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Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma
46
Joshua M. Galanter e Stephen Lazarus
Introdução
Caso
Fisiologia do Tônus do Músculo Liso das Vias Respiratórias e 
Função Imune
Fisiologia da Contração do Músculo Liso das Vias Respiratórias
Função Imune nas Vias Respiratórias
Fisiopatologia da Asma
Asma como Doença Broncoconstritiva
Asma como Doença Inflamatória
Células TH2 e Origem da Asma
Plasmócitos, IgE, Mastócitos e Leucotrienos
Eosinófilos
Classes e Agentes Farmacológicos
Broncodilatadores
Anticolinérgicos
Agonistas Beta-Adrenérgicos
Metilxantinas
Agentes Antiinflamatórios
Corticosteróides
Cromoglicatos
Agentes Modificadores da Via dos Leucotrienos
Anticorpos Anti-IgE
Liberação de Fármacos
Manejo Clínico da Asma
Conclusão e Perspectivas Futuras
Leituras Sugeridas
INTRODUÇÃO
A asma é uma doença crônica das vias respiratórias, caracteri-
zada por exacerbações intermitentes de doença aguda (cri-
ses de asma). Os sintomas de asma consistem em dispnéia 
e sibilância, bem como produção de muco e tosse. A asma 
é tanto uma doença pulmonar obstrutiva quanto uma doen-
ça inflamatória; o componente obstrutivo caracteriza-se 
por broncoconstrição, enquanto o componente inflamatório 
carac teriza-se por edema das vias respiratórias, hiperplasia 
das células caliciformes, secreção de muco e infiltração por 
uma ampla variedade de células imunes e inflamatórias, que 
liberam diversas citocinas associadas. Embora a obstrução 
das vias respiratórias seja, na maioria dos casos, reversível, 
a asma, com o decorrer do tempo, pode causar remodelagem 
das vias respiratórias e deterioração permanente da função 
pulmonar.
Os medicamentos utilizados no tratamento da asma atuam 
de duas maneiras: relaxamento do músculo liso brônquico ou 
prevenção e tratamento da inflamação. Este capítulo considera 
a asma como uma doença tanto broncoconstritiva quanto infla-
matória. Após discutir o controle fisiológico do tônus brônquico 
e a função das vias imunes nas vias respiratórias, o capítulo 
descreve a fisiopatologia da asma. A seguir, são discutidos os 
tratamentos atuais, incluindo a farmacologia dos broncodilata-
dores e dos agentes antiinflamatórios.
nn Caso 
Ahmad, um estudante de 14 anos de idade cursando a sexta série, 
tem uma longa história de rinite alérgica. Foi diagnosticado pela 
primeira vez com asma aos 6 anos. Ahmad joga futebol durante 
o recreio, mas freqüentemente é obrigado a abandonar a partida, 
devido à dificuldade em respirar. Vem enfrentando problemas na 
escola, devido às suas freqüentes faltas motivadas pelas exacerba-
ções da asma. Quando a asma foi diagnosticada pela primeira vez, 
o médico prescreveu teofilina, um comprimido duas vezes ao dia. 
Desde então Ahmad continua tomando a sua medicação. Algumas 
vezes, ele também se auto-administra um medicamento inalado 
contendo epinefrina, embora, depois disso, tenha alguma dificulda-
de em se concentrar pelo fato de sentir-se “muito nervoso”.
Em casa, Ahmad acorda muitas vezes com tosse e sensação 
de constrição no tórax. Os sintomas aparecem quando Ahmad fica 
exposto a gatos ou a fumaça de cigarro. Uma noite, sofre uma grave 
crise de asma, que ele não consegue controlar com o spray de 
epinefrina aerossolizado. Ahmad é levado à emergência do hospital 
local. Descreve a sensação de um grande homem estar sentado 
sobre o seu tórax, enquanto está tentando respirar por um estreito 
canudo. Apresenta tosse incessante, com escarro espesso e claro. 
O exame do tórax é notável pela presença de sibilos expiratórios 
bilaterais e fase expiratória prolongada. Os exames de laboratório 
revelam uma contagem total de leucócitos normal (8.200 células/
�L), porém com excesso de eosinófilos (9%).
O médico que o atende dá a Ahmad salbutamol, um broncodi-
latador administrado na forma de aerossol nebulizado. A sibilância 
melhora, porém Ahmad também apresenta tremor e batimentos 
772 | Capítulo Quarenta e Seis
rápidos do coração. A seguir, o médico administra uma infusão 
intravenosa de hidrocortisona, um glicocorticóide, para tratar a 
inflamação das vias respiratórias. A cada 2 horas, Ahmad recebe 
salbutamol por nebulizador. 
No final da noite, Ahmad sente que ele voltou a respirar confor-
tavelmente. Ao receber alta da emergência, a sua mãe recebe uma 
prescrição de um medicamento esteróide inalado, a fluticasona. 
Ahmad é instruído a utilizar o inalador de fluticasona duas vezes 
ao dia, bem como um inalador de salbutamol para substituir o 
spray de epinefrina. Com esses novos medicamentos, Ahmad tem 
menos crises de asma, embora continue acordando várias noites 
durante a semana com sintomas de asma. Ahmad utiliza o inalador 
de salbutamol várias vezes ao dia para aliviar a tosse e a sibilância. 
Constata que o spray de esteróide irrita sua garganta, e ele não está 
levando o uso da medicação tão a sério como deveria. 
Naquele mesmo ano, durante um checkup, o novo médico de 
Ahmad recomenda a interrupção dos comprimidos de teofilina e 
prescreve, em seu lugar, um inalador de combinação contendo 
fluticasona e salmeterol, um broncodilatador de ação longa. Acon-
selha também Ahmad a utilizar o inalador de salbutamol quando 
necessário. Com esse novo esquema, Ahmad finalmente percebe 
que a asma está sob controle e que ele consegue jogar futebol e 
ter um melhor desempenho na escola.
QUESTÕES
n 1. Por que Ahmad desenvolveu asma?
n 2. Por que a epinefrina causou ansiedade? Por que o salbuta-
mol produziu menos efeitos adversos?
n 3. Como a teofilina atua, e por que o novo médico de Ahmad 
interrompeu o seu uso?
n 4. Por que a fluticasona causou irritação local da garganta, e o 
que Ahmad poderia fazer para evitar esse efeito indesejá-
vel?
n 5. Por que os medicamentos para asma são, em sua maioria, 
administrados por via pulmonar, e não na forma de compri-
midos?
FISIOLOGIA DO TÔNUS DO MÚSCULO LISO DAS 
VIAS RESPIRATÓRIAS E FUNÇÃO IMUNE
Como a asma envolve uma disfunção nas vias respiratórias que 
regulam tanto o tônus do músculo liso quanto a função imune 
nas vias respiratórias, é importante rever a fisiologia normal 
desses sistemas antes de considerar a fisiopatologia da asma.
FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO 
DAS VIAS RESPIRATÓRIAS
Conforme discutido no Cap. 7, as respostas involuntárias do 
músculo liso são reguladas pelo sistema nervoso autônomo. 
Nas vias respiratórias, o tônus simpático (adrenérgico) produz 
broncodilatação, enquanto o tônus parassimpático (colinérgi-
co) causa broncoconstrição. O tônus do músculo liso brônquico 
também é regulado por fibras não-adrenérgicas não-colinér-
gicas (NANC), que inervam a árvore respiratória.
Os receptores adrenérgicos medeiam a inervação simpática 
dos pulmões. As células musculares lisas das vias respiratórias 
expressam receptores �2-adrenérgicos (e, em menor grau, 
receptores �1-adrenérgicos). Os receptores �2-adrenérgicos são 
ativados pela epinefrina, que é secretada pela medula supra-renal 
e que produz broncodilatação. A epinefrina exógena foi uma 
das primeiras farmacoterapias para a asma e ainda encontra-se 
disponível em uma formulação de venda livre, que foi utilizada 
por Ahmad. Os agonistas adrenérgicos �2-seletivos mais novos, 
como o salbutamol posteriormente prescrito para Ahmad, são 
considerados, hoje em dia, como broncodilatadores de primeira 
linha para o tratamento dos sintomas asmáticos agudos.
O nervo vago fornece a inervação parassimpática dos pul-
mões. As células musculares lisas das vias respiratórias expres-
sam receptores muscarínicos, particularmente o subtipo M3 
excitatório de receptores muscarínicos. Com a estimulação da 
acetilcolina liberada pelos neurônios pós-ganglionares paras-
simpáticos, esses receptores induzem broncoconstrição. Os 
neurônios parassimpáticos atuam de modo predominante para 
manter o tônus muscular liso, e os agentes anticolinérgicos
podem causar broncorrelaxamento. Esses agentes são utilizados 
primariamente no tratamento da doença pulmonar obstrutiva 
crônica (ver Boxe 46.1), mas também podem ser prescritos para 
as crises agudas de asma, ou quando os agonistas adrenérgicos 
�2-seletivos estão contra-indicados.
As fibras NANC estão primariamente sob controle parassim-
pático, mas não liberam norepinefrina nem acetilcolina. Além 
disso, as fibras NANC podem ser estimuladoras (causando 
broncoconstrição) ou inibidoras (provocando broncodilatação). 
As fibras NANC liberam neuropeptídios, incluindo neurocini-
na A, peptídio relacionado com o gene da calcitonina, subs-
tância P, bradicinina, taquicinina e neuropeptídio Y, que 
são, todos eles, broncoconstritores, bem como óxido nítrico 
(NO) e polipeptídio intestinal vasoativo (VIP), que causam 
broncorrelaxamento. Embora ainda não se tenha desenvolvi-
do nenhum agente farmacológico capaz de utilizar o sistema 
NANC, o óxido nítrico constitui um marcador da intensidade 
da inflamação das vias respiratórias, e a determinação do NO 
tem sido utilizada para avaliar a gravidade da asma e, conse-
qüentemente, titular o tratamento.
FUNÇÃO IMUNE NAS VIAS RESPIRATÓRIAS
Conforme descrito no Cap. 40, os linfócitos T desempenham 
um papel essencial no controle da resposta imune. Os linfócitos 
T são divididos em células TC (citotóxicas) CD8+, que atuam 
como mediadores da imunidade adaptativa celular, e em célu-
las TH (auxiliares) CD4+, que regulam as respostas imunes 
adaptativas. As células TH são ainda subdivididas em células 
TH1 e TH2, com base nas citocinas que produzem. As células 
TH1, que produzem interferona-�, IL-2 e TNF-�, orientam a 
resposta imune para uma resposta celular envolvendo as células 
TH e TC. As células TH2, que produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-9 
e IL-13, orientam a resposta imune para uma resposta humoral, 
baseada na produção de anticorpos pelas células B. Como as 
citocinas produzidas pelas células TH1 e pelas células TH2 são 
mutuamente inibitórias, qualquer estímulo imune irá induzir 
predominantemente uma das respostas (Fig. 46.1). 
Todos os indivíduos inalam constantemente alérgenos do 
ambiente, como pêlos de gato, pólen, ácaros da poeira e inúme-
ros outros antígenos. Esses alérgenos são fagocitados por células 
apresentadoras de antígeno que revestem as vias respiratórias. 
Em geral, os antígenos são ignorados pelas células TH e induzem 
apenas um baixo nível de anticorpos IgG e uma resposta modera-
da das células TH1 mediada pela interferona-�. Em contrapartida, 
uma resposta exagerada das células TH2 freqüentemente predo-
mina na asma, gerando a inflamação característica e a hiper-res-
ponsividade brônquica típica da doença (Fig. 46.1).
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 773
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) descreve um 
espectro de distúrbios que resulta em doença pulmonar obstrutiva. 
Ao contrário da asma, a DPOC geralmente não é reversível. A 
DPOC é causada por uma resposta inflamatória anormal a uma 
agressão ambiental inalada. Em 90% dos casos, essa agressão 
para os pulmões consiste na fumaça de tabaco. Do ponto de vista 
clínico, a DPOC é dividida em duas doenças que freqüentemente 
se superpõem: o enfisema e a bronquite crônica. O enfisema 
pulmonar refere-se a um aumento alveolar causado pela destruição 
das paredes alveolares, enquanto a bronquite crônica é um 
diagnóstico clínico estabelecido com base na ocorrência de tosse 
crônica durante 3 meses ou mais, por 2 anos consecutivos, que não 
pode ser atribuída a outra causa.
A DPOC é causada por uma resposta anormal à inalação de 
fumaça de tabaco ou outros agentes tóxicos. Ao contrário da 
asma, em que os linfócitos T CD4+, os linfócitos B, os mastócitos 
e os eosinófilos representam as principais células inflamatórias, 
a resposta inflamatória à fumaça de tabaco é primariamente 
neutrofílica e monocítica. A fumaça de tabaco estimula os 
macrófagos alveolares residentes a produzir quimiocinas que atraem 
os neutrófilos. Esses neutrófilos e macrófagos residentes liberam 
proteinases, particularmente metaloproteinases da matriz. As 
proteinases degradam a elastina, responsável pela retração elástica 
dos alvéolos, bem como outras proteínas que compõem a matriz 
que sustenta o parênquima pulmonar. Em conseqüência, ocorre 
morte celular, devido ao comprometimento da fixação à matriz 
degradada e às ações tóxicas das células inflamatórias. O resultado 
consiste em degradação dos alvéolos que coalescem, formando o 
aumento característico dos espaços aéreos típico do enfisema. 
Ocorrem também aumentos na produção de muco e fibrose, embora 
os mecanismos subjacentes desses fenômenos patológicos não 
tenham sido bem caracterizados.
Embora seja tentador supor que a inflamação na DPOC poderia 
ser controlada pelo uso de corticosteróides inalados, os esteróides 
são, infelizmente, de benefício limitado nessa doença. A falta 
de eficácia dos esteróides provavelmente resulta do fato de que 
as células inflamatórias responsáveis pela DPOC consistem em 
macrófagos e neutrófilos, que são menos responsivos do que 
os linfócitos e eosinófilos às ações dos corticosteróides. Além 
BOXE 46.1 Farmacologia da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
disso, a atividade da histona desacetilase encontra-se afetada na 
DPOC, de modo que a inibição dos fatores de transcrição pró-
inflamatórios é limitada. Diversos estudos examinaram os efeitos 
dos corticosteróides inalados sobre a função pulmonar da DPOC, 
porém nenhum deles observou um benefício estatisticamente 
significativo. Entretanto, foi constatado que os corticosteróides 
inalados reduzem tanto a freqüência quanto a gravidade das 
exacerbações agudas da DPOC. Por conseguinte, apesar de os 
corticosteróides não serem rotineiramente recomendados para o 
tratamento da DPOC, podem estar indicados para pacientes que 
apresentam exacerbações graves e freqüentes.
Como os cisteinil leucotrienos, os mastócitos e a IgE não 
desempenham nenhum papel na fisiopatologia da DPOC, os 
tratamentos específicos direcionados para essas vias na asma não 
são úteis na DPOC. É interessante assinalar que o leucotrieno 
B4 é um potente fator quimiotático dos neutrófilos; embora se 
pudesse esperar logicamente que o tratamento direcionado para esse 
mediador iria desempenhar um papel na DPOC, os estudos clínicos 
conduzidos sobre o antagonismo do LTB4 não demonstraram 
nenhum benefício até o momento.
Os broncodilatadores produzem apenas uma melhora modesta 
do fluxo aéreo em pacientes com DPOC. Todavia, até mesmo uma 
pequena melhora do fluxo aéreo pode melhorar significativamente 
os sintomas em pacientes com DPOC, particularmente naqueles 
cujos pulmões se tornaram hiperinflados. A asma caracteriza-
se por crises agudas, enquanto a maioria dos pacientes com 
DPOC apresenta dispnéia crônica, que se agrava aos esforços. 
Por conseguinte, os agentes “de alívio” de ação curta são menos 
benéficos do que os fármacos de ação longa na DPOC. Tanto os 
agonistas �-adrenérgicos quanto os agentes anticolinérgicos inalados 
provocam broncodilatação na DPOC. Entretanto, muitos pacientes 
com DPOC apresentam coronariopatia concomitante, de modo que 
os agentes anticolinérgicos podem ser preferidos nesse subgrupo de 
pacientes. Há evidências de que os efeitos broncodilatadores dos 
agonistas � e agentes anticolinérgicos (e teofilina) são aditivos; por 
conseguinte, os pacientes com DPOC grave podem beneficiar-se da 
terapia de combinação, como salbutamol e ipratrópio.
FISIOPATOLOGIA DA ASMA
A asma é doença complexa, caracterizada pela inflamação das 
vias respiratórias, levando a uma hiper-responsividade das 
vias respiratórias, que provoca broncoconstrição sintomática. 
A manifestação clínica mais proeminente da asma consiste 
em broncoconstrição, e uma abordagem mais fácil para com-
preender a doença destaca a contração
do músculo liso das 
vias respiratórias. Entretanto, em seu nível mais fundamen-
tal, a asma é uma doença inflamatória das vias respiratórias. 
Conforme descrito detalhadamente adiante, o tratamento da 
asma emprega tanto broncodilatadores quanto agentes antiin-
flamatórios. 
ASMA COMO DOENÇA BRONCOCONSTRITIVA
A propensão das vias aéreas asmáticas a sofrer constrição em 
resposta a uma ampla variedade de estímulos, incluindo alér-
genos, irritantes ambientais, exercício, ar frio e infecções, é 
denominada hiper-responsividade. Dois aspectos da hiper-
responsividade das vias respiratórias separam a resposta asmáti-
ca a estímulos da resposta não-asmática: a hipersensibilidade 
e a hiper-reatividade. A hipersensibilidade descreve uma res-
posta normal a níveis anormalmente baixos de estímulos, isto 
é, as vias respiratórias dos asmáticos sofrem contração com 
demasiada rapidez. A hiper-reatividade descreve uma resposta 
exagerada a níveis normais ou altos de estímulos, isto é, as vias 
respiratórias respondem muito vigorosamente. Na Fig. 46.2, 
a hipersensibilidade descreve um deslocamento da curva de 
774 | Capítulo Quarenta e Seis
CD4
CD4
Via respiratória
Asma Via respiratória normal
(sem asma) 
Epitélio da via respiratória
Alérgeno
Célula caliciforme
Célula apresentadora de antígeno
IL-10, IL-4 IL-12
Célula T virgem
Linfócito TH2
ativado
Citocinas TH2
Hiper-responsividade 
do músculo liso
Edema da
via respiratória
Hiperplasia das
células caliciformes
Fibrose 
subepitelial
Glândula
submucosa
Vasos sangüíneos
Epitélio
Cartilagem
Músculo liso
Mecanismos 
independentes das 
células inflamatórias
Baixo nível de resposta
da IgG 
(resposta fisiológica)
IFN-γ
Plasmócito
(IgE)
Linfócito 
TH1 ativadoCD4
Eosinófilo (MBP, 
ECP, leucotrienos, 
citocinas)
Mastócito 
(histamina, 
leucotrienos, 
citocinas)
Fig. 46.1 Origem da resposta imune asmática. Nos indivíduos não-atópicos, os antígenos derivados de alérgenos são apresentados pelas células dendríticas 
apresentadoras de antígeno para desencadear uma resposta das células TH1, que só produz um baixo nível de resposta fisiológica com predomínio da IgG. 
Essa resposta não provoca inflamação nem broncoconstrição das vias respiratórias (à direita). A interferona-�, produzida pelos linfócitos TH1, inibe a resposta 
TH2. Nos indivíduos suscetíveis à asma, os antígenos derivados de alérgenos que são apresentados às células T CD4+ imaturas induzem a diferenciação dessas 
células em linfócitos TH2 ativados. A seguir, os linfócitos TH2 liberam citocinas, que recrutam outras células inflamatórias para as vias respiratórias, incluindo 
eosinófilos, mastócitos e células B produtoras de IgE, que desencadeiam uma resposta inflamatória. As células T também induzem diretamente uma resposta 
asmática. O resultado final — hiper-responsividade das vias respiratórias, produção de muco pelas células caliciformes, edema das vias respiratórias, fibrose 
subepitelial e broncoconstrição — constitui a resposta asmática (à esquerda).
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 775
estímulo-resposta para a esquerda, enquanto a hiper-reatividade 
descreve um deslocamento para cima.
As causas da hiper-responsividade das vias respiratórias 
na asma ainda não foram totalmente elucidadas. A resposta 
hiper-reativa pode ser explicada pela hiperplasia e hipertrofia 
do músculo liso das vias respiratórias, que surgem como parte 
da resposta inflamatória. A resposta de hipersensibilidade pode 
estar relacionada com a observação de que a quantidade e a 
atividade da cinase da miosina de cadeia leve encontram-
se aumentadas no músculo liso brônquico de pacientes com 
asma.
ASMA COMO DOENÇA INFLAMATÓRIA
Embora os sintomas primários da maioria dos pacientes asmáti-
cos sejam devidos à broncoconstrição, a causa subjacente da 
asma consiste em inflamação alérgica das vias respiratórias. 
O processo inflamatório é visível histologicamente na forma 
de edema das vias respiratórias, hiperplasia das células cali-
ciformes, fibrose subepitelial, aumento da secreção de muco 
e infiltração por uma variedade de células inflamatórias, 
incluindo linfócitos TH2, células apresentadoras de antígeno, 
plasmócitos, mastócitos, neutrófilos e eosinófilos (Fig. 46.1). 
Numerosos mediadores inflamatórios e citocinas governam a 
influência mútua entre essas células inflamatórias. Os agentes 
antiinflamatórios, particularmente os corticosteróides, cons-
tituem a base do tratamento farmacológico da asma. Com a 
elucidação mais detalhada da complexa fisiopatologia da asma, 
serão desenvolvidos tratamentos mais específicos.
Células TH2 e Origem da Asma
Uma das teorias formuladas sugere que a asma (bem como outras 
doenças alérgicas) é causada por um desequilíbrio celular, que 
favorece os linfócitos TH2 em relação dos linfócitos TH1, e por 
uma resposta humoral envolvendo reações intensas mediadas 
pela IgE, em lugar de respostas da IgG de baixo nível. Os lin-
fócitos TH2 contribuem para a asma através de três mecanismos. 
Em primeiro lugar, em pacientes com predisposição hereditária 
à atopia (do grego, que significa “fora do lugar”), um alérgeno 
pode desencadear uma resposta de hipersensibilidade de tipo 
I. Nos indivíduos normais (não-atópicos), o alérgeno é fagoci-
tado por células apresentadoras de antígeno, estimulando uma 
resposta TH1 de baixo nível, que inclui a produção de quanti-
dades apropriadas de anticorpos IgG dirigidos contra o alérgeno. 
Todavia, nos indivíduos atópicos, o mesmo alérgeno induz uma 
forte resposta das células TH2, que inclui a produção de IL-4, 
que induz as células B a produzir quantidades exageradas de 
anticorpos IgE dirigidos contra o alérgeno (Fig. 46.1). Os anti-
corpos IgE ligam-se a receptores de IgE de alta afinidade nos 
mastócitos, e a ligação cruzada dos receptores de IgE após reex-
posição ao alérgeno provoca desgranulação dos mastócitos (Fig. 
46.2, ver adiante). No segundo mecanismo, as células TH2 podem 
induzir diretamente uma reação de hipersensibilidade de tipo 
IV através da produção de IL-13 (e, em menor grau, de IL-4). 
Nas vias respiratórias, a IL-13 provoca hiperplasia das células 
caliciformes, aumento da produção de muco e hiper-responsivi-
dade do músculo liso (Fig. 46.1). No terceiro mecanismo, os 
linfócitos TH2 recrutam eosinófilos através da produção de IL-5, 
bem como GM-CSF e IL-4. Essas citocinas induzem a prolifera-
ção e a liberação de eosinófilos da medula óssea e promovem 
a sua sobrevida na circulação e nos tecidos. Como ocorre em 
muitos pacientes com asma, Ahmad apresentou níveis circulantes 
elevados de eosinófilos.
O que provoca o desequilíbrio entre os linfócitos TH1 e TH2 
nos pacientes com asma? As razões exatas permanecem desco-
nhecidas, mas provavelmente envolvem efeitos ambientais nos 
indivíduos geneticamente suscetíveis. Com base em estudos 
epidemiológicos, sabe-se que as exposições à tuberculose, a 
vírus como o do sarampo e da hepatite A, aos irmãos mais 
velhos e a outras crianças que freqüentam creches, particular-
mente nos primeiros 6 meses de vida, estão associadas a uma 
incidência diminuída de asma. Uma importante teoria sugere 
que “o estilo de vida ocidental”, incluindo exposição diminuí-
da no início da vida a micróbios que desencadeiam respostas 
dos linfócitos TH1, contribui para o desenvolvimento de asma 
e outras doenças alérgicas em indivíduos suscetíveis. Embora 
essa “hipótese de higiene” seja provavelmente demasiado sim-
plista para explicar a origem de uma doença complexa como a 
asma, ela proporciona um modelo útil para analisar a doença, 
bem como uma possível explicação para a acentuada elevação 
da incidência da asma no hemisfério ocidental. É impossível 
saber exatamente o que provocou a asma de Ahmad; entretanto, 
o fato de que ele tinha rinite alérgica sugere
que apresentava 
uma predisposição atópica deflagrada por pêlos de gato e, pos-
sivelmente, outros antígenos. 
Plasmócitos, IgE, Mastócitos e Leucotrienos
Conforme assinalado anteriormente, as respostas de hipersensi-
bilidade de tipo I mediadas pela IgE representam um mecanismo 
pelo qual os alérgenos causam as manifestações patológicas e 
clínicas da asma (Fig. 46.3). A resposta alérgica é desencadeada 
quando uma célula dendrítica fagocita um alérgeno inalado. A 
célula dendrítica apresenta o alérgeno processado às células TH2 
e as ativa. As células TH2 ativadas ligam-se às células B através 
de CD40 na sua superfície, ativando-as. As células TH2 ativadas 
também geram IL-4 e IL-13, que induzem a transformação das 
células B em plasmócitos produtores de IgE.
A IgE circula por um breve período na corrente sangüínea 
antes de ligar-se a receptores de IgE de alta afinidade (Fc�RI) 
Resposta asmática 
(hiper-responsividade)
Hiper-reatividade
Resposta normal
Hipersensibilidade
R
es
is
tê
nc
ia
 d
as
 v
ia
s 
re
sp
ira
tó
ria
s
Estímulo (por exemplo, metacolina)
Fig. 46.2 Hiper-responsividade das vias respiratórias na asma. Os 
indivíduos não-asmáticos apresentam uma resposta de baixo nível a um 
estímulo, que produz broncoconstrição leve ou nenhuma broncoconstrição em 
doses normais a elevadas (resposta normal). O paciente asmático apresenta 
vias respiratórias hiper-reativas, que exibem broncoconstrição exagerada com 
baixas doses de estímulo (hiper-responsividade). Os dois componentes da 
hiper-responsividade são a hipersensibilidade (uma resposta normal a doses 
anormalmente baixas de um estímulo) e a hiper-reatividade (uma resposta 
exagerada a doses normais a elevadas de um estímulo).
776 | Capítulo Quarenta e Seis
TH2
Alérgeno
Reação asmática aguda
Broncoconstrição
Edema das vias respiratórias
Produção de muco
Reação asmática crônica
Broncoconstrição
Edema vasogênico
Hipersecreção de muco
Inflamação crônica
Remodelagem das 
 vias respiratórias
IgE
IgE ligada à membrana
Ligação cruzada 
da IgE pelo alérgeno
Molécula MHC
 da classe II
Receptor
da célula T
Omalizumab
Célula
apresentadora
de antígeno
Plasmócito
EosinófiloMastócito
Neurônio
Mastócito
IL-4
IL-5
ECP
IL-5
 MBP, ECP,
leucotrienos, citocinas
 Histamina,
 leucotrienos,
citocinas
 Histamina,
 leucotrienos,
 fator de ativação 
das plaquetas
Neuropeptídios 
IL-4
IL-4
IL-5
Neutrofinas
Via respiratória
Epitélio da via respiratória
Fator de liberação da 
histamina, neuropeptídios
Fig. 46.3 A resposta alérgica na asma. A asma produz respostas inflamatórias agudas e crônicas nas vias respiratórias. As células apresentadoras de antígeno 
fagocitam e processam alérgenos, apresentando os antígenos a células T CD4+. Essas células diferenciam-se em linfócitos TH2 produtores de citocinas. As 
células TH2 liberam IL-4 e IL-5, que recrutam células B e eosinófilos, respectivamente. As células B diferenciam-se em plasmócitos produtores de IgE, e a IgE 
liga-se aos receptores Fc�RI presentes nos mastócitos e em células apresentadoras de antígeno. Após reexposição ao alérgeno, ocorre ligação cruzada da IgE 
ligada ao Fc�RI, induzindo a desgranulação do mastócito e a liberação de mediadores inflamatórios pré-formados e recém-produzidos — incluindo histamina, 
cisteinil leucotrienos, fator de ativação das plaquetas e outras citocinas —, que provocam a reação asmática aguda. Cronicamente, as células TH2 e os mastócitos 
produzem IL-5 circulante, que recruta os eosinófilos, e as células TH2 também liberam produtos que estimulam mastócitos e neurônios locais. Em seu conjunto, 
os mediadores inflamatórios e as enzimas catabólicas produzidos pelos eosinófilos, mastócitos e neurônios provocam uma reação asmática crônica, caracterizada 
por broncoconstrição, edema das vias respiratórias, hipersecreção de muco, inflamação crônica e remodelagem das vias respiratórias. 
O omalizumab é um anticorpo monoclonal humanizado dirigido contra o domínio de ligação do Fc�RI na IgE. Ao impedir a ligação da IgE ao receptor de IgE 
(Fc�RI) nos mastócitos, o omalizumab inibe a desgranulação dos mastócitos após reexposição ao alérgeno e, por conseguinte, modula a resposta alérgica aguda. O 
omalizumab também infra-regula o Fc�RI sobre as células apresentadoras de antígeno, diminuindo o processamento do antígeno e a sua apresentação aos linfócitos 
CD4+. Como o alérgeno induz a diferenciação de um menor número de células T imaturas em linfócitos TH2, a reação asmática crônica também é atenuada.
sobre os mastócitos. Após reexposição, o alérgeno liga-se à IgE 
fixada aos mastócitos e estabelece ligações cruzadas entre os 
receptores Fc�RI, ativando, assim, o mastócito. O mastócito ati-
vado sofre desgranulação, liberando mediadores inflamatórios 
pré-formados. Essas moléculas incluem a histamina, enzimas 
proteolíticas e certas citocinas (como o fator de ativação das 
plaquetas). O mastócito ativado também libera ácido araqui-
dônico de sua membrana plasmática e produz leucotrienos e 
prostaglandinas D2 (Fig. 46.4).
Agudamente, a desgranulação dos mastócitos provoca bron-
coconstrição e inflamação das vias respiratórias. A histamina, 
que é liberada pelos mastócitos, promove extravasamento capi-
lar, resultando em edema das vias respiratórias. Os mastócitos 
também liberam leucotrieno C4 (LTC4), que é subseqüentemen-
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 777
no início, é mais poderoso e duradouro que o dos mediadores 
pré-formados. Os leucotrienos eram denominados substância 
de reação lenta da anafilaxia (SRS-A) antes da identificação 
de suas verdadeiras estruturas.
Os mastócitos recrutam outras células inflamatórias através 
da liberação de quimiocinas e citocinas. Isso produz uma reação 
tardia, que se desenvolve dentro de 4 a 6 horas após a exposição 
a um alérgeno (Fig. 46.3). Os mastócitos também liberam trip-
tase, uma protease que ativa os receptores presentes nas células 
epiteliais e endoteliais, induzindo a expressão de moléculas de 
adesão que atraem os eosinófilos e basófilos. A triptase também 
é um mitógeno do músculo liso que provoca hiperplasia das 
células musculares lisas das vias respiratórias e que contribui 
para a hiper-responsividade das vias respiratórias. A produção 
de IL-1, IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, GM-CSF, interferona-� e TNF-� 
pelos mastócitos contribui para a inflamação crônica e a reação 
asmática crônica. Por fim, os mastócitos liberam proteases e 
proteoglicanos, que atuam sobre as estruturas de sustentação 
das vias respiratórias, produzindo alterações crônicas nas vias 
respiratórias (um processo também denominado remodelagem 
das vias respiratórias). Ao contrário do componente reversível 
da broncoconstrição, que caracteriza a reação asmática aguda, 
a remodelagem das vias respiratórias induzida pela inflamação 
crônica pode ser irreversível.
Eosinófilos
O principal papel fisiológico dos eosinófilos consiste em 
defender o organismo contra infecções parasitárias. Os eosinó-
filos, que se originam na medula óssea, são estimulados pela 
IL-3, IL-5 e pelo GM-CSF produzidos pelos linfócitos TH2 e 
mastócitos. Os eosinófilos que circulam na corrente sangüínea 
migram para as vias respiratórias, ligando-se a moléculas de 
adesão específicas, particularmente VCAM-1, e seguindo um 
trajeto ao longo de gradientes de quimiocinas para os locais 
de inflamação. Uma vez recrutados nas vias respiratórias, os 
eosinófilos desempenham um complexo papel multifuncional 
na asma. Os eosinófilos ativados secretam grânulos citotóxicos, 
que provocam lesão tecidual local e que induzem a remodela-
gem das vias respiratórias. Os eosinófilos também liberam cito-
cinas e quimiocinas, que recrutam outras células inflamatórias. 
Por fim, essas células
liberam mediadores lipídicos e neuro-
moduladores que afetam o tônus das vias respiratórias.
Os grânulos tóxicos dos eosinófilos contêm diversas pro-
teínas catiônicas — incluindo a proteína básica principal 
(MBP), a proteína catiônica eosinofílica (ECP), a peroxidase 
dos eosinófilos e a neurotoxina derivada dos eosinófilos — 
que provocam lesão direta do epitélio brônquico. Por exemplo, 
a ECP pode romper a integridade das membranas das células-
alvo, formando poros seletivos de íons e insensíveis à voltagem, 
enquanto a peroxidase dos eosinófilos catalisa a produção de 
espécies de oxigênio altamente reativas, que oxidam proteínas 
das células-alvo e induzem apoptose. Os eosinófilos também 
produzem metaloproteinases da matriz, que contribuem para 
a remodelagem das vias respiratórias.
Os eosinófilos contribuem tanto direta quanto indiretamen-
te na hiper-responsividade das vias respiratórias. A MBP e a 
ECP afetam o tônus do músculo liso e induzem hiper-respon-
sividade. Essas proteínas também causam lesão dos receptores 
muscarínicos M2 inibitórios, aumentando o tônus vagal. Os 
cisteinil leucotrienos derivados dos eosinófilos e os neuropep-
tídios (como a substância P) aumentam a vasodilatação, a per-
meabilidade vascular, a hipersecreção de muco e a contração 
do músculo liso das vias respiratórias.
Proteína de ativação da
5-lipoxigenase (FLAP)
5-Lipoxigenase
Leucotrieno C4
sintase
Epóxido
hidrolase
Leucotrieno A4
Leucotrieno C4
 Leucotrieno C4
BLT1 CysLT1
Leucotrieno E4
Constrição do músculo liso
Migração dos eosinófilos
Edema
Vias respiratóriasLeucócito
Quimiotaxia
Zileuton
Montelucaste
Zafirlucaste
Leucotrieno D4
Leucotrieno B4
Ácido araquidônico PLA2
Núcleo Citosol Mastócito ou eosinófilo
Prostaglandinas
Aspirina
Espaço
extracelular
Transportador
Ciclo-oxigenase
Fig. 46.4 A via dos leucotrienos na asma. Os leucotrienos são alguns 
dos broncoconstritores mais potentes conhecidos e constituem mediadores 
importantes da inflamação nas vias respiratórias. Os fármacos que inibem a 
produção de leucotrienos ou a sua ligação a receptores desempenham um 
papel no tratamento da asma. Ocorre formação de leucotrienos quando o 
ácido araquidônico é liberado do folheto interno da membrana plasmática 
pela ação da fosfolipase A2 (PLA2) e convertido em leucotrieno A4 pela ação 
da 5-lipoxigenase, após ativação desta última enzima pela proteína de ativação 
da 5-lipoxigenase (FLAP). O leucotrieno A4 é convertido em leucotrieno 
C4 pela ação da leucotrieno C4 sintase, e o leucotrieno C4 é transportado 
para fora da célula. O leucotrieno C4 é convertido em leucotrieno D4 e, a 
seguir, em leucotrieno E4; todos esses três cisteinil leucotrienos ligam-se a 
receptores CysLT1 expressos nas células musculares lisas das vias respiratórias, 
resultando em broncoconstrição e edema das vias respiratórias. O leucotrieno 
A4 é convertido em leucotrieno B4 pela epóxido hidrolase nos mastócitos e 
nos eosinófilos. O leucotrieno B4 é transportado para fora da célula e liga-
se a receptores BLT1 expressos nos leucócitos, resultando em quimiotaxia 
e recrutamento dos leucócitos. A via dos leucotrienos pode ser inibida pelo 
inibidor da 5-lipoxigenase, o zileuton, ou pelos antagonistas do receptor CysLT1, 
o montelucaste e o zafirlucaste. 
te convertido em LTD4 e LTE4 (ver Cap. 41). Esses três leuco-
trienos, denominados cisteinil leucotrienos, são fundamentais 
na fisiopatologia da asma, visto que induzem broncoconstrição 
acentuada. O leucotrieno D4 é 1.000 vezes mais potente do que 
a histamina na produção de broncoconstrição. Os leucotrie-
nos também provocam hipersecreção de muco, extravasamento 
capilar e edema vasogênico e recrutam células inflamatórias 
adicionais. O efeito dos leucotrienos, apesar de ser mais lento 
778 | Capítulo Quarenta e Seis
Por fim, os eosinófilos são células imunomoduladoras capa-
zes de amplificar a resposta imune na asma. Os eosinófilos 
supra-regulam as moléculas de adesão endoteliais e, portanto, 
recrutam outras células inflamatórias. Os eosinófilos também 
são células apresentadoras de antígeno capazes de ativar os 
linfócitos T.
CLASSES E AGENTES FARMACOLÓGICOS 
Os agentes farmacológicos utilizados no tratamento da asma 
são divididos em duas grandes categorias: agentes de alívio e 
agentes de controle (também denominados agentes de pre-
venção). Essa distinção enfatiza os usos clínicos desses fárma-
cos e ajuda os pacientes a compreender e a aderir ao esquema 
prescrito. Esse esquema de classificação também se relaciona 
com os mecanismos de ação dos fármacos antiasmáticos. Em 
geral, os broncodilatadores, que aliviam a broncoconstrição do 
músculo liso, são utilizados como agentes de alívio, enquanto 
os medicamentos antiinflamatórios, que diminuem a inflama-
ção das vias respiratórias, são utilizados como agentes de 
controle. Há também evidências de que alguns medicamentos 
— por exemplo, as metilxantinas — exercem efeitos tanto 
broncodilatadores quanto antiinflamatórios. No caso apresen-
tado na introdução, Ahmad recebeu uma combinação de um 
agente antiinflamatório (fluticasona) e um broncodilatador de 
ação longa (salmeterol, um agonista �2 de ação longa) como 
agentes de controle, com salbutamol (um agonista �2 de ação 
curta) como agente de alívio.
BRONCODILATADORES
Os broncodilatadores afetam o tônus do músculo liso das vias 
respiratórias através de sua ação sobre receptores do sistema 
nervoso autônomo e sinalização de vias. A ativação simpática 
(mediada primariamente por receptores �2-adrenérgicos) resul-
ta em broncodilatação, enquanto a estimulação parassimpática 
(mediada por receptores muscarínicos de acetilcolina) resulta 
em broncoconstrição. Como os simpaticomiméticos provocam 
rápido relaxamento do músculo liso das vias respiratórias, os 
agonistas �2-adrenérgicos mostram-se particularmente efetivos 
no tratamento das exacerbações da asma aguda.
Anticolinérgicos
Os agentes anticolinérgicos foram as primeiras medicações 
utilizadas no tratamento da asma pela medicina ocidental. Já 
em 1896, o Stedmanʼs Twentieth Century Practice of Mo dern 
Medical Science sugeria que as crises de asma podiam ser trata-
das pelo fumo de “cigarros contra asma” contendo estramônio 
extraído da planta Datura stramonium. Os ingredientes ativos 
no estramônio eram os alcalóides da beladona anticolinérgicos. 
Até hoje, as exacerbações da asma que não respondem a agoni-
stas �2-adrenérgicos inalados ou os casos em que os agonistas 
� inalados estão contra-indicados (como pacientes apresentan-
do isquemia ou arritmias cardíacas) podem ser tratados com 
brometo de ipratrópio inalado.
O brometo de ipratrópio é um sal de amônio quaternário 
derivado da atropina. Como a atropina inalada é altamente 
absorvida pelo epitélio respiratório, produz muitos efeitos anti-
colinérgicos sistêmicos, incluindo taquicardia, náusea, boca 
seca, obstipação e retenção urinária. Ao contrário da atropina, 
o ipratrópio não é absorvido significativamente, e esses efeitos 
adversos sistêmicos são minimizados. Entretanto, o ipratrópio 
inalado pode causar boca seca e desconforto gastrintestinal atra-
vés de sua deposição na boca e absorção oral inadvertida.
O tiotrópio, um agente anticolinérgico de ação longa, foi 
recentemente aprovado pela U. S. Food and Drug Administra-
tion (FDA) para o tratamento da doença pulmonar obstruti-
va crônica (DPOC; Boxe 46.1). A exemplo do ipratrópio, o 
tiotrópio é um sal de amônio quaternário que produz poucos 
efeitos sistêmicos, visto que não sofre absorção sistêmica com 
a sua inalação.
A atropina, o ipratrópio e o tiotrópio são antagonistas compe-
titivos nos receptores muscarínicos de acetilcolina. Dos quatro 
subtipos de receptores muscarínicos expressos nos pulmões 
(M1, M2, M3 e M4), o receptor M3 excitatório é o mais impor-
tante no processo
de mediar a contração do músculo liso e a 
secreção glandular de muco nas vias respiratórias. O ipratrópio 
e o tiotrópio antagonizam o efeito da acetilcolina endógena nos 
receptores M3, resultando em broncorrelaxamento e diminuição 
da secreção de muco. O tiotrópio possui duração de ação longa, 
em grande parte devido à sua dissociação lenta dos receptores 
M1 e M3.
O ipratrópio e o tiotrópio são utilizados principalmente no 
tratamento da DPOC, em que o principal componente bronco-
constritivo reversível é mediado pelo tônus neural colinérgico. 
Na asma crônica, a estimulação colinérgica desempenha apenas 
um papel secundário na produção de broncoconstrição, embora 
o aumento da estimulação vagal à noite possa representar um 
importante fator contribuinte para os sintomas noturnos. O ipra-
trópio não está formalmente aprovado pela FDA para a asma; 
entretanto, os estudos realizados sugerem o seu uso terapêutico 
no tratamento das exacerbações da asma aguda e como terapia 
de recuperação no subgrupo de pacientes que não conseguem 
tolerar agonistas �-adrenérgicos.
Agonistas �-Adrenérgicos 
Como a estimulação �2-adrenérgica do músculo liso das vias 
respiratórias leva ao relaxamento, pode-se deduzir que a admi-
nistração sistêmica ou aerossolizada de agentes que estimulam 
os receptores �2-adrenérgicos deve ser efetiva no tratamento 
da asma. Um dos primeiros tratamentos para a asma envolveu 
a administração subcutânea de adrenalina (epinefrina). Em 
meados do século 20, a epinefrina foi apresentada em formu-
lação inalada, que continua sendo disponível até hoje. A medi-
cina tradicional chinesa vem utilizando, há séculos, o agonista 
adrenérgico não-seletivo efedrina (Ma-Huang) como remédio 
para a asma.
A epinefrina é um agonista adrenérgico não-seletivo que 
se liga aos receptores �-, �1- e �2-adrenérgicos (ver Cap. 9). 
A epinefrina produz estimulação cardíaca através dos recep-
tores �1, resultando em taquicardia, palpitações e, potencial-
mente, arritmias, bem como vasoconstrição periférica através 
dos receptores �, levando ao desenvolvimento de hipertensão. 
Esses efeitos sistêmicos explicam o nervosismo e a dificuldade 
de concentração de Ahmad após o uso de epinefrina inalada.
Posteriormente, o isoproterenol, um agonista �-adrenérgico 
seletivo, foi desenvolvido como agente alternativo da epine-
frina. O isoproterenol estimula os receptores tanto �1 quanto 
�2 e, por conseguinte, provoca broncodilatação e estimulação 
cardíaca. O isoproterenol tem sido utilizado na forma inalada 
para o tratamento da asma, embora a absorção sistêmica do fár-
maco possa resultar em taquicardia e arritmias. Uma epidemia 
de mortes por asma na Grã-Bretanha, em meados da década 
de 1950, foi associada ao uso de altas doses de isoproterenol, 
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 779
levando à pesquisa de fármacos mais seletivos para os recep-
tores �2.
Os primeiros agentes a exibir seletividade �2 relativa foram 
a isoetarina e o metaproterenol, embora ambos os fármacos 
tivessem efeitos �1 moderados. Os fármacos mais recentes, a 
terbutalina, o salbutamol, o pirbuterol e o bitolterol (por 
ordem de sua descoberta), ligam-se aos receptores �2-adrenérgi-
cos com intensidade 200 a 400 vezes maior do que aos recepto-
res �1 e produzem efeitos cardíacos significativamente menores 
do que os agonistas adrenérgicos menos seletivos. O salbutamol 
foi o primeiro desses agentes fortemente �2-seletivos a tornar-se 
disponível na forma inalada, reduzindo ainda mais os efeitos 
sistêmicos. Os modernos agonistas �2-seletivos inalados foram 
os primeiros fármacos a proporcionar um tratamento regular 
da asma, com um perfil aceitável de efeitos adversos. Todavia, 
quando administrados em altas doses, especialmente quando 
tomados por via oral, até mesmo esses fármacos podem causar 
estimulação cardíaca. Além disso, como os receptores �2-adre-
nérgicos são expressos no músculo esquelético periférico, a 
ativação desses receptores pode resultar em tremor.
O salbutamol é uma mistura racêmica de dois estereoisô-
meros, o R-salbutamol (ou levalbuterol) e o S-salbutamol. O 
levalbuterol, que atualmente está disponível como enantiôme-
ro puro, liga-se mais firmemente aos receptores �2 e é mais 
�2-seletivo, enquanto o S-salbutamol é mais ativo nos recepto-
res �1. O isômero S também induz uma hiper-responsividade 
das vias respiratórias, pelo menos em modelos animais, embora 
isso não tenha sido significativo na prática clínica. Entretanto, 
parece existir um subgrupo de pacientes mais sensíveis aos 
efeitos �1 do S-salbutamol e que relatam uma redução da taqui-
cardia e das palpitações quando fazem uso do levalbuterol.
Os receptores �-adrenérgicos estão acoplados à proteína 
G estimuladora, Gs (ver Cap. 9). A subunidade � da Gs ativa 
a adenilil ciclase, que catalisa a produção de monofosfato de 
adenosina cíclico (cAMP). Nos pulmões, o cAMP provoca uma 
redução na concentração intracelular de cálcio e, através da 
ativação da proteinocinase A, inativa a cinase da cadeia leve 
de miosina e ativa a fosforilase da cadeia leve de miosina (Fig. 
46.5). Além disso, os agonistas �2 abrem os canais de potássio 
de grande condutância ativados pelo cálcio (KCa) e, portanto, 
tendem a hiperpolarizar as células musculares lisas das vias 
respiratórias. A combinação de redução do cálcio intracelular, 
aumento da condutância de potássio da membrana e diminui-
ção da atividade da cinase da cadeia leve de miosina leva ao 
relaxamento do músculo liso e broncodilatação.
Parece haver uma variabilidade da resposta clínica entre 
pacientes em uso de agonistas �2. Pesquisadores que estudaram 
o efeito de polimorfismos de um único nucleotídio (SNP) no 
gene do receptor �2 compararam pacientes homozigóticos para 
o genótipo mais comum com pacientes homozigóticos para o 
segundo genótipo mais comum. Embora a maioria dos estudos 
tenha constatado que a magnitude da resposta broncodilatadora 
não difere entre pacientes com os dois genótipos, a função 
pulmonar parece deteriorar mais rapidamente com o decorrer 
do tempo entre os pacientes que apresentam o genótipo menos 
comum. 
Os agonistas �2-adrenérgicos apresentam, em sua maioria, 
um rápido início de ação (15 a 30 minutos), efeito máximo 
aos 30 a 60 minutos e duração de ação de aproximadamente 
4 a 6 horas. Essa duração da ação do fármaco torna os ago-
nistas �2 bons candidatos para uso como agentes de alívio da 
asma (ou inaladores de recuperação) durante crises agudas. 
Todavia, esse perfil também faz com que os agonistas �2 não 
sejam candidatos apropriados para o controle da asma noturna 
e para a prevenção das crises, a não ser que sejam utilizados de 
modo profilático antes de um fator desencadeante conhecido, 
como exercício físico. Dois agentes mais novos, o formoterol 
e o salmeterol, são conhecidos como agonistas beta de ação 
longa (LABA). Os LABA foram desenvolvidos com cadeias 
laterais lipofílicas que resistem à degradação. Conseqüente-
mente, esses agentes apresentam uma duração de ação de 12 
a 24 horas, tornando-os bons candidatos para a prevenção da 
broncoconstrição. Embora o formoterol e o salmeterol sejam 
agentes de controle razoáveis para a asma, esses fármacos não 
tratam a inflamação subjacente e, portanto, podem ser perigo-
sos se forem utilizados como monoterapia. Como o salmeterol 
apresenta um início de ação mais lento do que o salbutamol, 
não deve ser utilizado para exacerbações da asma aguda. O 
formoterol apresenta rápido início de ação e pode ser utilizado 
como inalador de recuperação, embora ainda não tenha sido 
aprovado para essa indicação nos Estados Unidos. É preciso 
assinalar que os estudos clínicos demonstraram taxas de morta-
lidade mais altas entre pacientes asmáticos que fizeram uso de 
agonistas beta de ação longa. Ainda não se sabe se a associação 
pode ser atribuída aos LABA,
porém a controvérsia levou a 
uma cautela no uso desses fármacos.
Metilxantinas 
Duas metilxantinas, a teofilina e a aminofilina, são utilizadas 
no tratamento da asma. O mecanismo de ação desses fármacos é 
complexo, porém o seu efeito broncodilatador principal parece 
ser devido à inibição inespecífica das isoenzimas da fosfodies-
terase. A inibição da fosfodiesterase dos tipos III e IV impede 
a degradação do cAMP nas células musculares lisas das vias 
respiratórias, resultando em relaxamento do músculo liso pelos 
mecanismos celulares e moleculares descritos anteriormente 
(isto é, diminuição do cálcio intracelular, aumento da condutân-
ATP cAMP AMP
Teofilina
Fostodiesterase
PKA
Receptor �2
Agonista �2 
Broncodilatação 
Adenilil ciclase
β
γ
GTP
αs
Fig. 46.5 Mecanismo dos agonistas �2 e da teofilina. Nas células musculares 
lisas das vias respiratórias, a ativação da proteinocinase A pelo cAMP leva à 
fosforilação de várias proteínas intracelulares e, portanto, ao relaxamento do 
músculo liso e broncodilatação. Pode-se esperar que qualquer tratamento que 
aumente os níveis intracelulares de cAMP possa resultar em broncodilatação. 
Na prática, isso pode ocorrer de duas maneiras: através do aumento da 
produção de cAMP ou através da inibição de sua degradação. A produção de 
cAMP é estimulada pela ativação mediada por agonistas �2 dos receptores 
�2-adrenérgicos, que são receptores acoplados à proteína G. A degradação do 
cAMP é inibida pela inibição da fosfodiesterase mediada pela teofilina.
780 | Capítulo Quarenta e Seis
cia de potássio da membrana e redução da atividade da cinase 
da cadeia leve de miosina). Conforme ilustrado na Fig. 46.5, o 
efeito broncodilatador das metilxantinas resulta da alteração da 
mesma via iniciada pelos agonistas �, embora as metilxantinas 
atuem distalmente à estimulação dos receptores �.
As metilxantinas também inibem as isoenzimas da fosfodies-
terase nas células inflamatórias. A inibição da fosfodiesterase 
de tipo IV nos linfócitos T e nos eosinófilos possui um efeito 
imunomodulador e antiinflamatório. Através desse mecanismo, 
a teofilina pode controlar a asma crônica mais efetivamente do 
que o esperado baseando-se apenas no seu efeito broncodilata-
dor. Alguns dos efeitos adversos das metilxantinas, incluindo 
arritmias cardíacas, náusea e vômitos, também são mediados 
pela inibição da fosfodiesterase, embora as isoenzimas respon-
sáveis ainda não tenham sido elucidadas.
A teofilina é uma substância de estrutura semelhante à da 
cafeína, da qual difere apenas por um único grupo metila; a cafeí-
na é um antagonista do receptor de adenosina. Os receptores de 
adenosina são expressos nas células musculares lisas das vias 
respiratórias e nos mastócitos, e é possível que o antagonismo 
desses receptores possa desempenhar um papel na prevenção da 
broncoconstrição e da inflamação. Com efeito, o café tem sido 
utilizado como medicação para a asma. Entretanto, experimen-
tos com antagonistas específicos dos receptores de adenosina 
que não inibem a fosfodiesterase demonstraram pouca bronco-
dilatação, sugerindo que a inibição da fosfodiesterase constitui 
o principal mecanismo de ação das metilxantinas. Entretanto, 
o antagonismo dos receptores de adenosina é responsável por 
muitos dos efeitos secundários da teofilina, incluindo aumento 
da ventilação durante a hipoxia, maior resistência dos músculos 
diafragmáticos e diminuição da liberação de mediadores dos 
mastócitos estimulada pela adenosina. Além disso, alguns dos 
efeitos adversos da teofilina são mediados através do antagonis-
mo dos receptores de adenosina, incluindo taquicardia, agitação 
psicomotora, secreção gástrica de ácido e diurese.
Como as metilxantinas não são seletivas e possuem múlti-
plos mecanismos de ação, produzem numerosos efeitos adver-
sos e apresentam um índice terapêutico relativamente estreito. 
Além disso, existe uma variação interpessoal significativa no 
metabolismo da teofilina pela isoenzima CYP3A do citocromo 
P450, e o seu uso está sujeito a interações medicamentosas 
com inibidores do citocromo P450, como a cimetidina e os 
antifúngicos azólicos. Em níveis supraterapêuticos, a teofili-
na produz náusea, diarréia, vômitos, cefaléia, irritabilidade e 
insônia. Em doses ainda mais altas, podem ocorrer convulsões, 
encefalopatia tóxica, hipertermia, lesão cerebral, hiperglicemia, 
hipocalemia, hipotensão, arritmias cardíacas e morte. Por esse 
motivo, houve uma redução no papel exercido pela teofilina no 
tratamento da asma crônica. A teofilina é ainda utilizada em 
certas ocasiões com monitoração de rotina dos níveis plasmá-
ticos, quando os agonistas �-adrenérgicos e os corticosteróides 
são ineficazes ou estão contra-indicados. No caso de Ahmad, a 
teofilina foi prescrita quando era pequeno; todavia, mais tarde, 
foi substituída pela combinação de fluticasona/salmeterol, visto 
que esses fármacos têm menos efeitos adversos e são mais 
efetivos do que a teofilina.
AGENTES ANTIINFLAMATÓRIOS 
Conforme descrito anteriormente, a inflamação alérgica cons-
titui a base fisiopatológica da asma. Para controlar a asma per-
sistente e evitar a ocorrência de exacerbações da asma aguda, 
o tratamento geralmente deve incluir agentes antiinflamatórios, 
conhecidos como agentes de controle da asma. Os corticoste-
róides vêm sendo, há muito tempo, a base do tratamento da 
asma, embora os efeitos adversos acentuados dos corticoste-
róides administrados por via sistêmica tenham permanecido 
problemáticos até o desenvolvimento de formulações inala-
das. Três outras classes de fármacos com mecanismos de ação 
inflamatória incluem os cromoglicatos, os modificadores da via 
dos leucotrienos e um anticorpo anti-IgE monoclonal human-
izado.
Corticosteróides 
Os corticosteróides inalados constituem o principal tratamento 
preventivo para pacientes com todas as formas de asma, exceto 
a forma mais leve. Os corticosteróides vêm sendo utilizados no 
tratamento da asma desde a década de 1950; entretanto, os efei-
tos adversos dos corticosteróides sistêmicos impediram a sua 
ampla adoção, exceto para pacientes com doença mais grave. 
Como os corticosteróides inalados produzem concentrações 
locais mais altas do fármaco nas vias respiratórias do que uma 
dose equivalente dos corticosteróides de administração sistêmi-
ca, pode-se administrar uma dose total mais baixa, reduzindo, 
assim, a probabilidade de efeitos sistêmicos significativos.
Os corticosteróides alteram a transcrição de muitos genes. 
Em geral, os corticosteróides aumentam a transcrição de genes 
que codificam o receptor �2-adrenérgico e diversas proteínas 
antiinflamatórias, como IL-10, IL-12 e o antagonista do receptor 
de IL-1 (IL-1ra). Os corticosteróides diminuem a transcrição de 
genes que codificam numerosas proteínas pró-inflamatórias (e 
outras proteínas); os exemplos incluem IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, 
IL-6, IL-11, IL-13, IL-15, TNF-�, GM-CSF, SCF, moléculas de 
adesão endotelial, quimiocinas, óxido nítrico sintase induzível 
(iNOS), ciclo-oxigenase (COX), fosfolipase A2, endotelina-1 e 
receptor NK1-2. A IL-4 é importante na indução da produção de 
IgE pelas células B, enquanto a IL-5 constitui um importante 
fator no recrutamento de eosinófilos (Fig. 46.3). Por conse-
guinte, a inibição da IL-4 e da IL-5 diminui acentuadamente a 
resposta inflamatória na asma. Além disso, os corticosteróides 
induzem apoptose em diversas células inflamatórias, particu-
larmente os eosinófilos e os linfócitos TH2. Os corticosteróides 
não afetam diretamente os mastócitos, talvez pelo fato de que os 
mediadores dos mastócitos são, em sua maioria, pré-formados. 
Todavia, os mastócitos são indiretamente inibidos com o decor-
rer do tempo, quando toda a resposta inflamatória é contida. 
Os corticosteróides diminuem o número de células inflama-
tórias bem como a
lesão do epitélio nas vias respiratórias. A 
permeabilidade vascular também é reduzida, com conseqüente 
resolução do edema. Além disso, apesar de os esteróides não 
afetarem diretamente a função contrátil do músculo liso das 
vias respiratórias, nelas a redução da inflamação leva, com o 
decorrer do tempo, a uma diminuição na hiper-responsividade. 
O resultado final consiste na reversão de muitas das caracterís-
ticas da asma pelos corticosteróides. Infelizmente, os esteróides 
são apenas supressores e não curam a asma. Além disso, esses 
fármacos são incapazes de reverter a remodelagem das vias 
respiratórias causada pela asma de longa duração e mal con-
trolada. Todavia, como os efeitos desses agentes são de longo 
alcance, os corticosteróides inalados constituem a classe mais 
importante de fármacos na maioria dos casos de asma.
Os efeitos sistêmicos podem ser, em sua maior parte, miti-
gados, ou até mesmo eliminados, quando os corticosteróides 
são liberados diretamente nas vias respiratórias, isto é, quando 
administrados por inalação. Embora todos os corticosteróides 
sejam ativos na asma quando administrados por via sistêmica, 
a substituição na posição 17� aumenta a sua absorção tópica e 
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 781
propicia a sua atividade quando administrados por via inalatória 
(ver Fig. 27.7). Esses esteróides incluem a beclometasona, a 
triancinolona, a fluticasona, a budesonida, a flunisolida, a 
mometasona e a ciclesonida. Embora apenas 10 a 20% da 
dose administrada sejam liberados nas vias respiratórias por 
inalação (o restante deposita-se na orofaringe e é deglutido, a 
não ser que a boca seja lavada após o uso do inalador), isso 
produz uma concentração muito mais elevada do fármaco nas 
vias respiratórias do que a obtida com uma dose semelhante 
administrada por via sistêmica. A via inalatória permite a admi-
nistração de uma dose na faixa de centenas de microgramas, em 
comparação com a dose da ordem de dezenas de miligramas 
que precisa ser administrada por via sistêmica para obter um 
efeito antiinflamatório semelhante. Além disso, os esteróides 
mais recentes (todos, à exceção da beclometasona e da trian-
cinolona) estão sujeitos ao metabolismo de primeira passagem 
no fígado, de modo que grande parte da dose inadvertidamente 
deglutida não alcança a circulação sistêmica.
A combinação de uma dose mais baixa e do metabolismo 
de primeira passagem no fígado limita a incidência dos efei-
tos adversos dos corticosteróides inalados. Entretanto, quando 
administrados em doses suficientemente altas, ocorre absorção 
de uma quantidade suficiente do fármaco através do trato gas-
trintestinal e do epitélio pulmonar para produzir efeitos sistêmi-
cos com uso prolongado, incluindo osteopenia ou osteoporose 
em adultos e atraso do crescimento em crianças (embora ocorra 
finalmente recuperação dessas crianças). Além disso, os este-
róides inalados podem causar efeitos adversos locais, incluindo 
candidíase orofaríngea devido ao depósito na orofaringe e rou-
quidão, devido à deposição na laringe. É possível evitar esses 
efeitos com uso de um espaçador de grande volume, que retém 
as grandes gotículas de esteróide que se depositariam na orofa-
ringe e ao lavar a boca após o uso do fármaco. No caso descrito 
na introdução, os efeitos adversos locais da fluticasona foram 
incômodos para Ahmad até receber orientações para minimizar 
esses efeitos, utilizando um espaçador e lavando a boca.
Cromoglicatos 
Roger Altounyan era um médico que apresentava uma resposta 
asmática previsível ao pêlo da cobaia. Na década de 1960, o Dr. 
Altounyan testou uma série de compostos sintéticos, baseados 
em um tradicional remédio popular egípcio, pela sua capaci-
dade de diminuir a resposta a extratos de pêlos de cobaia. Esses 
testes levaram à descoberta de uma nova classe de compostos, 
entre os quais dois — o cromoglicato (também conhecido 
como cromoglicato dissódico) e o nedocromil — passaram, 
desde então, a ser utilizados na prática clínica.
Os estudos realizados mostraram que o cromoglicato inibe a 
resposta alérgica imediata a um estímulo antigênico, porém não 
alivia resposta alérgica uma vez desencadeada. Estudos adicio-
nais constataram que o cromoglicato diminui a atividade dos 
mastócitos, impedindo a liberação de seus mediadores inflama-
tórios após estímulo antigênico. Por esse motivo, o cromogli-
cato é comumente considerado como “agente estabilizador dos 
mastócitos”. Todavia, esse conceito é um tanto simplista, visto 
que a liberação de mediadores inflamatórios dos eosinófilos, 
neutrófilos, monócitos, macrófagos e linfócitos também é ini-
bida. O mecanismo molecular subjacente de ação ainda não foi 
elucidado, mas pode envolver a inibição do transporte de íons 
cloreto, que, por sua vez, afeta a regulação do cálcio, impedindo 
a liberação de mediadores dos grânulos intracelulares.
Como impede a ocorrência de reação alérgica aguda em 
pacientes suscetíveis, o cromoglicato desempenha um papel na 
profilaxia de pacientes com asma alérgica associada a fatores 
desencadeantes específicos. O cromoglicato também tem sido 
útil para pacientes com asma induzida pelo exercício, podendo 
ser tomado imediatamente antes da atividade física. A experi-
ência clínica mostrou que o cromoglicato é mais efetivo em 
crianças e adultos jovens do que em pacientes de mais idade.
O cromoglicato possui um melhor perfil de segurança do que 
qualquer outra medicação para a asma, devido, em grande parte, 
à sua baixa absorção sistêmica. O cromoglicato é administrado 
por inalação; menos de 10% do fármaco que alcança as vias 
respiratórias inferiores sofrem absorção sistêmica, e menos de 
1% do fármaco que alcança o trato gastrintestinal é absorvido. 
Em geral, o cromoglicato é menos efetivo do que os corticos-
teróides inalados, particularmente nos casos de asma moderada 
a grave. Além disso, deve ser tomado quatro vezes ao dia.
Agentes Modificadores da Via dos Leucotrienos
O papel central desempenhado pelos leucotrienos na patogenia 
da asma sugere que uma estratégia terapêutica pode consis-
tir em inibir etapas na via dos leucotrienos. Até o momento, 
essa estratégia foi utilizada de duas maneiras, e uma terceira 
maneira encontra-se em fase de desenvolvimento. A via dos 
leucotrienos começa quando o ácido araquidônico é convertido 
em leucotrieno A4 pela enzima 5-lipoxigenase. A inibição da 
5-lipoxigenase pelo fármaco zileuton diminui a biossíntese de 
LTA4 e seus derivados ativos, os cisteinil leucotrienos (Fig. 
46.4). Uma segunda estratégia envolve a inibição do receptor 
de cisteinil leucotrienos, CysLT1, que é estimulado endogena-
mente pelo LTC4, LTD4 e LTE4. O montelucaste, o zafirlucaste 
e o pranlucaste (este último aprovado no Japão) são antago-
nistas do receptor CysLT1 (Fig. 46.4). Uma terceira estratégia 
envolvendo a inibição da proteína que ativa a 5-lipoxigenase 
(proteína de ativação da 5-lipoxigenase ou FLAP) está sendo 
ativamente explorada, embora nenhum agente aprovado até o 
momento atue através desse mecanismo.
Os inibidores da via dos leucotrienos possuem dois efeitos 
clínicos principais. Em pacientes com asma moderada ou gra-
ve, que apresentam comprometimento da função pulmonar em 
condições basais, o zileuton, o montelucaste e o zafirlucaste 
produzem uma melhora imediata, ainda que pequena, da função 
pulmonar. Esse efeito deve-se, provavelmente, ao antagonis-
mo da constrição anormal do tônus brônquico, que se acredita 
resulte da estimulação dos receptores CysLT1 pelos cisteinil 
leucotrienos em condições basais. Com administração crônica, 
os agentes modificadores dos leucotrienos reduzem a freqüên-
cia das exacerbações e melhoram o controle da asma — con-
forme evidenciado por um menor número de sintomas e pelo 
uso menos freqüente de agonistas � inalados — até mesmo em 
pacientes que apresentam
asma leve e apenas sintomas episódi-
cos. Todavia, quando comparado com o efeito dos corticosterói-
des inalados, o efeito dos modificadores da via dos leucotrienos 
sobre a função pulmonar e o controle dos sintomas é limitado. 
Como a via dos leucotrienos constitui apenas um dos vários 
processos responsáveis pela resposta inflamatória na asma, não 
é surpreendente que os modificadores da via dos leucotrienos 
sejam menos efetivos do que os corticosteróides inalados, cujos 
efeitos antiinflamatórios são muito mais amplos.
Ao contrário da maioria dos outros fármacos utilizados no 
tratamento da asma, os agentes modificadores dos leucotrienos 
são todos disponíveis em comprimidos orais, mais do que em 
formulações inaladas. Uma das vantagens da dosagem oral é 
que muitos pacientes, particularmente as crianças, têm mais 
facilidade em tomar um comprimido do que em utilizar um ina-
782 | Capítulo Quarenta e Seis
lador, de modo que a aderência ao tratamento é freqüentemente 
melhor. Além disso, como os inaladores são freqüentemente 
empregados de modo incorreto, existe uma maior probabilidade 
de fornecimento da dose necessária com o uso de comprimi-
dos. Além disso, como os fármacos administrados por via oral 
sofrem absorção sistêmica, podem ser utilizados no tratamento 
de outras doenças alérgicas coexistentes, como a rinite alérgi-
ca. Por outro lado, existe também uma maior probabilidade de 
efeitos adversos sistêmicos.
Todos os três agentes modificadores dos leucotrienos são bem 
tolerados e exercem poucos efeitos extrapulmonares, particu-
larmente quando comparados com os corticosteróides orais. O 
zileuton tem uma incidência de 4% de hepatotoxicidade, tornando 
necessária a realização periódica de provas de função hepática. Os 
antagonistas dos receptores dos leucotrienos são geralmente consi-
derados seguros, porém têm sido associados à síndrome de Churg-
Strauss em raras ocasiões. A síndrome de Churg-Strauss é uma 
vasculite granulomatosa grave que acomete as pequenas artérias 
e veias dos pulmões, coração, rins, pâncreas, baço e pele. Como 
a síndrome de Churg-Strauss está independentemente associada à 
asma e à eosinofilia, não se sabe ao certo se as reações relatadas 
representam um efeito distinto do fármaco ou uma manifestação da 
síndrome preexistente devido à redução do uso de corticosteróides 
em decorrência da adição de um antagonista dos receptores de 
leucotrienos ao esquema terapêutico.
Anticorpos Anti-IgE
Em vista da proeminência das respostas alérgicas mediadas pela 
IgE na asma, pode-se deduzir que a remoção dos anticorpos IgE 
da circulação pode mitigar a resposta aguda a um alérgeno inala-
do. O omalizumab é um anticorpo monoclonal murino huma-
nizado que se liga ao domínio de ligação de alta afinidade ao 
receptor de IgE (Fc�RI) na IgE humana. O omalizumab diminui 
a quantidade de IgE circulante e impede a ligação da IgE rema-
nescente ao Fc�RI dos mastócitos (Fig. 46.3). Como não efetua 
uma ligação cruzada da IgE ligada ao Fc�RI, o omalizumab tipi-
camente não induz anafilaxia. Além disso, o omalizumab afeta 
as respostas asmáticas tanto da fase inicial quanto da fase tardia 
ao estímulo de um alérgeno inalado. Em resposta aos níveis cir-
culantes mais baixos de IgE, ocorre infra-regulação do receptor 
Fc�RI nos mastócitos, nos basófilos e nas células dendríticas. A 
infra-regulação dos receptores reduz a estimulação dos linfócitos 
TH2 e diminui a resposta asmática de fase tardia além do nível 
esperado com a simples remoção da IgE circulante.
Como se trata de um anticorpo, o omalizumab deve ser 
administrado por via parenteral. Na prática, é administrado 
por via subcutânea, a cada 2 a 4 semanas. Apesar de seu ele-
vado custo e da inconveniência da administração parenteral, 
que limitou o seu uso aos casos graves de asma, o omalizumab 
também permite reduzir a dose de esteróides necessária para 
controlar a doença, bem como o número de exacerbações na 
asma moderada. Apesar do fato de ser um anticorpo humaniza-
do, em que 95% da seqüência original de aminoácidos murinos 
foram substituídos pela seqüência humana correspondente, o 
omalizumab é reconhecido, em raras ocasiões, como antígeno, 
desencadeando uma resposta imune.
LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS
Muitos dos efeitos adversos dos fármacos utilizados no 
tratamento da asma, especialmente os corticosteróides e os 
agonistas �, podem ser minimizados pela liberação direta do 
fármaco nas vias respiratórias. Existem três sistemas prin-
cipais de liberação dos fármacos inalados: os inaladores 
dosimetrados, os inaladores de pó seco e os nebulizadores. 
No inalador dosimetrado, um gás comprimido, como o Freon® 
ou um hidroalcano mais conveniente em termos ambientais, 
propele uma dose fixa do fármaco fora do dispositivo com 
a ativação do aplicador. Embora o uso dos aplicadores seja 
fácil, eles exigem uma coordenação entre a inalação e o acio-
namento do dispositivo. Isso não ocorre com o inalador de 
pó seco, em que o ato da inspiração cria um fluxo turbulento 
dentro do dispositivo, que aerossoliza e dispersa o pó seco. 
Alguns pacientes têm mais facilidade em utilizar inaladores 
de pó seco do que inaladores dosimetrados, enquanto outros 
consideram o pó irritante ou verificam que não conseguem 
gerar uma força inspiratória suficiente para ativar o dispositi-
vo. Os nebulizadores fazem passar um gás comprimido, como 
o oxigênio, através de uma formulação líquida da medicação, 
convertendo-a em uma névoa, que é então inalada. Embora 
os nebulizadores não sejam tão portáteis quanto os outros 
dispositivos de liberação de fármacos, podem ser utilizados 
no hospital ou no próprio lar para tratamento das exacerbações 
asmáticas agudas.
MANEJO CLÍNICO DA ASMA
O tratamento da asma deve basear-se na gravidade da doença. 
De acordo com as diretrizes gerais, deve-se utilizar a menor 
dose de medicação necessária para obter um controle adequa-
do dos sintomas. Na prática, isso significa ajustar a dose do 
medicamento para obter um controle adequado e, a seguir, 
reduzi-la para a menor dose efetiva. Foi recomendada uma 
abordagem de cuidados por etapas para facilitar o tratamento 
ambulatorial da asma. Essa abordagem classifica os pacientes 
em quatro categorias clínicas (Quadro 46.1). Por exemplo, nos 
pacientes com asma intermitente leve, sem comprometimento 
da função pulmonar, que apresentam sintomas não mais do 
que duas vezes por semana e que acordam à noite não mais 
do que duas vezes por mês devido à asma, a doença pode ser 
controlada com agonistas � inalados, quando necessário, antes 
da exposição a fatores desencadeantes, bem como para alívio 
dos sintomas após o seu aparecimento. Os pacientes com sin-
tomas mais freqüentes ou graves ou que apresentam com-
prometimento da função pulmonar devem ser tratados com 
terapia preventiva regular, como corticosteróides inalados, em 
doses escalonadas, dependendo da gravidade dos sintomas. 
Outros fármacos, como agonistas � de ação longa ou agentes 
modificadores dos leucotrienos, podem ser adicionados para 
facilitar um melhor controle. Os agentes de combinação, que 
incluem um corticosteróide inalado e um agonista � inalado 
de ação longa (como a formulação de fluticasona/salme-
terol finalmente administrada a Ahmad e a combinação de 
budesonida/formoterol aprovada pela FDA e programada para 
se tornar disponível em 2007), podem melhorar a aderência 
do paciente ao tratamento ao reduzir o número de inalações 
necessárias.
Como no caso de Ahmad, o manejo da asma também envolve 
evitar exposições ambientais que comprovadamente provocam 
inflamação das vias respiratórias. Por exemplo, foi constatado 
que a eliminação da fumaça de tabaco no ambiente reduz os 
sintomas e a freqüência das crises de asma em crianças cujos 
pais ou cuidadores são fumantes.
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 783
QUADRO
46.1 Manejo Clínico da Asma
GRAVIDADE DA ASMA CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ALÍVIO A CURTO PRAZO CONTROLE A LONGO PRAZO
Intermitente leve 
(Etapa 1)
Sintomas �2 vezes/semana
Despertares noturnos �2 vezes/mês 
Exacerbações de curta duração
Função pulmonar normal entre as 
exacerbações 
Variabilidade limitada do fluxo 
máximo 
Agonista � de ação curta, 
quando necessário, para 
os sintomas ou antes de 
exposição esperada
Nenhuma medicação necessária
Persistente leve 
(Etapa 2)
Sintomas >2 vezes/semana
Despertares noturnos >2 vezes/mês 
Exacerbações de curta duração, 
passíveis de afetar a atividade
Função pulmonar normal quando 
assintomática
Diminuição do fluxo máximo em 20-
30% quando sintomática
Agonista � de ação curta, 
quando necessário, para os 
sintomas
Preferido: corticosteróide inalado 
em baixa dose
Alternativa: modificador da via 
dos leucotrienos, estabilizador dos 
mastócitos ou teofilina
Persistente moderada 
(Etapa 3)
Sintomas diários
Despertares noturnos >1 vez/semana
Exacerbações freqüentes que duram 
vários dias, afetando a atividade
Função pulmonar 60-80% do 
previsto
Variabilidade do fluxo máximo 
>30%
Agonista � de ação curta, 
quando necessário, para os 
sintomas
Preferido: esteróide inalado em dose 
baixa a intermediária e agonista � 
inalado de ação longa
Alternativas:
Esteróide inalado em dose 
intermediária apenas;
ou esteróide inalado em dose baixa 
a intermediária, mais teofilina de 
liberação prolongada;
ou esteróide inalado em dose 
baixa a intermediária, mais um 
modificador da via dos leucotrienos
Persistente grave 
(Etapa 4)
Sintomas contínuos
Atividade limitada
Despertares noturnos freqüentes 
Exacerbações graves e freqüentes 
Função pulmonar <60% do previsto
Variabilidade do fluxo máximo 
>30%
Agonista � de ação curta, 
quando necessário, para os 
sintomas
Preferido: corticosteróide inalado 
em altas doses e agonista � inalado 
de ação longa
Corticosteróides orais, se necessário
A adição de mais agentes de 
controle não foi adequadamente 
estudada
n Conclusão e Perspectivas Futuras 
Embora a incidência crescente da asma esteja associada a uma 
carga significativa de incapacidade, custo econômico e morte, 
as pesquisas descobriram características essenciais da fisiopa-
tologia da asma que são úteis para o manejo farmacológico 
da doença. Na sua essência, a asma é uma doença causada 
por uma resposta inflamatória aberrante nas vias respiratórias, 
levando aí a uma hiper-responsividade e broncoconstrição. Não 
existe cura para a asma; entretanto, uma abordagem terapêutica 
para tratar ambos os aspectos da asma através do uso de agen-
tes antiinflamatórios e broncodilatadores, evitando, ao mesmo 
tempo, os fatores desencadeantes conhecidos, pode ter sucesso 
em obter um controle clínico a longo prazo e um manejo bem-
sucedido da doença na maioria dos pacientes.
Com o aprimoramento de nossa compreensão da fisiopato-
logia da asma, foram identificados novos alvos para interven-
ção terapêutica. Em geral, a pesquisa tem-se concentrado em 
três áreas: melhora dos tratamentos já existentes, com modi-
ficação da relação benefício-efeitos adversos, planejamento 
de novos tratamentos específicos e tentativa de prevenir ou 
reverter a remodelagem permanente das vias respiratórias na 
asma de longa duração. Um exemplo da primeira abordagem 
é o desenvolvimento de novos corticosteróides inalados com 
efeitos sistêmicos reduzidos. Por exemplo, um corticosteróide 
novo é um éster inativo que é ativado no epitélio das vias 
respiratórias, reduzindo a absorção sistêmica do fármaco ati-
vo. Existe também uma pesquisa em andamento à procura de 
moduladores dos receptores de glicocorticóides que mantêm a 
sua atividade antiinflamatória, porém com redução do risco de 
efeitos adversos ao mínimo.
Diversos inibidores das citocinas inflamatórias encontram-se 
em fase de desenvolvimento como novos tratamentos potenciais. 
Entretanto, a natureza complexa da asma significa que a inibição 
de uma única via pode não afetar significativamente a doença. 
Por exemplo, um anticorpo anti-IL-5 fracassou em estudos clí-
nicos, apesar de reduzir com sucesso o número de eosinófilos 
circulantes e nas vias respiratórias. Entretanto, existem estudos 
em andamento com inibidores da IL-13 e IL-9 e com a citocina 
inibitória IL-10. Estudos também estão sendo conduzidos com 
inibidores da adesão celular e inibidores das quimiocinas, que 
podem ser capazes de impedir o recrutamento e o trânsito das 
células inflamatórias para as vias respiratórias.
Dois inibidores da fosfodiesterase do tipo IV (PDE IV), o 
roflumilaste e o cilomilaste, são objeto de estudos clínicos de 
fase avançada para a asma. A fosfodiesterase do tipo IV hidro-
lisa o cAMP nas células musculares lisas das vias respiratórias, 
e espera-se que o desenvolvimento de um composto capaz de 
inibir a PDE IV levará a um relaxamento do músculo liso das 
vias respiratórias e alívio da broncoconstrição. Ambos os com-
postos estão sendo avaliados para o tratamento da DPOC.
784 | Capítulo Quarenta e Seis
n Leituras Sugeridas 
Barnes PJ. New drugs for asthma. Nat Rev Drug Discov 2004;3:831–
844. (Discussão das novas abordagens terapêuticas para a asma 
e os futuros alvos dos novos medicamentos.)
Chu EK, Drazen JM. Asthma: one hundred years of treatment and 
onward. Am J Respir Crit Care Med 2005;171:1203–1208. (Visão 
histórica da evolução do tratamento da asma nos últimos 100 
anos.)
Drazen JM. Treatment of asthma with drugs modifying the leuko-
triene pathway. N Engl J Med 1999;340:197–206. (Discussão do 
mecanismo de ação dos agentes modificadores da via dos leuco-
trienos.)
http://www.nyc.gov/html/doh/html/asthma/asthma.shtml. (Contém um 
resumo da abordagem de um departamento de saúde pública para 
reduzir a morbidade da asma em crianças.)
Peachell P. Targeting the mast cell in asthma. Curr Opin Pharmacol 
2005;5:251–256. (Discussão do papel dos mastócitos na patogê-
nese da asma e avaliação dos tratamentos existentes para a asma 
que são direcionados para os mastócitos, assim como os alvos de 
futuras intervenções.)
Rhen T, Cidlowski JA. Anti-inflammatory action of glucocorticoids—
new mechanisms for old drugs. N Engl J Med 2005;353:1711–1723. 
(Discussão dos mecanismos moleculares de ação dos glicocorti-
cóides e os esforços para desenvolver novos glicocorticóides com 
perfis melhores de efeitos colaterais.)
Strunk RC, Bloomberg GR. Omalizumab for asthma. N Engl J Med 
2006;354:2689–2695. (Discussão do uso do omalizumab para a 
asma, inclusive seu mecanismo, estudos clínicos, uso clínico e 
efeitos adversos potenciais, juntamente com as recomendações 
para seu uso.)
Farmacologia Integrativa da Inflamação: Asma | 785
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