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PrincPrincíípios depios de Farmacologia Farmacologia EndEndócrinaócrina IVIV INTRODUÇÃO O hipotálamo e a hipófise funcionam de modo cooperativo como reguladores dominantes do sistema endócrino. Em seu conjunto, os hormônios secretados pelo hipotálamo e pela hipó- fise controlam importantes funções homeostáticas e metabóli- cas, desde a reprodução até o controle da fisiologia da tireóide. Este capítulo introduz a fisiologia e a regulação dos hormônios hipotalâmicos e hipofisários através de uma discussão da regu- lação por retroalimentação e dos vários eixos de regulação hor- monal. A seguir, analisa a utilidade farmacológica dos fatores hipotalâmicos e hipofisários, dando ênfase à regulação de vias endócrinas específicas. Três conceitos são de suma importância neste capítulo: (1) o controle hipotalâmico da liberação dos hormônios hipofisários; (2) a inibição por retroalimentação negativa; e (3) os eixos endócrinos. O conhecimento profundo dessas vias e seus mecanismos também proporciona uma base para compreender todos os capítulos desta seção. nn Caso GR é um chefe de vendas muito dinâmico, de 54 anos de idade. Viaja constantemente e tem orgulho de seu alto nível de condicio- namento físico e entusiasmo em superar suas projeções de venda a cada trimestre. Entretanto, nesses últimos 2 anos, começou a sentir-se cada vez mais cansado e tem dificuldade em percorrer rapi- damente as longas distâncias dos terminais de aeroportos. Sempre teve um aperto de mão bem firme, porém, ultimamente, também percebeu que o seu anel de empresa e a sua aliança estão muito apertados. Recentemente, GR também ficou frustrado ao ter que renovar toda sua coleção de sapatos, devido a um aumento do número que calça, de 42 para 44. Uma tarde, ao pegar um avião de retorno para a sua casa, um homem sentado a seu lado disse- lhe: “Sinto muito, mas não posso deixar de lhe falar. Sou médico e me parece que o Sr. está com acromegalia.” GR em seu íntimo achou absurda a idéia de que possa ter algum problema de saúde, mas mesmo assim comenta o ocorrido à sua esposa. A pedido dela, GR então procura o seu médico para uma avaliação. O nível sérico do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) está significativamente elevado após correção para a idade de GR, e o nível sérico de hormônio do crescimento atinge 10 ng/mL (normal, <1 ng/mL) após uma carga de glicose oral de 75 mg. A imagem de ressonância magnética (IRM) da cabeça revela um adenoma hipofisário com diâmetro máximo de 1,5 cm, compatível com um diagnóstico de acromegalia devido a um adenoma secretor de hormônio do crescimento. Após ser encaminhado a um endocrinologista e neurocirurgião, GR decide submeter-se a uma cirurgia transesfenoidal da hipófise. GR tolera bem a cirurgia, porém os níveis de hormônio do crescimento no pós-operatório permanecem elevados. Com base na elevação persistente dos níveis séricos de hor- mônio do crescimento, o endocrinologista de GR recomenda um tratamento clínico com octreotida. GR tolera bem as injeções, porém a necessidade de injeções a cada 8 horas o incomoda, e os guardas de segurança do aeroporto o obrigam sempre a colocar as agulhas na bagagem. Depois de 2 meses de injeções freqüentes, GR come- ça a utilizar uma forma de depósito de octreotida de ação longa, que é injetado uma vez ao mês. GR está muito mais contente com essa formulação, embora continue tendo náusea leve e distensão abdominal como efeitos adversos da medicação. Depois de 6 meses de injeções de octreotida de depósito, os níveis de hormônio do crescimento e do fator de crescimento seme- lhante à insulina permanecem elevados. GR sente-se frustrado com a ausência de melhora dos ensaios bioquímicos, mas considera-se mais em forma do que antes do tratamento. O endocrinologista de GR recomenda um tratamento com pegvisomanto como abor- Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise 25 Ehrin J. Armstrong e Armen H. Tashjian, Jr. Introdução Caso Fisiologia do Hipotálamo e da Hipófise Relação entre o Hipotálamo e a Hipófise Inibição por Retroalimentação Fisiologia, Fisiopatologia e Farmacologia de cada Eixo Individualmente Adeno-Hipófise Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Hormônio do Crescimento Eixo Hipotalâmico-Hipofisário—Prolactina Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Tireóide Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Supra-Renal Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Sistema Reprodutor Neuro-Hipófise Hormônio Antidiurético (ADH) Ocitocina Conclusão e Perspectivas Futuras Leituras Sugeridas 436 | Capítulo Vinte e Cinco dagem clínica alternativa para tratar os efeitos dos níveis elevados de hormônio do crescimento. GR começa com injeções mensais de pegvisomanto. Seis meses depois, os níveis de fator do cresci- mento semelhante à insulina tornam-se indetectáveis. GR volta a viajar pelo país à procura de maiores vendas e só pára na cidade o suficiente para efetuar anualmente uma IRM da cabeça e provas de função hepática. QUESTÕES n 1. Por que os níveis séricos de IGF-1 constituem um teste de triagem apropriado para a acromegalia? n 2. Como a somatostatina bloqueia os efeitos dos níveis eleva- dos de hormônio do crescimento? n 3. Por que GR recebeu injeções de octreotida e de pegviso- manto, em lugar de tomar esses fármacos por via oral? n 4. Por que é necessário monitorizar GR com IRM seriadas e provas de função hepática durante o tratamento com pegvi- somanto? FISIOLOGIA DO HIPOTÁLAMO E DA HIPÓFISE RELAÇÃO ENTRE O HIPOTÁLAMO E A HIPÓFISE Sob a perspectiva do desenvolvimento, a hipófise é constituída por dois órgãos estreitamente associados. A adeno-hipófise (hipófise anterior) deriva do tecido ectodérmico. A neuro- hipófise (hipófise posterior) é uma estrutura neural derivada da superfície ventral do diencéfalo. Os prefixos adeno- e neuro- indicam a origem ectodérmica neural dos componentes anterior e posterior da hipófise, respectivamente. Existe também um lobo intermediário na maioria dos mamíferos, mas que é ves- tigial nos seres humanos. Embora a adeno-hipófise e a neuro-hipófise tenham origens embriológicas diferentes, o hipotálamo controla a atividade de ambos os lobos. A forma de conexão entre o hipotálamo e a hipófise constitui um dos pontos mais importantes de interação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino. O hipotálamo atua como transdutor neuroendócrino, integrando sinais neurais provenientes do cérebro e convertendo-os em mensagens quí- micas (em grande parte, peptídios) que regulam a secreção dos hormônios hipofisários. Por sua vez, os hormônios hipofisários alteram as atividades dos órgãos endócrinos periféricos. O controle hipotalâmico da adeno-hipófise ocorre através da secreção hipotalâmica de hormônios no sistema vascular porta-hipotalâmico-hipofisário (Fig. 25.1). O leito capilar inicial desse sistema porta é constituído por ramos da artéria hipofisária superior que se distribuem ao redor dos neurônios do hipotálamo. A presença de fenestrações endoteliais nesse leito capilar permite a liberação dos fatores hipotalâmicos na corrente sangüínea. A seguir, esses capilares coalescem em veias curtas, que se estendem até a adeno-hipófise. Ao alcançar a adeno-hipófise, as veias ramificam-se e formam um segundo leito capilar que banha as células endócrinas da adeno-hipófise com hormônios secretados pelo hipotálamo. Existe uma conexão neural direta entre o hipotálamo e a neuro -hipófise. Os neurônios no hipotálamo sintetizam hormô- nios — destinados a armazenamento na neuro-hipófise — nos corpos celulares dos núcleos supra-ópticos e paraventriculares. A seguir, esses hormônios são transportados pelos axônios até a neuro-hipófise, onde são armazenados em terminações neuronais até a ocorrência de um estímulo de liberação. Por conseguinte, a neuro-hipófise pode ser considerada como uma extensão do hipotálamo. À semelhança da adeno-hipófise, as células endo- teliais que circundam a neuro-hipófise são fenestradas, o que facilita a liberação de hormônios na circulação sistêmica. A adeno-hipófise é constituída por uma coleção heterogênea de numerosos tipos celulares, tendo, cada um, a capacidade de responder a estímulos específicos, com conseqüente libera- ção de hormônios específicos na circulação sistêmica. Existem diversos fatores hipotalâmicos de liberação ou de inibição, e cada um deles altera o padrão de secreção hormonal de um ou mais tipos celulares da adeno-hipófise (Quadro 25.1). Os fatores de liberação também modificam outros processos celu- lares da adeno-hipófise, incluindo a síntese de hormônios e o crescimento das células hipofisárias. É interessante assinalar que a relação entre os fatores de liberação hipotalâmicos e os hormônios da hipófise nem sempre é de 1:1, e tampouco a interação é sempre estimuladora. Por exemplo, a somatostatina inibe primariamente a liberação de hormônio do crescimento (GH), mas também pode inibir a liberação do hormônio tireo- estimulante (TSH) e da prolactina. Por outro lado, o hormônio de liberação da tireotropina (TRH) estimula primariamente a liberação de TSH, mas também pode induzir a liberação de pro- lactina. As atividades superpostas de alguns fatores de liberação e fatores de inibição da liberação, juntamente com as ações antagonistas de alguns fatores hipotalâmicos de estimulação e de inibição, proporcionam um mecanismo para a regulação precisa das vias secretoras. Com a exceção da dopamina, todos os fatores de libera- ção hipotalâmicos conhecidos consistem em peptídios. Os Área hipotalâmica Lobo anterior Hipófise: Quiasma óptico Artéria hipofisária superior Sistema porta hipotalâmico- hipofisário Para a circulação sistêmica Artéria hipofisária inferior Para a circulação sistêmica Núcleos paraventriculare e supra-ópticos Lobo posterior Fig. 25.1 O sistema porta hipotalâmico-hipofisário. Os neurônios no hipotálamo liberam fatores reguladores que são transportados pelo sistema porta hipotalâmico-hipofisário até a adeno-hipófise, onde controlam a liberação dos hormônios adeno-hipofisários. Os hormônios da neuro- hipófise são sintetizados nos corpos celulares dos neurônios supra-ópticos e paraventriculares do hipotálamo; a seguir, são transportados via axonal até as terminações na neuro-hipófise. Esses hormônios são armazenados na neuro- hipófise, a partir da qual são liberados na circulação sistêmica. Observe os suprimentos vasculares separados dos lobos anterior e posterior da hipófise. Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise | 437 hormônios da adeno-hipófise são proteínas e glicoproteínas. Os hormônios da adeno-hipófise são divididos em três gru- pos. Os hormônios somatotróficos, que consistem no GH e na prolactina, possuem 191 e 198 aminoácidos de comprimento, respectivamente, e ocorrem como proteínas monoméricas. Os hormônios glicoprotéicos, que consistem no hormônio lutei- nizante (LH), no hormônio folículo-estimulante (FSH) e no hormônio tireoestimulante (TSH), são proteínas heterodimé- ricas, com carboidratos fixados a certos resíduos. A adrenocor- ticotropina (ACTH) pertence a uma classe distinta, visto que é processada por proteólise a partir de uma proteína precursora maior. É importante ressaltar que os peptídios e as proteínas intactos não são absorvidos através da luz intestinal; são dige- ridos por proteases locais, liberando seus aminoácidos cons- tituintes. Por esse motivo, a administração terapêutica de um hormônio peptídico ou antagonista hormonal, como no caso de GR, deve ser feita por uma via não-oral ou por um análogo não-peptídico do hormônio natural, disponível por via oral. A resposta da adeno-hipófise a um fator hipotalâmico é sinalizada através da ligação do fator hipotalâmico a recepto- res específicos acoplados à proteína G, que estão localizados na membrana plasmática do tipo celular apropriado da adeno- hipófise. Esses receptores alteram, em sua maioria, os níveis intracelulares de cAMP ou IP3 e de cálcio (ver Cap. 1). Os detalhes moleculares da sinalização dos receptores fornecem uma base para compreender a ação dos fatores hipotalâmicos. Por exemplo, a ligação do hormônio de liberação do hormô- nio do crescimento (GHRH) a receptores existentes nas células somatotróficas aumenta os níveis intracelulares de cAMP e de Ca2+, enquanto a somatostatina diminui os níveis intracelulares de cAMP e de Ca2+ nos somatótrofos. Isso fornece uma expli- cação bioquímica para as atividades opostas do GHRH e da somatostatina sobre a liberação de hormônio do crescimento pelos somatótrofos. O momento e o padrão de liberação dos fatores hipotalâ- micos representam importantes determinantes da resposta das células da adeno-hipófise. Os fatores de liberação hipotalâmi- cos são secretados, em sua maioria, de uma maneira cíclica ou pulsátil, em lugar de contínua. Por exemplo, o hipotálamo libera pulsos de hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH) com uma periodicidade de algumas horas. A freqüên- cia e a magnitude da liberação do GnRH determinam a extensão da liberação hipofisária de gonadotropinas, bem como a rela- ção entre secreção de LH e de FSH. É interessante assinalar que a administração contínua de GnRH suprime a atividade dos gonadótrofos hipofisários, em vez de estimulá-la. Esses diferentes efeitos farmacológicos do GnRH — dependendo da freqüência e do padrão de administração — possuem importan- tes conseqüências clínicas, conforme discutido adiante. Embora não sejam estudados com tantos detalhes, acredita-se também que os outros fatores de liberação hipotalâmicos sejam, em sua maioria, liberados de modo pulsátil. INIBIÇÃO POR RETROALIMENTAÇÃO A inibição pelo produto final controla rigorosamente a liberação de hormônios do hipotálamo e da hipófise. Para cada sistema hipotalâmico-hipofisário–órgão-alvo, pode-se construir um quadro integrado de como cada conjunto de hormônios afeta o sistema. Cada uma dessas vias, incluindo um ou mais fatores hipotalâmicos, seu tipo de célula-alvo da hipófise e a glândula ou glândulas-alvo finais, é designada como eixo endócrino. O termo “eixo” é utilizado para referir-se a um dos múltiplos siste- mas homeostáticos controlados pelo hipotálamo e pela hipófise. Um modelo simplificado consiste em cinco eixos endócrinos, com um único tipo de célula adeno-hipofisária no centro de cada eixo (Quadro 25.1). Cada eixo regula um importante aspecto da homeostasia endócrina e, portanto, está sujeito a uma estreita regulação. Em geral, a inibição por retroalimentação é discutida em termos de alças, visto que a conexão reguladora entre determinado hormônio e seu alvo cria uma “alça”, que altera a extensão subseqüente da liberação hormonal. Dependendo do hormônio e do órgão-alvo, essas alças são comumente denominadas alças longas, alças curtas e alças ultracurtas (Fig. 25.2). A termino- logia não é precisa, indicando, de modo figurativo, a distância relativa que um hormônio deve percorrer para alcançar o órgão a ser regulado. A alça longa envolve uma regulação por retro- alimentação de um hormônio sistêmico sobre o hipotálamo ou a hipófise. A alça curta consiste em um hormônio hipofisário que atua sobre o hipotálamo para alterar a liberação de fatores hipotalâmicos. A retroalimentação com alça ultracurta envolve hormônios hipotalâmicos ou hipofisários que regulam direta- mente as células que secretam o hormônio; por conseguinte, a QUADRO 25.1 Tipos de Células da Adeno-Hipófise, Fatores de Controle Hipotalâmicos e Alvos Hormonais TIPO DE CÉLULAS DA ADENO-HIPÓFISE FATORES HIPOTALÂMICOS ESTIMULADORES FATORES HIPOTALÂMICOS INIBITÓRIOS HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS LIBERADOS PRINCIPAL ÓRGÃO-ALVO HORMÔNIOS DAS GLÂNDULAS-ALVO Somatótrofo GHRH, Grelina Somatostatina GH Fígado Fatores de crescimento semelhantes à insulina Lactótrofo TRH Dopamina, Somatostatina Prolactina Glândula mamária Nenhum Gonadótrofo GnRH Nenhum conhecido LH e FSH Gônadas Estrogênio, progesterona e testosterona Tireótrofo TRH Somatostatina TSH Glândula tireóide Tiroxina e triiodotironina Corticótrofo CRH Nenhum conhecido ACTH Córtex da supra- renal Cortisol, androgênios supra-renais Cada tipo celular da adeno-hipófise responde a múltiplos fatores hipotalâmicos de estimulação e de inibição. A integração desses sinais determina a extensão relativa da liberação de hormônio pela adeno-hipófise. Cada hormônio tem um ou mais órgãos-alvo específicos que, por sua vez, são estimulados a liberar seus próprios hormônios. Esses hormônios-alvo produzem inibição por retroalimentação no hipotálamo e na adeno-hipófise. 438 | Capítulo Vinte e Cinco retroalimentação ultracurta é sinônimo de sinalização autócrina ou parácrina. Assim como as alças reguladoras baseiam-se na relação de um hormônio com seu órgão-alvo, muitas doenças endócri- nas são descritas com base na etiologia da doença no nível do hipotálamo, da hipófise ou do órgão-alvo. A doença é descri- ta como primária, secundária ou terciária, dependendo de a anormalidade subjacente estar no órgão-alvo, na hipófise ou no hipotálamo, respectivamente. Por conseguinte, um distúrbio endócrino primário é causado por uma patologia no órgão-alvo, enquanto um distúrbio secundário reflete uma doença da hipó- fise, e um distúrbio endócrino terciário resulta de patologia do hipotálamo. O fato de a causa da doença subjacente ser primária, secundária ou terciária pode ter importantes conse- qüências para o diagnóstico e o tratamento da doença, conforme discutido adiante. FISIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA E FARMACOLOGIA DE CADA EIXO INDIVIDUALMENTE ADENO-HIPÓFISE Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Hormônio do Crescimento O eixo hipotalâmico-hipofisário–hormônio do crescimento regula diversos processos gerais que promovem o crescimento. O hormônio do crescimento é inicialmente expresso em altas concentrações durante a puberdade; nessa ocasião, a secreção de hormônio do crescimento é pulsátil, e os maiores pulsos são habitualmente observados à noite, durante o sono. Os efeitos anabólicos do hormônio do crescimento são mediados, em sua maioria, por fatores de crescimento semelhantes à insulina, especialmente o fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), um hormônio liberado pelos hepatócitos em resposta à estimulação pelo hormônio do crescimento. A secreção de hormônio do crescimento é intensificada pelo GHRH e inibida pela somatostatina. Um segundo pep- tídio endógeno de liberação do hormônio do crescimento, a grelina, promove a secreção de hormônio do crescimento pelos somatótrofos, estimulando o receptor secretagogo do hormônio do crescimento (receptor GH-S), um receptor que é distinto do receptor de GHRH. A grelina e o GHRH atuam de modo sinér- gico sobre a liberação do hormônio do crescimento. A grelina é secretada, em sua maior parte, por células do fundo gástrico durante o jejum, e evidências crescentes sugerem que a grelina pode constituir um regulador-chave do equilíbrio energético. Na atualidade, compostos miméticos não-peptídicos da grelina, ativos por via oral, estão em fase de investigação clínica como secretagogos do hormônio do crescimento, e antagonistas tam- bém estão sendo estudados para o controle do apetite. Fisiopatologia e Farmacologia da Deficiência de Hormônio do Crescimento A incapacidade de secretar hormônio do crescimento ou de aumentar a secreção de IGF-1 durante a puberdade resulta em retardo do crescimento (Fig. 25.3). A deficiência de hor- mônio do crescimento resulta mais comumente da liberação hipotalâmica deficiente de GHRH (doença terciária) ou de insuficiência hipofisária (doença secundária). Entretanto, é importante ressaltar que a ausência de secreção de IGF-1 em resposta ao hormônio do crescimento (nanismo de Laron) é etiologia da baixa estatura que não responde ao tratamento Fig. 25.2 Retroalimentação hipotalâmica-hipofisária–órgão-alvo. Existem três mecanismos gerais de regulação por retroalimentação nos eixos hipotalâmico- hipofisário–órgão–alvo, designados como retroalimentação de alça longa, alça curta e alça ultracurta. Nesta figura, o eixo hipotalâmico-hipofisário–supra-renal é utilizado para ilustrar esses conceitos. A. Na retroalimentação de alça longa, o órgão-alvo produz um hormônio, como o cortisol, que, além de suas ações fisiológicas sobre os tecidos-alvo, inibe a liberação de hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) pela adeno-hipófise e a liberação hipotalâmica do hormônio de liberação da corticotropina (CRH). B. Na retroalimentação de alça curta, um hormônio produzido pela adeno-hipófise, como o ACTH, inibe a liberação hipotalâmica de seu próprio hormônio de liberação, o CRH. C. Na retroalimentação de alça ultracurta, o hormônio produzido pelo hipotálamo exerce uma auto-regulação negativa; por exemplo, o CRH inibe a liberação adicional de CRH. Hipófise Glândula supra-renal A Alça longa B Alça curta C Alça ultracurta Hipotálamo CRH CRH CRH Cortisol ACTH ACTH Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise | 439 com hormônio do crescimento. A sermorrelina (GHRH sintético) pode ser administrada por via parenteral para determinar a etiologia da doença. Se um paciente apresenta uma liberação deficiente de GHRH pelo hipotálamo, porém somatótrofos da adeno-hipófise normalmente funcionantes, a administração de GHRH exógeno resulta em liberação aumentada de GH. Os casos de retardo do crescimento dependente de hormônio do crescimento são tratados, em sua maioria, através de repo- sição com hormônio do crescimento humano recombinante, designado pelo nome genérico de somatropina. Um congêne- re da somatropina, denominado somatrem, é quimicamente idêntico, à exceção de uma metionina N-terminal adicional. Os esquemas típicos de doses envolvem uma injeção subcutâ- nea ou intramuscular, três vezes por semana. Para superar essa inconveniência, foram desenvolvidos métodos de liberação alternativos para o hormônio do crescimento, incluindo uma injeção de depósito de hormônio do crescimento de liberação lenta, que só exige uma injeção uma vez por mês. Entretanto, no momento atual, essa formulação não está sendo produzida comercialmente, visto que provoca reações locais no local de injeção. Os peptidomiméticos do hormônio do crescimento, que são biodisponíveis por via oral, constituem uma área ativa de pesquisa. O IGF-1 recombinante, conhecido pelo nome genérico de mecasermina, constitui um tratamento efetivo para pacientes com insensibilidade ao hormônio do crescimento (o denomi- nado nanismo de Laron). A mecasermina também foi aprovada para uso em pacientes com deficiência de hormônio do cresci- mento e anticorpos dirigidos contra o hormônio do crescimento. A administração de mecasermina está associada a hipoglicemia e a hipertensão intracraniana rara. Fisiopatologia e Farmacologia do Excesso de Hormônio do Crescimento Em geral, o excesso de hormônio do crescimento resulta de adenoma somatotrófico. Essa entidade apresenta duas formas diferentes de apresentação da doença, dependendo da ocorrência do excesso de hormônio do crescimento antes ou depois do fechamento das epífises dos ossos. Ocorre gigantismo quando o hormônio do crescimento é secretado em níveis anormalmente altos antes do fechamento das epí- fises, visto que o aumento dos níveis de IGF-1 promove um crescimento longitudinal excessivo dos ossos. Após o fechamento das epífises, os níveis anormalmente altos de hormônio do crescimento provocam acromegalia, con- forme ilustrado no caso descrito na introdução deste capítu- lo. A acromegalia ocorre em conseqüência do fato de que o IGF-1, embora não possa mais estimular o crescimento dos ossos longos, ainda tem a capacidade de promover o cresci- mento dos órgãos profundos e do tecido cartilaginoso. As manifestações típicas consistem nos sintomas inespecíficos que GR apresentou, como aumento da espessura das mãos, aumento no número dos calçados e fadiga. Outros achados freqüentes incluem estruturas faciais grandes, macroglossia e hepatomegalia. O tratamento padrão para o adenoma de somatótrofos consiste na remoção cirúrgica transesfenoidal do tumor. Con- forme observado no caso de GR, o tratamento cirúrgico tem sucesso variável, e, com freqüência, é necessária uma tera- pia clínica adjuvante. As opções clínicas incluem análogos A Eixo normal GH GH IGF-1 B Insensibilidade ao hormônio do crescimento GHRHGrelina Somatostatina IGF-1 GHRHGrelina Somatostatina GHRHGrelina Somatostatina GH IGF-1 GHRHGrelina Somatostatina GH IGF-1 C Deficiência secundária D Deficiência terciária Fig. 25.3 Eixo hipotalâmico-hipofisário–hormônio do crescimento na saúde e na doença. A. No eixo hipotalâmico-hipofisário–hormônio do crescimento normal, a secreção hipotalâmica de hormônio de liberação do hormônio do crescimento (GHRH) ou grelina estimula a liberação de hormônio do crescimento (GH), enquanto a somatostatina a inibe. A seguir, o hormônio do crescimento secretado estimula o fígado a sintetizar e a secretar o fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-1), que promove o crescimento ósseo. O IGF-1 também inibe a liberação de GH da adeno-hipófise. B. Na insensibilidade ao hormônio do crescimento, a adeno-hipófise secreta hormônio do crescimento, porém o fígado não responde à estimulação pelo hormônio do crescimento. Em conseqüência, não ocorre secreção de IGF-1 (indicado por linhas tracejadas). A diminuição da inibição da liberação de GH por retroalimentação resulta em níveis plasmáticos mais elevados de GH (linha espessa). C. Na deficiência secundária, do crescimento. Como os níveis de GH estão baixos, o fígado não é estimulado a produzir IGF-1. D. Na deficiência terciária, o hipotálamo não secreta GHRH (linha tracejada); o papel da grelina nessa afecção não é conhecido. A ausência de GHRH resulta na ausência de estimulação da secreção de GH pela adeno- hipófise e, portanto, em diminuição da produção de IGF-1. 440 | Capítulo Vinte e Cinco da somatostatina, agonistas da dopamina e antagonistas dos receptores de GH. A somatostatina inibe fisiologicamente a secreção de hor- mônio do crescimento, razão pela qual constitui um tratamento lógico para os adenomas de somatótrofos. Entretanto, a soma- tostatina em si é raramente utilizada em clínica, visto que possui uma meia-vida de apenas alguns minutos. A octreotida é um análogo peptídico sintético da somatostatina de ação longa, que demonstrou diminuir o crescimento de adenomas hipofisários em pacientes acromegálicos. Na Europa, dispõe-se de um aná- logo sintético semelhante da somatostatina, a lanreotida. Como a somatostatina e seus análogos afetam numerosos processos secretores, a octreotida pode ser utilizada para diversas indica- ções, incluindo tratamento de varizes esofágicas e certos tumores secretores de hormônios. O mecanismo pelo qual a octreotida melhora as varizes esofágicas não é conhecido, porém acredi- ta-se que envolva uma vasoconstrição seletiva dos esfíncteres arteriolares na circulação esplâncnica. A administração sistêmica de octreotida pode resultar em efeitos adversos, incluindo náusea e diminuição da motilidade gastrintestinal. Uma fórmula de libe- ração prolongada da octreotida, como aquela utilizada no caso descrito na introdução, permite o uso de doses menos freqüentes, porém não parece alterar o perfil de efeitos adversos. Apesar de a dopamina estimular a liberação de GH em con- dições fisiológicas, os pacientes com acromegalia apresentam uma diminuição paradoxal da secreção do hormônio de cres- cimento em resposta à dopamina. Com base nessa observação, os análogos da dopamina, a bromocriptina e a cabergolina, são algumas vezes utilizados como agentes adjuvantes no tra- tamento da acromegalia. Esses agentes são discutidos adiante, na seção sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário –prolactina. O pegvisomanto é um análogo do GH que foi modificado para ligar-se ao receptor de GH transmembrana sem ativar a sinalização intracelular subseqüente; por conseguinte, trata-se de um antagonista competitivo da atividade do GH. O pegviso- manto também contém múltiplos resíduos de polietilenoglicol (PEG); essa modificação química prolonga a sua meia-vida e, por conseguinte, permite a sua administração uma vez ao dia. Nos estudos clínicos conduzidos, o pegvisomanto dimi- nuiu significativamente os níveis séricos de IGF-1. Os níveis de GH aumentam uma a duas vezes durante o tratamento com pegvisomanto, devido à inibição diminuída da secreção de GH mediada pelo IGF. Em uma pequena porcentagem de pacientes, o adenoma hipofisário subjacente pode aumentar de tamanho durante a terapia com pegvisomanto, exigindo uma monitori- zação anual por IRM. As provas de função hepática também devem ser efetuadas periodicamente, visto que alguns pacientes podem apresentar elevações nos níveis séricos de aminotrans- ferase. Na atualidade, estão sendo pesquisadas aplicações mais disseminadas do pegvisomanto, incluindo o seu possível uso na prevenção das complicações tardias do diabetes melito, algu- mas das quais podem ser mediadas pelo GH. Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Prolactina Os lactótrofos da adeno-hipófise produzem e secretam prolac- tina. Sua atividade diminui em resposta à secreção hipotalâmica de dopamina. O TRH pode aumentar a liberação de prolactina. Ao contrário de outras células da adeno-hipófise, os lactótrofos sofrem inibição tônica pelo hipotálamo, que é presumivelmente mediada pela liberação hipotalâmica de dopamina. Por con- seguinte, uma doença capaz de interromper o sistema porta hipotalâmico-hipofisário resulta em diminuição da secreção da maioria dos hormônios da adeno-hipófise, porém causa aumento da liberação de prolactina. Nos pacientes em uso de antipsicóticos fenotiazínicos (ver Cap. 12), são freqüentemente observadas elevações da prolactina, visto que esses agentes atuam como antagonistas dos receptores de dopamina. Como a prolactina não estimula a secreção de hormônios no seu alvo, a glândula mamária, a secreção de prolactina não é regulada por um sistema de retroalimentação negativa. As ações fisiológicas da prolactina envolvem a regulação do desenvolvimento da glândula mamária e a biossíntese e secreção das proteínas do leite. Os níveis de prolactina estão normalmente baixos nos homens e nas mulheres não-grávidas. O aumento dos níveis de estrogênio durante a gravidez estimula os lactótrofos da adeno-hipófise a secretar quantidades cres- centes de prolactina. Todavia, durante a gravidez, o estrogênio antagoniza a ação da prolactina na mama, impedindo a lacta- ção até depois do parto. A sucção proporciona um poderoso estímulo neural para a liberação de prolactina, e os níveis de prolactina aumentam até 100 vezes dentro de 30 minutos após o início da amamentação. Se uma mãe não amamentar, os níveis de prolactina irão diminuir no decorrer de várias semanas. É interessante assinalar que os níveis aumentados de pro- lactina suprimem a síntese de estrogênio, visto que antagoni- zam a liberação hipotalâmica de GnRH e também diminuem a sensibilidade dos gonadótrofos ao GnRH. Isso resulta em liberação diminuída de LH e de FSH e, portanto, em diminuição da estimulação do órgão-alvo do eixo hipotalâmico-hipofisá- rio–sistema reprodutor. Isso parece constituir um mecanismo fisiológico para suprimir a ovulação enquanto uma mulher estiver amamentando. A secreção cronicamente elevada de prolactina por um prolactinoma também suprime o eixo hipo- talâmico-hipofisário–sistema reprodutor. Por esse motivo, os prolactinomas constituem uma causa comum de infertilidade, particularmente em mulheres. A bromocriptina é um agonista sintético dos receptores de dopamina que inibe o crescimento das células lactotróficas, constituindo uma terapia clínica estabelecida para pequenos prolactinomas (microadenomas). A bromocriptina é biodispo- nível por via oral. A exemplo da octreotida, muitos dos efeitos adversos da terapia com bromocriptina resultam de ações sis- têmicas do fármaco. Os efeitos adversos consistem em náusea e vômitos, presumivelmente pelo fato de que a área postrema na medula, que estimula a náusea, possui receptores de dopa- mina. Outros membros da classe dos agonistas dos receptores de dopamina incluem a pergolida e a cabergolina. A qui- noglida é um agente estruturalmente semelhante, disponível na Europa. A cabergolina, pelo fato de diferir estruturalmente dos outros agonistas dos receptores de dopamina, pode causar menos náusea e vômitos do que os outros agentes. Os estudos clínicos iniciais também sugerem que a cabergolina pode ser mais efetiva do que a bromocriptina na redução dos níveis de prolactina, podendo induzir também uma remissão a longo pra- zo dos adenomas de lactótrofos. Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Tireóide O hipotálamo secreta TRH, que estimula a produção e a secreção de TSH pelos tireótrofos. Por sua vez, o TSH pro- move a biossíntese e a secreção de hormônio tireoidiano pela glândula tireóide. O hormônio tireoidiano regula a homeostasia global da energia corporal. O hormônio tireoidiano controla negativamente a liberação hipotalâmica e hipofisária de TRH e de TSH, respectivamente. Como a reposição de hormônio tireoidiano constitui uma terapia efetiva para o hipotireoidismo, tanto o TRH quanto o Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise | 441 TSH são utilizados principalmente para o diagnóstico da etiolo- gia da doença. Se o hipotireoidismo for causado por uma ausên- cia de resposta da glândula tireóide, os níveis de TSH estarão elevados, devido à diminuição da retroalimentação negativa do hormônio tireoidiano. Se a adeno-hipófise for incapaz de pro- duzir TSH em resposta ao TRH, a administração farmacológica de TSH deve resultar na produção e liberação de hormônio tireoidiano. Por fim, se o distúrbio for de origem hipotalâmica (distúrbio endócrino terciário), a adição de TRH exógeno ou de TSH exógeno irá estimular o aumento dos níveis plasmáticos de hormônio tireoidiano. Outros aspectos da farmacologia da glândula tireóide são discutidos no Cap. 26. Eixo Hipotalâmico-Hipofisário –Supra-Renal Os neurônios do núcleo paraventricular do hipotálamo sin- tetizam e secretam o hormônio de liberação da corticotropina (CRH). Após ser transportado pelo sistema porta hipotalâmico- hipofisário, o CRH liga-se a receptores de superfície celular localizados nos corticótrofos da adeno-hipófise. A ligação do CRH estimula a síntese e a liberação do hormônio adrenocor- ticotrópico (ACTH) pelos corticótrofos. O ACTH é sintetizado como parte da proopiomelanocortina (POMC), um polipeptí- dio precursor que é clivado em múltiplas moléculas efetoras. Além do ACTH, a clivagem da POMC produz o hormônio melanócito-estimulante (MSH), a lipotropina e a �-endor- fina. O MSH possui efeitos sobre a pigmentação da pele, o comportamento alimentar e o peso corporal. Devido a seme- lhanças estruturais entre o ACTH e o MSH, o ACTH em altas concentrações pode ligar-se aos receptores de MSH e ativá-los. Essa ação torna-se importante no hipoadrenalismo primário, em que a presença de níveis aumentados de ACTH resulta em aumento da pigmentação da pele. Uma vez secretado, o ACTH liga-se a receptores de ACTH localizados sobre células do cór- tex da supra-renal, particularmente na zona fasciculada e zona reticular do córtex. O ACTH estimula a síntese e a secreção de hormônios esteróides adrenocorticais, incluindo glicocor- ticóides, androgênios e mineralocorticóides. O efeito do ACTH sobre a secreção de mineralocorticóides é transitório (algumas vezes denominado fenômeno de “escape do ACTH”), porém o ACTH é necessário para a secreção de glicocorticóides e de androgênios supra-renais. O ACTH também possui um efeito trófico sobre a zona fasciculada e a zona reticular; a secreção excessiva de ACTH provoca hiperplasia supra-renal. O cortisol, o glicocorticóide supra-renal, constitui o principal inibidor de retroalimentação da liberação hipofisária de ACTH. O CRH é utilizado clinicamente para estabelecer se a secre- ção excessiva de cortisol resulta de adenoma hipofisário ou de tumor supra-renal (ectópico ou primário) (Fig. 25.4). Quando o hipercortisolismo deriva de um adenoma hipofisário, a admi- nistração de CRH aumenta habitualmente os níveis sangüíneos de ACTH e de cortisol. Essa resposta não é observada no caso de um tumor ectópico, que secreta ACTH de modo autôno- mo e numa taxa constante. De forma semelhante, os níveis de ACTH não aumentam após a administração de CRH quando o paciente apresenta um tumor supra-renal primário, visto que a secreção excessiva de cortisol suprime a resposta hipofisária do ACTH ao CRH. Pode-se utilizar uma forma sintética do ACTH, denomi- nada cosintropina, para estabelecer o diagnóstico de casos suspeitos de insuficiência supra-renal. A administração de cosintropina a um paciente com insuficiência supra-renal não consegue aumentar a concentração plasmática de cortisol. As afecções que necessitam de reposição fisiológica de glico- A Eixo normal CRH ACTH ACTH ACTH ACTH Cortisol B Tumor supra-renal primário Cortisol C Adenoma hipofisário Cortisol D Tumor secretor de ACTH ectópico Cortisol ACTH Tumor Fig. 25.4 Uso do CRH para estabelecer a causa da secreção excessiva de cortisol. A. No eixo hipotalâmico-hipofisário–supra-renal normal, a secreção hipotalâmica do hormônio de liberação da corticotropina (CRH) estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). Por sua vez, o ACTH estimula a síntese e a secreção de cortisol pelo córtex da supra-renal. A seguir, o cortisol inibe a liberação adicional de CRH e de ACTH. B. Um tumor supra-renal primário produz cortisol de modo autônomo (linha espessa), independentemente da regulação pelo ACTH. A administração de CRH não irá aumentar os níveis de ACTH e de cortisol, visto que a produção excessiva de cortisol pelo tumor suprime a responsividade da adeno-hipófise ao CRH (linha tracejada). C. Um adenoma (tumor) na adeno-hipófise secreta de modo autônomo níveis excessivos de ACTH (linha espessa), que estimulam a glândula supra-renal a produzir níveis aumentados de cortisol (linha espessa). Embora a secreção de ACTH pelo tumor possa não ser sensível à inibição do cortisol por retroalimentação, o adenoma hipofisário pode ser sensível à administração de CRH. Neste caso, a administração de CRH irá estimular uma elevação aguda nos níveis de ACTH e de cortisol. D. Um tumor secretor de ACTH ectópico (como carcinoma de células pequenas do pulmão) também estimula a glândula supra-renal a produzir níveis aumentados de cortisol. Todavia, neste caso, a produção de ACTH pela hipófise é suprimida pelos níveis elevados de cortisol, e a administração de CRH não irá aumentar os níveis de ACTH e de cortisol. corticóides são habitualmente tratadas com análogos sinté- ticos do cortisol, mais do que com ACTH, visto que o uso do hormônio-alvo geralmente permite um controle fisiológico mais preciso. A fisiologia e a farmacologia do cortisol são discutidas no Cap. 27. 442 | Capítulo Vinte e Cinco Eixo Hipotalâmico-Hipofisário–Sistema Reprodutor Entre as células da adeno-hipófise, os gonadótrofos são sin- gulares, uma vez que secretam dois hormônios glicoprotéicos: o LH e o FSH. Esses hormônios, em seu conjunto, são desig- nados como gonadotropinas. Tanto o LH quanto o FSH são heterodímeros compostos de subunidades � e �. O LH e o FSH compartilham a mesma subunidade �, porém possuem diferentes subunidades �. Os gonadótrofos regulam indepen- dentemente a secreção de FSH e de LH. Esse eixo está ilustrado na forma de diagrama na Fig. 25.5. Uma vez secretadas, as gonadotropinas controlam a pro- dução de hormônios pelas gônadas, promovendo a síntese de androgênios e de estrogênios. A seguir, os gonadótrofos são ini- bidos através de retroalimentação pela testosterona e pelo estro- gênio. Os efeitos dos estrogênios sobre a adeno-hipófise são complexos. Dependendo da taxa de alteração e da concentração absoluta de estrogênio, bem como a fase do ciclo menstrual, podem ser produzidos efeitos tanto inibitórios quanto excita- tórios. A inibina e a activina são dois hormônios secretados pelo ovário que parecem ter efeitos de inibição e liberação, respectivamente, sobre a secreção de FSH, mas não de LH. O controle endócrino do processo reprodutivo é discutido de modo mais pormenorizado no Cap. 28. Os análogos peptídicos do GnRH com meias-vidas curtas podem ser administrados de modo pulsátil para estimular a liberação padronizada de gonadotropinas, enquanto os análo- gos com meias-vidas mais longas são utilizados para suprimir a produção de hormônios sexuais através de dessensibilização da hipófise à atividade estimuladora do fator de liberação (Fig. 25.5). A principal diferença farmacológica entre os agonistas atualmente aprovados do GnRH é o método de administração. A leuprolida e a histrelina são injetadas uma vez ao dia; a nafarrelina é administrada na forma de spray nasal; e a goser- relina é uma injeção de depósito administrado uma vez por mês. Dispõe-se também de implantes de bombas osmóticas (ver Cap. 54) que liberam o acetato de leuprolida numa taxa controlada por um período de até 12 meses. Os agonistas de ação prolongada são utilizados terapeuticamente para o tratamento de diversas condições dependentes de gonadotropinas, incluindo endome- triose, fibróides uterinos, puberdade precoce e câncer de prós- tata dependente de androgênios. A principal desvantagem é que a supressão dos gonadótrofos não ocorre imediatamente; com efeito, verifica-se um aumento (“exacerbação”) transitório (de vários dias) nos níveis de hormônios sexuais, seguido de supres- são duradoura da síntese e secreção hormonais. O FSH é utilizado clinicamente para estimular a ovulação para fertilização in vitro. Dispõe-se de duas formulações. A urofolitropina é o FSH purificado isolado da urina de mulheres pós-menopáusicas, enquanto a folitropina é uma forma recom- binante de FSH. Ambos os agentes estimulam efetivamente a ovulação, mas podem causar síndrome de hiperestimulação ovariana. É interessante mencionar uma forma rara da síndro- me de hiperestimulação ovariana que ocorre durante a gravidez (síndrome de hiperestimulação ovariana gestacional familiar), causada por uma mutação hereditária no receptor de FSH. Essa mutação faz com que a gonadotropina coriônica huma- na (hCG)—um hormônio presente em altas concentrações nos estágios iniciais da gravidez—possa ativar o receptor de FSH. Acredita-se que a conseqüente hiperestimulação do receptor de FSH provoca aumento folicular e outras seqüelas caracte- rísticas dessa síndrome. Uma área de pesquisa ativa tem por objetivo estabelecer se a ocorrência de mutações semelhantes no receptor de FSH poderia estar associada a casos de síndrome de hiperestimulação ovariana induzida por fármacos. Os antagonistas do GnRH, cetrorrelix e ganirrelix, são algumas vezes utilizados durante a estimulação ovariana con- trolada. A administração desses agentes na fase inicial ou na metade da fase folicular do ciclo menstrual suprime o surto precoce de LH, resultando em melhor taxa de implantação e gravidez (ver Cap. 28). Um terceiro antagonista do GnRH, o abarelix, foi aprovado para paliação do câncer de próstata metastático em pacientes que apresentam metástases extensas ou invasão da medula espinal pelo tumor. Nessa situação, um antagonista direto do GnRH tem a vantagem de evitar o surto inicial da testosterona observado com os agonistas do GnRH. O abarelix tem sido associado a um prolongamento do intervalo QT cardíaco, e deve-se ter cuidado para evitar a sua adminis- tração com outros agentes que predispõem ao prolongamento do intervalo QT (ver Cap. 18). NEURO-HIPÓFISE Em comparação com os numerosos hormônios da adeno-hipó- fise, a neuro-hipófise (lobo posterior da hipófise) secreta apenas dois hormônios: o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina. GnRH (pulsátil) GnRH (contínuo) LH/FSH Estrogênio ou testosterona Ovários ou testículos Fig. 25.5 Efeitos do GnRH sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário–sistema reprodutor. O hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH) é secretado de modo pulsátil pelo hipotálamo, estimulando a secreção do hormônio luteinizante (LH) e do hormônio folículo-estimulante (FSH) pelas células gonadotrópicas da adeno-hipófise. O LH e o FSH estimulam os ovários ou os testículos a produzir os hormônios sexuais estrogênio ou testosterona, respectivamente, que inibem a liberação adicional de LH e de FSH. O GnRH pulsátil exógeno é utilizado para induzir a ovulação em mulheres com infertilidade de origem hipotalâmica. Por outro lado, a administração contínua de GnRH suprime a resposta dos gonadótrofos ao GnRH endógeno e, portanto, provoca uma diminuição na produção de hormônios sexuais. Os análogos do GnRH com estabilidade metabólica aumentada e meias-vidas prolongadas tiram proveito desse efeito e são utilizados para suprimir a produção de hormônios sexuais em condições clínicas como a puberdade precoce e o câncer de próstata. Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise | 443 O ADH é um importante regulador do volume e da osmolari- dade do plasma, enquanto a ocitocina exerce efeitos fisiológi- cos sobre a contração uterina e a lactação. Hormônio Antidiurético (ADH) O ADH é um hormônio peptídico produzido por células mag- nocelulares do hipotálamo. As células nessa região possuem osmorreceptores que têm a capacidade de perceber mudanças na osmolaridade extracelular. O aumento da osmolaridade estimula a secreção de ADH das terminações nervosas na neuro-hipófise. O ADH liga-se a dois tipos de receptores, V1 e V2. Os receptores V1, que se localizam nas arteríolas sistêmicas, medeiam a vaso- constrição. Essa propriedade deu ao ADH o seu nome alterna- tivo, vasopressina. Os receptores V2, que se localizam no néfron, estimulam a expressão de canais de água na superfície celular para aumentar a reabsorção de água no ducto coletor, conforme discutido no Cap. 20. Essas duas ações do ADH combinam-se para manter o tônus vascular através de: (1) elevação da pressão arterial; e (2) aumento da reabsorção de água. A ruptura da homeostasia do ADH resulta em duas situa- ções fisiopatológicas importantes. A secreção excessiva de ADH provoca a síndrome de secreção inapropriada de ADH (SIADH). A secreção deficiente de ADH ou a resposta diminuí- da ao hormônio provoca diabetes insípido. Na SIADH, ocorre secreção de ADH, independentemente do estado do volume plasmático ou da osmolalidade. Uma das causas mais comuns de SIADH consiste na secreção ectópica de ADH por um car- cinoma de pulmão de células pequenas. Isso resulta em estimu- lação persistente dos receptores V1 e V2, causando hipertensão e retenção excessiva de líquido. A retenção inapropriada de líquido pode resultar em edema significativo e em baixa con- centração extracelular de sódio. Se não for possível remover a fonte do excesso de ADH, a única terapia efetiva para a SIADH consiste em restrição da ingestão de líquidos ou administração de solução salina hipertônica. Na atualidade, não se dispõe de nenhum agente farmacológico para antagonizar especificamen- te a ação do ADH, e o desenvolvimento de um fármaco desse tipo poderá constituir uma terapia potencialmente valiosa para a SIADH. A demeclociclina (um antibiótico da tetraciclina: ver Cap. 32) e o lítio (que possivelmente atua sobre a aquaporina 2) são os dois tratamentos farmacológicos atualmente utiliza- dos para tratar a SIADH. Entretanto, seus mecanismos de ação não estão bem elucidados, e o uso desses fármacos é limitado pelas suas ações inespecíficas e pelo seu potencial de efeitos adversos. Por exemplo, o lítio apresenta um índice terapêutico estreito e pode causar lesão renal irreversível (ver Cap. 13). Tanto o diabetes insípido quanto o diabetes melito carac- terizam-se por sintomas de sede, polidipsia e poliúria. Entre- tanto, apesar de suas semelhanças fenotípicas, as etiologias do diabetes melito e do diabetes insípido não estão relacionadas. O diabetes insípido é um distúrbio de secreção de vasopressi- na ou de resposta à vasopressina, enquanto o diabetes melito é causado pela produção deficiente de insulina ou por uma insensibilidade dos tecidos-alvo à insulina (ver Cap. 29). É preciso distinguir entre dois tipos de diabetes insípido. O dia- betes insípido neurogênico resulta de uma incapacidade dos neurônios hipotalâmicos de sintetizar ou secretar ADH (Fig. 25.6). O diabetes insípido nefrogênico resulta de uma inca- pacidade das células do ducto coletor renal de responder ao ADH. O diabetes insípido nefrogênico é habitualmente causa- do por uma mutação no receptor V2, de modo que o ADH é incapaz de ligar-se ao receptor ou de estimular a sinalização do receptor. O diabetes insípido neurogênico pode ser trata- do com desmopressina, um análogo do ADH que estimula seletivamente os receptores V2. Como o fármaco exibe pouca reatividade cruzada com os receptores V1, ele não aumenta a pressão arterial, como a administração de ADH pode fazê-lo. A dosagem excessiva de desmopressina pode resultar em hipona- tremia, que é causada pela reabsorção excessiva de água pelo néfron. Na atualidade, não se dispõe de nenhum tratamento farmacológico específico para o diabetes insípido nefrogênico; tipicamente, os pacientes são tratados através de restrição do aporte de líquidos ou administração de diuréticos para evitar a diluição excessiva da urina. Uma terapia farmacológica hipo- tética para o diabetes insípido nefrogênico poderia consistir em um composto capaz de estimular diretamente a expressão dos canais de água no ducto coletor renal, transpondo, assim, o receptor V2 não-funcional. Como a insuficiência cardíaca está freqüentemente associada a retenção hídrica, o desenvolvimento e o uso de antagonistas da vasopressina como adjuvantes do tratamento com bloqueadores �-adrenérgicos, inibidores da enzima conversora de angiotensina e antagonistas da aldosterona estão sendo atualmente considera- dos (ver Cap. 24). Recentemente, o antagonista da vasopressina, a conivaptana, foi aprovado para o tratamento da hiponatremia euvolêmica, e esse fármaco também está sendo considerado como tratamento para a hiponatremia associada à insuficiência cardíaca. Ocitocina A ocitocina é um hormônio peptídico produzido pelas células paraventriculares do hipotálamo. Muitas das funções fisiológi- cas conhecidas da ocitocina envolvem a contração muscular; dois desses efeitos consistem na liberação de leite durante a lac- tação e nas contrações uterinas. Na resposta de ejeção do leite, os estímulos para o hipotálamo provocam a liberação de oci- tocina das terminações nervosas para o sangue na neuro-hipó- fise. A ocitocina provoca contração das células mioepiteliais que circundam os alvéolos da glândula mamária, constituindo uma importante ação fisiológica durante a amamentação. Além disso, sabe-se há muito tempo que a administração de ocito- cina causa contração uterina. A liberação de ocitocina provavel- mente não é o estímulo fisiológico para o início do trabalho de parto durante a gravidez; entretanto, a ocitocina é utilizada farmacologicamente para indução artificial do parto. n Conclusão e Perspectivas Futuras Os hormônios do hipotálamo e da hipófise podem ser utiliza- dos como agentes farmacológicos para modificar os respectivos eixos endócrinos de cada hormônio. Os hormônios hipotalâmi- cos podem ser utilizados para determinar as causas da patologia endócrina subjacente (CRH, GHRH, TRH) ou para suprimir um eixo (GnRH, somatostatina). Os hormônios da adeno-hipófise podem ser administrados como terapia de reposição nos casos de deficiência (hormônio do crescimento) ou podem ser uti- lizados para fins diagnósticos (ACTH, TSH). A neuro-hipófise produz dois hormônios, o ADH e a ocitocina, que podem ser utilizados no tratamento do diabetes insípido neurogênico e na indução do trabalho de parto, respectivamente. As perspec- tivas futuras para a farmacologia do hipotálamo e da hipófise deverão incluir: o planejamento de novos sistemas de liberação de fármacos, como sprays nasais do secretagogo do hormônio do crescimento; síntese de análogos não-peptídicos dos hor- mônios hipotalâmicos ativos por via oral; o desenvolvimento de antagonistas da grelina; e novas intervenções farmacológicas 444 | Capítulo Vinte e Cinco C ADH Receptor V2 Hipófise Célula do ducto coletor Água Água Água A Aumento na expressão dos canais de água ADH Ausência ou não-responsividade do receptor V2 Água D Receptor V2 Desmopressina Hipófise Célula do ducto coletor Água Água Água Aumento na expressão dos canais de água ADH Receptor V2Água B Nenhuma alteração na expressão dos canais de água Nenhuma alteração na expressão dos canais de água Fig. 25.6 Comparação do diabetes insípido neurogênico e nefrogênico. A. O hormônio antidiurético (ADH), que é liberado por terminações nervosas na neuro-hipófise, estimula os receptores V2 sobre as células dos ductos coletores renais e, portanto, aumenta a expressão dos canais de água na membrana apical dessas células. O aumento na expressão dos canais de água aumenta o fluxo de água através da célula, e a reabsorção aumentada de água ajuda a manter o volume de líquido extracelular. B. No diabetes insípido neurogênico, a neuro-hipófise é incapaz de secretar ADH. Em conseqüência, não há estimulação dos receptores V2 pelo ADH, e as células dos ductos coletores não aumentam a expressão dos canais de água. C. A administração exógena de desmopressina, um análogo do ADH, pode repor a deficiência de ADH derivado da neuro-hipófise e, conseqüentemente, tratar o diabetes insípido neurogênico. D. No diabetes insípido nefrogênico, o gene do receptor V2 sofre mutação, e esse receptor está ausente ou não responde à estimulação pelo ADH. A ausência de receptores V2 funcionais impede a célula de responder ao ADH com aumento na expressão dos canais de água. No momento atual, não existe nenhuma intervenção farmacológica específica para o tratamento do diabetes insípido nefrogênico. para o diabetes insípido nefrogênico. O hipotálamo também representa um alvo terapêutico promissor para novos fármacos destinados a controlar transtornos do apetite. n Leituras Sugeridas Goldsmith SR, Gheorghiade M. Vasopressin antagonism in heart fai- lure. J Am Coll Cardiol 2005;46:1785–1791. (Informações sobre os antagonistas experimentais da vasopressina.) Kojima M, Kangawa K. Ghrelin: structure and function. Physiol Rev 2005;85:495–522. (Revisão dos avanços recentes na pesquisa de grelina e de GHS-R.) Schlechte JA. Prolactinoma. N Engl J Med 2003;349:2035–2041. (Informações clínicas sobre os prolactinomas.) Surya S, Barkan AL. GH receptor antagonist: mechanism of action and clinical utility. Rev Endocr Metab Disord 2005;6:5–13. (Excelente discussão acerca dos novos tratamentos para acromegalia.) Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise | 445 Re su m o Fa rm ac ol óg ic o Ca pí tu lo 2 5 Fa rm ac ol og ia d o H ip ot ál am o e da H ip óf is e Fá rm ac o Ap lic aç õe s Cl ín ic as Ef ei to s Ad ve rs os G ra ve s e Co m un s Co nt ra -I nd ic aç õe s Co ns id er aç õe s Te ra pê ut ic as RE PO SI ÇÃ O C O M H O RM Ô N IO D O C RE SC IM EN TO E C O M F AT O R D E CR ES CI M EN TO S EM EL H AN TE À I N SU LI N A M ec an is m o — E st im ul am a l ib er aç ão d e ho rm ôn io d o cr es ci m en to o u do f at or d e cr es ci m en to s em el ha nt e à in su lin a ou e fe tu am a s ua r ep os iç ão So m at ro pi na So m at re m ( G H ) D ef ic iê nc ia d o cr es ci m en to e m cr ia nç as c om d ef ic iê nc ia d e G H , sí nd ro m e de T ur ne r, sí nd ro m e de Pr ad er -W ill i e do en ça r en al c rô ni ca B ai xa e st at ur a id io pá tic a R ep os iç ão d o G H e nd óg en o em ad ul to s co m d ef ic iê nc ia d e G H D eb ili ta çã o ou c aq ue xi a da A ID S L eu ce m ia , au m en to d a pr es sã o in tr ac ra ni an a, pa nc re at it e, r áp id o cr es ci m en to d e le sõ es m el an oc ít ic as H ip er gl ic em ia , ed em a pe ri fé ri co , re aç ão n o lo ca l de in je çã o, a rt ra lg ia , ce fa lé ia Pa ci en te s co m e pí fi se s fe ch ad as L es ão i nt ra cr an ia na s ub ja ce nt e at iv a N eo pl as ia m al ig na a tiv a R et in op at ia d ia bé tic a pr ol if er at iv a C au te la n o di ab et es e e m c ri an ça s cu ja d ef ic iê nc ia d e G H re su lta d e le sã o in tr ac ra ni an a D is po ní ve l na f or m a de i nj eç ão d e de pó si to O s gl ic oc or tic ói de s in ib em o e fe ito p ro m ot or d o cr es ci m en to d a so m at ro pi na Se rm or re lin a (G H R H ) A va lia çã o di ag nó st ic a da ↓ d o ho rm ôn io d o cr es ci m en to p la sm át ic o T ra ta m en to d a de fi ci ên ci a de G H Te ra pi a co m G H e m c ri an ça s co m de fi ci ên ci a te rc iá ri a (h ip ot al âm ic a) R ub or t ra ns itó ri o, s en sa çã o de a pe rt o no t ór ax , re aç ão no l oc al d e in je çã o, de se nv ol vi m en to d e an tic or po s N ão u til iz ar c om o ut ro f ár m ac o qu e af et a a hi pó fi se C au te la e m c ri an ça s cu ja d ef ic iê nc ia d e G H r es ul ta d e le sã o in tr ac ra ni an a H ex ar re lin a G re lin a E m f as e de i nv es tig aç ão R ub or , ga nh o de p es o, so no lê nc ia N ão -d et er m in ad as A ge nt es e xp er im en ta is q ue s e lig am a o re ce pt or d e G H se cr et ag og o Fo rm ul aç õe s de h ex ar re lin a di sp on ív ei s pa ra u so i nt ra na sa l M ec as er m in a N an is m o de L ar on D ef ic iê nc ia d e G H c om a nt ic or po s ne ut ra liz an te s H ip og li ce m ia , de sl iz am en to da e pí fi se f em or al s up er io r, el ev aç ão d a pr es sã o in tr ac ra ni an a, c on vu ls õe s H ip er tr of ia t on si la r, re aç ão no l oc al d e in je çã o Pr om oç ão d o cr es ci m en to e m p ac ie nt es c om ep íf is es f ec ha da s Su sp ei ta d e ne op la si a ou n eo pl as ia a tiv a IG F- 1 re co m bi na nt e D is po ní ve l em i nj eç õe s um a e du as v ez es a o di a AG EN TE S Q U E D IM IN U EM A S EC RE ÇÃ O O U A A ÇÃ O D O H O RM Ô N IO D O C RE SC IM EN TO M ec an is m o — I ni be m a l ib er aç ão d e G H R H , a nt ag on iz am o r ec ep to r de G H ( pe gv is om an to ) O ct re ot id a A cr om eg al ia R ub or e d ia rr éi a de t um or es ca rc in ói de s C ri se c ar ci nó id e D ia rr éi a de t um or es s ec re to re s de pe pt íd io i nt es tin al v as oa tiv o A rr it m ia s, b ra di ca rd ia , hi po gl ic em ia , fo rm aç ão d e cá lc ul os b il ia re s D or a bd om in al , co ns tip aç ão , di ar ré ia , ná us ea , vô m ito s H ip er se ns ib ili da de à o ct re ot id a Ta m bé m u til iz ad a pa ra c on tr ol ar o s an gr am en to G I e re du zi r a di ar ré ia s ec re to ra A o ct re ot id a ta m bé m e st á di sp on ív el e m f or m ul aç ão d e de pó si to D im in ui o s ní ve is d e ci cl os po ri na A l an re ot id a é um a ge nt e se m el ha nt e di sp on ív el n a E ur op a So m at os ta ti na V IP om as T um or es c ar ci nó id es Fí st ul as e nt er oc ut ân ea s e pa nc re át ic as Sí nd ro m e do i nt es tin o cu rt o A rr it m ia s, e ri tr od er m ia , re te nç ão h íd ri ca po te nc ia lm en te f at al In to le râ nc ia à g lic os e H ip er se ns ib ili da de à s om at os ta tin a C om a s us pe ns ão d o fá rm ac o, p od e oc or re r hi pe rs ec re çã o ho rm on al d e re bo te D im in ui o s ef ei to s an al gé si co s da m or fi na P eg vi so m an to A cr om eg al ia A um en to d o ta m an ho do a de no m a hi po fi sá ri o, el ev aç ão d as p ro va s de fu nç ão h ep át ic a H ip er te ns ão , ed em a pe ri fé ri co , pa re st es ia s, to nt ur a H ip er se ns ib ili da de a o pe gv is om an to O s pa ci en te s de ve m s er s ub m et id os a nu al m en te a I R M p ar a ex cl ui r um a um en to d o ad en om a (C on ti nu a) 446 | Capítulo Vinte e Cinco Re su m o Fa rm ac ol óg ic o Ca pí tu lo 2 5 Fa rm ac ol og ia d o H ip ot ál am o e da H ip óf is e (C on tin ua çã o) Fá rm ac o Ap lic aç õe s Cl ín ic as Ef ei to s Ad ve rs os G ra ve s e Co m un s Co nt ra -I nd ic aç õe s Co ns id er aç õe s Te ra pê ut ic as AG EN TE S Q U E D IM IN U EM O S N ÍV EI S D E PR O LA CT IN A M ec an is m o — I ni be m a l ib er aç ão h ip of is ár ia d e pr ol ac tin a B ro m oc ri pt in a A m en or ré ia e g al ac to rr éi a da hi pe rp ro la ct in em ia A cr om eg al ia D oe nç a de P ar ki ns on Sí nd ro m e pr é- m en st ru al Sí nd ro m e de C us hi ng E nc ef al op at ia h ep át ic a Sí nd ro m e m al ig na n eu ro lé pt ic a re la ci on ad a co m a t er ap ia fa rm ac ol óg ic a ne ur ol ép tic a A ci de nt e va sc ul ar c er eb ra l, co nv ul sõ es , in fa rt o ag ud o do m io cá rd io To nt ur a, h ip ot en sã o, c ól ic as ab do m in ai s, n áu se a H ip er se ns ib ili da de a os d er iv ad os d o es po rã o do c en te io H ip er te ns ão n ão c on tr ol ad a To xe m ia d a gr av id ez A lc al ói de d o es po rã o do c en te io ; do se 2 × /d ia A a dm in is tr aç ão i nt ra va gi na l po de r ed uz ir o s ef ei to s co la te ra is ga st ri nt es tin ai s Po de o co rr er i nt ol er ân ci a ao á lc oo l O co rr e fe nô m en o de p ri m ei ra d os e em 1 % d os p ac ie nt es , po de nd o re su lta r em s ín co pe C o- ad m in is tr aç ão c om a m itr ip til in a, b ut ir of en on as , im ip ra m in a, m et ild op a, f en ot ia zi na s ou r es er pi na : au m en to n os n ív ei s de pr ol ac tin a A c o- ad m in is tr aç ão c om a ge nt es a nt i- hi pe rt en si vo s po te nc ia liz a a hi po te ns ão P er go lid a Q ui no gl id a C ab er go lin a D oe nç a de P ar ki ns on ( pe rg ol id a e ca be rg ol in a) H ip er pr ol ac tin em ia A rr it m ia s, i nf ar to d o m io cá rd io , in su fi ci ên ci a ca rd ía ca F ib ro se p ul m on ar e d er ra m e pl eu ra l (c ab er go li na ) N áu se a, t on tu ra , di sc in es ia , di st on ia , al uc in aç õe s, so no lê nc ia , hi po te ns ão or to st át ic a, r in ite H ip er se ns ib ili da de a os d er iv ad os d o es po rã o do c en te io H ip er te ns ão n ão c on tr ol ad a U til iz ar c om c au te la e m p ac ie nt es s uj ei to s a ar ri tm ia s e di st úr bi os p si qu iá tr ic os s ub ja ce nt es U til iz ar c om c au te la e m p ac ie nt es c om h is tó ri a de p le ur ite , de rr am e pl eu ra l, fi br os e pl eu ra l, pe ri ca rd ite , va lv ul op at ia ca rd ía ca o u fi br os e re tr op er ito ne al O s de pr es so re s do S N C p os su em e fe ito s ad iti vo s A q ui no gl id a e a ca be rg ol in a nã o sã o de ri va do s do e sp or ão d o ce nt ei o; a q ui no gl id a nã o é di sp on ív el n os E st ad os U ni do s; a ca be rg ol in a pr od uz m en os n áu se a do q ue a b ro m oc ri pt in a ou a pe rg ol id a AG EN TE S Q U E AV AL IA M A F U N ÇÃ O D A TI RE Ó ID E M ec an is m o — O T R H e st im ul a a lib er aç ão d e T SH p el a hi pó fi se ; o T SH e st im ul a a gl ân du la t ir eó id e P ro ti rr el in a (T R H ) D ia gn ós tic o da f un çã o da t ir eó id e C on vu ls õe s, a m au ro se f ug az em p ac ie nt es c om t um or es hi po fi sá ri os A ns ie da de , di af or es e, h ip er - e hi po te ns ão Po de m o co rr er a lte ra çõ es t ra ns itó ri as d a pr es sã o ar te ri al im ed ia ta m en te a pó s a ad m in is tr aç ão C ip ro ep ta di na e t io ri da zi na ↓ a r es po st a do T SH m ed ia da p el a pr ot ir re lin a T ir eo tr op in a (T SH ) D ia gn ós tic o de t um or m al ig no d a gl ân du la t ir eó id e R ea çã o an af il ac tó id e co m ad m in is tr aç ão r ep et id a N áu se a, v ôm ito s, a st en ia , ce fa lé ia In su fi ci ên ci a su pr a- re na l T ro m bo se c or on ar ia na AG EN TE S Q U E AV AL IA M A F U N ÇÃ O S U PR A- RE N AL M ec an is m o— E st im ul aç ão d a pr od uç ão s up ra -r en al d e co rt is ol e a nd ro gê ni os C or ti co tr op in a (A C T H ) C os in tr op in a (A C T H 1- 24 ) D ia gn ós tic o da f un çã o ad re no co rt ic al E xa ce rb aç ão d a es cl er os e m úl tip la R ea çõ es a lé rg ic as g ra ve s, di st úr bi os d o co lá ge no , di st úr bi os de rm at ol óg ic os , in fl am aç ão E sp as m os i nf an tis A um en to d a pr es sã o in tr ac ra ni an a co m pa pi le de m a, p se ud ot um or ce re br al , co nv ul sõ es , in su fi ci ên ci a ca rd ía ca , va sc ul it e ne cr os an te , ch oq ue , pa nc re at it e, u lc er aç ão e pe rf ur aç ão p ép ti ca , al ca lo se hi po ca lê m ic a, i nd uç ão d e di ab et es m el it o la te nt e, br on co es pa sm o To nt ur a Pa ci en te s co m ú lc er a pé pt ic a, e sc le ro de rm ia , os te op or os e, i nf ec çõ es f ún gi ca s si st êm ic as , he rp es s im pl es o cu la r, in su fi ci ên ci a ca rd ía ca , hi pe rt en sã o, s en si bi lid ad e à ca rn e de p or co , ci ru rg ia r ec en te , hi pe rf un çã o ad re no co rt ic al ou i ns uf ic iê nc ia p ri m ár ia o u sí nd ro m e de C us hi ng A c os in tr op in a (q ue c on té m o s pr im ei ro s 24 r es íd uo s de am in oá ci do s do A C T H ) é m en os a nt ig ên ic a e te m m en os te nd ên ci a a ca us ar r ea çõ es a lé rg ic as d o qu e a co rt ic ot ro pi na (q ue c on té m t od os o s 39 r es íd uo s de a m in oá ci do s do A C T H ) O s pa ci en te s co m s us pe ita d e se ns ib ili da de a p ro te ín as s uí na s de ve m e fe tu ar u m t es te c ut ân eo O bs er va r os r ec ém -n as ci do s de m ul he re s tr at ad as c om co rt ic ot ro pi na à p ro cu ra d e si na is d e hi po ad re na lis m o T ra ta r o ed em a co m b ai xa i ng es tã o de s ód io e a lta i ng es tã o de po tá ss io A c o- ad m in is tr aç ão c om A IN E a um en ta o r is co d e sa ng ra m en to G I A c or tic ot ro pi na a um en ta o s ní ve is p la sm át ic os d e di go xi na Farmacologia do Hipotálamo e da Hipófise | 447 AG EN TE S Q U E AL TE RA M A E XP RE SS ÃO D AS G O N AD O TR O PI N AS M ec an is m o (t od os à e xc eç ão d os a nt ag on is ta s do s re ce pt or es d e G nR H ) — C on tín uo s: i ni be m a l ib er aç ão d e L H e F SH ; P ul sá te is : es tim ul am a l ib er aç ão d e L H e F SH M ec an is m o (g an ir re lix , c et ro rr el ix , a ba re lix ) — a nt ag on is ta s do s re ce pt or es d e G nR H G on ad or re lin a D ia gn ós tic o de h ip og on ad is m o E st im ul aç ão d a ov ul aç ão A na fi la xi a co m m úl ti pl as ad m in is tr aç õe s To nt ei ra , ru bo r, ce fa lé ia U m a re sp os ta n or m al a o te st e co m g on ad or re lin a in di ca a pr es en ça d e go na dó tr of os h ip of is ár io s fu nc io na is Fo rm a pu ls át il pa ra e st im ul aç ão d a ov ul aç ão G os er re lin a H is tr el in a L eu pr ol id a N af ar re lin a To do s os q ua tr o ag en te s po de m s er ut ili za do s na s se gu in te s co nd iç õe s: C ân ce r de m am a C ân ce r de p ró st at a E nd om et ri os e Pu be rd ad e pr ec oc e Po rf ir ia i nt er m ite nt e ag ud a Tr om bo se v en os a pr of un da (g os er re li na , le up ro li da ) A po pl ex ia h ip of is ár ia (l eu pr ol id a) O nd as d e ca lo r, gi ne co m as tia , os te op or os e, do r tr an si tó ri a, d is fu nç ão se xu al H ip er se ns ib ili da de a o L H R H o u a an ál og os do L H R H G ra vi de z Fo rm ul aç õe s de d ep ós ito q ue r es ul ta m e m s up re ss ão d as go na do tr op in as e c on se qü en te ↓ d os e st er ói de s go na da is In ic ia lm en te , po de m a um en ta r os n ív ei s de t es to st er on a e de es tr og ên io F ol it ro pi na ( rF SH ) U ro fo lit ro pi na ( F SH ) In du çã o da o vu la çã o H ip og on ad is m o hi po go na do tr óp ic o m as cu lin o E m bo li a e tr om bo se , sí nd ro m e de a ng ús ti a re sp ir at ór ia a gu da , sí nd ro m e de h ip er es ti m ul aç ão ov ar ia na C is to s e hi pe rt ro fi a ov ar ia no s, i nf ec çã o re sp ir at ór ia s up er io r Q ua lq ue r di st úr bi o en dó cr in o di st in to d a an ov ul aç ão : sa ng ra m en to u te ri no a no rm al , in su fi ci ên ci a go na da l pr im ár ia , tu m or hi po fi sá ri o, c is to o va ri an o ou a um en to d e or ig em d es co nh ec id a, g ra vi de z, t um or es de pe nd en te s de h or m ôn io s se xu ai s, d is fu nç ão da t ir eó id e ou d a su pr a- re na l Po de m r es ul ta r em m úl tip lo s fe to s G an ir re lix C et ro rr el ix A ba re lix In du çã o da o vu la çã o (g an ir re lix e ce tr or re lix ) C ân ce r de p ró st at a (a ba re lix ) P ro lo ng am en to d o in te rv al o Q T (a ba re li x) G ra vi de z ec tó pi ca , di st úr bi o tr om bó ti co , ab or to es po nt ân eo ( ga ni rr el ix ) A na fi la xi a (c et ro rr el ix ) Sí nd ro m e de hi pe re st im ul aç ão o va ri an a G ra vi de z, l ac ta çã o, c is to s ov ar ia no s ou au m en to d o ov ár io n ão c au sa do p or sí nd ro m e de o vá ri o po lic ís tic o, i ns uf ic iê nc ia ov ar ia na p ri m ár ia , tu m or es d ep en de nt es d e ho rm ôn io s se xu ai s, d is fu nç ão d a tir eó id e ou d a su pr a- re na l, sa ng ra m en to v ag in al d e et io lo gi a de sc on he ci da E ss es f ár m ac os s ão a nt ag on is ta s do s re ce pt or es d e G nR H AN TA G O N IS TA S DA V AS O PR ES SI N A M ec an is m o — A nt ag on is ta s do s re ce pt or es V 1/ V 2 m is to s C on iv ap ta na To lv ap ta na H ip on at re m ia e uv ol êm ic a In su fi ci ên ci a ca rd ía ca ( em f as e de in ve st ig aç ão ) H ip er te ns ão , hi po te ns ão or to st át ic a, r ea çã o no l oc al de i nj eç ão , hi po ca le m ia , au m en to d a se de , po liú ri a U so c on co m ita nt e de p ot en te s in ib id or es d a 3A 4 do P 45 0 H ip on at re m ia h ip ov ol êm ic a C om o a co ni va pt an a é um s ub st ra to d a 3A 4 do P 45 0, e ss e fá rm ac o es tá c on tr a- in di ca do p ar a us o co nc om ita nt e co m in ib id or es d a 3A 4 do P 45 0, c om o ce to co na zo l, itr ac on az ol , ri to na vi r, cl ar itr om ic in a e in di na vi r A t ol va pt an a é um a ge nt e em f as e de i nv es tig aç ão e sp ec íf ic a pa ra o s re ce pt or es V 2