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04/10/13 1 O Escravo na Grande Lavoura Emília Viotti da Costa Modelo Escravista ! Ocupação de grandes extensões de terra ! Século XIX: início da crise ! Oposição dos centros industrializados: mercado ! Brasil: sem apoio político para proteção da indústria ! Consolidação do modelo agrarioexportador; ! Interesses internacionais versus interesses do setor agrário ! Estrutura de produção tradicional 04/10/13 2 Dimensão política ! Constituição de 1824: defesa dos “direitos do homem” ao lado da manutenção da escravidão ! Jesuítas: “tratamento cristão” aos escravos ! Pe. José Bolonha e Pe. Manuel Ribeiro da Rocha (século XVIII): escravidão ilegítima e não cristã; ! Para maioria, escravidão era “natural” ! Inconfidentes mineiros: sem consenso sobre a escravidão ! Revolucionários Pernambucanos de 1817: emancipação e direito de propriedade Dimensão Política ! Independência e emancipação: José de Bonifácio e Maciel da Costa ! Ideias liberais contra a escravidão: rendimentos inferiores, entraves à industrialização, risco à segurança nacional, questão moral ! José de Bonifácio: escravidão não era direito à propriedade, mas direito à força; medidas graduais ! Pouca ressonância na época ! 1870 - Mudanças na sociedade: abolição da escravidão ganha espaço na imprensa, recebe apoio popular e acirra os debates parlamentares 04/10/13 3 A Grande Lavoura ! Expansão da grande propriedade e inviabilidade econômica da pequena propriedade ! Brasil após independência: 2,8 milhões de homens livres e 1,4 milhões de escravos ! 4/5 das terras nas mãos dos grandes proprietários ! Trabalho livre como mão-de-obra suplementar ! Clientela do senhor: capangas, cabos eleitorais e eleitores ! Trabalhadores livres nas lavouras de café: não muito diferentes de vida dos escravos ! Escravos alugados ou de ganho: sapateiros, carpinteiros, funileiros, alfaiates, carregadores, vendedores ambulantes Pressões e contradições ! Revolução Industrial derrubava sistema escravista ! Pressões inglesas para a supressão do tráfico ! Brasil independente: compromisso de honrar acordos entre Portugal e Inglaterra ! Lei de 1831: escravos de fora do Império seriam livres penas ao tráfico ! Dificuldades no combate ao contrabando de escravos ! 1840-1850: contrabando de 30-40 mil escravos; lucros vultosos para os traficantes 04/10/13 4 Pressões e contradições ! Política inglesa contra tráfico e domínio do mercado acirravam sentimentos contra os ingleses ! Lei votada pelo Parlamento Britânico (Bill Aberdeen) em 1845: apreensão de embarcações utilizadas no tráfico; crime de pirataria ! Tráfico continuo ativo: mais 50 mil escravos desde 1845 ! Lei 1850: maior pressão contra os contrabandistas ! Baixa taxa de natalidade e alta taxa de mortalidade: necessidade de melhoria das condições de vida dos escravos Vida de Escravo ! Precariedade de assistência médica: morte por doenças ! Abandono de escravos doentes ou velhos ! Vida de trabalho média: 15 anos ! Taxa de mortalidade infantil: 88% ! Mesmo quando “bem tratados”, número de escravos reduzia- se a 5% ao ano ! Mais homens do que mulheres; lei contra a venda de filhos naturais do senhor de escravos 04/10/13 5 Vida de escravo ! Senhor de escravos como o juiz, policial, autoridade religiosa e, ocasionalmente, autoridade benevolente ! Relações afetivas entre senhores e escravos: ao encontro dos interesses de manutenção do sistema escravista ! Preconceito contra o negro: distanciamento entre casa grande e senzala; zonas cafeeiras mais novas ! Ideologia associando a “natureza” do negro à condição servil; preconceito também entre os republicanos e positivistas ! Crueldade e frouxidão igualmente condenados: padre e feitor Vida de escravo ! Temor constante de revoltas: controle na circulação de escravos; proibição de compra de mercadorias de escravos se autorização do senhor ! Revoltas: cunho religioso de escravos muçulmanos; revoltas dos Maltês, Alagoas e Bahia, 1815 e 1835; Ouro Preto e São João do Morro antes da Independência ! Quilombos famosos: Jabaquara em São Paulo e Gávea no Rio de Janeiro ! Mercado para os capitães-do-mato ! Abandono em massa dos engenhos de açúcar e lavouras de café; hostilidades e posterior solidariedade 04/10/13 6 Migração dos escravos ! Nordeste passou a fornecer escravos para a região cafeeira no Sudeste ! Demanda pro coolies (trabalhadores braçais originários da Ásia) ! Migração das regiões decadentes para as mais produtivas ! Taxas no Norte e Nordeste para coibir a venda de escravos ! Concentração na plantações de café Experiências iniciais com colonização ! Colônias de D. João VI: subsistência e migração para cidades ! Império: apenas sucesso relativo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina ! Propostas iniciais: colono teria acesso à terra; sistema de parceria com fazendeiros fracassa ! Convivência difícil entre mão-de-obra escrava e colonos ! Governos estrangeiros: restrição à migração para o Brasil ! Substituição gradual pelo sistema assalariado ! Mito do “brasileiro preguiçoso” 04/10/13 7 Modernização da produção ! Melhoria nos transportes ! 1860: viagem ida e volta São Paulo-Santos em 10-12 dias ! Construção das ferrovias: benefício para algumas regiões, desastre para outras ! Santos-Jundiaí: 1867; 1872 chega à Campinas ! Melhorias técnica na produção de açúcar e beneficiamento do café – aumento da produtividade ! Açúcar: sem condições favoráveis (com algumas exceções) ! Estímulo aos engenhos centrais; entrada de capital estrangeiro Modernização da Produção ! Novo modelo empresarial em conflito com o sistema escravista ! Ceticismo de donos de engenho com o trabalho livre ! Mesmo acontecia com setores tradicionais na produção do café ! Vale do Paraíba (escravista) versus Oeste Paulista (empresarial) ! Preferência dos imigrantes pelo Oeste Paulista 04/10/13 8 Impulso ao trabalho livre ! Preços internacionais do café e expansão do cultivo ! Desaparecimento do sistema escravista em outras partes do mundo; pressão abolicionista cresce no Brasil ! Mudanças na economia e nas técnicas de produção favoreciam a adoção do trabalho livre ! Custo de manutenção dos escravos ! Condições internacionais favoráveis para a imigração ao Brasil; perda de terras depois da unificação italiana (fim século XIX e início século XX) ! Estímulo do governo paulista à imigração subvencionada Movimento Abolicionista ! Fazendeiros modernizados: favoráveis ao fim da escravidão ! Camadas médias urbanas: cada vez mais favoráveis ao abolicionismo ! Ações dos “caifazes”: libertação de escravos ! Imigrantes: apoiadores da abolição ! Papel dos negros e libertos: rebelião e resistência dos escravos ! Recuo da defesa doutrinária da escravidão; acusações de subversão e “comunismo” ! Papel da imprensa e da literatura; invocação da lei de 1831 04/10/13 9 Resistência à emancipação ! Lei do Ventre Livre (1871): trabalho até 21 anos como retribuição ao “ônus pelo seu sustento ! Emancipação dos sexagenários (1884) ! Fundo de emancipação: emancipações espontâneas maiores do que as patrocinadas pelo fundo (10 mil x 70 mil) ! Cons. Manuel Pinto de Souza Dantas (1884): “Nem recuar, nem parar, nem precipitar” ! Multiplicam-se as fugas em massa ! Gabinete de João Alfredo (1888): extinção imediata e incondicional da escravidão Legado da Escravidão ! Poder migra para áreas mais dinâmicas da economia ! Desenvolvimento econômico aumenta, apesar da decad6encia acelerada em certas regiões ! Muitos preconceitos mantiveram-se inalterados ! Ex-escravos em situação de desvantagem com os estrangeiros ! Escravidão como problema prático, não moral ! Marginalização do ex-escravo ! Sem ruptura definitiva com o passado 04/10/13 10