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BKHTIN, M os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal 4 ed São Paulo: Martins Fontes, 2003. Os Gêneros do discurso No texto fichado, Bakhtin divide a explação do tema em duas parters: a primeira denominada “O problema e a sua definição” e a segunda chamada “o enunciado como unidade da comunicação discursiva. Diferença entre essa unidade e as unidades da língua (palavras e orações)”. A primeira parte começa falando que o emprego da língua se da na forma dos enunciados concretos e únicos, falados por integrantes de campos da atividade humana. Os enunciados refletem condições específicas e os objetivos de determinado campo, pelo estilo da linguagem e pela sua construção composicional e por seu conteúdo (temático). Segundo Bakhtin, esses 3 elementos esrtão ligados de modo indissonível no todo enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um certo campo da comunicação. O enunciado particular é individual, entretando, cada campo de uso da língua promove “seus tipos relativamente estáveis” do enunciado. A eles, denominados “gêneros do discurso”. Os gêneros do discurso são de umadiversidade e riqueza infinitas, como o próprio autor diz. São inesgotáveis as possibilidades da atividade humana e em cada camo dessa atividade o repertório de gêneros do discurso é integral, e cresce, se diferencia enquanto se desenvolve e se torna mais complexo em determinado campo. O autor salienta, nessa arte, a heterogeneidade dos gêneros do discuros. A heterogeneidade funcional torna os traços gerais dos gêneros abstratos e vazios, e isso se deve, muito provavvelmente, ao fato de a questão geral dos gêneros discursivos nunca ter sido realmente levantada. O que se estudava eram os gêneros literários, mas num corte de sua especificidade artístico-literária, nas distinções entre ele e não como tipos determinados de enunciado e, nisso quase não se levava em conta a questão linguística do enunciado e de seus tipos. Bakhtin afirma que é de vital importância atentar para a diferença essencial entre os gêneros primários (simples), cmo diálogos do cotidiano, e secundários (complexos). Esta não é uma diferença funcional, Os gêneros discursivos secundários/complexos, como o romance e as pesquisas científicas, surgem, segundo o autor, nas condições de um convívio cultural mais complexo, desenvolvido e organizado. Durante sua formação, esses gêneros incorporam e reelaboram vários gêneros primários que se formaram nas condições de comunicação discursiva imediata. Ao se integrar aos complexos, esses gêneros simples adquirem um caráter especial, perdendo seu vínculo imediato com arealidade concreta e enunciados reais algeios. Essa diferença entre os gêneros primários e secundários é grande e essencial e isso só reafirma a necessidade de se definir a natureza do enunciado, através da análise dessas duas modalidades. O que vulgariza o problema e a orientação unilateral centrada nos gêneros primários . A crítica de Bakhtin está justamente na falta de definição de de um correto do enunciado. O estudo da natureza do enunciado é de grande importância para a grande maioria dos campos da linguística e da filologia, pois todo o trabalho de investigação de material línguistico concreto opera com enunciados concretos relacionados a diferentes campos da atividade humana e da comunicação, que, segundo o autor, é de onde os pesquisadores tiram os fatos linguísticos de que precisam. Acredita-se que em qualquer corrente especial de estudo, é necessária uma noção precisa da natureza do enunciado de modo geral e das particularidades de seus diversos tipos, ou seja, dos diversos gêneros do discurso. Bakhtin novamente aponta sua crítica, dizendo que o desconhecimento da natureza do enunciado redunda em formalismo e em uma abstração exagerada. Em seguida, o autor passa a tratar de alguns campos e problemas da linguística. Começando pela estilística, o Bakhtin afirma que todo estilo está ligado ao enunciado e às suas formas típicas, os gêneros do discurso. Se todo enunciado é individual, reflete o estlo individual do falante, mas nem todos os gêneros são igualmente propícios ao reflexo da individuialidade do falante na linguagem do enunciado. As condições menos propícias para o reflexo da individualidade na linguagem estão presentes nos gêneros do discurso que necessitam de uma forma padronizada e aqui podem refletir-se não somente os aspectos mais superficiais da individualidade. Na maioria dos gêneros discursivos, o estilos individual não faz parte do plano do enunciado, mas é como seu produto complementar. Em diferentes gêneros podem revelar-se diferentes camadas e aspectos de uma personalidade individual, esse estilo pode encontrar-se em várias relações de reciprocidade com a língua. A questão da língua nacional na linguagem individual é, fundamentalmente, o problema do enunciado pois, só no enunciado a língua nacional se materializa na forma individual. A relação orgânica e indissolúvel do estilo com o gênero aparece também na questão dos estilos de linguagem ou funcionais, e no fundo, esses estilos são estilos de gênero de determinadas esferas da atividade humana e da comunicação. O texto ainda esclarece que para campo existem e são empregados gêneros correspondentes às funções específicas de certo campo. Ainda discorrendo sobre os estilos, Bakhtin observa que o estilo integra a unidade do gênero do enunciado como seu elemento, entretando, o estilo da linguagem pode se tornar objeto de um estudo independente. Esse estudo, a estilística, é possível e necessário, mas que só será correto e eficaz se levar permanentemente em conta a natureza do gênero dos estilos linguísticos e basear-se no estudo prévio das modalidades de gêneros do discurso. Até os dias atuais, a estilística não possui esa base. Aqui, Bakhtin critica a estilística, chamando esse defeito de fraqueza. Tratando das questão de relação histórica com os estilos e os gêneros discursivos, Mikhail Bakhtin afirma que em cada época da evolução da linguagem literária, o tom é determinado por certos gêneros do discurso, tanto secundários quanto primários. Ocorrem reconstrução e renovação dos gêneros do discurso através da peretração da linguagem literárioa em todos os gêneros, em maior ou menor grau. Observa-se que a passagem do estilo de um gênero para outro renova o gênero e modifica o som do estilo nas condições do gênero que não lhe é própria, assim como pode destruí-lo. Assim sendo, tanto os estlos individuais quanto os da língua satisfazem aos gêneros do discurso. Tanto a questao metodológica de princípio quanto a questão geral relativa à açõesrecíprocas do léxico com a gramática, de um lado, e com a estilística, de outro, baseiam-se no mesmo problema do enunciado e dos gêneros do discurso. A primeira parte é concluída com a afirmação de Baktin de que o estudo do enunciado é importante para superar as concepções simplificadas da vida do discurso. A segunda parte passa para uma questão mais geral e fala sore o estudo do enunciado como unidade real da comunicação discursiva e como ele permite compreender de modo correto a natureza das unidades da língua, enquant sistema. Nessa parte, Mikhail Bakhtin faz uma explanação sobre a linguística do século XIX, começando por Wilhelm Humboldt, explicando que ali a função comunicativa da linguagem foi colocada em segundo plano. Após tratar dessa fase da linguística, o autor explicaque até hoje há termos ilusivos como “ouvinte” e “entendedor”, que dão uma noção deturpada do processo complexo e amplamente ativo da comunicação discursiva. Nos cursos de linguística geral aparecem representações esquemáticas dos dois parceirosda comunicação discursiva. Aparecem esquemas de processos ativos de discurso do falante e de processos passivos de recepcão e compreensão do discurso do ouvinte. Os esquemas não são exatamente falsos, mas , quando passam ao objetivo real da comunicação discursiva, se tornam. Toda e qualquer compreensã dafala viva, do enunciado vivo é de natureza responsva ativa e toda compreensão prevê uma resposta: o ouvinte se torna falante. Nesse sentido, o ouvinte de compreensão passiva, representado como parceiro do falante nos esquemas das linguísticas gerais, não é o participante real da comunicação discursiva. O esquema, na verdade, representa apenas um momento abstrato do ato real da compreensão ativamente responsiva, responsável por gerar resposta. O desconhecimento do papel ativo do outro no processo comunicativo também manifesta-se na utiliza’’cão do uso impreciso e ambíguo de termos como “fala” ou “fluxo de fala”. As questões sobre o que seria “fluxo da fala”, “nossa fala”, qual a extensão dela, se há princípio e fim ou qual princípio tomamos para dividi-la em unidades, são questões onde reina a indefinição. O autor coloca que o próprio termo “niétch”, que pode designar o falar, até hoje não foi transformada pelos linguistas em um termo limitado rigorosamente pela significação e definida. Isto ocorre graças a falta de elaboração da problemática do enunciado, e consequentemente, da comunicação discursiva. Toda essa confusão é resultado do desconhecimento do enunciado. A alternativa dos sujeitos do discurso ou a alternância dos falantes define os limites de cada enunciado conreto como unidade da comunicação discursiva. Todo enunciado possui um princípio absoluto e um fim absoluto, isto é, há antes do início o enunciado do outro e após o término, os enunciados responsivos dos outros, o falante termina o seu enunciado e passa a palavra ao outro. Bakhtin afirma que o enunciado é uma unidade real, precisamente delimitada pela alternância dos sujeitos do discurso, que termina com a transmissão da palavra do outro, Essa alternância cria limites precisos do enunciado em vários campos da atividade humana. O autor define as enunciações dos interlocutorescomo réplicas, e diz que cada réplica possui uma conclusibilidade de específicas ao exprimir uma posição do falante que suscuta resposta. Concomitantemente, as réplicas são interligadas, mas suas relações são impossíveis entre unidades da língua. Essas relações só são possíveis entre enunciaçõesde diferentes sujeitos do discurso e nunca prestam a gramaticalização. O autor afirma que é necessário, ainda, abordar, o problema da oração como unidade da língua em sua distinção em face do enunciado como unidade da comunicação discursiva, entretanto, no momento, obeserva a[enas que os limites da oração enquanto unidade da língua nunca são determinados pela alternância de sujeitos do discuros. Focando novamente no diálogo real, Bakhtin diz que as obras especializadas dos diferentes gêneros científicos e artísticos também são unidades de comunicação discursiva, estando delimitadas de forma nítida pela alternância dos sujeitos do discurso. Essas fronteiras adquirem um caráter interno devido ao fato de o sujeito do discurso revelar a sua individualidade em todos os elementos da obra. Essa marca de individualidade na princípios interiores específicos que a diferem de outras obras vinculadas a ela. Assim, a alternância de sujeitos do discurso é a primeira peculianridade constituida do enunciado como unidade da comunicação discursva, que o distingue da língua. A segunda peculiaridade é a conclusibilidade específica do enunciado. Esta é uma espécie de aspecto interno da alternância de sujeitos do discuros, ela pode ocorrer porquê o falante disse tudo o que quis dizer em determinado momento ou condição. A conclusibilidade é específica e determinada por categorias específicas. O primeiro critério de conclusibilidade é a possibilidade de ocupar em relação à ele uma posição responsiva. A inteireza do enunciado assegura a possibilidade de resposta e é determinada por três elementos ligados no todo orgânico do enunciado: 1) enacuribilidade do objeto e do sentido; 2) projeto de discurso ou vontade de discurso do falante; 3) formas típicas composicionais e de gênero do acabamento. O primeiro elemento é diverso nos diferentes campos da comunicação discursiva e pode ser quase extremamente plena em campos em que os gêneros do discurso são de natureza padronizada e há ausência quase completa do elemento criativo. O segundo elemento enuncia que, em cada enunciado, sentimos a intenção discurisva ou vontade discursiva do falante, que determina o todo do enunciado, seu volume e suas fronteiras. Imaginando o que o falante quer dizer, medimos a conclusibilidade do enunciado, e por isso dizemos que o segundo elemento está ligado ao primeiro. O terceiro elemento, diz respeito às formas estáveis de gênero do enunciado. Sabe-se que, segundo Bakhtin, a vontade discursiva do falante se realiza primariamente na escolha de determinado gênero do discurso, escolha essa que é determinada pela especificidade de um dado campo da comunicação discursiva, por considerações temáticas, pela situação concreta da comunicação discursivan etc. Em seguidam a intenção do falante é aplicada e adatada ao gênero escolhido, constitui-se e se desenvolve em uma determinada forma de gênero. Falamos por meio de determinados gêneros, que nos são dados quase do mesmo modo que alígnau materna. Esse gêneros organizam nosso discurso praticamente do mesmo modo com que organiza as formas gramaticais. Para Bakhtin, as formas de gênero nas quais se moldam os discursos, diferem das formas da língua, de maneira substancial, no sentido de sua estabilidade, e coerção para o falante. São flexíveis e livres que as formas da língua. Ainda nesse sentido, a diversidade de gêneros é grande. Há uma série de gêneros, difundidos no cotidiano e de forma padronizada, que a vontade discursiva do falante só se manifesta na escolha de um certo gênero. De modo paralelo a esses gêneros padronizados, existem gêneros livre e criativos de comunicaçãi discursiva oral, como os das conversasde salão tematizados em assuntos do cotidiano. Apesar deles se apresentarem a uma reformulação livre, essa reformulação não implica na criação de um novo gênero. O livre uso do gêberos é definido pela frequência com que os empregamos. Quanto mais os utilizamos, mais plena e nitidamente descobrimos neles nossa individualidade, realizamos de modo mais acabado o nosso livre projeto de discurso. Assim, não são dadas ao falante somente apenas as formas da língua obrigatórias a ele, mas também formas de enunciad para ele obrigatórias. Um enunciado singular hamais pode ser considerado uma combinação totalmente livre de formas da língua, pois para o indivíduo falante, eles tem significado normativo. Bakhtin afirma que a extrema heterogeneidade da formas de enunciado é uma das causas do desconhecimento linguístico relativo à elas. O autor altera, agora, o foco, e passa a discorrer sobre a oração. Segundo ele, enquanto unidade da língua, a oração é desprovida da capacidade de determinar imediata e ativamente a posição responsiva do falante. Essa capacidade só é adquirida quando aoração se torna um enunciado pleno. Qualquer oração pode ser tornar um enunciado, mas precisa ser completada por uma séria de elementossubstanciais não gramaticais que modifica, pela raiz, sua naturez. Como palavra, a oração é uma unidade significativa da línguia, graças à isso, cada oração isolada é compreensível. Apesar disso, não é possível ocupar uma posição responsíva em relação a uma posição isolada sem saver se o falante disse tudo o que queria dizer com a oração, ou se ela é antecedida e/ou sucedida por outras. Neste último caso, ela já é um enunciado válido, feito de uma só oração, emoldurado e delimitado pela alternância dos sujeitos de discurso. A oração, como palavra, tem conclusbilidade de significado e forma gramatical, mas de índole abstrata, pois, há o acabamento do elemento e não do todo. Como palavra, a oração não possui autor. Uma terceira peculiaridade do enunciado, ou seja, aquela que diz respeito à relação do enunciado com o próprio falante e com outros participantes da comunicação discursiva. Passemos à ela. Todo enunciado é um elo na cadeia da comunicação duscursiva, é posição ativa do falante nesse ou naquele campo do objeto e do sentido. Assim, cada enunciado se caracteriza por um determinado conteúdo semântico-objetal. O texto diz que a escolha dos meios linguísticos e dos gêneros do discurso é determinada pela ideia do sujeito do discurso centrada no objeto e no sentido. É o pimeiro momento do enunciado o determinante das peculiaridades estilísticas composicionais do mesmo. O segundo elemento do enunciado determina sua composição e estilo. Este é o elemento expressivo, que trata de uma relação subjetiva emocionalmente valoratva do falante com o conteúdo do objeto e do sentido do seu enunciado. O elemento expressivo tem significado e grau variados de força e existe em toda parte, já que um enunciado neutro é impossível. A escolha dos recursos lexicais, gramaticais, e composicionais do enunciado também é determinada pela relação valorativa do falante com o objeto do discurso. Mikhail Bakhtin afirma que a oração enquanto unidade linguística é neutra e não tem aspecto expressivo, pois, esse aspecto é adquirido somente em um enunciado concreto. Um dos meios de expressão da relação emocionalmente valorativa do falante como o objeto da fala seria a entonação expressiva que se mostra claramente na execução oral. Este é um traço constitutivo do enunciado e fora dele não existe. O autor complementa esse traço, salientando que a emoção, o juízo de valor, a expressão são estranhos à palavra da língua e que surgem unicamente no processo do seu emprego vivo em um enunciado. O significado de uma palavra em si é extra emocional. O mesmo se pode dizer da oração enquanto unidade da língua. O que ocorre é que os tipos de orações existentes funcionam, costumeiramente, como enunciados plenos de certo tipo de gênero. Há uma infinidade de gêneros do cotidiano e especiais que, por regra, devem ser expressos por uma oração de tipo correspondente. Ainda assim, essas orações encontram-se de maneira rara no contexto de subordinação dos enunciados envolvidos. Cave observar que, orações assim se fundem solidamente com sua expressão de gênero, absorvendo a expressão individual facilmente. Elas contribuem para a consolidação da ilusão sobre a natureza expressivada oração. Bakhtin teoriza que o enunciado do outro, conscientizado e destacado como do outro, introduzido no enunciado, insere nele algo irracional na visão de língua como sistema. As relções recíprocas existentes entre o discurso introduzido ao restante, não possuem analogia com nenhuma relação sintática no todo sintático nem com as relações entre totalidades sintáticas desconexas gramaticalmente e isoladas em um dado enunciado. As relações são análoas às das réplicas do diálogo. A entonação que isola o discurso do outro é uma espécie de alternância dos sujeitos do discurso transferida para dentro do enunciado. Os limites variados pela alternância são então engraquecidos. Assim, o discurso do outro possui uma dupla expressão, ou seja, a sua e a alheia. Em Bakhtin, temos que cada enunciado isolado é um elo na cadeia da comunicação discursiva, tendo limites preciso determinados pela alternância dos falantes. Entretanto, no âmbito desses limites o enunciado reflete o processo do discurso, os enunciados alheios e os elos precedentes na cadeia. O objeto do discurso do falante não se torna pela primeira vez objeto do discurso em um enunciado, e um certo falante não será o primeiro a falar sobre ele, pois, o objeto á está ressalvado, contestado, elucidado e avaliado de diferentes formas e, nele se cruzam visões de mundo, correntes e partes de vista. Enquanto elo da cadeia discursiva, o enunciado não pode ser separado dos que o precedem, já que estes o determinam tanto de fora quanto de dentro, o que gera atitudes responsivas e ressonâncias dialógicas. Porém, o enunciado se liga também aos elos subsequëntes. O autor afrma que o enunciado se constrói a partir de atitudes responsivas, emprol das quais ele é criado. O papel do Outro é grande e desde o começo o falante espera resposta dele. Imagine que seja a partir disso que o enunciado se constrói. Sabe-se que um traço construtivo do enunciado é seu direcionamento a alguém: o enunciado possui autor e destinatário, que pode ser um participante direto do diálogo cotidiano ou um outro não concretizado ou uma coletividade diferenciada de especialistas de algum campo da comunicação cultural. Todas essas concepções de destunatário são também determinadas por campo de atividade humana e da vida à que o enunciado se refere. Cada gênero possui sua concepção típica de destinatário que o define como gênero. Esse destinatário pode coincidir pessoalmente com quem responde o enunciado. Ao construir esse enunciado, defina-o de modo ativo e procuro antecipá-lo. Essa resposta antecipada exerce alta influência sobre meu enunciado. A consideração do destinatário e a antecipação citadas, são amplas e inserem dramaticidade interior no enunciado. Vamos, no texto, que a problemática da concepção de destinatário do discurso assume grande importância na história da literatura, porquê cada época, para cada corrente e estilo-artístico literário há características concepções específicas de destunatário da obra. A maor parte dos gêneros literários constitui-se por gêneros secundários complexos, que representam formas várias de comunicação discursiva primária. Ainda assim, a obra mais complexa e multicomposicional do gênero secundário enquanto todo é o enunciado único e real, com autor e destinários realmente percebidos e representados pelo autor. Desse modo, sem o direcionamento do enunciado, ele não pode existir. Já as unidadessignificativas da língua não pertencem à ninguém e nem se referem a ninguém. Em si mesmas, necessitam de relação como enunciado e a palavra do outro. O sistema da línguia possui, segundo o autor, uma grande reserva de recursos pramente linguísticos que objetivam exprimir o direcionamento formal, como recursos lexicais e morfológicos. O falante opta por recursos linguísticos em especial, influenciado pelo destinatário e por sua resposta antecipada.