Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ Departamento de Ciências Jurídicas Curso: Direito Disciplina: Economia Professor: Ailton Menezes ESTÁGIO - I Unidade I - Conceitos Básicos e Fundamentais de Economia 1. Definição Em uma visão simplificada, a economia é o estudo da humanidade nas atividades correntes da vida; examina a ação individual e social em seus aspectos mais estreitamente ligados à obtenção e ao uso das condições materiais do bem-estar. O termo economia tem origem na palavra grega oikos que significa casa, fortuna, riqueza, e na palavra nomos (também grega) que quer dizer lei, regra ou administração. Há quem afirme também que, etmologicamente, o substantivo economia significa organização da casa e, associado ao termo política, equivale à administração de vários segmentos da sociedade como municípios, estados e nação. Podemos acrescentar também que a ciência econômica corresponde ao estudo do comportamento humano e suas ações no campo das transações mercantis, da produção e dos negócios. Segundo Rosseti “a economia é a ciência que tem como objetivo a organização racional dos fatores produtivos com vistas à produção de bens e serviços para efeito de atendimento das necessidades humanas”. Complementando, a economia pode ser entendida como sendo “uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos.”(PINHO et al, 2005) A Economia foi concebida e considerada como ciência porque forma um sistema lógico de conhecimentos sobre seu objeto representado pela atividade econômica do homem, bem como se utiliza dos mesmos métodos de raciocínio das demais ciências que buscam constantemente a construção de suas teorias e a determinação da verdade. 2. A Economia como Ciência Social As ciências sociais ocupam-se dos diferentes aspectos do comportamento humano. Tais ciências sujeitam-se aos condicionantes do comportamento humano como as formas de organização política da sociedade, posturas ético-religiosas, modos de relacionamento social, entre outros. À economia compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação. O laboratório da Economia é a própria sociedade humana. As Leis econômicas, na sua maior parte, são mutáveis no tempo e no espaço e, portanto, seu grau de precisão não pode ser equiparável ao alcançado nas ciências exatas. Assim, o tratamento dado aos fenômenos observados e as leis deles resultantes não exige o mesmo rigor numérico típico das ciências experimentais. 2 3. O Objeto da Economia O objeto da economia é determinado pelo escopo da sua investigação como ciência. Da interação social do homem e da sua incessante busca por melhores condições de vida resulta a absorção de recursos disponíveis com o objetivo de produzir o necessário para sua sobrevivência ou como fonte de geração de riqueza. É a quantidade disponível desses recursos absorvidos na produção de bens e ou serviços que limita ou pode vir a limitar a ação econômica do homem. Como todos os recursos existentes na natureza ou fora dela são dotações, ou seja, suas quantidades são limitadas, as sociedades se depararão sempre com o problema da escassez. Portanto, podemos concluir que o objeto de estudo da economia encontra-se delimitado pela Lei da Escassez a qual observa que as necessidades dos indivíduos são ilimitadas, mas os recursos disponíveis são limitados. Desta forma, a economia busca desenvolver teorias e meios que permitam produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos disponíveis em cada sociedade. A escassez implica em escolhas e nos custos de oportunidade 1 . 4. A Divisão Clássica da Economia A teoria econômica constitui-se de um corpo unitário de conhecimentos da realidade, passível de uma divisão, principalmente por razões didáticas. Uma vertente dos estudos econômicos concentra-se nos aspectos relativos à formação do sistema de preços nos diversos mercados, através da interação entre consumidores e produtores. Essa abordagem, conhecida como microeconomia volta-se fundamentalmente para a compreensão do comportamento individual dos agentes econômicos, das estruturas e os mecanismos de funcionamento dos mercados. A metodologia empregada é tipicamente dedutiva e o nível de abstração envolvido é necessariamente alto, ao investigar categorias do tipo utilidade, valor, satisfação, indiferença e bem –estar. Por outro lado, a macroeconomia estuda o comportamento da economia em seu conjunto, agregativamente considerado. Seu escopo de investigação compreende o “todo”, e não suas partes individualmente analisadas. A abordagem macroscópica observa o desempenho totalizado da economia identificando as causas e os mecanismos corretivos das grandes flutuações conjunturais. A macroeconomia preocupa-se ainda com a sinergia entre os agregados econômicos e os resultados dessa interação, com a mensuração do Produto Interno Bruto(PIB) e da Renda Nacional, com a taxa de juros básica, com problemas como inflação, crescimento e desenvolvimento e com o desempenho da economia nacional face ao comércio internacional. 5. O Enfoque Multidisciplinar da Economia: A Economia faz parte de um enfoque multidisciplinar, pois leva em consideração os diversos ramos do conhecimento. De acordo com Rosseti (2002) “os problemas econômicos não têm contornos bem delineados. Eles se estendem perceptivelmente pela política, pela sociologia, pela ética, pela filosofia, assim como há questões políticas, 1 Custo de oportunidade – Conceito desenvolvido por Alfred Marshall segundo o qual os custos não devem ser considerados absolutos, mas iguais a uma segunda melhor oportunidade de benefícios não aproveitada. Em outras palavras, o custo de oportunidade de um item é quanto você “abre mão” de outras coisas para obter este item. 3 sociológicas ou éticas que são envolvidas ou mesmo decorrentes de posturas econômicas”. Daí também a inserção da ciência econômica no grupo das ciências sociais, pois o conhecimento econômico exige a interpretação de ocorrências históricas, geográficas, jurídicas, contábeis, dentre outras. Portanto, os economistas não têm seu trabalho limitado pelas idéias formais de uma única disciplina. Na economia, até pouco tempo, o tratamento dado aos fenômenos observados e às leis deles resultantes não exigiam o mesmo rigor numérico típico das ciências experimentais. O Laboratório da Economia é a própria sociedade humana. As Leis econômicas, na sua maior parte, são mutáveis no tempo e no espaço, portanto, seu grau de precisão não pode ser equiparável ao alcançado nas ciências exatas. Hodiernamente, os métodos quantitativos alicerçados na estatística e na matemática e sintetizados na econometria propiciam à ciência econômica uma maior precisão nas suas investigações e reduz o caráter subjetivo das previsões. As ciências físicas e biológicas prestam auxílio à economia desvendando o cosmo natural e ampliando as possibilidades de utilização dos recursos naturais no setor produtivo. Isto pode ser percebido pela preocupação atual com o meio-ambiente, bem como pelas investigações sobre o aumento da temperatura global e os respectivos impactos sócio-econômicos sobre o planeta. Além disso, o homem é o agente natural que influencia o meio em que vive sendo também por ele influenciado donde infere-se que os vínculos estabelecidos entre a economia e os outros ramos do conhecimento social decorrem das relações humanas e dos problemas nelas existentes ou por elas gerados. Figura 1. Relações biunívocas entre a economia e as demais ciências. 6. O Inter-relacionamento da Economia com o Direito: Os livros textos de Economia não costumam enfatizar que as relações econômicas estão condicionadas a um arcabouço de normas jurídicas, editadas por um Estado soberano, para um certo povo, em determinado território. Entretanto, é impossível imaginar-se uma sociedade moderna funcionando sem a existência de um sistema jurídico cuidadosamente formulado, com suas normas, tribunais e sanções legítimas, conhecidas e 4 aceitas pela população, razão pelo qual o professor Peluso no seu livro Primeiras Linhas de Direito Econômico - 4ª edição, assim se refere ao inter-relacionamento da Economia com o Direito: “compete a Lei Jurídica situar o homem, a empresa e a sociedade diante do poder político e da natureza, definindo seus direitos e suas responsabilidades, fixando as balizas dentro das quais poderá ser exercida a liberdade de ação de cada um desses agentes da atividade econômica”. Por outro lado, podemos acrescentar ainda, que a Economia em sua relação com o Direito, penetra-se o fundamento dos seus conceitos teóricos em suas origens, em sua evolução histórica e, sobretudo, em suas conotações sociais. Não se trata a Economia como ciência abstrata, distanciada da realidade, porém como uma ciência comprometida com o homem e a sua vida em sociedade e, portanto, jungida às normas jurídicas dessa coexistência. Verifica-se que as duas ciências encontram-se em uma harmônica sinergia 2 onde é praticamente impossível determinar uma relação de causalidade entre elas. Observa-se que a ciência econômica é consolidada a partir das suas leis e tem por sujeitos os indivíduos, as firmas e o setor governamental. Percebemos que esses agentes determinam três escopos diferentes de interesses gerando conflitos potenciais entre si. Há então a necessidade de um ajustamento de modo a conciliar interesses e responsabilidades delimitando competências, obrigações e liberdades. Nesse momento, torna-se evidente a dependência da ordem econômica ao ordenamento jurídico, sendo este último o responsável pela limitação das liberdades em função das responsabilidades recíprocas e pelo disciplinamento das atividades ou condutas humanas de forma a coibir abusos e promover o bem comum. Obs. Para efeito de aprofundamento do conteúdo sugerimos consultar a bibliografia indicada. 2 Associação simultânea de vários fatores que contribuem para uma ação coordenada.