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VERTEDORES - Introdução Definição: – Estrutura formada pela abertura de um orifício na parede de um reservatório, na qual a borda superior atinge a superfície livre do líquido. – Haverá escoamento através da estrutura formada. – Hidraulicamente os vertedores podem ser considerados como orifícios incompletos: sem a borda superior. – O escoamento é semelhante ao dos orifícios de grandes dimensões. Vertedores – Visão espacial Esquema de um vertedor retangular com lâmina livre Vertedores - Cortes Corte transversal Corte Longitudinal Terminologia para o escoamento através dos vertedores Quanto à forma: • Simples: retangular, triangular, trapezoidal, circular, exponencial; • Compostos: mais de uma forma simples combinadas; Quanto à altura relativa da soleira: • Livres ou completos: (p > p’); • Afogados ou incompletos: (p < p’); Quanto à espessura da parede: • parede delgada ou soleira fina: e ≤ 2H/3 ����contato segundo uma linha entre a lâmina e a soleira; • parede espessa ou soleira espessa: e > 2H/3; Quanto à largura relativa da soleira: • sem contrações laterais: L = B; • com uma ou duas contrações laterais: L < B. Classificação dos Vertedores 1 Quanto à forma da Lâmina: • Lâmina Livre: com aeração na face inferior de forma que a pressão seja igual à pressão atmosférica; • Lâmina alterada: aderente ou contraída Classificação dos Vertedores 2 Quanto ao perfil da soleira: Crista viva Arredondada Quanto à posição do vertedor (em relação à corrente) Normal Lateral Quanto ao perfil do fundo: Em nível Em degrau Quanto às normalizações: Vertedor padrão Vertedor particular Classificação dos Vertedores 3 Posição dos Vertedores Vertedores: a) sem contrações; b) uma contração lateral; c) duas contrações Principais Usos dos Vertedores: • Medição de vazão • Extravasores de Barragens • Tomada d´água em canais • Elevação de nível nos canais • Decantadores e ETA • Escoamentos em galerias • ETE Vertedor Retangular de Parede Delgada 1 e ≤≤≤≤ 2H/3 Sem contrações laterais Descarga livre Os filetes inferiores se elevam para atravessar a crista do vertedor. A superfície livre da água e os filetes próximos são rebaixados, ocorrendo o estreitamento da veia fluida. Caso de orifício de grandes dimensões: −= 2 3 2 2 3 123 2 hhgLCQ d Vertedor Retangular de Parede Delgada 1 Fazendo h1 = H e h2 = 0: Eq. Fundamental dos vertedores ou fórmula de Du Buat Cd = coeficiente de descarga do vertedor Se � K = constante do vertedor Para Cd = 0,623 � K = 1,838 Logo: � Equação de Francis 2 3 2 3 2 HgLCQ d= gCK d 23 2 = 2 3 KLHQ = 2 3 838,1 LHQ = Considerando a Velocidade de Aproximação Quando a velocidade de aproximação, V, não for desprezível, a equação completa que expressa a vazão será: • Fórmula de Weissbach para escoamento através de vertedor retangular. • Alfa é o coeficiente de Coriolis e varia entre 1,0 e 1,66. • A correção de velocidade de aproximação deve ser feita sempre que a área do canal for inferior a 6.H.L. − += 2/322/32 22 2 3 2 g V g VHgLCQ d αα Após algumas simplificações a equação acima pode ser escrita como A equação acima é aplicável para vertedor retangular sem contrações, considerando a correção da velocidade de aproximação. Uma outra maneira de considerar a velocidade de aproximação é escrever: Com a velocidade média dada por: += gH VHgLCQ d 22 312 3 2 22/3 α ( )pHB QV + = + += 2 1 2/3 12 3 2 pH HCHgLCQ d Considerando a Velocidade de Aproximação: maneira prática Influência da Forma da Veia Fluida 1 • Quando o ar não entra, naturalmente, no espaço abaixo da lâmina vertente, pode ocorrer uma pressão menor que a pressão atmosférica, produzindo uma depressão da veia líquida. Esse fenômeno altera a determinação da vazão pelas fórmulas clássicas. • O fenômeno é comum nos vertedores sem contração e pode ocorrer ocasionalmente nos vertedores com contração lateral. • Nessas condições a lâmina deixa de ser livre, para adotar as formas de lâmina deprimida, lâmina aderente ou lâmina afogada. • Quando se utiliza um vertedor para medição de vazão, deve-se evitar a ocorrência do fenômeno acima descrito. Influência da forma da Veia Fluida 2 • As diferentes formas da veia fluida que pode ocorrer nos vertedores: Lâmina livre: • A pressão sob a lâmina é igual à pressão atmosférica. • Situação ideal para uso do vertedor como medidor de vazão Lâmina deprimida: • O ar é arrastado pela água, provocando o aparecimento de uma pressão negativa sob a lâmina, o que modifica a forma da mesma. Influência da forma da Veia Fluida 3 • Lâminas aderente e afogada Lâmina afogada: • O nível da água a jusante é superior à altura da soleira. • p > p´ Lâmina aderente: • O ar é totalmente arrastado pela água, provocando a aderência da lâmina na parede do vertedor. Ocorre muito em vazões pequenas. Recursos da Análise Dimensional confirmam que o coeficiente de descarga depende: • do Número de Weber (influência da tensão superficial - lâminas pequenas), • do Número de Reynolds (influência da viscosidade do fluido) e, • principalmente, da relação H/p. Exemplo: H/p = 2,0 => Cd = 0,75; H/p = 0,10 => Cd = 0,62 Coeficiente de Descarga 1 Influência da Contração Lateral: Quando há contração lateral, o seu efeito se manifesta na diminuição da largura útil da soleira causando uma super-estimativa da vazão pelas fórmulas anteriores. Nesse caso, corrige-se a largura do vertedor. A largura corrigida L’ será dada por: L’ = L – n.C’.H L = largura real do vertedor n = número de contrações C’ = fator de contração Usualmente: C’ = 0,10 para soleira e faces com canto vivo C’ = 0 para o caso de soleira e faces com bordas arredondadas. H = carga sobre o vertedor Obs: 1) Se L > 10H ���� desprezar o efeito da contração lateral 2) O efeito da contração no plano vertical é considerado no coeficiente de descarga Coeficiente de Descarga 2 Dessa forma: Q = 1,838. (L - 0,1.n.H). H3/2 n= 1 para uma contração lateral ou n = 2 para duas contrações laterais OBS: Bons resultados práticos se H < 0,5p e H < 0,5L Vertedor Triangular: Utilizado para medição de pequenas vazões ( Q < 30 l/s) Maior precisão na medida da carga, H. São construídos em chapa de aço. Admitindo-se uma faixa horizontal de altura elementar dz e comprimento x, como um orifício pequeno, a vazão será dQ = Cd.Vt.dA. Para toda a área triangular: b = 2.H.tg(θθθθ /2) b/x = H / (H – x) ���� x = b ( 1 – z/H) dzxgzCdQ d ..2= ∫∫ −== H d H dz H zbgzCdQQ 00 .12 2 3 2 15 4 bHgCQ d= ( ) 23222154 HtgHgCQ d θ= Vertedor Triangular Thomson propôs um vertedor com θ = 90º e um Cd tal que: Q = 1,4 H5/2 Nesse caso: 0,05 < H < 0,38 m, p > 3 H e B > 6 H; Q em m3/s e H em m. O USBR (1967) propôs um vertedor com θ = 90º e um Cd tal que: Q = 1,3424. H2,48 Nesse caso deve-se observar recomendações para p e para a largura b em função da largura do canal onde o vertedor será instalado. O valor de θ não pode ser muito pequeno pois há a influência da tensão superficial, capilaridade e viscosidade. Em geral adota-se θ > 25º. Na realidade Cd varia com θ. Na prática usa-se um triângulo isósceles com a bissetriz na vertical ( ) 2522158 HtggCQ d θ= Vertedor Triangular - Equação Tem a forma de um trapézio de largura menor L e altura H. É considerado como sendo formado por um vertedor retangular e dois triangulares. O trapézio é usado para compensar o decréscimo de vazão que se observa devido às contrações. Q = Q2 + 2.Q1 Para esse tipo de vertedor pode-se considerar a influência da velocidade de aproximação somando-se a parcela [α.V2/(2g)]3/2 ao valor de H. Tal correção deverá ser feita sempre que a área da seção transversal do canal for inferior a 6.L.H Vertedor Cipolleti: É um tipo especial de vertedor trapezoidal com as faces inclinadas de 1:4 (h:v) e com tg(θ/2) = 1/4. Nesse caso: ( ) 2/52/3 22154.2232 HtggCHgLCQ dd θ+= 2/32 10 21 3 2 HgHLCQ d −= Vertedor Trapezoidal Cipolleti propôs Cd = 0,63 0,08 < H < 0,60 m H < L/3 p > 3.H e a >2 H Largura do canal (B) > 7.H 2/3861,1 LHQ = Vertedor Cipolleti Vertedor Circular •Usado para pequenas vazões •Fácil construção e instalação •Não requer nivelamento da soleira •Lâmina vertente sempre aerada •Mais eficiente para pequenos valores de H •Pouco empregado Obs: Q em m3/s e D e H em m. 807,1693,0518,1 HDQ = Vertedor Circular Formado por tubo de eixo vertical Soleira é curva Escoamento se dá em lâmina livre H < De / 5 L = pipipipi De Usualmente emprega-se n = 1,42 De (m) K 0,175 1,435 0,250 1,440 0,350 1,455 0,500 1,465 Vertedor Tubular Vertical de Descarga Livre nHLKQ = Cuidados no uso de vertedores para medida da vazão Segundo E. Trindade Neves • Usar vertedores retangulares, de preferência sem contração lateral e com: – Crista delgada, horizontal e normal à direção dos filetes líquidos (cristas e montantes deves ser lisos e agudos. – Distância da crista ao fundo e aos lados do canal deve ser superior a 2.H e, no mínimo, 20 ou 30 cm. – Paredes do vertedor devem ser lisas e verticais. – Lâmina livre e tocando a crista segundo uma linha apenas. – Evitar gotejamento da lâmina: H > 5 cm. – H inferior a 60 cm e medida a montante a, no mínimo, 5.H da soleira (o ideal é entre 1,8m e 5,0m). – Deve haver, a montante, um trecho retilíneo de canal capaz de regularizar o escoamento da água. – O nível da água a jusante não deve estar próximo da crista. Avaliação de Erro nos Vertedores • Nas medidas das grandezas envolvidas na determinação da vazão, podem ocorrer erros que levam a incerteza nessa medida. 2/3HLKQ = 2/1 2 3 HLK dH dQ = 2/3 2/1 2 3 KLH dHHLK Q dQ = H dH Q dQ 5,1= • dQ/Q � erro relativo na medida da vazão • dH/H � erro relativo na medida da carga • Um erro de 1% na medida da carga causa um erro de 1,5% na medida da vazão, não considerando o erro na medida da largura da soleira. Vertedor Retangular, de parede espessa 1 • Soleira deve deve ter espessura suficiente para que ocorra paralelismo dos filetes de fluido. • e > H/2 • Caso H/2 < e < 2H/3 � veia instável, podendo ou não aderir à crista. • Caso e < H/2 � utilizar equações para vertedor de parede delgada. • Caso e > 2H/3 � Usar fórmula de Basin: Onde e Sendo: 2/32´ HgLmQ = mxm .´= e H x 185,070,0 += + + += 2 55,01003,0405,0 pH H H m Vertedor Retangular, de Parede Espessa 2 • Caso e > 3H: superfície da água sofre um rebaixamento no início da soleira e depois fica paralela à soleira. • Vazão teórica, caso o fluido fosse ideal: • ou • Em função de H1: Segundo Lesbros, a vazão real será: 2/32385,0 HgLQ = 2/3705,1 HLQ = 2/3 1133,3 HLQ = 2/3235,0 HgLQ = 2/3550,1 HLQ = Extravasor de Barragem • Em muitas barragens o extravasor da barragem (overflow spillway) possui uma soleira com perfil curvo, calculada para uma dada vazão denominada de vazão de projeto. • Vários tipos de perfis da soleira podem ser utilizados. Os mais importantes são: • Perfil Creager. Dada tabela com as coordenadas (x,y) do perfil (soleira normal) relativas a H = 1,0m. Para H diferente de 1,0m, as coordenadas do correspondente perfil são multiplicadas pelo valor de H. Extravasor de Barragem: WES Perfil WES (USA) • O perfil do vertedor WES (Waterways Experiment Station) com paramento de montante vertical pode ser traçado a partir da equação: A vazão pode ser avaliada pela equação: Q = K.L.H3/2 Um valor usual para K é 2,2. 85,0 85,1 5,0 H xy = Na verdade, o coeficiente K não é constante. Ele cresce com H. Cálculos mais precisos devem levar em conta esta variação, estando a matéria tratada com detalhes na bibliografia especializada. Vertedor Retangular: Fórmulas Práticas 1 Para vertedores com lâmina aerada e sem contração Fórmula de Francis (1905): • Muito utilizada nos EUA e na Inglaterra. • Para V desprezível: • Para V não desprezível: • Limitada a: – 0,25 < H < 0,80 m; p > 0,30 m e H < p 2/377,1 LHQ = 2/3 2 26,01838,1 LH pH HQ + += 2/3838,1 LHQ = Fórmula de Poncelet e Lesbros: Fórmula da SSEA (Soc. Suíça de Engenheiros e Arquitetos: • Válida para: – p ≥ 0,30 m – 0,10 m ≤ H ≤ 0,80 m – p > H 2/3 2 5,01 10006,1 816,1816,1 LH pH H H Q + + + += Vertedor Retangular: Fórmulas Práticas 2 Fórmula de Basin (1889): • Muito utilizada no mundo todo. • Válida para: – 0,5 < L < 2,0 m – 0,08 < H < 0,50 m – 0,2 < p < 2,0 m • Obs: 1) caso V seja desprezível: H/(H+p) = 0. • 2) Se 0,10 < H < 0,30 m: 2/3KLHQ =Fórmula de Rehbock (1929): Com: Sendo a precisão de 0,5% se: p > 0,30 m 0,03 m < H < 0,75 m H < p e L > 0,30 m + + += 2 55,01003,0405,0 pH H H m + += 2 212,0425,0 pH H m g Hp HK 20011,010011,00813,06035,0 3 2 2/3 + + += 2/32 LHgmQ = Vertedor Retangular: Fórmulas Práticas 3 Fórmula de Frese: • Validade: – 0,1 < H < 0,6 m – L > H 2/3KLHQ = g pH H H K 255,01 1000 4,1410,0 2 + + += 2/3KLHQ = Fórmula da SBM: • Validade: – L ≥ 0.5 m – 0,1 < H < 0,8 m – H < p – p > 0,30 m Fórmula de HÉGLY com Contração Lateral: • Válida para: – 0,05 m ≤ H ≤ 0,60 m g pH H H K 255,01 1000 8,114106,0 2 + + += g pH H B L B L H K 255,01103,0 1000 7,2405,0 22 + + −−+= 2/3KLHQ = FINAL • Mais detalhes na bibliografia especializada Exercícios de Aplicação 01 • O gráfico abaixo mostra a curva de esvaziamento de um reservatório cilíndrico, de área A, através de um orifício de pequenas dimensões, de 5,6 mm de diâmetro e área Ao. Sabendo que o diâmetro do reservatório é 194 mm e dada a equação do modelo que prevê o esvaziamento deste reservatório, determine o coeficiente de descarga do orifício e a altura inicial da água sobre o centro do mesmo. Nesta equação t é o tempo para que a carga sobre o orifício, dentro do reservatório, passe do valor h0 para h. Unidades no SI. ( )hh gAC A t od −= 02 2 Esvaziamento de Reservatório h = 1,2962E-06t2 - 1,7680E-03t + 5,9128E-01 R2 = 9,9994E-01 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0 100 200 300 400 500 600 Tempo de Esvaziamento (s) C a r g a s o b r e o O r i f í c i o ( m ) Seqüência1 Ajuste Exercícios de Aplicação 02 • Calcular a vazão através de um vertedor retangular de parede delgada, de largura igual a 50 cm, altura da soleira igual a 1,00 m, instalado no parte central de um canal com largura de 1,20m, quando a carga for 35 cm e o coeficiente de descarga 0,63. Avaliar a influência da velocidade de aproximação. Exercício de aplicação 03 • Os escoamentos nos dois reservatórios R1 e R2 da figura estão em equilíbrio, quando a vazão de entrada é Qo = 65 l/s. R1 descarrega uma vazão para a atmosfera através de um orifício circular (d = 10 cm e Cd = 0,60) instalado no seu fundo. Em R2 está instalado um vertedor triangular de parede fina, com ângulo de abertura 90º (vertedor Thomson). Determinar a vazão descarregada pelo orifício instalado no fundo de R1 e a vazão descarregada pelo vertedor de R2. Exercícios de Aplicação 04 • Um reservatório de grandes dimensões possui um orifício próximo ao fundo, de 10cm de diâmetro e coeficiente de descarga 0,63. Este orifício está vertendo água para dentro de um reservatório onde está instalado um vertedor tubular com 250mm de diâmetro da parede externa, estando a borda do tubo a 60cm do fundo do reservatório, como indicado na figura. A carga sobre o orifício é de 5,00m. Dimensionar a borda do reservatório onde está instalado o tubo de 250mm de diâmetro, y, lembrando-se de que deve haver uma folga de 10%. Lembre-se, ainda que a vazão em um vertedor tubular é dada por Q = K.L.H1,42, com K dado na tabela seguinte: De (m) K 0,175 1,435 0,250 1,440 0,350 1,455 0,500 1,465 Exercícios de Aplicação 05 • Um reservatório retangular tem um orifício circular de 10 cm de diâmetro na sua parede, conforme figura. O Cd para o orifício foi estimado em 0,65. Na parte superior do reservatório existe um vertedor retangular de parede delgada, sem contrações, com largura de soleira 50 cm e Cd = 0,68. Qual a vazão no vertedor quando a vazão no orifício for 30,2 l/s? Exercícios de Aplicação 06 • Um vertedor retangular de soleira fina, de 1,10 m de largura está instalado em um canal de 2,00 m de largura, em uma de suas laterais, com a soleira a 1,50 m do fundo do canal. Quando a carga for de 35 cm, calcule o desvio percentual entre a vazão calculada com a fórmula de Francis e com a fórmula da SBM.