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SUMÄRIO
1. IntroduÅÇo..........................................................................................................................02
2. HistÉria das Cores..............................................................................................................04
3. A ConcepÅÇo FÑsica das Cores............................................................................................07
3.1.Os Estudos de Newton.......................................................................................................09
3.2.Teoria das Cores.................................................................................................................12
3.2.1. O que Ö cor?...................................................................................................................12
a) Carga de cor...................................................................................................................13
3.2.2. Luz..................................................................................................................................13
a) Espectro de luz visÑvel....................................................................................................14
3.3. Diagrama de Cromaticidade..............................................................................................15
4. A ConcepÅÇo BiolÉgica das Cores........................................................................................20
4.1. O Olho Humano................................................................................................................20
4.1.1. Os trÜs tipos de cones....................................................................................................21
4.1.2. O que o olho humano Ö capaz de ver?...........................................................................22
4.1.3. A subjetividade das cores...............................................................................................22
4.2. A Teoria Tricromática........................................................................................................22
4.2.1. IntroduÅÇo......................................................................................................................22
4.2.2. Sintonizando... de 428 a 750 terahertz..........................................................................24
4.2.3. VisÇo colorida.................................................................................................................26
4.3. A PercepÅÇo das Cores......................................................................................................29
4.3.1. Nossos olhos e a visÇo....................................................................................................29
4.3.2. Misturando cores por adiÅÇo e subtraÅÇo.....................................................................30
4.3.3. Propriedades das cores: tom e saturaÅÇo.....................................................................31
4.4. Psicologia das Cores.........................................................................................................33
4.4.1. Cor e personalidade......................................................................................................34
4.4.2. O efeito de cada cor......................................................................................................35
a) As cores influenciam nossos componentes: fÑsico, metal e emocional........................35
b) Efeitos fisiolÉgicos das cores nas roupas......................................................................43
4.5. A Cor como Terapia..........................................................................................................46
4.5.1. HistÉrico........................................................................................................................46
4.5.2. DefiniÅÇo.......................................................................................................................47
4.5.3. Uso terapÜutico das cores.............................................................................................48 
5. A ConcepÅÇo ArtÑstica das Cores..........................................................................................52
5.1. Estudo das Cores...............................................................................................................52
5.1.1. O que Ö cor?...................................................................................................................52
5.1.2. As cores puras................................................................................................................53
5.1.3. As cores primárias..........................................................................................................53
5.1.4. As cores secundárias......................................................................................................54
5.1.5. Cores complementares..................................................................................................54
5.1.6. Cores análogas...............................................................................................................54
5.1.7. Cores acromáticas ou neutras........................................................................................55
5.1.8. O circulo das cores.........................................................................................................55
5.1.9. Cores quentes e cores frias............................................................................................56
5.1.10. A temperatura das cores..............................................................................................57
5.1.11. Contrastes....................................................................................................................58
a) Contrastes de limite....................................................................................................58
5.1.12. Matiz............................................................................................................................59
5.1.13. Tom..............................................................................................................................59
5.1.14. Harmonias....................................................................................................................60
5.1.14.1. Harmonias com as cores puras.................................................................................60
a) Complementares diretas............................................................................................60
b) Complementares divididas.........................................................................................61
c) Complementares duplas.............................................................................................61
d) Análogas simples........................................................................................................62
e) Análogas compostas...................................................................................................62
f) Análogas com uma complementar..............................................................................63
g) Cores intercaladas.......................................................................................................63
h) Trio harmànico............................................................................................................64
i) Quadrado harmànico...................................................................................................64
5.1.14.2. Harmonias com matizes............................................................................................65
a) Monocromia................................................................................................................65
b) Tom sobre tom...........................................................................................................65
5.2. Modelos de Cores.............................................................................................................65
5.2.1. O modelo de cores RGB.................................................................................................66
5.2.2. O modelo de cores CMYK...............................................................................................67
5.2.3. O modelo de cores HSB..................................................................................................68
5.2.4. O modelo de cores Lab..................................................................................................69
5.3. Escala de Cores Pantone...................................................................................................69
5.3.1. Validade.........................................................................................................................71
5.3.2. Diferentes produtos.......................................................................................................71
6. Alguns TeÉricos das Cores....................................................................................................73
6.1. Paul Klee............................................................................................................................73
6.1.1. Breve biografia...............................................................................................................73
6.1.2. EsboÅo de uma teoria das cores....................................................................................74
6.2. Da Vinci.............................................................................................................................79
6.2.1. Breve biografia..............................................................................................................79
6.2.2. Tratado de Pintura........................................................................................................80
6.3. Abraham Palatnik.............................................................................................................87
6.3.1. Breve biografia..............................................................................................................87
6.3.2. Algumas obras...............................................................................................................88
6.4. Diferentes definiÅâes para as mesmas variáveis das cores..............................................91
7. Extras...................................................................................................................................92
7.1. Arte ApolÑnea e Arte DionisÑaca........................................................................................92
7.2. Neoplasticismo.................................................................................................................95
8. ReferÜncias..........................................................................................................................99
“ necess‚rio abrir os olhos e perceber que as coisas boas
estƒo dentro de n„s, onde os sentimentos nƒo precisam de
motivos, nem os desejos de razƒo. O importante … aproveitar
o momento e aprender sua dura†ƒo, pois a vida est‚ nos 
olhos de quem sabe ver.” 
(Prov€rbio Chins)
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1. IntroduÄÅo
Desde a Antiguidade cl‚ssica, pensadores dedicaram-se a refletir sobre a origem e o sentido 
das cores. Aristƒteles, por exemplo, achava que elas eram propriedades dos objetos, assim 
como o peso e a textura. E, embriagado pela m‚gica dos n„meros, disse que eram em 
n„mero de seis, o vermelho, o verde, o azul, o amarelo, o branco e o negro.
O estudo das cores sempre foi influenciado por aspectos psicolƒgicos e culturais. Na Idade 
M€dia o poeta Pl…nio teorizou que as trs cores b‚sicas seriam o vermelho vivo, o ametista e 
uma outra que chamou de conch…fera. O amarelo foi exclu…do desta lista por estar associado 
a mulheres, pois era usado no v€u nupcial.
No s€culo XV, as reflex†es foram aprofundadas pelos renascentistas. Leon Battista Alberti, 
um disc…pulo de Brunelleschi, diria que seriam quatro as cores mais importantes: vermelho, 
verde, azul e cinza. Essa vis‡o reflete os seus gostos na tela. Alberti € contemporˆneo de 
Leonardo da Vinci, e teve influencia sobre ele. Leonardo da Vinci reuniu anota‰†es para dois 
livros distintos e seus escritos foram posteriormente reunidos em um sƒ livro intitulado 
Tratado da Pintura e da Paisagem. Luz e cor passaram a ser tratadas como categorias 
diferentes. Ele se oporia a Aristƒteles ao afirmar que a cor n‡o era uma propriedade dos 
objetos, mas da luz. Havia uma concordˆncia ao afirmar que todas as outras cores poderiam 
se formar a partir do vermelho, verde, azul e amarelo. Afirma ainda que o branco e o preto 
n‡o s‡o cores mas extremos da luz. Da Vinci foi o primeiro a observar que a sombra pode 
ser colorida e a pesquisar a vis‡o estereoscƒpica, ele mesmo tentou construir um fotŠmetro.
Nos s€culos XVII e XVIII, Ren€ Descartes descreveu a refra‰‡o e Isaac Newton decompŠs a 
luz branca com prismas, chegando ‹s sete cores do arco-…ris, e acreditou que as cores eram 
devidas ao tamanho da part…cula de luz.
Newton acreditava na teoria corpuscular da luz tendo grandes desaven‰as com Huygens
que acreditava na teoria ondulatƒria. Posteriormente, provou-se que a teoria de Newton n‡o 
explicava satisfatoriamente o fenŠmeno da cor. Mas sua teoria foi mais aceita devido ao seu 
grande reconhecimento pela gravita‰‡o. 
Ainda no s€culo XVIII, um impressor chamado Le Blon testou diversos pigmentos at€ chegar 
aos trs b‚sicos para impress‡o: o vermelho, amarelo e azul.
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No s€culo XIX o poeta Goethe se apaixonou pela quest‡o da cor e passou trinta anos 
tentando terminar o que considerava sua obra m‚xima: um tratado sobre as cores que poria 
abaixo a teoria de Newton. Goethe dizia que a pintura "€ capaz de produzir um mundo 
vis…vel muito mais perfeito que o mundo real". 
Ele realmente descobriu aspectos que Newton ignorara sobre a fisiologia e psicologia da cor. 
Observou a reten‰‡o das cores na retina, a tendncia do olho humano em ver nas bordas de 
uma cor complementar, notou que objetos brancos sempre parecem maiores do que negros.
Tamb€m reinterpretou as cores pigmentos de Le Blon, renomeando-os pˆrpura, amarelo e 
azul claro, se aproximando com muita precis‡o das atuais tintas magenta, amarelo e ciano
utilizadas em impress‡o industrial.
Por€m as observa‰†es de Goethe em nada feriam a teoria de Newton, suas explica‰†es 
para os fenŠmenos eram muitas vezes insatisfatƒrias e ele n‡o propunha nenhum m€todo 
cient…fico para provar suas teses. Sua publica‰‡o "A teoria das cores" caiu em descr€dito na 
comunidade cient…fica, n‡o despertou interesse entre os artistas e era deveras complexo 
para leigos.
Suas observa‰†es foram resgatadas no in…cio do s€culo XX pelos estudiosos da gestalt e 
sobre pintores modernos como Paul Klee e Kandinsky.
Atualmente, o estudo da teoria das cores nas universidades se divide em trs mat€rias com 
as mesmas caracter…sticas que Goethe propunha para cores: a cor f…sica (ƒptica f…sica), a cor 
fisiolƒgica (ƒptica fisiolƒgica) e a cor qu…mica (ƒptica fisico-qu…mica).
O conte„do € basicamente a teoria de Newton acrescida de observa‰†es modernas sobre 
ondas. Os estudos de Goethe ainda podem ser encontrados em livros de psicologia, arte e 
mesmo livros infanto-juvenis que apresentam ilus†es de ƒptica. 
Hoje n‡o h‚ tanto mist€rio sobre a natureza da luz e das cores. Cor € a sensa‚o provocada 
pela a‚o da luz sobre o ƒrg‚o da vis‚o. 
Nenhuma dessas classifica‰†es se mostrou totalmente perfeita porque a preferncia do ser 
humano por elas obedece a muitas vari‚veis (individuais e coletivas, culturais e f…sicas), que 
interagem entre si.
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2. HistÇria
das cores
Desde que os primeiros homens come‰aram a usar as cores como forma de magia para 
atrair atrav€s de seus poderes a t‡o preciosa ca‰a, as cores passaram a ter um papel cada 
vez mais fundamental e simbƒlico em todas as culturas do mundo. A cincia moderna com 
seu desd€m a respeito de tudo o que considera irrelevante, classificando como crendice 
popular, foi incapaz de relegar a essa categoria a influncia exercida pelas cores em todos 
os aspectos de nossas vidas. 
O uso dado ‹s cores, conforme o h‚bito das diversas culturas mundiais durante o decorrer 
dos s€culos, tinha o objetivo de obter resultados dirigidos diante de situa‰†es espec…ficas 
como ferramenta de manipula‰‡o psicolƒgica que, segundo a sabedoria popular, tem 
provado ser muito mais apurada do que se imaginava. 
2.1. Vermelho
O vermelho € uma cor m‚gica. Em muitas culturas representa o sangue, a essncia da vida. 
Ervas eram amarradas com uma fita vermelha e esta era, por sua vez, amarrada em volta da 
cabe‰a para aliviar a dor da enxaqueca. No Jap‡o, crian‰as com catapora s‡o mantidas em 
um quarto totalmente vermelho, vestidas com roupas vermelhas para apressar o processo 
de cura. Os ingleses usavam len‰os vermelhos no pesco‰o para afastar os esp…ritos que 
causavam o resfriado. Œ tamb€m um sinal de ƒdio e de energia que deu errado e resultou 
em crueldade – tornou-se ent‡o o s…mbolo de Sat‡. 
2.2. Laranja
As laranjeiras fornecem uma generosa colheita ano apƒs ano e, tanto nas culturas ocidentais 
como orientais, suas flores s‡o usadas pelas noivas como um s…mbolo de fertilidade. 
2.3. Amarelo
Os corpos dos abor…gines australianos s‡o pintados com ocre amarelo nas cerimŠnias 
funer‚rias. Na China os magos escrevem seus feiti‰os em papel amarelo para aumentar sua 
potncia, e os antigos imperadores do pa…s tinham "direitos exclusivos" ao uso do amarelo. 
Na Idade M€dia tanto Judas como o Diabo eram representados vestidos de amarelo. Sendo 
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o amarelo-ouro o s…mbolo do Sol, significando o poder e a bondade de Deus, a aur€ola dos 
santos € dourada para mostrar a luz da vida eterna. 
2.4. Verde
Devido ao seu uso nas cerimŠnias pag‡s, o verde foi banido pelos primeiros crist‡os. Na 
Irlanda o verde € associado ‹s fadas e acredita-se que pode dar azar devido a esta liga‰‡o. 
O verde € muito usado nos hospitais com base na cren‰a de que esta cor ajuda o processo 
de recupera‰‡o da sa„de. Para os mu‰ulmanos, o verde € sagrado e simboliza a 
imortalidade. Buda, muitas vezes, € pintado frente a um fundo verde para denotar a vida 
eterna atr‚s de todas as encarna‰†es tempor‚rias do homem. 
2.5. Azul
O Deus dos Judeus ordenou aos israelitas que usassem um barrado azul em suas roupas. O 
deus hindu, Vishnu, era azul. Œ a cor das roupas de Nossa Senhora. Na Escƒcia as pessoas 
usam roupas azuis para restaurar a circula‰‡o. No norte da Europa, por volta de 1600, um 
pano azul era usado no pesco‰o para evitar doen‰as. Culturas asi‚ticas acreditam que vestir 
ou carregar algo azul afasta o mau olhado. 
2.6. Violeta (p„rpura)
Œ um tom especialmente sagrado para as culturas romanas e eg…pcias nas figuras de J„piter 
e Os…ris. Associa-se ‹s dimens†es sagradas, justi‰a, diligncia, nobreza de esp…rito, 
pensamento religioso, idade avan‰ada e inspira‰‡o. Na igreja catƒlica € usado pelos 
sacerdotes para transmitir santidade e humildade. Como era uma cor cara de se produzir, 
tornou-se um s…mbolo da realeza, e, portanto era evitada pelos primeiros crist‡os. Na China 
o violeta simboliza a morte e € a cor das vi„vas. 
2.7. Marrom
Nas culturas orientais acredita-se que o marrom incorpore toda a for‰a natural do elemento 
terra. A for‰a vital do nosso planeta. Na Idade M€dia era a cor designada aos camponeses, 
e, portanto € associada ‹ humildade. 
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2.8. Branco
Pit‚goras, o filƒsofo grego, acreditava que a cor branca continha, al€m de todas as outras 
cores, todos os sons. Muitos dos antigos templos e das atuais igrejas s‡o brancos. As 
tradi‰†es nipŠnicas consideram o branco a cor do luto. Para denotar inocncia virginal, l…rios 
brancos apareciam nas pinturas da Anuncia‰‡o. 
2.9. Cinza
Essa cor foi utilizada pelos povos primitivos para marcar as paredes das cavernas e 
reclamar seus dom…nios. Œ uma cor sombria, e foi utilizada pelas pessoas comuns durante o 
tempo de Carlos Magno, no s€culo VIII. 
2.10. Preto
Na Gr€cia antiga, o preto simbolizava a vida porque o dia nascia da escurid‡o. Em 
Madagascar uma pedra negra € colocada em cada um dos quatro pontos cardeais, sobre o 
t„mulo, para representar a for‰a da morte. J‚ para os antigos eg…pcios a negra lama do Nilo 
representava um renascer e os gatos pretos eram considerados duplamente sagrados. Na 
Roma antiga sacrificavam-se bois pretos para satisfazerem os deuses das profundezas. 
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3. A ConcepÄÅo FÉsica das Cores
O estudo de luz e cor deve ser iniciado pela F…sica elementar, uma vez que a luz € uma 
onda eletromagn€tica. Sendo assim, da F…sica vem que, todas as ondas eletromagn€ticas se 
propagam no v‚cuo com a mesma velocidade c com o valor de 300.000.000 m/s (velocidade 
da luz). Em decorrncia deste fato, e sabendo-se a freqށncia de uma onda eletromagn€tica 
(f), no v‚cuo, pode-se determinar o comprimento de onda (λ) desta radia‰‡o, atrav€s da 
seguinte equa‰‡o: λ = c/f.
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Desta forma, pode-se ent‡o exemplificar as ondas eletromagn€ticas de maior importˆncia 
nas pesquisas e nas aplica‰†es pr‚ticas, em fun‰‡o do comprimento de onda (propriedade 
que fornece uma das principais caracter…sticas da onda): Raios-X (faixa de 10-1 at€ 10 A), 
ondas ultravioletas (faixa de 1 at€ 400 mm), o espectro de luz vis…vel (faixa de 400 at€ 700 
mm), ondas infravermelhas (faixa de 700 mm at€ 1 mm) e faixas de radiofreq†‡ncia (que 
variam de 20 cm at€ 105 m).
O espectro de luz vis…vel, pode ent‡o assumir diversas cores (desde 
o violeta at€ o vermelho), em fun‰‡o do comprimento de onda, como 
exposto na tabela ao lado.
Como o comprimento de uma onda da luz € muito pequeno (da 
ordem de 10-5 cm), a teoria da f…sica se divide em dois grandes 
grupos: tica F…sica, que trata dos fenŠmenos ondulatƒrios da luz e 
tica Geom€trica, que estuda o comportamento da onda quando 
esta interage com objetos muito maiores que o comprimento da 
onda da luz.
Desta forma, v‡o-se discutir agora dois fenŠmenos da tica Geom€trica: a reflex‡o e a 
refra‰‡o. Para tal, sup†e-se que haja um plano, ao qual incide um raio luminoso e que parte 
deste raio seja refletido por este plano e parte seja refratado. Define-se como ˆngulo de 
incidncia como sendo o ˆngulo formado pelo raio e a normal a este plano, ˆngulo de 
reflex‡o entre a normal do plano e raio refletido e ˆngulo de refra‰‡o como sendo entre a 
normal e o raio refratado.
Pode-se provar (por ex. pela Lei da 
Conserva‰‡o da Quantidade de Movimento) 
que o ˆngulo de incidncia € igual ao ˆngulo 
de reflex‡o (Lei da Reflex‚o), e que o ˆngulo 
de refra‰‡o pode ser dado pela Lei de Snell, 
de acordo com o …ndice de refra‰‡o de cada 
material. 
Como j‚ foi dito anteriormente, as ondas eletromagn€ticas se propagam no v‚cuo com a 
mesma velocidade c, ou seja, a velocidade da luz. Entretanto, quando estas ondas se 
propagam em um meio material, a velocidade de propaga‰‡o de cada onda (v) passa a ser 
Cor 
Violeta 380-440 m
Azul 440-490 m
Verde 490-565 m
Amarelo 565-590 m
Laranja 590-630 m
Vermelho 630-780 m
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fun‰‡o do comprimento de onda da radia‰‡o. Sendo assim, pode-se definir como o …ndice de 
refra‰‡o de uma luz monocrom‚tica como sendo  = c / v. Estes fenŠmenos de reflex‡o e 
refra‰‡o est‡o presentes no dia a dia, e devido a eles que ocorrem as miragens no deserto, 
o efeito de uma estrada parecer molhada
e o fenŠmeno do arco-…ris. 
Um experimento do conhecimento de todos € que quando a luz branca incide em um prisma, 
h‚ a decomposi‰‡o desta nas cores do arco-…ris.
3.1. Os estudos de Newton
Utilizando os conceitos de refra‰‡o, Isaac Newton provou que a luz branca continha todos os 
comprimentos de onda e que quando esta incidia no prisma, havia ent‡o a decomposi‰‡o 
desta nas cores do arco-…ris. Para provar tal fato, Newton utilizou dois prismas, colocando o 
segundo recebendo as cores geradas pelo primeiro e compondo novamente a luz branca. 
Esta experincia foi necess‚ria, pois na €poca, acreditava-se que o prisma criava as cores 
espectrais.
Com essa teoria chamada Teoria corpuscular da luz, ele inventa o telescƒpio refletor – que 
causa aberra‰†es crom‚ticas, emprega um espelho cŠncavo, que reflete a luz.
3.1.1. Processo de Forma‚o de Cores
Aproveitando-se ent‡o a conclus‡o de Newton, pode-se ent‡o definir que as fontes 
luminosas brancas possuem todos os comprimentos de onda. Em conseqށncia, uma fonte 
luminosa colorida tem um comprimento de onda dominante que define o seu matiz.
10
As fontes luminosas n‡o s‡o somente caracterizadas pelo matiz (hue) que € a presen‰a de 
um comprimento de onda dominante, tamb€m se pode definir a intensidade ou brilho 
(brightness) - amplitude do comprimento de onda, e a satura‰‡o que € a concentra‰‡o em 
torno do comprimento de onda dominante.
Tendo-se em mente, estas trs principais caracter…sticas de uma fonte luminosa (matiz, 
brilho e satura‰‡o), vamos destacar um processo de forma‰‡o de cores baseado na palheta 
de um pintor. Basicamente, tem-se de um lado tinta branca, do outro, tinta preta e em uma 
outra extremidade tinta colorida (saturada). Œ intuitivo que ao se misturar a tinta saturada 
com a tinta branca h‚ uma perda de pureza, tornando esta tinta mais clara (tints). Por outro 
lado, ao misturar-se esta tinta saturada com o preto ocorrer‚ uma perda de luminˆncia, ou 
seja, tons mais escuros (shade). Os diversos tons de cinza (grays) aparecer‡o ao misturar-
se a tinta branca com a preta, e todos os outros tons existentes ficar‡o espalhados dentro 
deste triˆngulo definido pelas cores branca, preta e tinta saturada, como mostra a figura 
abaixo.
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O processo de forma‰‡o de cores por pigmenta‰‡o, baseia-se na descri‰‡o da palheta do 
pintor, uma vez que a luz ao atingir a camada de pigmentos sofre processos de reflex‡o, 
absor‰‡o e transmiss‡o (fenŠmeno conhecido como espalhamento) produzindo assim a(s) 
cor (es) desejada(s). Esta t€cnica, como n‡o poderia deixar de ser, € muito utilizada na
pintura de quadros.
Outro processo de forma‰‡o de cores € o chamado processo aditivo, um exemplo deste
processo pode ser visto a cima, onde duas fontes luminosas de cores diferentes s‡o 
projetadas em duas regi†es. Na ‚rea de interse‰‡o h‚ a forma‰‡o de uma nova cor, uma 
vez que, o olho n‡o consegue distinguir diferentes componentes. O processo aditivo € usado
largamente nas televis†es comerciais.
Outro processo, ainda, de forma‰‡o de cores € o 
processo subtrativo que € utilizado em slides. Este 
processo baseia-se no uso de filtros ou corantes que 
tem por objetivo filtrar determinados comprimentos 
de onda. Exemplificando: ao se emitir uma luz branca 
(que possui todos os comprimentos de onda) sobre 
um filtro verde, este filtra todos os comprimentos de 
onda deixando passar apenas o comprimento de 
onda relativo ‹ cor verde, produzindo assim o verde. Na utiliza‰‡o de corantes o processo € 
o mesmo sƒ que s‡o usados pigmentos que absorvem e refletem alguns comprimentos de 
onda.
3.2. Teoria das cores
A conscincia sobre as cores sempre esteve presente no humano, desde o tempo que ele 
andava em um universo verde atento para um alerta vermelho, fosse fruta, animal ferido ou 
fmea no cio.
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3.2.1. O que € cor?
Cor € como o olho humano (e o dos seres vivos animais) interpreta a reemiss‡o da luz vinda 
de um objeto que foi emitida por uma fonte luminosa por meio de ondas eletromagn€ticas, 
correspondentes ‹ parte do espectro eletromagn€tico que € vis…vel (400 a 700 nanŠmetros).
Pode ser definida tamb€m como uma percep‰‡o visual provocada pela a‰‡o de um feixe de 
fƒtons sobre c€lulas especializadas da retina, que transmitem atrav€s de informa‰‡o pr€-
processada no nervo ƒptico, impress†es para o sistema nervoso.
A cor de um material € determinada pelas m€dias de freqށncia dos pacotes de onda que as 
suas mol€culas constituintes refletem. Um objeto ter‚ determinada cor se n‡o absorver 
justamente os raios correspondentes ‹ freqށncia daquela cor.
Assim, um objeto € vermelho se absorve preferencialmente as frequncias fora do vermelho.
A cor € relacionada com os diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagn€tico. 
S‡o percebidas pelas pessoas, em faixa espec…fica (zona do vis…vel), e por alguns animais 
atrav€s dos ƒrg‡os da vis‡o, como uma sensa‰‡o que nos permite diferenciar os objetos do 
espa‰o com maior precis‡o.
Considerando as cores como luz, a cor branca resulta da sobreposi‰‡o de todas as cores, 
enquanto o preto € a ausncia de luz. Uma luz branca pode ser decomposta em todas as 
cores (o espectro) por meio de um prisma. Na natureza, esta decomposi‰‡o origina um arco-
…ris.
a) Carga de cor
Na f…sica de part…culas, carga de cor € uma propriedade de quarks e 
glˆons que est‚ relacionada com a for‰a existente entre eles, no 
contexto da cromodin‰mica qu‰ntica. Existem muitas analogias 
entre a carga de cor e a carga el€trica, contudo existem algumas 
importantes diferen‰as e complica‰†es adicionais. A cor de um quark ou um glˆon em nada 
tem a ver com o conceito tradicional de cor, tratando-se apenas de uma analogia. Pode-se 
convencionar que as trs cores existentes s‡o o vermelho, o azul e o verde. Da mesma 
maneira, cada cor tem sua anticor; antivermelho, antiazul e antiverde (ou ciano, magenta e 
amarelo).
13
Os quarks possuem trs cores: vermelho, azul e verde. Os antiquarks, antivermelho, antiazul 
e antiverde. As cores podem ser representadas como vetores em um plano, conforme a 
figura acima. A adi‰‡o das trs (anti)cores ou de uma cor e sua anticor gera a cor branca, ou 
seja, a ausncia de cor.
3.2.2. Luz
A fus‡o nuclear ocorrida no Sol produz um fluxo maci‰o de energia. A parte vis…vel pelo olho 
humano desta energia € chamada de luz. Devido ‹ dualidade onda-part…cula, a luz exibe 
simultaneamente propriedades de ondas e de part…culas. A distˆncia entre cada crista de tal 
onda € chamada de comprimento de onda.
Cor-luz ou cor-energia € aquela, em que a Teoria das Cores, que, contrapondo-se ‹ cor-
pigmento, diz respeito ‹ reflex‡o dos raios luminosos - e n‡o pela cor efetiva contida na 
substˆncia.
Identificada pelo fenŠmeno da refra‰‡o dos raios solares, essa concep‰‡o das cores deu-se 
pela primeira vez com o f…sico ingls Isaac Newton, no ano de 1666.
Segundo essa compreens‡o, a cor percebida pelos olhos € aquela refletida pelo objeto no 
qual o raio solar incide. O branco, assim, consiste na reuni‡o de todas as cores, ao passo 
em que o preto seria a ausncia de cor.
A cor pigmento, ao contr‚rio, ter‚ um efeito diverso: misturando-se todas as cores o 
resultado ser‚ uma esp€cie de marrom.
A comprova‰‡o cient…fica da teoria luminosa das cores pode ser feita com um experimento 
relativamente simples: colocando-se um disco contendo as sete cores do arco-…ris, ou seja, 
aquelas obtidas pela refra‰‡o, e girando-se velozmente o mesmo, a partir de certa 
velocidade o olho deixar‚ de perceber as varias cores e passar‚ a ver apenas o reflexo de 
todas elas juntas: o branco.
a) Espectro de luz vis…vel
Os comprimentos de onda vis…veis se encontram entre 380 e 750 nanŠmetros. Ondas mais 
curtas abrigam
o ultravioleta, os raios-X e os raios gamas. Ondas mais longas contm o 
infravermelho, o calor, as microondas e as ondas de r‚dio e televis‡o. O aumento de 
14
intensidade pode tornar percept…veis ondas at€ ent‡o invis…veis, tornando os limites do 
espectro vis…vel algo el‚stico.
Cor n‡o € um fenŠmeno 
f…sico. Um mesmo 
comprimento de onda pode 
ser percebido diferentemente 
por diferentes pessoas, ou 
seja, cor € um fenŠmeno 
subjetivo e individual. 
Exatamente como dizia 
Aristƒteles.
3.3. Diagrama de cromaticidade
A Comission Internationale de l'clairge (CIE), propŠs um m€todo para representa‰‡o 
perceptual de cores, utilizando as cores b‚sicas: vermelho (Red), verde (Green) e azul 
(Blue), daqui para frente sendo denominado de RGB. Como j‚ foi visto anteriormente, o olho 
humano n‡o consegue perceber componentes, desta forma o que se fez foi projetar uma luz 
em um determinado anteparo e regulando-se a intensidade das cores RGB tentar produzir a 
mesma sensa‰‡o de cor (metamerismo).
15
Entretanto, com o sistema proposto anteriormente, n‡o se consegue representar todas as 
cores vis…veis. A solu‰‡o para contornar este problema, foi de utilizar o artif…cio da subtra‚o, 
ou seja, faz-se uma das componentes RGB interagir com a cor desejada, produzindo ent‡o 
uma nova cor procurando com as outras duas restantes conseguir o metamerismo.
De acordo com o artif…cio de subtra‰‡o utilizado, podem-se montar fun‰†es auxiliares, como 
mostrados ao lado, de modo a formarem as cores espectrais. Deve-se somente frisar que 
estas fun‰†es mostradas n‡o s‡o as distribui‰†es espectrais, e sim fun‰†es que se 
combinadas reproduzem as cores espectrais, como por exemplo, a cor C(λ).
De forma a n‡o utilizar valores negativos, o CIE, em 1931, definiu padr†es prim‚rios - X, Y e 
Z, para substituir as cores RGB, para representar o espectro de cor, como por exemplo, 
apresentado para a cor C(λ). Estes padr†es n‡o correspondem a est…mulos reais de cor, ou 
seja, n‡o s‡o cores vis…veis. Um outro detalhe importante, € que o padr‡o Y foi escolhido, de 
forma a ser semelhante ‹ curva de sensibilidade do olho humano (luminˆncia).
16
Como j‚ foi mencionado, as cores do sistema XYZ n‡o s‡o realiz‚veis fisicamente. Sendo 
assim, pode-se obter as grandezas colorim€tricas desse sistema a partir do sistema CIE-
RGB, a partir das seguintes hipƒteses:
 As componentes de cor devem ser positivas.
 Deve-se obter o maior no poss…vel de cores espectrais com algumas coordenadas de 
cromaticidade nula e, duas prim‚rias devem ter luminˆncia ZERO.
17
Finalmente, definindo os vetores da cor branca de referncia de cada sistema e fazendo
uma transforma‰‡o inversa, obtm-se as grandezas do sistema XYZ em fun‰‡o de RGB 
como apresentado no quadro da p‚gina anterior. 
A forma do sƒlido de cor CIE XYZ (contem todas as cores vis…veis) pode ser visto ao lado. 
Basicamente, € de forma cŠnica, com o v€rtice 
na origem. Œ apresentado tamb€m o plano de
crominˆncia ou o plano de Maxwell (X + Y + Z = 
1), que tem importˆncia para se obter uma 
representa‰‡o param€trica do espa‰o de 
cromaticidade. Pode-se destacar tamb€m o 
triˆngulo formado pela interse‰‡o deste plano 
com os eixos do espa‰o de cor XYZ que € 
chamado triˆngulo de Maxwell. Analisando-se a 
figura ao lado, pode-se concluir que as cores 
vis…veis se encontram no primeiro octante do 
espa‰o de cor.
Uma cor C pode ser representada da seguinte forma C = x X + y Y + z Z. Pode-se definir 
valores de cromaticidade, que dependem somente dos comprimentos de onda dominantes e 
da satura‰‡o e s‡o independentes da parcela de energia luminosa (luminˆncia), a partir das 
seguintes equa‰†es: 
x = X / (X+Y+Z); y = Y/(X+Y+Z); z = Z/(X+Y+Z). 
Nota-se que x + y + z = 1, uma vez que x, y e z est‡o no plano X+Y+Z =1. 
Sendo assim, retirando o brilho ou a luminosidade da defini‰‡o da cor em CIE XYZ, e 
utilizando as coordenadas de cromaticidade x e y, obtem-se o Diagrama de Cromaticidade 
do CIE. O interior e o contorno deste diagrama com forma de ferradura representam todas 
as cores vis…veis. Todas as cores puras do espectro est‡o localizadas na regi‡o curva do 
contorno, enquanto que a linha reta deste contorno € chamada de Linha P„rpura ou Linha 
Magenta, uma vez que ao longo desta linha se encontram as cores p„rpuras e magenta 
saturadas. Estas cores n‡o podem ser definidas por um comprimento de onda dominante e 
desta forma s‡o denominadas n‡o-espectrais. Destaca-se ainda neste diagrama a luz 
branca padr‡o que € definida em um ponto prƒximo de x = y = z = 1/3.
18
Utilizando-se o Diagrama de Cromaticidade do CIE, pode-se visualizar com mais facilidade 
conceitos como satura‰‡o de uma cor e cores complementares. Na parte superior da figura 
abaixo se pode dizer que a satura‰‡o da cor C1 € definida como sendo a / (a+b). Na parte 
inferior verifica-se que C € complementar a C, pois s‡o cores que quando combinadas 
produzem a luz branca. Exemplos de cores complementares s‡o: o ciano - vermelho, 
magenta - verde e amarelo - azul. Este diagrama pode ser „til na visualiza‰‡o de gamutes 
de monitores e impressoras, e ser‡o vistos adiante no item sobre sistemas de cores 
utilizados nos dispositivos.
19
4. A ConcepÄÅo BiolÇgica das Cores
4.1. O olho humano
O olho humano € um mecanismo complexo desenvolvido para a percep‰‡o de luz e cor. Œ 
composto basicamente por uma lente e uma superf…cie fotossens…vel dentro de uma cˆmera, 
grosseiramente comparado a uma m‚quina fotogr‚fica.
Quando olhamos na dire‰‡o de algum objeto, a imagem 
atravessa primeiramente ‹ cƒrnea, uma pel…cula 
transparente que protege o olho. Chega, ent‡o, ‹ …ris, que 
regula a quantidade de luz recebida por meio de uma 
abertura chamada pupila. Quanto maior a pupila, mais luz 
entra no olho.
Passada a pupila, a imagem chega a uma lente, o cristalino, e € focada 
sobre a retina. A lente do olho produz uma imagem invertida, e o c€rebro 
a converte para a posi‰‡o correta. Na retina, mais de cem milh†es de 
c€lulas fotorreceptoras transformam as ondas luminosas em impulsos 
eletroqu…micos, que s‡o decodificados pelo c€rebro. 
Essas c€lulas fotorreceptoras podem 
ser classificadas em dois grupos: os 
cones e os bastonetes. Os bastonetes s‡o os mais 
exigidos a noite, pois requerem pouca luz para 
funcionar, mas n‡o conseguem distinguir cores. As 
c€lulas respons‚veis pela vis‡o das cores s‡o os cones.
20
Uns s‡o sens…veis ao azul, outros ao vermelho e outros ao verde. O mais surpreendente € 
que a estimula‰‡o combinada desses trs grupos de cones € capaz de produzir toda a 
extensa gama de cores que o ser humano enxerga. E a ausncia de qualquer um desses 
tipos resulta numa doen‰a chamada daltonismo, que € a cegueira ‹ determinada cor. 
A cƒrnea e a lente ocular formam uma lente composta cuja fun‰‡o € focar os est…mulos 
luminosos. A …ris (parte externa colorida) € fotossens…vel e comanda a abertura e fechamento 
da pupila da mesma maneira que um obturador. O interior da …ris e da corƒide € coberto por 
um pigmento preto que evita que a luz refletida se espalhe pelo interior dos olhos.
O interior dos olhos € coberto pela retina. Uma superf…cie n‡o maior que uma moeda de um 
real e da espessura de uma folha de papel. Neste ponto do processo da vis‡o, o olho deixa 
de se assemelhar a uma m‚quina fotogr‚fica e passa a agir mais como um scanner. A retina 
€ composta por milh†es de c€lulas altamente especializadas que captam e processam 
informa‰‡o visual a ser interpretada pelo c€rebro. A fƒvea, no centro visual do olho, € rica 
em cones, um dos dois tipos de c€lulas fotorreceptoras. O outro tipo, o bastonete, se 
espalha pelo resto da retina. Os cones, segundo a teoria
tricrom‚tica (teoria de Young-
Helmholtz), s‡o respons‚veis pela capta‰‡o da informa‰‡o luminosa vinda da luz do dia, das 
cores e do contraste. Os bastonetes s‡o adaptados ‹ luz noturna e ‹ penumbra.
4.1.1. Os tr‡s tipos de cones
Os cones se dividem em trs tipos e respondem preferencialmente a comprimentos de 
ondas diferentes. Temos cones sens…veis aos azuis e violetas, aos verdes e amarelos, e aos 
vermelhos e laranjas. Aos primeiros se d‚ o nome de B (blue), aos segundos G (green) e 
aos „ltimos R (red).
21
Os cones s‡o distribu…dos de forma desequilibrada sobre a retina. 94% s‡o do tipo R e G, 
enquanto apenas 6% s‡o do tipo B. Esta aparente distor‰‡o € de fato uma adapta‰‡o 
evolutiva. A presen‰a de um terceiro cone € uma caracter…stica dos primatas. Os demais 
mam…feros contam com apenas dois cones. O terceiro cone que desenvolvemos, al€m de 
dar mais informa‰†es sobre cores, traz fundamentalmente uma melhoria na percep‰‡o de 
contrastes. Isto proporcionou aos primatas uma vantagem na competi‰‡o por alimentos e na 
vida nas copas das ‚rvores.
4.1.2. O que o olho humano € capaz de ver?
Embora nƒs possamos contar com nossos olhos para nos trazer a maior parte das 
informa‰†es do mundo externo, eles n‡o s‡o capazes de revelar tudo. Nƒs podemos ver 
apenas objetos que emitam, ou seja, iluminados por ondas de luz em nosso alcance de 
percep‰‡o, que representa somente 1/70 de todo o espectro eletromagn€tico. 
O olho humano enxerga radia‰†es luminosas entre 4 mil e 8 mil angstr‘ns (unidade de 
comprimento de onda). Homem e macaco s‡o os „nicos mam…feros capazes de enxergar 
cores. 
Certos animais (p‚ssaros, alguns r€pteis e peixes) foram evolutivamente privilegiados com 
um tipo de cone a mais (totalizando quatro tipos de cones contra apenas dois da maioria dos 
mam…feros e trs dos seres humanos e dos demais primatas) e desenvolveram um sistema 
visual tetra crom‚tico, que possibilita a vis‡o ultravioleta (GOLDSMITH, 2006). Esta, ali‚s,
motivo de controv€rsia, pois dados da literatura cient…fica indicam que pessoas cujos 
cristalinos foram removidos devido ‹ cirurgia da catarata, passaram a ter ƒtima vis‡o na 
faixa do ultravioleta (WALD, 1969). Por€m, tal vis‡o seria invi‚vel sem os cones com 
sensibilidade apropriada. Alguns insetos e artrƒpodes tamb€m s‡o capazes de perceber a 
radia‰‡o ultravioleta, mas possuem um sistema visual colorido diferenciado em rela‰‡o ao 
do homem (ROBINSON, 2007; GOLDSMITH, 2006). A maioria dos insetos, por exemplo, 
n‡o distingue a cor vermelha (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).
4.1.3. A subjetividade das cores
Toda cor € uma interpreta‰‡o que o c€rebro faz dos sinais luminosos. Por isso, nunca se 
saber‚ ao certo se duas pessoas enxergam uma cor exatamente da mesma maneira. ’s 
vezes, a percep‰‡o de uma cor pode ser afetada pelo efeito de contraste.
22
4.2. A teoria tricrom‰tica
4.2.1. Introdu‚o
A vis‡o consiste numa esp€cie de interface entre um organismo e o meio exterior, capaz de 
distinguir entre as radia‰†es eletromagn€ticas existentes aquelas que s‡o sens…veis. Apenas 
trs filos do reino animal possuem tal capacidade (WALD, 1969). Œ um processo t‡o 
complexo que, no caso dos seres humanos, envolve cerca de quarenta por cento (40%) do 
c€rebro; a maior propor‰‡o entre os cinco sentidos (WERNER; PINNA; SPILLMANN, 2007).
Enxergar cores € tido por alguns como um privil€gio desnecess‚rio. Certamente, in„meras 
sensa‰†es e emo‰†es seriam dramaticamente afetadas, mas afora conseqށncias 
subjetivas, nada seria significativamente prejudicado em n…vel de sobrevivncia sem o plus 
da vis‡o colorida. Hoje, talvez isso fa‰a algum sentido, por€m, h‚ milh†es de anos, foi 
justamente em fun‰‡o da sobrevivncia dos mais aptos que nossos ancestrais se 
beneficiaram de muta‰†es gen€ticas que permitiram distinguir no ambiente as cores de 
frutos em meio ‹ folhagem (GOLDSMITH, 2006). Esse luxo da humanidade e de poucos 
primatas, compartilhado apenas com aves, lagartos, tartarugas e alguns peixes teria, 
entretanto, fun‰†es mais relevantes que enfeitar a vida. Estudos recentes indicam uma 
grande dependncia entre as cores e outros atributos dos objetos tais como a forma e a 
profundidade (WERNER; PINNA; SPILLMANN, 2007).
Uma das primeiras tentativas de explicar o processamento visual colorido foi proposta no 
in…cio do s€culo XIX, pelo f…sico ingls Thomas Young (On The Theory Of Light And Colours, 
1802), e aprimorada pelo m€dico e f…sico alem‡o Hermann von Helmholtz (Physiological
Optics, 1866), passando a compor os primƒrdios do que hoje conhecemos por teoria 
tricrŠmica. Obteve respaldo quando, em 1964, foram efetivadas medidas de absor‰‡o da luz 
em um „nico cone (fotoc€lula da retina) por interm€dio de um microespectrofotŠmetro. Por 
n‡o conseguir explicar certos aspectos da vis‡o (como a inexistncia de certas cores como, 
por exemplo, verdes avermelhados), outra teoria foi desenvolvida pelo fisiologista alem‡o 
Karl Ewald Hering, que propŠs um sistema visual baseado na oponncia de cores. N‡o h‚ 
ainda um consenso ou uma teoria capaz de abranger a enorme variedade de quest†es em 
aberto (BARTHEM, 2005; NASCIMENTO, 2004).
A vis‡o das cores vai muito al€m da simples absor‰‡o e reflex‡o de determinados
comprimentos de onda da luz. Œ um fenŠmeno que requer uma abordagem bem mais ampla 
23
e multidisciplinar do conhecimento (PESA; BRAVO; COLOMBO, 2003; WERNER; PINNA; 
SPILLMANN, 2007).
De fato, a diversidade de institutos de pesquisa e de profissionais envolvidos corresponde a 
esta demanda: neurocientistas, psicof…sicos, bioqu…micos, f…sicos e biƒlogos, colaboram com 
esfor‰os interdisciplinares para uma melhor compreens‡o dessa complexa intera‚o entre 
mat€ria e energia.
4.2.2. Sintonizando... De 428 a 750 terahertz
De todo o espectro eletromagn€tico (Fig. 1), apenas uma estreita faixa € captada pelos olhos 
humanos.
24
Quando a freqށncia da radia‰‡o eletromagn€tica atinge 750 terahertz (o que corresponde a 
um comprimento de onda de 400 nm limite do violeta com o ultravioleta), a energia do fƒton 
€ mais do que suficiente (cerca de 3,11 eV) para sensibilizar uma fotoc€lula da retina, por€m 
n‡o a atinge. O fƒton da luz ultravioleta € absorvido, antes de chegar ‹ retina, pelo cristalino 
e pelos humores do olho, sendo tamb€m invis…vel.
Logo, os limiares da vis‡o humana situam-se entre 400 nm e 700 nm. Tais valores s‡o 
usados apenas como parˆmetros de referncia, pois podem variar consideravelmente para 
cada pessoa. Alguns estudos apontam estes limites entre 380 nm (ultravioleta prƒximo ou 
UV A) e 760 nm (infravermelho prƒximo ou IV A). Outros, baseados em n…veis de intensidade 
luminosa, demonstram, em investiga‰†es espec…ficas, valores entre 312 nm (ultravioleta 
m€dio ou UV B) e 1.050 nm (infravermelho prƒximo ou IV A) (WALD, 1969).
4.2.3. Vis‚o colorida
O mecanismo da vis‡o humana € um dos exemplos mais fant‚sticos da capacidade de 
transdu‰‡o que pode ser apresentado por uma estrutura biolƒgica. Ondas luminosas (uma 
25
determinada gama de freqށncias da radia‰‡o eletromagn€tica) atingem c€lulas 
fotossens…veis da retina (considerada uma esp€cie de prolongamento ou extens‡o do 
c€rebro at€ os olhos) a todo instante. A energia transportada por essas ondas sob a forma 
de pacotes, denominados fƒtons, € transformada em sinais el€tricos codificados para serem 
decodificados pelo c€rebro. Ocorre uma s€rie de eventos f…sicos, biolƒgicos e qu…micos, 
esquematizados na Fig. 2. Resumidamente, a energia do fƒton de luz (est…mulo f…sico) 
provocar‚ altera‰‡o na estrutura qu…mica da mol€cula de retinal (ilustrada na Fig. 3), 
presente nas fotoc€lulas da retina e semelhante ‹ vitamina A. A altera‰‡o na estrutura 
qu…mica da mol€cula de retinal acarretar‚
varia‰‡o no potencial el€trico de repouso de suas
membranas celulares, gerando um potencial de a‰‡o. Este pulso el€trico propagar-se-‚, 
atrav€s de sinais eletroqu…micos mediados por neurotransmissores, como um cƒdigo el€trico 
conduzido ao c€rebro que o decodificar‚ na forma de imagem (OKUNO; CALDAS; CHOW, 
1986; GOLDSMITH, 2006).
Os cones s‡o geralmente denominados por cores, mas isso n‡o significa que tenham as 
cores que os nomeiam; representa uma afinidade com o comprimento de onda associado ‹s 
suas regi†es de absor‰‡o. Modernamente, costuma-se identificar cada tipo de cone pelo 
comprimento de onda espec…fico associado ‹ sua m‚xima absor‰‡o. A Tabela 2 apresenta 
um conjunto de caracter…sticas desse tipo de fotoc€lula.
26
Fig. 2 - Esquema das estruturas envolvidas no sistema visual. (A) Olho humano recebendo energia luminosa 
de um fƒton de luz. A retina € uma fina camada com cerca de 0,5 mm de espessura que reveste internamente 
o olho. (B) Retina ampliada: camadas de c€lulas nervosas e c€lulas fotossens…veis. (C) Uma c€lula 
fotossens…vel ampliada. No segmento externo existem diversos discos empilhados, cada um deles (em 
destaque) tem sua membrana crivada com milhares de complexos de rodopsina. (D) Cada complexo consiste 
de uma prote…na atravessada na membrana em cujo ˆmago um nicho cont€m uma mol€cula de retinal
27
Ao observar o gr‚fico da Fig. 4, € poss…vel verificar a combina‰‡o de diferentes graus de 
sensibiliza‰‡o (absor‰‡o relativa de luz) de cada cone em resposta aos diferentes est…mulos 
visuais (cores).
Para entender como funciona a interpreta‰‡o da informa‰‡o codificada, conforme ilustra a 
Tabela 3, observe que, no gr‚fico da Fig. 4, onde as linhas verticais tracejadas (exemplos de 
algumas cores) cortam as curvas de absor‰‡o relativa de cada cone, formando os pontos de 
cruzamento correspondentes aos valores de absor‰‡o relativa daquele cone para aquela 
cor. Por exemplo: a linha vertical tracejada que indica a cor verde corta a curva do cone 
vermelho em 31%, do cone azul em 36% e do cone verde em 67%, ou seja, a combina‰‡o 
desses trs percentuais de estimula‰‡o perfaz o cƒdigo: 31 36 67 o qual ser‚ interpretado
pelo c€rebro como (uma das muitas gamas da) cor verde.
28
4.3. A Percep‚o das Cores
As cores sƒ existem se trs componentes estiverem presentes: um observador, um objeto e 
luz. Apesar de a luz branca ser normalmente encarada como "sem cor", na realidade ela 
cont€m todas as cores do espectro vis…vel. Quando a luz branca atinge um objeto ele 
absorve algumas cores e reflete outras; somente as cores refletidas contribuem para a 
interpreta‰‡o da cor feita pelo observador. 
4.3.1. Nossos olhos e a vis‚o
O olho humano sente o espectro de cores usando uma combina‰‡o da informa‰‡o vinda de 
c€lulas localizadas no olho, chamadas de cones e bastonetes. Os bastonetes s‡o mais 
adaptados a situa‰†es de pouca luz, mas eles somente detectam a intensidade da luz, os 
cones, por outro lado, funcionam melhor com intensidades maiores de luz e s‡o capazes de 
29
discernir as cores. Existem trs tipos de cones nos nossos olhos, cada um especializado em 
comprimentos de luz curtos (S), m€dios (M) ou longos (L). O conjunto de sinais poss…veis 
dos trs tipos de cones define a gama de cores que conseguimos ver. O exemplo abaixo 
ilustra a sensibilidade relativa de cada um dos tipos de c€lulas cone para todo o espectro de 
luz vis…vel – de 400nm a 700 nm. 
Note como cada tipo de c€lula n‡o sƒ se especializa em uma cor, mas tamb€m tem n…veis 
vari‚veis de sensibilidade ao longo de uma gama de comprimentos de onda. Note tamb€m 
como a percep‰‡o humana de cores € mais sens…vel ‹ luz na regi‡o amarelo-verde do 
espectro; essa informa‰‡o € utilizada nas chamadas “bayer arrays" nas cˆmeras digitais 
modernas. 
4.3.2. Misturando cores por adi‚o e subtra‚o
Praticamente todas as cores vis…veis podem ser produzidas utilizando alguma mistura de 
cores prim‚rias por combina‰‡o aditiva ou subtrativa. O processo aditivo cria cores 
adicionando luz a um fundo preto, o processo subtrativo usa pigmentos ou tinturas para, 
30
seletivamente, bloquear a luz branca. A compreens‡o de cada um desses processos € a 
base fundamental para entender a reprodu‰‡o de cores. 
As cores nos trs c…rculos exteriores s‡o chamadas de prim‚rias e s‡o diferentes em cada 
um dos diagramas. Aparatos que se baseiam em cores prim‚rias para representar cores sƒ 
podem produzir uma gama limitada de cores. Os monitores de computador, por exemplo, 
emitem luz para produzir cores atrav€s do processo aditivo; impressoras, por outro lado, 
usam tinta, ou pigmento, para absorver a luz, atrav€s do processo subtrativo. Œ por isso que 
a grande maioria de monitores usa uma combina‰‡o de pixels vermelho, verde e azul (o que 
€ comumente chamado de RGB, do ingls "red, green and blue"). As impressoras, por sua 
vez, usam (pelo menos) tintas das cores ciano, magenta e amarelo (o que € chamado de 
CMY, do ingls "cyan, magenta and yellow"). Muitas impressoras tamb€m utilizam a tinta 
preta (abreviado, nesse caso, por CMYK, aonde o K vem de "blacK"), j‚ que uma 
combina‰‡o de CMY n‡o € capaz de produzir preto profundo. 
Processos subtrativos s‡o mais suscet…veis ‹s mudan‰as na luz ambiente j‚ que eles 
dependem dessa luz para produzir as cores. Cores impressas normalmente necessitam de 
um tipo espec…fico de luz para reproduzir fielmente as cores que s‡o vistas em uma tela.
31
4.3.3. Propriedades da cor: Tom e Satura‚o
A cor tem dois componentes „nicos que a separa da luz acrom‚tica: tom e satura‰‡o. 
Descrever cores usando esses termos pode ser altamente subjetivo, mas cada um deles 
pode ser ilustrado mais objetivamente se inspecionarmos o espectro de cor da luz. 
As cores que vemos todos os dias n‡o s‡o compostas de luz de apenas um comprimento de 
onda, mas cont€m uma grande gama de comprimentos de onda. O tom de uma cor 
descreve qual comprimento de onda parece ser o mais dominante. O objeto cujo espectro € 
mostrado abaixo seria percebido como azulado, mas cont€m registros de v‚rios outros 
comprimentos de onda. 
A satura‚o de uma cor € a medida de sua pureza. Uma cor muito saturada € uma cor que 
cont€m um conjunto muito estreito de comprimentos de onda e aparenta ser muito mais 
pronunciada que uma cor similar menos saturada. O seguinte exemplo ilustra o espectro 
para ambos uma cor azul saturada e uma n‡o saturada.
32
4.4. Psicologia das cores
Nenhuma cor € feia. A cor € apreci‚vel em si mesma, em absoluto, qualquer que seja ela. 
Ainda que a atra‰‡o de cada cor espec…fica seja desigual, a referida atra‰‡o sempre ocorre 
em algum grau. Isto resulta do fato mesmo de a cor ser o objeto formal (isto €, espec…fico, ou 
essencial) da vis‡o; € a cor daquele objeto que d‚ a forma a esta esp€cie de conhecimento. 
Assim tamb€m acontece em outros planos do sens…vel, sempre que a quest‡o for de objeto 
formal nenhum som isolado € desagrad‚vel, nenhum odor € malcheiroso. 
H‚ cores quentes e frias, leves e pesadas, calmantes e excitantes, de al…vio e opressivas; 
cada uma das cores goza de tais propriedades em fun‰‡o do que as cores s‡o em si 
mesmas. 
Pode-se antever que os efeitos psicodinˆmicos da cor s‡o de grande volume e variados, por 
causa da predominˆncia do sentido da vis‡o sobre todos os demais sentidos. 
Este grande efeito psicodinˆmico das cores ainda ocorre em virtude da consider‚vel 
diversidade das cores, sua grada‰‡o de luminosidade, diferen‰a de intensidade, al€m da 
varia‰‡o dos espa‰os e formas das ‚reas coloridas. 
A preferncia do indiv…duo por determinados efeitos psicodinˆmicos da cor, pode servir de 
sintoma para revelar sua …ndole temperamental e mesmo o car‚ter que formou. 
J‚
que as cores estimulam em dire‰‡o a determinados comportamentos, o interesse por 
esta ou aquela cor e as circunstˆncias em que isto acontece, informa sobre a pessoa 
mesma. 
As circunstˆncias poder‡o interferir e determinar o apelo diferenciado ‹s cores. H‚ tamb€m 
interferidores no uso das cores contra as propriedades psicolƒgicas das cores. A moda, por 
exemplo, determina preferncias, que podem n‡o ser as da inclina‰‡o espontˆnea. As cores 
determinadas podem n‡o definir com precis‡o o car‚ter e a …ndole da pessoa que a usa. 
Tamb€m por motivos funcionais, sobretudo teraputicos, uma cor poder‚ ter sido eleita 
exatamente para reverter uma tendncia. A psicodinˆmica das cores poder‚ determinar 
comportamentos complexos. Por exemplo, - se um homem subitamente se interessa por 
gravatas vermelhas, ou uma mulher passa a se vestir mais vezes com a cor rosa, - algo 
inconsciente pode estar comandando este comportamento. Um homem poder‚ estar no 
empenho de conquista de uma parceira, ou a mulher na conquista de um parceiro. 
Portanto o s„bito interesse pelo vermelho (a cor mais sexual e mais ativa) denotou a 
vitalidade sexual notƒria do homem ou da mulher que manifestaram o fenŠmeno. Naquele 
33
momento a denota‰‡o se manifestou em algo especial, como a do novo relacionamento 
sexual a cultivar. 
4.4.1. Cor e personalidade
Vagamente, os tipos de personalidade conseguem ser determinados pela cor e as 
complexas circunstˆncias em que s‡o utilizadas. A tudo isto n‡o est‚ atento apenas o 
psicƒlogo, mas o artista que p†e a seu servi‰o os resultados da observa‰‡o da psicologia, 
para colocar a cor certa nas cria‰†es de suas express†es em cor.
Na cultura ocidental, as cores podem ter alguns significados, alguns estudiosos afirmam que 
podem provocar lembran‰as e sensa‰†es ‹s pessoas.
 Cinza: elegˆncia, humildade, respeito, reverncia, sutileza; 
 Vermelho: paix‡o, for‰a, energia, amor, lideran‰a, masculinidade, alegria (China), perigo, 
fogo, raiva, revolu‰‡o, "pare"; 
 Azul: harmonia, confidncia, conservadorismo, austeridade, monotonia, dependncia, 
tecnologia, liberdade; 
 Ciano: tranqŽilidade, paz, sossego, limpeza, frescura; 
 Verde: natureza, primavera, fertilidade, juventude, desenvolvimento, riqueza, dinheiro 
(Estados Unidos), boa sorte, ci„mes, ganˆncia, esperan‰a; 
 Amarelo:velocidade, concentra‰‡o, optimismo, alegria, felicidade, idealismo, riqueza 
(ouro), fraqueza, dinheiro; 
 Magenta: lux„ria, sofistica‰‡o, sensualidade, feminilidade, desejo; 
 Violeta: espiritualidade, criatividade, realeza, sabedoria, resplandecncia, dor; 
 Alaranjado: energia, criatividade, equil…brio, entusiasmo, ludismo; 
 Branco: pureza, inocncia, reverncia, paz, simplicidade, esterilidade, rendi‰‡o; 
 Preto: poder, modernidade, sofistica‰‡o, formalidade, morte, medo, anonimato, raiva, 
mist€rio, azar; 
 Castanho: sƒlido, seguro, calmo, natureza, r„stico, estabilidade, estagna‰‡o, peso, 
aspereza. 
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4.4.2. O efeito de cada cor
Algumas evidncias cient…ficas sugerem que a luz de diversas cores, que entra pelos olhos, 
pode afetar diretamente o centro das emo‰†es. Cada um de nƒs responde ‹ cor de uma 
forma particular. As pessoas tendem tamb€m a ser atra…das por certas cores, em virtude de 
alguns fatores determinantes. Sua escolha pode estar baseada em seu tipo de 
personalidade, nas condi‰†es circunstanciais de sua vida ou em seus desejos e processos 
mentais mais …ntimos, profundos e at€ inconscientes.
As pessoas n‡o escolhem necessariamente uma cor porque ela € boa para si prƒprias, mas 
porque gostam da cor, mesmo que esta possa ser contr‚ria ‹s suas necessidades.
Existem muitos testes psicolƒgicos,que foram desenvolvidos para nos ajudar a nos 
conhecermos melhor, por meio do poder da cor. A atra‰‡o forte de uma pessoa pelo 
vermelho indica o tipo de personalidade afirmativo e extrovertido, de algu€m que tem 
vontade firme, enquanto a avers‡o a essa cor sugere um indiv…duo t…mido e provavelmente 
isolado da sociedade.
a) As cores t‡m influ‡ncias em nossos componentes f…sico, mental e emocional.
Aspectos favor‰veis: o vermelho, sugere motiva‰‡o, atividade e vontade. Ele atrai vida nova 
e pontos de partida in€ditos. O vermelho est‚ associado ao calor e ‹ excita‰‡o, com a 
iniciativa e a disposi‰‡o para agir, com o esp…rito de pioneirismo que nos eleva. Persistncia, 
for‰a f…sica, est…mulo e poder s‡o seus tra‰os t…picos. Afetuosidade e perd‡o s‡o duas belas 
qualidades dessa cor, assim como a prosperidade e a gratid‡o. Amor f…sico e paix‡o carnal 
s‡o sinŠnimos do vermelho.
Aspectos desfavor‰veis: indecncia e grosseria, falta de polidez e certa obstina‰‡o podem 
come‰ar a aparecer aqui. Crueldade f…sica, brutalidade e perigo tornam-se mais evidentes. A 
intensidade e for‰a intr…nsecas do vermelho, podem transformar-se em raiva e f„ria belicosa, 
ou se expressam sob a forma de brutalidade, crueldade, rancor ou revolta.
Efeitos f…sicos do vermelho: o vermelho € uma cor quente, com natureza extrovertida. Essa 
cor estimula a vitalidade e energia em todo o organismo vivo e, quando houver indolncia, 
estimula a atividade. O vermelho faz a adrenalina circular, ajuda a circula‰‡o sangŽ…nea 
dentro do corpo e promove a produ‰‡o de hemoglobina para os glƒbulos vermelhos novos. 
35
Essa cor aumenta a press‡o sangu…nea, promove o aquecimento do corpo e estimula o 
sistema nervoso, motivo pelo qual pode ser usada com tanta efic‚cia para tratar de v‚rios 
tipos de dormncia e paralisia. Anemia, resfriados e pneumonia s‡o outras doen‰as que 
podem ser melhoradas pelo vermelho.
O vermelho traz vigor ‹s fun‰†es f…sicas e atenua a in€rcia, a melancolia, a tristeza, a 
depress‡o e a letargia. Essa cor transfere a energia necess‚ria ‹ reconstru‰‡o e ‹ 
fortifica‰‡o do corpo. Ela € particularmente „til para as fases de esgotamento ou baixa 
resistncia. Atua como tŠnico e pode abortar os primeiros sinais de um resfriado. Nos casos 
de resfriado, um m€todo pr‚tico de introduzir a energia do vermelho € usando meias ou 
luvas vermelhas e uma camiseta ou cachecol da mesma cor.
O vermelho n‡o € recomend‚vel para o tratamento de febres, hipertens‡o, ou quaisquer 
condi‰†es inflamatƒrias, como incha‰†es, feridas abertas, queimaduras ou contus†es.
Aspectos favor‰veis: assim como o vermelho, a cor laranja € expansiva e afirmativa; contudo 
€ mais construtiva. O laranja reflete entusiasmo com vivacidade impulsiva e natural. Essa 
cor traz as "bn‰‡os da vida ": boa sa„de, vitalidade, criatividade e alegria, assim como 
confian‰a, coragem, anima‰‡o, espontaneidade e atitude positiva frente ‹ vida. 
Comunica‰‡o, movimento e iniciativa geralmente s‡o elementos dessa cor, cujo atributo 
mais elevado € a beatitude celeste.
Aspectos desfavor‰veis: o efeito colateral da cor laranja pode incluir uma atitude autorit‚ria 
ou esmagadora. Isso pode ser expresso como ostenta‰‡o ou tra‰o exibicionista. As 
vibra‰†es negativas do laranja est‡o associadas com descontentamento, melancolia e 
tristeza e, suas formas extremas s‡o refletidas por perda da vitalidade, abatimento e 
destrutividade.
Efeitos psicolƒgicos do laranja: a energia dessa cor tem algumas semelhan‰as b‚sicas com 
o vermelho e o amarelo, estimulando o sangue e os processos circulatƒrios e influenciando 
as fun‰†es mentais e os sistemas respiratƒrio e nervoso. O laranja energiza o corpo e ajuda 
nos processos de assimila‰‡o e distribui‰‡o. Essa € a cor do c‚lcio e € recomend‚vel para 
gestantes e m‡es que desejam aumentar a produ‰‡o de leite para a amamenta‰‡o. 
Cabelos, unhas, ossos e dentes saud‚veis s‡o produzidos por essa cor. O laranja pode ser 
usado no tratamento dos dist„rbios do ba‰o e dos rins.
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Por exemplo, essa cor poderia ser introduzida
em nosso sistema, usando-a em qualquer 
parte do copo da metade para baixo com cal‰as e roupas …ntimas. O laranja afeta as fun‰†es 
fisiolƒgicas do estŠmago, pˆncreas, bexiga e pulm†es e trata „lceras e c‚lculos biliares. Œ 
particularmente eficaz para eliminar flatos e gazes do corpo, trazendo equil…brio aos 
indiv…duos que sofrem de cƒlicas intestinais e cƒlon esp‚stico ou pregui‰oso. A constipa‰‡o 
tamb€m pode ser tratada com sucesso pela cor laranja.
Essa cor estimula batimentos card…acos mais fortes e € „til para o f…gado. Portanto, essa € 
uma cor adequada para o tratamento dos alcoƒlicos. Em virtude do seu efeito sobre o 
sistema respiratƒrio, o laranja tamb€m € muito „til no tratamento da bronquite, promovendo 
respira‰†es r…tmicas e profundas. Algumas das tonalidades mais suaves dessa cor podem 
ser usadas no tratamento da artrite e do reumatismo.
O laranja n‡o € adequado para pessoas facilmente irrit‚veis ou estressadas.
Aspectos favor‰veis: o amarelo € a cor mais clara e a que mais se assemelha ao Sol. Essa 
cor traz consigo a esperan‰a e o sentimento de que tudo correr‚ bem. Ela tem uma 
atmosfera de resplendor, brilho, jovialidade e alegria.
O amarelo € compreensivo e inspirador; ele refulge e ilumina e, em sua vibra‰‡o mais 
positiva, essa cor corresponde ao conhecimento e ‹ sabedoria. Raz‡o e lƒgica s‡o seus 
atributos e deles se irradiam discrimina‰‡o intelectual, discernimento e capacidade de 
decis‡o.
Aspectos desfavor‰veis: a vibra‰‡o negativa do amarelo pode ser extremamente destrutiva. 
Ela envolve decep‰‡o, afastamento, comportamento controlador, discri‰‡o, maldade, 
comportamento vingativo e bajula‰‡o. Essa cor pode levar a uma negatividade extrema 
associada com depress‡o mental e pessimismo profundo.
Efeitos f…sicos do amarelo: o amarelo age refor‰ando o sistema nervoso e os m„sculos, 
inclusive o cora‰‡o, facilitando a circula‰‡o. Essa cor ajuda a estimular v‚rias fun‰†es 
corporais, tais como as a‰†es do f…gado, da ves…cula biliar e o fluxo de bile. O amarelo 
promove a secre‰‡o dos sucos g‚stricos e alivia a constipa‰‡o e indigest‡o, estimulando o 
trˆnsito intestinal normal. Essa € uma cor excelente para o tratamento dos dist„rbios 
inflamatƒrios das articula‰†es e tecidos conjuntivos e pode aliviar a artrite, o reumatismo e a 
gota.
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Sente-se regularmente por algum tempo sob a luz do Sol e impregne-se dos raios amarelo-
dourados radiantes, sempre que isso for poss…vel.
O amarelo tem a capacidade de dissolver depƒsitos de c‚lcio dentro do organismo e, dessa 
forma, € eficaz para atenuar a rigidez e as dores articulares experimentadas durante o 
movimento. Essa cor tamb€m € purgativa e trabalha excepcionalmente bem, estimulando os 
rins e o f…gado, al€m de dissolver as secre‰†es mucosas do corpo. O amarelo pode limpar a 
corrente sangŽ…nea e ativar o sistema linf‚tico. Ajuda os pacientes diab€ticos a reduzir a 
dose di‚ria da insulina pancre‚tica. Iodo, fƒsforo, ouro e enxofre contm essa energia do 
amarelo.
Embora o amarelo seja uma cor que estimule o c€rebro e as faculdades mentais, n‡o € 
recomend‚vel para qualquer pessoa que tenha doen‰as mentais ou neuroses graves.
Aspectos favor‰veis: a energia do verde reflete participa‰‡o, adaptabilidade, generosidade e 
coopera‰‡o. Essa cor atenua as emo‰†es, facilita o racioc…nio correto e amplia a conscincia 
e compreens‡o. Ela € a imagem da seguran‰a e da prote‰‡o e cria um ambiente prop…cio 
para tomar decis†es. Espa‰o, liberdade, harmonia e equil…brio s‡o aspectos que se originam 
do sentimento natural de justi‰a do verde. Essa cor atua como um sinal para a renova‰‡o da 
vida e sua vibra‰‡o mais elevada reflete o esp…rito de evolu‰‡o.
Aspectos desfavor‰veis: avareza, indiferen‰a e inseguran‰a s‡o algumas das express†es 
negativas da cor verde. Racioc…nio prec‚rio, cautela excessiva e suspeita est‡o 
representados na natureza negativa dessa cor e, junto com a precocidade, podem indicar 
ci„mes, inveja, ego…smo e preconceito. Em seus n…veis mais inferiores, o verde promove 
estagna‰‡o e por fim degenera‰‡o.
Efeitos f…sicos do verde: a cor verde € particularmente ben€fica para o sistema nervoso 
simp‚tico e € „til para a cura em geral,equilibrando e recuperando as c€lulas. Essa cor est‚ 
relacionada com o cora‰‡o e produz um efeito direto sobre as fun‰†es card…aca e pulmonar. 
Ela dissolve co‚gulos sangŽ…neos e elimina a estagna‰‡o e o endurecimento das c€lulas. A 
cor verde ajuda na forma‰‡o dos m„sculos, da pele e dos tecidos. Tamb€m ajuda na 
elimina‰‡o de substˆncias tƒxicas e atua como um adstringente suave.
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O verde atenua a tens‡o e pode reduzir a press‡o sangŽ…nea. Ele produz um efeito sedativo 
e relaxante, embora possa causar sonolncia, cansa‰o ou irritabilidade, se n‡o for usado 
corretamente.
J‚ que essa cor € capaz de influenciar a estrutura celular b‚sica,pode ser usada para tratar 
tumores, cistos e prolifera‰†es. Ela € particularmente adequada para os problemas 
tor‚cicos, como: asma, bronquite crŠnica e angina. Passeios freqŽentes nos parques da sua 
cidade ou em ‚reas rurais para "respirar ar puro" tamb€m s‡o eficazes nesse sentido.
O verde tamb€m € usado para tratar as condi‰†es inflamatƒrias do f…gado, resfriados e dores 
de cabe‰a. J‚ que essa cor atua como uma for‰a equilibrante, atenua o medo em situa‰†es 
traum‚ticas e € eficaz no tratamento do choque.A cor verde tamb€m ajuda as pessoas que 
sofrem de claustrofobia.
Aspectos favor‰veis: produz uma vibra‰‡o constante, que n‡o subjuga ou perturba de forma 
alguma. Essa cor tem uma aura de vivacidade e percep‰‡o, que confere mais clareza de 
express‡o. Essa cor n…tida e brilhante tem uma qualidade atenciosa e receptiva, que irradia 
bem-estar. Ela € liberal, prestativa e triunfante. O frescor do azul-turquesa oferece a 
oportunidade de mudan‰a e, por fim, de transforma‰‡o em seu n…vel mais elevado.
Aspectos desfavor‰veis: algumas vezes, o azul-turquesa pode ser prejudicado por uma 
imaturidade, que se evidencia como confus‡o e incapacidade de progredir na vida. 
Isolamento e separa‰‡o s‡o outros atributos negativos, com sensa‰†es de vazio e falta de 
clareza nos n…veis emocional, mental e espiritual.
Efeitos f…sicos do azul-turquesa: ele € formado pela combina‰‡o do azul com o verde. Essa € 
uma cor refrescante, relaxante e maravilhosamente serena, que melhora qualquer condi‰‡o 
inflamatƒria, como dor de cabe‰a, incha‰os, cortes, contus†es ou queimaduras. Na prƒxima 
vez que voc se cortar, coloque imediatamente sua m‡o sobre a ‚rea afetada, enquanto 
envia a energia antiinflamatƒria da cor azul-turquesa diretamente para essa regi‡o.
O azul-turquesa € particularmente adequado para problemas de pele, inclusive acne, 
eczema e psor…ase. Essa cor atenua o estresse e as tens†es e ajuda a eliminar os detritos 
tƒxicos e a congest‡o do corpo. Atua sobre o sistema imunolƒgico, formando uma prote‰‡o 
contra a invas‡o de bact€rias e v…rus perigosos. Colite, disenteria e febre s‡o 
particularmente sens…veis ao azul-turquesa, que tamb€m ajuda nos processos de excre‰‡o. 
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Essa cor facilita a drenagem dos seios da face, trata a fadiga mental e febre do feno. Ela 
reabastece todo o sistema orgˆnico. Na verdade, o azul-turquesa € a cor que parece ser 
mais popular para os pacientes com AIDS, principalmente nas fases iniciais da doen‰a.
Essa cor n‡o € recomend‚vel para as pessoas indolentes ou estagnadas.
Aspectos favor‰veis: o azul assinala a entrada nos dom…nios mais profundos do esp…rito e 
uma das suas qualidades mais sutis € a aspira‰‡o. Essa cor faz parte do espectro frio e, por 
sua quietude e confian‰a, promove a devo‰‡o e a f€. O azul € uma cor popular associada ao 
dever, ‹ beleza e ‹ habilidade. A serenidade dessa coe traz consigo paz, confian‰a e
sentimentos curativos agradavelmente relaxantes. Sua fluidez e for‰a serena s‡o tra‰os 
atraentes, que provocam admira‰‡o por parte das outras pessoas.
Aspectos desfavor‰veis: a natureza da cor azul € procurar e buscar sem cessar. Os 
aspectos comuns da vibra‰‡o negativa dessa cor s‡o d„vida e descren‰a, assim como a 
falta de habilidade. Essa cor € fantasiosa e estimula os devaneios, a tendncia ao desleixo, 
a fatuidade e a desconfian‰a. Partindo do cansa‰o, da indolncia e da apatia, o azul pode 
levar a um estado de melancolia, atraindo por fim uma sensa‰‡o generalizada de in€rcia.
Efeitos f…sicos do azul: a cor azul produz um efeito relaxante e tranqŽilizador. Ela € o 
ant…doto para o vermelho e pode ser usada com sucesso para tratar condi‰†es febricitantes, 
freqށncia de pulso acelerada e press‡o sangu…nea alta. Em geral, essa cor reduz o calor e 
a inflama‰‡o do corpo, como ocorre nos casos de queimadura solar ou interma‰‡o. O azul 
promove serenidade e elimina tens†es, estresse e dores de cabe‰a, al€m de tratar todos os 
dist„rbios da garganta ou das cordas vocais, tais como dores de garganta, tosses, rouquid‡o 
e laringite.
Essa cor tem sido usada com sucesso para tratar dist„rbios menstruais, como: cƒlicas, dor 
lombar ou at€ mesmo sangramento excessivo. As mulheres com problemas menstruais 
podem usar a qualidade curativa da cor azul pouco antes, durante e depois das 
menstrua‰†es. Roupas de dormir, calcinhas e roup†es de banho azuis, assim como roupas 
de uso di‚rio da mesma cor podem ser considerados; al€m disso, itens dom€sticos, como 
roupas de cama e toalhas de banho, tamb€m podem ajudar a atenuar os dist„rbios 
menstruais.
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Uma luz azul acesa durante a noite tamb€m pode ajudar a reduzir e aliviar a tens‡o e as 
dores menstruais.
Outros dist„rbios para os quais a cor azul poderia ser „til s‡o: enxaqueca, meningite, colite, 
disenteria, insŠnia e diarr€ia. Essa cor € particularmente adequada para os problemas 
infantis, como erup‰‡o de dentes, inflama‰†es na garganta, amidalite, sarampo, coqueluche, 
catapora e solu‰os. Alguns problemas oculares podem ser tratados com o azul, inclusive 
miopia, catarata e fotofobia.
O azul n‡o € aconselh‚vel para tratar paralisia, press‡o sangu…nea baixa ou resfriados. Al€m 
disso, essa cor n‡o € recomend‚vel para melancolia ou depress‡o.
Aspectos favor‰veis: essa cor, formada pela combina‰‡o do azul com o vermelho, reflete 
dignidade, nobreza e respeito prƒprio. Essa € a cor da realeza e, em sua forma mais 
sublime, vibra com a for‰a da integra‰‡o e da unidade. Quando sua qualidade intr…nseca 
estiver coligada pela energia ps…quica com a vis‡o e intui‰‡o, essa cor ser‚ o agente do 
prƒprio destino. Dons art…sticos, tolerˆncia e considera‰‡o est‡o associados ‹ cor violeta. 
Sua for‰a tranqŽilizante e suavizante representa um idealismo pr‚tico imbu…do de humildade.
Aspectos desfavor‰veis: o lado negativo da cor violeta inclui esquecimento e falta de 
persistncia. Irreflex‡o, desrespeito e atitude autorit‚ria e exigente originam-se do uso 
incorreto dessa energia. Ela pode degenerar-se em idealismo sem resultado pr‚tico, 
isolamento, corrup‰‡o e desintegra‰‡o. Orgulho e arrogˆncia tamb€m est‡o presentes 
nesse n…vel.
Efeitos f…sicos do violeta: a cor violeta normaliza todas as atividades hormonais ou 
glandulares, j‚ que est‚ ligada ‹ fun‰‡o da glˆndula hipƒfise, situada na base do c€rebro. 
Essa cor tem a‰‡o eficaz na meningite c€rebro-espinhal, concuss†es, epilepsia e quaisquer 
outros dist„rbios nervosos ou mentais, tais como neurose obsessiva e dist„rbios da 
personalidade. O violeta alivia nevralgias e problemas associados aos olhos, ouvidos e 
nariz.
Essa cor € particularmente valiosa como purificador do sangue e ajuda na forma‰‡o dos 
leucƒcitos (c€lulas brancas do sangue). A cor violeta ajuda a manter o equil…brio do sƒdio e
pot‚ssio no corpo que, por sua vez, facilita o controle do equil…brio h…drico e normaliza os 
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ritmos card…acos. Os pulm†es, o f…gado e os rins tamb€m podem ser tratados com sucesso 
com essa cor. Dor ci‚tica e dist„rbios nervosos, em geral, s‡o melhorados pela cor violeta.
Aspectos favor‰veis: a mais refinada e sutil dentre todas as cores, o magenta transmuda 
desejo em seus equivalentes f…sicos. Dedica‰‡o, reverncia, gratid‡o e comprometimento 
s‡o caracter…sticas atribu…das a essa cor, cujo empenho € expressar o idealismo em sua 
forma mais pura.
A cor magenta € a „ltima do espectro, trazendo consigo um grau elevado de compreens‡o e 
maturidade, em conseqށncia da sua passagem por todas as outras cores. Habilidade 
administrativa € uma de suas caracter…sticas, junto com grande compaix‡o. O magenta € 
uma cor protetora e nutriente, quente e suave, cuja express‡o mais elevada € o amor 
espiritual ou incondicional.
Aspectos desfavor‰veis: esse lado da cor magenta pode gerar a energia da superioridade, 
que tende a levar ao esnobismo, ‹ arrogˆncia e por fim ao isolamento.Os aspectos 
negativos dessa cor podem resultar num comportamento fan‚tico, monopolizador e 
autorit‚rio. Falta de amor prƒprio, desprezo pelas necessidades alheias e inseguran‰a est‡o 
na faixa negativa do magenta. A auto-estima exacerbada pode resultar do uso indevido do 
conhecimento e poder intr…nsecos a essa cor.
Efeitos f…sicos do magenta: essa cor aumenta a irriga‰‡o sangu…nea do c€rebro e estimula o 
sistema nervoso simp‚tico. Alivia dores de cabe‰a, resfriados, press‡o alta e cansa‰o 
crŠnico ou esgotamento nervoso.
Se voc tem uma tendncia a entrar em estafa, tente usar as cores do magenta ou rosa. Um 
m€todo adequado de receber a energia do magenta seria tratar-se com algum tipo de 
relaxamento, tal como massagem, ou um per…odo de descanso. Essa cor tamb€m € 
particularmente adequada para amn€sias e comas. O magenta melhora a fun‰‡o do 
cora‰‡o, inclusive dist„rbios como sopros card…acos e palpita‰†es. A energia dessa cor € 
suave, calmante e protetora. Ajuda a expandir as respira‰†es, a energizar as glˆndulas 
supra-renais e as regi†es dos rins e tamb€m pode ser usada como diur€tico. O magenta 
pode atuar como estabilizador de dist„rbios emocionais e € eficaz para casos em que 
houver comportamento violento ou agressivo.
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Œ estimulante e expressivo, clareia os ambientes e quando usado em excesso, for‰a a vista 
e promove o cansa‰o; fisicamente cria a ilus‡o de aumento de volume. Œ associado ao 
prest…gio, economia, distin‰‡o, silncio, leveza, tranqŽilidade e limpeza.
Œ a presen‰a de todas as cores. Traz claridade e alegria quando usado como acessƒrio, 
complemento. Por€m em grande quantidade torna-se frio e perde o interesse. Uma 
habita‰‡o toda branca pode oferecer certo encanto para alguns, mas para outros se torna 
fria e impessoal.
Sƒ ser‚ verdadeiramente branco, quando receber uma luz intensa.
Œ uma cor sƒbria, s€ria, normalmente € usado em combina‰†es com outras cores, 
fisicamente cria a ilus‡o de diminui‰‡o de volume e de aumento de calor e peso.
Leves toques de negro pela casa d‡o certo aspecto agrad‚vel na decora‰‡o. 
Ambientalmente, modifica o efeito das cores, real‰ando seus tons. Intensifica os valores 
altos e reduz a intensidade dos baixos. Œ a cor que reflete menos luz.
b) Efeitos Fisiolƒgicos das Cores nas Roupas
Esta cor faz com que voc se sinta mais vigoroso, expansivo e pronto para avan‰ar adiante 
em algum sentido evidente. Ela tende a atrair o olhar das pessoas e chamar a aten‰‡o. Se 
voc usar vermelho, isso pode indicar que tem ardor e paix‡o, ferocidade e for‰a. As 
pessoas que gostam de a‰‡o e drama apreciam essa cor. Vestir-se de vermelho tamb€m 
pode indicar sexualidade vigorosa.
Esta cor revigorante e estimulante n‡o tem muito do mesmo dinamismo do vermelho. Se 
estiver usando roupas da cor
laranja, voc pode ter tra‰os corajosos e aventureiros, 
demonstrando entusiasmo e zelo em qualquer coisa que fa‰a, mesmo que isso consuma
suas energias. As pessoas que usam essa cor s‡o afirmativas e gostam de rir e fazer outras 
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pessoas rirem. O uso de roupas da cor laranja tamb€m estimula a conversa‰‡o e o senso de 
humor.
Esta cor geralmente € usada pelos intelectuais, estudiosos e pessoas que gostam de ocupar 
posi‰†es de autoridade e de controle. Ela estimula a receptividade e a aten‰‡o aos detalhes. 
Vestir-se de amarelo "atrai a luz". Essa € a cor mais associada com o Sol e tende a gerar 
qualidades otimistas e positivas nas pessoas que a usam em suas roupas.
Esta cor ajuda as pessoas a criarem um ambiente equilibrado, suavizante e calmo ‹ sua 
volta. Ela simboliza harmonia e equil…brio. O verde das roupas tende a refletir tipos 
convencionais, pessoas que gostam de ater-se ao que € certo e justo e que preferem n‡o 
sobressair numa multid‡o. Os indiv…duos que apreciam essa cor geralmente gostam da 
natureza e da seguran‰a que ela traz.
Esta cor estimula as pessoas a demonstrarem interesse por voc. Ela expressa uma 
personalidade revigorante, que est‚ facilmente acess…vel. O azul-turquesa ajuda a clarear 
seus pensamentos e sentimentos, produzindo clareza em sua comunica‰‡o. Se voc gosta 
de usar essa cor nas roupas, quer ser visto como portador de jovialidade e vivacidade.
Vestir-se de azul sugere espiritualidade e ordem. As pessoas que usam essa cor refletem 
um desejo de paz e quietude, tranqŽilidade e at€ mesmo solid‡o. Essa cor n‡o € 
amea‰adora e o indiv…duo que a utiliza por certo valoriza a lealdade e a honestidade.
O uso de roupas violeta gera sentimentos como respeito prƒprio, dignidade e auto-estima. 
Essa € a cor usada pelos sacerdotes catƒlicos para refletir santidade e humildade. Em 
virtude da sua riqueza, ela tamb€m est‚ associada com o monarca, a extravagˆncia e a 
prosperidade. Muitos artistas preferem essa cor para suas roupas, talvez por causa das suas 
qualidades espirituais ou criativas.
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Vestir roupas dessa cor gera sentimentos de suavidade, afetuosidade e docilidade. Ela 
estimula afei‰‡o e sentimentos como amor e compaix‡o. Devido ‹ contribui‰‡o do vermelho 
para a produ‰‡o dessa cor, o magenta tamb€m transmite uma mensagem sexual poderosa, 
que pode ser manipuladora num n…vel sutil. Se voc gosta de vestir-se com essa cor, isso 
pode indicar que quer expressar sua sensualidade.
Na maioria das sociedades ocidentais, o preto quase sempre € a cor da morte, do luto e da 
penitncia. Em geral, essa cor € usada por pessoas que rejeitam a sociedade ou se rebelam 
contra as normas sociais. O preto € uma cor que nega a luz e as pessoas que a usam nas 
roupas rejeitam a luz em si prƒprias, empurrando-a para longe e n‡o permitindo que ela seja 
absorvida. Essa € a cor usada pelos homens de negƒcio, policiais e padres para refletir 
poder e autoridade. O preto € percebido como escuro e misterioso e tamb€m pode significar 
sexo. Contudo, essa cor tamb€m € usada pelas pessoas que preferem parecer tradicionais e 
respons‚veis.
As roupas brancas tm sido associadas ‹ limpeza, ‹ pureza e a inocncia. Nos pa…ses 
orientais, o branco € usado como uma cor adequada para a morte e o pesar, aceitando que 
a pessoa morta partiu do mundo f…sico para um plano espiritual mais puro. Essa € a cor do 
desprendimento. O branco reflete todas as cores e as pessoas que o utilizam nas roupas 
podem faze-lo para manter-se refrescadas sob o calor dos raios solares.
A cor marrom geralmente est‚ associada com terra e estabilidade. Para criar essa cor, voc 
precisa misturar o vermelho com o preto e, portanto, ela tem alguns dos seus atributos. O 
marrom € uma cor envolvida com o enraizamento e a cria‰‡o de funda‰†es firmes para o 
futuro (semelhante ao lado positivo do vermelho). Ele tamb€m cont€m a qualidade poderosa 
do preto, no que se refere ‹ autoridade, ‹ confian‰a interior e ‹ auto-afirma‰‡o. Uma pessoa 
que gosta de vestir-se com marrom por certo € extremamente dedicada e comprometida 
com seu trabalho, sua fam…lia e seus amigos. No lado positivo, essas pessoas s‡o pr‚ticas e 
materialistas na vida, mas em seu aspecto negativo elas podem ser profundamente 
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inseguras e inst‚veis. A cor marrom gera organiza‰‡o e constˆncia, especialmente nas 
responsabilidades do cotidiano. As pessoas que gostam de usar essa cor s‡o capazes de ir 
"‹ raiz das coisas" e lidar com quest†es complicadas de forma simples e direta. Elas n‡o 
s‡o pessoas "insensatas".
4.5. A Cor como Terapia
4.5.1. Histƒrico
V‚rias foram ‹s civiliza‰†es antigas, como a eg…pcia, a grega, a indiana, a chinesa e outras 
que fizeram uso das cores para tratamento de sa„de.
Na China e na “ndia a cor era mais relacionada ‹ Mitologia e ‹ Astrologia. Na 
Gr€cia muitos filƒsofos-m€dicos foram absorver o conhecimento da cincia 
m€dica na fonte eg…pcia, com os sacerdotes-m€dicos.
Cromoterapia est‚ intimamente ligada ao antigo Egito assim como a prƒpria 
Medicina. O v…nculo da Medicina ao Egito data de 2800 a.C. com Imhotep, 
considerado o Pai Universal da Medicina, pois foi ele quem escreveu os primeiros livros de 
Medicina, em rolos de papiros. E tamb€m foi ele quem fundou a primeira Escola de 
Medicina.
S€culos mais tarde, Hipƒcrates (460-377 a.C.), m€dico grego, esteve no 
Egito estudando a mat€ria M€dica com os sacerdotes-m€dicos, durante 
trs anos. De retorno a Cƒs, sua cidade natal, fundou a primeira Escola 
de Medicina da Gr€cia e elaborou o Juramento M€dico baseado nos 
escritos de Imhotep.
Tamb€m o tratamento m€dico com o uso de cores iniciou no Egito, conforme pesquisas do 
Dr. Paul Galioughi, autor do livro “La M…dicine des Pharaons”, onde relata como os 
sacerdotes-m€dicos tratavam os doentes com as cores, utilizando-se de flores e pedras 
preciosas.
Ent‡o, podemos dizer que a Cromoterapia nasceu no antigo Egito, adormeceu milnios e 
ressurge como uma Medicina-energ€tica, assim como a Homeopatia e a Acupuntura.
Diversos foram os pesquisadores do uso das cores, dos quais citamos:
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John Ott - M€dico e Diretor do Instituto Sarasota - Flƒrida/USA, que pesquisou o efeito das 
cores sobre tumores cancerosos. Autor do livro “ Health and Light” .
Dinshah Ghadiali - M€dico indiano, residente em New Jersey/USA, que estruturou a 
Cromoterapia em bases cient…ficas. Autor de uma Enciclop€dia, em 3 volumes, sobre a 
utiliza‰‡o das cores nas doen‰as;
Niels Finsen - M€dico em Copenhague - Dinamarca. Autor do livro “Propriedades Act…nicas 
da Luz do Sol”. Fundou o Instituto da Luz para a cura de pacientes com tuberculose. 
Realizou curas surpreendentes em cerca de dois mil pacientes com a aplica‰‡o da 
Cromoterapia, recebendo o Prmio Nobel, em 1903;
Ren€ Nunes - Jornalista, Conferencista e Professor, de Bras…lia - Brasil (falecido em 1995), 
que se dedicou ‹ pesquisa e aplica‰‡o da Cromoterapia em mais de dez mil pacientes, 
obtendo grande …ndice de recupera‰‡o. Autor de diversas obras, das quais cito 
“Cromoterapia T€cnica”. Foi o grande divulgador da Cromoterapia como cincia m€dico-
energ€tica no Brasil e no exterior.
4.5.2. Defini‚o
A Cromoterapia € a cincia que utiliza a vibra‰‡o das cores do espectro solar para restaurar 
o equil…brio f…sico-energ€tico em ‚reas do corpo que apresentam alguma disfun‰‡o. As 
propriedades teraputicas de cada cor v‡o agir nos campos energ€ticos que chamamos de 
Chakras, corrigindo e reativando o campo vibratƒrio celular. 
A Cromoterapia € uma terapia hol…stica por tratar o ser como um todo. Cada cor tem uma 
vibra‰‡o espec…fica, atuando desde o n…vel f…sico at€ n…veis mais sutis. A aplica‰‡o de cada 
cor tem como finalidade suprir carncias de determinadas vibra‰†es energ€ticas
no corpo e 
neutralizar o excesso de outras. 
A Cromoterapia está fundamentada em trÜs ciÜncias:
Medicina - A arte de curar;
F…sica 
- CiÜncia que estuda as transformaÅâes da energia, em 
especial no capÑtulo dedicado ä natureza da luz: sua origem no 
espectro eletromagnÖtico e seus elementos, como 
comprimento de onda, freqãÜncia e velocidade;
Bioenerg€tica - CiÜncia que demonstra a existÜncia do corpo bioenergÖtico, 
analisando a energia vital.
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A Cromoterapia traz benef…cios aos portadores de qualquer disfun‰‡o, come‰ando por aliviar 
as dores e finalmente pela recupera‰‡o dos pacientes, na maioria das doen‰as.
Salienta-se a efic‚cia da Cromoterapia no tratamento da enxaqueca, doen‰a que atinge um 
ter‰o da popula‰‡o mundial adulta, conforme estat…stica da OMS (Organiza‰‡o Mundial de 
Sa„de). A causa principal da Enxaqueca € energ€tica (entrada de energia cƒsmica pela 
regi‡o occipital), mas pode estar aliada a uma disfun‰‡o orgˆnica como tens‡o pr€-
menstrual, m‚ digest‡o, sinusite, problemas de vis‡o, obstru‰‡o das carƒtidas que 
conduzem o sangue at€ os neurŠnios, compress‡o das v€rtebras da coluna cervical, etc.
A Cromoterapia faz o equil…brio do fluxo energ€tico e trata a causa f…sica, eliminando a dor e 
restabelecendo a sa„de apƒs uma s€rie de aplica‰†es, numa m€dia de dez a quinze.
A cromoterapia consta da rela‰‡o das principais terapias alternativas ou complementares 
reconhecidas pela OMS em 1976, de acordo com a Conferncia Internacional de 
Atendimentos Prim‚rios em Sa„de de 1962, em Alma-Ata. 
A vibra‰‡o de cada cor pode ser introduzida no corpo atrav€s de alimentos, l…quidos e 
sƒlidos solarizados, luz solar ou artificial, visualiza‰‡o de cores, roupas, ambientes, pedras e 
cristais. 
A Cromoterapia trata de in„meras disfun‰†es orgˆnicas, tais como, press‡o alta ou baixa, 
arteriosclerose, anemia, gastrite, „lcera, hepatite, hemorrƒidas, c‚lculos renais, Mal de 
Parkinson, cefal€ia, bronquite, sinusite, conjuntivite e, at€ mesmo, queda de cabelo. Com o 
aparelho de Cromoterapia, podem ser realizadas sess†es, utilizando cores e procedimentos 
espec…ficos para o tratamento de cada disfun‰‡o.
4.5.3. Uso Terap‡utico das Cores
Vermelho: aumenta a energia vital.
Rosa: ativa a energia amorosa, elimina impurezas do sangue.
Laranja: proporciona maior alegria, jovialidade e libido, elimina gorduras em ‚reas 
localizadas.
Amarelo: desenvolve a criatividade, purifica o sistema e € ben€fico para a pele.
Amarelo forte: fortifica o corpo e age em tecidos internos.
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Verde: aumenta a capacidade f…sica e mental.
Verde forte: anti-infeccioso, anti-s€ptico e regenerador.
Azul: acalma e equilibra, € analg€sico, regenera as c€lulas dos m„sculos, nervos, pele e 
aparelho circulatƒrio.
Azul forte: lubrifica as juntas e articula‰†es.
Rosa forte: age como desobstruidor e cauterizador das veias, vasos e art€rias e elimina 
impurezas do sangue.
Œndigo: anest€sico, coagulante e purificador da corrente sangu…nea, limpa as correntes 
ps…quicas.
Violeta: sedativo dos nervos motores e sistema linf‚tico. Cauteriza as infec‰†es e 
inflama‰†es.
Dourado: concede a influncia do Sol, dando ˆnimo e exalta‰‡o. Representa a opulncia e a 
riqueza. Acelera o ritmo da bailarina. 
Prateado: concede a influncia da Lua, proporciona mist€rio, magia, receptividade e uma 
natureza mais feminina. 
A cromoterapia n‡o € uma t€cnica de cura que apresenta efeitos colaterais, mas tamb€m 
tem suas contra-indica‰†es.
 O que € uma contra-indica‰‡o? 
Œ aplicar uma cor, quando o paciente j‚ a tem em demasia em seu corpo. Para este fato, d‚-
se o nome de satura‰‡o.
 Em quais casos pode-se identificar este fato de satura‰‡o? 
Primeiramente, sempre h‚ a necessidade de estudar-se a cromoterapia, para que n‡o 
cometamos nenhum erro, embora, o que se chama de erro nesta t€cnica alternativa, n‡o 
tem a mesma conota‰‡o que aquela conhecida na Medicina Oficial. Para corrigir um erro na 
aplica‰‡o de uma determinada cor, pode-se utilizar das cores complementares, ou, dispersar 
aquelas aplicadas.
Posteriormente, dentro de uma correla‰‡o cor / efeito, n‡o aplicar:
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Vermelho - em hipertensos; pessoas de tez avermelhada; ruivas; temperamento col€rico. 
Rosa - pessoas com comportamento "infantil". 
Laranja - em pessoas com excesso de autoconfian‰a; na cabe‰a (*). 
Amarela - em casos de inflama‰‡o aguda, febre, cƒlera, estados de excita‰‡o mental, 
histeria, bact€rias patognicas, alcoolismo, nevralgias e palpita‰‡o card…aca. 
Azul - depressivos, sonolentos, muito quietos. 
Œndigo - pessoas extremamente introspectivas, meditativas, sonhadoras. 
Violeta - naqueles com mentalidade pouco desenvolvida, com dificuldades de racioc…nio. 
A cor laranja n‡o deve ser aplicada junto ‹ cabe‰a / c€rebro, por ser uma cor muito intensa, 
considerada a mais f…sica das cores.
As cores dentro da cromoterapia se classificam em dois grandes grupos, a saber: quentes e 
frias. 
As quentes est‡o representadas pela vermelha, laranja e amarela; e as frias pela azul, 
…ndigo e violeta. A cor verde tamb€m € fria, mas prefiro mant-la ‹ parte, classificando-a 
como uma cor eminentemente de equil…brio e que harmoniza o homem, a natureza e a 
ambos.
Um primeiro toque para voc que est‚ se interessando agora pela cromoterapia: se n‡o 
souber o que fazer diante de uma situa‰‡o e deseja fazer para si mesma ou para uma 
determinada pessoa vibre verde.
A busca do equil…brio est‚ dentro de uma luta entre duas grandes for‰as, representadas pela 
a‰‡o das cores quentes e frias. Precisamos encontrar um meio termo entre elas, pois as 
quentes est‡o associadas ao elemento fogo, enquanto que as frias com o gelo ou o frio. O 
fogo, ou seja, o calor € expansivo enquanto que o frio € restrito, comprimi.
Da… voc j‚ pode sacar que: n‡o devemos usar cores frias em pessoas tristes e depressivas, 
pois com isso estaremos aprofundando seu estado geral. Por outro lado, n‡o devemos 
aplicar junto ‹s pessoas febris as cores quentes, uma vez que elas j‚ se encontram com 
grande quantidade destes raios junto delas. Portanto, devemos aplicar nas pessoas febris as 
cores frias e nas tristes e depressivas as quentes.
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 Por que as cores s‡o quentes ou frias?
Por uma raz‡o muito simples: € que as quentes s‡o lentas e as frias r‚pidas, velozes. Isto 
dito em rela‰‡o ‹ amplitude e comprimento de uma "onda" eletromagn€tica, sendo que, 
quanto mais alta maior a for‰a.
Devido ‹ lentid‡o do raio vermelho, por exemplo, ele esquenta. J‚ as frias s‡o espertas e 
vibram t‡o depressa que n‡o d‚ tempo de aquecer o local. Agora, € importante ter-se em 
mente que, ao aplicarmos a luz atrav€s do impulso el€trico e com lˆmpada incandescente, 
todas as cores se tornam quentes pelo calor que a lˆmpada proporciona. Isso n‡o tira a 
qualidade de uma cor fria.
51
5. A ConcepÄÅo ArtÉstica das Cores
5.1. Estudo das Cores
5.1.1. O que € cor?
A cor existe por causa de trs entidades: a luz, o objeto visualizado e o observador. Os 
f…sicos j‚ provaram que a luz branca € composta pelos comprimentos de onda vermelho, 
verde e azul. O olho humano percebe as cores como sendo v‚rios comprimentos de onda do 
vermelho, do verde e do azul que s‡o absorvidas ou refletidas pelos objetos. 
Os comprimentos de onda do vermelho, do verde e do azul s‡o a base para todas as cores-
luz da natureza. Œ por isso que o vermelho, o verde e o azul s‡o freqŽentemente chamados 
de Cores-Luzes Prim‰rias. Todas as cores do espectro s‡o criadas por diferentes 
intensidades desses comprimentos de onda da luz. Quando as trs cores prim‚rias se 
sobrep†em, elas criam as cores-luzes secund‰rias: ciano, magenta a amarelo, que s‡o as 
cores-pigmentos prim‰rias. As prim‚rias e secund‚rias s‡o
complementos umas das outras. 
As cores complementares s‡o as cores que mais diferem umas das outras. Na figura abaixo, 
pode-se ver que o amarelo € formado por vermelho e verde. O azul € a cor prim‚ria ausente; 
portanto, azul e amarelo s‡o complementares. O complemento do verde € o magenta; e o 
complemento do vermelho, o ciano. Isso explica porque vemos outras cores al€m de 
vermelho, verde e azul. 
A figura tamb€m mostra que todas as cores prim‚rias se combinam para criar o branco. 
Voc poderia achar que adicionar todas essas cores produziriam uma cor mais escura, mas 
lembre-se de que voc est‚ acrescentando luz. Quando os comprimentos de onda da luz 
s‡o somados, obtemos cores mais claras. Œ por isso que as cores prim‚rias da luz 
52
freqŽentemente s‡o chamadas de cores aditivas. Juntando todas as cores da luz, obtemos a 
luz mais clara: a luz branca. Assim quando voc v um peda‰o de papel branco, todos os 
comprimentos de onda do vermelho, do verde e do azul da luz est‡o sendo refletidos para 
voc. Quando voc v preto, todos os comprimentos de onda de vermelho, de verde e de 
azul da luz est‡o sendo completamente absorvidos pelo objeto: dessa forma, nenhuma luz € 
refletida de volta para voc.
5.1.2. As cores puras
Chamamos de Cores Puras o grupo de doze cores, resultado das misturas poss…veis entre 
as Cores Prim‚rias, as Cores Secund‚rias e as Cores Terci‚rias.
Na verdade, tanto as Cores Secund‚rias quanto as Cores Terci‚rias s‡o originadas das 
misturas entre as Cores Prim‚rias – duas a duas – em propor‰†es diferentes. 
5.1.3. As cores prim‰rias
S‡o as cores que n‡o podem ser formadas por nenhuma mistura. 
S‡o elas: azul, amarelo e vermelho.
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5.1.4. Cores Secund‰rias
S‡o as cores que surgem da mistura de duas cores prim‚rias.
5.1.5. Cores Complementares
Cores complementares s‡o as 
cores opostas no disco de cores.
Ex: o vermelho € complementar do 
verde. O azul € complementar do 
laranja. As cores complementares 
s‡o usadas Para dar for‰a e 
equil…brio a um trabalho criando 
contrastes. Raramente se usa 
cores apenas cores 
complementares em um trabalho, 
o efeito pode ser desastroso.
Ressaltamos que as cores
complementares s‡o as que mais 
contrastes entre si oferecem,
sendo assim, se queremos destacar um amarelo, deve colocar junto dele um violeta.
5.1.6. Cores An‰logas
Cores an‚logas s‡o as que aparecem lado a lado no disco 
de cores.
S‡o an‚logas porque h‚ nelas uma mesma cor b‚sica.
Por exemplo, o amarelo-ouro e o laranja - avermelhado tem 
em comum a cor laranja. Elas s‡o usadas para dar a
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sensa‰‡o de uniformidade. 
A composi‰‡o em cores an‚logas € considerada elegante, e podem ser equilibradas com 
uma cor complementar.
5.1.7. Cores Acrom‰ticas ou Neutras
Cores Acrom‰ticas: S‡o as cores chamadas neutras: o branco, o preto, as cinzas e os 
marfins.
5.1.8. O C…rculo das Cores
O C…rculo das Cores € composto pelas Cores Prim‚rias, 
Secund‚rias e Terci‚rias, distribu…das de forma circular. 
Inicialmente, temos o triˆngulo das Prim‚rias, depois, temos 
o triˆngulo invertido das Secund‚rias, com as respectivas 
misturas:
Vermelho + Amarelo = Alaranjado;
Amarelo + Azul = Verde
Vermelho + Azul = Violeta.
Intercalando uma Prim‚ria e uma Secund‚ria, temos as Cores Terci‚rias.
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Essa disposi‰‡o facilita o estudo das Harmonias.
5.1.9. Cores Quentes e Cores Frias
A distribui‰‡o no C…rculo separa as cores de acordo com as sensa‰†es de temperatura 
provocadas no olho humano. 
’ esquerda, num eixo ligeiramente inclinado, temos as Cores Quentes, que pertencem ao 
grupo do Vermelho, Amarelo e Alaranjado, dando origem ao Marrom, Ocre, Tabaco, etc. As 
Cores Quentes s‡o mais aconchegantes, muito empregadas como apelo de vendas. S‡o 
mais agressivas, por€m, mais alegres que as Cores Frias.
Do lado direito do C…rculo est‡o as Cores Frias, do grupo do Verde, Azul e Violeta. 
Transmitem as sensa‰†es de amplitude, frescor e calma, mas tamb€m s‡o mais tristes do 
que as Cores Quentes.
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Nos extremos do eixo que separa 
as Cores Quentes das Cores 
Frias, temos o Amarelo-Verde e o 
Vermelho-Violeta, que podem ser 
frias ou quentes, dependendo 
das cores dominantes.
Œ interessante notar que, mesmo 
entre si, as cores apresentam 
diferen‰as de temperatura, ou 
seja, existem aquelas que s‡o 
mais frias ou quentes do que as 
outras, dependendo das 
misturas, das tonalidades e da 
influncia de outras cores. Por exemplo: um Verde acrescido de Amarelo € mais “quente” do 
que um Verde puxado para o Azul.
5.1.10. A Temperatura das Cores
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5.1.11. Contrastes
Cores contrastantes S‡o cores que, quando usadas
prƒximas umas das outras, produzem uma sensa‰‡o 
de choque. As cores contrastantes s‡o diretamente 
opostas no disco das cores. Assim, a cor que mais
contrasta com o vermelho € o ciano; o mesmo 
acontece com o azul e o amarelo; e com o magenta e 
verde. Se a cor € prim‚ria, contrasta sempre o a 
secund‚ria e vice-versa. O resultado est€tico dessas 
combina‰†es nem sempre € satisfatƒrio, a n‡o ser que 
haja interesse em explorar o choque visual produzido por elas. Quando mais forte forem 
elas, maior ser‚ esse impacto.
a) Contrastes de Limite
A cor central € uma mistura das duas cores laterais. Observe que a 
faixa central € clareada por cada uma das duas outras cores, mas 
do lado oposto. No limite com a faixa vermelha, o violeta € 
clareado pelo azul e, no limite com a faixa azul, o violeta € 
clareado pelo azul, o violeta € clareado pelo vermelho. 
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5.1.12. Matiz
Os Matizes resultam em efeitos mais 
agrad‚veis do que as cores puras, pois deriva
do clareamento, escurecimento ou 
neutraliza‰‡o das cores puras pela adi‰‡o do 
branco, do preto e/ou do cinza. Essas cores 
s‡o chamadas de Elementos Neutros e est‡o 
mais relacionadas ao “valor” do que a cor. 
Tamb€m € poss…vel neutralizar uma cor 
aplicando a sua Complementar Direta. Por 
exemplo: adicionando uma pequena 
quantidade de Violeta sobre o Amarelo, quebra-se a intensidade deste „ltimo, 
transformando-o num Matiz.
Nos exemplos ao lado, temos matizes das cores vermelho, ciano e violeta. Na primeira 
coluna ‹ esquerda, os resultados s‡o obtidos com adi‰‡o do branco. Na coluna central, os 
matizes obtidos a partir da adi‰‡o do cinza. Finalmente, na coluna ‹ direita, os matizes 
das mesmas cores obtidos atrav€s da adi‰‡o do preto.
5.1.13. Tom
Refere-se ao maior ou menor quantidade de luz presente 
na cor. Quando se adiciona preto a determinado matiz, 
este se torna gradualmente mais escuro, e essas
gradua‰†es s‡o chamadas escalas tonais. Para se obter 
escalas tonais mais claras acrescenta-se branco.
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5.1.14. Harmonias
Harmonias s‡o as poss…veis combina‰†es que podemos fazer a partir das Cores Puras. 
Essas combina‰†es podem ser bastante variadas, pois quando mudamos uma cor, todo o 
conjunto da Harmonia tamb€m muda.
Usando o C…rculo das Cores como referncia, vamos definir os dez principais esquemas 
harmŠnicos, lembrando que esses esquemas est‡o baseados nas Cores Puras. No entanto, 
para que as combina‰†es produzam efeitos mais agrad‚veis, € aconselh‚vel neutralizar 
essas cores, clareando ou escurecendo com a adi‰‡o do Branco, Preto ou com as prƒprias 
Cores Complementares.
Para que voc compreenda melhor isso, vamos mostrar as Harmonias com as Cores Puras 
e depois com os Matizes.
5.1.14.1. Harmonias com as cores puras
a) Complementares Diretas
Esta harmonia consiste em juntar duas cores opostas no C…rculo Crom‚tico. Trata-se de 
uma harmonia bem contrastante, pois teremos sempre uma cor quente e outra fria.
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b) Complementares Divididas
Escolhe-se
uma cor junto com as duas vizinhas da sua Complementar Direta. Œ mais rica 
que a harmonia anterior, com a quebra de contraste imediato.
c) Complementares Duplas
S‡o duas duplas de Complementares Diretas cruzadas, intercalando uma cor. Œ uma 
harmonia bem contrastante, que produz efeitos interessantes.
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d) An‰logas Simples
S‡o trs cores consecutivas no C…rculo, que podem ser quentes, frias ou temperadas. Œ uma 
harmonia de pouco contraste, pois todas as cores tm a mesma base. Produz um efeito 
agrad‚vel, por€m logo se torna cansativo.
e) An‰logas Compostas
S‡o as An‚logas Simples com o acr€scimo de mais uma cor. Esta quarta cor d‚ mais 
dinˆmica ‹ harmonia, pois se aproxima de uma cor mais pura.
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f) An‰logas com uma Complementar
S‡o trs cores juntas no C…rculo (An‚logas Simples) mais a Complementar da cor que est‚ 
no centro. A inser‰‡o desta cor na composi‰‡o aumenta bastante o contraste e ajuda a 
“temperar” a harmonia, pois esta quarta cor € sempre fria ou quente em contraponto ‹s 
an‚logas escolhidas.
g) Cores Intercaladas
Escolhem-se trs cores intercaladas no C…rculo. Esta harmonia – tamb€m conhecida como 
Harmonia 120 (pelo ˆngulo que forma entre as cores) – traz um efeito interessante, se 
aplicada em tons suaves.
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h) Trio HarmŽnico
S‡o as cores que formam um triˆngulo eqŽil‚tero dentro do C…rculo. Œ um tipo de harmonia 
bem contrastante e deve se usada com cautela, buscando sempre dar destaque a uma cor.
i) Quadrado HarmŽnico
S‡o quatro cores que formam um quadrado dentro do C…rculo. Esta combina‰‡o € tamb€m 
conhecida como Harmonia 90 e forma uma harmonia contrastante.
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5.1.14.2. Harmonias com matizes
As Harmonias seguintes n‡o est‡o baseadas no C…rculo das Cores, mas tamb€m s‡o 
bastante utilizadas.
a) Monocromia
Œ uma harmonia na qual se utiliza uma „nica cor, alterando-se apenas os seus tons, desde o 
mais claro at€ o mais escuro. Proporciona um efeito agrad‚vel, por€m, cansa r‚pido, sendo 
mais recomendado para montagens passageiras.
b) Tom sobre Tom
Œ uma harmonia semelhante ‹ Monocromia, por€m, ao inv€s de usar uma „nica cor, 
utilizam-se cores prƒximas (de um mesmo grupo) variando as tonalidades. Este tipo de 
harmonia confere sobriedade e efeitos bastante agrad‚veis.
5.2. Modelos de Cores
A cor evoca um estado de esp…rito, cria contrastes e destaca a beleza em uma imagem. Ela 
pode tornar vibrante uma cena melancƒlica e uma imagem esmaecida pode imediatamente 
adquirir vida. As cores certas podem transformar um Website sem brilho em uma fascinante 
porta de entrada.
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Para o artista gr‚fico, pintor ou produtor de v…deo, a cria‰‡o da cor perfeita € essencial. 
Quando as cores n‡o est‡o corretas, o conceito se torna incompleto. A imagem, talvez, n‡o 
consiga transmitir a informa‰‡o e a experincia art…stica pode ser perdida. 
Produzir a cor perfeita n‡o € uma tarefa f‚cil. Um pintor tem que misturar a tinta, fazendo 
combina‰†es para obter tons perfeitos, que correspondam ‹s imagens vistas ou imaginadas. 
Os fotƒgrafos e os cinegrafistas gastam horas testando, focalizando e acrescentando luzes 
at€ que a cena perfeita seja criada. Em muitos aspectos, trabalhar com cores no computador 
n‡o € muito diferente. O computador cria seu prƒprio conjunto de problemas e dificuldades 
t€cnicas. Como voc pode garantir que as cores que voc v na tela correspondem ‹s cores 
da natureza ou de sua vis‡o art…stica? E, a seguir, como fazer para que as mesmas cores 
vistas na tela apare‰am na imagem impressa?
Os modelos de cores foram criados para permitir a convers‡o de cores em dados 
num€ricos, de modo que possam ser descritos de forma consistente em v‚rias m…dias. Por 
exemplo, quando dizemos que a cor € "azul-esverdeada", estamos dando margem ‹ 
interpreta‰‡o baseada principalmente na percep‰‡o pessoal. Por outro lado, ao atribuir 
valores espec…ficos ‹quela cor em um modelo de cores (no modelo CMYK, seria 100% 
ciano, 3% magenta, 30% amarelo e 15% preto), torna poss…vel reproduzir aquela cor sempre 
que necess‚rio.
Existem v‚rios modelos de cores, entre eles os mais usados s‡o: RGB, CMYK, HSB, Lab. 
Os modelos de cores RGB e CMYK s‡o uma lembran‰a constante de que as cores da 
natureza, as cores no seu monitor e as cores da p‚gina impressa s‡o criadas de maneiras 
completamente diferentes. Seu monitor cria cores emitindo feixes de luz nas cores:
vermelho, verde e azul; ele usa o modelo de cores RGB (vermelho/verde/azul). Para 
reproduzir o efeito de tom cont…nuo das fotografias coloridas, a tecnologia de impress‡o 
utiliza uma combina‰‡o de tintas ciano, magenta, amarelo e preto, que reflete e absorve 
v‚rios comprimentos de luz. As cores criadas pela impress‡o composta dessas quatro cores 
fazem parte do modelo CMYK (ciano/magenta/amarelo/preto). O modelo de cores HSB 
(matiz/satura‰‡o/brilho) fornece uma maneira intuitiva de traduzir as cores da natureza em 
cores que seu computador cria, pois esse modelo baseia-se na maneira pela qual o ser 
humano percebe as cores. O modelo de cores Lab fornece um meio de criar cor 
“independentemente do dispositivo, isto €, cor Lab n‡o dever‚ variar independente do 
monitor ou impressora”.
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5.2.1. O Modelo de Cores RGB
O sistema usado para a cria‰‡o de cores em seu monitor baseia-se nas mesmas 
propriedades fundamentais da luz que ocorrem na natureza: essas cores podem ser criadas 
a partir do vermelho, do verde e do azul. Essa € a base do modelo de cores RGB.
Seu monitor colorido cria cores emitindo trs feixes de luz com diferentes intensidades, 
iluminando o material fosforescente vermelho, verde e azul que reveste a parte interna da 
tela do monitor (pel…culas de fƒsforo). Quando voc v o vermelho, isso significa que o 
monitor ativou o feixe vermelho, que excita os fƒsforos vermelhos, acendendo um pixel 
vermelho na tela. Portanto, ver uma imagem escaneada de uma ma‰‡ na tela € diferente de 
ver uma ma‰‡ em cima do computador, esperando para ser comida. Se voc apaga as luzes 
de seu quarto-sala, n‡o ver‚ mais a sua sobremesa, mas continuar‚ vendo a ma‰‡ 
escaneada, pois seu monitor emite luz.
No modelo de cores RGB, as cores dos pixels podem ser mudadas combinando-se v‚rios 
valores de vermelho, verde e azul. Cada uma das trs cores prim‚rias tem um intervalo de 
valores de 0 a 255. Quando voc combina os 256 poss…veis valores de cada cor, o n„mero 
total de cores fica um aproximadamente 16,7 milh†es (256 X 256 X 256). Isso pode parecer 
uma quantidade imensa de cores, mas lembre-se de que elas constituem apenas uma parte 
vis…vel das cores da natureza. Contudo, 16,7 milh†es de cores s‡o suficientes para 
reproduzir imagens digitalizadas cristalinas em um monitor capaz de exibir cores 24 bits.
5.2.2. O modelo de cores CMYK
O modelo de cores CMYK baseia-se n‡o na adi‰‡o de luz, mas em sua subtra‰‡o. No 
modelo RGB, as cores s‡o criadas acrescentando-se luz; o monitor (ou a televis‡o) € uma 
fonte de luz que pode produzir cores. Mas uma p‚gina impressa n‡o emite luz; ela absorve e 
reflete luz. Ent‡o, quando voc quiser transportar as cores do monitor para o papel, ter‚ de 
usar outro modelo, o CMYK. O modelo de cores CMYK € a base do processo de impress‡o 
em quatro cores (quadricomia), que € usado principalmente para imprimir imagens de tons 
cont…nuos (como as fotografias digitalizadas) em uma gr‚fica. Na quadricomia as cores s‡o 
reproduzidas em uma impressora usando quatro chapas: C (ciano), M (magenta), Y
(amarelo) e K (preto - que € representado pela letra K porque a nomenclatura baseia-se no 
ingls, e o B de black poderia ser confundido com B de blue).
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Como uma p‚gina impressa n‡o consegue emitir luz, uma impressora n‡o pode usar as 
cores RGB para imprimir; em vez
disso, ela utiliza tintas que podem absorver comprimentos 
de onda de luz espec…ficos e refletir outros comprimentos de onda. Combinando tintas de cor 
ciano, magenta e amarelo, uma impressora comercial pode reproduzir uma parte 
significativa do espectro vis…vel de cores. Na teoria, 100% ciano, 100% magenta e 100% 
amarelo devem ser combinados para produzir o preto. No entanto devido ‹ impureza das 
tintas, a misturas das cores ciano, magenta e amarelo produz um marrom turvo em vez de 
preto.
Portanto as impressoras geralmente adicionam o preto, ‹s outras trs cores para produzir as 
partes mais escuras e cinzas das imagens. 
A figura abaixo mostra as cores secund‰rias ou subtrativas sobrepondo-se para criar um 
marrom turvo. Observar que cada par de cores subtrativas cria uma cor prim‚ria. 
5.2.3. O Modelo de Cores HSB
Embora os modelos de cores RGB e CMYK sejam essenciais ‹ computa‰‡o gr‚fica e ‹ 
impress‡o, muitos desenhistas e artistas gr‚ficos acham complicado tentar misturar cores 
usando valores ou porcentagens de outras cores. O uso de um disco de cores ajuda, mas 
nem o modelo RGB nem o CMYK s‡o muito intuitivos. A mente humana n‡o separa as cores 
em modelos de vermelho/verde/azul ou ciano/magenta/amarelo/preto. Para facilitar essas 
escolhas, foi criado um terceiro modelo de cores: modelo HSB - Hue/Saturation/Brightness
(matiz/satura‰‡o/brilho).
O HSB baseia-se na percep‰‡o humana das cores e n‡o nos valores RGB do computador 
ou nas porcentagens de CMYK das impressoras. O olho humano v cores como 
componentes de matiz, satura‰‡o e brilho.
68
Pense nos matizes como sendo as cores que voc pode ver em um disco de cores. Em 
termos t€cnicos, matiz baseia-se no comprimento de onda de luz refletida de um objeto, ou 
transmitida por ele. A satura‚o, tamb€m chamada de croma, € a quantidade de cinza em 
uma cor. Quanto mais alta a satura‰‡o, mais baixo € o conte„do e mais intensa € a cor. O 
brilho € uma medida de intensidade da luz em uma cor.
5.2.4. O modelo de cores Lab
Falta ainda explorar mais um modelo de cores. Embora n‡o seja usado com tanta freqށncia 
quanto os outros modelos, o modelo de cores Lab merece ser investigado, particularmente 
porque pode-se mostrar „til em certas situa‰†es de edi‰‡o de cores.
Embora talvez voc nunca precise usar o modelo Lab, esse modelo € vital para alguns 
programas. No Photoshop, por exemplo, € utilizado para converter de um modo de cor para 
outro. Quando o Photoshop converte de RGB para CMYK, primeiro ele converte para Lab e, 
a seguir, de Lab para CMYK. Uma raz‡o para isso € que a gama de cor Lab abrange as 
gamas de cor RGB e CMYK.
O modelo de cor Lab baseia-se no trabalho da Commission Internationale de I' Eclairage, 
formada no in…cio do s€culo XX, para tentar padronizar a medida de cores. A comiss‡o 
idealizou um modelo de cores baseado na maneira pela qual a cor € percebida pelo olho 
humano. Em 1976, o modelo de cores original foi refinado e chamado de CIE Lab. Ele foi 
criado para proporcionar cores consistentes, independentemente do tipo de monitor ou
impressora utilizado; isso se chama cor independente de dispositivo (device-independent-
color). A cor independente de dispositivo n‡o € afetada pelas caracter…sticas ou 
peculiaridades de qualquer componente de hardware.
5.3. Escala de Cores Pantone
Existe ainda um grande equ…voco no mercado ao 
associar Pantone ‹ escala Pantone Color Formula 
Guide. Geralmente ocorrem referncias ‹ escala 
Pantone para m„ltiplas finalidades e diversidade 
de cores o que € um grande erro e pode causar 
preju…zos aos desavisados.
Pantone € uma marca americana com mais de 40 
69
anos e que € respons‚vel pela gera‰‡o de uma s€rie de produtos, cada qual voltado para 
uma ‚rea/atividade espec…fica, cobrindo as ‚reas gr‚ficas, txteis, pl‚sticas, de serigrafia e 
sinaliza‰‡o, borrachas, web, calibra‰‡o de monitores e impressoras e identifica‰‡o de cores.
Mas por que a Pantone tornou-se sinŠnimo de cor? Simples, h‚ mais de quarenta anos a 
ind„stria americana de tintas Pantone desenvolveu um sistema num€rico de cores de tintas 
e conseguiu manter uma alta regularidade e padr‡o na produ‰‡o destas. Assim, sem nomes
regionais ou de aplica‰‡o restrita, tornou-se muito mais confi‚vel falar-se em n„meros, que, 
n‡o s‡o ou est‡o sujeitos ‹ subjetividade humana do que em nomes, os quais variam e 
denominam diferentes coisas de lugar para lugar.
S‡o basicamente dois os tipos de produtos desenvolvidos pela empresa, sem contarmos os 
softwares e equipamentos: os leques ou escalas e as amostras destac‚veis. Os 
leques/escalas s‡o guias de referncia r‚pida que trazem o n„mero da cor e como obt-la,
tendo como grande diferencial sua portabilidade e f‚cil manuseio. J‚ as amostras 
destac‚veis s‡o derivadas destas escalas e tem por objetivo a comunica‰‡o precisa e 
inequ…voca da cor bem como a montagem da identifica‰‡o visual da empresa/cliente.
Œ importante lembrar que estes produtos, al€m de serem guias pr‚ticos para formula‰‡o e 
obten‰‡o de cores tamb€m s‡o utilizados, na grande maioria das vezes, como referncia em 
‚reas anexas e correlatas a outras que a utiliza‰‡o de forma direta. Uma vez de posse da 
escala e do n„mero que seu cliente especifica, o fornecedor pode identificar corretamente a 
cor desejada e desenvolver mecanismos para obt-la.
Entretanto, muitas vezes o processo ocorre de forma equivocada e inversa, onde o usu‚rio 
desenvolve seu trabalho no computador e l‚ escolhe a cor desejada, sem levar em conta 
que, o que est‚ sendo visualizado s‡o luzes cuja gama de possibilidade € infinitamente 
maior do que as possibilidades de impress‡o gr‚fica. Muitas vezes, com seus monitores e 
impressoras descalibrados, ao apresentar e vender sua id€ia ao cliente mostrando-a no 
monitor ou impressa atrav€s destas impressoras, estes profissionais ir‡o se deparar com um 
resultado nada agrad‚vel, pois ir‡o se utilizar da numera‰‡o Pantone obtida no software 
usado, da referncia do monitor ou impressora descalibrados, e de gr‚ficas que muitas 
vezes n‡o utilizam tintas de qualidade para imprimir seus trabalhos. O final da histƒria todos 
conhecem: insatisfa‰‡o geral - trabalhos devolvidos, preju…zos para todos e adjetivos ou 
qualifica‰†es desfavor‚veis.
70
Para uma correta utiliza‰‡o dos produtos Pantone, tanto criadores, gr‚ficos, designers, 
engenheiros de produtos e outros, devem primeiramente escolher a cor que desejam em 
suas escalas atualizadas. Uma vez escolhida, a cor deve ser aplicada e tratada
independente do resultado visualizado na tela ou na impressora de “escritƒrio”. Ao se 
mandar o trabalho para o fotolito ou diretamente para a gr‚fica, informe a cor utilizada ou os 
valores CMYK que deseja obter como resultado.
Assim, quando o profissional precisar de uma determinada cor, primeiro ele vai identificar 
qual o processo de impress‡o ou a finalidade desta cor no seu processo criativo.
5.3.1. Validade
Alie-se a todas estas vari‚veis anteriores o fato de a grande ou quase totalidade dos 
usu‚rios desconhecerem que os produtos tm validade e durabilidade limitada por se tratar 
de um bem de consumo. Com o passar do tempo o suporte (geralmente papel) e o pigmento 
da tinta sofrem a a‰‡o do tempo (calor, umidade, exposi‰‡o ‹ luz, etc.) e do prƒprio 
manuseio, que arranha as cores e sofre a‰‡o do pH/acidez de nossa pele, entre muitas 
outras vari‚veis. Por isso, € recomendado que a substitui‰‡o das escalas/produtos seja 
realizada a cada seis meses ou um ano, isto garante a qualidade e confiabilidade das cores. 
Anualmente, a empresa tamb€m coloca a disposi‰‡o do mercado duas vers†es das escalas 
e, em muitas delas, novas cores s‡o acrescentadas. Œ importante sempre ficar atento ao 
fato de adquirir novas
cores padronizadas, pois os clientes est‡o cada vez mais buscando 
inova‰†es e cores diferenciadas para seus produtos. Verifique tamb€m, no alto da primeira
p‚gina dos produtos, o ano de fabrica‰‡o e validade. Quando comprar uma escala Pantone, 
por exemplo, tenha em mente que a data de fabrica‰‡o deve ser verificada e nunca diferente 
do ano em curso, ao contr‚rio, pode se tratar de um produto desatualizado ou que validade 
j‚ expirou, diminuindo assim a vida „til.
5.3.2. Diferentes produtos
A Pantone trata seus produtos de forma separada em fun‰‡o da atividade, tipo de impress‡o 
e finalidade. Assim temos:
 Para as cores especiais temos a escala tradicional Formula Guide, que traz as cores 
especiais em geral, compostas a partir das 15 cores b‚sicas (incluindo o branco 
transparente), sendo a mesma cor apresentada em papel com e sem revestimento; o 
71
Metallic Guide + Chips, que traz as cores met‚licas e duas amostras destac‚veis n‡o 
substitu…veis de cada cor, sendo a mesma cor apresentada com e sem verniz; o Pastel 
Guide + Chips, que traz as cores past€is e duas amostras destac‚veis n‡o substitu…veis de 
cada cor, sendo a mesma cor apresentada em papel com e sem revestimento;
 Para cores CMYK, a Process Guide que apresenta somente cores CMYK. 
Certamente, uma das mais importantes.
 Para convers‡o de cores especiais para policromia: este € um ponto interessante, 
pois muitos usu‚rios acreditam que ir‡o achar nesta „nica escala as cores especiais e as 
cores CMYK. Est‡o enganados. A escala se presta somente a convers‡o de um sistema de
cores para outro e n‡o traz a formula‰‡o das cores especiais. De um lado da escala € 
apresentada uma parte das cores especiais e do outro a correspondncia ou a cor mais 
prƒxima no sistema CMYK e os valores que devem ser utilizados para alcan‰ar estas cores 
neste sistema e uma observa‰‡o € importante: al€m de n‡o possuir a formula‰‡o das cores 
especiais, traz uma menor quantidade de cores que a escala tradicional Formula Guide e 
Process Guide e custa mais caro que as duas escala, sendo quase o dobro do pre‰o de
cada uma delas, em fun‰‡o disso, recomenda-se cuidado na sele‰‡o deste produto.
72
6. Alguns TeÇricos das Cores
6.1. Paul Klee
6.1.1. Breve biografia
Paul Klee nasceu em 18 de dezembro de 1879 em MŽnchenbuchsee, perto de Berna, na 
Su…‰a.
Quando garoto, adorava ouvir os contos de fadas de sua avƒ, muitos dos quais ela mesma 
ilustrava. Logo se interessou por desenhar e pintar - mas sempre fantasia, nunca a partir da 
natureza.
Influenciado por seu pai, o professor de m„sica Hans Klee, Paul interessou-se 
primeiramente por m„sica, mas na adolescncia viu aflorar sua voca‰‡o para as artes 
pl‚sticas. 
Estudou na Academia de Belas Artes de Munique e, estabelecendo-se nessa cidade, 
conheceu Kandinsky e Franz Marc, entre outros artistas de vanguarda. 
Em 1906, casou-se com a pianista Lili Stumpf, com quem teve um filho, F€lix. Nesse mesmo 
ano, expŠs suas gravuras pela primeira vez. 
Passou a fazer parte, em 1911, do grupo "Der Blaue Reiter" ("o cavaleiro azul"), que reunia 
artistas expressionistas liderados por Wassily Kandisnky. 
Klee visitou a Tun…sia em 1914, o que proporcionou grande impacto em sua obra. 
Impressionado com a luminosidade e as cores do pa…s africano, Klee chegou a declarar que 
"a cor e eu somos um sƒ". 
Durante a Primeira Guerra Mundial, Paul Klee integrou o ex€rcito imperial da Alemanha. 
Com o fim do conflito, tornou-se professor da famosa escola de arte moderna Bauhaus, 
instalando-se na cidade de Weimar. 
Al€m de possuir uma das mais importantes obras pictƒricas da primeira metade do s€culo 
20, Paul Klee notabilizou-se por sua reflex‡o teƒrica, encontrada em textos como "Sobre a 
Arte Moderna" e "Confiss‡o Criadora".
73
A partir de 1931, o artista tornou-se professor da Academia de DŽsseldorf. Com a ascens‡o 
dos nazistas ao poder, a situa‰‡o de Klee na Alemanha tornou-se dif…cil, sendo considerado 
um produtor de "arte degenerada". 
Em 1933, retornou ‹ Su…‰a. Dois anos depois, teve diagnosticada uma doen‰a auto-imune e 
progressiva, a esclerodermia. Paul Klee faleceu em Berna, em 1940.
6.1.2. Esboo de uma teoria das cores
I -
Em seu livro Theorie de L’Art Moderne (Teoria da Arte Moderna) Paul Klee no Cap…tulo –
Esbo‰o de uma Teoria das Cores diz:
“O claro-escuro desdobra seu movimento alternativo de ‘subidas e descidas’ entre os pƒlos 
do branco e do preto”.
O branco € a luz em si. Por ora n‡o h‚ a menor resistncia e o conjunto est‚ privado de 
movimento, sem vida alguma. Teremos que recorrer, por tanto, ao preto e incit‚-lo ao 
combate. Combater a onipotncia amorfa da luz. 
Do mesmo modo, e na mesma medida, nos afeta a impotncia amorfa de uma superf…cie 
preta na qual a luz n‡o envia seus raios (estes podem ser mais vigorosos ou mais d€beis 
que o preto). Neste caso nos aliamos a luz e nos valemos da energia branca. 
O dinamismo ƒtico descansa em uma progress‚o ou em uma digress‚o relativa 
quantidade e a qualidade da energia sucessivamente desprendida. 
Trata-se de obter um movimento vis…vel de fluxo e refluxo mediante a luta entre o claro e o 
escuro, que implica em um en€rgico recurso dos extremos. A for‰a do torneio sup†e, por 
sinal, que os pƒlos opostos – branco e preto – afirmam sua presen‰a; d‚ toda sua tens‡o ao 
jogo das for‰as que contrastam na escala dos matizes tonais. 
O movimento do claro ao escuro e do escuro ao claro; subindo e descendo com a varia‰‡o 
do tempo. O branco € o estado dado; o agente (temporal) € o preto, e o inverso. 
A a‰‡o deve ser a exce‰‡o e n‡o a regra. A a‰‡o deve destacar-se sobre o fundo de um 
estado dado. Se desejo operar com tons claros, o estado dado dever‚ constituir um fundo 
escuro. Se desejo operar em profundidade, suponho imediatamente estados em tons claros.
74
O efeito da a‰‡o se acentua gra‰as a uma forte intensidade em uma extens‡o pequena, 
mas tamb€m em virtude de uma intensidade menor em uma grande extens‡o. Jamais 
abandonar a extens‡o principal do estado dado. 
Sobre o fundo de um estado tonal m€dio € poss…vel uma dupla a‰‡o, no sentido do claro e 
do escuro. 
O movimento completo do branco ao preto d‚ uma id€ia da distˆncia gigantesca entre os 
dois pƒlos; o trajeto abarca todas as etapas da fonte do vis…vel aos „ltimos confins do vis…vel, 
ou a luta aberta dos extremos que se entrechocam. 
Uma grande amplitude do movimento pendular do preto ao branco d‚ for‰a a a‰‡o. Uma 
amplitude menor indica uma diminui‰‡o do raio do movimento pendular. Os contrastes se 
atenuam. 
Dimens‡o tonal: a dimens‡o ‘acima – abaixo’ € o lugar onde come‰a o esclarecimento. 
Muito acima o sol-luz, muito abaixo a noite. 
Dimens‡o calƒrica (cor). A dimens‡o ‘direita – esquerda’ € o local do princ…pio de 
temperatura. ’ direita o sol-calor, na esquerda o frio. Se a dimens‡o tonal acrescenta a si 
uma a‰‡o crom‚tica, nosso esquema se enriquece com a dimens‡o dos contrastes de 
temperatura. A conjuga‰‡o das duas dimens†es concede tamb€m duas dimens†es ao 
movimento e contra-movimento. Ademais, progress‡o e digress‡o, na combina‰‡o, fazem 
entrar em jogo a dimens‡o ‘adiante – atr‚s’. O conjunto nos faz pensar em um pi‡o feito com 
um fio de prumo e um disco. Seu equil…brio tridimensional, espacial, resulta da coordena‰‡o 
dos movimentos do disco e do eixo. 
O fenŠmeno do contraste de temperatura € facilmente percebido com material did‚tico: uma 
esfera crom‚tica que gire a uma velocidade m€dia em torno de seu eixo “preto – branco”. 
Este modelo d‚ uma id€ia da s…ntese de ilumina‰‡o e temperatura. O cintur‡o formado pelas 
cores do espectro € de algum modo, o equador. Os pontos preto e branco s‡o os pƒlos. O 
ponto cinza (dentro da esfera) € eqŽidistante dos cinco
elementos fundamentais: branco, 
azul, amarelo, vermelho e preto. Tal € o cˆnon da totalidade.
As cores se encontram no plano “esquerda-direita” – “adiante-atr‚s”. A circunferncia € o 
lugar de sua maior pureza, e as rela‰†es crom‚ticas mais puras s‡o, portanto, perif€ricas. 
75
O equil…brio espacial, em toda a sua viva riqueza, indica uma vigorosa e prevenida tomada 
de posi‰‡o no dom…nio inteiro das cores e tonalidades. 
A forma mais reduzida de equil…brio total € representada pelo cinza, harmonia sem vida. 
II-
Trata-se de estabelecer uma caixa (conjunto) ideal de cores, de definir uma disposi‰‡o em 
que se possa justificar o local da cada cor. Trata-se de confeccionar um conjunto „til. 
A natureza abunda de impress†es color…sticas. Os vegetais, os animais, os minerais, a 
composi‰‡o que chamamos paisagem; tudo excita nosso pensamento e nosso 
reconhecimento. Mais por sobre todas estas coisas existe um fenŠmeno puro de toda 
aplica‰‡o, elabora‰‡o e altera‰‡o, um fenŠmeno em que sua pureza crom‚tica lhe vale, 
neste sentido, o ep…teto de abstrato: o arco …ris. 
Œ significativo que este caso „nico de uma escala natural de cores puras n‡o seja 
plenamente deste mundo e apare‰a ao n…vel da atmosfera. Permanecendo no dom…nio 
intermedi‚rio entre a terra e o universo, este fenŠmeno alcan‰a certo grau de perfei‰‡o, mas 
n‡o no grau „ltimo, j‚ que sƒ parcialmente pertence ao “mais al€m”. 
Mas tamb€m nosso poder criador se encontra, considerando a imperfei‰‡o do fenŠmeno, em 
condi‰†es de obter, pelo menos, uma s…ntese do ser. H‚ que supor que o que nos chega 
como uma aparncia defeituosa existe em algum lugar na plenitude do seu ser. 
Em que consiste a insuficincia do arco …ris? 
Comprovamos nele uma serie de sete cores: vermelho-violeta, vermelho, laranja, amarelo, 
verde, azul, azul-violeta (…ndico). Todos sabem que o verde, o laranja e o violeta ocupam 
uma hierarquia distinta do vermelho, do amarelo e do azul; mas porque h‚ ent‡o o 
vermelho-violeta e o azul-violeta no arco …ris? 
Observaremos – fato capital – que as cores do arco …ris se apresentam de uma maneira 
linear: um ponto amarelo, um ponto verde, um ponto azul, etc. P†em-se em marcha um ao 
lado do outro. E se ampliarmos o arco …ris para fazer dele algo que seja completo, n‡o 
obter‚ a superf…cie (ativa) de um circulo crom‚tico, mas t‡o somente sete linhas circulares 
color…sticas, sete an€is encaixados uns nos outros. 
76
Representa‰‡o linear das cores, o arco …ris € assim uma representa‰‡o insuficiente. N‡o nos 
ensina grande coisa a seu respeito, e nada ensina das rela‰†es das cores entre si. Alem de 
sua linearidade, seu principal defeito € seu car‚ter finito, nƒo suficiente, atem-se ao campo 
intermedi‚rio entre a terra e o cosmos infinito. 
A discordˆncia dos dois violetas agu‰a a curiosidade dos cientistas, que pressentem alguma 
coisa insƒlita em ambas as extremidades da s€rie (infravermelho e ultravioleta?). Mas para 
nƒs os dois violetas s‡o somente duas semi-cores: ambas as metades devem compor um 
todo, os dois violetas devem fazer um sƒ, e os dois misteriosos extremos da cadeia devem 
se soldar em um circuito infinito, vale dizer, sem come‰o nem fim. 
J‚ n‡o h‚ necessidade de efetuar um movimento pendular de 1 a 7 e – o contra-movimento 
oficial do infinito – de 7 a 1, buscando por aqui e por ali, indo e vindo. 1 coincide com 7, e 
simplesmente chamamos violeta o seu lugar de reuni‡o. 
Sa…mos do campo humano, supra-animal, pat€tico, campo de luta e de alma-corpo, campo 
intermedi‚rio, semi-est‚tico, semi-dinˆmico, com o s…mbolo do triangulo, no qual as cores 
puras se sentem sƒ parcialmente em sua casa. 
Sua disposi‰‡o sobrenatural, cƒsmica, encontra nele sua adequada representa‰‡o. O arco 
…ris, manifesta‰‡o natural da ordem das cores puras, n‡o era mais que um reflexo de uma 
totalidade antes desconhecida, a totalidade cƒsmica das cores da qual confeccionamos um 
microcosmo sint€tico conforme o grande Todo. O c…rculo crom‚tico est‚ diante de nƒs. 
N‡o podemos aqui nos deter a meditar sobre a cis‡o do violeta do arco …ris, sobre a brecha 
aberta por essa for‰a inversa que humaniza as coisas divinas ao deform‚-las para 
manifest‚-las: trag€dia do divino. Tudo ocorre, por sinal, como se o c…rculo houvesse sido 
v…tima de uma agress‡o na coloca‰‡o do violeta, desgarrando-se ent‡o do c…rculo, abrindo-
se em dois ramos para produzir – s€rie de pontos color…sticos que avan‰am uns do lado dos 
outros – o arco …ris. 
Considerando-se detidamente o c…rculo crom‚tico – reconquista sint€tica da ordem divina 
das cores – nos maravilhamos ao ver que recursos apresenta esta nova forma para 
ilustrarmos as rela‰†es das cores entre si. 
Antes de tudo, os enigmas da s€rie finita se vem resolvidos, isto €, deixam de se 
estabelecer. O novo movimento se relaciona, em conformidade com uma continuidade sem 
fim, com o contorno do c…rculo. O chamaremos, ent‡o, de escala perif…rica das cores. 
77
O outro aspecto da novidade reside nos trs diˆmetros, que permite voltar a vincular as seis 
cores e agrup‚-las, articulando trs casais. Temos, portanto, por um lado, um movimento 
sobre a circunferncia e, por outro, escalas diametrais de cores. Estes movimentos 
diametrais v‡o e vem do vermelho ao verde, do amarelo ao violeta e do azul ao laranja. 
Al€m disso, os trs diˆmetros se recortam em um ponto (o centro do c…rculo crom‚tico). T‡o 
not‚veis propriedades sugerem um sentido profundo, que aparece na raiz destas duas 
experincias. 
1. O efeito deixado na retina por um vermelho bruscamente retirado depois de uma 
prolongada exposi‰‡o n‡o € vermelho, mas verde. E se a vista se det€m prolongadamente 
sobre um verde, o efeito deixado nas mesmas condi‰†es ser‚ a s„bita emergncia de um 
vermelho. A mesma bruxaria preside na altera‰‡o do amarelo e do violeta, do azul e do 
laranja. Todos podem comprovar empiricamente, desta maneira, a lei dos complementares e 
a existncia de trs pares de cores.
2. A segunda experincia consiste em dividir um peda‰o de papel em sete partes obtidas por 
camadas de tintas transparentes que partem, alternadamente, do vermelho puro ao verde 
puro. Movimentos e contra movimentos. Ao fazer isto aparece um centro, o cinza central 
(compartimento 4). 
Verificamos de maneira experimental que o vermelho e o verde se atenuam ao se 
aproximarem um do outro, para se neutralizar em vermelho – verde – cinza ao centro, 
mesmo que a cor ressuscite a cada lado ao se intensificar. N‡o utilizamos cinza, e, 
entretanto, o que aparece quando as cores se mesclam em quantidades iguais € o cinza 
puro. 
Em resumo: 
1. Duas cores complementares se misturam alternativamente no olho. 
2. Entre elas se encontra o cinza. 
A reciprocidade ou a altera‰‡o da escala vermelha – verde nos leva de volta ao pndulo em 
seu car‚ter de movimento e contramovimento1. Lembra, tamb€m, uma balan‰a mƒvel que 
termina por se imobilizar na interse‰‡o cinza. Coisa que de nenhum modo significa que o 
vermelho e o verde se prestem a uma representa‰‡o est‚tica, com todo o vermelho a 
esquerda e todo o verde a direita. Semelhante representa‰‡o n‡o sugeriria sua altera†ƒo 
78
simult‰nea, pois ent‡o seria necess‚rio passar rapidamente de um termo a outro 
(constru‰‡o). 
Junto aos trs diˆmetros mencionados existe, naturalmente, toda uma multid‡o de outros 
diˆmetros. Os trs principais se distinguem, n‡o pela exatid‡o, mas por sua fundamental 
importˆncia. A menor rota‰‡o de diˆmetro em torno do ponto fixo responde novos pares 
igualmente “leg…timos”, mas menos importantes. 
Na busca de novos pares de complementares, a simultaneidade do movimento e do contra-
movimento evolui pouco a pouco em movimento perp€tuo. Chegamos ‹s rela‰†es 
perif€ricas, nas quais
o movimento sem fim anula a dire‰‡o da flecha j‚ questionada pela 
simultaneidade do movimento e do contra-movimento.
O movimento circular m„tuo das flechas € o s…mbolo de um equil…brio que resulta da uni‡o 
do movimento com o contra-movimento (movimento de um par para os pƒlos). Ao contr‚rio 
da oscila‰‡o pendular que segue os diˆmetros, o movimento da circunferncia do c…rculo 
crom‚tico € um perp…tuo m„vel. O movimento diametral sƒ consegue sobrepujar as 
limita†‹es da dire†ƒo ao se interromper para se transformar em vai e vem, de modo que o 
movimento interrompido se situa por cima dos problemas de dire‰‡o, de sentido. Este 
relƒgio de pndulo tamb€m pode andar em sentido inverso. N‡o h‚ fins em seu circuito, nem 
acoplamentos, somente uma cont…nua sucess‡o de passos. Esta corrente cont…nua ignora as 
interrup‰†es; nela todo come‰o € ao mesmo tempo um fim.” 
(KLEE, Paul. Theorie de l'art Moderne. Gen€ve: Gonthier, 1971.).
6.2. Da Vinci
6.2.1. Breve biografia
Leonardo da Vinci nasceu em 15/04/1452. Existem d„vidas sobre o lugar de seu 
nascimento: para alguns historiadores, seu ber‰o foi uma casa de Anchiano, uma localidade 
de Vinci, enquanto para outros, foi o prƒprio lugar de Vinci, situado na margem direita do rio 
Arno, perto dos montes Albanos, entre Floren‰a e Pisa. Foi um dos mais not‚veis pintores 
do Renascimento e possivelmente seu maior gnio, por ser tamb€m anatomista, engenheiro, 
matem‚tico m„sico, naturalista, arquiteto e escultor. Suas id€ias cient…ficas quase sempre 
ficaram escondidas em cadernos de anota‰†es, e foi como artista que obteve 
reconhecimento de seus contemporˆneos.
79
Estagiou no est„dio de Verrochio (importante artista da €poca), em Floren‰a. Mudou-se para 
Mil‡o em 1481, onde trabalhou para a corte de Ludovico Sforza. At€ 1506 Leonardo 
trabalhou principalmente em Floren‰a e tudo indica que nesta €poca tenha pintado a Mona 
Lisa, sua obra mais famosa. Entre 1506 e 1516, viveu entre Mil‡o e Roma. Convidado por 
Francisco I, viajou para a Fran‰a em 1516, onde faleceu no ano de 1519.
6.2.2. Tratado da Pintura (1490-1517):
(VINCI, Leonardo da. Tratado de Pintura, “O verdadeiro mestre € universal”. (col. A pintura. 
Vol. 10 os g‡neros pictƒricos. Coord. Lichtenstein, Jaqueline) S‚o Paulo: Ed 34, 2006.)
Como Alberti, cujo tratado seguramente conhecia, Leonardo da Vinci afirma o principio de 
universalidade da pintura contra toda especializa‰‡o dos artistas.
Essa afirma‰‡o d‚ ensejo a uma diatribe contra os retratistas, motivada, ao que parece, por 
reagirem contra as proposi‰†es de Alberti relativas aos “talentos particulares”. Leonardo 
reprova aos pintores de retratos, de um lado, n‡o mostrarem seus temas em a‰‡o, quando a 
pintura do movimento € a condi‰‡o e um dos meios da representa‰‡o da historia; mas 
tamb€m, acusa‰‡o mais s€ria, dedicar-se t‡o exclusivamente ‹ restitui‰‡o de um 
personagem, que negligenciam com isso todos os outros elementos que constituem a 
histƒria. Esse reproche pode se aplicar n‡o apenas aos retratistas, mas tamb€m aos artistas 
que pintam naturezas-mortas ou paisagens — em verdade a todos os que continuam sendo 
sobretudo pintores especializados, mesmo quando empreendem uma pintura de histƒria. 
Leonardo inaugura aqui um debate que se prolongar‚ at€ o s€culo XVIII, ou mesmo o XIX, e 
culmina com Diderot: o que envolve a quest‡o de saber se o grande gnero pode e deve, a 
exemplo dos gneros menores, desenvolverem a representa‰‡o do real at€ a reprodu‰‡o 
dos m…nimos detalhes, ou se a insistncia nesses detalhes secund‚rios traz o risco de se 
afastar do essencial e diminuir o efeito do quadro.
As notas de Leonardo, em contrapartida, contm elementos de um longo cap…tulo sobre a 
paisagem, com uma vigorosa defesa desse gnero. Esse cap…tulo, jamais organizado —
como tampouco o restante das notas que constituem o projeto de tratado —, poderia ter 
come‰ado com a famosa medita‰‡o (que Leonardo desenvolve a partir de uma pr‚tica que 
atribui a Botticelli) sobre a mancha, condi‰‡o poss…vel, mas n‡o suficiente, para a 
elabora‰‡o de uma paisagem. Ele traz, sobretudo, considera‰†es abundantes e detalhadas 
sobre a pr‚tica. Redigidas no momento preciso em que nasce verdadeiramente a paisagem 
— em Veneza, particularmente com Giovanni Bellini e depois com Giorgione. Estas notas 
80
convm assinalar, s‡o dedicadas principalmente a uma an‚lise dos efeitos de atmosfera: 
folhagens tocadas ou atravessadas pela luz, efeitos de brumas ou fuma‰as que separam o 
olhar do motivo e modificam o aspecto e a nitidez dos contornos. Esses problemas tm a ver 
com a reflex‡o sobre os m€todos da ‘perspectiva atmosf€rica’, um assunto caro a Leonardo.
Al€m desses problemas de luz, Leonardo se apega particularmente a um motivo do 
paisagista, a montanha. Ele descreve as cores que variam segundo a vegeta‰‡o em fun‰‡o 
da altitude, com uma aten‰‡o sem precedentes na literatura e na pintura anteriores. A „ltima 
passagem de Leonardo que selecionamos aqui € dedicada ‹ descri‰‡o de um dil„vio: ela 
evoca o desencadeamento das for‰as da natureza numa verdadeira batalha cƒsmica. No
s€culo XV e no XVI, o dil„vio € paralelamente ‹ representa‰‡o do choque dos ex€rcitos - e 
de modo mais duradouro do que esta - um dos assuntos favoritos da pintura de histƒria. 
Para estarmos seguros disso, basta pensar no famoso afresco de Paolo Ucceilo no claustro 
verde da igreja de Santa Maria Novella, em Floren‰a, ou nas pinturas de Michelangelo e de 
Rafael, na Capela Sistina e nas galerias do Vaticano. Que se trata a… de uma reverbera‰‡o 
das ang„stias de uma €poca preocupada com o prƒximo fim do mundo, algumas passagens 
do Di‚rio de DŽrer e a f‚bula inventada pelo prƒprio Leonardo sobre a cat‚strofe do monte 
Taurus o mostram claramente. Mas o texto de Leonardo ainda justifica essa predile‰‡o em 
nome de raz†es est€ticas. Ele revela seu ideal: tirar proveito de um gnero espec…fico — no 
caso, a paisagem numa grandiosa pintura de histƒria.
“O VERDADEIRO MESTRE Œ UNIVERSAL”
O pintor n‚o ƒ digno de louvor se n‚o for universal. Pode-se dizer claramente que se 
enganam aqueles que chamam de bom mestre o pintor que executa bem apenas uma 
cabe‰a ou figura. N‡o € um grande feito, estudando uma „nica coisa durante toda a sua 
vida, alcan‰ar alguma perfei‰‡o; mas nƒs, sabendo que a pintura abarca e contempla todas 
as coisas que a natureza produz e tudo o que criou a opera‰‡o fortuita do homem, e por 
„ltimo o que se pode apreender com os olhos, parece-me bem pobre, o mestre que sƒ sabe 
fazer bem uma figura. Ora, n‡o vs quantos e qu‡o variados s‡o os atos realizados pelo 
homem? N‡o vs como os animais s‡o diversos e tamb€m as ‚rvores, as plantas, as flores 
e a variedade de s…tios na montanha e na plan…cie, nascentes, rios, cidades, edif…cios 
p„blicos e privados, instrumentos de uso do homem, e diferentes vestimentas, ornamentos e 
artes? Todas essas coisas devem ser perfeitas e bem executadas por aquele que queres 
chamar de bom pintor. [...]
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Discurso dos preceitos do pintor. Eu sempre constatei que, entre todos os retratistas, aquele 
que obt€m a melhor semelhan‰a € pior pintor de istoria que qualquer outro. E isso ocorre por 
que quem faz melhor uma coisa, € que a natureza lhe dispŠs a essa coisa e n‡o a uma 
outra, por essa coisa ele teve mais amor e esse maior amor o fez mais diligente; e todo amor 
que € concentrado em uma parte faz falta ao todo, porque ele fez dessa „nica coisa seu 
„nico prazer, deixando o universal pelo particular. Com toda a potncia desse esp…rito 
confinada em pouco espa‰o, n‡o h‚ potncia na dilata‰‡o e esse esp…rito atua ‹ 
semelhan‰a do espelho cŠncavo: ao tomar os raios do Sol e refletir essa quantidade de raios 
numa ‚rea de maior dispers‡o, produz um calor t€pido;
mas quando os reflete num espa‰o 
menor, ent‡o esses raios s‡o de calor imenso, fazendo uso de pouco espa‰o. Assim fazem 
os pintores que n‡o amam outra coisa na pintura que n‡o seja o rosto humano; e o que € 
pior, n‡o sabe estimar e apreciar nenhum outro aspecto da arte; e suas obras s‡o sem 
movimento, por serem eles mesmos pregui‰osos e de pouco movimento, criticam aquelas 
coisas que tm movimentos maiores e mais livres que as suas e dizem que esses 
[personagens] parecem possu…dos e mestres de [dan‰as] mouriscas. [...]
Preceitos do pintor. N‡o ser‚ universal aquele que n‡o amar igualmente todas as coisas que 
pertencem ‹ pintura; se um n‡o gosta de paisagens, ele dir‚ que elas s‡o coisas banais e 
de f‚cil compreens‡o; como disse nosso Botticelli, que tal estudo era v‡o por que bastava 
jogar uma esponja embebida de diversas cores sobre uma parede, para que ela deixasse 
sobre essa parede uma mancha onde se podia ver uma bela paisagem. Œ bem verdade que 
se podem ver em tal mancha diversas composi‰†es [dependendo] do que se quer a… buscar, 
ou seja, cabe‰as humanas, animais diversos, batalhas, rochedos, mares, nuvens e bosques 
e outras coisas semelhantes; € como o som dos sinos, nos quais podes ouvir o que 
quiseres. Mas ainda que essas manchas te forne‰am a inven‰‡o, elas n‡o te ensinam a dar 
acabamento a nenhum detalhe. E esse tal pintor fez paisagens bem pobres.
[...] De que ponto de vista deve-se pintar uma paisagem. As paisagens devem ser pintadas 
de modo a que as ‚rvores estejam meio iluminadas e meio sombreadas. Mas … melhor faz-
las quando o Sol est‚ escondido pelas nuvens, pois ent‡o as ‚rvores s‡o iluminadas pela 
luz universal do c€u pela sombra universal da terra. E suas partes s‡o t‡o mais sombreadas 
quanto mais prƒximas essas partes est‡o do meio da ‚rvore e da terra.
Do modo de pintar as coisas distantes. V-se claramente que uma parte da atmosfera, a que 
confina com a terra plana, € mais densa que as outras; e quanto mais ela se eleva mais fina 
e transparente €. A base de objetos grandes e altos situados ao longe, ser‚ pouco vis…vel, 
82
porque a vs ao cabo de uma linha que passa por essa ‚rea de atmosfera mais densa. O 
cume desses objetos elevados ser‚ mais vis…vel, pois embora essa linha tenha origem numa 
atmosfera densa, prƒxima do teu olho, n‡o obstante, quando alcan‰a o cume do objeto, ela 
acaba numa atmosfera muito mais fina que a da sua base, e por essa raz‡o, quanto mais 
essa linha se distancia de ti, mais a qualidade do ar torna-se rarefeita. Assim, tu pintor, 
quando fizeres as montanhas faze com que de monte em monte, as bases sejam sempre 
mais claras que os cumes, e quanto mais as fizeres distantes umas das outras, faze as 
bases mais claras, e quanto mais ‹s montanhas se elevarem, mais elas mostrar‡o sua 
verdadeira forma e cor.
Da cor das montanhas. Entre as montanhas distantes do olho, aquela que € naturalmente a 
mais escura se mostrar‚ do mais belo azul; e a mais escura por natureza € a mais elevada e 
com mais bosques; pois, como esses bosques localizam-se no alto, eles mostram a parte 
inferior das suas ‚rvores; e essa parte inferior € escura porque n‡o v o c€u. Al€m disso, as 
plantas selvagens dos bosques s‡o mais escuras que as cultivadas: os carvalhos, as faias, 
os ciprestes, os pinheiros s‡o muito mais escuros que as oliveiras e as ‚rvores frut…feras. [...]
Se acontecer de alguma nuvem em algum lugar sombrear uma parte da colina, as ‚rvores 
mudam menos [de cor] que nas plan…cies, porque as ‚rvores sobre as colinas possuem os 
galhos mais espessos, pois crescem menos por ano do que nas plan…cies; e como esses 
galhos s‡o escuros por natureza e por serem repletos de sombra, a sombra das nuvens n‡o 
pode escurec-los ainda mais. Mas o espa‰o livre entre as ‚rvores, n‡o recebendo 
nenhuma sombra, muda muito de tom, sobretudo se ele n‡o € verde, como, por exemplo, 
nas terras aradas, nas montanhas erodidas, nos locais est€reis e rochosos. As ‚rvores que 
se destacam contra o c€u parecem ser todas da mesma cor — a menos que n‡o estejam 
muito prƒximas umas das outras ou n‡o tenham folhagens densas, como o pinheiro e 
‚rvores semelhantes. Quando vs as ‚rvores do lado que o Sol as ilumina, tu as ver‚s 
quase que uniformemente claras e as sombras internas ser‡o escondidas pelas folhas 
iluminadas interpostas entre teu olho e essas sombras. [...]
Da fuma„a das cidades. A fuma‰a € melhor percebida e mais distinta a leste que a oeste, se 
o Sol est‚ a leste; e isso por duas raz†es: a primeira € que o Sol perfura com seus raios as 
part…culas dessa fuma‰a e ilumina-as e torna-as vis…veis; a segunda € que os telhados das 
casas vistos ‹ essa hora, a leste, est‡o na sombra porque o Sol n‡o pode iluminar as suas 
inclina‰†es [dos telhados]. E o mesmo ocorre para a poeira, e tanto uma quanto a outra s‡o 
mais luminosas quanto mais densas forem, e sua densidade € maior no centro.
83
A varia„‚o da cor das …rvores. As cores das folhas das ‚rvores variam segundo quatro 
fatores: sombra, luz, reflexo e transparncia.
Da visibilidade dessas varia„†es. ’ grande distˆncia, as varia‰†es das cores das folhas das 
‚rvores confundem-se numa mescla, na qual aquela que ocupa a maior superf…cie ser‚ 
predominante.
Das folhas opacas localizadas ‡ frente das transparentes. Quando as folhas interp†em-se 
entre a luz e o olho, ent‡o a mais prƒxima do olho ser‚ a mais escura, e a mais distante, 
mais clara; a menos que tenha o c€u como fundo. [...]
[...] Pintor, quando fizeres uma ‚rvore de perto, lembra-te que teu olho, estando um pouco 
abaixo dessa ‚rvore, ver‚ suas folhas do direito e do avesso, e a parte do lado direito ser‚ 
t‡o mais azul quanto mais em escor‰o elas estiverem; e uma mesma folha mostra, ‹s vezes, 
uma parte do seu lado direito e uma do avesso, por isso deves faz-la em duas cores.
Pintura: representar os elementos caracterˆsticos das paisagens montanhosas. As ervas e 
as plantas ter‡o as cores t‡o mais p‚lidas quanto mais magras e sem umidade for o terreno 
que as nutre. O terreno € mais magro e mais seco sobre as rochas das quais se comp†em 
os montes. E as ‚rvores ser‡o t‡o menores e t‡o mais fr‚geis quanto mais prƒximas dos 
cumes estiverem, e o terreno t‡o mais magro, quanto mais se aproxima dos ditos cumes das 
montanhas, e o terreno f€rtil € t‡o mais abundante quanto mais prƒximo estiver da 
concavidade dos vales. Ent‡o, tu pintor, mostrar‚s no cume dos montes as rochas que os 
comp†em em grande parte desprovidas de terra e as ervas que a… nascem, mi„das e 
magras e em grande parte p‚lidas e secas pela falta de umidade; e que se veja o terreno 
arenoso e magro transparecer entre as p‚lidas ervas e as pequenas plantas miser‚veis e 
envelhecidas, de tamanho m…nimo, com galhos curtos e espessos e poucas folhas, as ra…zes 
como que enferrujadas e ‚ridas, entrela‰adas com as faldas e as fendas das rochas
enferrujadas, germinadas nos troncos mutilados pelos homens e pelos ventos; e em muitas 
partes, veja-se as rochas emergirem dos declives das altas montanhas revestidas de uma 
fina e p‚lida ferrugem; e em alguma parte mostrar as suas verdadeiras cores reveladas pelo 
impacto dos relˆmpagos celestes, o curso dos quais, n‡o sem vingan‰a desses rochedos, 
freqŽentemente € por eles impedido. E quanto mais se desce aos p€s dos montes, mais a 
vegeta‰‡o ser‚ vigorosa e cheia de galhos e folhas e seus verdes ser‡o de tantas 
variedades quantas s‡o as esp€cies de plantas de que tais selvas se comp†em; e as copas 
diferem pela estrutura e densidade dos galhos e das folhas e pelos contornos e alturas; 
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algumas com a coroa estreita, como o cipreste, e outras com ramifica‰†es espessas, 
dispersas e dilatadas, como o carvalho e o castanheiro etc.; algumas com folhas mi„das, 
outras ralas,
como o zimbro e o pl‚tano etc.; alguns grupos de plantas nascidas na mesma 
€poca separados por espa‰os de grandezas diversas, outros unidos sem o intervalo de
prados ou outros espa‰os vazios. [...]
Descri„‚o do dil‰vio. Seja figurado primeiramente o cume de uma montanha abrupta com 
alguns vales ao redor da sua base, e que em seus flancos se veja a superf…cie do terreno 
deslizar, junto com mi„das ra…zes de sar‰a, desnudando grandes por‰†es de rochas 
circundantes. E descendo esses precip…cios e semeando a ru…na, deixe que ela se choque e 
desnude no seu curso turbulento as nodosas e tortuosas ra…zes das grandes ‚rvores, e que 
as ponha de cabe‰a para baixo, e que as montanhas desnudando-se revelem as profundas 
fissuras provocadas por antigos terremotos; e que a base das montanhas seja em grande 
parte recoberta pelos destro‰os dos arbustos precipitados pelos flancos dos cumes desses 
montes, e que se misturem com a lama, as ra…zes, os galhos de ‚rvores com diversas folhas 
mergulhados nessa lama, e terra e pedras. E que os destro‰os de certas montanhas 
tombem at€ as profundezas de alguns vales e formem barragens para as ‚guas 
transbordantes do seu rio; mas essas j‚ romperam tais barragens e v‡o-se em ondas 
gigantescas, das quais as mais altas batem nos muros das cidades e nas fazendas dos 
vales, destruindo-os. E as ru…nas dos altos edif…cios dessas cidades levantar‡o uma grande 
quantidade de poeira, que se al‰ar‚ com o aspecto de fuma‰a ou de nuvem turbilhonante 
contra a chuva que cai. Mas a ‚gua que transborda, rodopiando no lago, ir‚ chocar-se numa
ressaca turbilhonante contra diversos obst‚culos, elevando-se no ar com uma espuma 
lamacenta, para depois recair e lan‰ar no ar a ‚gua rebatida. E as ondas circulares, que 
emanam do local do choque, s‡o impelidas contra outras ondas circulares que vm em 
sentido oposto, e com o choque al‰am-se no ar, mas sem se separar da superf…cie das 
‚guas.
E onde a ‚gua escoa desse lago v-se as ondas desfeitas distenderem-se na dire‰‡o desse 
escoadouro, ao fim do qual, caindo ou despencando no ar, a ‚gua ganha peso e …mpeto; e 
vai bater na que est‚ abaixo a penetrando; essa se abre e se precipita com furor, batendo no 
fundo que a rebate na dire‰‡o da superf…cie, junto com o ar que com ela submergiu; e resta 
na superf…cie uma espuma misturada com peda‰os de madeira e outras coisas mais leves 
do que a ‚gua; ao redor das quais nascem ondas que mais crescem em circunferncia 
quanto mais movimento adquirem; e esse movimento as faz t‡o mais baixas quanto mais 
largas forem as suas bases, e por isso mal se discerne o seu derradeiro fim. Mas se essas 
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ondas se chocam com um obst‚culo qualquer, elas ent‡o se voltam na dire‰‡o oposta ‹s 
ondas que vm em seguida, mantendo o mesmo crescimento da curvatura, como se o seu 
movimento inicial n‡o tivesse sido interrompido. A chuva que cai das nuvens € da mesma 
cor dessas nuvens, isto €, da sua parte sombreada; a menos que os raios do Sol as 
penetrem, nesse caso, a chuva se mostraria menos escura do que as nuvens. E se as 
grandes massas de destro‰os das grandes montanhas ou dos outros edif…cios enormes 
ca…rem nesse mar de ‚guas, uma grande quantidade de ‚gua ser‚ lan‰ada ao ar e seu 
movimento tomar‚ a dire‰‡o oposta ‹ do objeto que se chocou com a ‚gua, isto €, o ˆngulo 
de reflex‡o ser‚ igual ao ˆngulo de incidncia. Dos objetos trazidos pelo curso das ‚guas, 
aquele que for mais pesado ou de maior massa, se afastar‚ mais das margens opostas. O 
movimento das ‚guas nos redemoinhos € t‡o mais veloz quanto mais prƒximas estiverem do 
seu centro. As cristas das ondas do mar tombam antes das suas bases, choca-se com
fric‰‡o nas borbulhas da superf…cie; e essa fric‰‡o pulveriza a ‚gua que tomba em diminutas 
part…culas, e transformando-se em n€voa densa, mistura-se no curso dos ventos como 
fuma‰a ondulante e turbilh‡o de nuvens e, no final, eleva-se no ar e se converte em nuvem. 
Mas a chuva que cai na atmosfera ao ser arrastada e lan‰ada pelos ventos, faz-se mais 
rarefeita ou mais densa, segundo a rarefa‰‡o ou a densidade desses ventos, e isso gera na 
atmosfera uma n€voa de part…culas transparentes prƒxima de quem a v.
As ondas do mar que se choca contra os flancos das montanhas que lhe s‡o lim…trofes, 
produzir‡o espuma pela velocidade com que se choca contra o dorso dessas colinas, e ao 
voltarem para tr‚s, elas encontrar‡o a segunda onda que vem e, apƒs um choque 
estrondoso, retornar‡o, inundando tudo, ao mar de onde vieram.
Deixe que uma grande quantidade de habitantes — homens e animais diversos — sejam 
vistos fugindo da mar€ crescente do dil„vio em dire‰‡o aos cumes das montanhas prƒximas 
dessas ‚guas.
Ondas do mar de Piombino: todas de ‚gua espumosa.
Fonte: Leonardo da Vinci, Trattato della pittura, Roma, Newton Compton, 1996, pp. 36-8, 43, 
48, 64, 94, 169, 278, 281;
The notebooks of Leonardo da Vinci, compilado e editado por J.-P. Richter, Nova York, 
Dover Publications, vol. 1, pp. 228, 216-7, 310-2,
86
6.3. Abraham Palatnik
6.3.1. Breve biografia:
Arte cin€tica, tecnologia, inven‰‡o e 
experimentalismo: estas palavras n‡o definem por 
completo o artista, mas podem ajudar-nos a 
compreend-lo. Homem urbano e industrial foi o 
engenheiro das artes pl‚sticas nos anos cinqŽenta, o 
que o ligou ‹s reflex†es em torno da arte concreta. 
Nascido em Natal, filhos de imigrantes russos 
judeus, transferiu-se ainda jovem para Israel, em Tel-
Aviv, em 1932, onde se especializou em motores de explos‡o. De 1943 a 1947 estudou 
pintura e histƒria da arte no ateli de Aron Avni, escultura com Sternshus, est€tica com Shor, 
e pintura, desenho e histƒria da arte no Instituto Municipal de arte de Tel Aviv. Produziu 
neste per…odo pinturas de paisagens, retratos e naturezas-mortas. Voltou ao Brasil em 1948, 
ano em que o cr…tico M‚rio Pedrosa escrevia sua tese sobre a teoria da gestalt. Palatnik, 
assim como Ivan Serpa e Almir Mavignier, reuniu-se ‹ Pedrosa em suas pesquisas por uma 
nova arte. Ao mesmo tempo, estudava arte concreta, e freqŽentava o Engenho de Dentro, 
onde a Dra. Nise da Silveira fazia da arte uma experincia teraputica com pacientes 
manicomiais. "O impacto das visitas ao Engenho de Dentro e as conversa‰†es com M‚rio 
Pedrosa demoliram minhas convic‰†es em rela‰‡o ‹ arte", declarou Palatnik (In: MORAIS, 
Frederico; Ita„ Cultural; 1999).Destas duas experincias surgiriam algumas pinturas 
concretas e suas pesquisas com luzes e movimento que culminariam nos seus aparelhos 
cinecrom‚ticos.
Por um lado, os aparelhos possuem uma reflex‡o diretamente ligada ‹ arte concreta, como 
a rela‰‡o com a sociedade industrial - os motores de explos‡o -, e ‹ cria‰‡o de uma quarta 
dimens‡o na obra de arte, sem precisar relacion‚-la com a representa‰‡o do mundo real, 
que € o tempo (que surge aqui como movimento). Por outro, a obra n‡o perde o componente 
l„dico dado pelo uso das cores, quebrando com a rigidez concreta. Seu primeiro Aparelho 
Cinecrom‚tico foi exposto na I Bienal de S‡o Paulo, em 1951, obtendo men‰‡o especial do 
j„ri internacional, apesar de ter sido inicialmente recusado pelo j„ri nacional, por n‡o se 
Fotografia de Palatnik em seu ateliÄ, 
1999. ReferÄncia: Abraham Palatnik: 
retrospectiva. SÅo Paulo: ItaÇ 
Cultural, 1999. P. 20
87
enquadrar em nenhuma categoria regulamentada. O artista foi um dos pioneiros no mundo a 
trabalhar com arte cin€tica.
As reuni†es com Pedrosa, Serpa e Mavignier geraram o 
grupo que ficou chamado como Frente, o qual fundou e 
atuou de 1954 a 1956. Trabalhou tamb€m diretamente no 
universo industrial, como projetista e desenhista de 
produ‰‡o. Œ inventor de m‚quinas e jogos de percep‰‡o, a 
partir dos anos sessenta. “Para inventar alguma coisa €
preciso possuir um comportamento anticonvencional. Eu 
acho que as ind„strias deveriam convocar artistas pl‚sticos 
porque eles possuem um potencial perceptivo que pode 
resolver muitos problemas”, falou o artista (In: MORAIS, 
Frederico; Ita„ Cultural; 1999).
Em 1964, realizou seus Objetos Cin€ticos. Eram formas 
coloridas que se moviam por motores, eletro…m‡s e fios de 
metal (que ficavam expostos: a m‚quina era para ser vista em funcionamento). Era como um 
mƒbile de Calder, sƒ que movido a motor e com movimentos regulares e planejados. 
Produziu ainda os Relevos Progressivos, em que utilizou os relevos e sulcos naturais da 
madeira, em superf…cies bidimensionais, sob composi‰‡o serial, de modo a criar ritmos, 
continuando assim suas pesquisas no campo do cinetismo visual. 
6.3.2. Principais trabalhos
Fotografia de Palatnik com 
seu primeiro Aparelho 
CinecromÉtico (vista interna), 
1951. ReferÄncia: Abraham 
Palatnik: retrospectiva. SÅo 
Paulo: ItaÇ Cultural, 1999
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89
90
6.4. Diferentes definies para as mesmas vari‰veis das cores
91
7. Extras
7.1. Arte Apol…nea e Arte Dionis…aca
Nietzsche resolveu estabelecer uma distin‰‡o entre o Apol…neo e o Dionis…aco, pois “A 
trag…dia grega” depois de ter atingido sua perfei‰‡o pela reconcilia‰‡o da “embriaguez e da 
forma”, de Dion…sio e Apolo, come‰ou a declinar quando, aos poucos, foi invadida pelo 
racionalismo.
Desse modo, publicou a obra “O nascimento da trag…dia” onde estabelece a dualidade dos 
dois princ…pios, visando uma s…ntese. Essa obra vai representar a uni‡o desses dois 
elementos, onde Nietzsche vai encontrar a unidade. Apolo n‡o € o contr‚rio de Dion…sio, 
mas sim uma unidade, onde um € uma parte distinta do outro. Ele concebe de maneira bem 
diversa a natureza e o destino helnicos. N‡o v a… uma harmonia, mas um complexo 
cont…nuo de luta distingue no gnio grego estes dois elementos: o esp…rito apol…neo e o 
esp…rito.
Distinguindo-os mitologicamente, temos: Apolo, para os gregos, como sendo o:
Deus brilhante da claridade do dia revelava-se no Sol. Zeus, seu pai, era o C€u de onde nos 
vem ‹ luz, e sua m‡e, Latona, personificava a Noite de onde nasce a Aurora, anunciadora 
do soberano senhor das horas douradas do dia. (...) Apolo, soberano da luz, era o Deus cujo 
raio fazia aparecer e desaparecer as flores, queimava ou aquecia a Terra, era considerado 
como o pai do entusiasmo, da M„sica e da Poesia. (...) Deus da M„sica e da Lira, Apolo 
tornou-se, como conseqށncia natural, o Deus da Dan‰a, da Poesia e da Inspira‰‡o. 
(BRAND™O, 1992, p.31/38).
E como Her‚clito de Œfeso j‚ afirmara que:
(...) “a harmonia € resultante da tens‡o entre contr‚rios, como a do arco e lira”, Apolo foi o 
grande harmonizador dos contr‚rios, por ele assumidos e integrados num aspecto novo. A 
serenidade apol…nea torna-se, para o homem grego, o emblema da perfei‰‡o espiritual e, 
portanto, do esp…rito. (BRAND™O, 1992, p.51).
Dion…sio era o filho da uni‡o de Zeus com Smele, personifica‰‡o da Terra em todo o
esplendor primaveril da sua magnificncia. “De um ponto de vista simbƒlico, o deus da
92
mania e da orgia configura a ruptura das inibi‰†es, das repress†es e dos recalques. Dion…sio
simboliza as for‰as obscuras que emergem do inconsciente, pois que se trata de uma
divindade que preside ‹ libera‰‡o provocada pela embriaguez, por todas as formas de
embriaguez, a que se apossa dos que bebem, a que se apodera das multid†es arrastadas 
pelo fasc…nio da dan‰a e da m„sica e at€ mesmo a embriaguez da loucura com que o deus 
pune aqueles que lhe desprezam o culto. Desse modo, Dion…sio retrataria as for‰as de 
dissolu‰‡o da personalidade: ‹s for‰as caƒticas e primordiais da vida, provocadas pela orgia 
e a submers‡o da conscincia no magma do inconsciente.”. (BRAND™O, 1992, p. 140).
Nietzsche emprega uma linguagem simbƒlica e metafƒrica na apresenta‰‡o de suas obras 
de arte. Ele se impregna do primitivo esp…rito grego, reconhecendo no devenir, no fluxo das 
coisas, a verdadeira dimens‡o dos fatos; a vida € um jogo constante atirada ao destino de
suas for‰as. O pathos tr‚gico se nutre do saber que tudo € uno. A vida e a morte s‡o irm‡s
gmeas arrastadas num ciclo misterioso. O caminho para o alto e o caminho para baixo,
segundo se l em Her‚clito € o mesmo. O pathos tr‚gico conhece Apolo e Dion…sio como
idnticos. Nietzsche descobre na trag€dia grega a oposi‰‡o da forma e da corrente amorfa. 
A esta oposi‰‡o, Nietzsche chama oposi‰‡o entre o Apol…neo e o Dionis…aco. Servindo-se 
ainda desta diferen‰a, evolui seu pensamento e integra o apol…neo no dionis…aco. Assim, a 
verdadeira dimens‡o da realidade est‚ num recriar, numa renova‰‡o constante; os valores 
est‡o em jogo permanente, os valores est‡o sempre criando novos valores de acordo com a 
diversifica‰‡o e a intensidade de sua for‰a. Ora, n‡o € outro o esp…rito da est€tica 
nietzschiana que se encontra centrada na embriaguez, isso €, na capacidade de se 
introduzir nos atos humanos mais acr€scimos de for‰a, mais movimenta‰‡o, mais 
criatividade, pois € a vontade de potncia que d‚ ao homem o sentido ativo da arte.
Desse modo, o que Nietzsche institui € a forma‰‡o do apol…neo e do dionis…aco como
princ…pios de natureza est€tica e inconscientes, por€m, sem deixar de ter como base as suas
origens mitolƒgicas referidas anteriormente. A rela‰‡o entre Apolo e Dion…sio ser‚ de 
cria‰‡o, pois a incessante luta entre eles cria sempre coisas novas, por isso a identifica‰‡o 
com a arte. A arte vai ser a maneira pela qual o homem poder‚ ultrapassar o devir do 
cotidiano.
Um dos meios para se ultrapassar os “obst‚culos” do cotidiano € por meio da experincia
apol…nea, por meio do prazer e da eternidade. Sem a produ‰‡o da bela aparncia a vida se
desqualifica, pois a bela aparncia € uma verdade superior. Em suma, o apol…neo e o
dionis…aco s‡o apresentados como sa…das est€ticas. Nietzsche pensa a vida como devir e 
93
este como beleza, assim pode atrav€s do dualismo Apolo/Dionis…aco ultrapassar a realidade
cotidiana.
O Apol…neo representa a produ‰‡o de formas, a beleza, fazendo com que a vida se separe 
do sofrimento. Como foi dito antes, Apolo € o deus do Sol, liga-se a arte pl‚stica devido a 
sua afinidade com a vis‡o, tornando-se o deus da imagem, obtendo uma arte figurada. Ele 
reina nas belas aparncias do mundo da fantasia, pois todo homem produz imagens por 
meio do sonho e da realidade. E assim como o sonho tem um efeito sanatƒrio e reparador, o 
Apol…neo se contrap†e a realidade cotidiana. H‚ um prazer em produzir imagens, em sair do 
fundo, que € prƒprio do Apol…neo.
Este € um afirmador da vida, sejam as imagens boas ou n‡o. A experincia apol…nea €
c„mplice da produ‰‡o da vida, esta experimentada esteticamente € o mundo superior. E
quanto mais bela a forma mais ter‚ a id€ia de eternidade. Nietzsche € apaixonado pela id€ia
grega de eternidade onde a vida se potencializa de tal modo que se eterniza sem ter a 
nega‰‡o, fazendo dela uma potncia criadora.
O outro princ…pio da dualidade estabelecida por Nietzsche € o Dionis…aco. Este ultrapassa o 
mundo do sofrimento pelo mergulho ‹ unidade do prƒprio universo, uma experincia m…stica, 
levando ao inconsciente. Dion…sio € o deus do vinho, liga-se a m„sica e a arte n‡o-figurada. 
A experincia dionis…aca rompe com o princ…pio de individualiza‰‡o.
Apolo. Œ a perda de si mesmo, de sua individualiza‰‡o, e essa id€ia de perda de si nos 
remete ‹ de terror. Essa experincia vai selar o la‰o que une pessoa a pessoa, eliminando 
todas as diferentes individualiza‰†es.
Portanto, temos a unidade do Apol…neo com o Dionis…aco, juntos formando o devir, a vida. 
Desse modo, Nietzsche parte do princ…pio de que o universo humano € constitu…do de for‰as 
conflitantes, sendo
que cada for‰a € em princ…pio um centro explosivo tentando uma s…ntese 
prec‚ria que tende a dominar as demais, incorpor‚-las, crescer ‹s expensas delas,
aumentamos, assim, o setor prƒprio de domina‰‡o, pois tal € o impulso de cada 
singularidade conflitante.
Podemos ter como desfecho, o seguinte fragmento da obra O nascimento da trag…dia (...). A 
seus dois deuses da arte, Apolo e Dion…sio, vincula-se a nossa cogni‰‡o de que no mundo 
helnico existe uma enorme contraposi‰‡o, quanto a origens e objetivos, entre a arte do 
figurador pl‚stico, a apol…nea, e a arte n‡o-figurada da m„sica, a de Dion…sio: ambos os 
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impulsos, t‡o diversos, caminham lado a lado, na maioria das vezes em discƒrdia aberta e 
incitando-se mutuamente a produ‰†es sempre novas, para perpetuar nelas a luta daquela 
contraposi‰‡o sobre a qual palavra comum “arte” lan‰ava apenas aparentemente a ponte; 
at€ que, por fim, atrav€s de um miraculoso ato metaf…sico da “vontade” helnica, apareceram 
emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto a obra de arte dionis…aca 
quanto a apol…nea geraram a trag€dia štica (...).” (NIETZCSHE, 1996, p. 27).
O Apol…neo e o Dionis…aco tm entre eles um movimento incessante, o devir. E este produz 
formas. Eles atrav€s desse movimento atuam juntos para produzir o mundo, por€m n‡o s‡o 
frutos de uma produ‰‡o da conscincia.
7.2. Neoplasticismo
O termo Neoplasticismo refere-se ao movimento art…stico de vanguarda capitaneado pela 
figura de Piet Mondrian, relacionado ‹ arte abstrata. O Neoplasticismo defendia uma total 
limpeza espacial na pintura, reduzindo-a a seus elementos mais puros e buscando suas 
caracter…sticas mais prƒprias. 
A necessidade de ressaltar o aspecto artificial da arte (cria‰‡o humana) fez com que os 
artistas deste movimento (notadamente Mondrian e Theo van Doesburg) usassem apenas 
as cores prim‚rias (vermelho, amarelo, azul) em seu estado menos saturado (artificial), 
assim como o branco e o preto (inexistentes na natureza, o primeiro sendo presen‰a total e 
o segundo ausncia total de luz). Claramente um movimento de arte de pesquisa. 
Os experimentos realizados pelos artistas neopl‚sticos foram essenciais para a arquitetura 
moderna, assim como para a formula‰‡o do que hoje se conhece por design. Apesar de 
afastados da Bauhaus devido a quest†es pontuais, ambos os movimentos fazem parte de 
um mesmo universo cultural.
Embora muitos vejam o Neoplasticismo como produto da revolta moral contra a violncia 
irracional que assolava a Europa, alguns outros fatores foram essenciais para o nascimento 
do movimento, como o Cubismo, que desfigurou os modos tradicionais de representa‰‡o; o 
idealismo e a austeridade do Protestantismo Holands; o vi€s m…stico da Teosofia (corpo 
doutrin‚rio que sintetiza Filosofia, Religi‡o e Cincia, que est‚ presente em maior ou menor 
grau em diversos sistemas de cren‰as ao longo da histƒria, e foi exposto modernamente 
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primeiro por Helena Blavatsky no final do s€culo XIX, e por outros desde ent‡o.), movimento
do qual Piet Mondrian era membro.
O movimento teosƒfico, fundado por Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), alegava ter 
resolvido o conflito entre espiritualidade e cincia (conflito evidenciado, principalmente, pela 
teoria da evolu‰‡o de Darwin) ao aplicar o conceito de evolu‰‡o a uma escala cƒsmica –
todo o universo estaria evoluindo, n‡o sƒ as esp€cies, e nƒs estar…amos vivendo sucessivas 
encarna‰†es rumo ‹ perfei‰‡o. A teosofia exerceu grande influncia no trabalho do 
matem‚tico M.H.J. Schoenmaekers, especialmente no tratado “Matem‚tica Expressiva”, que 
influenciou fortemente a concep‰‡o art…stica de Piet Mondrian na fase inicial do 
Neoplasticismo.
Como resultado, o De Stijl era visto por seus integrantes como mais do que um estilo 
art…stico, possuindo um car‚ter quase messiˆnico, sendo uma forma de filosofia e religi‡o. 
Seus ideais prim‚rios eram promover uma s…ntese m…stico-racional, uma busca pela ordem, 
pela harmonia perfeita existente que poderia ser acess…vel ao homem (e ‹ sociedade) desde 
que este se subordinasse a ela. Trata-se, portanto, de uma miss‡o de car‚ter €tico-
espiritual, a tentativa de alcan‰ar a “beleza universal” citada por Mondrian.
Essa harmonia, essa ordem perfeita e universal poderia ser alcan‰ada, segundo os 
membros do De Stijl, com a obedincia ‹s leis que regem a produ‰‡o art…stica, que previam 
uma arte n‡o-figurativa pois, “como representa‰‡o pura do esp…rito humano a arte 
expressar-se-ia numa forma esteticamente purificada, vale dizer, abstrata” . Como tal, 
visando a express‡o de um princ…pio universal, o Neoplasticismo bania o individualismo 
excessivo (presente na arte figurativa) e reduzia a pintura aos elementos constitutivos da 
linha, do espa‰o, da cor (segundo Theo Van Doesburg, “o quadrado € para nƒs o que a cruz 
era para os antigos crist‡os” ). Nas palavras do prƒprio Mondrian:
“Uma express‡o individual n‡o se torna uma express‡o universal por meio da representa‰‡o 
figurativa, que se baseia em nossa concep‰‡o do sentimento, seja cl‚ssica, romˆntica, 
religiosa ou surrealista.”
A arte n‡o-figurativa, forma encontrada para atingir a “express‡o universal”, n‡o €, todavia, 
fruto do inconsciente, do Id Freudiano, de lembran‰as individuais e pr€-natais. Esta forma de 
express‡o art…stica € fruto da intui‰‡o pura, do pensamento puro, embora tanto Mondrian 
quanto Van Doesburg admitam que os est…mulos do mundo exterior s‡o indispens‚veis, pois 
eles provocam o desejo de cria‰‡o, o desejo de tornar concreto (atrav€s da obra de arte) 
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aquilo que sƒ podemos sentir de forma vaga e imprecisa, mas que € inerente ‹ vida e 
subjacente ‹ realidade vis…vel.
Um paralelo pode ser tra‰ado entre esse sentimento voltado para a essncia, al€m da 
representa‰‡o figurativa, e o pensamento art…stico de Plat‡o – em certa medida, o De Stijl 
corrobora o pensamento do filƒsofo grego acerca dos m€ritos da arte enquanto cƒpia do 
mundo f…sico (“cƒpia da cƒpia”, segundo Plat‡o), colocando o “mundo das id€ias” (na vis‡o 
do De Stijl, o princ…pio uno essencial harmŠnico) como priorit‚rio.
Œ importante ressaltar que os participantes do De Stijl, em especial Piet Mondrian, n‡o 
concebiam a arte abstrata como sendo antagŠnica ou oposta ‹ natureza. Para os artistas, a 
arte abstrata op†e-se ‹ natureza animal e primitiva do homem, uma natureza grosseira que 
n‡o corresponde ‹ verdadeira natureza humana, encontrada nas leis universais, na essncia 
que os Neoplasticistas objetivavam alcan‰ar.
De forma alternativa, a concep‰‡o do De Stijl como uma tentativa de atingir o mundo como 
“Coisa em si” tamb€m € justific‚vel embora uma ressalva importante tenha de ser feita –
enquanto Schopenhauer caracteriza o mundo como “Coisa em si” como incognosc…vel e 
caƒtico, cuja „nica for‰a motriz € a vontade, os teƒricos do Neoplasticismo afirmavam que 
esse estado era dotado da mais perfeita harmonia e equil…brio, podendo ser alcan‰ado 
atrav€s de um processo de ‘purifica‰‡o’.
A redu‰‡o a formas elementares, neutras, que por si sƒ n‡o provocam qualquer rea‰‡o 
individual – as linhas retas e cores prim‚rias – nos leva a duas outras preocupa‰†es 
essenciais dos teƒricos do De Stijl: a nfase estrutural e a necessidade vital do equil…brio 
assim€trico.
Para Mondrian, o “mais puro de todos os membros” (na opini‡o de H.B. Chipp), “a beleza 
universal n‡o surge do car‚ter particular da forma, mas sim do ritmo dinˆmico (...) das 
rela‰†es m„tuas das formas.”
Rejeitando a simetria, os membros do De Stijl procuravam ent‡o, atrav€s da combina‰‡o de 
linhas e ˆngulos retos, um equil…brio dinˆmico que tocasse a “beleza universal”, provocando 
a emo‰‡o de beleza que, por sua prƒpria caracter…stica, € “cƒsmica” e “universal”.
Pelo
equil…brio assim€trico, entende-se o comportamento dos artistas em atribuir valores 
semelhantes a combina‰†es de linhas e cores diferentes, balanceando suas composi‰†es. 
Este exerc…cio quase matem‚tico transforma a tela em um plano e transforma o dualismo 
conte„do-forma em uma unidade insepar‚vel. A no‰‡o de unidade € fundamental – as 
rela‰†es equilibradas devem ser a mais pura representa‰‡o do car‚ter universal da ordem, 
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da harmonia e da unidade, caracter…sticas que tamb€m est‡o presentes na mente (se 
focalizarmos nela, seremos capazes de ver a unidade natural).
Este dualismo conte„do-forma € apenas um entre os v‚rios dualismos tratados por Mondrian 
em seus escritos. Para o pintor holands, o Neo-Plasticismo tinha como miss‡o reconciliar o 
dualismo mat€ria-esp…rito, al€m de resolver o dualismo entre individual e coletivo, resultado 
de uma vis‡o art…stica onde a express‡o pela arte deve refletir a conscincia temporal do 
homem e vice-versa.
Para Van Doesburg e Mondrian, portanto, o De Stijl estaria cumprindo o papel de resolver o 
questionamento do homem moderno e ilustrar o desenvolvimento da conscincia do homem 
do individual para o universal, a rejei‰‡o da nfase no individualismo (o Neo-Plasticismo 
seria, de certa forma, a primeira express‡o art…stica puramente pl‚stica porque n‡o aceitava 
a predominˆncia da conscincia individual). Nas palavras de Van Doesburg:
“Aquilo que se expressa positivamente na plasticidade moderna – uma propor‰‡o equilibrada 
do peculiar e da generalidade – manifesta-se mais ou menos tamb€m na vida do homem 
moderno e constitui a causa original da reconstru‰‡o social de que somos testemunhas.”
A composi‰‡o, como forma principal de express‡o pela pintura, n‡o renuncia ao elemento 
humano, permitindo ao artista expressar sua subjetividade enquanto for necess‚rio, dando 
certa liberdade de escolha quanto ‹ disposi‰‡o dos elementos e do ritmo. O que ocorre € a 
redu‰‡o dr‚stica dessa influncia individual, aumentando significativamente o car‚ter 
universal da obra.
Vale ressaltar, como „ltimo ponto fundamental da doutrina Neo-Pl‚stica, a vis‡o sint€tica 
das artes. Segundo a an‚lise de H.B. Chipp da ƒtica do movimento “no futuro, a 
materializa‰‡o concreta dos valores pictƒricos suplantar‚ a arte. Ent‡o, j‚ n‡o precisaremos 
de quadros, pois viveremos no meio da arte realizada”.
Essa aproxima‰‡o das artes revela-se nitidamente na grande participa‰‡o e influncia de 
arquitetos no De Stijl e no trabalho conjunto de Theo Van Doesburg com muitos deles, 
visando a produ‰‡o de um ambiente que fosse em si mesmo uma express‡o art…stica.
Dentre as obras arquitetŠnicas do De Stijl, a “Casa Schr‘der” projetada por Thomas Gerrit 
Rietveld (1888-1964), artista extremamente fiel ‹as premissas teƒricas do movimento, € uma 
das mais t…picas – constru…da em Utrecht, em 1923-24, caracteriza-se pelo uso de linhas 
retas, planos e cores b‚sicas como elementos constitutivos, “uma casa que se diria feita n‡o 
para, e sim pelos moradores, utilizando elementos pr€-fabricados” , abolindo elementos 
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ornamentais, com superf…cies lisas, rejeitando a aparncia r„stica (conforme pregou 
Mondrian em sua obra “Le N€o-plasticisme: principe g€n€ral de l’€quivalence plastique”).
A preocupa‰‡o estrutural, em detrimento de quaisquer floreios ornamentais, expressa-se, 
portanto, n‡o sƒ na pintura de Mondrian como na arquitetura dos adeptos do De Stijl. O 
racionalismo de fundo m…stico, partindo da premissa de uma essncia harmŠnica universal 
(isto €, um conceito impessoal de Deus), opera em todos os n…veis art…sticos do 
Neoplasticismo.
Lista de importantes figuras do neoplasticismo, incluindo artistas, designers e arquitetos:
 Piet Mondriaan (1872 – 1944) 
 Theo van Doesburg (1883 – 1931) 
 Gerrit Rietveld (1888 – 1964) 
 Ilya Bolotowsky (1907 – 1981) 
 Marlow Moss (1890 – 1958) 
 Am€d€e Ozenfant (1886 – 1966) 
 Max Bill (1908 – 1994) 
 Jean Gorin (1899 – 1981) 
 Burgoyne Diller (1906 – 1965) 
 Georges Vantongerloo (1886 – 1965) 
 Bart van der Leck (1876 – 1958) 
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8. ReferÑncias
 http://pt-wikipedia.org/wiki/cor
 http://to-campos.planetaclix.pt/visio/cor.htm
 http://www.fho-emden.de/~hoffman/ciexyg.pdf
 http://pt-wikipedia.org/wiki/teoria_das_cores
 http://www.obra.com.br
 http://www.marceloduprat.net/textos.html
 http://www.umpoucosobrecor.wordpress.com/
 http://www.geocities.com/strani_felicita/teoria.htm
 http://www.apostilando.com.br
 http://www.alunosonline.com.br
 http://www.sac.org.br/APR_FOH.htm
 http://www.2fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/apolineo_dionisiaco.htm
 http://www.filosofiacapital.org/
 http://www.if.ufrj.br/persons/bertulani.htm
 http://www.scite.pro.br/emrede/optica/cores/espaco.htm
 http://www.periodicos.usfc.br/index.php/fisica/article/view/6067/5635
 http://www.professionalpublish.com.br
 Pedrosa, Israel. Da cor a cor inexistente. Cap.IX: Cores. 1979. 5› edi‰‡o.
 http://www.coquetelmorlotov.com.br/asp
 http://www.abra.com.br/artes/cores/palatnik

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