Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Por que, muitos seres se utilizam de reprodução sexuada, ao invés de reprodução assexuada, que é um processo muito mais simples? Sexo não é apenas desnecessário, mas parece ser um desastre evolutivo, por ser um modo ineficiente de reprodução, pois envolve custos imensos. Pela lógica, qualquer grupo de animal que evoluiu para a reprodução sexuada devia ser prontamente superado pelos não-sexuais. No entanto, o sexo reina. Apenas 1% dos vertebrados se reproduz assexuadamente. Reprodução sexuada provavelmente surgiu por volta de 2,5 a 3,5 bilhões de anos. Custos da reprodução sexual 1. Recombinação: resulta do fato que reprodução sexual envolve a quebra de genótipos parentais bem sucedidos e a recombinação de suas partes. Existem alguns alelos recessivos deletérios, que juntando há riscos de produzir prole homozigota recessiva para aquele caráter. Com a reprodução assexuada não há este risco. 2. Custo da meiose: dividir os genes (50%). Na reprodução assexuada (100%). Na corrida evolutiva, onde passar os genes para a próxima geração é um dos maiores “objetivos”, organismos sexuados partem com desvantagem de 50%, daí o termo custo da meiose. Custos da reprodução sexual 3. Desperdício de recursos na produção de machos. 4. Acasalamento: reprodução sexuada requer orquestração cuidadosa de atividade de dois organismos cujos interesses são diferentes. Outros custos da reprodução sexuada 1. Aumenta o risco de predação. 2. Transmissão de doenças resultante da proximidade. 3. Injúrias durante disputas, etc. Há um consenso de que a reprodução sexuada é custosa. Quais são então, as vantagens? Em 1889, o biólogo alemão August Weismann notou que a função do sexo não poderia ser a de permitir a multiplicação dos organismos, pois diversas espécies reproduzem-se assexuadamente. Desde então, vários cientistas tentam responder à pergunta: “Sexo serve para quê”? Maynard-Smith argumentou que o sexo só poderia ter evoluído se esse benefício misterioso pelo menos contrabalançasse o grande custo da meiose. Mas, que benefício é esse? Existem duas hipóteses que tentam explicar os benefícios da reprodução sexuada 1. Hipótese da loteria Não se ganha um prêmio comprando vários cartões com o mesmo número. Ou seja, espécies que vivem em hábitats variáveis, as brechas que podem ser exploradas representam os diferentes prêmios. Esta hipótese centraliza-se na imprevisibilidade do ambiente físico, variável de muitas espécies. 2. Hipótese da Teoria sosigônica ou Teoria da Rainha Vermelha ou Hipótese da co-evolução (1980) Evolucionista inglês William D. Hamilton e aluna PG, Marlene Zuk (Oxford). Os parasitas procuram sempre explorar seus hospedeiros. Como o tempo de geração dos parasitas é muitas vezes menor que o dos hospedeiros e suas taxas de evolução são muitas vezes maiores, a única saída para os hospedeiros é produzir filhos com genótipos diferentes dos demais da população através da REPRODUÇÃO SEXUADA. O mundo em que este modelo está inserido ficou conhecido como o mundo da Rainha Vermelha, nome dado pelo paleontólogo norte-americano Leigh Van Valen (Chicago), em referência a uma passagem da fábula Alice no país dos espelhos, onde Alice só seria apanhada por seus perseguidores se parasse de correr. Segundo Hamilton e Zuk, uma “corrida armamentista” entre hospedeiro-parasita, predador-presa, ocorre desde que a vida surgiu na Terra. Os parasitas estão sempre quebrando as barreiras defensivas impostas pelo genótipo dos hospedeiros, enquanto estes, com a ajuda do SEXO, criam continuamente novas defesas. Portanto, fêmeas ao escolher os parceiros, procuram por “bons genes” contra parasitas, para aumentar as chances de que seus filhos adquiram essas defesas. Assim, espera-se que machos possuidores de bons genes façam “propaganda”(cores vistosas, exibições atléticas, cantos elaborados). MAS, nesse mercado reprodutivo competitivo, pode-se esperar que nem todos os machos sejam honestos quanto às suas qualidades. Isto leva ao surgimento de propagandas falsas. Para resolver este problema, o evolucionista israelense Amotz Zahavi (Tel-Aviv), afirma que as características sexuais secundárias têm que ser custosas, de modo que apenas indivíduos com genes realmente bons possam produzí-las. Deve-se ressaltar aqui que, enquanto Darwin considera o custo dos caracteres sexuais secundários um subproduto não desejável da seleção sexual, a teoria da Rainha Vermelha vê em tal custo uma condição essencial para o funcionamento do modelo. A teoria da Rainha Vermelha prediz diversos padrões ecológicos que têm sido verificados na natureza. Por exemplo: 1. Quanto maior a diferença entre o tempo de vida do hospedeiro e o tempo de vida do parasita, maior será a pressão de parasitismo. Assim, o sexo deve ser mais freqüente em organismos grandes e de alta longevidade. Darwin notou que em muitas espécies ocorre competição entre machos, e alguns monopolizam grande parte das oportunidades de reprodução, enquanto outros têm poucos filhos ou até morrem virgens. Características fisiológicas, morfológicas ou comportamentais que aumentassem a probabilidade de sucesso no conflito entre machos seriam selecionadas. Isso explicaria porquê machos geralmente são maiores, além da presença de estruturas como chifres, garras, presas, cantos, danças....). Geralmente cabe à fêmea escolher o macho com maior poder de sedução. Em 1871, Darwin publicou um enorme tratado: A origem do homem e a seleção em relação ao sexo, no qual reconheceu que a evolução de muitas das diferenças entre machos e fêmeas (características sexuais secundárias) só poderia ser explicada por um processo de seleção que privilegiasse o sucesso reprodutivo, mesmo que isso acarretasse certo custo em termos de sobrevivência. Darwin criou então o termo seleção sexual. SELEÇÃO SEXUAL A seleção de caracteres relacionados com o aumento do sucesso de acasalamento é denominada de seleção sexual. A intensidade da seleção sexual depende do grau de competição pelos parceiros, que por sua vez depende de dois fatores: A) a diferença em esforço parental entre os sexos; B) a razão entre o número de machos e fêmeas disponíveis para acasalamento a cada momento (razão sexual operacional). A Evolução das diferenças nos papéis sexuais Padrão geral: machos fazem a corte e fêmeas fazem a escolha. Por quê? Quando um dos genitores investe mais do que o outro em cada descendente, o sucesso reprodutivo do genitor que investe mais é limitado pelos recursos e pelo tempo. Em comparação, o sucesso reprodutivo do genitor que investe menos é limitado pelo número de parceiros. Machos Fêmeas Pequenos Grandes Móveis Imóveis Grande quantidade Pequena quantidade Produção regular Produção finita Reposição rápida Sem reposição ANISOGAMIA PRODUÇÃO DE GAMETAS Consequências da Anisogamia 1) Machos e fêmeas são hábeis para maximizar sua aptidão reprodutiva usando estratégias diferentes: Machos: geral/te maior número de fêmeas (número de prole); Fêmeas: qualidade do macho (qualidade da prole). Anisogamia e desequilíbrio nas taxas sexuais resulta: A escolha é feita pelo sexo mais raro; O sexo mais comum estabelece competição. Em geral, quando a seleção sexual é forte para um sexo e fraca para outro, podemos predizer que: Os membros do sexo sujeito a forte seleção sexual serão competitivos; Os membros do sexo sujeito a fraca seleção sexual serão exigentes. Essas predições foram confirmadas em diversas espécies de animais. Formas pelas quais machos e fêmeas tentam controlar decisões reprodutivas A. Decisões reprodutivas controladas principal/te pelas fêmeas 1. Investimento no óvulo 2. Escolha do parceiro 3. Fecundação do óvulo 4. Investimento na prole B. Formas pelas quais os machos influenciam as decisões reprodutivas das fêmeas 1. Recursos transferidos para as fêmeas: podem influenciar o investimento nos ovos, a escolha do parceiro ou as escolhas na fecundação dos óvulos pela fêmea 2. Cortes elaboradas: podem influenciar a escolha do parceiro ou decisão sobre a fecundação dos óvulos 3. Coerção sexual: pode superar as preferências das fêmeas por outros machos 4. Infanticídio: pode superar as decisões das fêmeas sobre o investimento na prole. O componente da competição por parceiros é a base da evolução de muitos elementos do comportamento reprodutivo do macho, incluindo: a) Competição intrasexual, pela dominância social; b) Guarda de parceiros após a cópula; c) Competição de esperma; d) Táticas de acasalamento alternativas. Estratégias comportamentais para assegurar o sucesso do acasalamento e da paternidade a) Competição intrasexual Quando membros do mesmo sexo competem entre si para acesso direto à fêmeas receptivas. Efeitos da seleção sexual: evolução de corpos grandes. Hipótese: machos maiores vencem machos menores. Predição: quando machos lutam regularmente por acesso à fêmeas, eles tendem a ser maiores do que as fêmeas da sua espécie. Evolução de ornamentos elaborados: Cornos, chifres, garras... a) Quando machos competem para alcançar dominância (status social) na hierarquia e consequente sucesso reprodutivo Estratégias comportamentais para assegurar o sucesso do acasalamento e da paternidade b) Guarda do cônjuge c) Competição de esperma Seleção sexual não é restrita ao período pré- acasalamento. Competição pode ocorrer durante ou depois da cópula: Machos: competir pela fertilização. Fêmeas: manipular oportunidades de acasalamento; permitir transferência de esperma por alguns machos e não por outros; controlar a ordem de acasalamentos; Inclusive com mecanismos internos pós-cópula: com seleção de esperma para fertilização. Remoção de esperma. Exs.: tubarão, invertebrados… Exemplos da Competição de Esperma 1) Lagarto Lacerta agilis: quanto mais cópulas maior o sucesso reprodutivo da fêmea (maior número de prole saudável). Através da análise de DNA, verificou-se que: A maioria dos filhotes eram de um mesmo pai e este era o mais diferente geneticamente da fêmea. A fêmea é capaz de “selecionar” o esperma de maneira a maximizar seu sucesso, minimizando os riscos de endocruzamento. 2) Aumento da produção de esperma em humanos após ausência da fêmea. d) Táticas de acasalamento alternativas. Seleção sexual nos machos: a escolha pela fêmea Quando os machos não conseguem monopolizar o acesso às fêmeas , competem chamando a atenção das parceiras. E, fêmeas ESCOLHEM os melhores. A idéia de que fêmeas façam escolhas foi controversa durante várias décadas. A maioria dos evolucionistas pensava que a discriminação feminina limitava-se à escolha de um macho da espécie certa (Trivers, 1985). Hoje se sabe que as fêmeas são muito seletivas. Como as fêmeas fazem suas escolhas? a) Benefícios não genéticos (recursos): Machos fornecem alimentos, presentes nupciais, território, habilidade parental. b) Benefícios genéticos: ornamentos elaborados e simetria Teorias sobre por que a ornamentação extrema nos machos e as exibições de corte marcantes evoluíram em espécies nas quais os machos não oferecem nenhum ganho material para suas parceiras Teoria Fêmeas preferem caracteres que são Valor adaptativo principal para as fêmeas seletivas Parceiros saudáveis Indicativos da saúde do macho Fêmeas (e prole) evitam doenças e parasitas Bons genes Indicativos da viabilidade do macho Os descendentes podem herdar a viabilidade acentuada de seus pais Seleção runaway Sexualmente atraentes Filhos herdam características que os tornam sexualmente atraentes; Filhas herdam a preferência de parceiro da maioria Seleção chase-away Exploram as tendências sensoriais do sistema nervoso feminino Nenhum benefício é recebido pela fêmea Teoria dos Parceiros saudáveis Teoria dos bons genes Teoria da seleção runaway ou hipótese do filho sensual Fêmeas seletivas adquirem espermatozóides cujo efeito principal é influenciar suas filhas a preferir características dos machos que suas mães achavam atraentes e dotar seus filhos com atributos que serão preferidos pela maioria das fêmeas, mesmo se essas características reduzirem a chance de sobrevivência dos indivíduos que as possuem. Ou seja, uma vez que uma determinada exibição do macho é escolhida pela maioria das fêmeas, a seleção sobre essas fêmeas reforçará uma preferência pela característica em voga. Resumindo: fêmeas que escolhem parceiros “estilosos” terão mais filhos elegantes. Teoria da seleção chase-away Fêmeas usam seus órgãos sensoriais para muitas finalidades (evitar predação, obter alimento). É possível que a seleção a favor dessas capacidades possa resultar em vieses sensoriais que as tornam particularmente responsivas a certos indícios. Por sua vez, isso pode selecionar nos machos a exibição de tais indícios, mesmo se, do contrário, não tenham relação nenhuma com cruzamento ou aptidão. Resumindo, a hipótese do viés preexistente, ou da exploração sensorial, sustenta que as preferências femininas evoluem primeiramente, e que as exibições masculinas para o cruzamento são subsequentes. CONFLITO SEXUAL Interações entre machos e fêmeas representam um misto de cooperação e conflito à medida que: Machos procuram ganhar fecundações em um jogo cujas regras são determinadas pelos mecanismos reprodutivos das fêmeas. Resumindo, o que é adaptativo para um sexo pode ser prejudicial ao outro. Nas últimas décadas, estudos têm confir- mado que o conflito sexual pode elevar a taxa de evolução de certos genes, carac- teres bioquímicos e morfológicos. O Significado da Corte 1. Isolamento reprodutivo. Ex. Canto das rãs. 2. Competição intrasexual Geralmente as mesmas exibições servem para repelir machos e atrair fêmeas. Ex. Rãs. 3. Avaliação 4. Ativação da resposta sexual no parceiro. 5. Persuasão ou apaziguamento.