeida
(Fisioterapia Brasil,
vol1, no 2, pg. 55-64)
Opinião
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20016
É claro que tudo isso perpassa pela criação indiscriminada,
com apoio do MEC, de Cursos de Fisioterapia, sem que tenha-
mos, de forma lúcida, Corpo Docente para tanto.
Em relação ao artigo expresso como Opinião, Uma Agenda
para o fisioterapeuta do terceiro milênio no Brasil, o autor deve-
ria, s.m.j., estudar mais a legislação do COFFITO para evitar
assertivas descabidas e sem amparo legal.
Parte dos argumentos acima apresentados cabem ao artigo em
questão, quando o autor se volta o fisioterapia nos Estados Uni-
dos como comparação com a fisioterapia no Brasil.
Existem mitos e verdades a respeito da Fisioterapia no Brasil,
que outra oportunidade abordaremos.
A Academia Brasileira de Fisioterapia – ABFT, na proposta
apresentada, em todos os seus tópicos, contraria a legislação exis-
tente, do MEC e do COFFITO, e mais não tem eco em nenhuma
das profissões regulamentadas no país, justamente por falta de
amparo legal.
Percebe-se uma incoerência e o desconhecimento do autor
quando no final do último parágrafo da folha 58 tece comentári-
os, dizendo que o COFFITO aprova Cursos de Especialização o
que não ocorreu em nenhum momento, até o presente momen-
to, cabendo as IES, por força da resolução CES/CME 908/98 e 3/
99, os critérios para que tais cursos possam ter validade para o
mercado de trabalho e para a academia. Tais posicionamentos
desfavoráveis, aos Cursos de Especialização, “Lato Sensu”, Es-
pecialização, posiciona o autor numa contradição, quando em seu
final assevera: “É acertada a atitude do COFFITO de acatar as
decisões do MEC no que diz respeito aos critérios para a aprova-
ção dos cursos de especialização” (grifamos).
 A Academia Brasileira de Fisioterapia apontada e descrita às
fls., 59 pelas razões já aludidas não merece mais nenhum co-
mentário.
Quanto ao Credenciamento Profissional III. III.1,2,3,4 e 5, nem
o Estado nem o COFFITO delegaria competência a quem que
fosse para exercer suas prerrogativas emanadas de lei.
Em referência a Titulação Profissional tratada no tópico IV, o
COFFITO, o Crefito2 e o Crefito 4 baixaram recomendação para
não renunciar a isonomia de tratamento dada aos demais profis-
sionais de saúde.
No tópico VI Do Exercício Profissional, VI.1 e 2, o tópico X. Da
conscientização do aluno, XI. Dos convênios de saúde e XII. Do
credenciamento de cursos, apresenta propostas descabidas que
não resistiriam, sequer, a um simples mandado de segurança. O
conhecimento mínimo legal é necessário para o exercício de qual-
quer profissão, principalmente as de nível superior e especial
em Saúde. Eram estes os comentários que me permito fazer dos
temas em questão.
Dr. João Marinônio Aveiro Carneiro
Vice-presidente do COFFITO
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 7
Avaliação quanto a eficácia da estimulação elétrica
transcutânea na produção de analgesia no pós-cirúrgico
cardiovascular
A Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) é uma
corrente de baixa freqüência, utilizada pela fisioterapia visando
produzir analgesia através de modulações no sistema
neurofisiológico, chamado “controle das comportas”, descrito por
Melzack e Wall desde 1965. O objetivo da pesquisa foi comprovar
a eficácia do TENS quanto à produção de analgesia e suas inter-
ferências no quadro disfuncional. Foram analisados 11 indivídu-
os submetidos à cirurgia cardiovascular, via esternotomia medi-
ana, sem contra-indicação para utilização do TENS, que foi utili-
zado do 1o ao 5o dia pós-operatório, por um período diário de 4
horas. A amostra foi dividida em três grupos, o grupo 1, controle,
não submetido à aplicação do TENS (n = 3), grupo 2, que utili-
zou TENS em modalidade contínua (n= 4) e grupo 3, em modali-
dade BURST (n = 4), sendo todos avaliados diariamente quanto
à dor, através das escalas Análogo Visual e Quantitativa Verbal.
Os procedimentos cirúrgicos tiveram duração média de 5 horas
e 20 minutos. A análise quantitativa de dor sobre a amostra geral
demonstrou como resultado médio dos 3 primeiros dias pós-ope-
ratórios que 54% dos indivíduos relataram dor em intensidade
fraca, 18% moderada, 9% forte e 9% permaneceram sem dor des-
de o primeiro dia pós-operatório. O grupo 2 teve como resultado
médio pós-terapêutico ausência de dor em 50% dos indivíduos,
persistência de dor, em intensidade fraca, em 25% e os demais
25% permaneceram sem dor desde o início. No grupo 3, reporta-
mos ausência de dor em 100% dos indivíduos como resultado
médio pós-terapêutico. A regressão do quadro álgico no grupo
controle foi em média dois dias mais tardia em relação aos de-
mais grupos. Concluímos que os resultados da pesquisa suge-
rem a adoção do TENS como terapêutica analgésica aos pacien-
tes em pós-operatório de cirurgia cardiovascular.
Resumos de congressos e trabalhos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Gerson Cipriano Jr,
Graziella França B,
Instituto do Coração/Santa
Casa da Misericórdia,
Presidente Prudente SP,
Universidade do Oeste
Paulista, Presidente
Prudente SP, LVo Congresso
da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, Rio de
Janeiro, RJ, junho de 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 20018
A inserção da fisioterapia em um programa multiprofissional
de orientação ao paciente coronariopata
O programa multiprofissional de orientação ao paciente
coronariopata (PamCor) visa a orientação sobre os fatores de ris-
co relacionados à doença coronariana e estratégias para mudan-
ça de hábitos. O programa se desenvolve integrando as diferen-
tes áreas de atuação multiprofissional, sendo a Fisioterapia par-
te integrante, objetivando influenciar mudanças nas atividades
físicas de corporais. Este trabalho objetiva mostrar o resultado
do relato dos pacientes frente às orientações realizadas.
No período de outubro 1998 a dezembro 1999 foram orienta-
dos 135 pacientes, divididos em 35 grupos, que receberam 3 ses-
sões de orientações sobre atividade física, postura corporal e ta-
bagismo, com duração de 20 minutos cada sessão.
No grupo de 135 pacientes, 51% eram de sexo feminino, e 78%
dos pacientes relatavam a prática de algum tipo de atividade fí-
sica, sendo a caminhada a modalidade de maior freqüência, pre-
sente em 88%. 22% dos demais eram sedentários. Após as ses-
sões de orientação fisioterápica, 46% dos pacientes que já prati-
cavam atividade física, apresentou aumento na freqüência de
realização de exercício e mesmo incorporação de
alguma nova
modalidade. Dos pacientes sedentários, 12% iniciou atividade
física, sendo a modalidade predominante a caminhada.
Concluímos que um programa educativo e de esclarecimento
da doença cardiovascular e seus fatores de risco, acompanhado
de orientações sobre meios de combate-los, traz benefícios aos
pacientes que uma vez motivados, passam a praticar regularmen-
te atividade física e a cuidar melhor do próprio corpo, melhoran-
do seu bem-estar e sua qualidade de vida.
Diagnóstico e tratamento não-cirúrgico da radiculopatia
cervical
Objetivo: Revisar a literatura científica atual sobre o acompa-
nhamento dos pacientes apresentando radiculopatia cervical. A
radiculopatia cervical é uma lesão da raiz do nervo espinhal
cervical, com uma prevalência de 3,3/1000 casos; o pico de inci-
dência anual é de 2,1/1000 casos e ocorre na quarta ou quinta
década da vida. A lesão da raiz nervosa é responsável de limita-
ções e incapacidade funcionais significativas.
Métodos e medições: Uma pesquisa nos bancos de dados
Medline, Cinahl e Web of Science para os períodos 1966, 1982 e
1996, respectivamente, até dezembro de 1999, foi realizada usan-
do palavras-chave selecionadas. A bibliografia de todos os arti-
gos selecionados foi procurada e todos os artigos pertinentes ob-
tidos. O banco de dados Cochrane Database of Systematic
Reviews foi também usado. Literatura sobre o diagnóstico, prog-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Denis TS Dias, Maria Ignês
Z Feltrim, Antonio P
Mansour, Instituto do
Coração (InCor) HC-FMUSP,
São Paulo, SP, LVo Congresso
da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, Rio de Janeiro,
RJ, junho de 2000
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Robert S. Wainner et al,
Journal of Orthopaedic &
Sports Physical Therapy
2000;30(12):. 728–744,
dezembro de 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 9
nóstico e tratamento da radiculopatia cervical foi revisada e re-
sumida usando um método crítico.
Resultados: Embora que a radiculopatia cervical seja na mai-
oria dos casos um diagnóstico clínico, a real exatidão do exame
clínico fica desconhecida. Testes de imagens e eletrofisiológicos
podem detectar problemas clinicamente significativos em inú-
meros pacientes e cada técnica apresenta forças e fraquezas; fa-
tores técnicos e práticos afetam a escolha do procedimento. O
curso natural da radiculopatia cervical é geralmente favorável,
mas nenhum prognóstico nem fatores de risco foram claramen-
te estabelecidos e a eficácia de vários tratamentos não-cirúrgi-
cos é desconhecida.
Conclusão: Uma definição clara dos conceitos e pesquisas é
necessária para estabelecer definitivamente os critérios diag-
nósticos e o tratamento efetivo dos pacientes apresentando uma
radiculopatia cervical.
Exercícios dos músculos diagonais do tronco no tratamento
da dor pélvica do pós-parto: estudo clínico randomizado
Objetivo: Exercícios para dores pélvicas e lombares aumen-
tam supostamente a força muscular pra diminuir os sintomas,
mas poderiam também exacerbar os sintomas por sobrecarregar
as estruturas pélvicas e espinhais. O objetivo do estudo foi in-
vestigar o valor de exercícios graduados sobre os sistemas de
músculos diagonais do tronco.
Material e métodos: 44 mulheres com dores pélvicas persis-
tentes pós-parto (idade média = 31,7 anos, DP = 3,2, intervalo =
23,6 – 37,5; período médio pós-parto = 4,1 meses, DP = 2,2, inter-
valo = 1,7 – 5,6). As mulheres foram randomizadas para 3 gru-
pos: (1) grupo efetuando exercícios para aumentar a força dos
sistemas de músculos diagonais do tronco; (2) grupo efetuando
exercícios dos sistemas musculares longitudinais do tronco; (3)
grupo que foi mantido sem exercícios. As medições finais foram
dores, cansaço, percepção geral do estado de saúde, mobilidade
das articulações pélvicas, medidas por radiografias.
Resultados: Após 8 semanas, nenhuma diferença foi observa-
da entre os três grupos.
Discussão e conclusão: Em pacientes com dores pélvicas per-
sistentes, o treinamento dos músculos diagonais do tronco, sem
acompanhamento profissional, não tem valor adicional ao uso
de uma cinta pélvica sem exercícios. O desenho do estudo não
permitiu determinar se o tratamento é ineficaz ou se a exacer-
bação dos sintomas causada pela sobrecarga das estruturas
pélvicas e espinhais esconde o benefício potencial do aumen-
to da força muscular.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Jan MA Mens, Chris J Snijders,
and Henk J Stam, Physical
Therapy 2000;80(12):1164-1173,
December 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200110
Heydar Sadeghi, Paul
Allard, and Morris Duhaime
Physical Therapy
2000;80(12): 1188-1196,
dezembro de 2000
Contribuições dos músculos da extremidade inferior na
marcha em indivíduos saudáveis
Objetivo: Apesar de que a assimetria da marcha em reabilita-
ção seja documentada, pouco é conhecido sobre os papeis de pro-
pulsão e controle realizados por cada membro e como essas tare-
fas são repartidas entre as extremidades inferiores. O objetivo
do estudo era testar a hipótese que o membro dominante contri-
bui principalmente a incentivar a progressão, enquanto que o
membro dominado fornece controle e propele a extremidade in-
ferior com extensão menor.
Material e métodos: 19 homens com idade média 26,2 anos
(DP = 3,2, intervalo = 21 – 34) e sem histórico ortopédico partici-
param do estudo. A potência muscular foi determinada usando
um sistema vídeo de alta velocidade com câmera 8, sincronizado
com dois laminas de força. O método de análise do componente
principal foi aplicado para reduzir e classificar 53 variáveis da
marcha par cada membro, e as correlações de Pearson foram usa-
das para determinar as interações dentre os conjuntos de dados
para cada membro.
Resultados: A propulsão da marcha é iniciada pelo quadril do
membro dominante e é mantida durante a fase de posição. O
controle é a tarefa principal do membro secundário, como de-
monstra os picos de absorção de força ao nível do quadril e do
joelho.
Conclusão: A interação dentro do membro ressalta a rela-
ção funcional entre a progressão e as tarefas de controle e real-
ça a importância das ações no plano frontal e transversal du-
rante a marcha.
Efeitos de superfície sobre as forças de reação do solo e
cinemática das extremidades inferiores em corredores
Introdução: Apesar de que a dureza da pista de corrida tinha
sido associada com lesões de cansaço, a evidência para compro-
var esta sugestão é circunstancial. No estudo, foi investigada a
resposta de atletas à mudança de material de superfície da pis-
ta.
Métodos: 6 corredores efetuaram ensaios par experimentar três
tipos de material: asfalto convencional, asfalto modificado com
borracha, e material esportista acrílico. Os materiais foram clas-
sificados em função da capacidade de absorção do impacto, usan-
do os testes padrão de medição do impacto (BS 7044).
Resultados: O asfalto modificado com borracha mostrou a
melhor taxa de absorção do impacto mecânico, e o asfalto con-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Med Sci Sports Exerc
2000;32(11):1919-26,
novembro de 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 11
vencional a menor. A comparação dos valores da força no pico do
impacto entre os materiais não mostrou diferença significativa
da magnitude da força. Mas uma diminuição significativa da taxa
de carga do pico de impacto foi detectada para o asfalto modifi-
cado em comparação com o asfalto convencional (p < 0,1). En-
quanto que a análise dos dados dos grupos não revelou diferen-
ças significativas nas variáveis cinemáticas
quando correr em
superfícies diferentes, uma resposta variada à modificação do
material foi notada entre os corredores, com diferenças marcadas
no ângulo inicial da articulação, no ângulo do pico e nas veloci-
dades angulares das articulações.
Discussão: Para alguns indivíduos, a manutenção de forças de
impacto similares em função da superfície da pista pode ser
explicada por ajustes cinemáticos. Por exemplo, quando a absor-
ção do impacto é menor, foi observado um aumento da flexão ini-
cial do joelho, sugerindo um aumento da compliança da extremi-
dade inferior. Mas, para outros indivíduos, os dados cinemáticas
no plano sagital não são suficientes para explicar os resultados do
pico do impacto. O mecanismo de adaptação é variável segundo o
corredor, necessitando análises individualizadas.
Efeitos de cargas externas sobre a estabilidade da coluna
lombar
A estabilidade da coluna lombar é um fator importante para
determinar a resposta espinhal à carga súbita. Utilizando dois
métodos diferentes, o estudo avaliou como várias cargas em
magnitudes e direções afetam a estabilidade da coluna lombar.
O primeiro método era um procedimento no qual a dureza e a
estabilidade da coluna foram calculadas a partir da resposta
cinemática a uma força. O segundo método combinou os dados
do EMG troncular com um modelo biomecânico para calcular a
estabilidade espinhal. 12 indivíduos foram testados em flexão,
extensão e movimentos laterais sob 9 permutações da carga do
tronco em vertical ou horizontal. Os valores da carga vertical eram
0, 20 e 40% do peso corporal do sujeito. As cargas horizontais
eram 0, 10 e 20% do peso corporal. A estabilidade espinhal efeti-
va como obtida da primeira experiência aumentou significativa-
mente (p < 0,01) com o aumento da carga horizontal ou vertical.
O intervalo foi de 785 (DP = 580) Nm/rad sem carga até 2200 (DP
= 1015) Nm/rad quando as cargas máximas horizontais e verti-
cais foram aplicadas simultaneamente sobre o tronco. A estabili-
dade da coluna lombar efetiva antes do esforço e estimada a par-
tir do modelo biomecânico, explicou aproximadamente 50% da
variância da estabilidade espinhal efetiva obtida a partir dos en-
saios em extensão e flexão lateral (0,53 < R(2) < 0,63). Não foi
observada essa correlação nos exercícios de flexão. Em conclu-
são, a estabilidade da coluna lombar aumentou com a magnitu-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
J Biomech 2000;33(11):1377-85,
novembro de 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200112
Marcelo Duarte, Univ. Estácio
de Sá, Univ. Grande Rio, Rio de
Janeiro, RJ, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
de da carga do tronco na medida que esta carga aumentou a ati-
vação muscular. Indiretamente, nossos dados sugerem que a res-
posta muscular reflexa à carga súbita pode aumentar o nível de
estabilidade da coluna lombar obtido imediatamente antes o
evento de carga súbita.
Recuperação acelerada em lesões traumáticas de joelho do
atleta ocasional
As lesões de joelho em atletas ocasionais (atleta de fim de se-
mana), são as mais comuns, seja na área profissional ou não, devi-
do a grande carga que essa articulação sofre e sendo ela também a
mais vulnerável em esporte de contato. Muitas das vezes o indiví-
duo retorna às atividades ocasionais (peladeiro) sem a total recu-
peração e com isso sofre uma nova lesão e em muito dos casos
abandonando sua rotina de lazer, devido ao tempo que o leva a
ficar afastado de suas atividades e o receio de voltar e lesionar-se
novamente. A recuperação acelerada nesse tipo de atleta, que, de
longe, é a grande maioria nos consultórios médicos, fisioterápicos
e academias, vem mostrar que através de um trabalho de
propriocepção articular, fortalecimento específico, e um treinamen-
to desportivo adequado a essas lesões que acometem o joelho, como
lesões ligamentares, lesões meniscais, e lesões de patela, onde atra-
vés do conhecimento da biomecânica e do tratamento clínico, esse
indivíduo estaria “curado” em 30 dias e pergunta-se: Porquê se a
clínica se restabelece rápido, como essa pessoa demora vários
meses a retornar suas atividades e quando o faz, não volta com a
mesma performance? Devido a não estimulação de receptores
articulares, musculares e peri-articulares pela imobilização pro-
longada que deve submeter-se, onde muitas vezes perde-se o arco
de movimento e conseqüente diminuição de força das muscula-
turas essenciais para estabilização da articulação do joelho. Reali-
zando esse trabalho, desenvolvido em atletas de alta performance,
porém com um direcionamento exclusivo a esse pseudo-atleta,
conseguiremos readaptar o mais breve possível sem que com isso
leve a lesões reincidentes.
Lombalgia na gestação: medidas preventivas
Introdução: Uma em cada duas gestantes sofrem de lombalgia.
Apesar da alta incidência, os estudos relacionados ao tema são
escassos e controversos. Devido à magnitude do problema, e suas
importantes conseqüências econômicas e sociais, a abordagem
preventiva se faz necessária.
Objetivo: Realizar uma análise sistemática da literatura de 1987
a 1997 acerca da lombalgia na gestação, com o intuito de identifi-
car as medidas preventivas apontadas nestes estudos. Metodologia:
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Cristine Homsi Jorge Ferreira,
Ana Márcia Spanó Nakano,
Departamento de Enfermagem
Materno Infantil e Saúde
Pública da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo
Ribeirão Preto, SP, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 13
Foram incluídos 38 artigos indexados que tratam especificamente
de lombalgia mecânica na gestação, publicados em periódicos
nacionais e internacionais no período de 1987 à 1997. Depois de
identificados e obtidos os artigos, foram elaboradas fichas con-
tendo referência bibliográfica e resumo de cada artigo e
identificadas as medidas preventivas propostas nos estudos.
Resultados: As medidas preventivas identificadas nos artigos
se dividem naquelas adotadas antes e durante a gestação e in-
cluem o esclarecimento e tratamento da lombalgia em mulheres
em idade fértil, orientação postural e ergonômica individual no
início da gestação além de programas de exercícios de condicio-
namento físico e exercícios específicos para a região lombar.
Conclusão: As medidas de prevenção da lombalgia na ges-
tação são nada mais do que ações de promoção à saúde da
mulher que deveriam ser elaboradas e aplicadas por equipes
multidisciplinares de saúde, com a importante participação do
fisioterapeuta, tendo em vista a redução dos altos índices des-
ta morbidade, causadora de grandes prejuízos econômicos e
diminuição da qualidade de vida da mulher.
Caracterização fisiopatológica de modelos de trauma
raquimedular
Introdução: Vários modelos de lesão medular têm sido desen-
volvidos na tentativa de obtenção de dados que reproduzam a
lesão que ocorre em humanos. O objetivo do presente trabalho
foi o de estabelecer novos modelos para o estudo da lesão medu-
lar em diferentes níveis de intensidade.
Metodologia. O animal utilizado foi o rato Wistar albino adul-
to e os grupos experimentais (N = 4-8/grupo) foram: anestesia,
divulsionamento, laminectomia, lesão por secção total da medu-
la espinhal, precedida ou não da aplicação local de xilocaína, le-
são por hemissecção e lesão por compressão moderada. Analisa-
mos a função motora, sensitiva e funcional dos animais pelas
diferentes lesões, 2 e 24 horas após a produção da mesma, a ati-
vidade reflexa da medula espinhal através do teste de retirada
da cauda, a integração dos circuitos medula espinhal-cérebro
através do teste da placa quente, a simetria
do efeito do trauma
raquimedular através do teste de pinçamento da pata e o com-
portamento motor através da análise da locomoção do animal no
plano horizontal e em uma plataforma inclinada 30º em relação
ao solo e ainda a resposta global do comportamento de
autolimpeza, a exploração do plano vertical e do número de bo-
los fecais expelidos na unidade de tempo. Os resultados da aná-
lise sensório-motora mostraram que a secção total da medula
espinhal representou o nível mais elevado de trauma, seguida
pela hemissecção e pela compressão. O teste da placa quente e a
análise do comportamento de autolimpeza foram sensíveis para
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Carlos Alberto Giglio, Mestrando
em Bioengenharia pela FMRP/
USP, Ribeirão Preto, SP, Elaine
Aparecida Del Bel, Departamento
de Fisiologia, FORP/USP, Ribeirão
Preto-SP, Helton Luís Aparecido
Defino, Departamento de
Cirurgia e Ortopedia, HC-FMRP/
USP, Ribeirão Preto-SP, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200114
Sheila Miranda Payno, Cristine
Homsi Jorge Ferreira, Débora
Dupas Gonçalves, Andréia
Carla de Oliveira, Faculdade de
Fisioterapia – Universidade de
Ribeirão Preto/SP; Escola de
Enfermagem, Universidade de
São Paulo/SP Ribeirão. Preto,
Congresso Nacional de
Fisioterapia, Salvador, Bahia,
1999
detectar lesões de intensidade variada, em todos os grupos expe-
rimentais estudados, mostrando diferenças significativas em
relação aos grupos anestesia e divulsionamento da camada mus-
cular. O comportamento de exploração no campo vertical mos-
trou evolução do trauma com o tempo, com uma perda maior de
índices funcionais.
Em conclusão, os resultados deste estudo mostram a vali-
dade da procura de diferentes modelos de trauma raquimedular
e de testes sensório-motores, com objetivo de avaliar o agrava-
mento ou a recuperação do traumatismo raquimedular.
O TENS como recurso fisioterapêutico de alívio da dor no
trabalho de parto.
Introdução: A atuação do fisioterapeuta junto à parturiente
amplia o campo de atuação da Fisioterapia Obstétrica. Um re-
curso importante que este profissional tem em mãos para o alí-
vio da dor do parto é a estimulação elétrica transcutânea (TENS),
recurso este já bastante utilizado pela Fisioterapia nas algias crô-
nicas, mas ainda pouco difundido e utilizado no campo da obste-
trícia.
Objetivos: Explicitar os principais aspectos abordados na lite-
ratura sobre a utilização do TENS no trabalho de parto, refletin-
do seu uso dentro do contexto de atuação fisioterapêutica junto
à parturiente.
Metodologia: Foi realizado um levantamento bibliográfico de
artigos publicados em periódicos indexados no período de 1970
a 1998, que tratam da utilização do TENS para alívio de dor no
trabalho de parto. Foram identificados, categorizados e estuda-
dos os principais aspectos abordados sobre o tema.
Resultados: Os principais aspectos identificados foram a avali-
ação da efetividade do método, equipamentos utilizados, técnicas
de aplicação, efeitos indesejáveis e contra-indicações. Os resulta-
dos dos estudos demonstram que o TENS é um efetivo método
coadjuvante no alívio de dor no trabalho de parto, e indicam a
necessidade de aprimoramento dos equipamentos e técnicas para
a situação específica do trabalho de parto. Em relação a possíveis
efeitos indesejáveis, aponta-se para a interferência com o
cardiotocógrafo e indução de irregularidades da função cardíaca
fetal. Não foram encontradas contra-indicações específicas.
Conclusão: O TENS é um recurso promissor para o alívio de
dor no trabalho de parto, que contribui para ampliar o campo
de atuação da Fisioterapia na Obstetrícia, porém os estudos
sobre a temática são escassos, havendo necessidade de mais
pesquisas que venham elucidar diversos aspectos incluindo a
associação do TENS a outros recursos fisioterapêuticos com o
intuito de uma maior efetividade no alívio da dor.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 15
Programa de adequação às condições de trabalho em uma
biblioteca
Este trabalho analisou a execução de uma intervenção
ergonômica, a instituição de um programa de atividade
cinesioterápica laboral e de um programa de treinamento para
utilização dos postos de trabalho na Biblioteca da Universidade
Metodista de Piracicaba, buscando desenvolver uma metodologia
para avaliar a eficácia das medidas e métodos de intervenção
adotados. O trabalho contou com o envolvimento dos 17 funcio-
nários, 15 mulheres e 2 homens, com idade média de 35,8 anos, e
teve como objetivo minimizar os riscos ocupacionais relaciona-
dos às atividades realizadas e diminuir a sobrecarga gerada, pre-
venindo os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Traba-
lho (DORT), sendo que para tanto foi realizada a adequação
ergonômica dos postos de trabalho, incluindo o mobiliário, aqui-
sição de dispositivos para minimizar a sobrecarga e treinamento
dos funcionários para utilização dos novos dispositivos e mobili-
ário, bem como a introdução de exercícios específicos para pre-
paração e compensação das atividades ocupacionais realizadas.
Aplicou-se questionários que avaliaram a sobrecarga gerada pela
jornada de trabalho e a dor presente nesta atividade ocupacional,
e a escala análogo visual. Os resultados indicam que o mobiliá-
rio é o principal componente gerador de sobrecarga acarretando
em necessidade de aquisição e treinamento para a utilização de
dispositivos específicos tais como: apoiadores para os punhos,
protetores para as telas, banquinhos para a alternância da des-
carga de peso entre outros; sendo que após a execução destas
medidas observou-se a diminuição da influência do mobiliário
na sobrecarga da jornada de trabalho. Os questionários se mos-
traram ferramentas eficazes para a determinação e acompanha-
mento dos pontos críticos de intervenção, a metodologia de
mensuração da dor por meio da escala análogo visual não se mos-
trou satisfatória para avaliar a dor acumulada na semana, e a
atividade cinesioterápica laboral propiciou uma maior integração
entre os funcionários.
Fisioterapia em ATM
Estudo do caso da paciente do sexo feminino, de 21 anos, porta-
dora de compressão dos discos articulares direito e esquerdo. No
exame clínico a paciente apresentou estalidos bilaterais durante a
abertura bucal, foi detectado também dor aguda espontânea e ao
toque nos músculos masseter, pterigóideo externo, temporal,
esternocleidomastóideo, trapézio e deltóide, dor na região das
ATM’s, todas bilateralmente, e desvio da cavidade oral para a direi-
ta nos movimentos de abertura bucal. No tratamento foi utilizado
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Luciana Falcão Marinho;
Anielle Araújo Nascimento;
Ana Cecília Ataíde Machado
Silva. Universidade Federal
da Paraíba (João Pessoa, PB,
Congresso Nacional de
Fisioterapia, Salvador,
Bahia, 1999
Edgar Ramos Vieira, Carlos
Alberto Fornasari, Maria
Imaculada de Lima Montebelo,
Universidade Metodista de
Piracicaba, SP, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200116
Andréa Diogo Sala, Karin
Von Zuben Durante, Carolina
Fu, Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo,
São Paulo, SP, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
moldagens das arcadas dentárias; confecção de uma placa
miorrelaxante de Michigan de descompressão; fisioterapia com
mentoneiras de tração para condicionamento dos músculos, liga-
mentos, discos articulares e cápsulas articulares; massagens mus-
culares com vibrotermo para a eliminação
do ácido láctico da mus-
culatura facial; tração ortopédica com ligas de borracha; e ligamen-
tos que compõe as ATMs durante oito meses. Na evolução do trata-
mento a aplicação da placa, juntamente com a fisioterapia, as
sintomatologias dolorosas foram desaparecendo gradativamente.
Foi feita a redução do uso da placa de Michigan para a aplicação da
tração ortopédica. O tratamento ainda se encontra em andamento,
faltando a aplicação da placa estabilizadora, o que eliminará a
sintomatologia dolorosa do músculo pterigóideo externo. Portanto,
a eliminação dos estalidos, zumbidos no ouvido e dores muscula-
res em geral reforçam a eficácia da fisioterapia em ATMs.
Otimização da função pulmonar através da manobra de
recrutamento alveolar com pressão controlada e PEEP.
Relato de caso
Introdução: O recrutamento alveolar é um método de reexpansão
pulmonar utilizado em pacientes sob ventilação mecânica apresen-
tando atelectasia. Este relato de caso objetiva demonstrar a eficácia
da manobra de recrutamento alveolar através da pressão controla-
da e PEEP associada à fisioterapia respiratória.
Metodologia: Paciente M.B., 56 anos, sexo masculino, 54 kg,
submetido à correção de aneurisma de aorta abdominal, evoluiu
no pós-operatório imediato com insuficiência respiratória e ins-
tabilidade hemodinâmica. No 4o dia de intubação apresentou
imagem radiológica de atelectasia em lobo inferior direito, sen-
do a partir daí aplicada a manobra de recrutamento alveolar com
pressão controlada e PEEP. Esta manobra consiste de duas fases:
na primeira fase mantém-se pressão controlada de 20 cmH2O e
eleva-se a PEEP em “degraus”, e na segunda fase limita-se a pres-
são controlada em 40 cmH2O, reduzindo a PEEP “descendo os
degraus”. Devido à ressecção prévia da 4a e 5a costelas esquerdas
(correção de aneurisma de aorta tóraco-abdominal em 1994), ocor-
reu herniação do parênquima e caixa torácica nesta região, e por
isso nossa conduta foi posicionar o paciente em decúbito lateral
esquerdo para restrição mecânica, do que resultou atelectasia
do ápice pulmonar esquerdo, sendo esta tratada com a manobra
de recrutamento alveolar descrita acima.
Resultado: Obtivemos melhora radiológica, gasimétrica e de
mecânica pulmonar deste paciente após a utilização do recruta-
mento alveolar durante as sessões de fisioterapia respiratória.
Conclusão: A manobra de recrutamento alveolar através da
pressão controlada e PEEP associada à fisioterapia respirató-
ria mostrou-se eficaz na otimização da função pulmonar.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 17
Alerta preventivo dos distúrbios corporais apresentados
pelos fisioterapêutas
A biomecânica é um fator importante na atividade
fisioterapêutica. Porém, em alguma circunstância estes profissio-
nais utilizam a dinâmica corporal de forma errônea levando não só
o aparecimento de algias, inflamações e outros distúrbios como tam-
bém, diminuindo o aproveitamento do paciente perante o tratamen-
to realizado. Diante deste quadro, vinte e cinco fisioterapeutas fo-
ram analisados através de um questionário contendo perguntas
sobre qual o tempo e área de atuação profissional; ambiente de tra-
balho; recursos fisioterapêuticos utilizados; e se a prática profissio-
nal lhe trouxe algum dano corporal e se para este foi realizado algu-
ma terapêutica. Como resultados tivemos que o tempo médio de
atuação profissional foi de 8,32 anos. Apenas 8% destes profissio-
nais atuam exclusivamente em CTIs, enquanto que 36% realizam
atendimentos a nível de enfermaria, e 56% atuam em clínicas parti-
culares. A área de atuação onde existe maior número de profissio-
nais é a Neurologia (68%) seguida pela Traumatologia (20%) e pela
Respiratória (12%). Dos profissionais que atuam na Neurologia, to-
dos utilizam Cinesioterapia como principal recurso terapêutico.
Destes, 28% apresentam algias na coluna, 20% tendinite, 4%
discopatias, o que totaliza 52% de terapêuticas acometidas, visto
que os que atuam nas outras áreas relacionadas não apresentam
nenhum distúrbios corporais que possa está correlacionado com a
prática terapêutica. Destes profissionais afetados apenas 40% reali-
zam fisioterapia adequada. A Cinesioterapia apareceu como marco
diferencial para o surgimento dos distúrbios. O modo como o
terapeuta dinamiza o seu corpo poderá prejudicá-lo, reduzindo o
seu desempenho profissional, ou até mesmo interrompê-lo.
Reabilitação cárdio-respiratória em pré-operatório de
pneumectomia, via caminhada de 6 minutos
Introdução: Este trabalho foi realizado com o objetivo de co-
locar em programa cirúrgico paciente com contra-indicação ci-
rúrgica por apresentar grande obstrução ventilatória, com baixa
Capacidade Vital e baixo VEF1. E também sendo contra-indicada,
no caso da realização da cirurgia, a extubação precoce (antes de
24 horas) e rápida retirada da prótese ventilatória, por causa de
prevista Insuficiência Respiratória Aguda.
Metodologia: Foi utilizado um protocolo de caminhada de 6
minutos adaptado. Com uma realização de pelo menos 5 vezes
por semana, 2 vezes ao dia. Com um percurso total de 32 metros
(ida e retorno). Cujo objetivo era percorrer uma maior distância
nos 6 minutos dentro do VO2máx. predito calculado para iniciar
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
FG Pereira, SJ Abreu, MG
Peixoto, AIM
Bromerschenckel, Setor de
Fisioterapia do Serviço de
Cirurgia Geral do Hospital
Universitário Pedro Ernesto,
UERJ, RJ, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
Anielle Araújo Nascimento,
Ana Cecília Ataíde Machado
Silva, Luciana Falcão
Marinho, Universidade
Federal da Paraíba, João
Pessoa, PB, Congresso
Nacional de Fisioterapia,
Salvador, Bahia, 1999
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200118
em 60%, e terminar o período do programa em 85% do VO2 máx.
Antes do início do protocolo eram verificados os sinais vitais (PA,
FC, FR, SatO2 e AP), durante a caminhada era verificada no 2º,
4º e 6º minutos a FC e SatO2. Após a caminhada era verificado
no repouso durante o 1º minuto PA, FC, FR, SatO2 e AP, no 3º
minuto PA, FC e SatO2, e no 5º minuto PA, FC, FR e SatO2. O
repouso era feito após uma redução no ritmo da caminhada .
Resultados: Paciente participou do programa por 7 semanas,
apresentando melhora no VEF1, na Capacidade Vital, e houve
retirada da ventilação mecânica e extubação antes das 24 horas
de pós–operatório, com sucesso.
Conclusão: Apesar das limitações que existem dentro de um
serviço, principalmente quanto à presença de espaço físico e
material disponível, houve um grande empenho por parte da
equipe e da própria paciente, o que auxiliou junto com a reabi-
litação via a caminhada de 6 minutos a incluir um paciente
antes sem expectativa cirúrgica devido a restrição ventilatória
grave, num programa cirúrgico que foi efetuado com grande
sucesso. E também houve a tentativa de demonstrar que mes-
mo um trabalho por um curto período, se houver uma intensi-
dade adequada, pode trazer algum benefício cárdio-respirató-
rio, sem falar na questão mioarticular que também apresen-
tou uma grande evolução. Ainda assim, existe um longo cami-
nho a ser percorrido para mostrar que a eficácia não se encon-
tra só na duração do esforço, e sim na sua intensidade. E, que
muito deve ser feito para aprimorar o protocolo para melhor
atendimento das necessidades no serviço.
Avaliação da função pulmonar e força muscular respiratória
em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio
As cirurgias cardíacas envolvem sérias complicações pulmona-
res como diminuição da atividade ciliar, diminuição do tônus mus-
cular respiratório, aumento na produção de secreções,
hipoventilação, atelectasias, alterações
de complacência e especial-
mente alterações dos volumes e capacidades pulmonares, relacio-
nadas às manipulações torácicas, à anestesia geral, a fatores mecâ-
nicos entre outros. A proposta deste estudo foi avaliar o Volume
Corrente (VC), Volume Minuto (VM), Capacidade Vital (CV), Capa-
cidade Inspiratória (CI) e as medidas de Pressão Inspiratória Máxi-
ma (PImáx) e Pressão Expiratória Máxima (PEmáx) no pré-opera-
tório e 3º dia pós-operatório em 8 sujeitos coronariopatas, do sexo
masculino, idade entre 44 e 67 anos (X = 55,75 e DP = 11,08), sub-
metidos à revascularização do miocárdio. A mensuração dos volu-
mes e das capacidades foi realizada através de um ventilômetro
(Ohmeda), contendo um ramo inspiratório pelo qual obteve-se a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EM Pazzianotto-Forti, L
Ysayama, RC Coletti,
Universidade Metodista de
Piracicaba, UNIMEP / Hospital
dos Fornecedores de Cana de
Piracicaba, SP, Xo Simpósio
internacional de Fisioterapia
respiratória, IIIo Congresso
brasileiro de Fisioterapia
respiratória, 27 a 30 de setembro
de 2000, Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 19
medida da CI e um ramo expiratório pelo qual obteve-se as medi-
das de VC, VM e CV; e as pressões respiratórias foram obtidas atra-
vés de um manovacuômetro (Record) com intervalo operacional de
0 a + 150 cm H2O para a PEmáx e de 0 a -150 cm H2O para a PImáx.
Os métodos estatísticos empregados foram o estudo de suposições
para dados pareados e o teste t com um nível de significância de 5%
(p < 0,05), e os resultados obtidos revelaram que a PI e PEmáx não
apresentaram diferença significativa quando comparados o pré e o
3º pós-operatório (p = 0,164 e p = 0,087, respectivamente), as medi-
das de VM apresentaram-se significativamente maiores (p = 0,025)
no 3º pós-operatório do que no pré operatório, a CI apresentou-se
significativamente maior no pré-operatório quando comparada ao
3º pós-operatório (p = 0,0054) e as medidas do VC e CV não mostra-
ram diferença significativa quando comparados o pré e o 3º pós-
operatório (p = 0,774 e p = 0,308). Pela evolução dos dados obtidos
foi possível observar que as medidas da Capacidade Inspiratória
decresceram significativamente no 3º pós-operatório em relação
ao pré-operatório, o Volume Minuto aumentou no pós operatório,
enquanto as medidas da PImáx, PEmáx, Volume Corrente e Capa-
cidade Vital não apresentaram alterações significativas quando com-
parados o pré e o 3º pós-operatório.
Fisioterapia em pacientes com fratura de costela
As fraturas de costelas têm sido relatadas amplamente como
um contra-indicação de manobras fisioterápicas manuais, tais
como vibrocompressão e tapotagem tendo em vista um alto ris-
co da ocorrência de pneumotórax.
Este trabalho tem como objetivo analisar a eficácia da fisiote-
rapia respiratória em dois casos isolados de pacientes submeti-
dos a toracotomia exploradora para correção de atresia de esôfago
que evoluiu com atelectasia a direita em virtude de fratura de
costelas e hipersecreção brônquica.
Foram estudadas duas crianças recém-nascidas com idade mé-
dia de um mês, com peso médio de 2000 g, portadoras de atresia
de esôfago. A fisioterapia respiratória foi realizada com as crian-
ças em decúbito lateral esquerdo utilizando-se respiração dirigida
por bloqueio em hemitórax esquerdo, manobras de
vibrocompressão leves a direita e manobras com ambu. Foram
realizadas análise de freqüência respiratória e imagem radioló-
gica a cada 24 horas.
Nas duas crianças foram observadas melhora radiológica com
reversão da atelectasia. Com relação à freqüência respiratória,
esta foi reduzida de um valor inicial médio de 60 rpm para 35
rpm, com diminuição dos sinais clínicos de insuficiência respi-
ratória.
Conclui-se através deste que, apesar de uma contra-indicação
existente com relação ao uso de manobras fisioterápicas manu-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
MS Nascimento, CPO Souza,
JES Lima, Hospital São Paulo-
EPM, São Paulo, SP, Xo
Simpósio internacional de
Fisioterapia respiratória, IIIo
Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória, 27 a
30 de setembro de 2000,
Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200120
ais neste tipo de paciente em específico, o uso das mesmas de
forma cuidadosa e acima de tudo coerente podem se mostrar efi-
cazes na resolução de atelectasias, sendo necessário estudos mais
aprofundados que possam confirmar os resultados obtidos nes-
te estudo.
Fisioterapia preventiva e pública como um fator de
intervenção precoce da bronquiolite: análise do centro de
saúde Vila dos Comerciários em Porto Alegre
A Fisioterapia respiratória é uma área de atuação qualificada
para recuperar os pacientes com doenças respiratórias ou preve-
nir o aparecimento das mesmas. A faixa etária infantil é propen-
sa a infecções respiratórias, a bronquiolite é uma destas doenças
de alta incidência.
Este trabalho relacionou vinte crianças atendidas na emergên-
cia do Centro de Saúde Vila dos Comerciários, onde foi realizado
o diagnóstico clínico de bronquiolite e o encaminhamento para
tratamento no serviço ambulatorial de fisioterapia respiratória,
tendo como objetivo a comparação dos efeitos da ação profilática
e da educação em saúde na progressão do quadro sintomatológico
da bronquiolite, no período de maio à outubro de 1999.
Os dados foram coletados junto aos boletins de atendimento
pediátrico (emergência), fichas de avaliação e evolução do servi-
ço ambulatorial de fisioterapia, registro geral de pacientes da
central de computação da recepção da emergência, setor de es-
tatística Centro de Saúde e um questionário realizado no perío-
do de janeiro e fevereiro de 2000 na residência das crianças estu-
dadas. Os procedimentos utilizados para intervenção precoce
foram a lavagem simples das mãos, uso de anti-séptico, ausculta
pulmonar e aspiração de secreção. As técnicas específicas da fi-
sioterapia utilizadas foram vibrações, compressão, tapotagem,
terapia manual passiva, drenagem postural, máscara de EPAP
(Pressão Positiva Expiratória). As medidas profiláticas utilizadas
foram fluidificação de secreções através de soro fisiológico e as-
piração manual com “pêra”. A educação em saúde e o
aconselhamento dos pais foi fundamental para a extensão do tra-
tamento no ambiente familiar.
Neste trabalho vários fatores identificaram que 50% dos paci-
entes que abandonaram o tratamento fisioterápico, 40% apresen-
taram recidivas com internações em instituições em saúde e os
pacientes que completaram o tratamento fisioterápico até sua
alta não apresentaram nenhuma recidiva sendo que os princi-
pais motivos do abandono foram os financeiros com 20% e fami-
liares com 15%.
A fisioterapia preventiva é uma atuação indispensável para in-
tervir nas complicações do quadro sintomatológico da bronquiolite,
evitando assim a super lotação das instituições de saúde.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
PC Teles. Centro de Saúde
Vila dos Comerciários,
Serviço Ambulatorial de
Fisioterapia Feevale, Novo
Hamburgo, RS, Xo Simpósio
internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória, 27
a 30 de setembro de 2000,
Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 21
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Maria Stela Gonçalves, Sérgio
Ricardo Santos, Fábio Kawakama,
José Roberto Jardim, Disciplina de
Pneumologia e Centro de
Reabilitação Pulmonar da
UNIFESP, São Paulo, SP, Xo
Simpósio internacional de
Fisioterapia respiratória, IIIo
Congresso brasileiro de Fisioterapia
respiratória, 27 a 30 de setembro de
2000, Gramado, RS
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EA Giovanetti, CA Boueri, ALB
Nunes, E Koterba, AL Graças,
Hospital e Maternidade São
Camilo, São Paulo, SPl, Xo
Simpósio internacional de
Fisioterapia respiratória, IIIo
Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória, 27 a
30 de setembro de 2000,
Gramado, RS
Status tabágico do paciente em clínica privada de doenças
respiratórias
Introdução: Apesar dos inúmeros estudos epidemiológicos rea-
lizados com tabagistas e ex-tabagistas, existem poucos relatos da
análise do status tabágico em pacientes em atendimento privado.
Objetivo: Avaliar o status tabágico e fatores associados à ces-
sação do tabagismo de um grupo de pacientes na sua avaliação
inicial em uma clínica privada de atendimento a doenças respi-
ratórias em São Paulo.
Material e métodos: Inquérito epidemiológico entre pacientes
de uma clínica privada de pneumologia na cidade de São Paulo.
População total estudada: 1020 pacientes, atendidos em primei-
ra consulta entre janeiro de 1995 e junho de 2000, sendo excluí-
dos os menores de 15 anos e aqueles com dados de identificação
incompletos. Amostra final estudada: 906 pacientes, 467 homens
e 439 mulheres. Todos os pacientes respondiam a um inquérito
epidemiológico sobre o seu status tabágico.
Resultados: 420 pacientes nunca fumaram, 170 estavam fu-
mando no período da consulta e 316 eram ex-fumantes. Entre os
fumantes o tempo de tabagismo era de 27,4 ± 14,2 anos, com 1,3
± 0,8 maços por dia; 43,7% deles já haviam tentado parar de fu-
mar, com 1,7 ± 1,5 tentativas; a idade de início no vício foi de 18,8
± 7,1 anos. Entre os ex-fumantes a idade de início foi de 20,1 ±
9,1 anos, tendo fumado 1,4 ± 0,9 maços por dia; o tempo médio
de abandono era de 10,0 ± 10,0 anos, a decisão própria foi o prin-
cipal motivo para deixar de fumar, em geral, desencadeado pela
presença de sintomas respiratórios; a interrupção do vício foi
abrupta em 78% dos casos, o número médio de tentativas prévi-
as antes do abandono definitivo era igual a 1,2 ± 1,9; cerca de
51% dos ex-fumantes sentiram falta do cigarro logo após a inter-
rupção, porém, apenas 22% persistiam sentindo.
Conclusões: Os tabagistas ou ex-tabagistas correspondiam
a mais da metade das consultas. O principal motivo do aban-
dono foi a decisão própria e não o aconselhamento médico,
conforme já descrito na literatura. A motivação para tal geral-
mente ocorre pela presença de sintomas respiratórios.
Sindrome do desconforto respiratório aguda após inalação de
“crack”
O consumo do “crack” tem se tornado comum em nosso meio,
assim como os sintomas e as disfunções pulmonares decorren-
tes do seu uso. Relatamos um caso de usuário de “crack” que
desenvolveu síndrome do desconforto respiratório aguda (SDRA),
revendo os aspectos clínicos e do tratamento. Realizada pesqui-
sa bibliográfica e revisão de prontuário.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200122
Jovem branco, masculino, 16 anos, com antecedente de utili-
zação de drogas inalatórias, internado em uma instituição para
recuperação de drogados, foi encontrado em insuficiência respi-
ratória, rebaixamento do nível de consciência e suspeita de
broncoaspiração, após medicação com haloperidol e diazepínicos.
Apresentava acidose respiratória hipoxêmica (pH 7,20; PCO2
56 mmHg e PO2 43 mmHg) e RX de tórax com infiltrado pulmo-
nar bilateral heterogêneo. Hipótese diagnóstica: SDRA (PaO2/FiO2
= 54 e Murray 2,5). Recebeu suporte hemodinâmico, nutricional,
antibioticoterapia, pulso de corticóide, fisioterapia respiratória.
Ventilado com PEEP determinado pelo ponto de inflexão no ramo
ascendente da curva P x V, Vt 6 mL/Kg, f suficiente para manter
PaCO2 dentro da normalidade, sem gerar auto-PEEP, tolerando
hipercapnia se necessário. Recrutamento alveolar foi realizado
após desconexão do aparelho ou quando se observou queda da
SpO2, com 45 cmH2O por 30 segundos, 3 vezes, com intervalos
de 3 ciclos respiratórios. Evoluiu favoravelmente, sendo extubado
em 5 dias. O exame anátomo-patológico da biópsia pulmonar
mostrou hemorragia alveolar difusa, hiperplasia linfóide peri-
brônquica com eosinófilos, ausência de fibrose e a microscopia
óptica com luz polarizada foi positiva para material particulado,
compatível com inalação de material químico.
O pulmão é um dos principais órgãos acometidos pela combus-
tão da droga, e o aumento do seu consumo e a quantidade de impu-
rezas relacionam-se às complicações pulmonares agudas. As mani-
festações clínicas descritas ocorrem imediatamente ou semanas
após o uso. O tratamento descrito é paliativo, porém, apesar da gra-
vidade com que se apresenta inicialmente, o suporte ventilatório
adequado parece influenciar positivamente na evolução.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 23
Artigo original
Ordem de recrutamento muscular em movimentos de
reversão do braço em diferentes regiões espaciais
Gil Lúcio Almeida*, Nadia Fernanda Marconi*, Sandra MS Ferreira**
*Laboratório de Pesquisas Clínicas em Fisioterapia, Universidade de Ribeirão Preto e Departamento de
Fisiologia e Biofísica, Universidade Estadual de Campinas, **Instituto de Biociências do Campus de Rio
Claro, Universidade Estadual Paulista
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Resumo
Neste estudo testamos regras freqüentemente utilizadas para
descrever a seqüência em que o Sistema Nervoso ativa a muscu-
latura. Em particular, testamos a existência das seqüências
proximal-distal e agonista-antagonista durante a execução de
movimentos complexos. Para tanto, oito indivíduos realizaram
movimentos planares de reversão em nove alvos colocados em
três orientações espaciais diferentes. Para cada um destes movi-
mentos, foram reconstruídos os deslocamentos angulares do om-
bro e do cotovelo e o deslocamento linear do dedo indicador. Si-
multaneamente foi registrada a atividade eletromiográfica dos
músculos: bíceps braquial, tríceps cabeça lateral, deltóide ante-
rior e deltóide posterior. Foi demonstrado que esses músculos
não foram ativados em uma seqüência proximal-distal e que esta
seqüência variou com a orientação espacial. Para uma das orien-
tações espaciais, houve também uma reversão na seqüência
agonista-antagonista na qual os músculos do cotovelo foram
ativados. Os resultados são discutidos em termos da demanda
mecânica das tarefas.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200124
Introdução
Para realizar movimento voluntário é ne-
cessário que o Sistema Nervoso (SN) envie co-
mandos para os neurônios motores alfa, para
ativar a maquinaria contrátil e assim gerar as
forças musculares necessárias à execução do
movimento. As estratégias utilizadas pelo SN
para modular e controlar estes comandos, en-
viados na forma de potenciais de ação, são
objetos de inúmeros debates e estudos [1, 2, 3,
4]. Estas estratégias têm sido baseadas em
estudos biomecânicos e de controle motor al-
tamente sofisticados e são utilizadas no en-
tendimento de disfunções e adaptações que
acometem o sistema de controle motor [5, 6].
Por outro lado, existem muitas simplifica-
ções na descrição e caracterização dos meca-
nismos de controle motor dos movimentos
humanos. Um exemplo, desta simplificação é
a idéia, muito difundida, de que o SN primeiro
Endereço para correspondência: Prof. Dr. Gil Lúcio Almeida, Curso de Fisioterapia da UNAERP,
Av. Constábile Romano, 2201, 14096-380 Ribeirão Preto - SP,
Tel: (16) 603-6774, Fax: (16) 603-7025 (geral), E-mail: gla@odin.unaerp.br
Abstract
In this study we tested the rules usually used to describe the
sequence in which the Nervous System activated the muscles.
In special, we tested if there are the proximal-distal and the
agonist-antagonist sequences during the execution of complex
movements. Eight individuals performed planar reversal
movements
towards nine targets placed in three special
orientations. The angular displacement of the shoulder and elbow
joints, and the linear displacement of fingertip was reconstructed,
using one 3D motion analysis system. We also recorded the
muscle activities of biceps, triceps, posterior and anterior deltoid
during each movement. It was showed that these muscles were
not activated in a proximal-distal sequence, and that this
sequence changed with the spatial orientation. For one spatial
orientation, there was a reversion in the agonist-antagonist
sequence in which the elbow muscles were activated. The results
are discussed in terms of the mechanic demand of the tasks.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ativa a musculatura proximal e depois a distal.
Outra simplificação é o uso da terminologia
agonista e antagonista para descrever a ação
da musculatura. O uso da terminologia
agonista-antagonista, por sua vez, tem mais
suporte empírico e científico do que a idéia da
ativação preferencial da musculatura proximal.
Por exemplo, a execução de movimentos
uniarticulares simples, como a flexão do coto-
velo, tem sido atribuída à geração de um pa-
drão eletromiográfico (EMG) trifásico caracte-
rístico [7, 8]. Um primeiro envelope de ativida-
de EMG agonista gera uma força muscular lan-
çando o membro em direção ao alvo. Algumas
dezenas de milisegundos após o início deste
envelope agonista, um segundo envelope EMG
antagonista inicia a aplicação do freio no mo-
vimento. Este envelope antagonista desacelera
o membro em direção ao alvo. Finalmente um
segundo envelope de atividade EMG agonista
irá “travar” o membro ao alvo.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 25
Fig. 1
Para movimentos complexos, como o de
reversão, envolvendo uma [9, 10, 11] ou mais
articulações [12, 13] o padrão EMG é geralmen-
te mais complexo do que o padrão trifásico
descrito para os movimentos uniarticulares.
Outros estudos têm também demonstrado,
que a seqüência em que os músculos são
ativados varia com a orientação espacial na
qual os movimentos são executados [14].
Aqui primeiramente demonstramos que a
ativação da musculatura não segue necessa-
riamente, um padrão proximal-distal. Segun-
do, a ordem de recrutamento dos músculos
está associada com a demanda mecânica da
tarefa e não necessariamente com uma ação
agonista ou antagonista do músculo. Tercei-
ro, discutimos as implicações clínicas da sim-
plificação do conhecimento dos mecanismos
de controle motor dos movimentos.
Métodos
Sujeitos
Oito indivíduos neurologicamente normais,
quatro do sexo masculino e quatro do sexo femi-
nino participaram deste estudo, após terem assi-
nado um Termo de consentimento aprovado pelo
Comitê de Ética da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP). Todos os voluntários
eram destros e com idade entre 15 e 30 anos.
Tarefa
Cada voluntário realizou movimentos de re-
versão do braço, com envolvimento das arti-
culações do ombro e cotovelo. As articulações
do punho e da mão foram imobilizadas por um
bracelete. Os movimentos foram divididos em
três tarefas que variaram de acordo com a ori-
entação espacial (180º, 90º e 0º). A linha no pla-
no sagital, cruzando a linha média do corpo
na direção ântero-posterior, definiu a orienta-
ção espacial de 90º. As linhas definindo a ori-
entação espacial de 0º (direita) e 180º (esquer-
da) eram ortogonais à linha da orientação es-
pacial de 90º (figura 1).
Para a realização da tarefa, os voluntários
permaneceram sentados em uma cadeira de
altura ajustável junto a uma mesa. Nesta
mesa, foram demarcadas as três orientações
espaciais mencionadas acima. Um cabo preso
ao teto da sala de experimento dava suporte a
parte proximal do antebraço, permitindo que
o braço movesse livremente dez centímetros
acima do topo da mesa.
A posição inicial foi definida como a
intersecção entre as linhas da orientação es-
pacial de 90º e 0º. A ponta do dedo indicador
foi mantida sobre a posição inicial, com a arti-
culação do cotovelo à 90º de flexão (figura 1).
Para cada orientação espacial, os voluntários
realizaram movimentos em três alvos diferen-
tes. Os alvos foram definidos de forma a in-
duzir uma amplitude angular específica (18º,
36º ou 54º) na articulação do cotovelo quando
o dedo indicador atingia o alvo.
Após ouvir um comando verbal, cada vo-
luntário realizava movimentos planares, par-
tindo da posição inicial, atingindo o alvo e
retornando imediatamente à posição inicial.
Foi solicitado aos voluntários que realizassem
os movimentos “o mais rápido possível” sem
enfocar o tempo de reação. Todas as tarefas
envolveram abdução (orientação espacial de
0°) ou adução (orientações espaciais de 90° e
180°) horizontal do ombro e o cotovelo sempre
moveu em extensão.
Figura 1: Ilustração da tarefa. Os movimentos
planares de reversão do braço foram realizados em três
orientações espaciais diferentes (180º, 90º e 0º). Para
cada uma destas orientações, foram colocados, três
alvos de forma a induzir uma amplitude angular
específica (18º- linha cheia, 36º-linha tracejada ou 54º-
linha pontilhada) na articulação do cotovelo, quando
o dedo indicador atingisse o alvo. Na posição inicial a
articulação do cotovelo permanecia à 90º de flexão. A
escala dos eixos x e y estão em milímetros.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200126
Registro e processamento dos dados EMGs
Registramos a atividade EMG dos seguin-
tes músculos: bíceps cabeça longa, tríceps ca-
beça lateral, deltóide anterior e deltóide pos-
terior. Para este registro foram utilizados am-
plificadores DELSYS (modelo DE2.2L) de si-
nais EMGs com eletrodos de superfície, com
um ganho total de 2000 e um filtro de 20-
450Hz. Todos os dados EMGs foram
digitalizados a uma freqüência de 1000 qua-
dros/segundo usando software Optotrak e
unidade de sincronização.
Registro e processamento dos dados cinemáticos
Foram fixadas LEDs (luzes com emissão de
diodo) no centro articular do ombro, cotovelo,
punho e na ponta do dedo indicador. As coor-
denadas X e Y destas LEDs foram registradas
utilizando um sistema óptico de análise de
movimento (Optotrak 3020) a uma freqüência
de 100 quadros/segundo. Essas coordenadas
foram utilizadas para reconstruir o desloca-
mento e a velocidade angular dos movimen-
tos do ombro e cotovelo. A velocidade e o des-
locamento linear do dedo indicador foram
obtidos das coordenadas X e Y da marca do
dedo indicador.
Cálculo da ordem de recrutamento muscular
O início da atividade EMG de cada múscu-
lo foi identificada visualmente. Para esta iden-
tificação foi plotado num monitor de compu-
tador a atividade EMG de cada músculo jun-
tamente com a velocidade linear do dedo in-
dicador. O início da atividade EMG foi identi-
ficado como uma mudança abrupta e susten-
tada no envelope desta atividade. A velocida-
de do dedo indicador foi utilizada para guiar a
ocorrência da mudança abrupta na atividade
EMG. Esta mudança deveria ocorrer entre 100
milisegundos, antes do início do movimento
do dedo indicador, até o tempo em que o dedo
indicador atingisse o alvo.
A identificação do início das atividades
EMGs foram utilizadas para calcular as dife-
renças entre o início da atividade EMG dos
músculos deltóide anterior, deltóide posterior
e bíceps em relação ao início da atividade do
tríceps. Esta diferença definiu a ordem de re-
crutamento dos músculos.
Resultados
Todos os sujeitos foram capazes de realizar as
tarefas nas três orientações espaciais e nas três
distâncias angulares conforme a instrução da
tarefa. Note na Figura 2 que o deslocamento li-
near do dedo indicador ocorreu, conforme espe-
rado, na direção espacial da tarefa (180°, 90° e 0°).
A velocidade linear do dedo indicador apre-
sentou um formato de sino duplo, nas três ori-
entações espaciais
e nos três alvos (Figura 2).
Fig. 2
Figura 2: Trajetória linear do dedo indicador nos
planos X e Y e velocidade linear do dedo indicador. Os
movimentos são de um indivíduo realizando a tarefa
nas três distâncias angulares (18º- linha cheia, 36º-
linha tracejada ou 54º- linha pontilhada) e nas três
orientações espaciais (180º- dois painéis da esquerda,
90º- dois painéis do centro e 0º- dois painéis da
direita). A trajetória linear é dada em milímetros (mm)
e velocidade linear em milímetros por milisegundos
(mm/ms). O tempo é mostrado em segundos no eixo X.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 27
O primeiro “sino” representa o movimento de
ida em direção ao alvo. Ao passo que o segun-
do sino representa o movimento de volta em
direção à posição inicial. O pico do primeiro
“sino” ocorreu aproximadamente no meio do
movimento de ida, quando o sujeito acelerou
o membro em direção ao alvo. O pico do se-
gundo “sino” ocorreu aproximadamente no
meio do movimento de volta, quando o sujei-
to ainda estava acelerando o membro em di-
reção à posição inicial. O menor valor da velo-
cidade linear, durante o intervalo entre os dois
picos, representa o instante que ocorreu a re-
versão do dedo indicador no alvo. Note na Fi-
gura 2 que a velocidade linear do dedo indica-
dor aumentou para as distâncias maiores, nas
três orientações espaciais.
Para todas as orientações espaciais, o coto-
velo sempre moveu inicialmente em extensão
(Figura 3a). No entanto, na orientação espacial
de 180° e 90°, o ombro moveu inicialmente em
adução horizontal e na orientação espacial de
0° em abdução horizontal (Figura 3b). A ampli-
tude angular do ombro e do cotovelo variou
com a orientação espacial e com a distância do
alvo. O aumento da distância do alvo resultou
no aumento do deslocamento e da velocidade
angular dos movimentos das duas articulações.
180o 90o 0o
Fig. 3a
Figura 3: Deslocamento angular, velocidade angular e registros EMGs dos músculos tríceps e bíceps para o
movimento do cotovelo (a) e deltóide anterior e deltóide posterior para o movimento do ombro (b). Os movimentos são
de um indivíduo realizando a tarefa nas três distâncias angulares (18º- linha cheia, 36º- linha tracejada ou 54º- linha
pontilhada) e nas três orientações espaciais (180º, 90º e 0º). Deslocamento angular dada em graus (º), velocidade
angular em graus por segundo (º/s), registros EMGs em Volts (V) e tempo em segundos (s).
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200128
O registro EMG mostra um padrão recípro-
co de ativação da musculatura anterior e pos-
terior do membro superior. De um modo ge-
ral, o padrão recíproco foi caracterizado por
três envelopes de atividade EMG para a mus-
culatura do ombro e do cotovelo. O primeiro
envelope gerou uma força muscular que ace-
lerou o membro em direção ao alvo. Esse en-
velope foi produzido pela atividade do mús-
culo agonista. Após o início deste envelope
agonista, a musculatura dita antagonista foi
ativada, gerando um envelope antagonista.
Esse envelope antagonista gerou uma força
muscular que foi responsável em frear o mem-
bro no alvo, revertendo a sua direção e o lan-
çando de volta à posição inicial. Um segundo
envelope de atividade EMG agonista gerou
uma força muscular que desacelerou o mem-
bro em direção à posição inicial.
Este padrão recíproco, agonista-antagonis-
ta-agonista, pode ser utilizado para explicar a
atividade EMG observada para a musculatu-
ra do ombro nas três orientações espaciais,
mas não para a do cotovelo. Note que na ori-
entação espacial de 180°, o cotovelo moveu
inicialmente em extensão (figura 3a). No en-
tanto, o bíceps, que seria o músculo antago-
nista, foi ativado antes do tríceps, o agonista
deste movimento. Por outro lado, nas orienta-
ções espaciais de 90° e 0°, o cotovelo também
moveu inicialmente em extensão, no entanto,
o bíceps foi ativado depois do tríceps.
180o 90o 0oFig. 3b
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 29
A ordem de recrutamento da musculatura do
membro superior
A ordem de ativação destes músculos
variou com a orientação espacial. Na orienta-
ção espacial de 180° e 90°, o movimento do
ombro foi inicialmente em adução horizontal.
Nestas duas orientações espaciais o deltóide
anterior foi o músculo agonista e o deltóide
posterior o antagonista. Já na orientação es-
pacial de 0°, o movimento da articulação do
ombro foi inicialmente em abdução horizon-
tal. Nesta orientação, o deltóide posterior foi
o músculo agonista e o deltóide anterior o
músculo antagonista. Note na Figura 4 que o
deltóide anterior foi ativado antes do tríceps
e do deltóide posterior para as orientações de
180° e 90°. No entanto, este músculo foi ativa-
do depois do tríceps e do deltóide posterior na
orientação espacial de 0°.
Em todas as tarefas, o movimento da arti-
culação do cotovelo foi sempre em extensão e
teoricamente o agonista seria o tríceps e o
antagonista o bíceps. Esta afirmativa é verda-
deira para as orientações espaciais de 90° e 0°,
mas não para a de 180°. Note na Figura 4 que o
bíceps é ativado depois do tríceps para as ori-
entações de 90° e 0°, mas é ativado por volta
de 60 milisegundos antes do tríceps na orien-
tação espacial de 180°. O resultado da ANOVA
mostra o efeito da ordem de recrutamento dos
músculos (bíceps, tríceps, deltóide anterior e
posterior) para cada uma das três orientações
espaciais (180°, 90° e 0°) estudadas. Este resul-
tado comprova as observações citadas acima.
Não foi testado o efeito da orientação espacial
porque a ordem de recrutamento foi
quantitativamente diferente (ver Figura 4).
Tabela I: Resultado da ANOVA para o efeito da ordem de
recrutamento dos músculos.
Orientação espacial F (3,23) p
180º 13.31 0.0001
90º 4.93 0.0037
0º 31.98 0.0001
Discussão
A ativação dos músculos não segue
necessariamente a seqüência proximal-distal
Os dados apresentados aqui não dão supor-
te a idéia de que a ordem de recrutamento da
musculatura nos indivíduos normais segue
um padrão proximal-distal [15, 16, 17, 18]. Se
o Sistema Nervoso ficasse limitado à esta es-
tratégia (proximal-distal) para recrutar a mus-
culatura deveríamos observar uma antecipa-
ção da ativação da musculatura do ombro
(deltóide anterior e posterior) em relação à
musculatura do cotovelo. No entanto, em vá-
rios movimentos estudados a musculatura do
ombro foi ativada depois do tríceps (Figura 3
e 4). Logo podemos concluir que o Sistema
Nervoso não limita a sua estratégia de ativa-
ção da musculatura a uma seqüência
proximal-distal. Esta flexibilidade na seqüên-
cia de ativação da musculatura possibilita ao
SN inúmeras formas de modular a geração das
forças musculares.
Fig. 4
Figura 4: Ordem de recrutamento dos músculos
deltóide posterior (barra hachurada), deltóide
anterior (barra preta) e bíceps (barra branca)
alinhados em relação ao início da atividade
EMG do tríceps – “T”. O início da atividade do
tríceps - “T” é considerado aqui como tempo
zero. Os dados são as médias de oito indivíduos
para as três orientações espaciais (180º, 90º e
0º). O tempo é dado em milisegundos (ms).
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200130
A terminologia agonista-antagonista não é
apropriada para descrever alguns padrões de
atividade EMG.
Clinicamente identificamos a direção do
movimento e o mensuramos com um
goniômetro manual. Da direção do movimen-
to, deduzimos então, a ação do músculo, se
agonista ou antagonista. Por exemplo, um mo-
vimento de extensão do cotovelo seria sempre
iniciado pelo tríceps (agonista neste caso) e fre-
ado pelo bíceps (antagonista neste caso). Nes-
te estudo também aprendemos que devemos
ser cautelosos ao usar a terminologia agonista
e antagonista para caracterizar a ação de um
músculo. Por exemplo, na orientação espacial
de 180º
existe uma atividade inicial no bíceps
que antecede a ativação do tríceps e mesmo da
musculatura do ombro (Figura 4). Esta anteci-
pação da ativação do bíceps, mesmo com o co-
tovelo movendo em extensão, auxilia a ativi-
dade do deltóide anterior na geração de uma
força muscular em adução horizontal na arti-
culação do ombro. Isto ocorre porque o bíceps
cabeça longa é um músculo bi-articular e cru-
za as articulações do ombro e do cotovelo. Logo,
a mudança na ordem de recrutamento obser-
vada na orientação espacial de 180° está relaci-
onada à demanda mecânica da tarefa.
O achado de que a ordem de recrutamento
da musculatura é afetada pela orientação es-
pacial em que o movimento é executado (Fi-
gura 4) confirma resultados de outros estudos
[14, 19, 20]. No entanto, de acordo com Hasan
& Karst [14], esta mudança na ordem de re-
crutamento estaria relacionado à orientação
espacial do antebraço no espaço. Como men-
cionado anteriormente, acreditamos que o SN
faz esta inversão quando é necessário atender
a demanda mecânica da tarefa.
A atividade EMG antecede o início do mo-
vimento [21]. Note na Figura 3a que o início
da atividade EMG do tríceps cabeça lateral é
antecipado em relação ao início do movimen-
to de extensão do cotovelo nas orientações
espaciais de 0° e 90°. O tempo desta antecipa-
ção é necessário para que o músculo coloque
a sua maquinaria contrátil para funcionar, ge-
rando uma força muscular que resista a inér-
cia do membro. No entanto, na orientação de
180° a atividade do tríceps coincide com o iní-
cio do movimento de extensão do cotovelo.
Logo, não houve tempo hábil para que o
tríceps cabeça lateral gerasse uma força mus-
cular que pudesse iniciar o movimento de ex-
tensão do cotovelo. Neste caso, não se pode
descartar a possibilidade de que outros mús-
culos não registrados (ancôneo e as cabeças
longa e medial do tríceps) tenham sido
ativados concomitantemente ou mesmo antes
que o bíceps na orientação espacial de 180°.
A terminologia do padrão trifásico pode en-
cobrir a complexidade do controle da ativida-
de EMG
As atividades EMGs dos movimentos
uniarticulares [7, 8, 9] e de reversão apresen-
tados aqui e em outros estudos [10, 11, 12, 13],
podem ser descritas por um padrão trifásico.
Porém, existem similaridades e diferenças nas
funções dos envelopes agonista-antagonista-
agonista entre estes movimentos. O primeiro
envelope agonista, de ambos os movimentos
(uniarticulares e de reversão) tem a função de
gerar uma força muscular que acelera o mem-
bro em direção ao alvo. No entanto, o primei-
ro envelope antagonista nos movimentos de
reversão tem três funções distintas. Primei-
ro, este envelope desacelera o membro em
direção ao alvo. Segundo, ele reverte a dire-
ção do movimento. Terceiro, ele acelera o
membro em direção à posição inicial. Em
movimentos uniarticulares, a função deste
envelope é de apenas desacelerar o movimen-
to no alvo. O segundo envelope agonista, tam-
bém difere entre os dois tipos de movimen-
tos. Nos movimentos uniarticulares o segun-
do envelope agonista tem a função de “travar”
o membro na posição inicial. Já nos movimen-
tos de reversão, o segundo envelope agonista
tem a função de desacelerar o membro na po-
sição inicial [7, 8]. Dessa forma, podemos con-
cluir que para movimentos de reversão, as
funções dos envelopes de atividade EMG são
mais complexas do que para movimentos sim-
ples de apontar.
Implicações práticas
Como explicar a diferença de resultados que
obtivemos, com os dados na literatura e nos inú-
meros textos de Cinesiologia? Boa parte do que
é ensinado nas disciplinas de Cinesiologia é ba-
seado em estudos envolvendo o registro EMG,
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 31
sem uma reprodução concomitante da
cinemática (ângulo, velocidade e aceleração) e/
ou da cinética (torques musculares e de
interação) dos movimentos. Existe uma rela-
ção causal fisiológica entre a geração da força
muscular (formação das pontes de actina-
miosina) e o sinal EMG [22]. Desta forma, acre-
ditamos que para o entendimento dos meca-
nismos de controle motor dos movimentos é
necessário o registro da atividade EMG dos
músculos, porém, é imperioso também a re-
construção cinemática e cinética do movimen-
to gerado por estas atividades. Os dados apre-
sentados aqui demonstram claramente que
teremos que estudar de forma bastante
criteriosa os mecanismos de geração dos mo-
vimentos, se quisermos construir uma
Cinesiologia mais sólida.
Agradecimentos
Este trabalho foi financiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Pau-
lo -FAPESP (processos 95/9608-1; 97/02769-5 e
97/02771-0).
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 33
Resumo
O estresse faz-se presente em todas as reações do organismo
desencadeadas por agressões de ordem física, psíquica ou infecciosa.
Situações de grande tensão pode provocar o estresse patológico, facili-
tando ou agravando distúrbios transitórios ou doenças graves. Verifi-
caram-se os efeitos do Watsu em dezoito pacientes sob experimentação
com características de estresse, submetendo-os aos procedimentos
descritos pelos autores para a referida técnica hidroterápica. As diver-
sas posições recomendadas pela técnica associadas aos benefícios da
água aquecida mostrou promover momentos de profundo relaxamen-
to. Mais de 50% dos participantes já havia realizado tratamento fisiote-
rápico clássico com resultados insatisfatórios. Com o Watsu®, além dos
pacientes relatarem melhoras das algias musculares, acrescentaram
que houve um aumento no rendimento do trabalho, maior disposição
para atividades da vida diária, mais flexibilidade e ponderação para
resolver situações conflitantes, enfim uma melhora na homeostase.
Pode-se concluir que é vantajosa a associação da hidroterapia com água
hipertérmica e o uso de exercícios e alongamentos pela técnica de Watsu
para controle do estresse.
Análise dos efeitos fisiológicos em pacientes com
estresse submetidos à técnica Watsu
Physiological analysis in stressed patients submitted to
Watsu water therapy
Rosângela Maria Borges*, Nivaldo Antonio Parizotto**
*Fisioterapeuta, especialista em fisioterapia traumatológica e ortopédica pela FUNEC/Santa Fé do Sul –
UFSCar, formação em Watsu. Fisioterapeuta da clínica HUNIFISIO – Fernandópolis (SP), **Fisiotera-
peuta, especialista em metodologia da educação superior (PUCCAMP), mestre em fisiologia pela faculda-
de de medicina de Ribeirão Preto –USP, Doutor em engenharia elétrica pela UNICAMP, docente do depar-
tamento de fisioterapia da UFSCar e do programa de pós-graduação em fisioterapia da UFSCar
Endereço para correspondência: Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto,
Laboratório de Eletrotermofototerapia, Departamento de Fisioterapia –
UFSCar, Rodovia Washington Luiz, km 235 CP 676, 13565-905 – São Carlos SP,
Tel: (16) 260-8341 ramal 8704, E-mail: parizoto@power.ufscar.br
Artigo original
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200134
Introdução
Todos os dias somos advertidos pela mídia
sobre os perigos potenciais do estresse, alte-
ração da pressão arterial, falta ou excesso de
apetite, irritabilidade, fadiga, dores generali-
zadas, alergias, problemas cardíacos e no ex-
tremo o câncer. A competitividade, jornada
dupla de trabalho, grandes mudanças, situa-
ções desagradáveis são fatores que contribu-
em para produzir ou aumentar o estresse
psicofísico dos indivíduos [1].
Para amenizá-lo deve-se excluir o agente cau-
sal, mas como na maioria dos casos isto não é
possível, busca-se técnicas alternativas como
massagens, caminhadas, medicamentos, terapi-
as individuais ou em grupo que possam excluir
ou amenizar os sintomas ou efeitos do estresse.
Dentre estas técnicas, o Watsu [2] pareceu ser in-
teressante para proporcionar este alívio e para a
análise das modificações fisiológicas proporcio-
nados em pacientes sob situação de estresse. Ori-
ginou-se na Califórnia onde Harold Dull utilizou-
se da milenar arte oriental de massagem - o
Shiatsu - aplicado na piscina, com pacientes em
flutuação. “Deixe-se flutuar e ser embalado numa
água aquecida. Deixe todo apoio e o calor da água
dissipar as tensões do seu corpo. Deixe-se condu-
zir para níveis mais e mais profundos de relaxa-
mento, na medida em que seu corpo se alonga
livremente. Flutue para o estado de consciência
no qual traumas e tensões não tenha acesso. Flu-
tue para o nível onde está que seja de tamanho
prazer, paz e totalidade, no qual nada poderá
dominar você. Isto é Watsu”. [2].
Estresse
Estresse é o conjunto de reações do orga-
nismo a agressões de ordem física, psíquica,
infecciosa, e outras capazes de perturbar a
homeostase (equilíbrio). O estresse pode ser
fisiológico, quando ocorre uma adaptação nor-
mal (chamado de estresse positivo), ou pato-
lógico em indivíduos mal adaptados (estresse
negativo). No do tipo fisiológico, predominam
as reações desencadeadas de luta ou fuga en-
carregadas de preparar o homem para enfren-
tar ou fugir. Estas reações são controladas pelo
hipotálamo. Em condição patológica registra-
se uma disfunção causando simples distúrbi-
os transitórios até doenças graves [1].
O tônus muscular pode ser modificado pelo
estresse. Estados psíquicos anormais modifi-
cam consideravelmente o grau de estimulação
nervosa destinado à musculatura esquelética,
aumentando ou diminuindo o tônus muscu-
lar [3]. Situações estressantes que envolvam
o psiquismo, conflitos psicológicos, ansieda-
de e angústia causarão variações do tônus
muscular ou postural de ordem passageira ou
permanente.
O coração também pode ser vítima do
estresse. Uma ativação repetida e crônica do
sistema nervoso autônomo, numa pessoa que
já tenha problemas de lesão da camada inter-
na das artérias coronárias pode provocar alte-
rações como diminuição do fluxo sanguíneo,
ruptura da parede dos vasos enfraquecidos e
até arritmias [4].
Principais sintomas
A pessoa estressada encontra-se cronica-
mente tensa, cansada e irritada. Há um com-
prometimento da criatividade e da flexibili-
dade. É comum apresentar quadro de astenia,
tensão muscular elevada, com presença de
câimbras e formação de bandas tensas na
musculatura, lombalgias e braquialgias. A
expressão facial dos indivíduos mostra a tes-
ta franzida, há a presença de cefaléias cons-
tantes e as unhas são roídas. O estressado ali-
menta-se mal, apressadamente, apresenta
transtornos digestivos, pode dormir demais ou
ter insônia. Quanto ao aspecto sexual, aconte-
ce a falta de libido ou a hipersexualidade,
quando o indivíduo tenta descarregar sua ten-
são no ato sexual. É como uma reação em ca-
deia, em que os problemas vão gerando mais
problemas, e um aspecto da vida passa a in-
terferir nos outros [5]. É importante lembrar
que o estresse não é uma doença, é um estado
de desequilíbrio corpo - mente que se instala
em uma pessoa quando seu organismo é sub-
metido a uma série de tensões [6].
Relaxamento
O relaxamento é o que se sobrepõe ao
estresse, que reforça a homeostase, que dimi-
nui a angústia e a emotividade, que proporci-
ona a harmonização dos elementos do orga-
nismo [6].
A reação relaxamento pode ser desen-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 35
cadeada voluntariamente pelas técnicas de
relaxamento (Jacobson, Mitchell, Shultz,
Sandor, entre outros), provocando um
hipometabolismo, caracterizado pela diminui-
ção da pressão arterial (quando elevada) e dos
batimentos cardíacos, assim como redução da
freqüência respiratória.
Utilização da água aquecida para obtenção de
relaxamento
Prolongada tensão muscular pode causar
disfunção articular. A articulação afetada en-
tra num ciclo de dor, espasmo muscular,
estocagem de metabólicos e movimentos en-
fraquecidos.
A partir desses conceitos, elegeu-se
a água
aquecida como alternativa de tratamento. A
água aquecida promove um relaxamento mus-
cular, aumenta a circulação, reduz espasmos
e reduz efetivamente o nível de dor, interrom-
pendo o ciclo da dor [7].
Técnicas para relaxamento na água
A aplicação de calor superficial ou profun-
do antes da sessão na piscina aumenta a
extensibilidade dos tecidos encurtados. Após
o término, auxilia a manutenção do relaxa-
mento muscular.
Diversas técnicas de massagens podem ser
aplicadas. Pode-se trabalhar em pontos
enrijecidos, ou corpo todo com o paciente au-
xiliado por flutuadores. A flutuação diminui
o peso nas articulações consequentemente
amenizando as dores articulares, facilitando
o relaxamento.
Efeitos terapêuticos da água aquecida
O relaxamento muscular promove uma re-
dução da tensão muscular, ajudando a preve-
nir restrições na mobilidade articular. Inter-
rompido o ciclo da dor, promove-se o relaxa-
mento dos músculos espásticos, o que reduz
o tensionamento muscular através dos efei-
tos relaxantes da água aquecida [8]. O aumen-
to da temperatura corporal subsequente à
imersão, reduz o tônus muscular anormal e
espástico, favorecendo ainda o fluxo sanguí-
neo periférico. Facilita-se a movimentação das
articulações doloridas, devido à diminuição da
compressão possibilitada pela propriedade de
flutuação promovida pela água [7].
Os fluxos do Watsu
O Watsu se desenvolve através de fluxos de
energia. O alongamento passivo, mobilização
articular e o deslocamento de Zen Shiatsu as-
sociados à respiração conduzem a um efeito
de relaxamento corporal e mental do pacien-
te [2].
Fluxo Transicional: consiste nas transições,
meios de se movimentar de uma posição para
outra promovendo um senso de continuidade
auxiliando no relaxamento.
Fluxo Único: é indicado para pessoas que
não são flexíveis o suficiente para as posições
mais complexas do Watsu.
Fluxo Expandido: é um fluxo mais avança-
do, tem sua base nos alongamentos adicionais
e trabalho de pontos do Shiatsu (nos
meridianos) [9].
Paralelo a estes três fluxos, técnicas inclu-
em o fluxo livre, que é composto por quietude
em movimento.
Posições do Watsu
Há dois tipos de posições no Watsu: simples
e complexas.
Os movimentos simples incluem os movi-
mentos básicos e a flutuação livre. Outras po-
sições simples são nomeadas pela parte do
corpo que é suportada pelo ombro do
terapeuta ou posição superior do braço, inclu-
indo: acima da cabeça, abaixo do braço, abai-
xo do quadril e abaixo da perna.
As posições complexas são chamadas de
berço (do inglês, cradle) [2]. No berço, o
terapeuta captura ou embala o paciente entre
seu corpo e um de seus braços, assim liber-
tando a outra mão para trabalhar o resto do
corpo do paciente. As sessões são
sequenciadas de maneira que cada berço seja
mais difícil que o anterior.
Antes de iniciar
O paciente deverá ser avaliado para excluir
qualquer condição onde pressão e estiramento
estejam contra indicados. A aceitação do meio
líquido e o conforto do paciente na posição
supina flutuando com o pescoço em extensão
devem ser questionados antes de iniciar a ses-
são.
Abertura
Abertura é a posição inicial da sessão de
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200136
Watsu. Caso a piscina apresente uma parede
onde o paciente possa se apoiar, a sessão inicia-
se na parede. Se a piscina não apresentar uma
parede adequada, o paciente poderá sentar-se
nos degraus ou nas margens. A sessão ainda
pode começar em pé no meio da piscina ou flu-
tuando a partir da borda. Importante lembrar
que o Watsu deverá ser iniciado em um local para
o qual o paciente possa retornar ao final.
Começando na parede
Orienta-se o paciente para encontrar a po-
sição mais confortável apoiando suas costas
contra a parede, pernas com base alargada e
concentração na retificação de sua coluna.
Deve-se sentir o suporte proporcionado pela
parede. Após endireitar-se, o paciente deverá
se afastar da parede com os olhos abertos, ca-
minhando para o meio da piscina.
A sessão de Watsu estará concluída quando
retornar à posição inicial e sentir o suporte da
parede em suas costas novamente.
Entregando-se à água
O terapeuta mantém-se em frente ao paci-
ente, longe o suficiente para que seus braços,
flutuando na sua frente, não toque os do paci-
ente. As pernas do paciente devem permane-
cer estendidas e no mesmo lugar, deixa-se o
corpo afundar e levantar naturalmente com a
respiração. Quando parecer que o paciente ren-
deu-se o máximo possível para a água, deverá
ser orientado verbalmente para fechar os olhos
e permitir que a água, na expiração, o empurre
para cima. O terapeuta, então, caminhará em
direção ao lado direito da face do paciente, co-
locando seu braço esquerdo sobre o direito do
paciente permitindo-lhe flutuar. O antebraço
direito do terapeuta é colocado sob o cóccix do
paciente para elevar o corpo em direção à su-
perfície enquanto inspira. Esta é a primeira
posição e o primeiro contato físico.
Pode-se iniciar o Watsu a partir da direita ou
esquerda, dependendo do seu lado dominante.
Nessa descrição as posições são realizadas primei-
ro à direita e então, alternadas com a esquerda.
Movimentos básicos
Dança respiratória na água
Mantém-se os antebraços em posição de
pronação relaxada, com o braço esquerdo sob
a cabeça do paciente e o antebraço direito sob
o cóccix, e não sob a coluna lombar, cuja pres-
são causaria aumento da extensão da coluna.
Em posição estática, promove-se um leve afun-
damento do paciente na expiração erguendo-
o na inspiração com o mesmo ritmo respirató-
rio do paciente.
Quando trabalhar com alguém tão leve que
o corpo não afunde, pode-se colocar o antebra-
ço sobre o abdômen para permitir que o paci-
ente afunde a cada expiração. Caso as pernas
estejam rígidas coloca-se o braço sob os joe-
lhos, encorajando-o a fletir e relaxar, e o su-
porte do braço pode retornar para a posição
sob o cóccix. Caso o paciente seja muito pesa-
do, antes que o terapeuta entre em fadiga, o
próximo movimento básico, a sanfona (do in-
glês: accordion), poderá ser iniciado.
A Sanfona
Este movimento básico permite manuseio
mais fácil dependendo se o peso do paciente
é suficientemente baixo. Após completar a
dança respiratória (ou quando o braço direito
estiver cansado), o terapeuta lentamente abre
os braços do paciente, enquanto ambos parti-
cipam da inspiração. Com o antebraço esquer-
do no occipital, o paciente é puxado para lon-
ge do antebraço direito, o qual é colocado sob
os joelhos. Durante a expiração, o tronco do
paciente afunda um pouco. Repete-se o pro-
cesso com a abertura dos braços na inspira-
ção e fechamento na expiração. Os joelhos e o
tórax se aproximam gradualmente sem esfor-
ço. Entretanto se a resistência nos joelhos e
quadril restringir a flexão, o joelho pode ser
ressaltado gentilmente e o tronco manuseado
para um alinhamento mais vertical a cada
expiração, encorajando o paciente a ter os
quadris fletidos por favorecer a mudança do
peso. Enquanto os joelhos são trazidos mais
próximos do tórax, com a expiração, deve-se
aumentar o tempo em que os braços estão jun-
tos, permanecendo mais longe do ápice da res-
piração. Similarmente, os braços abrem-se
mais a cada inspiração.
 Sanfona em rotação
Uma vez que os joelhos do paciente tenham
se aproximado o máximo possível do tórax, a
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 37
abertura e fechamento da Sanfona se faz con-
tínuo com a respiração. Após cada abertura
dos braços o terapeuta permanece mais alto e
apoiado na frente, estende o braço direito por
sob lado esquerdo do paciente, enquanto am-
bos expiram, permitindo ao quadril girar atra-
vés do seu corpo. Após cada aproximação abre-
se os braços na inspiração, balançando as cos-
tas, promovendo uma balanço para o quadril
do paciente.
Rotação da perna próxima
Enquanto inicia-se o balanço das costas
para abrir os braços, permite-se que a perna
mais distante do paciente escorregue dos bra-
ços. Sem quebrar o ritmo, inclina-se para ro-
dar a perna próxima através do ombro esquer-
do, concomitante com a expiração. Os movi-
mentos de balanço tornam-se progressiva-
mente mais amplos, afundando as costas para
dentro da água na inspiração. Enquanto roda-
se a perna direita, apoiada pelo cotovelo direi-
to, aplica-se um alongamento na perna mais
distante (esquerda) através da resistência da
água, enquanto movimenta-se o paciente em
torno do sentido horário. Se o joelho do paci-
ente não aproximar o suficiente do tórax para
realizar o próximo “berço”, continue com o flu-
xo único ao invés do completo.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi in-
vestigar os efeitos que se poderia obter sob
ação da técnica de Watsu em pacientes sob
condição de estresse e com sintomas de dores
nas costas por tensão postural.
Material e métodos
Sujeitos experimentais
Realizaram-se sessões de Watsu em 18 pa-
cientes com idade entre 20 e 60 anos, ambos
os sexos, profissões diversas e escolaridade
variando entre primeiro grau e curso superi-
or, sofrendo sintomatologia de estresse
psicofísico com repercussões na tensão da
musculatura postural.
Descrição do local
Conduziu-se o experimento numa clínica
na cidade de Fernandópolis (SP), em piscina
coberta e aquecida. A dimensão da piscina
utilizada foi de oito metros de comprimento,
quatro metros de largura, um metro e quaren-
ta centímetros de profundidade, bordas regu-
lares, escada de alumínio com três degraus e
duas barras de alumínio de cada lado. Situa-
da em ambiente totalmente fechado, com pa-
redes pintadas de azul claro. A cobertura é de
telhas de zinco com refrigeração feita por dois
exaustores. Utilizou-se sistema elétrico para
aquecimento da piscina, sempre objetivando-
se temperaturas entre 34°C à 36°C.
Para melhores resultados, providenciou-se
pouca luminosidade durante as sessões expe-
rimentais, acompanhadas de músicas suaves
tocadas com volume baixo.
Procedimentos
Utilizaram-se flutuadores do tipo
tornozeleira para os paciente que apresenta-
ram dificuldade em permanecer naturalmen-
te na superfície da água.
Registrou-se ao início e ao final de cada ses-
são, parâmetros como pressão arterial, fre-
qüência cardíaca e freqüência respiratória.
Atentou-se para o monitoramento individu-
alizado e evolução das sessões de Watsu atra-
vés da utilização de questionário aplicado ao
início e final do tratamento.
O trabalho constituiu-se de cinco sessões
aplicadas por terapeuta treinado e com forma-
ção na técnica, individualmente. Cada sessão
teve a duração média de cinqüenta minutos,
sendo os primeiros quinze minutos destina-
dos aos movimentos básicos, quinze minutos
seguintes para trabalho do lado direito, quin-
ze minutos para o lado esquerdo e os cinco
minutos restantes para a finalização e retor-
no à parede.
Evoluiu-se de maneira a ajustar cada ses-
são às particularidades de cada paciente. Para
os de menor flexibilidade explorou-se as posi-
ções do fluxo único e fluxo livre. Para os mais
flexíveis, adicionou-se posições do fluxo ex-
pandido.
Resultados e discussão
Verificou-se no acompanhamento das pres-
sões arteriais, demonstrada pela Figura 1, que
poucas alterações ocorreram. Pelos dados an-
teriores de controle das pressões arteriais dos
pacientes, observa-se que o tratamento favo-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200138
receu a aproximação aos valores de norma-
lidade da pressão de cada paciente experi-
mental, em alguns casos incentivando a
elevação para 120 mmHg a pressão sistólica
e 80 mmHg a pressão diastólica. Analisan-
do os dados individualmente, observou-se
que nenhum dos participantes apresenta-
va quadro de hipertensão, havendo um caso
com características de hipotensão, não ob-
servada alteração no decorrer do tratamen-
to. Segundo Skinner [10], a água aquecida
a valores médios, pouco interfere na pres-
são arterial, podendo ocorrer variações em
casos de hipertensão.
Todavia, no acompanhamento das fre-
qüências respiratórias, demonstrada na fi-
gura 2, observa-se a tendência de diminui-
ção após as sessões de hidroterapia. Tal fato
pode ser justificado pelo trabalho respira-
tório realizado ao início das sessões, levan-
do a uma vasodilatação produzida pela
imersão em água aquecida. A verificação
do ritmo respiratório era realizada dentro
da piscina, imediatamente após as sessões.
A freqüência cardíaca também apresen-
tou alterações, reduzindo-se após o trata-
mento como se observa na Figura 3. A mé-
dia inicial foi de 84 batimentos por minuto
(bpm) e a final de 78 bpm, o que eqüivale a
menos 6 bpm, representando uma redução
significativa. Os pacientes que apresenta-
ram freqüências cardíacas acima de 90 bpm
eram fumantes e gestantes, tendo havido
alteração somente no caso dos fumantes.
O relaxamento muscular, associado à
vasodilatação e respirações profundas fa-
vorecem a diminuição da freqüência car-
díaca [11].
Comparou-se o perfil dos pacientes e ob-
servou-se que 94% são do sexo feminino.
Segundo Witkin [12], as mulheres experi-
mentam alguns estresses que pertencem
só a elas. Os homens não menstruam, não
ficam grávidos, não passam pela menopau-
sa, não precisam justificar seu estado civil
ao empregador, nem seu comportamento
sexual à família. As
mulheres têm de lidar continuamente
com as mensagens conflitantes com as da
sociedade; espera-se que sejam atraentes,
mas não sexuais; que tenham filhos, mas
Fig. 1- Pressões Arteriais Médias (mmHg) tomadas no Início e ao
Término do Tratamento
Fig. 2 - Frequências Respiratórias Médias (RPM) tomadas no
Início e ao Término do Tratamento com a técnica de Watsu
Fig. 3 - Frequências Cardíacas Médias (BPM) tomadas no
Início e ao Término do Tratamento com a técnica de Watsu
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 39
que permaneçam infantis; que sejam afirma-
tivas, mas não agressivas; que tenham um em-
prego, mas não negligenciem a família. Estes
estresses especiais, fisiológicos e psicológicos,
inteiramente femininos, resultam em sinto-
mas de tensões mais freqüentemente que nos
homens; sintomas que vão da falta de mens-
truação a incapacitantes crises de pânico; de
dores de cabeça passageiras a anorexias, que
constituem um risco de vida.
Os homens freqüentemente não buscam
recursos para aliviar sintomas do estresse;
acreditam ser auto-suficientes e acabam so-
frendo cada vez mais com as situações de con-
flito, dificultando a abordagem terapêutica por
parte dos profissionais da saúde.
Dos pacientes, 72% não praticavam espor-
tes e apresentavam uma carga horária de tra-
balho de no mínimo 8 horas. Leite [4] diz, se-
gundo a teoria bioenergética, que o homem
necessita de trocas bioenergéticas dentro do
ambiente em que vive, às vezes, sob intenso
estresse e angústia. O exercício físico regular
e correto, principalmente os aeróbios, permi-
tem estas trocas bioenergéticas, ou seja, tra-
ta-se de uma forma de extravasar a energia
acumulada e aliviar tensões. Além disso, há
provas que a beta-endorfina e serotonina me-
lhoram o humor e podem ser secretadas pelo
cérebro em maior concentração sob ação da
atividade física regular [3].
Durante o trabalho, 50 % dos indivíduos
permanecem sentados a maior parte do tem-
po e 55 % queixam-se de dores na região
cervical acarretando limitações na rotação do
pescoço, abdução e rotação externa do ombro.
Segundo Gil-Coury [13], quando sentado o
esforço de compressão sobre o disco é maior,
diminuindo sua espessura, também sofre ação
do tônus dos músculos paravertebrais, neces-
sário para manutenção da estática e da exten-
são do tronco. A posição sentada significa per-
manecer com o segmento cervical
em
semiflexão exigindo grande esforço dos mús-
culos paravertebrais. O excesso de tensão no
tônus muscular por tempo prolongado promo-
ve diminuição nutricional dos tecidos, espas-
mo muscular, rigidez articular, dor, limitação
articular, criando um ciclo de dor.
Queixaram-se de dor 94% dos pacientes
com intensidade variando de 4 à 10, cuja mé-
dia foi de 6,9; 62 % deles já haviam procurado
recursos fisioterápicos, obtendo resultados
insatisfatórios. No questionário final, a dor foi
objeto de avaliação pela escala analógica vi-
sual, e na figura 4 nota-se uma diminuição sig-
nificativa na intensidade da dor dos pacien-
tes após o período de tratamento, variando de
0 à 5, cuja média foi de 2,2. Comparando a in-
tensidade inicial de dor que alcançou a média
de 6,9 com a final de 2,2, nota-se um resultado
considerável na diminuição do quadro álgico.
O trabalho com Watsu não foi associado à fisi-
oterapia clássica e muitos cessaram a utiliza-
ção de fármacos (analgésicos e calmantes)
durante o período de tratamento
hidroterápico. Acredita-se que o relaxamento
promovido pela técnica de Watsu associados
outros fatores como o calor da água [11], a
mobilização em alongamentos [3], o alívio das
pressões discais sob a água [10] podem ter con-
tribuído para a diminuição de 4,7 a intensida-
de de dor presente nos pacientes.
Após as sessões, os pacientes diziam sen-
tir-se bem, com o corpo leve e uma sensação
de extrema tranqüilidade. Vários participan-
tes comentaram que a harmonia sentida du-
rante as sessões estendia-se para o dia seguin-
te, refletindo-se em maior ponderação nas
decisões relativas as situações conflitantes.
Obteve-se bons resultados na qualidade do
sono, dos quais 72% sentiram que melhorou e
23% continuou inalterado. Ao término de cada
sessão, os pacientes relatavam que estavam
com sono e que a vontade era de permanecer
na piscina até dormir.
Fig. 5 - Ilustração do momento de início do
estabelecimento do relaxamento com a técnica de Watsu
em pacientes com estresse
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200140
A diminuição da dor associada às orienta-
ções da vida diária e ao equilíbrio emocional
contribuíram para um maior rendimento no
trabalho, como relatado por 95 % dos partici-
pantes.
Observou-se que os pacientes que apresen-
tavam limitação articular relataram dores nas
mesmas durante as primeiras sessões, ame-
nizada na quarta e quinta sessão. Ao término
das sessões experimentais, 45% dos partici-
pantes decidiram continuar o tratamento.
No questionário aplicado, observou-se,
além da diminuição da dor, informações como
o aumento do rendimento no trabalho e
melhoria do sono. O Watsu promove maior fle-
xibilidade, serenidade, menos cansaço, alívio
das tensões, disposição para realizar ativida-
des da vida diária, melhoria do humor, con-
trole da irritabilidade, e alguns relataram ver-
balmente que o Watsu beneficia o corpo, a
mente e a alma.
Conclusões
Pode ser concluído com os resultados des-
te trabalho que a atividade física programada
utilizando as técnicas de Watsu pode ser um
bom método para controle do estresse.
Outro dado importante foi a observação de
que o uso da hidroterapia em água aquecida
parece ser um bom auxiliar como agente de
controle do estresse, assim como no controle
das algias vertebrais e melhora no estado de
humor e desenvoltura para o trabalho de in-
divíduos que padecem deste mal que acome-
te o homem dos tempos modernos.
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 41
Resumo
Foram selecionados 40 parkinsonianos nos estágios I a III de
Hohen-Yahr, na fase on e outro grupo controle com indivíduos
não parkinsonianos com as mesmas características. Mediram-se
tanto a amplitude torácica total, como a inspiratória e expiratória,
através da perimetria. Os resultados foram submetidos à análise
estatística, evidenciando-se diferença estatisticamente signifi-
cativa, com p = 0,00001. Concluiu-se que a amplitude torácica
constitui um fator determinante nas alterações funcionais respi-
ratórias do parkinsoniano, devendo ser valorizada no tratamen-
to fisioterápico para melhora das condições físicas e qualidade
de vida.
Abstract
It was selected 40 Parkinson's patients with Hohen and Yahr
stages I-III, in the phase on and other group controls with
individuals without Parkinson's disease and with similar
characteristics. It was assessed the total, inspiratory and
expiratory thoracic amplitude through the thoracic perimeter.
The results were submitted the statistical analysis, being
evidenced difference significant, with p = 0,00001. It was ended
that the thoracic amplitude constitutes a decisive factor in the
breathing functional alterations of the Parkinson's patients so
should be valued in the physical therapy for improvement of the
physical conditions and life quality.
Análise funcional da complacência torácica na doença
de Parkinson
Sônia Regina Cardoso*, João Santos Pereira**
*Mestre em Motricidade Humana pelo PROCIMH - Universidade Castelo Branco, Fisioterapeuta
**Doutor em Medicina pela UNIFESP, Neurologista
Endereço para correspondência:
Sonia Regina Cardoso, Mestrado/Universidade Castelo
Branco, Avenida Santa Cruz, 1631
Realengo, 21710-250 - Rio de Janeiro - RJ
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Artigo original
Palavras-chave:
musculatura
respiratória,
amplitude torácica,
doença de
Parkinson
Key-words:
respiratory muscle,
thoracic amplitude,
Parkinson's disease
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200142
Introdução
A doença de Parkinson (DP) é uma patolo-
gia de característica progressiva que acomete
o Sistema Nervoso Central, envolvendo os
gânglios basais e ocasionando distúrbios mo-
tores com comprometimento do tônus mus-
cular, da postura e da marcha, reduzindo a ca-
pacidade física e a qualidade de vida do indi-
víduo. Tendo como principal característica o
aparecimento da rigidez, da bradicinesia e do
tremor, observamos também o aparecimento
de distúrbios autonômicos e depressão psíqui-
ca. Ultimamente tem-se dado mais importân-
cia para outros distúrbios com igual importân-
cia na sintomatologia, como alterações na
fonação, na deglutição e na visão, assim como
os distúrbios respiratórios. O que se tem ob-
servado é que quanto maior for a complexida-
de da atividade a ser desenvolvida, mais difí-
cil será a resposta motora, evidenciando-se
desta forma a lentidão e hesitação [3, 8, 10].
A mobilidade torácica nos parkinsonianos
encontra-se comprometida
devido à rigidez da
musculatura intercostal, observando-se a pos-
tura encurvada e fixa, surgindo em decorrên-
cia disto contração seletiva dos músculos
flexores, adutores, pronadores, flexores plan-
tares, cervicais e torácicos, ocasionando a di-
minuição ou ausência dos reflexos posturais,
tais como as reações de endireitamento, de
equilíbrio e de extensão protetora, alteração do
equilíbrio e alterações no processamento das
informações vestibulares e proprioceptivas. A
flexão persiste até mesmo em decúbito dorsal,
caracterizando-se o chamado "sinal do traves-
seiro", ou seja, a permanência da suspensão da
cabeça e posterior queda lenta quando a mes-
ma é privada repentinamente de suporte [10].
Na coluna vertebral cervical e torácica, obser-
va-se artrose e outras alterações como a
cifoescoliose, as quais reduzem a mobilidade
até mesmo para o movimento passivo da colu-
na vertebral e se relacionam com a presença
de restrição pulmonar [11].
Como a DP acomete indivíduos com idade
média acima de 50 anos, observa-se que a al-
teração morfológica, especialmente da confi-
guração torácica, impede que se mantenha a
mecânica respiratória fisiológica. A
hipercifose torácica e a calcificação das carti-
lagens intercostais limitam a expansão do tó-
rax, resultando na diminuição da complacên-
cia da parede torácica e da capacidade respi-
ratória máxima. Percebe-se que os idosos não
conseguem realizar inspirações profundas,
observando-se ainda, o aumento da freqüên-
cia respiratória e a presença de tosse, dispnéia
e ruídos pulmonares anormais, como as cre-
pitações nas bases pulmonares [7, 8].
A intercorrência de infecções respiratórias
não é rara nos parkinsonianos, sendo
favorecida pela progressiva inatividade so-
mando-se a outras complicações como a
osteoporose, alterações vasculares,
contraturas e deformidades em partes moles,
úlceras de decúbito e distúrbios urinários [10].
Deste modo resolvemos realizar um estu-
do comparativo com intuito de analisar as di-
ferenças da amplitude torácica em
parkinsonianos e sua influência nos distúrbi-
os respiratórios.
Metodologia
Procedeu-se a seleção dos indivíduos
parkinsonianos, em acompanhamento no Am-
bulatório de Distúrbios do Movimento do Ser-
viço de Neurologia do Hospital Universitário
Pedro Ernesto (HUPE), nos estágios I a III da
Escala de Hohen-Yahr e sob o efeito da medi-
cação, isto é, na fase "on".
Dos 100 pacientes atendidos, foram seleci-
onados 40, com idade de 50 a 80 anos que pre-
enchiam os critérios exigidos. Destes 21 eram
do sexo masculino e 19 do feminino. O grupo
controle era constituído por 40 indivíduos não-
parkinsonianos, que apresentavam caracterís-
ticas semelhantes aos parkinsonianos quanto
à idade, sexo e atividades funcionais desem-
penhadas.
A presença de doenças pulmonares,
cardiovasculares graves, psiquiátricas ou de-
ficiências físicas que pudessem influenciar na
avaliação, assim como reações adversas às
drogas prescritas, foram consideradas critéri-
os de exclusão.
A avaliação foi realizada regularmente, no
período da manhã, ocasião em que era expli-
cado, verbal e individualmente aos paciente e
acompanhantes o objetivo da pesquisa. Após
tomarem ciência, os participantes assinaram
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 43
a Carta de Consentimento e prestaram, a se-
guir, as informações para o preenchimento da
Ficha de Anamnese ¾ identificação do indiví-
duo, quanto ao nome e idade, e investigação,
especialmente, da capacidade para atividades
funcionais, patologias apresentadas, trata-
mentos realizados e sintomatologia relaciona-
dos direta ou indiretamente com a função res-
piratória. Considerou-se, ainda, para os
parkinsonianos o início da doença e a medi-
cação atualmente utilizada.
Para a medida da Amplitude Torácica em-
pregou-se uma trena metálica Mabo, modelo
Simplix, medindo até 100 cm de circunferên-
cia e cuja precisão de medida é de 0,1 cm para
registrar, em centímetros (cm), o perímetro
torácico, no nível do apêndice xifóide, ao fim
de uma expiração normal, em uma inspiração
máxima e em uma expiração máxima, estan-
do o indivíduo em pé.
Resultados
Utilizou-se a estatística descritiva, no sen-
tido de caracterizar o universo amostral
pesquisado e a estatística de inferência, com
o Teste ANOVA One way (Análise de Variância),
combinado com o Teste de Tukey, objetivando-
se, a comparação inter-Grupos
(Parkinsonianos e Não-Parkinsonianos) das
médias encontradas na variável analisada. No
sentido de verificar as possíveis relações fun-
cionais de proporcionalidade utilizou-se o Tes-
te de correlação de Pearson. Foi considerado
como o nível de significância p < 0,05.
A amostra era constituída de 80 indivídu-
os, sendo 40 parkinsonianos (P) e 40 não-
parkinsonianos (NP). De cada grupo (Gr) par-
ticiparam 21 do sexo masculino (Masc) e 19
do feminino (Fem). A idade, de 65,5 ± 9,3 anos,
também foi equivalente entre os grupos, clas-
sificada em três faixas etárias (fx Etária): de
50 a 59 anos (A), de 60 a 69 anos (B) e de 70 a 80
anos (C). Estes resultados se caracterizam na
Tabela 1 por valores absolutos e relativos e na
Figura 1 evidencia a representação gráfica da
amostra.
TABELA 1. Características da amostra: grupo, sexo e faixa
etária
Fem
Grupo NP P Geral
Faixa Etária Absoluto Relativo Absoluto Relativo Absoluto Relativo
A 5 13,2% 5 13,2% 10 26,3%
B 5 13,2% 5 13,2% 10 26,3%
C 9 23,7% 9 23,7% 18 47,4%
19 50,0% 19 50,0% 38 100,0%
Masc.Masc.Masc.Masc.Masc.
Grupo NP P Geral
Faixa Etária Absoluto Relativo Absoluto Relativo Absoluto Relativo
A 6 14,3% 6 14,3% 12 28,6%
B 8 19,0% 8 19,0% 16 38,1%
C 7 16,7% 7 16,7% 14 33,3%
21 50,0% 21 50,0% 42 100,0
A avaliação das distribuições quanto aos
parâmetros discricionários Grupo, Sexo e Fai-
xa etária, evidenciou diferenças significativas
(p = 0,00001), entre as médias das respectivas
faixas consideradas, A, B e C, distribuídas
nesta ordem ascendente. Para os demais
parâmetros e cruzamentos, não foram obser-
vadas diferenças significativas (p < 0,05) (Ta-
bela 2).
TABELA 2. Análise quanto ao grupo, sexo e faixa etária
Idade F p Tukey
Geral 137,819 0,00001 Existe Diferença
Grupo 0,000 1,0000 Iguais
Sexo 0,065 0,8023 Iguais
Fx Etária 273,580 0,00001 A < B < C
2 - Interações 0,453 0,8099 Iguais
Gr Vs Sexo 0,000 1,0000 Iguais
Gr Vs Fx Eta 0,000 1,0000 Iguais
Sex Vs Fx Eta 1,132 0,3282 Iguais
 FIG. 1. Características da amostra: grupo, sexo e faixa
etária
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200144
A amplitude torácica inspiratória, determi-
nada pela perimetria inspiratória (PerimIF),
mediu 0,9 ± 0,5 cm nos P e 2,2 ± 0,6 cm nos
NP, caracterizando diferença entre as médias
dos grupos P e NP; a do grupo P era significa-
tivamente menor (p = 0,00001) que a do gru-
po NP. Os demais parâmetros e seus cruzamen-
tos, não evidenciaram diferenças significati-
vas entre as médias (Tabela 3 e Figura 2).
TABELA 3. Análise da PerimIF
PerimIF F p Tukey
Geral 40,263 0,0000 Existe Diferença
Grupo 150,238 0,0000 P < NP
Sexo 3,897 0,0523 Iguais
Fx Etária 2,900 0,0616 Iguais
2 - Interações 1,510 0,1979 Iguais
Gr Vs Sexo 1,704 0,1960 Iguais
Gr Vs Fx Eta 0,107 0,8986 Iguais
Sex Vs Fx Eta 2,828 0,0659 Iguais
A amplitude torácica expiratória, determi-
nada pela perimetria expiratória (PerimEF),
mediu 1,0 ± 0,4 cm nos P e 2,1 ± 0,5 cm nos
NP, demonstrando diferença entre as médias
dos grupos P e NP; a do grupo P se apresen-
tou significativamente menor (p = 0,00001)
que a do grupo NP. Foram observadas, ainda,
diferenças significativas quanto ao grupo P do
sexo F e M, respectivamente menores (p =
0,0418) que as do grupo NP, de ambos os se-
xos; a média equivalente encontrada nos gru-
pos do sexo F de faixa etária A, B, e C, e do
sexo M de faixa etária C, foi menor do que no
sexo M nas faixas A e B. Nos
demais
parâmetros e seus cruzamentos, não se apre-
sentaram diferenças significativas entre as
médias (Tabela 4 e Figura 3).
TABELA 4. Análise da PerimEF
PerimEF F p Tukey
Geral 31,374 0,00001 Existe Diferença
Grupo 120,077 0,00001 P < NP
Sexo 0,154 0,7000 Iguais
Fx Etária 2,439 0,0947 Iguais
2 - Interações 3,064 0,0147 Iguais
Gr Vs Sexo 4,299 0,0418 PF=PM<NPF=NPM
Gr Vs Fx Eta 0,369 0,6926 Iguais
Sex Vs Fx Eta 5,201 0,0078 FA=FB=FC=MC<MA=MB
A amplitude torácica total (Ampl TOT), re-
sultante do somatório da PerimIF com a
PerimEF, apresentou-se compatível com as mé-
dias das suas componentes; mediu 1,8 ± 0,8
cm nos P e 4,3 ± 1,0 cm nos NP, o que deixou
claro a diferença entre as médias dos grupos
P e NP; a do grupo P foi significativamente
menor (p = 0,00001) que a do grupo NP. Tam-
bém constataram-se diferenças significativas
quanto aos indivíduos do sexo F de faixa etária
A, B, C, e do sexo M de faixa etária C, cujas
média foram menores (p = 0,0138) que as ob-
servadas nos indivíduos do sexo M, das faixas
etárias A e B. Quanto aos demais parâmetros
e seus cruzamentos, não foram caracterizadas
diferenças significativas entre as médias (Ta-
bela 5 e Figura 4).
TABELA 5. Análise da Ampl TOT
Ampl TOT F p Tukey
Geral 41,933 0,00001 Existe Diferença
Grupo 159,492 0,00001 P< NP
Sexo 1,753 0,1898 Iguais
Fx Etária 2,757 0,0704 Iguais
2 - Interações 2,486 0,0394 Iguais
Gr Vs Sexo 3,291 0,0739 Iguais
Gr Vs Fx Eta 0,050 0,9510 Iguais
Sex Vs Fx Eta 4,557 0,0138 FA=FB=FC=MC<MA=MB
FIG. 2. Médias e DP da PerimIF
FIG. 3. Médias e DP da PerimEF
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 45
Discussão
Considerando o processo normal de enve-
lhecimento pulmonar, deve-se ressaltar a di-
minuição da elasticidade pulmonar, a redução
do estímulo neural para a musculatura respi-
ratória, o enfraquecimento dos músculos in-
tercostais e abdominais, o estreitamento das
pequenas vias aéreas e a dilatação alveolar,
especialmente nas porções periféricas do pul-
mão, diminuindo os controles automático e
mecânico da ventilação, acarretando a presen-
ça de um ritmo respiratório irregular ¾ como
o de Cheyne-Stokes e a apnéia do sono, assim
como alterações da expansibilidade, a capaci-
dade e fluxos pulmonares, além de aumento
do volume residual e a da capacidade residu-
al funcional. Em decorrência das alterações do
parênquima pulmonar, da rede alveolar e do
aumento do espaço morto pulmonar, estas pas-
sariam a ser mal perfundidas, acarretando em
distúrbios na troca gasosa alveolocapilar, oca-
sionando queda da tensão arterial de oxigê-
nio (PaO2) e desequilíbrio na ventilação-
perfusão, identificando-se hipoxemia, por di-
minuição de O2 e hipercapnia, por aumento
do CO2, na corrente sangüínea. Outras defici-
ências sistêmicas como a diminuição do débi-
to cardíaco, a redução dos capilares e a fibrose
nas arteríolas e vênulas pulmonares, resultan-
do em uma ventilação menos uniforme e
hipoventilação alveolar, também podem estar
presentes. Fatores ambientais, como a polui-
ção e o tabagismo contribuem para prejudi-
car o mecanismo mucociliar de defesa da ár-
vore brônquica, ocorrendo obstruções
brônquicas, agravadas pelo amortecimento do
reflexo tussígeno e enfraquecimento muscu-
lar. O fluxo expiratório deixa de ser eficiente,
pela anquilose das articulações costo-verte-
brais e pelo aumento do diâmetro antero-pos-
terior do tórax, que tornam mais difícil a re-
dução da caixa torácica [2, 5, 13].
Em nosso estudo a medida da amplitude
torácica total evidenciou-se nos
parkinsonianos, significativamente menor
que a dos não-parkinsonianos. Tal resultado
caracteriza acentuada diminuição da mobili-
dade torácica nos parkinsonianos, durante a
respiração. Ao mesmo tempo, observou-se que
a amplitude torácica respiratória encontra-se
diminuída em todas as idades do sexo femini-
no e acima dos 60 anos no masculino. Propor-
cionalmente, a medida da amplitude torácica
inspiratória (PerimIF), mostrou-se nos
parkinsonianos, significativamente menor do
que nos não-parkinsonianos, demonstrando
acentuada diminuição da mobilidade torácica
dos parkinsonianos, durante a inspiração má-
xima, repercutindo no aumento do trabalho
muscular inspiratório e na diminuição da
expansibilidade pulmonar.
A medida da amplitude torácica expiratória
(PerimEF) revelou-se, nos parkinsonianos, no-
tavelmente menor do que nos não-
parkinsonianos, caracterizando acentuada di-
minuição da mobilidade torácica nos
parkinsonianos durante a expiração máxima,
repercutindo no trabalho muscular expiratório
e na limitação da retração torácica. Ao mes-
mo tempo a PerimEF encontra-se especial-
mente diminuída em todas as idades do sexo
feminino e acima de 60 anos no masculino.
Na literatura consultada, não encontramos
este tipo específico de medida, não havendo,
portanto, como relacionar com os resultados
obtidos. Indiretamente, referindo-se à ampli-
tude torácica, reconheceu-se que o tórax se
encontra rígido e torna-se especialmente re-
sistente aos movimentos rápidos, o que acar-
reta uma limitação progressiva da ventilação
[9]. Observa-se uma limitação na amplitude
do torax. Tal limitação pode ser associada as
alterações posturais, por comprometimento
das estruturas ósteo-articulares que compõem
a caixa torácica, evidenciando-se a flexão
postural fixa e rigidez da musculatura inter-
costal [8, 10]. Segundo Sabaté et al. [12], a pre-
 FIG. 4. Médias e DP da Ampl TOT
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200146
sença de artrose e outros distúrbios como a
cifoescoliose, reduziram a mobilidade da co-
luna vertebral e do tórax em 58
parkinsonianos, em acompanhamento
ambulatorial. Sabaté et al. [11] mediram a am-
plitude, concluindo por correlacionar as alte-
rações da coluna cervical e torácica com as
disfunções pulmonares. Quantificaram a
artrose da coluna cervical em 79% da amos-
tra, agravada por degeneração discal em 44,4%
e a artrose torácica em 47,3%, com degenera-
ção discal em 21,8%, destacando a bradicinesia
como um dos fatores intereferênciais. Embora
haja limitações respiratórias, causadas pelas
alterações posturais típicas do parkinsoniano,
estas não estão diretamente ligadas à mortali-
dade por falência respiratória [6].
A bradicinesia e a rigidez na DP, além de
determinarem dificuldade na execução e na
repetição dos atos motores em geral, afetam
os músculos respiratórios, levando-os a fadi-
ga e consequentemente limitando a ventilação
[15]. Desta mesma forma a disfunção respira-
tória na DP, contribui para os distúrbios da
fonação, surgindo a "voz monótona" com redu-
ção na intensidade, também por comprometi-
mento da musculatura oral e facial, dificultan-
do a comunicação do parkinsoniano [8, 10].
Outra observação que pode ser
correlacionada aos distúrbios respiratórios é
a inatividade e o sedentarismo dessa popula-
ção, acarretando em hipotrofia ou atrofia mus-
cular, inclusive dos músculos respiratórios,
traduzindo-se por diminuição da função fisi-
ológica da mecânica tóraco-pulmonar. Embo-
ra possa estar sob controle volitivo, normal-
mente o ato respiratório se processa automa-
ticamente, sem participação consciente do
indivíduo, através de impulsos nervosos ge-
rados nos centros respiratórios. Durante a res-
piração, os mecanorreceptores proporcionam
informações sensoriais, inclusive aos fusos
musculares, conforme o comprimento e a ten-
são dos músculos respiratórios, sendo deter-
minados a inibição da atividade muscular res-
piratória, tanto inspiratória quanto
expiratória, para a "apnéia"; a ativação dos
músculos inspiratórios e a inibição dos
expiratórios para a "inspiração" e a inibição dos
inspiratórios e ativação dos expiratórios para
a "expiração forçada". As pressões inspiratória
e expiratória, denominadas PImax e PEmax
representam a força dos músculos envolvidos
no processo
respiratório, já que no seu meca-
nismo de contração a freqüência de impulsos
no motoneurônio alfa aumenta, sendo mais
neurônios recrutados, resultando no aumen-
to da sua força. Este mecanismo pode estar
comprometido na DP [1, 10, 14]. Ocorre desor-
ganização no controle da contração e relaxa-
mento dos músculos com atividade muscular
intercostal e inspiratória simultânea [4].
Desta forma concluímos que a amplitude
torácica constituiu-se no fator determinante,
por excelência, da alteração funcional respi-
ratória dos parkinsonianos, diminuída tanto
na inspiração quanto na expiração. A limita-
ção nos movimentos de elevação das estrutu-
ras do tórax, demonstra menor amplitude
torácica na inspiração interferindo na venti-
lação fisiológica e acarretando a redução da
expansibilidade pulmonar. Assim, redução da
depressão do tórax, característica da limitação
da amplitude torácica na expiração, impede a
saída normal do fluxo expiratório. Tal dimi-
nuição da amplitude ocorre, apesar da eviden-
cia de que os músculos inspiratórios e
expiratórios se apresentaram potentes. Deve-
se considerar a resistência imposta à
mobilização do tórax tanto pela postura em
flexão, como pela presença de rigidez torácica,
típicas da DP, ao se iniciar um programa de
fisioterapia respiratória para esses pacientes,
contribuindo para melhorar sua qualidade de
vida.
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 49
Dança e equilíbrio de tronco em pessoas com lesão
medular: Um estudo preliminar
Wheelchair dance and trunk balance in spinal cord
injured people: A pilot study
Marta Simões Peres*, Carlos Alberto Gonçalves**, Claudia Barata***
*Mestre em Ciências da Saúde, **Prof. Adjunto, Departamento de Ciências Fisiológicas, CFS/IB/ UnB,
***Neurologista, Clínica SOS Neurológica, Hospital Santa Luzia, Brasília DF
Endereço para correspondência: Marta Simões Peres, SHCES Qd 105 Bl B apto 403,
Cruzeiro Novo 70650-152 DF, E-mail: pedrobento@zaz.com.br
Artigo original
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Palavras-chave:
lesão medular,
dança, equilíbrio
de tronco, cadeira
de rodas
Key-words:
spinal cord
injury, dance,
trunk balance,
wheelchair
Resumo
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar o efeito de um treinamento
baseado em dança no ganho de equilíbrio de tronco em um grupo de pes-
soas com lesão medular. Investigamos o equilíbrio de tronco em 4 sujei-
tos, homens, portadores de lesão medular torácica, moradores de Brasília/
DF, Brasil, a partir do preenchimento de um protocolo de avaliação de
atividades de vida diária aplicado antes e depois de um período de atendi-
mento pela dança. Os dados do protocolo foram reduzidos a uma pontua-
ção, através de um sistema de escalonamento pré-definido. A compara-
ção das pontuações obtidas nos pré e pós-teste mostraram que houve um
ganho de equilíbrio significativo nos 4 sujeitos. Esses mesmos resultados
foram encontrados em estudo paralelo, no qual utilizou-se método
computadorizado de análise postural. O incremento do equilíbrio de tronco
após o treinamento por dança sugere que esta abordagem pode oferecer
uma valiosa contribuição na recuperação de pessoas com lesão medular.
Abstract
The purpose of this study was to assess the influence of a dance-based
treatment on the trunk balance of spinal cord injured people. Four
paraplegic volunteers participated in this study Their trunk balance was
assessed by daily life activities questionnaire answered before and after
eight wheelchair dance classes based on body awareness techniques and
lasting an average period of six weeks. Results showed significant ba-
lance improvement. A computer-based postural analysis, carried out in
parallel, corroborated these results. The increasing of trunk balance
after a dance-based treatment suggests that this can be an effective
approach in spinal cord injured people rehabilitation.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200150
Introdução
Além de ser uma modalidade de expressão
artística, a dança também consiste numa ati-
vidade utilizada com fins terapêuticos. O cres-
cente desenvolvimento das unidades de rea-
bilitação de lesados medulares fez com que a
equipe interdisciplinar integre profissionais
de diversas especialidades, entre elas, o pro-
fessor de dança em cadeira de rodas. Boswell
(1993) cita que a dança criativa melhorou o
equilíbrio dinâmico de crianças com retardo
mental. Deusen (1987) relata que após um trei-
namento por dança, ao exame de goniometria,
adultos com artrite reumatóide ganharam arco
de movimento em articulações comprometi-
das.
Ao longo de nossa prática profissional, foi
observado que, além de ser mais uma opção
de atividade física e de lazer para portadores
de lesão medular, a dança em cadeira de rodas
traz como benefício o ganho de equilíbrio de
tronco. Entretanto, não há estudos na litera-
tura que avaliem, nessa população, a eficácia
da dança quanto à melhoria desta habilidade.
Ressalte-se que o equilíbrio de tronco é fun-
damental para usuários de cadeira de rodas,
durante seu manejo, na execução das ativida-
des de vida diária e de posições de alívio de
pressão visando a prevenção de escaras. O
objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de um
treinamento baseado em dança no ganho de
equilíbrio de tronco em pessoas com lesão
medular.
Material e métodos
Sujeitos
Foram selecionados para este estudo 4 vo-
luntários, homens, portadores de lesão medu-
lar torácica, moradores de Brasília, Brasil, com
idade entre 20 e 40 anos e tempo de lesão vari-
ando entre 3 meses e 18 anos, sendo que 2
agudos e 2 crônicos (considerando para os úl-
timos um tempo de lesão superior a um ano).
Todos assinaram um Termo de Consentimen-
to Livre e Espontâneo aprovado pela Comis-
são de Ética da UnB.
Protocolo experimental
Os sujeitos responderam a um protocolo de
avaliação de atividades de vida diária nas
quais seu equilíbrio é requisitado. Esse con-
sistiu numa ficha composta de 10
itens em que
questionava-se sua capacidade de realizar de-
terminadas tarefas e cuja resposta poderia ser
NÃO ou, no caso afirmativo, graduada nos ní-
veis REGULAR, BOM e MUITO BOM, ao que
foi atribuído, respectivamente, em nossa aná-
lise de resultados, os valores 0; 0,5; 1; e 2 pon-
tos. Os itens variaram desde uma avaliação
global de seu equilíbrio até questões relativas
a apanhar objetos no chão e sobre um móvel,
realizar transferências, higiene, cuidado pes-
soal e execução de posições de alívio de pres-
são. As respostas foram totalizadas, portanto,
numa pontuação que poderia variar entre 0 e
20 pontos. Além disso, os voluntários foram
solicitados a dar um depoimento livre sobre a
experiência da dança em cadeira de rodas ao
final da pesquisa.
O protocolo de avaliação foi aplicado antes
(pré-teste) e depois (pós-teste) de 8 sessões de
dança, correspondentes a um período médio
de 6 ± 2 semanas.
Treinamento por dança
O treinamento consistiu em 8 sessões de
dança em cadeira de rodas, nas quais exerci-
taram-se movimentos globais, incluindo mem-
bros superiores, cabeça, auto-mobilização de
membros inferiores e orientações para execu-
ção de posições de alívio de pressão. A abor-
dagem baseia-se em técnicas de consciência
corporal - Gerda Alexander, Rudolf Laban e
Angel Vianna - em que busca-se manter, du-
rante os movimentos, o contato com o próprio
corpo adquirido no relaxamento. Além disto,
as aulas baseiam-se em atividades lúdicas que
visam oferecer imagens para o movimento,
aumentar a motivação e diminuir a
autocensura. Durante as atividades propostas
são trabalhados, principalmente, os grupos
musculares responsáveis pelos movimentos
de flexão, extensão e inclinação lateral do tron-
co, visando tanto o fortalecimento quanto o
alongamento.
Resultados
Os resultados, baseados na comparação dos
pré e pós-teste, mostraram ganho de equilí-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 51
brio significativo nos 4 sujeitos As pontuações
obtidas no pré e pós-teste foram as seguintes:
Sujeito pré pós
vvvvv11111 8,5 17,0
vvvvv22222 6,5 16,0
vvvvv33333 5,5 12,0
vvvvv44444 1,0 11,0
Em sua avaliação global do equilíbrio, to-
dos consideraram que houve ganhos impor-
tantes. Quanto às tarefas mais incrementadas,
devem ser ressaltadas as seguintes: apanhar
objeto no chão e sobre móvel, execução de
posições de alívio de pressão, para a frente e
para os lados. Não apresentaram diferenças
as tarefas de lavar a cabeça e empinar a cadei-
ra de rodas.
Além disso, os depoimentos livres nos for-
neceram um rico material relativo ao aprovei-
tamento que os participantes tiveram da ati-
vidade, do qual citaremos como exemplo: “O
equilíbrio ajuda muito a dar confiança no uso
da cadeira de rodas”; “Agora abaixo sozinho,
faço um bocado de coisa”; “Ganhei flexibili-
dade, equilíbrio na cadeira, confiança e bem-
estar. Quando a gente vê o que não fazia antes
e consegue fazer, vê a diferença e aonde nossa
capacidade pode chegar”; “Na realidade, o que
a gente pensava que era limitação não era”
(sic).
Discussão
Os resultados apresentaram um ganho
de equilíbrio satisfatório para os quatro parti-
cipantes, confirmando as observações da prá-
tica profissional com essa atividade, o que
pode suscitar a realização de novos estudos
sobre seus benefícios, visando o maior apro-
veitamento da dança em cadeira de rodas.
No entanto, pode-se pensar nesse ganho
como fruto de um ‘progresso natural’, associ-
ado mais à passagem do tempo do que à dan-
ça. Nesse caso, basta frisar que dois sujeitos
possuíam lesão crônica, sendo, portanto, teo-
ricamente bastante imunes a uma suposta
‘ação do tempo’. Estes achados foram confir-
mados por estudo paralelo, baseado em análi-
se postural computadorizada (Peres, 2000).
Estes achados iniciais podem ser enrique-
cidos, num estudo futuro, com um aumento
do tamanho da amostra e da admissão de um
grupo controle. Trabalhamos com uma amos-
tra reduzida devido a dificuldades tais como a
falta de disponibilidade, o desconhecimento
da abordagem proposta, até à falta de interes-
se, pois existe muito preconceito, no meio
masculino, contra uma atividade baseada em
dança. Este fator tem seu peso aumentado
quando os dados epidemiológicos evidenciam
que a maioria dos portadores de lesão medu-
lar traumática é do sexo masculino. O
estranhamento comum diante de um convite
à participação numa atividade de dança em
cadeira de rodas foi expresso em alguns dos
depoimentos.
Um estudo futuro pode buscar solucionar
algumas novas questões, tais como: qual se-
ria o número mínimo de sessões necessário
para alcançar os objetivos e qual a importân-
cia da continuidade da prática dos exercícios
aprendidos.
Conclusão
Os resultados acima evidenciam a eficácia
do treinamento por dança sob o ponto de vis-
ta avaliado, pois os sujeitos apresentaram um
ganho no controle dos movimentos de tronco.
Portanto, além dos supostos benefícios emo-
cionais decorrentes do prazer de dançar, o in-
cremento do equilíbrio de tronco após essa
abordagem sugere que ela pode oferecer uma
valiosa contribuição na reabilitação de pesso-
as com lesão medular.
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A ginástica laboral na prevenção da LER/
DORT: solução ou paliativo ?
The strecht exercice in RSI/OOS prevention:
solution or palliative ?
Carta ao editor
Luís Guilherme Barbosa*
*Mestre em Engenharia de Produção da UFRJ, Grupo de Engenharia e Novas Tecnologias da
COPPE/UFRJ, Professor Adjunto da Escola de Fisioterapia da UniGranRio, Professor Adjunto do
UniFOA, Professor Assistente do Curso de Fisioterapia da UNIG, Professor Assistente da UVA
Endereço para correspondência:
Luís Guilherme Barbosa, Av. Automóvel Clube, 63, Sala 106, 25520-000
São João de Meriti, RJ, Tel: (21) 99 54 41 50, Tel/Fax: (21) 756 42 65.
Resumo
A ginástica laboral vem sendo aplicada em grande escala nas
empresas. Nos últimos anos vários cursos rápidos de formação
surgiram no mercado, mercado esse ocupado por fisioterapeutas,
professores de educação física, terapeutas corporais, psicólogos,
entre outros. Geram uma atividade com bela plástica, muito
motivadora, em alguns casos, e com promessas enfáticas de pre-
venção das Lesões por Esforços Repetitivos / Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Essa atividade é im-
portante para chamada qualidade de vida no trabalho, mas não
deve ser vista como a grande e, talvez única, solução de proble-
mas que tendem a se apresentar com alto grau de complexidade.
Abstract
The stretch exercise techniques have been applied in the office
environment. There are several courses to prepare
physiotherapists, psychologists, physical education
professionals, body therapists and others professionals. These
physical activities promote a beautiful body expression and are
regarded to motivate employees. These activities emphasize a
preventive approach to Repetitive Strain Injuries / Overuse
Occupational Syndrome. These practices constitute an important
initiative to promote the quality life at work. Nevertheless, they
can’t be seen as the best solution or supposedly the main solution
to tackle the muscle-skeletal problems.
Palavras-chave:
ginástica laboral,
qualidade de vida,
prevenção
Key-words:
stretch exercise,
life quality,
prevention
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200154
1 - Introdução
A Ginástica Laboral tem sido aplicada em
larga escala nas empresas há alguns anos.
Com a onda da qualidade de vida no trabalho
esta prática invadiu a vida do trabalhador, tor-
nando-se, em alguns Estados, uma verdadei-
ra febre. Conhecemos esta metodologia pre-
ventiva de intervenção denominada de Ginás-
tica Laboral nos idos de 1982 quando, então
trabalhador nas plataformas de perfuração da
Petrobrás, fomos enviados ao Japão com a
missão de integrar a equipe de acompanha-
mento do transporte da Unidade de Perfura-
ção Marítima 12 - UPM12, uma Sonda Semi-
submersível de Perfuração Marítima
construída no estaleiro da Mitsui, na cidade
de Chiba. Durante os quinze dias que antece-
deram nossa viagem de retorno ficamos acom-
panhando os testes finais dos equipamentos,
prova de mar e outros inerentes a preparação
para entrega de uma embarcação. Foi nessa
oportunidade que tivemos a grata satisfação
de assistir, boquiabertos naquela época, à con-
centração de uma “micro cidade”, pois eram
8.000 empregados, para o acontecimento obri-
gatório de todas as manhãs, vinte minutos
antes do início do trabalho - a atividade de gi-
nástica preventiva de aquecimento. Se consi-
derarmos que a melhor temperatura de tra-
balho muscular está na faixa de 36º [1], o que
evita distensões e/ou dificuldades de respos-
ta motora [2], responsáveis por tropeços, que
podem se transformar em acidentes numa ati-
vidade repleta de riscos físicos. Atualmente,
muitas empresas possuem academias em suas
instalações, com professores especializados
em trabalhos de capacitação física, prevenção
de doenças cardiovasculares e estresse, tão
como fisioterapeutas-ergonomistas
especializados em prevenção de DORT’s, pro-
blemas posturais e respiratórios, todos se so-
mando às atividades de saúde ocupacional.
Mas essa não é uma realidade na maior parte
das empresas, visto que estão lançando mãos
do recurso da chamada Ginástica Laboral iso-
ladamente, onde os trabalhadores param sua
atividade de trabalho por alguns poucos mi-
nutos, em períodos pré-determinados, e reali-
zam exercícios de alongamento, nos permitin-
do supor que o acompanhamento estreito e
sistemático deva ser um preciosismo supor-
tado por empresas de grande porte, somente.
Será a Ginástica Laboral suficiente para con-
ter o avanço das DORT’s, ou estará sendo usa-
da apenas como um paliativo, ou ainda, esta-
rá sendo aplicada com o intuito de atender a
chamada - “para inglês ver?” Cabe ressaltar
que essa discussão não tem por objetivo inva-
lidar a Ginástica Laboral ou qualquer ativida-
de semelhante, mas avaliar, frontalmente, uma
prática antiga em nova denominação, afastan-
do a mística das soluções mirabolantes e rápi-
das para problemas complexos.
2 - O modelo japonês
O modelo usado na Mitsui consistia em um
trabalho físico de aquecimento muscular, rea-
lizado durante vinte minutos por todos os tra-
balhadores, incluindo os contratados e fiscais
de outras empresas, sob orientação proveni-
ente de alto-falantes e demonstradas por
monitores em patamares de madeira elevados
a um metro e meio de altura. Esses exercíci-
os, que aconteciam nas ruas do estaleiro, ou
nos galpões, conforme as condições de tem-
po, tinham por objetivo aquecer e fortalecer a
musculatura dos trabalhadores, principalmen-
te os que iriam trabalhar nas atividades de
instalação e manutenção a bordo das embar-
cações e oficinas. Se considerarmos que a tem-
peratura no Japão é baixa, inclusive no verão,
esse tipo de atividade funciona preventiva-
mente para a grande maioria das pessoas, pois
a demanda já começa no acesso às embarca-
ções pelas “escadas de costado”. Os exercíci-
os eram direcionados aos grupamentos mus-
culares envolvidos, principalmente, nas ativi-
dades das pernas, dos ombros e do tronco.
Tempos depois, em 1986, já no Brasil, tivemos
a grata satisfação de participar da mesma ati-
vidade física, em missão semelhante, no esta-
leiro da Ishibras, no bairro do Caju, na cidade
do Rio de Janeiro. O modelo é o mesmo e, pelo
acesso que tivemos na época, os resultados
também eram muito positivos.
3 - O modelo, que conhecemos, praticado
no Brasil
Atualmente, dentro do que temos visto e
lido, adota-se um modelo de alongamento,
coordenação motora e fortalecimento muscu-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 55
lar, com duração de até 12 minutos, como nos
apresenta o artigo publicado na Revista CIPA
[3]. Outros modelos não variam muito, apenas
aumentando ou diminuindo a duração ou a
freqüência da atividade. O SESI faz um tra-
balho muito bom nesse sentido, tão como
muitas outras empresas especializadas, que se
apresentam no mercado, demonstrando uma
plástica belíssima e passando uma imagem de
muito positivismo, o que deve ser considera-
do muito bom. Entretanto, analisando esse
modelo e comparando-os com outros modos
de intervenção desenvolvidos em empresas
outras, como Xerox, Faber-Castell, jornal O
Globo e Citibank, onde a ginástica laboral não
é o centro da atividade, mas um elemento
factível
de ser aplicado, e como tem havido
uma maciça divulgação desta metodologia de
intervenção preventiva de modo tão indepen-
dente, surgiram alguns questionamentos que
julguei pertinentes colocar em discussão.
3.1 - Pontos importantes para profissionais
e empresas, que aplicam esta prática
3.1.1. Os exercícios prescritos partem de
uma análise ergonômica detalhada da ativi-
dade realizada pelo indivíduo, ou apenas a
aplicação de algumas séries já tradicionais?
3.1.2. A duração de 12 minutos é sufici-
ente para realizar alongamento de um grande
número de grupos musculares e, se houver
necessidade de aumentar a duração, não in-
terfere na produtividade?
3.1.3. Os grupos são formados por pesso-
as da mesma faixa etária, ou ocorre a separa-
ção, que pode ser vista como segregação, mas
que na ausência pode por em perigo os mais
velhos ou não atingir os mais jovens, ou mes-
mo não atender a nenhum dos dois grupos?
3.1.4. A eficiência destas práticas, estan-
do o indivíduo vestido para trabalhar, muitas
vezes em espaços inadequados é razoável?
3.1.5. Todos os trabalhadores participam
sem constrangimento, em presença de outras
pessoas muita gente fica tímida - é a questão
do ridículo social, que não pode ser substituí-
do por um simples: - vamos lá, deixa de ver-
gonha!
3.1.6. Auto-alongamento, do modo como
é praticado, é realmente produtivo? Nossos
clientes, em outras duas empresas, relatam,
constantemente, a dificuldade de realizarem
os alongamentos sozinhos, ou seja, o resulta-
do dos alongamentos musculares com inter-
venção de um profissional é mais eficiente.
3.1.7. Em ergonomia aprendemos a per-
sonalizar as situações, individualizar é o ver-
bo, pois que todos somos diferentes física,
psicológica e socialmente e vemos o
direcionamento para que os horários sejam os
mesmos, os exercícios idênticos, como se to-
dos sentissem necessidade de alongar ao mes-
mo tempo, com mesma duração e os mesmos
grupamentos musculares.
3.1.8. E o trabalho de conscientização
postural inexiste, ou será que basta um peque-
no número de exercícios, durante dez ou quin-
ze minutos, para estimular a adoção de uma
postura mais adequada?
4 - Evoluindo na discussão
Os questionamentos anteriormente feitos
não invalidam a prática da atividade laboral,
entretanto é necessário deixar claro, muito cla-
ro, que a simples inserção da ginástica laboral,
por si só, não produz o efeito mágico de redu-
ção das LER/DORT’s, podendo transformar-se
em ação que mascará a identificação de sinais
e sintomas iniciais de surgimento de proble-
mas. Uma contratura severa passa por uma
hipertonia leve, que gera um incômodo, que
pode ser aliviado pela ginástica laboral, não
sendo relatado e eclodir muito fortemente mais
adiante; ou mesmo agravar o problema rapi-
damente, transformando o incômodo em dor
aguda, provavelmente porque aquele exercício
não era indicado para aquele grupamento mus-
cular naquela situação, ou simplesmente pela
realização errada do mesmo, gerando um aci-
dente de trabalho [4].
É preciso focar na individualidade, traba-
lho que realizamos no Citibank e no Jornal O
Globo, no fato de que somos diferentes, na
questão de que as pessoas dentro das empre-
sas são obrigadas, na maioria das vezes, a as-
sumir posturas diferentes daquelas assumi-
das em uma academia de ginástica. Não pode
ser desprezado o fato de que é preciso muito
mais que uma simples atividade lúdica para
aliviar uma tensão muscular, que os incômo-
dos devem ser tratados separadamente muito
antes de se tornarem dor efetiva.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200156
A variáveis ligadas diretamente à
ergonomia merecem atenção cuidadosa, pois
que o correto entendimento da atividade do
indivíduo, suas tarefas, os esforços realizados,
as repetições de maior ou menor carga física,
de maior ou menor carga psicológica e a aná-
lise biomecânica dessas atividades devem for-
necer a base para prescrição dos exercícios.
Permitem identificar as atividades físicas mais
adequadas para cada indivíduo, podendo ser
relaxamento e alongamento muscular [5], for-
talecimento muscular [6], ou simples ajuste
adequado do “layout” do posto de trabalho. A
organização do trabalho não deve ser abando-
nada, em hipótese alguma, pois nela pode es-
tar a chave para o insucesso de um programa
deste tipo, por exemplo, ao “impor” a ativida-
de a desafetos, onde um deles ou os dois pos-
suam relação ruim com o próprio corpo ten-
derá a atrapalhar o trabalho ou terá sua efici-
ência comprometida. Ou ainda, permitir a
demonstração de poder por parte de gerentes
do tipo X, visto que um programa deste tipo
não deve ter participação obrigatória, entre-
tanto uma análise criteriosa possibilita a iden-
tificação das imposições tácitas praticadas em
algumas organizações nas trocas de olhares,
nas referências monossilábicas, nas
entonações especiais da voz e outros códigos
similares, característicos de cada organização,
de cada “modus” de gerenciamento. Entender
essas relações pode ser a chave para soluções
mais profundas, pois que muitas pessoas po-
dem estar participando a contra gosto, ainda
que um sorriso, um tanto amarelo, esteja es-
tampado no rosto. É fácil perceber que essas
pessoas irão combater o programa, podem ser
os que se afastam na primeira oportunidade,
não pelas características intrínsecas ao mes-
mo, mas pelo que ele está representando para
aquele determinado grupo. A própria insatis-
fação com a vida e com o trabalho que geram
estresse adicional significativo [7], podem sig-
nificar “inimigos” desnecessários ao progra-
ma, existindo apenas por não terem sido ob-
servados e identificados anteriormente As
variáveis ligadas ao mobiliário devem ser con-
templadas fortemente, por serem elementos
de grande interferência para a manutenção ou
anulação do trabalho realizado. Não é preciso
transformar a cadeira em vilã [8], como fazem
os “cadeirologistas”, ou sair mudando tudo
que se veja pela frente, mas é possível, com o
correto critério, estabelecer os elementos li-
gados ao mobiliário que precisem de substi-
tuição imediata, ou os acessórios que facilitem
a “habitação” dessas verdadeiras “ilhas de tra-
balho” [8, 9].
5 - Conclusão
A introdução da ginástica laboral nas em-
presas representa mais um importante recur-
so de auxílio à saúde ocupacional, onde a me-
dicina e a enfermagem do trabalho parecem
sobrecarregadas. Hoje, fisioterapeutas, educa-
dores físicos e outros profissionais saem em
defesa da saúde do trabalhador somando es-
forços à prevenção e tratamento da temidas e
famigeradas DORT’s. É preciso, porém, estar-
mos certos de que somente uma intervenção
completa é capaz de gerar resultados positivos
e significativos pela abrangência,
modificadores de culturas, possibilitando ações
mais contundentes dos chamados “donos do
dinheiro”, que beneficiarão empregados e em-
pregadores, conseqüentemente a sociedade.
Por outro lado, se ficar determinada à fragili-
dade da intervenção, ainda que esta seja de
baixo custo, esta será nivelada nos modelos das
falácias, propiciando o descrédito, inimigo pe-
rene de toda e qualquer ação, principalmente,
das benéficas ações preventivas, até pelas difi-
culdades que possuímos em respalda-las em
fatos e dados. E, o que é pior, engessa a cultura,
fecha portas em todos os lugares onde as avali-
ações negativas possam ter acesso, portas es-
sas que foram abertas com grandes sacrifícios
de profissionais sérios e dedicados.
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Fisioterapia Brasil
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Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200158
Temos sido procurados por profissionais da
área da saúde com indagações sobre pós-gra-
duação e, de forma singular, sobre a especiali-
zação e o que se percebe, nas mais das vezes,
é que estes profissionais se vêm envolvidos
por uma terminologia estranha à sua forma-
ção más que devem conhece-la, posto que este
desconhecimento pode vir a prejudicá-los na
sua busca pelo saber, ao matricular-se em cur-
sos após a sua graduação, sem que na realida-
de estejam matriculando-se num curso de pós-
graduação.
Os Cursos de Pós-graduação têm como fi-
nalidade precípua, o aprofundamento dos es-
tudos realizados no Curso de Graduação, com
maior enfoque numa área de estudos especí-
fica.
Em 20 de dezembro de 1996 foi sancionada
pelo Presidente da República a Lei 9.394 – Di-
retrizes e Bases da Educação Nacional, que no
inciso III do art. 44, refere-se aos cursos e pro-
A pós-graduação em fisioterapia e terapia ocupacional:
reconhecimento e registros de certificados, diplomas e
títulos
João Marinonio Aveiro Carneiro*
*Mestre, Doutor e Livre-Docente em Educação, UFRJ; Ph.D. in Religious Studies, FICU, Mercedes, Cal.
USA, Mestre em Filosofia, UGF, Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, UFRJ, Terapeuta Ocupacional,
FRASCE, RJ, Fisioterapeuta, CEUAM, RJ
Endereço para correspondência:
Rua CônegoTobias, 140, Meier, 20725-010 Rio de Janeiro RJ, Telefax: 21 269-3771
E-mail: caeprofcar@jmbrazil.com
Informação profissional
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
gramas de pós-graduação que são abrangidos
pela educação superior – “...programas de
mestrado e doutorado, cursos de especializa-
ção, aperfeiçoamento e outros, abertos a can-
didatos diplomados em cursos de graduação e
que atendam às exigências das instituições de
ensino.”
O caminho que leva a obtenção do Certifi-
cado de Aperfeiçoamento e de Especialização
abrigava-se, até o advento do Parecer nº CES
617/99, de 08/06/99 e do Parecer nº 968/98 e da
Resolução nº 3/99, de 05/10/99.
A segunda vertente, teve início através de
Residências, atendendo ao que foi deliberado
pela IXª Conferência Nacional de Saúde (1992)
que propôs, e obteve-se aprovação da Plená-
ria em seu Relatório Final, o tópico nº 279 -
“manutenção de programas de residência
médica pelas unidades do SUS, e ampliação
do número de vagas, contemplando também
outras categorias profissionais”. ( grifamos)
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 59
A Residência, enquanto visa a
complementação do curso de graduação com
vistas exclusivamente ao exercício melhor
qualificado, constitui-se um equivalente a
Especialização, trata-se de “treinamento em
serviço”, outorgando o título de Especialista.
Como ainda não existem na maioria das
profissões de saúde uma Comissão Nacional
de Residências, tal como existe para a medici-
na e como os certificados a serem emitidos
pelas Residências, são passíveis de registro
nos Conselhos Federais das Profissões Regu-
lamentadas de Saúde cabe a cada Conselho
Federal normatizar as Residências para suas
profissões.
No caso específico da fisioterapia e da tera-
pia ocupacional, corresponde ao - COFFITO,
via Conselhos Regionais - CREFITOS, os Pro-
jetos de Residência em Fisioterapia e de Tera-
pia Ocupacional devem ser submetidos ao
COFFITO para análise e parecer, a fim de que
o mesmo possa ter seus certificados
registrados no mesmo.
Ocorre que em 9 de dezembro de 1998 fo-
ram publicadas as Resoluções COFFITO 186,
COFFITO 187, COFFITO 188, COFFITO 189,
que dispõem sobre o reconhecimento de Cer-
tificados, Diplomas e Títulos conferidos a Fi-
sioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais; re-
conhecendo as Especialidades de Fisioterapia
Pneumo-Funcional e Fisioterapia Neuro-Fun-
cional que desta forma superam o vazio exis-
tente até então, apontando normas e procedi-
mentos, de cumprimento obrigatório por Fi-
sioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais.
Em 02/12/98 o Conselho Nacional de Edu-
cação – CNE, aprova o Parecer nº CES 908/98
que assim se expressa:
 “Assim sendo, a formação pós-graduada de
caráter profissional, que pressupõe necessari-
amente o exercício, sob supervisão, da prática
profissional, poderá ser oferecida tanto por
instituição de ensino superior com atuação
tradicional em uma área específica como em
ambientes de trabalho dotados de corpo técni-
co-profissional possuidor de titulação profis-
sional ou acadêmica reconhecida e de insta-
lações apropriadas ou por Sociedade Nacio-
nal Especializada ou, ainda, mediante a cele-
bração de convênios ou acordos entre institui-
ções de ensino superior e estas sociedades.
O valor do título obtido, entretanto, variará
segundo as situações a seguir descritas:
1) Curso de especialização oferecido por ins-
tituição de ensino superior: o título tem reco-
nhecimento acadêmico, e para o exercício do
magistério superior, mas não tem necessaria-
mente valor para o exercício profissional sem
posterior manifestação dos conselhos, ordens
ou sociedades nacionais profissionais respec-
tivos, nas áreas da saúde e jurídica;
2) Curso de especialização realizado em
ambientes de trabalho qualificados,
credenciados por IES que possuam pós-gra-
duação stricto sensu na área ou em área
correlata ou autorizado pelo CNE ou, por sua
delegação, pelos CEE: os títulos terão reconhe-
cimento profissional e acadêmico;
3) Curso oferecido mediante celebração de
convênios ou acordos entre instituições de
ensino, ordens ou sociedades, conselhos na-
cionais ou regionais com chancela nacional
profissional: os títulos, neste caso, terão tanto
reconhecimento acadêmico como profissional;
4) Cursos oferecidos por instituições pro-
fissionais mediante convênio com ordens, so-
ciedades nacionais, ou conselho:. o título tem
reconhecimento profissional, mas não será re-
conhecido para fins acadêmicos sem a expres-
sa manifestação de uma instituição de ensino
superior.
Em qualquer um dos casos mencionados,
os títulos profissional ou acadêmico reconhe-
cidos terão validade nacional.” (grifamos)
Conforme acima citamos a Fundação Coor-
denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – CAPES encaminhou projeto
de Resolução que fixa “condições de validade
dos certificados de cursos de especialização”
e que o aprovou através do Parecer nº CES 617/
99, de 03/09/99, do Parecer nº 968/98 e da Re-
solução nº 3/99, 05/10/99 deram uma nova rou-
pagem a Resolução 12/83 CFE, sendo pois o
que deve observado na organização dos Cur-
sos de Pós-graduação “Lato Sensu”, Especia-
lização e que oferece os seguintes elementos:
Os cursos serão abertos à matrícula de por-
tadores de diplomas
de curso superior que
cumpram as exigências de seleção que lhe são
próprias e poderão ser oferecidos por institui-
ções de ensino desse nível que ministrem cur-
so de graduação ou pós-graduação stricto
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200160
sensu reconhecido na grande área a que se
vincula a proposta. (Art 2º)
As instituições previstas no Parecer nº 908/
98, da Câmara de Educação Superior do CNE,
poderão, a critério do Conselho Nacional de
Educação, ser autorizadas a oferecer os cur-
sos de que trata a presente Resolução, obser-
vadas as exigências nela estabelecidas.
A qualificação mínima exigida do corpo
docente é o título de Mestre, obtido em curso
reconhecido pelo MEC. (Art. 3º)
Quando, no entanto, existirem áreas pro-
fissionais em que o número de mestres seja
insuficiente para atender à exigência de qua-
lificação anteriormente prevista, poderão le-
cionar profissionais de alta competência e ex-
periência em áreas específicas do curso, des-
de que aprovados pelo Conselho de Ensino e
Pesquisa, no caso das universidades e centros
universitários, ou pelo colegiado equivalente,
no caso das demais instituições de educação
superior.
A apreciação da qualificação dos não porta-
dores do título de Mestre levará em conta o
curriculum vitae do professor e sua adequa-
ção ao plano geral do curso e ao programa da
disciplina pela qual ficará responsável.
Em qualquer hipótese, o número de docen-
tes sem título de Mestre não poderá ultrapas-
sar 1/3 (um terço) do corpo docente, salvo em
casos especiais previamente aprovados pela
Câmara de Educação Superior do CNE.
Nenhum curso poderá iniciar seu funcio-
namento sem os requisitos especificados nes-
te artigo.
As instituições deverão assegurar aos pro-
fessores e alunos as condições de infra-estru-
tura física, biblioteca, equipamentos e labora-
tórios adequados ao curso proposto.
A carga horária mínima permanece a exi-
gência de 360 (trezentas e sessenta) horas, não
computado o tempo de estudo individual ou
em grupo sem assistência docente e o desti-
nado à elaboração de monografia ou trabalho
de conclusão do curso (Art. 5º).
Quanto se tratar de curso destinado à qua-
lificação de docentes para o magistério supe-
rior do Sistema Federal de Ensino, deve-se as-
segurar, na carga horária, além do conteúdo
específico do curso, o indispensável enfoque
pedagógico. Sendo que os mesmos poderão
ser ministrados em uma ou mais etapas res-
peitado um prazo mínimo de 6 (seis) meses.
Caberá à instituição responsável pelo cur-
so emitirá certificado de especialização a que
farão jus os alunos que tiverem tido aprovei-
tamento e freqüência, segundo critério de ava-
liação estabelecido pela instituição, assegura-
da a presença mínima de 75% (setenta e cinco
por cento) (Art. 6º).
Nos certificados expedidos deverão menci-
onar claramente a área específica do conheci-
mento a que corresponde o curso oferecido e
conter obrigatoriamente:
a) a relação das disciplinas, sua carga ho-
rária, a nota ou conceito obtido pelo aluno, e
o nome e a titulação do professor por elas res-
ponsável;
b) o período em que o curso foi ministrado
e sua duração total em horas;
a) a declaração de que o curso cumpriu to-
das as disposições da Resolução que teve
como origem o Parecer nº CES nº 617/99.
Os estudantes de programas de pós-gradu-
ação stricto sensu reconhecidos pelo MEC po-
derão requerer, a critério da Instituição que
os ofereceu, a validação dos estudos realiza-
dos, como de especialização, desde que pre-
encham pelo menos os seguintes requisitos
(Art. 7º):
a) tenham sido aprovados em disciplinas
correspondentes a uma carga horária progra-
mada de, no mínimo, 360 (trezentas e sessen-
ta) horas, observado o disposto no Art. 5º;
b) requeiram o certificado antes de terem
defendido dissertação ou tese.
A grande inovação fica por conta da avalia-
ção da Fundação Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
(Art. 8º)
Já Resolução CES nº 3, de 05/10/99 veio fixar
condições de validade dos certificados de cur-
sos presenciais de especialização, sendo os mes-
mos abertos à matrícula de portadores de diplo-
mas de curso superior que cumpram as exigên-
cias de seleção que lhe são próprias e poderão
ser oferecidos por instituições de ensino desse
nível que ministrem curso de graduação ou pós-
graduação stricto sensu reconhecido na grande
área a que se vincula a proposta. (art. 2º). As ins-
tituições previstas no Parecer 908/98, CES/CNE,
poderão, a critério do CNE, ser autorizadas a
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 61
oferecer os cursos de que trata a presente Reso-
lução, observadas as exigências nela
estabelecidas (Parágrafo único do art 2º).
A qualificação mínima exigida do corpo do-
cente é ainda o título de Mestre, obtido em
curso reconhecido pelo MEC (art. 3º), sendo
que nas áreas profissionais em que o número
de mestres seja insuficiente para atender à
exigência de qualificação prevista no referido
artigo, poderão lecionar profissionais de alta
competência e experiência em áreas específi-
cas do curso, desde que aprovados pelo Con-
selho de Ensino e Pesquisa, no caso das uni-
versidades e centros universitários, ou pelo
colegiado equivalente, no caso das demais ins-
tituições de educação superior. (§ 1º do Art 3º)
A apreciação da qualificação dos não portado-
res do título de Mestre levará em conta o
curriculum vitae do professor e sua adequação
ao plano geral do curso e ao programa da disci-
plina pela qual ficará responsável. (§ 2º do art 3º)
O número de docentes sem título de Mes-
tre não poderá ultrapassar 1/3 (um terço) do
corpo docente, salvo em casos especiais pre-
viamente aprovados pela Câmara de Educa-
ção Superior do CNE. (§ 3º do Art 3º)
É impositivo que nenhum curso poderá ini-
ciar seu funcionamento sem os requisitos es-
pecificados no art 3º. (§ 4º do Art 3º)
Caberá às instituições assegurar aos pro-
fessores e alunos as condições de infra-estru-
tura física, biblioteca, equipamentos e labora-
tórios adequados ao curso proposto. (Art. 4º)
Os cursos amparados por esta Resolução
terão a duração mínima de 360 (trezentas e
sessenta) horas, não computado o tempo de
estudo individual ou em grupo sem assistên-
cia docente e o destinado a elaboração de
monografia ou trabalho de conclusão do cur-
so. (Art. 5º)
Quanto se tratar de curso destinado à qua-
lificação de docentes para o magistério supe-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200162
rior do Sistema Federal de Ensino, deve-se as-
segurar, na carga horária, além do conteúdo
específico do curso, o indispensável enfoque
pedagógico.(§ 1º Art. 5º)
Os cursos poderão ser ministrados em uma
ou mais etapas respeitado um prazo mínimo
de 6 (seis) meses.(§ 2º Art. 5º)
É a instituição responsável pelo curso quem
emitirá o certificado de especialização a que
farão jus os alunos que tiverem tido aprovei-
tamento e freqüência, segundo critério de ava-
liação estabelecido pela instituição, assegura-
da a presença mínima de 75% (setenta e cinco
por cento). (Art. 6º)
Os certificados expedidos deverão menci-
onar claramente a área específica do conheci-
mento a que corresponde o curso oferecido e
conter obrigatoriamente:
a) a relação das disciplinas, sua carga horá-
ria, a nota ou conceito obtido pelo aluno, e o
nome e a titulação do professor por elas res-
ponsável;
b) o período em que o curso foi ministrado
e sua duração total em horas;
 c) a declaração de que o curso cumpriu to-
das as disposições da presente Resolução.
 (Parágrafo único do Art 6º)
Os estudantes de programas de pós-gradu-
ação stricto sensu reconhecidos pelo MEC po-
derão requerer, a critério da Instituição que
os ofereceu, a validação dos estudos realiza-
dos, como de especialização, desde
que pre-
encham pelo menos os seguintes requisitos:
a) tenham sido aprovados em disciplinas
correspondentes a uma carga horária progra-
mada de, no mínimo, 360 (trezentas e sessen-
ta) horas, observado o disposto no Art. 5º;
b) requeiram o certificado antes de terem
defendido dissertação ou tese. (Art. 7º)
 A Resolução repete a inovação do Parecer
968/98 quando nos diz ser avaliação do curso
ser da competência da Fundação Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-
perior – CAPES. (Art. 8º)
Uma pergunta que tem sido lugar comum
quando falamos em pós-graduação, é a que
trata do valor acadêmico dos denominados
Cursos de Aprimoramento, principalmente,
no Estado de São Paulo, onde os mesmos têm
sido oferecidos por mais de oitenta e seis (86)
instituições quer sejam de ensino ou não.
Muito embora não esteja previsto, em ne-
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 63
nhum diploma legal, a nível acadêmico, é ne-
cessário que constatemos a existência de cur-
sos denominados de aprimoramento. Desta
maneira o COFFITO, em muito boa hora, re-
solveu criar uma certificação de Qualidade de
Ensino para os Cursos de Aprimoramento pro-
fissional na Área da Fisioterapia, o que foi fei-
to através da Resolução COFFITO 209, de 17/
08/2000.
Não possuindo valor acadêmico, os referi-
dos cursos se revestem, formalmente, como
“treinamento em serviço”, com validade pro-
fissional a critério do próprio profissional que
está sendo treinado, não podendo, sob nenhu-
ma hipótese, ser este “treinamento” aprovei-
tado em Cursos de Pós-graduação “Lato
Sensu” - Aperfeiçoamento, Especialização, ou
“Stricto Sensu” - Mestrado e Doutorado ou
mesmo para a obtenção do título de especia-
lista o que é possível via Residência ou apro-
vação em provas teórico-práticas nos termos
da Resolução COFFITO-188.
A instituição que ofereça Curso de Aprimo-
ramento deverá submeter seu Projeto Peda-
gógico ao COFFITO exigindo-se uma carga
horária mínima de 90 horas/aula com um mí-
nimo de 40% de aulas práticas, devendo seu
corpo docente deverá cumprir os mesmos re-
quisitos exigíveis pela Lei nº 9394, de 20 de
12/1996. Os referidos cursos serão reavaliados
a qualquer tempo e no caso de perda de quali-
dade perderão o mérito outorgado. Os custos
decorrentes das avaliações dos projetos, cor-
rerão a conta dos interessados.
Como se depreende do que foi escrito há
uma distinção entre os títulos que derivam de
“treinamento em serviço” – Residência – Es-
pecialista, os que emergem dos Cursos de
Aperfeiçoamento e de Especialização – Aper-
feiçoamento em... / Especialização em..., rea-
lizado em IES e aqueles que resultam de um
Curso de Aprimoramento”.
O primeiro voltado, tão somente, ao trato
clínico, o segundo ao trato clínico e Magisté-
rio Superior e o terceiro como um “plus” bus-
cado pelo profissional.
Do exposto, só após o deferimento de seu
registro pelo COFFITO, poderá o profissional,
já então devidamente registrado, apresentar-
se à sociedade com a titulação que lhe cabe
por direito – Especialista, Aperfeiçoamento em
..., Especialização em..., Mestre em..., Doutor
em ..., Livre-Docente em...., cabendo, aos
CREFITOS efetuarem tais registros na Car-
teira de Identidade (tipo livro) de Fisioterapeu-
tas e Terapeutas Ocupacionais.
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 200164
Reabilitação profissional: análise do preparo do
fisioterapeuta para atuação e intervenção na área
Este estudo avaliou o preparo do fisioterapeuta para atuar e
intervir em uma equipe interdisciplinar que trabalha com Reabi-
litação Profissional, relacionando este preparo às ações curriculares
oferecidas durante a sua graduação. A preocupação com este tema
surgiu a partir da constatação assistemática de que o fisiotera-
peuta não tem, em sua formação, a exposição adequada a aborda-
gens e intervenções na área de Reabilitação Profissional.
Os objetivos deste trabalho foram a identificação de pare-
ceres de fisioterapeutas que atuam na área da Reabilitação Pro-
fissional, o levantamento das atividades curriculares dos cursos
de formação de fisioterapeutas no Estado de São Paulo e, ainda,
a análise do significado destes dados para a formação de um pro-
fissional apto a atuar e intervir na Reabilitação Profissional.
Participaram deste estudo Chefes de Departamento e Co-
ordenadores dos cursos de Fisioterapia do Estado de São Paulo
que atenderam à nossa solicitação e nos enviaram a estrutura
curricular dos cursos sob sua responsabilidade.
Também foram contatados fisioterapeutas que atuam em
Serviços de Fisioterapia de Instituições ou Centros voltados para
a Reabilitação Profissional, também no Estado de São Paulo, os
quais responderam questionários que investigavam o perfil des-
ses profissionais e o seu conhecimento acerca do processo que
visa reinserir, no mundo do trabalho, a pessoa com deficiência.
Os dados resultantes da pesquisa mostraram que 85,72%
dos fisioterapeutas não se sentiram preparados para a sua atua-
ção inicial com Reabilitação Profissional a partir da sua forma-
ção na graduação, tendo eles adquirido a sua experiência atual
no próprio trabalho.
Dentre muitos resultados relevantes também observou-se
que 92,86% dos sujeitos não consideram suficiente, para a inter-
venção na Reabilitação Profissional, o embasamento teórico-prá-
tico oferecido pelo currículo mínimo preconizado pelo MEC.
Os profissionais envolvidos na pesquisa sugeriram medi-
das que possam viabilizar, já na formação do profissional, um
envolvimento com equipes e/ou serviços que trabalham com a
Reabilitação Profissional. Sugeriram também a inserção de con-
teúdos específicos do tema na grade curricular, para preparar o
fisioterapeuta para atuação e intervenções na área. Este, enfim,
o objetivo maior do estudo.
Resumos de dissertações e teses
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Cecília Barros Carvalho,
Dissertação de Mestrado em
Educação/Ensino na Educação
Brasileira, Julho de 1997,
Universidade Estadual Paulista/
UNESP, Campus de Marília,
Marília-SP, Endereço para
correspondência: Cecília Barros
Carvalho, Rua Goiás, 145 apto
1001, 17509-140, Marília-SP
Fisioterapia Brasil - Volume 2 - Número 1 - Janeiro / Fevereiro 2001 65
 Prevalência de linfedema subsequente a tratamento
cirúrgico para câncer de mama
Introdução: O linfedema é a principal complicação decorren-
te do tratamento cirúrgico para câncer de mama, acarretando im-
portantes alterações físicas, psicológicas e sociais, que compro-
metem a qualidade de vida das mulheres.
Objetivo: Estimar a prevalência de linfedema em mulheres
submetidas a tratamento cirúrgico para câncer de mama.
Metodologia: Foi realizado um estudo seccional com 394 mu-
lheres em acompanhamento médico no Hospital Luiza Gomes
de Lemos / INCa III, no período de abril a agosto de 2000. Os
dados foram obtidos através de uma entrevista semi-estruturada,
exame físico e complementados pela análise do prontuário. Fo-
ram coletadas variáveis relacionadas a características: da paci-
ente, do tratamento realizado, do tumor, e das complicações pós-
operatórias.
Resultados: A prevalência de linfedema variou de 16,2 % a 30,7
% dependendo do critério utilizado para diagnóstico. Os critérios
de diagnóstico objetivos apresentaram melhor confiabilidade. Na
análise bivariada, as variáveis que se mostraram positivamente
associadas (p < 0,05) com o linfedema foram: IMC, número total
de dias com dreno, radioterapia, radioterapia axilar, comprometi-
mento ganglionar, estadiamento tumoral, relato de sintomatologias
sugestivas de edema precoce, relato de edema precoce, infecção
no membro superior homolateral ao câncer de mama, limitação
no movimento de alcance global da mobilidade, e limitação arti-
cular no movimento de abdução e rotação externa.
Conclusões:

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