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Para Entender a Terra - Cap 16

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Enviado por Guilherme Santana em

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Diversasgeleirasencontram-senasMontanhasSaint Elias,no ParqueNacional Kluane,Yukon,Canadá.
[StephenJ. Krasemann/DRK Photo]
WALT WHITMAN
• A descargadeáguaeacargasedimentardosprincipaissistemasfluviais
• A quantidadedesedimentoslançadanosoceanos
Vistos doespaço,osvastosoceanosazuise asnu-
vensbrancasda Terrasalientamde formaim-
pressionantequea águacobreo nossoplaneta.
Mas asimagensdesatélitedasregiõespolarese ospicos
brancosdascadeiasmontanhosastambémnosmostram
quegrandepartedessaáguaestácongelada(Figura16.1).
Cercade10%dasuperfícieterrestreemersaestãoco-
bertosporgeloglacial,grandepartedo qualsemovede
formalentaecontinuada,radialmenteapartirdoscentros
dosmantosdegelopolareencostaabaixonospicosmontanhosos.Numcurtointerva-
lo detempo,o gelosederretenosbordosdasgeleirasaumataxaaproximadamentese-
melhanteàdoavançodasmesmase,assim,aáreatotaldegelopermanececonstante.
Numlongointervalodetempo,o esfriamentoglobalpodeexpandiroslençóisde
gelo,quandoo derretimentodeixadeacompanharastaxasdeacumulaçãoe o movi-
mentodogeloglacial.Há 20mil anos,o queépoucotempo,aneveeo gelocobriram
umasuperfíciequasetrêsvezesmaiorqueaocupadaatualmente.Por outrolado,so-
menteapartirdasúltimasdécadas,o aquecimentoglobalpodeestarsendoacausada
retraçãodoslençóisdegelo,àmedidaqueo derretimentovemsendomaisrápidoque
a acumulaçãoe o movimento.Os efeitosemtodoo mundopoderãoserimensos.O
derretimentodogelofarácomqueo níveldomareleve-see ascidadescosteirassub-
merjam.As zonasclimáticaspoderãomigrar,fazendocomqueaszonastemperadas
transformem-seemsemi-áridase vice-versa.Não hádúvidadequeo conhecimento
dasregiõesgeladasdaTerraéumtemaabsolutamenteprático.
Além deseremindicadorasdasmudançasclimáticas,asgeleirastambéminfluen-
ciamfortementeaformadaspaisagens(verCapítulo18).Muitasdaspaisagensdoscin-
turõesmontanhososforamesculpidaspelasgeleiras,quesederreteramdesdeentão.As
geleiraserodemvalescomparedesabruptas,raspamassuperfíciesdosubstratorochoso
ean"ancamimensosblocosdeseusassoalhosrochosos.No intervalorelativamentecur-
todotempogeológicoemqueocorreramasrecentesidadesdogelo,asgeleirasesculpi-
rammuitomaisorelevodoquefizeramosrioseovento.A erosãoglacialcriaenormes
quantidadesdedetritos.O gelotransportaimensastonelagensdesedimento,carregando-
o nabordadeumageleira,ondeédepositadooucarregadoadiantepelosriosdaáguade
degelo.EmtodaaTerra,aerosãoeasedimentaçãoglacialafetam:
" '"
"Grande é a Terraeomodocomoelatornou-seo queé.
Voc'ê~,imaginaparadacomoestá?"
ogelo éuma rocha 388
Como as geleiras se movem 394
As paisagensglaciais 401
Idades do gelo: a glaciação pleistocênica
408
3881 ParaEntenderaTerra
• A erosãoe asedimentaçãonasáreascosteirase nasplatafor-
mascontinentaisrasas
Nestecapítulo,analisaremosemdetalhesasgeleiraster-
restres,o modo comoelasmudam e comoos sistemasda
Terra easatividadeshumanasafetamesãoafetadospor es-
sasmudanças.Tambémexaminaremososefeitosdasgelei-
ras ao carregaremedepositaremcargassedimentares,dei-
xando suas marcasna superfícieterrestreà medidaque
avançameseretraem.
,\\_\
" },i
..eloéuma rocha
oqueéo gelo?Paraumgeólogo,umblocodegeloéumaro-
cha,umamassadegrãoscristalinosdegelomineral.Comoa
maioriadasrochas,o geloéduro,masémuitomenosdenso
quegrandepartedelas.Suaorigem,comofluidocongelado,é
idênticaàdasrochasígneas.Damesmaformaqueossedimen-
tos,elesedepositaemcamadasnasuperfícieterrestree pode
acumular-seporgrandesespessuras.À semelhançadasrochas
metamórficas,eleétransformadopelarecristalizaçãosobpres-
são.O geloglacialforma-sepelosoterramentoepelometamor-
fismodo"sedimento"neve.Flocosdegelo- cadaqualumsim-
plescristaldegelomineral- poucocompactadosenvelheceme
recristalizam-secomomassasólida(Figura16.2).A caracterís-
Figura 16.1 Imagemdesatélitedeparte::.=.
Antártida,obtidaem8 dedezembrode19::::
cenamostraa PlataformadeGelodeRoss._
montanhaocasionalpodeservista
sobressaindo-senogelo.Comoestánofin- -
primaveranaAntártida,o Solnuncasepõe =
continentegeladoefrionessaépoca.
ticaincomumdomineralgeloéasuatemperaturadefusão_
tremamentebaixa- centenasdegrausmenorqueastempe
rasnasquaisamaioriadosmineraissefunde.
oqueéumageleira?
Uma massadegelo,comoqualqueroutramassaderocM
solo da superfícieterrestre,podemover-semorroabaixo..
geleirassãograndesmassasdegelonasuperfíciequemos
evidênciadeestarememmovimentooudeteremsemovid
gumavez.As geleirassãoclassificadas,combasenoseu -
nhoeforma,emdoistiposbásicos:geleirasdevalese gel
continentais.
Geleirasde vale Muitosesquiadorese escaladoresdem
nhasestãofamiliarizadoscomasgeleirasdevale,1àsvezes
madasdegeleirasalpinas(Figura 16.3).Essesriosdegelo-
mam-senasfriasaltitudesdascadeiasmontanhosas,ondea ~
seacumula,comumente,emvalespreexistentes,efluemd _
abaixopelosubstratorochosodosvales.Umageleiradevale_
ralmenteocupatodaalarguradovaleepodesoterraro sub
rochoso,noqualassentasuabase,sobcentenasdemetrosde
10.Em climasmaisquentesdelatitudebaixa,asgeleirasde
podemserencontradassomentenascabeceirasdosvalesdo.
cosmontanhososmaisaltos.Um exemplodissoéo gelogl
quecobreasMontanhasdaLua, nolestedaÁfricaCentral.-=
::::Laisfriosdelatitudealta,asgeleirasdevalepodemdes-
-"osquilômetros,atingindoaltitudesbem menorese
-- dotodaaextensãolongitudinaldovale.Emcertoslu-
::xtensoslobosdegelopodemestender-seatéas terras
-=-~asquebordejamossopésmontanhosos.As geleirasde
-0.-=fluemnascordilheirasmontanhosascosteiraspodem
;:Iaorlaoceânica,ondemassasdegelorompem-sebrus-
paraformaricebergs.
continentaisUmageleiracontinental2éumespes-
•~ldegelo(aquitambémchamadodemantodegelo)que
- ;:-andepartedeumcontinenteemove-sedeformaextre-
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1389
Figura 16.2 Ummosaicotípicode
cristaisdegeloglacial.Ospequenos
pontoscircularesetubularessão
bolhasdear.[ScienceVU/NOAA/
USGS/VisualsUnlimitedJ
mamentelenta.Atualmente,os maioresmantosde gelo do
mundocobrema maiorpartedaGroenlândiae daAntártida3
(Figura 16.4).O geloglacialdaGroenlândiaedaAntártidanão
estáconfinadoaosvalesmontanhosos,mascobrevirtualmente
todaasuperfícieemersa.Na Groenlândia,2,8milhõesdequi-
lômetroscúbicosdegelocobrem80%daáreatotaldailha de
4,5milhõesdequilômetrosquadrados.A superfíciedomanto
de gelolembraumagigantescalenteconvexa.No seuponto
maisalto,nocentrodailha,o geloatingemaisde3.200m de
espessura(Figura 16.5).A partirdessaáreacentral,asuperfí-
ciedegelodeclinaparatodososladosatéo mar.Na costabor-
dejadapormontanhas,o mantodegeloquebra-seemestreitas
Figura16.3GeleiraHerbert,uma
geleiradevale,próximaaJuneau,no
Alasca.[GregDimijian/Photo
Researchers]
Altitude (m)
n3000
2500
2000
1500
1000
O
D Sem g--
A
$!S-~.-
--- --~~
Estreito~
de Davis~-....•."{
.. d...
t....'t,,;·~
"
OCEANO ATLÂNTlCb
A B
Êt_~i-~~J
O 200 400 600 800 1000
Distância (km)
medidaqueaumentaa altitudeacimado solo.A altituded2.
nhadeneve- ondeacimadelaanevenãosederretetotalni=I
tenoverão- varia.
Mesmoemclimasquentes,asgeleirastambémpodelL.
formar,casoasmontanhassejamsuficientementealtas.Pró
moaoequador,asgeleirassomenteseformamemmont~
cujasaltitudesultrapassam5.500m.Essaaltitudemínima:...
Figura16.5 A extensãodo mantode geloglaciale a altitud2
da superfícieda Groenlãndia.A secçãotransversalesquemátiG.
A-B, do sul da regiãocentralda Groenlãndia,mostraa formac=
lentedo mantode gelo.O gelo move-sede formadivergenteê
parabaixoa partirdo ponto maisespessodasecção.[Fonte:
Flint,R. F.,GlacialandQuaternaryGeology (NewYork:Wiley,
1971)]
Como asgeleirasseformam?
Umageleirainiciacomumaabundanteprecipitaçãodeneveno
invernoquenãoderretenoverãoseguinte.A neveé lentamen-
teconvertidaemgeloe,quandoesteficaespessoo suficiente,
começaafluir.
Primeiro requisito: temperaturasbaixas Paraumageleira
seformar,astemperaturasdevemserbaixaso suficientepara
manteranevesobreo terrenodurantetodoo ano.Essascondi-
çõesocorrememlatitudesaltas(regiõespolaresesubpolares)e
altasaltitudes(montanhas).ComoobservadonoCapítulo15,o
Sol aqueceaslatitudesaltasmenosintensamente,porqueali os
raiosincidemobliquamenteàsuperfícieterrestre.
As grandesaltitudessãofrias,comoosprimeirospilotosde
aviõesdescobriramaovoaremmuitoalto,porqueosprimeiros
10 km dabasedaatmosferatornam-secadavezmaisfrios à
390I ParaEntendera Terra
línguas,lembrandogeleirasdevalesqueserpenteiamasmon-
tanhasatéalcançaromar.Aí, amassadegelorompe-sebrusca-
menteparaformaricebergs.
EmboraomantodegelodaGroenlândiasejaenorme,elefi-
capequenoquandocomparadocomo mantodegelodaAntár-
tida(Figura 16.6).O gelocobre90%docontinenteantártico,
ocupandoumaáreadecercade 12,5milhõesdequilômetros
quadrados,ealcançaespessurasdeaproximadamente3.000m.
NaAntártida,comonaGroenlândia,o geloformaumdomona
suaregiãocentral,queseinclinaemdireçãoàsmargens.Em
certoslugares,lençóisdelgadosdegeloqueflutuamnooceano
permanecemcontíguosàgeleiraprincipal.4A maisbemconhe-
cidadessasformaséaPlataformadeGelodeRoss,umaespes-
sacamadadegelocomo tamanhoaproximadode700mil qui-
lômetrosquadrados5queflutuasobreo Mar deRoss.
As calotasdegelo6sãoasmassasdegeloformadasnospó-
losNortee SuldaTerra.A maiorpartedacalotadegeloártica,
localizadanasmaisbaixaslatitudesdoNorte,estende-sesobre
aáguaegeralmentenãoéreferidacomoumageleira.Já acalo-
tadegeloantárticaestende-sequasetodasobreterrasemersas
- o continentedaAntártida- eéconsideradacomoumagelei-
racontinental.
figura'16.4 CordilheiraSentinela,Antártida.Essasmontanhas
elevam-seacimada espessageleiracontinentaldaAntártida.
[BettyCrowell]
\\
'~
- -E (m)
-000
~500
3000
:500
_000
-500
-000
:!.etaforma
-=Egelo
Águado mar
Distância (km)
- :on tantementeemdireçãoaospólos,ondea nevee o
=atantêma cadaciclo anual,mesmoao nível do mar
16.7).
. requisito:quantidadeadequadadeneveA nevee
~ ~o degeleirasnecessitamtantodeumidadecomode
::. ,-entoscarregadosdeumidadetendema precipitara
::;::rtedesuanevenavertentedacadeiamontanhosana
:" o vento(barlavento),demodoqueo ladoprotegido
=alO temgrandeprobabilidadedesersecoesemneve.A
altasmontanhasdosAndes,naAméricadoSul,por
. itua-senumacélulade circulaçãoatmosféricana
-r-:'"--1orninamosventosdoleste.As geleirasformam-senas
=;;úmidasdoleste,emborao ladosecodooestetambém
poucodeneveegelo.
:-:imasfrios nãosãonecessariamenteos maisnevados.
- pIo,acidadedeNome,8noAlasca,temumclimapo-
omumatemperaturamáximamédiaanualde9°C,
- mente4,4cmdeprecipitaçãoanual,virtualmente,to-
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1391
Figura 16.6 Estemapaaltimétricoe a
secçãotransversalda Antártidamostramo
relevodos mantosde gelo quecobrem
todo o continentee a superfícieabaixo
deles.As plataformasde gelosão
mostradasembranco.[Fonte:U. Radok,
"The AntareticIce."ScíentificAmerican
(August,1985): 100;baseadoemdados
do InternationalAntarticGlaciological
Projeet]
daelanaformadeneve.Compareessesdadoscomaquelesda
cidadedeCaribou,9no estadodoMaine (EUA), quetemum
climaflio comumatemperaturamáximamédiaanualde25°C
eumaprecipitaçãomédiaanualde90em.A precipitaçãomé-
diaanualdeneveé decolossais310em.Entretanto,ascondi-
çõesdaregiãodeNome,ondepoucanevederrete,sãomelho-
resparaa formaçãodegeleirasqueascondiçõesdeCaribou,
ondetodaa neveprecipitadaderrete-senaprimavera.Em cli-
masáridos,é absolutamenteimprovávelqueasgeleirassefor-
mem,amenosqueatemperaturasejatãobaixadurantetodoo
anoque,virtualmente,anevenãosederretae sejatodapreser-
vada,comoocorrenaAntártida.
Crescimento da geleira: a acumulação
A neve,logoapósprecipitar-se,éumamassafofadeflocossol-
tos,comempacotamentoaberto.À medidaqueospequenose
delicadoscristaisde gelopermanecempor algumtempono
chão,elesseretraeme setornamgrãos(Figura 16.8).Durante
Gelo
granular
Neve
Figura16.8 Estágiosnatransformaçãode cristaisde neve,
primeiroemgelogranular,depoisemnevadoe,finalmente,emge-
glacial.Umaumentocorrespondentedadensidadeacompanhae
transformaçãoà medidaqueo ar éeliminadodo empacotamento
dos cristais.[Fonte:H. Baderet ai., "DerSchneeundseine
Metamorphose."Beitragezur CeologiederSchweiz(1939)]
2. Desprendimentode icebergl2 Pedaçosdegelodesco
see formamicebergsquandoumageleiraalcançaa linh
costa(Figura 16.9).
3. SublimaçãoEm climasfrios,o gelopodepassardiretam~
doestadosólidoparaogasoso.
4. ErosãoeólicaVentosfortespodemerodiro gelo,princip_
menteporderretimentoesublimação.
A maiorpartedaretraçãoglacialqueresultadoaquecirn
ederretimentoocorrenaregiãodabordadageleira.Assim,
moqueumageleiraestejaavançandoencostaabaixooura .
menteapartirdeseucentro,abordadegelopodeestarsere
do.Os doismecanismospelosquaisasgeleirasperdemafi
partedogelosãooderretimentoeodesprendimentodeicebe:
completa.O gelo,assimcomoa água,flui encostaabaixo.
aatraçãodagravidade.O gelomove-sedescendoumvale
montanhasouapartirdocentrodeummantodegelocon. ~
tal,quetemaformageraldeumdomo.Em ambososcaso-
aextensãodageleiraparaasaltitudesmaisbaixas,ondeas-~
peraturassãomaisquentes.
A quantidadetotaldegeloqueumageleiraperdeacada
é chamadadeablação.Os mecanismosresponsáveispela
dadogelosão:
1. DerretimentoÀ medidaqueo geloderrete,a geleira
material.
ÁfricaCentral
(Kilimanjaro)
5.500m
Equador
t
SudestedaÁsia
e Himalaia
4.500-6.000m
Alpes
2.800m
Regiões
equatoriais
> 5.000m
essatransformação,amassadeflocosdenevecompacta-sepa-
raformarnevegranulardensa.À medidaquemaiorquantidade
deneveprecipita-see soterraaantiga,anevegranularvai au-
mentandosuacompactaçãoparaumaformahomogeneamente
maisdensa,chamadadenevado.1OO ulteriorsoterramentoe
envelhecimentoproduzgeloglacialduroàmedidaqueosgrãos
menoresrecristalizam-se,cimentandotodososdemaisgrãos.
Todoesseprocessopodelevarsomentealgunspoucosanospa-
rasecompletar,emboraumperíodode10a20anossejaomais
provável.Umageleiratípicacresceumpouconoinverno,àme-
didaquea nevecai na suasuperfície.A quantidadedeneve
anualmenteadicionadaàgeleiraéasuaacumulação.11
À medidaquea nevee o geloglacialseacumulam,eles
aprisionamepreservamvaliosasrelíquiasdopassadodaTerra.
Em 1992,cientistasitalianoseaustríacosanunciaramquedes-
cobriramo corpodeumhumanopré-históricopreservadono
geloalpinonafronteiraentreseuspaíses.No nortedaSibéria,
animaisextintos- comoo mamutepeludo,umacriaturapré-
históricaparecidacomumgrandeelefante,quecruzavaporter-
rasgeladas- foramencontradoscongeladosepreservadospe-
lo geloantigo.Partículasdepóe bolhasdegasesatmosféricos
ancestraistambémestãopreservadasemgeloglacial(verFigu-
ra 16.2).As análisesquímicasdasbolhasdear,encontradasem
gelomuitoantigoesoterradoemgrandesprofundidadesnaAn-
tártidaenaGroenlândia,informam-nosdequeosníveisdedió-
xidodecarbonoatmosféricoforammaisbaixosduranteaúlti-
maglaciaçãodoqueduranteo períodoseguinteemqueasge-
leirascomeçaramaseretrair.
Figura 16.7 A altitudeda linhade neve- acimada quala neve
não sederretecompletamenteno verão- variacoma latitude.A
linhade neveestápróximaou no próprio níveldo marnasregiões
polarese emaltitudesde maisde 5.500 mno equador.
Níveldo mar
3921 ParaEntender a Terra
Pólo
Retraçãoglacial:ablação
Quandoo geloseacumulaatéatingirumaespessurasuficiente
paradarinícioaoseudeslocamento,aformaçãodageleiraestá
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1393
mesmaquantidadeemqueocorreaablaçãonasuaparteinfe-
rior.Seaacumulaçãoexcedeaablação,ageleiracresce;caso
contrário,elaseretrai.
O balançodemassavariadeanoaano.Emalgunscasos,es-
sesbalançosmostramtendênciasdecrescimentoouderecuoco-
morespostaàsvmiaçõesclimáticasduranteváriasdécadas.Con-
siderandoamédiadosúltimosmilharesdeanosatéhoje,várias
geleiraspermaneceramconstantes.Agoraquemuitoscientista
passaramaconsiderarosefeitosdoaquecimentoglobalnoclima
daTerra(verCapítulo23),osgeólogospropuseramqueosbalan-
=nçode massaglacial:
...-"ulaçãomenosablação
-5-ençaentrea acumulaçãoe a ablação,chamadadeba-
_-,demassaglacial,13resultano crescimentoou naretra-
~ umageleira(Figura 16.10).Quandoa acumulação
_- a ablaçãoé igual a zeroduranteumlongoperíodo,a
permanecenumtamanhoconstante,mesmoquando
naafluir decliveabaixoa partirdaáreaondeé forma-
-.:..:.geleiraacumulanevee gelonasuaregiãosuperiorna
Figura16.9 Desprendimentode iceberg
no ParqueNacionalWrangell-Sain [lias.
Alasca(EUA).A desagregaçãoocorre
quandoblocos imensosdegelo descolam-
se na bordade umageleiraquesemo eu
emdireçãoao litoral. [TomBean)
I A frentedageleiraavança.
Figura 16.10 A acumulaçãode umageleiraocorre
principalmentepelaprecipitaçãode nevenasregiões
maisaltase frias.A ablaçãotemlugarprincipalmente
nasregiõesmaisbaixase quentes,sejapor
sublimaçãoe derretimentoou por desprendimento
de icebergs.A diferençaentrea acumulaçãoe a
ablaçãoéo balançode massaglacial.
Acumulação < ablação
Acumulação =ablação
Acumulação>ablação
§
Lençolde gelo sobreo solo••
N
Plataformade geloflutuante tMar abertoegelo marinho 50 km
3941 ParaEntender a Terra
çosglaciaisdevemsermelhormonitorados.A retraçãoglacial
emcertasáreaspodeserumbomavisodaocorrênciademudan-
çaclimáticalocalouregional.Em 1995,porexemplo,ossatéli-
tesforneceramimagensdasplataformasdegeloentreaPenínsu-
la Antárticae aAntártidaOcidental.Essasimagensmostraram
umaextensaretraçãodaplataformadegeloeo desprendimento
deumicebergde80kmdecomprimento.Esserecuocorrespon-
deaumaquecimentode2,5°CdoladooestedaAntártidanosúl-
timos50anos.Podemosobservarumpadrãosimilarderetração,
emboranumaproporçãomenor,numapequenaplataformade
gelodaPenínsulaAntárticaentre1936e 1992(Figura 16.11).
Entre1995e 2002,o mantodegelodaAntártidaOcidentalper-
maneceurelativamenteestável;somenteemáreascomparativa-
mentepequenashouvefragmentaçãonesseperíodo.Durantefe-
vereiroemarçode2002,entretanto,umagrandeporçãodapla-
taformadegelocolapsouefragmentou-semaisadiantedaPenín-
sulaAntártica.Os cientistasestãocadavezmaispreocupados
comasfragmentaçõeseretraçõesdosmantosdegelo,poispode-
rãoocasionarasubidadoníveldomaro suficienteparainundar
periodicamentemuitascidadeslocalizadasnacosta.Discutire-
mosposteriormente,nestecapítulo,osprocessosquelevamao
colapsodasplataformasdegelo.
Geleiras:movendoaabundânciadeáguapara
regiõesmaisdeficitárias?
À medidaqueumageleirasefunde,grandesquantidadesde
águadedegelofluema partirdesuaporçãoinferiore desuas
bordas.Essaáguadedegeloé aprincipalfontederiosde-_
fria quefluememvalesintermontanosmaisabaixodasge
rasoSeumvaleglacialébloqueadopelosdetritosglaciai.
lagopodeseformarnaterminaçãodageleira.
A abundânciadeáguadedegelomostraquegrandesq
dadesdeáguadocesãoarmazenadaspelogeloglacial.As ge
raspoderiamserfontesdeáguadocepararegiõesdeficitárias_
água,casoo transportedesdeafonteatéosusuáriospudes~
feitodemodoeconômico.Algunsgeólogostêmatésugerido-:.
osicebergspoderiamserrebocadosatravésdosoceanos,da
maformaqueasbarcaças.Emboraessaidéianãosejamuito;""_
ticanomomento,elapodeserconcebívelparaumusofuturc
"'
\\\
'Jii,o as geleiras se movem
Quandoaespessuradogelotorna-sesuficiente- normalm~
váriasdezenasdemetros- paraquesuaresistênciaaom
mentosejasuperadapelaforçadagravidade,elecomeça_
deslocare, assim,toma-seumageleira.O gelodeforma-=~
flui lentamentedecliveabaixodamesmamaneiraqueo fl_
larninardeumacorrentedeáguadelgadaelenta(verCapÍ
14).O movimentodasgeleiraséresponsávelpelaimensaq
tidadedotrabalhogeológicofeitopelogelo.De fato,foi a
servaçãodosresultadosdomovimentoglacial- erosão,
portee sedimentação- quelevouoscientistasapercebere-
queo gelofaz quandosemove.Ao contráriodafacilidad~
Figura 16.11 Sucessivosestágiosda retraçãode umapequenaplataformade geloda PenínsulaAntárticaentre1936e 1992.A ár::.:
mostradanos retângulostemaproximadamente90 por 70 km.Como indicamos trêsprimeirosquadros,a plataformacresceuum
pouco entre1936e 1966, mas,depois,retraiu-sedramaticamenteduranteos 26 anosseguintes,recuandoparasuamenorposição:::-
1992. [Fonte:D. G. VaughanandC. S. M. Doake,"RecentAtmosphericWarmingand retreatof Ice Shelveson theAntarcticPeninsulê.-
Nature379 (1996):328-330]
Fendas A partesuperiordeumageleira(maisrasaqueaproxi-
madamente50m)sofrepoucapressão.Em pressõesbai.'C3S.o
gelocomporta-secomoumsólidorígidoe frágil,ra han à
medidaqueéarrastadoadiantepelofluxoplásticodogelo50-
toposto.Essasfissuras,chamadasdefendas,l~ quebram
perfíciedogeloemváriospedaçospequenosegrandes'Ti21l-
ra 16.13).As fendasocorremmaiscomumenteemI ~lliCSOD-
deadeformaçãodageleiraé intensa- taiscomonaregi-o ró-
ximaàparederochosadovalecontraaqualogeloé~Lado .
nascurvasdovalee ondeo decliveficaacentuadamentemais
íngreme.O movimentodogelosuperficialrúptiJnes -lugare
é um"fluxo"resultantedosdiversosdeslizamemoeDITOe e
blocosirregulares,decertomodosimilare àquel que.mi-
croscopicamente,severificamentreos ri taisdegelo.porém
numaproporçãomuitomaior.
geloeo soloe atemperaturadopontodefusãodogelo__-aba-
sedageleira,o geloestásobaimensapre ãodope- dam a
glacialsobreposta.Elediminuiseupontode ong lamentoom
o aumentodapressão,demodoquesefundean:es a - da
geleira,ondesetomaumlubrificante,doquena-lIpe'dcieda
mesma.Esseé o mesmoefeitoquetornapossí\"ela_ ·0
sobregelo.O pesodocorposobreaestreitalâminado Tor-
necepressãosuficienteparaderreterumpoucoo geloq
justamenteembaixodela,o quealubrificaepossibilitaque
lize facilmentesobrea superfície.Da mesmaforma.o derre'-
mentodogelonabasedageleirageraumacamadalubriii
deáguasobreaqualo gelosobrepostopodedeslizar_
Além dapressão,atemperaturadogelonabasedeumag~-
leiradependeparcialmentedatemperaturasuperficialdogeloe
do influxo decalorprovenientedo terrenosotoposto.Em r -
giõestemperadase moderadamentefrias,a temperaturado ar
nasuperfícienãoétãobaixa,demodoqueatemperaturanaba-
sedageleirapodeseraltao suficienteparaqueocorraalgum
derretimento.
Em 1996,umaequipedegeólogosrussosanunciouadesco-
bertadeumgrandelagodeáguadocea4 kmsobo gelodare-
giãocentraldaAntártida.O lagotem200kmdecomprimento
e ocupaumaáreade 14.000km2. O lagoVostok,comoécha-
mado,temseunomedevidoà estaçãorussadeperfuraçãode
gelo(verReportagem16.1).Cercade70outroscorposdeágua
docededegelosobaregiãocentraldomantoglacialdaAntár-
tidaforamidentificados,emborasaibamosrelativamentepou-
co sobreaspossíveisinterconexõesentreeles.
As áreasmoderadamentefriasdasregiõestemperadastipi-
camentecontêmvalespreenchidosporgeleiras.Em taisáreas,
o gelopodeatingiropontodefusãonãoapenasnabasedage-
leira,mastambémnassuasporçõessuperiores,particularmen-
tenaspartespróximasàsuperfície,seo arestivermaisquente
queo pontodecongelamento.O fluxo plásticocontribuicom
umapequenaquantidadedocalorinternodageleira,apartirda
fricçãogeradapelosdeslizamentosmicroscópicosdoscristai
sobagrandepressãodogelo.Nessasgeleiras,aáguaocorreno
gelocomopequenasgotasentreoscristaisecomopoçasemtú-
neisnogelo.A águaexistenteemtodoo interiordageleirafa-
cilita o deslizamentointernoentreascamadasdegelo.Além
disso,o gelopodederreterumpouconabaseecongelarno,-a-
mente,movendo-seumpoucomaisdecliveabaixo,acada\"ez
queISSO ocorre.
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 395
=rvaro fluxorápidodeumrio, o movimentodogeloétão
que,deumdiaparao outro,atéparecequeelenãosemo-
-=formaalguma,ensejandoaexpressão"mover-senoritmo
~lo".
_~taxademovimentodogelocresceàmedidaqueaumenta
--lividadeoua espessuradageleira.Mesmonumasuperfí-
- .;;lana,comonumaterrabaixacontinental,o gelofluirá se
=::ririrespessurasuficiente.Exatamentecomoumfluidovis-
" flui numasuperfícieplana- porexemplo,melnumafatia
: -o -, umageleiracontinentalflui eseestendeàmedidaque
-::.espessuraaumenta.Comopodeo gelo,umsólido,fluir
sefosseumlíquidoviscosomovendo-selentamente?
. entodageleirapor deslizamentobasal O outromeca-
demovimentodogeloé o deslizamentobasal,queé o
entodageleiraaolongodesuabase(Figurapanorâmi-
- :_c). A quantidadeeo tipodedeslizamentobasalvariam,
endodadiferençaentreatemperaturado limiteentreo
_ mecanismosdo fluxoglacial
5eleirasfluemprincipalmentedevidoa doismecanismos:
o plástico e deslizamentobasal (Figura panorâmica
~). No fluxoplástico,o movimentoocorredentrodogelo.
""slizamentobasal,o gelodeslizadecliveabaixo,comose
~umaúnicapeça,aolongodabasedageleira,aexemplode
jolo deslizandonumatábuainclinada.A interfaceentreas
erlíciesdogelosobrepostoeadoterrenosotopostopodenão
:::emdefinida.Pelocontrálio,essainterface- especialmente
o terrenoéconstituídoporsedimentosourochassedimen-
- frágeis- éumatransiçãoentreo gelocarregadodedetritos
~eno deformadocontendoquantidadeapreciáveldegelo.
. entodegeleiraspor fluxoplásticoDadaagrandepres-
~ntrodeumageleira,oscristaisindividuaisdegelodesli-
?Orínfimasdistâncias,daordemde10milionésimosdemÍ-
E:m, durantecurtosintervalosdetempo(Figurapanorâmica
" ).Essemovimentoéconhecidocomofluxoplástico,por-
- ~ciona comoadeformaçãoplásticaqueocorreemrochas
dasagrandesprofundidades(comoabordadonoCapítulo
8 somatóriode todosessespequenosmovimentos,que
~m emmuitoscristaisdegeloconstituintesdageleira,re-
umgrandemovimentodetodaamassaglacial.Paravisua-
- - eprocesso,pensenumapilhaaleatóriadeváriosbaralhos
., cadaqualamarradoporumatiraelástica.A pilhaintei-
::: e serdeslocadapelainduçãodeváriosdeslizamentospe-
entreascartasdecadaumdeles.À medidaqueoscristais
.:'IIlsobtensãonaspartesmaisprofundasdageleira,seus
- - microscópicosdedeslizamentotomam-separalelos,au-
doataxadefluxo.
,::;TIUXO plásticopredominaemregiõesacerbamentefrias,
.....ê temperaturadogeloemtodaapartedageleira,incluin-
~ base,estábemabaixodopontodecongelamento.O ge-
-_'<11 estácongeladojuntocomo terrenoea maiorpartedo
- entodessageleirasecae fria ocorrepor deformação
-:;:aacimadasuperfíciebasal.O possívelmovimentoque
-=resultado descolamentodepedaçosdo embasamento
- ::: oudosolo.O fluxoplásticopodetambémocorrerem
=~ formadasemregiõesmaistemperadase quentes.En-
-o,nessasgeleiraso movimentoéfreqüentementedomi-
.;>elodeslizamentobasal.
DESlIZAMENTO BASAL
ofluxodeumageleiraéacompanhad
porpequenosdeslizamentos,durante
curtosintervalosdetempo,ao longo
planosmicroscópicosdeumagrande
quantidadedecristaisdegelo.Os
cristaisdegelopodemalongar-see ro"'7"
oucrescere recristalizar,e,emalguns
casos,deslizaremrelaçãoa cristais.
• A camadadeáguaatuacomoumlu-
brificante,possibilitandoqueageleir;;:
inteira"patine"sobresuabase.
Asgeleirascontinentais,comoaquelasda
Groenlãndiae daAntártida,movem-se,
predominantemente,pordeslizamentobax.-
Emgeleirascontinentais,o gelomove-seradialmentE
decliveabaixoa partirdo pontodemaiorespessura.
comoa massamoledepanquecaderramadanuma
chapa,comomostradopelassetasnafiguraacima.
(c)
O deslizamentobasalpredominaemregiõestemperadas,--
geleirasmuitoespessas,ondea pressãodogelosobrepos'-c::
derretea basedageleira,formandoumacamadadeágua.
Água
líquida
Cristaisdegelo
Comoresultadodasforçasde
fricção,a taxado movimento
diminuiemdireçãoà base.
FLUXO PLÁSTICO
Asgeleirasdevaleemregiõesfriasmovem-se,predominantemente,
porfluxoplástico.Sealguémfincarprofundamentenageleirauma
fileiradeestacasalinhadatransversalmenteaofluxodescendente,...
... poderá,posteriormente,observarqueasestacasposicionadas
nocentrosedeslocarammuitomaisadiantee ficarammais
inclinadasparaafrentedo queasoutras.Issoindicaqueo
movimentoé maisrápidonocentroe notopodageleira.
O fluxoplásticopredominaemregiõesfriasondeo gelodabaseda
geleiraestácongeladojuntocomo substratorochosoouo solo.
Movimentogeraldofluxoplástico..- I
AS GELEIRAS MOVEM-SE POR FLUXO PLÁSTICO E POR DESLlZAMENTO BASAL
(a)
(b)
3961 ParaEntendera Terra
Figurapanorâmica16.12 As geleirasfluempor meiode dois mecanismosprincipais.
adrõesdefluxoe develocidades
emgeleirasdevale As velocidadesnasquaisasdiferen-
- ;e deumageleiradevalesemovemvariamcomapro-
- ~ edogeloecomaposiçãodageleiraemrelaçãoàspa-
20vale.As geleirasdevalefluemparcialmentepordesli-
.0basaleparcialmentepar fluxoplásticodentrodocor-
~elo.As intensasforçasdeatritonabaseenaslateraisda
_ ondeelaestáemcontatosólidocoma rochado vale,
o movimentodogelo(verFigurapanorâmica16.12d).
-,-,;TI Agassiz,umzoólogoegeólogosuíço,foi o primeiro
-~. hámaisdeumséculo,adiferençadavelocidadedoge-
=eleirasdevale.Quandoeraumjovemprofessor,com
::de30anos,elee seusalunosacamparamnumageleira
nitararseumovimento.Elesfincaramestacasnogeloe
:!TIl asmudançasdeposiçãoaolongodealgunsanos.O
~ ntomaisrápido,cercade75memumano,ocorreuao
= ;mlinhacentraldageleira.A deformação,posteriormen-
~ - ada,nos longostubosprofundamentefincadosde-
u queo gelonabasedageleiramovia-semaislenta-
~queaquelenocentro.
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1397
O gelodecertasgeleirasdevalepodemover-senumavelo-
cidadeuniforme.Talmovimentoocorresomenteondeo clima
permitequeageleirasedesloquecomoumblocoúnico.exclu-
sivamentepordeslizamentobasal,aolongodacamadalubrifi-
cantedeáguaderretidapróximaaosubstrato.
Um períodorepentinodemovimentorápidodeumagelei-
ra devale,chamadodepulso,ocorre,à vezes,depoi deum
longoperíododepoucodeslocamento.Ospulsospodemdurar
muitosanose,duranteessetempo,ogelopodesedesloar om
velocidadesdemaisde6 km/ano- mil vezesavelocidadenor-
maldeumageleira.Emborao mecanismodospulsosnãoseja
totalmenteentendido,parecequeelesdecorremdapresãoda
águaqueseacumulanostúneisdedegelolocalizadosnabase
dageleiraoupróximosaela.Essaáguapressurizadaaumenta
bastanteo deslizamentobasal.
A Antártida em movimentoA Antártidaapresenta-secomo
umaterracongeladanotempo,maselacertamentenãoéimÓyel.
As geleirasavançamapmtirdocentrodocontinenteparaomar.
os icebergsdesprendem-serepentinamentee estatelam-see -
trondosamenteno oceano,e grandesrios degeloserpenteiam
atravésdomantodegelo.Todosessesmovimentossãoevidên-
ciasdasrelaçõesdinâmicasentreesseremotocontinenteeo cli-
maglobal.Já asgeleirascontinentaisemclimaspolares,ondeo
deslizamentobasalépequenoouausente,têmastaxasmaisal-
tasdemovimentonocentrodogelo.Ali, apressãoémuitoaltae
somenteasforçasdeatritoexistentesentreascamadasdegelo
retardamomovimento,fazendocomquesedesloquememdife-
rentesvelocidades.(VerFigurapanorâmica16.12e.)
Os geólogosutilizamsatélitese radaresaerotransportados
paramapearasformasetodososmovimentosdasgeleiras.Es-
sasmedidasmostramqueasgeleirasdaAntártidafluemrapi-
damenteemcorrentesde gelocom25 a 80km delargurae
300a500kmdecomprimento(Figura 16.14).Essascorrentes
alcançamvelocidadesde0,3a2,3mJdia,emcontraposiçãoa
umataxadefluxo de0,02m/diadomantodegeloadjacente.
Poçosperfuradosnogelorevelaramquea basedorio degelo
estánopontodefusãoe quea águadedegeloestámisturada
comsedimentosmoles.Umateoriadiz queo movimentorápi-
dodosriosdegeloestárelacionadocomadeformaçãodo edi-
mentobasalsaturadodeágua.Correntesdegelosimilare p0-
demseformarduranteo aquecimentoclimático,o qualcau ao
Figura16.13 - êS 2
geleiradoMon:eita· ·e-.
Estadode\ as i, gro
(EUA).
[DougChur iIl.com:As
fendasten::: 2 ocorrer
ondeageleiraae lese
encurvao o éea
declividae uda
subita ente.
3981 ParaEntenderaTerra
16.1 Vostok e GRIP: sondagens no
gelo da Antártida e da Groenlândia
NaestaçãocientíficadeVostok,nagélidaAntártida,oscientistasrussostêm trabalhadoanualmentedesde
1960paradescobrirahistóriac1imatológicadaTerraquese
escondenogelo.As evidênciascontidasnogelodemons-
tramserumafontede informaçõesparaesclarecerasmu-
dançasclimáticasglobais.Nadécadade 1970,oscientistas
emVostokperfurarampoçosde500 a 952mdeprofundi-
dadenogelodo lestedaAntárticae expuseramumconjun-
to detestemunhosquemostravamascamadasproduzidas
pelosciclosanuaisde formaçãodegeloa partirda neve.
Umacontagemcuidadosadascamadas,apartirdotopopa-
raa base,reveloua idadedogelo,damesmaformaqueos
anéisdecrescimentorevelamaidadedeumaárvore.Essere-
gistrocronoestratigráficodogelomostrou-secorrelacioná-
velcomas temperaturasconsideradaspredominantes,na
épocaemqueascamadasseformaram.
Issoporqueumaaltarazãoentreo oxigênio-18eo oxi-
gênio-16numacamadadegelo indicaqueelese formou
quandoatemperaturaatmosféricaestavarelativamenteal-
ta.Altasconcentraçõesdedióxidodecarbono,metanoe
outrosgases-estufanumacamadadegelotambémsuge-
remqueeleseformouduranteumperíododeaquecimen-
to atmosférico.
Porvoltadadécadade1990,asperfuratrizesdegeloem
Vostokatingirama profundidadede 2.755m,penetrando
nãoapenasnogelooriginadonaúltimaglaciação,mastam-
bémnaqueledoperíodointerglacialimediatamenteanterior.
Dessemodo,elesacumularamumregistroestratigráficodos
últimos160milanos.Essestestemunhosmostraramquea
AntártidaOriental,ondeos testemunhosdegeloforamob-
tidos,foimaisfriae secadurantea últimaglaciaçãodo que
nosúltimos11milanos,quecorrespondemaoatualperíodo
interglacial.Asvariaçõesnasrazõesentreosisótoposdeoxi-
gêniodascamadasdegelosão,também,outraevidênciade
queasvariaçõesorbitaisdaTerracontrolamaalternânciací-
c1icadeépocasglaciaiseinterglaciais.Issoporqueoconteú-
quebramentodo geloe umarápidadeglaciação.Numperíodo
deaquecimentoglobal,ascorrentesdegelopoderiamcontri-
buirparaaretraçãodasgeleiraseparaa instabilidadedoman-
todegelodaAntártidaOcidental.
Utilizandomapeamentodesatélitecomradardealtareso-
lução,osgeólogosobservaramquediversasgeleirasdaAntár-
tidaretraíram-semaisde30kmemapenastrêsanos.Durante
osúltimos20 anos,maisoumenos,enormespedaçosdegelo
têmsedesprendidodasgeleirasdaAntártida.Em marçode
2000,um icebergdotamanhodoestadodeDelaware15(EUA)
desprendeu-sedaPlataformadeGelo deRoss.Mais recente-
do dedióxidodecarbonodascamadasdegelo,formadas
duranteos intervalosglaciais,diminuimarcadamentecomo
esfriamentoclimático.Entretanto,essadiminuiçâoocorreu
umpoucodepoisdotempodoprimeiroesfriamentoindica-
dopelasrazõesentreos isótoposdeoxigênio.Aindanãoen-
tendemoscompletamenteessadefasagem.Enquantoasdi-
CientistasrussosdaestaçãocientíficadeVostok,naAntárti-
da,removemcuidadosamenteumtestemunhodegelode
umabroca.Ascamadasproduzidaspelosciclosanuaisda
formaçãodogelosãovisíveis.[R.J. Delmas,Laboratoirede
glaciologieetgéophysiquedeI'environnement,CentreNa-
tionaldeIaRechercheScientifique]
mente,emfevereiroemarçode2002,umaporçãodaPlatafo;--
madeGelodeLarsendotamanhodeRhodeIslandl6 (cercaco_
3.250km2)desintegrou-seeseparou-sedoladolestedaPenfu-.
sulaAntártica(Figura 16.15).O fraturamentodessepedaço-
mantodegeloproduziumilharesdeicebergs.
OsgeólogosquemonitoramaPlataformadeGelodeLarse:
foramcapazesdepredizeressecolapsode2002.Observaçõe
decampoedesatélitemostraramqueataxadefluxodacorre::.-
tedegelotinhacrescidodeformaimpressionante,o quefoi~
terpretadocomoumaevidênciadeinstabilidade.Sealgoca -
a mudançadataxadedescargadeumacorrentedegelo,urr...
Comparaçãodasprofundidadesdo gelo e dasidadespara
os últimosintervalosglaciaise interglaciais.[Fonte:J. W.C.
White,"Don't touch that dial."Nature364 (1993): 186]
degelocontinuaremasecolapsar.Elesubiria'!Ponderou- que.
setodasasplataformasdegelodaTerrasefragmentaSemno
oceanoduranteospróximospoucosanos.excluindo-seompli-
caçõesadicionais,o níveldomarnãomudaria..-\ razãodi 50é
que,comoos icebergs,asplataformasdegelofluruamnoocea-
no.Quandoelasderretem,ogeloéconvertidoemágua.masnão
hávariaçãononíveldomar.Pelamesmarazão.quandooscubos
degelonumcopoderretem,o níveldolíquidonãomuda.
Por quê?A idéiadeumaplataformadegeloou icebergflu-
tuandonooceanopodeserfocalizadapeloprincípio deisosta-
sia (Figura panorâmica16.16).Da mesmaformaqueuma
Último glacial
Fim de Dryas-maisnovo
Interglacialdo Holoceno
Tempo
(anos antesdo presente)
--11.500
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1399
2.780
2.870
1.600
suporteparaa cronologiada mudançaclimáticaglacial-inter-
glacial.Tornou-seclaroqueas mudançasdetemperaturaen-
tre os períodosglaciale interglacialforammuitomaioresque
aquelasque os cientistasatéentão haviampensado.
Essestriunfos não foram conquistados facilmente.Os
cientistastiveramcuidados extremosparaque os testemu-
nhos de gelo não derretessem e se contaminassem en-
quanto eramperfurados, transportados para os laborató-
rios e armazenadosaté que o gelo e as bolhas de ar apri-
sionadaspudessemseanalisados.Os cientistastambémti-
veram que se prevenir contra resultados inesperados -
causados,por exemplo,pela reaçãodo dióxido de carbono
com impurezasdo gelo. Como tributo à paciência, enge·
nhosidade e zelo dessas intrépidasequipesde pequisado-
res, a comunidade científica internacional reconheceu a
grande importãncia da pesquisa de testemunhos de gelo
glacial parao entendimentoda história e a predição do fu-
turo da mudançaclimáticaglobal.
Profundi-
dade (m)
':-~entesevidênciasde resfriamentonão coincidem com o
-esmo nívelcronoestratigráficodo testemunhode gelo, o
.=. uecimentoda atmosferaestá bemassinaladopor umau-
-ento naconcentraçãodo dióxido de carbono,que coinci-
:e comasdemaisevidênciasno mesmonívelde gelo.
Enquanto isso, no Ártico, umgrupo de cientistashavia
=-'ngido,em 1992, após dois anos de perfuração, os pri-
-eiros três quilômetrosdo mantode gelo da Groenlândia.
Projeto Testemunhode Gelo da Groenlândia,17maisco-
- ecido internacionalmentecomo GRIp,é outro importan-
:=exemplode cooperação científica internacionalna Euro-
"Ja. O GRIP é patrocinado pela Fundaçãoparaa Ciência da
~ropa, 18 da qual participamos governosda Bélgica,Dina-
-arca, França,Alemanha,Islândia,Itália,Suíça e Reino Uni-
::0. O testemunhodo GRIP foi retiradodas camadasde ge-
do último período glacial (de 11mila 115milanos antes
=0presente)e do último período interglacial (o Eemiano,
::e 115mila 135 milanos antes do presente).A sondagem
_arou em camadasde 235 mil anos, próximasdo final do
Jenúltimo período interglacial.O diagramaao lado mostra
.=. relaçãoentre a profundidadedo testemunhode gelo e as
~adesdos períodos glacial e interglacial para os últimos
- 5 milanos.
Um testemunhoparalelofoi retiradoa 30 kma oestedo
-RIP pelo Projeto Norte-Americano Manto de Gelo da
- oenlândia19(conhecido como GISP2). Os testemunhos
::0GRIP e do GISP2 apresentaramdados bastanteconcor-
::antesemrelaçãoaos últimos 110milanos, confirmandoa
:ronologia glacialde Vostok e oferecendo umbom panora-
-a das mudançasdo clima e da composição da atmosfera
=osúltimos250 milanos. A análisedos testemunhostam-
:Jémcorrelacionousugestõesanterioresde queos climasdo
Jeríodo interglacial Eemiano foram instáveis e mudaram
=?reciavelmentenumabreveescalade tempo.As descober-
2S do GRIP e do GISP2 confirmaramas notáveisoscilações
'máticasrápidasdo últimoperíodo glacial.Os testemunhos
=0GRIP e de Vostokforneceramperfisprecisosde oxigênio-
. que puderamser bemcorrelacionadoscom aquelesdos
:edimentos marinhos,trazendo detalhesadicionaise maior
_ asia,plataformasde
evariaçãodo níveldo mar
_'~ntistasqueestudama mudançaclimáticaglobalpergun-
-:~sobreo queaconteceráaoníveldomarseasplataformas
- -ormadegeloestávelpodesubitamentetornar-seinstável.
'-0daPlataformadeGelodeLarsen,osgeólogospensam
- - temperaturasmaisquentes,tantodasuperfíciedogelo
daáguanasprofundezasdoassoalhodaplataforma,cau-
aaceleraçãodasvelocidadesdofluxodorio degelo.
plataformade gelo, os coletessalva-vidasflutuamporq ~
materiallevedentrodelesémenosdensoquea águadomz:.-
flutuação,ouempuxo,ocorreporqueo volumedocoletesal _
vida,oudogeloabaixodasuperfíciedomar,pesamenosq ~
volumedaáguaqueeledesloca.Essaforçadoempuxocorr;::::
põe-seà forçagravitacional,queatraiparabaixoo iceb
Quantomaioresos icebergs,maisaltoselesficamacimada__
perfíciedomar,mastambémmaisprofundaé araizsoba__
perfície,desorteaprovermaiorempuxo.Nos Capítulos1-
20, veremosqueo princípioda isostasiapodeseraplica<ic_
cinturõesdemontanhase continentes,porquea crostaco;:;...
nentalmenosdensaflutuasobreo mantomaisdenso.
Ao deslocara águadomar,à medidaqueflutuam,os ic
bergse asplataformasdegeloconduzemo níveldomar
umaposiçãomaisalta.O níveldomarpoderásermaisalto-'~
pendendode quantaáguaé deslocada,demodoque,qUaL..
maioro icebergoua plataformadegelo,maisaltoo nível-
mar.O princípiodaisostasiaasseguraqueessasubidadonr-
domarsejaproporcionalaovolumedaáguadeslocada.En:,
tanto,quandoos icebergse asplataformasdegelosefunde::::
nãohávariaçãononíveldomar- aáguadeslocadaporum;L
bergépreenchidapelovolumedeáguanelecontida.
O derretimentodogelosomentepodecausarasubidado
veldomarseeleestiversobreosubstrato,semestarflutuando-
água.A fusãodasgeleirascontribuiparaasubidadoníveldoIL....
deduasmaneiras.No primeirocaso,o geloqueestásituado= -
breo substratoderrete-separaproduziraáguaqueencheoo -
no;ataxadesubidadoníveldomardependedataxadederre
mentodogelo.No segundocaso,o níveldomarpoderásubir -
asgeleirascontinentaisdesprenderemicebergsdiretamente-
águadomar;asubidadoníveldomaréinstantâneaàmedidaL -
osblocosdegelodeslizamdocontinenteecaemnaágua.Em::::-
tanto,adestruiçãodeumaplataformadegelosomentefazo~
veldomarsubirsepartedelaestiverassentadasobreo substra:::
(b)
Figura 16.15 Colapsoda Plataformade Gelo Larsen.Esta
imagemde satélitefoi feitano dia7 de marçode 2002, quaseno
finalde umperíodode dois mesesemquea plataformadegelo
separou-seda costae estilhaçou-seemmilharesde icebergs.As
coresmaisescurasno ladodireitoda imagemidentificamaságuas
do oceanoaberto.As áreasbrancassão icebergs,aspartes
remanescentesda plataformade gelo,e geleirassobreo substrato.
A áreaazul-claraé umamisturade águado mare gelo
intensamentefraturado.A áreada imagemtemcercade 150 por
185km.[NASA/GSFC/LaRC/jPL, equipeMISR]
(a)
400I ParaEntender a Terra
Figura 16.14 Correntesde geloda Antártidae mapade velocidade.(a) GeleiraBeardmore,Antártida,mostrandolinhasdefluxo
rápidocujo movimentoé do horizonteparao primeiroplano da imagem.Essageleiratemcercade 25 kmde largurae flui do Planal--
Antártico paraa Plataformade Gelo de Ross. [WolfgangBayer/BruceColeman](b) Mapa develocidadeda GeleiraLambert,naAn;:-
tida, e correntede gelo.As setasmostrama direçãonaqualo gelo estáfluindo.As áreassemmovimento(amarelo)são ou substra-
expostoou gelo parado.As geleirastributáriasmenoresgeralmentetêmvelocidadesbaixas,de 100 a 300 m/ano (verde),quegra(L~
menteaumentamà medidaque fluemnasuperfícieinclinadado continentee interceptama regiãosuperiorda GeleiraLambert.A
maiorpartedessageleiraatingevelocidadesde 400 a 800 m/ano (azul).À medidaqueelaalcançae seadentranaPlataformadeG=
Amery,a qualse espraiae seadelgaça,asvelocidadesaumentampara1.000 a 1.200 m/ano (rosa/vermelho).[NASA]
Se o gelo sobre o continente se
derrete ou rompe-se e desliza
para o mar,o níveldo mar sobe.
Se um icehergno oceano se der-
rete, o níveldo mar não varia.
Nível do mar depois que o icehergcaiu
no oceano.
-\_. Nível do mar antes de o icehergse des-
prender da geleirae cair no oceano.
O volume de água deslocado para cima,
que faz o níveldo mar subir,éigual ao vo-
lume de águarepresentado pelo iceberg.t
~ Gelo glacial
\•.
rr: ,""---/
Força do empuxot t
~/ " ~
~ Rupturasdo gelo glacial
e deslizamento para o oceano
Força da gravidade
fi Quanto maior o iceberg,maior sua raiz e
maior a altura expostasobre o níveldo mar.
rEL DO MAR SOBE SOMENTE SE O GELO QUE DERRETE ESTÁ SOBRE O CONTINENTE
A força da gravidadeque empurra
?ara baixo um icebergflutuando é
contrabalançada pela força do
empuxo,que o empurra para cima.
Õ:Sseéo princípio da isostasia.
_roa panorâmica16.16 O princípioda isostasiamostraqueo derretimentodas
-=.-ormasde geloe icebergsnãofazvariaro níveldo mar.
edeslizaparao mar.Nessecaso,o pesodogelonãoserá
- illportadopelocontinente,maspeloempuxodaáguado
- ~e eledesloca,fazendo-asubirparaumnívelmaisalto.
cessosfísicoscontroladospelomovimentodogelo
comparaçãodorelevodeumaáreaantesdaama,-0_
asdistintasformasdasuperfíciedeixadapela ,-0
aisagensglaciais
:::;:;.esmaformaquevocênãopodeobservarsuapegadana
enquantoseupéaindaestácobrindo-a,vocênãopodever
~iros deumageleiraativaemseuassoalhoeparedeslate-
- omentequandoo geloderreteé reveladoseutrabalho
,~'codeerosãoe sedimentação.Podemosinferirospro-
A erosãoglaciale suasformasde superfície
As geleirastêmumasurpreendenteapa idadedeerodiraro-
chadura.Uma geleiradevalecompou os merro de largura
podearrancaremoermilhõesdetoneladasde ub ITarorocho-
sonumúnicoano.O geloerodee sape ada argadesedimen-
tosdasparedese doassoalhorochoo deumageleiraecarre-
ga-aparaaregiãofrontaldogelo.ondeé depositadaquandoo
mesmoderrete.A quantidadedessesdepósitosdemonstraqueo
Figura 16.18 A rochamoutonéeé umpequenomorrotedo
substratorochoso,cujafacemontantefoi polida pelogeloque..:;:
medidaque semovimentava,escavoutambémumaface irregui--i
jusante,arrancandopedaçosdo substratoa partirdasjuntase
fraturase empurrando-osparafrente.
4021 ParaEntender a Terra
geloédelongeumagentedeerosãomaiseficientequeaágua
ou o vento.Podemoscompararasquantidadesdesedimentos
depositadosnosperíodosglaciaise interglaciaise astaxasnas
quaiselesforamdepositados.A partirdetaisestudos,sabemos
queaquantidadetotaldesedimentosdepositadosnosoceanos
mundiaisfoi váriasvezesmaiorduranteo períodoglacialre-
centedoqueduranteosperíodosnão-glaciais.
Em suabaseeparedeslaterais,umageleiraengolfablocos
derochafragmentadose fendidos,fraturando-ose triturando-
oscontrao pavimentorochososotoposto.A açãodemoagem
fragmentaa rochaem váriostamanhos,desdematacõestão
grandesquantoumacasa,atématerialmuitofinodotamanho
siltee argila,chamadodefarinha derocha.A farinhadero-
chaestásujeitaaorápidointemperismoquímicoporcausada
suagranulaçãomaisfina,queaumentaa áreasuperficial.Nos
locaisondeosdetritosglaciaisestãoencapsuladospelogeloe
o substratoestáporelerecobertocomumespessomanto,o in-
temperismoquímicoé maislentodoqueemterrenossemge-
lo. Entretanto,quandoafarinhaderochafinamentepulveriza-
daé liberadado gelonosbordosdederretimentodageleira,
ela secae torna-sepó. Como abordamosno Capítulo 15,o
ventopodesoprarapoeiraporgrandesdistâncias,depositan-
do-adefinitivamentecomoloess,quesãomuitocomunsdu-
ranteosperíodosglaciais.
À medidaqueasgeleirasarrastamblocosrochososaolongo
desuabase,elesarranhamesulcamopavimento.Taisfeiçõesde
abrasãoglacialsãodenominadasdeestriasefornecemmaisevi-
dênciasdomovimentoglacial.A orientaçãodasestriasmostra-
liO gelo arrancaos
fragmentosda rocha,
produzindo uma
superfície irregular.
fi Fendasformam-se à medida que
gelo se movesobre um declive
abrupto do substrato rochoso.
DA forma final do substrato rocho-
so é chamadade rocha moutonée.
Figura 16.17 Polimento,estriase sulcosglaciaisnumsubstrato
rochoso,ParqueNacionalda GeleiraBay,no Alasca(EUA).As
estriasevidenciama direçãodo movimentodo geloe são pistas
especialmenteimportantesparaa reconstruçãodo movimento
dasgeleirascontinentais.[CarrClifton]
nosadireçãodomovimentodogelo- umfatorparticularmer:.z:
importantenoestudodegeleirascontinentaiscujosvalesnão-"
evidentes.PelomapeamentodasestriasdeumaextensaáreaÍ;:;:-
cialmentecobertaporgeleirascontinentais,podemosreconstrr::::'
ospadrõesdefluxodasgeleiras(Figura 16.17).
Com o avançodasgeleiras,o geloesculpepequenasele'..:
çõesassimétricasnosubstrato- conhecidascomorochamO/r;, -
née,20devidoàanalogiacomodorsodeumcarneiro- com0:--
domontantemaissuaveepolidoecomoladojusantearrancaC.::
resultandonumdecliveabruptoeirregular(Figura16.18).E -=
declivesassimétricosindicamo sentidodomovimentodogele
Umageleiradevaleesculpeumasériedeformaserosiva5_
medidaqueflui desdesuaorigematéseulimiteinferior.Na -
beceiradovaleglacial,aaçãodealTancarerasgardogelote.:
deaentalharumabaciacomaformadeumanfiteatro,chaIL.:.-
dadecirco,geralmente,também,comaformademeiocone'--
vertido(Figura 16.19).Comaerosãocontinuada,oscircos
cabeceirasdosvalesadjacentesgradualmenteseencontramn~
toposdasmontanhas,produzindocristasafiadase pontu~
chamadasdearêtes21aolongododivisordabaciahidrográfi
À medidaqueageleiradovalemove-separabaixoapar:::
deseucirco,elaescavaumnovovaleouaprofundaumvalefb-
vial preexistente,originandoumcaracterísticovaleemU (\'~
Figura16.19).Os assoalhosdosvalesglaciaissãolargosep~
nosetêmparedesabruptas,emcontrastecomosvalesemV ;
muitosriosmontanhosos.
As geleiraseosriosdiferemnãoapenasnaformadosvale
queoriginam,mastambémnaformacomqueostributáriosde-
sembocamneles.Emboraasuperfíciedeumageleiratributáf~
estejanomesmonívelondedesembocanageleiraprincipal.
Um vale em U tem paredesbem incli-
nadasna parte superior, que se suavi-
zam próximo ao assoalho maisplano.
Um circo é a cabeceirade um vale glacial,
com a parte superior das paredessuperiores
quaseverticalizadae uma baseaplainada ou
com a concavidadebem aberta.
Figura 16.19 Antes da glaciação, um rio montanhoso
entalha um vale em V. Durante a glaciação, formam-se
circos e arêtes.A geleira, ao mover-se para baixo a partir
de seu circo, origina um vale em U. Quando o gelo
derrete e retrai-se, o vale tributário édeixado como um
vale suspenso, e o vale em U pode ser inundado pela
água do mar,formando um fiorde. (Topo) Circos
glaciais, Groenlãndia. [Martin Miller] (Embaixo,à
direita)Vale glacial em U, Parque Nacional Glacier. em
Montana (EUA). [Tom Bean] (Embaixo,à esquerda)
Fiorde McCarthy, Parque Nacional dos Fiordes Kenai.
Alasca (EUA). [Steve McCutcheon/Visuals Unlimited]
Um fiorde éum vale
em U ocupado por
um braço do mar.
TE5 DA GLAClAÇÃO
:=015 DA GLAClAÇÃO
:JURANTE A GLACIAÇÃO
4041ParaEntendera Terra----I
assoalhodo valetributáriopodeestarmuitomaisrasoqueo
principal.Quandoogeloderrete,o valetributárioédeixadoco-
moumvalesuspenso- aquelecujoassoalhoficamaisaltoque
o dovaleprincipal(verFigura16.19).Depoisqueo gelodesa-
pareceeos riosocupamosvales,a desembocaduraémarcada
porumaquedad'água,naqualo rio do valesuspensosaltao
penhascoabruptoqueo separadovaleprincipalmaisembaixo.
Diferentementedosrios,asgeleirasdevalenoslitoraispo-
demerodirseusassoalhosmuitomaisprofundamentequeoní-
vel do mar.Quandoo gelo seretrai,essesvalesde paredes
abruptas- queaindamantêmumperfilemU - sãoinundados
pelaáguadomar(verFigura16.19).Essesbraçosglaciaisdo
mar,chamadosdefiordes,originamo espetacularcenárioaci-
dentadoquetornoufamosasascostasdoA1asca(EUA), daCo-
lúmbiaBritânica(Canadá)e daNoruega.
A sedimentaçãoglacial
e asformasderelevosedimentares
As geleiraserodemetransportamparajusantemateriaisrocho-
sosdetodosos tiposetamanhos,depositando-os,porfim,on-
deo gelosederrete.O geloéomaisefetivomeiodetransporte
dedetritos,poisomaterialquecoletanãoésedimentadoemse-
guida,comoocorrecomacargatransportadaporumrio.Assim
comoascorrentesdeáguae devento,o fluxodogelotambém
temcompetência(acapacidadeparacarregarpartículasdeum
certotamanho)ecapacidade(aquantidadetotaldesedimento
quépodesertransportada).O gelotemumacompetênciaextre-
mamentealta:ele podecarregarimensosblocoscomvários
metrosdediâmetro,quenenhumoutroagentedetransportepo-
deriamover.O gelotambémtemumaextraordináriacapacida-
de.Algunstiposdegeloestãotãocarregadosdematerialrocho-
so quetêmumacor escurae assemelham-sea sedimentoci-
mentadocomgelo.
Quandoo geloglacialsederrete,depositaumacargahete-
rogênea,pobrementeselecionada,dematacões,seixos,areiae
argila(Figura 16.20).A grandevariedadedetamanhoséuma
Cargasedimentarpesadaqueéerodidadas
paredesdovale;quandoo geloderrete,é
vistacomoumacristaparalelaàsparedesdovale
Cargasedimentarherdadadasmorenas
lateraisqueaformaram;formacristas
paralelasàsparedesdovale
Variadesdetillsdelgadosedepequena
extensãoatéumespessomantodetill
Depoisqueo gelosefunde,surge
comocristasparalelasàfrente
originaldogelo
Vejamorenafrontal
Observações
característicaquediferenciao sedimentoglacialdeoutros-
teriais,bemmaisselecionados,depositadosporrioseventos..
materialheterogêneointrigouosgeólogosantigos,quenão""-
tavamcientesdaorigemglacialdo mesmo.Eles acham _
dedrift,22porquepareciaquetinhasido,dealgummodo,tra:::..
portadodeoutrasáreas.O termodrift é utilizadoatualm
paratodomaterialdeorigemglacial,encontradoemqual
lugarnocontinenteounomar.
Certosdrifts sãodepositadosdiretamentepeloderretimcr;
dogelo.Essedepósitosedimentar,semestratificaçãoepo'_=
menteselecionado,é conhecidocomotill e podeconterfre:,
mentosde todosos tamanhos- argila,areiaou matacão.:::
enormesmatacões,freqüentementecontidosnumtill, são "'-
madosdeerráticos,porquesuacomposiçãopareceserales:-
riaemuitodiferentedaqueladasrochaslocais.
Outrosdepósitosdedrift sãoassentadosquandoo gelo_-
fundeeespalhao sedimento.Osriosdaáguadedegelo,fl -
do emtúneisdentroe embaixodogeloenafrentedagele:'-
podemcoletar,transportaredepositarpartedomaterial.C
qualqueroutrosedimentotransportadopelaágua,essemate;::;:
éestratificadoebemselecionado,podendoterestruturasdo:.-
poestratificaçãocruzada.O drift quefoi coletado,modific c:
selecionadoedistribuídopelosriosdaáguadedegeloéchar:::...-
dodedepósitodedegelo.23Comojá mencionadoanteriorm~
te,osventosintensospodemsopraromaterialdegrãofino-
planíciesdelavagemedepositá-Iacomoloess.
Seqüênciassedimentaresglaciaispodemseridentific~
pelastexturasdistintivasdointeracamamentodetills,depó=-
dedegeloe 10ess,bemcomopelasestriaseoutrasformas _-
sivasquepodemserpreservadas.O mapeamentode tais---
qüênciaspermiteaosgeólogosinferirasdiversasglaciaçõe_:.=
temposgeológicospassados.
Depósitosacumuladospelogelo Umamorena24éumall.::.-
mulaçãodematerialrochoso,arenosoeargilosocarregada"tJ::
10gelooudepositadacomotill. Existemmuitostiposdem _=-
nas,cadaqualdenominadodeacordocomsuaposiçãoemfê
Nafrentedogelo,marcando
alinhademaioravançodageleira
(éamorenafrontalmaisdistante)
Ao longodobordodageleira,onde
elaraspaaparedelateraldovale
Nafrentedogelo
Formadaquandoduasgeleirasse
juntamesuasmorenaslaterais
coalescemajusantedaconfluência
Sobogelo,comoumacamadade
detritosglaciais
.-
Morenasglaciais
Localizaçãona geleira
Morenamedianaoucentral
Morenadefundo
Morenaterminal
Morenalateral
Tipos demorena
Morenafrontal
QuadroJ6.1
=o<oserodidos do assoalho do vale
- orporado nos ladose na basedo gelo
Morena de fundo
(detritos glaciais
sob o gelo)
16.20 O detritoglacialou dríft é depositadotanto na
_ frontal,nafrentedo gelo,como nasmorenaslaterais,nas
--=:rochosasdo vale,ou, ainda,comomorenade fundo,sob
-= Os riosda águade degelodepositamdepósitosde degelo
- 3jusantedafrentede gelo.Till depositadodurantea
- :J eistocênicaa lestede SierraNevada,naCalifórnia(EUA).
:'.....2 os diferentestamanhosde partículase a ausênciade
--=--"'.iGlção.[MartinMiller]
_.?leira queo originou(Quadro16.1eFigura16.20).Uma
- '- proeminentes,emtamanhoe aparência,é a morena
....-' formadanamargemfrontaldageleira.À medidaque
~ ni constantementedecliveabaixo,levamaisemaisse.
- paraamargemdederretimento.O materialnãosele.
c: acumula...selá comoumacristaelevadadetiU.A Figu.
=-=~ilustraosprocessospelosquaisváriostiposdemore.
=~ormamàmedidaqueumageleiraavançapoucoapou.
~OIIgodovale.
=3:"ill terrenosdegeleirascontinentaisapresentamproemi...
-'"ormassuperficiaischamadasdedrumlins26- cordões
c: .. degrandescolinasdetiUesubstratorochoso,parale-
_ -=--"',ãodemovimentodogelo(Figura 16.21).Os drum...
_XIlumenteencontradosemagrupamentos,têma forma
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1405
Sedimentosoriginados da erosão das paredes
do valeincorporados à superfíciedo gelo
Depósitosde morena
deumaalongadacolherinvertidae como decliyemais_ \'e
voltadoajusante.Elespodemterde25a50mdealrurae 1km
decomprimento.Osgeólogosconsideramqueosdru:mlinsfor·
mam...sesobasgeleirasquesemovemsobreumarni mraplás·
ticadesedimentossubglaciaiseágua.Quandoam saplásti a
encontraumasaliênciaoualgumoutroobstáculo.e 'sujeitaa
aumentarapressão.Então,elaperdeaáguaesolidifia-se. for...
mandoumamassaalinhadaemcordão.Umahipótesealterna-
tivapropõequeosdrumlinssãoformadospelaerosãodo gelo
numaantigaacumulaçãodetil!.
Depósitosacumuladospelaágua Osdepósitosdedegelogla·
cialassumemdiversasformas.O kame27 éumapequenacolina
deareiaecascalhodepositadanooupróximoaobordodogelo
DURANTE O DERRETIMENTO DO GELO
Um grandebloco de gelo residuale isolado da
massade gelo principalestásobre umaplanície
de degelo,envolto por sedimentode degelo.
tskers
(verFigura16.21).Certoskamessãodeltasacumuladosemla-
gosno bordofrontaldo gelo.Quandoumlagoé drenado,os
deltassãopreservadoscomocolinasachatadasnotopo.Os ka-
messãofreqüentementeexploradoscomojazidascomerciais
deareiaecascalho.
Os terrenosglaciadossãopontilhadoscomkettles28("cha-
leiras"),baciasoudepressõesnão-drenadasquefreqüentemen-
tetêmmargensíngremesepodemserocupadasporáguaem-
poçadaoulagos.As geleirasatuais,àmedidaqueforamseder-
retendo,deixaramparatrásenormesblocosisoladosdegeloso-
breasplaníciesdelavagem,oferecendoosvestígiosparaenten-
der-seaorigemdoskettles.Um blocodegelode1kmdediâ-
metropodelevar30anosoumaisparaderreter.Duranteesse
tempo,o blocoemderretimentopodeserparcialmentesoterra-
dopelaareiaepelocascalhodelavagemcarregadospelosrios
daáguadedegelo,comumenteentrelaçados,quefluemnoseu
entorno.Duranteo tempotranscorridoparaqueo blocoseder-
retessecompletamente,amargemdageleiraestavamaisretraí-
Figura 16.21 Depósitosglaciais.À medidaque umagele'"",-
retrai,ela pode deixarparatrásgrandesblocos degelo resic -
que sãogradualmentesoterradospor depósitosde degelo~
frentedo gelo retrocedente.Drumlins,de DodgeCounty,
Wisconsin(EUA).A facemaisíngremegeralmenteestávolta~
parao ladode onde veioo gelo,maso inversotambémoco =-
[TomBean] Varvesemargilado Pleistoceno,numaescavaçãc::-
Estocolmo,Suécia.As camadasclarassão de sedimentosgr "-"'-'
depositadosnumlagoduranteasestaçõesquentes.As camê-=
escurassão de argilasfinasdepositadasquandoo lagoesta r.
congeladono inverno.[JohnShelton]Esker.essacristasinuo-
foi formadapelogeloglacialquealimentouumrio próximoa
Dahlen,Dakotado Norte. [TomBean]
Varve
dae bemmaisdistantedaárea,queeraalcançadaapenasp
poucaáguadedegelo.A areiaeo cascalhoqueinicialmente~
volviamo blocodegelopassaram,agora,aenvolveradepre
são.Seofundodokettleestiverabaixodonívelfreático,um
gopoderáseformar.A Figura16.21mostraaevoluçãode
kettleemumaplaníciededegelo.
As geleirasdevalepodemdepositarsilteeargilanofundo~
umlago,situadonamargemfrontaldasmesmas,formando
sériedecamadasdegrãosmaisgrossosemaisfinos,chamada~
varves(verFigura16.21).O varveéumpardecamadasform:-
doemumanopelasazonalidadedocongelamentodasuperfí
dolago.No verão,o siltegrossoé depositadopelosabundam::
riosdaáguadedegelo,quefluemdesdea geleiraatéo lago.
qualseencontrasemgelo.No inverno,quandoasuperfíciedo::-.-
goestácongelada,asmaisfinasargilasdecantam,formandou
finacamadasobrepostaàquelamaisgrossadoúltimoverão.
CertoslagosfOlmadospelasgeleirascontinentaiseramen -
mes,commuitosmilharesdequilômetrosquadradosdeexte=-
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1407
Figura 16.22 O Pólo arte es á no
centrodessemapado hemisférionorte,
que mostraa distribuiçãodo permafrost.
A grandeáreade permafrostde
montanhaaltano topo do mapasitua-se
no Planaltodo Tibete. [Fonte:1. L.Pewe,
Universidadedo Estadodo Arizona]
Permafrostde
montanhasaltas
doqueumadelgadacamadasuperficial.Os solo permanente-
mentecongelados,oupermajrost,31cobrematualmentecercade
25%dototaldeterrasemersas.Alémdopróprio 010. o perma-
frostincluiagregadosdecristaisdegelocomocamadas.unhas
emassasirregulares.A proporçãodegeloemrelaçãoao 010eà
espessuradopermafrostvariaderegiãopararegião.O perma-
frostnãoédefinidopelaquantidadedeumidadedosolo.pelaco-
berturadeneveoupelalocalização.Maisexatamente.eleédefi-
nidosomentepelatemperatura.Qualquerrochaousoloqueper-
maneceaO°C,oumenos,pordoisoumaisanoséumpermafrot.
No AlascaenonortedoCanadá,aespessuradopern1afrot
podechegara 300ou500m.O soloabaixodacamadadeper-
mafrost,isoladopelastemperaturasacerbadamentefria da u-
perfície,permanecedescongelado.Ele fica aquecidoabaixo
dessaprofundidadepelocalorinternodaTerra.O permafrot é
ummaterialdifícil demanejaremprojetosdeengenharia- tai
comoestradas,fundaçõesdeedificaçõesedooleodutodoAlas-
ca- porquesefundequandoé escavado.A águadedegelonão
podeseinfiltrarnosoloquepermanececongeladoabaixodaes-
cavação,demodoqueelaficanasuperfície,saturandodeágua
o soloefazendo-orastejar,deslizareescorregar.Os engenhei-
ros decidiramconstruirpartedo oleodutodoAlascaacimado
solo,quandoumaanálisemostravaqueeledescongelariaoper-
mafrostdaáreadoentorno,levandoasituaçõesdeinstabilidade.
O permafrostcobrecercade82%doAlascae 50%doCa-
nadá,bemcomograndepartedaSibéria(Figura 16.22).Fora
dasregiõespolares,eleestápresenteemáreasmontanhosasal-
tas,especialmentenoPlanaltodoTibete.
D Permafrostdescontínuo
DPermafrostcontínuoe
submarino
afrost
- estásemprecongeladoemregiõesmuitofrias,ondea
=-eraturadeverãonuncaéaltao suficienteparaderretermais
diquesdetill querepresaramesseslagoseram,àsvezes,
o eposteriormentearrebentavam,drenandorapidamente
50 ecausandoenormesinundações.No lestedoEstadode
...::..:::ngton(EUA), umaáreachamadadescablancf29é coberta
~os canaisdeumrio seco,resquíciosdeáguastorrenciais
daçãoqueescoaramapartirdoLagoMissoula.A partir
açõesdecorrentegigantes,barrasdeareiaecascalhos
queforamencontradoslá,osgeólogospuderamestimar
- --aságuasdeinundaçãoatingiramvelocidadesde30m/s,
:azõesde21milhõesdemetroscúbicosporsegundo.Em
-te,asvelocidadesdosfluxoscomunsdosriossãomedi-
=:ndezenasoucentenasdecentímetrosporsegundoe suas
~.:oasvariamdesdepoucosmetroscúbicosporsegundoaté
m3/s,quandooMississipiformainundações.
_eskers30sãocristassinuosasdeareiaecascalho,longase
,encontradasnomeiodasmorenasdefundo(verFigu-
- -'1).Elesseestendemporquilômetrosnumadireçãogros-
enteparalelaà direçãodemovimentodo gelo.Pode-se
_ aorigemdoseskerspelapresençademateriaisbemsele-
c/os,deacumulaçãosubaquáticaepelotrajetosinuoso,se-
- teaodeumcanal,assumidopelacrista.Oseskersforam
- -radosporriosdeáguadedegelofluindoemtúneispelo
-,deumageleiraemderretimento.Ostúneisabriram-sepe-
- traçãodaáguaatravésdefendasefissurasnogelo.
4081 Para Entendera Terra
'--.. Limitemáximodo'I gelo marinho
Figura 16.24 A glaciaçãodo
hemisférionorte.A extensãoda
glaciaçãofoi estabelecidaa partirdo
driftglacial,o qualestáamplamente
distribuídoemáreasqueagora
desfrutamde umclimatemperado.
[Fonte:R. F.Flint,GlacialandQuaternac
Geology (NewYork:Wiley,1971)]
gelopolaratéregiõesdistantes,quehojedesfrutamdecliL::....
temperados.Pelaprimeiravez,aspessoascomeçarama f -
sobreasidadesdogelo.Tambémeraevidentequeaglacia,-
ocorreunumpassadorelativamenterecente,porqueo drifr~
tavasolto,comosedimentodepositadohápouco.Atualme--;.
sabemosa idadeacuradaapartirdadataçãoradiométrica=-
Figura 16.23 Morros irregularesalternam-secomlagosnu
terrenodetill glacialemCoteaudesPrairies,Dakotado Sul (EL-
[JohnS.Shelton]
D Principaisáreasco-bertasatualmente
por gelo glacial
DPrincipaisáreasco-bertasanteriormente
por gelo glacial
Na metadedoséculoXIX, LouisAgassiz,omesmoquemediu
a velocidadedeumageleiraalpinanaSuíça,imigrouparaos
EstadosUnidosetomou-seprofessornaUniversidadedeHar-
vard,ondecontinuouseusestudosem Geologiae ciências
afins.Paraavançarsuaspesquisas,Agassizvisitoumuitosluga-
resnonortedaEuropaedaAméricadoNorte,desdeasmonta-
nhasdaEscandináviaedaNovaInglaterraatéosmorrosarre-
dondadosdoMeio-Oesteamericano.Em todasessasdiversas
regiões,eleviusinaisdeerosãoesedimentaçãoglaciais(Figu-
ra 16.23).Nasplaníciesinteriores,Agassizobservoumorenas
queo lembraramdemorenasfrontaisdegeleirasdevale.O ma-
terialheterogêneododrift,incluindoblocoserráticos,conven-
ceu-odaorigemglacialdomesmo.
As áreascobertasporessedrift eramtãovastasqueo gelo
queo depositoudeviatersidoumageleiracontinentalmaior
quea daGroenlândiaouAntártida(Figura 16.24).Agassize
outrosconvenceramosgeólogose o públicoemgeraldeque
umagrandeglaciaçãocontinentaltinhaestendidoascalotasde
opermafrostestende-seporváriascentenasdemetrosde
profundidadeemáreasmarinhasrasasdistantesdascostasdo
Ártico, resultandoemproblemasdifíceisde engenhariapara
perfuraçãodepetróleocostaafora.
-~/-7 !iff'1-\'::'
(i <- ;Z'\\
i!\.'·:t:IB.,. ,~·.oV\ es do gelo:\\~-
".a glaciação pleistocênica
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1409
00 Mais
6 alto
:~ Interglacial
tlJ)
·x
o
o
'"
o
''''
u-'"
~
Figura 16.25Mudançasrelativasnarazãoentreo oxigênio-16
e o oxigênio-18nacalcitados foraminíferos,emtestemunhosde
sedimentomarinhoprofundo.Essasmudançasnarazãoisotópica
ocorrememrespostaao aumentoe à diminuiçãodatemperatura
da águaemqueos foraminíferosviviame, por conseguinte.do
graude enriquecimentode oxigênio-18no oceanodevidoà
evaporaçãoe ao crescimentodasgeleiras.Assim,estegráfico
tambémindicaascondiçõesinterglaciais(os picos) e glaciais(os
vales).[Fonte:T. E.GraedelandP.F.Crutzen,Atmospheric
change(NewYork:W.H. Freeman,1993))
.9
,~ Glacial
tlJ)
.§ Mais
~ baixo
,g 800 600 400 200 ON
~ Idade(milharesdeanosantesdopresente)
E
Q)
\D
Interaçõesdogeossistemado clima:
variaçõesdo níveldo mar
A relaçãoentreavariaçãodoníveldomare amudançaglobal
doclimaforneceumaexcelenteilustraçãodasinteracàe-don-
trodogeossistemadoclima.À medidaqueasuperfí~ieterres-
treaqueceouesfria,o volumedegelocresceouseretrai.afe-
tandodiretamenteo volumedosoceanos.Quandoo yolum de
geloaumenta,o volumedosoceanosdiminuieo nÍYeldomar
desce.Quando,pelocontrário,o volumedegelodiminui_o ní-
vel domarsobe.Assim,avariaçãodoníveldomaréindireta-
mentevinculadaàmudançadoclimapormeiodasintera.õe
datemperaturaedovolumedegelo.
Vocêpoderecordar-sedadescriçãodociclohidroló_. o fei-
tanoCapítulo13,quandoafirmamosquegrandeparteda 'gua
queseprecipitacomonevesobreoscontinenteorigina-sedo
mar.Duranteaépocapleistocênica,quantomaiságuaficayare-
tido..comogelonasgeleirascontinentais,menosá2Uafic<lyanos
oceanos.À medidaqueasgeleirascontinentaisc~ iam.o ní-
vel domarcaíaemtodasaspartesdoglobo.A a umula,ãode
umagrandequantidadedegelo- digamos,400.000k:m3- cor-
respondesomenteaumpequenorebaixamentodoní\"eldomar
- cercade1m-, dependendodadensidadedogeloedaconfi-
guraçãodooceanorasoedadisposiçãodasáreasdeteITasbai-
xas.Entretanto,durantea máximaextensãodaúltimaglacia-
ção,ocoITidahá 18mil anos,o níveldo mardesceucercade
130m.Essadescidacorrespondeaumenormevolumedegelo
- cercade70milhõesdequilômetroscúbicos,ouquasetrêsve-
zesaquantidadedegeloatualsobreaTerra.
:esglaciaismúltiplas:
~roscontinentaise marinhos
- ouclaroqueexistirammúltiplasidadesglaciaisduran-
útoceno,comintervalosinterglaciaismaisquentesen-
mesmas.À medidaqueosgeólogosmapeavamosdepó-
51aciais,hápoucomaisdeumséculo,ficavamcadavez
_=entesdequeexistiamdiversascamadasdedrift,sendoa
eriorcorrespondenteàidadedogelomaisantiga.Entre
-" asdematerialglacialmaisantigas,estavamsolosbem
iOlvidoscontendofósseisdeplantasdeclimaquente.Es-
eramaevidênciadequeasgeleirasretraíram-sequan-
.ima esquentou.No começodoséculoXX, oscientistas
'-amquequatroglaciaçõesdistintastinhamafetadoa
:a doNorteeaEuropaduranteaépocapleistocênica.
=- idéiafoi modificadanofinaldoséculoXX, quandoos
~o e oceanógrafos,ao examinaremsedimentosmari-
=a ontraramevidênciasfósseisdeaquecimentoeresfria-
os oceanos.Os sedimentosmarinhosapresentamum
geológicodo Pleistocenomuitomaiscompletoque
=~osdepósitosglaciaiscontinentais.Os fósseissoterra-
.=: sedimentosmarinhospleistocênicose anterioreseram
:mriníferos- organismosmarinhospequenose deuma
:-ãmara,quesecretamconchasde carbonatode cáleio
CaC03; verFigura 3.1). Essasconchasapresentam
porçãoentreoxigênio-16eo isótopodeoxigêniopesa-
gênio-18)diferentedacomumenteencontrada(verCa-
:. A razãoentreo oxigênio-16eo oxigênio-18encon-
aleitadeumaconchade foraminíferodependeda
t=..~radaáguaemqueo organismoviveu.Razõesdife-
conchaspreservadasemváriascamadasdesedimen-
amasmudançasdetemperaturadosoceanosocorri-
tea épocapleistocênica(Figura 16.25),Duranteas
- ,os sedimentosmarinhossãoenriquecidosemoxi-
porqueo oxigênio-16épreferencialmenteevaporado
ose aprisionadonogeloglacial.
-_ ~álisesisotópicasdeconchaspermitiramaosgeólogos
_ troefeitoglacial.A razãodosisótoposdeoxigêniodos
=mudaquandoumagrandequantidadedeáguaéretira-
ênporaçãoeprecipitadacomoneveparaformaro gelo
O oxigênio-16,maisleve,temumatendênciamaiorde
-'-'dasuperfíciedo oceanodo queo oxigênio-18,mais
_-\ssim,maiorquantidadedeisótopospesadosé deixa-
-- m.Os cientistaspuderamutilizara análiseisotópica
-;<ITo crescimentoearetraçãodasgeleirascontinentais,
rm partesdooceanoondepodemnãoterOCOITidogran-
- •asdetemperatura- próximoaoequador,porexem-
. dessaanálisedossedimentosmarinhos,aprende-
. - existirammuitosciclosmaisregularesecurtosdegla-
- êdeglaciaçãodo queosgeólogostinhamreconhecido
- teapartirdostills glaciaisdoscontinentes.
0-14emtestemunhosextraídosdo depósitoglacial.O
últimaglaciaçãofoi depositadoduranteumadasépocas
entesdotempogeológico,o Pleistoceno,o qualsees-
_ desde1,8milhãoaté10mil anosatrás.Ao longodacos-
~dosEstadosUnidos,oavançomaisaosuldessegeloes-
_~-tradoporenormesdepósitosdetill e areiademorenas
. queformamaLong Island(NovaYork) e emCabo
_.lassachusetts).
410 I ParaEntender a Terra
o SISTEMA TERRA
~20003
1o--- _
8- -
100.0
Figura 16.26 Extensãoe espessurado gelo numdia do mêsde agosto há 18
milanos. As bordas continentais revelamque o níveldo mardesceu 85 m em
relaçãoao nívelatual. [Fonte:CLlMAP, "The Surfaceof the Ice-Age Earth".
Science191(1976):1131-113]
16"'-
12>-.-
10 _
I 3000km I
Escala no equador
2.As causasdaalternânciadeidadesglaciaiseinterglaciais,• -
segueumpadrãomaisoumenosregularatravésdoPleistoce
Umaexplicaçãobemsustentadaparaoresfriamentogeral
regiõespolaresresidenasposiçõesdoscontinentesemrelação
pólos.A derivacontinentalcontroladapelatectônicadeplacas-
terminaessasposições.NamaiorpartedahistóriadaTerra, -
existiramextensasáreasdeterranasregiõespolaresenemcalo
1.O resfriamentogeraldasregiõespolares,queresultanafonr..:
çãodecalotaspolares.Evidênciasapartirdesedimentosglaci:::.
naAntártidae nooceanoindicamqueasatuaiscalotasdege
começaramaseformarhácercade10milhõesdeanos,no}'fi_-
cena,ecresceramlentamenteatéculminaremnasvultosasge:~-
rasdoPleistoceno.
logosaindaconfrontemdetalhes,estásendo,hoje,geralm-
teaceitoqueasidadesdegeloresultamdasinteraçõesdenr:-
do geossistemado clima.As teoriasdasidadesdo geloe ~
centradasnasmudançasclimáticase nospossíveisfatore
atmosferae dosoceanosquepoderiamprovocara glacia.-
numdeterminadotempoe,então,demodoreverso,causa;_
deglaciação.
As teoriasdasidadesdo gelo tentamexplicardois fe
menos:
A Figura 16.26mostraadistribuiçãodogelosobreoscon-
tinenteshá18mil anos.Massasdegelode2 a3,5kmdeespes-
suraestabeleceram-senaAméricado Norte,naEuropae na
Ásia. No hemisfériosul,o gelodaAntártidaexpandiu-see as
extremidadesmeridionaisdaAméricadoSuledaÁfrica foram
cobertaspelogelo.Os continentesficaramumpoucomaiores
doquehoje,poisasplataformascontinentaisaoseuredor- al-
gumascommaisde100kmdelargura- ficaramexpostas,de-
vidoaorebaixamentodoníveldomar.
Os riosestenderamseuscanaisatravésdasnovasplatafor-
mascontinentaisemersasecomeçaramaentalharo antigolei-
todomar.Culturasantigas,taiscomoaquelasdoEgitopré-his-
tórico,desenvolveram-seemterrasmaisadiantedomantode
gelo,eoshumanosvagavamporessasplaníciescosteiras.
ogeossistemado clima:
ascausasdasépocasglaciais
Os geólogosdebatemhámuitotemposobreascausasdasida-
desdo gelo.Atualmente,a discussãoaumentoupelapreocu-
paçãotantocomaspossíveistendênciasde aquecimentode
curtaduração,quederreteriampartedasgeleirasmundiais,
comopelastendênciasderesfriamentodelongaduraçãoque
poderiamexpandi-Ias(verReportagem16.2).Emboraosgeó-
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo ~
A BaíadeBengala,emBangladesh.As terrasbaixasdeBangla-
deshestariamsujeitasa desastrosasinundaçõescasoocorresse
umeventodesubidado níveldo mar,o qualpoderiaresultarde
umaquecimentoglobal.UamesP.Blair/NationalGeographic)
Até agora,a alternânciaentreidadesglaciai e intergla-
ciaistemsidomaisbemexplicadapelosciclo astronômico.
Essesciclos causamvariaçõesperiódicasna quantidadede
calorqueaTerrarecebedoSol.A formadaórbitadaTerraao
redordo Sol mudaciclicamente,sendoora um poucomais
circulare oraumpoucomaiselíptica.O
desYioemrelaçãoao
círculo queumaformaelípticaapresentaé onhecidocomo
excentricidade.33Uma órbitamaiscirculartemexcentricida-
debaixae umamaiselíptica,excentricidademai alta(Figu-
ra 16.27a).O intervalodetempodeumciclodevariaçãodes-
dizero cenáriogeral.À medidaqueasregiõespolarese tem-
peradasficaremmaisfrias,talvezdevidoà diminuiçãogradual
de dióxidode carbono da atmosfera,asgeleirasde valeau-
mentarãode tamanho.Em algumasregiõesda Américado
Norte, da Europae da Ásia, a nevevaipararde derreterno
verão.O gelo se acumularágradualmentenasgrandesgelei-
rascontinentaise fluirápararegiõesmaisfrias,queanterior-
mentetinhamclimatemperado,engolfandotudo o que es-
tiveremseucaminho.Ao mesmotempo,o níveldo mardes-
cerá,deixandoos portos marítimosaltos e secos.Seguir-se-
á umamigraçãoemmassade pessoase animaisparaas re-
giões maisquentes.As florestase as comunidadesvegetais
mudarãoemrespostaao novoclima.É difícil imaginarcomo
a população humanado futuro poderá dar conta de tão
imensasmudanças.
- oceanoscircularampelasregiõespolares,transportan-
regiõesequatoriaiseajudandoaatmosferaadistribuir
razoavelmenteuniformesparatodaa Terra.Mas
;;andesáreasderivaramparaposiçõesqueobstruíramo
~eficientedecalorpelosoceanos,asdiferençasdetem-
=ntreospóloseoequadoraumentaram.Quandoospólos
- e,ascalotasdegeloseformaram.Podemospredizer
..•.•.... amuitosmilhõesdeanos,seasextensasterraspolares
doscontinentesdoNortee daAntártidaderivarem
3 dospólos,ascalotasdegeloirãoderreter.
6.2 Variações futuras do nível
o mar e a próxima glaciação
que aconteceriase 25 milhõesde quilõmetroscúbicos
da águado planeta,agora retidos como gelo, fossem
:.erretidos?O níveldo marpoderiasubiraté 65m,inundan-
:. as cidadesmaisimportantesdo mundo - Nova Orleans,
dres,Nova York, Los Angeles,Tóquio e muitasoutras.32
-:: áreassituadasnas terrasbaixasdos continentes,onde a
-2ior parte da população mundialvive,seriamsubmersas
maresrasos.
Não é provávelque todo o gelo da Terraseja derretido
- 5 próximosmilhõesde anos. Mas é bem possívelque um
=::'Jecimentodo climaneste século tenha dois efeitos que
erãocausara subidado níveldo mar:
fusão de partedo gelo glacialcausariaapenasumape-
__Enasubidado níveldo mar.
:. ,\ expansãoextremamentepequenado volumeda água,
="_eé causadapelo aumentoda temperatura,seriamultipli-
:=ca por uma imensa quantidade de água aquecida nos
:::5lnos, causandoa expansãoe a subida do níveldo mar.
Um aquecimentoglobal de poucos grauspoderia cau-
-- umasubidado níveldo marde poucos metros.Embora
::saquantidade possa ser insignificante, na verdade ela
-=;)é.Duranteasondulaçõesdas tempestadese dasmarés,
: -' 'eldo marseriasuficientementealto paracausarimpor-
:=-c:esinundaçõesde regiõescosteiras baixas.Milhões de
:'--50as emBangladesh,por exemplo,vivemnos deltasdos
-:: Gangese Brahmaputra,somentea poucos metrosaci-
-c o níveldo mar.Umasubidade apenasummetrodo ní-
=:. o marseriadevastadoraparaessaspessoas,quejá têm
afligidas por inundações catastróficas que custaram
aresde vidas.
Dodemosesperarque a Terra retome a um período de
~= "açãodentro dos próximos10 milanos, pois o atualpe-
_ o interglacialjá tem 10 milanos,e o tempo médiodesse
-- . do é de, aproximadamente,20 milanos.Podemospre-
4121 ParaEntender a Terra
deumaórbitacombaixaexcentricidadeatéumacomaltaex-
centricidadeédecercade100mil anos.
A obliqüidade,outrocicloastronômico,envolveo ângulode
inclinaçãodoeixoderotaçãodaTerra.Osângulosnumciclova-
riamentre21,5e24,5°numperíododetempoaproximadode41
mil anos.Esseciclotambémmudalevementeo calorrecebidodo
Sol (Figura16.27b).Alémdisso,oeixoderotaçãodaTerraosci-
la levemente,resultandonaprecessão,cujocicloduraemtorno
de 23mil anos(Figura16.27c).A precessãotambémmudaa
quantidadedecalorqueaTerrarecebedoSol.
O geofísicoiugoslavoMilutin Milankovitchfoi o plimeiro
acalcularessesciclosorbitaisnasdécadasde1920e 1930.Seu
trabalhomostrouqueosestágiosglaciaise interglaciaiscorres-
pondemàsvariaçõesde calorquea Terrarecebedo Sol, as
quaisresultamdasomadetodasasmudançasorbitaisdoplane-
ta.Trabalhosrecentessobreessateoriapredizemmudançasre-
gularesnoclima,comumaglaciaçãoperiódicadelongadura-
çãoacada100mil anoseoutramaiscurta,acada,aproximada-
mente,40mil e 20mil anos.
Evidênciasdesondagensnogelo
À medidaqueainterpretaçãodasmudançasclimáticas,coma
ocorrênciadeglaciaçõesmúltiplasefeitaapartirdoregistrode
sedimentosmarinhos,foi seconfirmandoe tornando-semais
detalhada,osgeólogossaíramàprocurademelhoresregistros
continentaisdaglaciação.Essapesquisalevouaodesenvolvi-
mentodenovastecnologiasdeperfuraçãodesondagenspro-
fundasnosmantosdegelosdaAntártidaedaGroenlândiaede
recuperaçãode testemunhosa partirdelas.Na Antártida,os
geólogosrussosda EstaçãoVostokperfuraramtestemunhos
muitomaisprofundosqueosdadécadade1970;em1993,eles
alcançaramumaprofundidadede2.755m.Muitos gruposde
geólogosdosEstadosUnidos e daEuropaperfuraramvários
poçosnogelodaGroenlândia.
Os testemunhosdegelodessassondagensforneceramum
detalhadoregistroestratigráficodascamadasde geloanual-
menteproduzidaspelaconversãodaneveemgelo.Ao mesmo
tempo,osisótoposdeoxigênioeaconcentraçãodedióxidode
carbonodascamadasdegeloforneceramumregistrodasvaria-
çõesdetemperatura.Dessamaneira,osgeólogospuderamde-
terminarosintervalosglaciaise interglaciaisapartirdosteste-
munhosdegelo(verReportagem16.1).Um tipoadicionalde
informaçãooriginou-sedasbolhasdearaprisionadasnaépoca
emqueogeloseformou.Ao analisarmosdiversosgasesdessas
bolhasfinas,oscientistassuíçosefrancesesdescobriramquea
concentraçãode dióxidodecarbonodaatmosferaeramenor
nosperíodosglaciaisemaiornosintervalosinterglaciais.Essa
descobertaé exatamenteo quesepoderiaesperardoefeitoes-
tufaeé umasurpreendenteconfirmaçãodateoriadamudança
climáticaglobal,quediscutiremosmaisaprofundadamenteno
Capítulo23.As mudançasnaconcentraçãodedióxidodecar-
bonoe a substituiçãodeperíodosglaciaisporinterglaciaispa-
recemnãoter ocorridoprecisamenteao mesmotempo,mas
partedadiferençapodeseratribuídaaoserrosdemedição.
Os testemunhosdegelodeumageleirademontanhade6
kmdealturanosAndesperuanoslevaram-nos,recentemente,a
revisarnossosconceitossobreosclimastropicaisduranteaúl-
timaidadedogelo.Emboraos trabalhosanteriorescomsedi-
(a) Excentricidade(100 mil anos)
(b) Obliqüidade (41 mil anos)
(c) Precessão (23 mil anos)
Figura 16.27Os trêscomponentesdavariaçãoorbitalda
Terrae seusintervalosde tempoparaumúnicociclo. (a) A
excentricidadeé umamedidado desvioemrelaçãoà forma
circularquea órbitaelípticada Terraapresenta.(b) A
obliqüidadeéo ãnguloentreo eixode rotaçãodaTerrae a lin -=-
perpendicularao planoorbital. (c) A precessãoéa oscilaçãode
eixode rotaçãodaTerra.Pode-seimaginaressemovimentopor
analogiaao balançodo topo de umpiãoquandorodopia.
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1413
o marinhosprofundossugiramqueosoceanostropicais
quenteseforamduramenteafetadospelaglaciaçãonasla-
".os maisaltas,o testemunhoperuanoindicaqueastempe-
nosclimastropicaistambémoscilaramabruptamenteno
- daúltimaidadedogelo- exatamentecomoocorreunas
pões demaiorlatitude.
limadesdea últimaglaciação
::rendemos,apartirdostestemunhosdegelodaGroenlândia,
=~a sériecomplexadeeventosocorreuantes,duranteede-
- dadeglaciaçãorelativamenteabruptaqueencerrouaúlti-
dadedogelo.Um rápidoaquecimentopareceterocorrido
_'=fcade14.500anos.Aproximadamentemil anosdepois,o
omeçouaesfriardenovoeteveinícioumoutroperíodo
iação,hácercade12.500anos.Esseretornotemporário
::undiçõesglaciais,chamadodeperíododoDryas34recente,
cercademil anos.Então,pertode 11.700anosatrás,a
• raturaaumentounovamente,atécercade6°C,e adegla-
'; prosseguiuatéo estadoatualdereduçãodascalotasde
polaresedasgeleiras.
_-:..rransiçãodofrio dotempodoDryasrecenteparaorelati-
or do períodointerglacialatualocorreuabruptamente.
.:omeçoucomumaelevaçãopronunciadadatemperatura
-2.lde5 para10GCecontinuouaaumentarparapróximode
: :::.Calculou-sequeo puloinicial tenhaocorridoemmenos
anos.A velocidadedatransiçãofoi umchoqueparaos
- -,agos,quetinhamestimadoas mudançasnumintervalo
•doqueváriosmilharesdeanos.Essaeoutrasmudancas
- . asrápidassugeremqueo sistemadoclimaglobalf~n-
~ omarapidezdeumachaveinterruptora,variandodeum
paraoutroemquestãodepoucosanos.
edasmudançasclimáticasdosúltimos10mil anospare-
relacionadaàsvariaçõescíclicasnovolumedaáguade
. Seismudançasoscilatóriasestãocorrelacionadascomo
avançoe aretraçãodasgeleirascontinentais,que,por suavez,
correlacionam-secomamagnitudededesprendimentode ice-
bergs.A quantidadededesprendimentodeiceberoséestimada
apartirdastrilhasdesedimentosmuitogrossosdi tribuídasno
assoalhomarinhodesdeLabrador(Canadá)atéaFrança.E: as
trilhasparecemtersidooriginadasquandograndesfrotasdeice-
bergssedesprenderamdomantodegelodolestedoCanadáese
fundiramà medidaqueiam sendodeslocadasparao le te..-\
águadedegeloqueflutuounasuperfícieacompanhouo ice-
bergs,alterandoacirculaçãodoAtlânticoNortee.a im. afe-
tandoo climadaAméricadoNorteedaEuropa.
Duranteos temposnormais,não-glaciais,acirculaçãoma-
rinha,quelembraumaesteiratranspOltadora,distribuiuma
imensaquantidadedecalorparao OceanoAtlântico -artee
amenizao climadaEuropa(Figura16.28).As corrente u-
perficiaisquentespartemdasregiõesequatoriaisefluempara
nordeste.No AtlânticoNorte,aáguaresfria-seetorna-semai
salina(porqueafluimenoságuadocedosriosparao marem
latitudesaltas).A águamaisfria e salinaafunda,poissetorna
maisdensa.Dessaforma,umacorrentefria maisprofundaori-
gina-seeflui parao sulcomopartedacirculaçãotermohalina
geral- assimchamadaporsercontroladapelasdiferençasde
temperaturae salinidade.Seo balançonormalentreo resfria-
mentodoAtlânticoNorteemlatitudesaltaseaentradadeágua
docepelaprecipitaçãodechuva,nevee peloescoamentoflu-
vial for perturbadapelaadiçãodemuitaáguadoce(digamos.
do derretimentodasgeleiras),a circulaçãotermohalinadimi-
nuiráe, talvez,possaatémesmocessarporcompleto.As im-
plicaçõesno climasãopoucoentendidas,maspoderiamser
perigosas.A Europapoderiatornar-semuitomaisfriadoqueé
hoje,porexemplo.
Os eventosclimáticosdosúltimosmilharesdeanosforam
deduzidosapartirdostestemunhosdegeloeconfirmadospela
históriahumana.
Figura 16.28A circulaçãotermohalina
global dos oceanos,queenvolveajunção
dos efeitosdetemperaturae salinidade.é
àsvezesreferidacomoa "esteira
transportadora"dos oceanos.Elaé
importanteporqueé responsável.no di. a
atual,por umagrandepartedo transpor:e
de calor dos trópicos paraas lati udes ais
altas.Por exemplo,a Correntedo C'Ú O. o
OceanoAtlãntico,fazpartedacirculaç20
termohalinaglobale transpor13ágtJ2S -is
quentesparao Norte, de modoc;:..e
contribuiparaquea Europ2ocic - -- ha
umo climaameno,apesarde su212' de.
Essaságuasmaisquenes ta I bé
aumentama umidadesobrea:: ropa.Esta
umidadeé posteriormeme- da
parao nortee o oesteda --ia. o de acaba
precipitando-see au e lêndo o
escoamentode á a oce paR o Oceano
Ártico. O influxode á 2 doce no -rtico é
consideradoumrator-chae para
desencadearU 2 2ciaçãocontinental.
!
1'<:'-j
Correntefria,salinae profunda
B'lix;ysalinipade
" AOuo doMko :\\
Transportedeumidad~ .\
=-clnsferênciapelosventosdeoeste/ Descarga- marpara IV fluvial
:CaI"
4141 Para Entendera Terra
De 1400a 1650,aTerrapassouporumaPequenaIdadedo
Gelo,durantea qualo Mar Báltico congeloue o gelosobreo
Rio Tâmisa,na Inglaterra- quenuncacongelounos tempos
modernos-, alcançouaespessurademuitoscentímetros.Não
háconcordânciaentreosgeó10gose oscientistasqueestudam
a atmosferasobreascausasexatasdesseseventos.Parececer-
to,entretanto,queaprenderemosmaissobreamudançadocli-
ma em relaçãoà glaciaçãoquandoas naçõesdo mundoes-
tiveremcadavezmaisinteressadasnosefeitosfuturosdessas
mudanças.
Os registrosdeglaciaçõesantigas
A glaciaçãodoPleistocenonãofoi aúnicadahistóriadaTerra.
Desdea primeirametadedo séculoXX, sabia-se,a partirde
evidênciascomoestriasglaciaise antigostills litificados,
madosdetilitos,queasgeleirascobrirampartesdoscon.
tesdiversasvezesnopassadogeológico,muitoantesdoPl~
toceno.Os tilitos indicamquehouveimportantesglacia,~
continentaisduranteostemposPermiano-Carbonífero,Or
cianoe,pelomenos,duasvezesduranteo Pré-Cambriano.
A glaciaçãopermiana-carboníferafoi generalizadana
çãosuldeGondwana(Figura 16.29)eostilitosestãoprese;-
dosemmuitoscontinentesdohemisfériosul(Figura16.29b -
glaciaçãoordovicianafoi maislimitadaemsuaextensãoe
maisbempreservadanonortedaÁfrica.A glaciaçãopré-
brianamaisantigaocorreuhácercade3 bilhõesdeanos-
boraessainterpretaçãonãoestejadetodoconfirmada.A gla~
çãomaisantigaconfirmadaocorreuhá,aproximadamente.=.-
(a) Evidênciasde glaciação
lI,'
~ 11.'
Seixos
pingados glaciais35
... e os tilitos estão preservados
até hoje em muitos continentes
do hemisfério sul.
(d) Depósitos glaciaisdo Neoproterozóico
A glaciação permiana-
pensilvanianacobriu a
região sul de Gondwana...
A Terra já foi totalmente coberta
por gelo ou algumaparte do mar
permaneceudescongelada?
Till glacial
...........Presente
~
Estrias
glaciais
500
ÉON fANERoz61CO
ÉON HADEANO
ÉON PROTERoz61CO
2500
:. 6.29 Épocasglaciaisantigas.(a) Mapasmostrandoa distribuiçãodos depósitosglaciaisdo
=-::>-Pensilvaniano,formadoshámaisde 350 milhõesde anos.Nessaépoca,os continentesestavam
~=:no supercontinenteGondwanae o geloestavasituadono hemisfériosul,centradosobrea
•.2.da mesmaformaqueos modernoscamposde gelo.O segundomapamostraa distribuiçãoatual
--"o 'sitos glaciaisdo Permiano-Pensilvaniano.(b) Depósitosglaciaisdo PermianodaÁfricado Sul. [John
_ 5Er] (c) O desenvolvimentoda hipóteseda TerracomoBolade Neveno Neoproterozóico.Os
~s debatema extensãonaqualo planetafoi coberto comgelo, masalgunsacreditamqueatéos
.: 'oramcongelados.(d) Depósitosglaciaisdo Neoproterozóico.[JohnGrotzinger]
-:=deanoseseusdepósitosglaciaisestãopreservadosem
. g (EUA), aolongodamargemcanadensedosGrandes
:. nonortedaEuropae naÁfrica doSul.A épocaglacial
brianamaisnova,queseestendeunoperíodoentre750
- - ecercade600milhõesdeanos,envolveuváriosepisó-
==glaciaçõesseparadasporperiodosinterglaciaisquentes.
- samente,osdadospaleomagnéticosindicamqueo gelo
.. ~ seestendidoportodoo equador.Essaevidêncialevou
geólogosa especularqueaTerrapodetersidocomple-
.~ obertaporgelo,depóloapólo.Essahipótesearroja-
- _-amadadeTerracomoBola deNeve36(Figura16.29c).
_' itosglaciaisdessaidadeforamencontradosemtodos
entes(Figura16.29d).
asuperfíciedaTerracomoBola deNeve,haviagelo
-l parte- atémesmoosoceanosestavamcongelados.A
c; ruramédiaglobalteriasidoa daAntártida,cercade
_ ~ceto emalgunspoucospontosquentespróximosaos
-_:. nenhumaformadevidateriasobrevivido.Comopode-
orridoumeventotãoapocalíptico?E comoelepode-
·~rrninado,devolvendo-nosaTerraqueconhecemosho-
. fê postasresidemnasretroalimentaçõesqueocorrem
o geossistemadoclima.
.:ialmente,àmedidaqueaTerraesfria,osmantosdege-
.;JÓlosespraiam-seradialmenteesuassuperfíciesbrancas
,= cadavezmaisaluz doSol paraforadoplaneta.A per-
:lZ solaresfriaaTerra,que,por suavez,aumentaaex-
- dosmantosdegelo.O processopoderiacontinuaraté
o trópicos,envolvendooplanetanumacamadadege-
.~1k.mdeespessura.Essecenárioéumexemplodarea-
- ·~ãopositivano geossistemado clima.Numaretroali-
,·0positiva,os resultadosde umprocessoreforçamo
processo.(Foramabordadossistemasderetroalimenta-
- .·jva noCapítulo7,naseçãosobreformaçãodosolo.)
temilhõesdeanos,aTerrapermaneceusotelTadano
= uantoospoucosvulcõesquesesobressaíamnasuper-
~tamentelançavamdióxidodecarbononaatmosfera.A
,ão de dióxidode carbonoaprisionouo calor solar,
- o umaquecimento-estufa.Quandoo níveldedióxido
- nonaatmosferaalcançouumvalorcrítico,atempera-
;iu abruptamentecomoresultadodoaquecimentoestu-
;=o delTeteueaTerratornou-seaquecida.Nessecenário,
todedióxidodecarbonorepresentaumaretroalimen-
-~ativa nogeossistemadoclima.Emretroalimentações
-. osresultadosdeumprocessodiminuemavelocida-
pedemo processo.
- . 'tesedaTerracomoBola deNeveécontroversae al-
==ólogosdiscordamdaidéiadequeosoceanospossam
~lado.Todavia,aevidênciadeumaglaciaçãoemlatitu-
CAPíTULO 16•Geleiras:o Trabalhodo Gelo 1415
desbaixasé fortee ahipóteseservecomoumexemplodeco-
moaretroalimentaçãodogeossistemadoclimapodefuncionar
paraproduzirmudançasextremasnaTelTa.Uma dastarefas
dosgeólogosé testaressahipóteseutilizandoeuentendimen-
todecomoo geossistemadoclimadaTelTasecomporLa.
I RESUMO
Comoasgeleirasseformame comosemovem?As geleiras
formam-seondeo climaéfrio o suficienteparaquea neye.ao
invésdedelTeter-senoverão,sejatransformadaemgelopela
recristalização.À medidaquea neveseacumula,o gelo e e--
pessa,sejanasgeleirasnotopodosvalesdasmontanhas.seja
nasáreascentrais,comformadedomo,dosmantosdegelo
continentais.A espessuraaumentaatéqueo gelotorna-setão
pesadoquea gravidadevencesuaresistênciae elesedesloca
decliveabaixo.Duranteosperíodosdeclimaestável,o tama-
nhodeumageleirapermanececonstante.O geloéperdidopor
derretimento,sublimaçãoedesprendimentodeicebergsnazo-
nadeablação,eécompensadopornovaneveobtidanazonade
acumulação.Duranteumperíodoquente,umageleiraretrai-se
à medidaquea ablaçãoexcedea acumulação.Inversamente.
umageleiraexpande-se,numperíodofrio, quandoaacumula-
çãosuperaaablação.As geleirasmovem-seporumacombina-
çãode fluxo plásticoe deslizamentobasal.O fluxo plástico
predominaemregiõesmuitofrias,ondeabasedageleiraécon-
geladaatéo assoalho.O deslizamentobasalémaisimportante
emclimasmaisquentes,ondeo derretimentonabasedagelei-
ralubrificao geloeo ajudaamover-sesobrearocha.A veloci-
dadedemovimentodageleiravariacomo níveleaposiçãodo
gelo.
Por queasplataformasdegeloflutuam? O geloflutuasobre
o oceanoexatamentedamesmamaneiraqueoscubosdegelo
flutuamnumcopodeágua.O geloémenosdensoqueaágua.de
modoqueoscubosdegelo,osicebergseasplataformasflutuam.
A flutuaçãoocorreporqueo geloé empurradoparacimapelo
empuxo,umaforçaqueéigualàmassadeáguaqueeledesloca
Essaforçatendeaempurraro gelocontraasuperfíciedaáguae
é contrabalançadapelaforçagravitacional,quetendea fazê-Ia
afundar.A condiçãoparaflutuar- quandoessasforçassãoequi-
valentes- éconhecidacomoisostasia.A isostasiagarantequeo
níveldomarnãosubaquandoos icebergsouasplataformas~
gelosederretem.Issoporqueamassadegeloéigualàmassa ~
águaporeledeslocada.Quandoo gelosederrete.ele imp>--
menteocupaoespaçodaáguaquedeslocou.
41 61 ParaEntenderaTerra
I Conceitos e termos-chave
Comoasgeleiraserodemo substratorochoso,transportam
edepositamo sedimentoemodelama paisagem?As gelei-
ras erodemo substratorochosolascando-o,removendo-oe
moendo-oemtamanhosquevariamdesdematacãoatéumafi-
nafarinhaderocha.As geleirasdevaleerodemcircosearêtes
emsuascabeceiras;entalhamformasemU esuspendemvales
emseuscursosprincipais;e originamfiordesondeelestermi-
namno oceano,ao erodiro seuassoalhoabaixodo nível do
mar.O geloglacialtemaltacompetênciaecapacidade,o que
lhepermitecarregarabundantessedimentosdetodosos tama-
nhos.As geleirastransportamimensasquantidadesdesedimen-
tosatéasuabordafrontal,ondesãodispersascomodegelo.Os
sedimentospodemseroudepositadosdiretamenteapartirdo
derretimentodogelo,comotiU,oucoletadospelosriosdaágua
dedegeloeacumuladosmaisadiante,comodepósitosdedege-
lo. Morenasedrumlinssãoformasdasuperfíciecaracterísticas
dedepósitosdo gelo.Kames, eskerse kettlessãoacumulados
pelaáguadodegelo.O permafrostéumsolopermanentemen-
tecongeladoemregiõesmuitofrias.
O quesãoasidadesdo geloecomosãooriginadas? O drift
glacialdoPleistocenoé extensamentedistribuídonasregiões
delatitudesaltasqueagoradesfrutamdeclimastemperados.A
ampladistribuiçãodedrifts éumaevidênciadequeasgeleiras
continentaisjá seexpandiramparaalémdasregiõespolares.Os
estudosdasidadesgeológicasdosdepósitosglaciaissobreos
continenteseemsedimentosmarinhosmostraramqueaépoca
glacialpleistocênicaconsistiuemmúltiplosavanços(intervalos
glaciais)eretrações(intervalosinterglaciais)demantosdege-
lo continentais.Cadaavançocorrespondeuaumrebaixamento
globaldoníveldomar,queexpôsvastasáreasdasplataformas
continentais.Duranteosintervalosinterglaciais,oníveldomar
subiue submergiuasplataformas.Emboraascausasdaglacia-
çãopermaneçamincertas,oresfriamentoglobalquelevaatéela
pareceresultarda derivadoscontinentes,quegradualmente
moveasmassasdeterraparaposiçõesondeelasimpedemo
transportedecalordoequadorparaospólos.Umaexplicação
bemsuportadaparaaaltemânciadosintervalosglaciaise inter-
glaciaiséaquelaembasadanosefeitosdosciclosastronômicos.
Mudançasperiódicasmuitopequenasnaexcentricidadedaór-
bitadaTerrae naprecessãodeseueixoderotaçãoalterama
quantidadedecalordo Sol recebidapelasuperfícieterrestre.
Tambémháevidênciasdequeadiminuiçãodosníveisdecon-
centraçãodedióxidodecarbononaatmosferainibeo efeitoes-
tufae causaglaciação.De maneiraoposta,o aumentoatualde
dióxidodecarbononaatmosfera,resultantedaqueimadecom-
bustívelfóssil,podecausaraquecimentoglobal.
Questões para pensar
• morena(p.404)
• nevado(p.392)
• permafrost(p.407)
• pulso(p.397)
• tilito(p.414)
• til!(p.404)
• valeemU (p.402)
• valesuspenso(p.404)
• varve(p.406)
I Esteíconeindicaqueháumaanimaçãodisponívelnosítio
trônicoquepodeajudá-Ianaresposta.
CO\mARWf8
1.Porqueogeloglacialéestratificadoemmuitoslugares?
2. Certaspartesdeumageleiracontêmmuitossedimentos,enq
outras,muitopouco.O quedeterminaadiferença?
3. Compareostiposdetilitoquevocêesperariaencontrarem
áreasglaciadas:uma,emten'enoderochasgraníticasemetamó
outra,emterrenoderitmitosmolesearenitospobrementeciment
4. Queevidênciasgeológicasvocêprocurariasequisessesabera -
çãodomovimentoglacialnumaregiãoafetadaporgeleirascon.
tais?
5. Vocêestácaminhandosobreumacristasinuosadedrift gla;:
Queevidênciasprocurariaparadescobrirseelaéumeskerou
morenafrontal?
6. Umdosperigosexistentesnaexploraçãodegeleiraséapossl
dadedecair-senumafenda.Quefeiçõesdorelevodeumvalegl
Exercícios
Esteíconeindicaqueháumaanimaçãodisponívelnosí-
trônicoquepodeajudá-Ianaresposta.
CONECTARWf8
1.Comoasgeleirasdevaledistinguem-sedascontinentais?
í!J. 2. Comoaneveétransformadaemgeloglacial?
@ 3. Comoocrescimentoouaretraçãoglacialresultamdo
çodemassaentreablaçãoeacumulação?
4. Quaissãoosmecanismosdofluxoglacial?
5. Comoasgeleiraserodemosubstratorochoso?
6. Porqueasestriasevidenciamantigasglaciações?
7. Dêonomedetrêstiposdesedimentosglaciais.
W 8. DêonomedetrêsfOlmassuperficiaisfeitaspelasgeleir.!
9. Comoaglaciaçãoafetaoníveldomar?
10.QuevariaçõesdaórbitadaTerraafetamoclima?
11.Comoodióxidodecarbononaatmosferaafetaoclima?
• farinhaderocha(p.402)
• fenda(p.395)
• fiorde(p.404)
• fluxoplástico(p.395)
• geleira(p.388)
• geleiracontinental(p.389)
• geleiradevale(p.388)
• isostasia(p.399)
• kame(p.405)
• kettle(p. 406)
• deslizamentobasal(p.395)
• drift (p.404)
• drurnlin(p.405)
• errático(p.404)
• esker(p.407)
• estria(p.402)
• ablação(p.392)
• arête(p.402)
• circo(p.402)
• correntedegelo(p.397)
• depósitodedegelo(p.404)
• depósitoglacial(p.404)
-E seuentornovocêutilizariaparainferirqueestánumaparteda
_ quefoi intensamentefendida?
-. Você estáprospectandopossíveisdepósitoscomerciaisde
~ ascalhoemumaáreaemqueelespoderiamterseacumulado
os à bordadeumageleiracontinental.Queformasdo relevo
•::rocuraria?
~ viveemNovaOrleans(EUA), nãomuitolongedafoz dorio
- .pioQualpoderiaserseuprimeiroindicadordequeo mundo
=do numanovaidadedogelo?
séculoexatamenteanteriorao da viagemde Colombo, em
- - índiosamericanosqueviviamnonortedosEstadosUnidose
-"7'dá devemterobservadoumasignificativamudançado clima.
~ demudançasnasadjacênciasdessaregiãoelespodemter
o,e quantotempoelaslevaramparaocorrer?
-=nos geólogosconsideramqueum resultadodo continuado
entoglobalpoderáseraretraçãoe o colapsodomantodege-
"'-ntártidaOcidental.Como isso podeafetaraspopulaçõesda
doNortee daEuropa?
11.As evidênciasde sondagensperfuradasno gelo mostram
'gualíquidanabasedecertasgeleiras.Que tiposdegeleiras
rerágualíquidanabase?Quefatorespodemserresponsáveis
:crretimentodegelonoassoalhodessasgeleiras?
- ~lo éumasubstânciamuitoincomum,porqueé menosdenso
'quidodo qualseforma,a água.Entretanto,eleé apenasum
ülenosdenso(0,9g/cm3) quea água(1,0g/cm3), o queexplica
_-=a maiorpartedos icebergsfica submersa.Seo gelotivessea
e.ensidadedaágua,qualseriaaelevaçãodaparteemersadeum
:o emrelaçãoaoníveldo mar?
gestões de leitura
':'. R. B. andBender,M. L. 1998.Greenlandicecores:frozen
- ScientificAmerican(February),p. 80-85.
:::;xcker,W. S., andDenton,G. H. 1990.What drivesglacial
ScientificAmerican(January),p.48-56.
-=",""y.C. 1984.TheEarth'sorbitandtheiceages.ScientificAme-
:ebruary):58.
::ewon,G. H., andHughes,T. J. 1981.TheLastGreatIce Sheets.
'-·Wiley.
rey,M. 1.,andAlean,J. 1992.Glaciers.Cambridge:Cam-
_ :":-niersityPress.
~an, P.,andSchrag,D. 2000.SnowballEarth.ScientificAme-
uary):68.
--:;;:je,J., and1mbrie,K. P. 1979.IceAges:SolvingtheMistery.
, N. J.: EnslowPress.
...-'7'zies,J. (ed.).1995.ModernGlacialEnvironments:Processes,
. andSediments.Oxford:Butterworth-Heinemann.
=?R. P. 1988.LivingIce: UnderstandingGlaciersandGlacia-
==.bridge:CamblidgeUniversityPress.
CAPíTULO 16. Geleiras:o Trabalhodo Gelo 141 7
Sugestões de leitura em português
Demillo, R. 1998.Comofunciona o clima. São Paulo: Quark
Books.
Leinz,V.eAmaral,S.E. do.1995.Geologiageral.SãoPaulo:~a-
cional.
Rocha-Campos,A. C. eSantos,P.R. dos.2000.Açãogeológíado
gelo.2000.ln: Teixeira,w., Toledo,M. C. M. de,Faitchi1d.T. R. e
Taioli,F. (orgs.)2000.Decifrandoa Terra.SãoPaulo:OficrnadeTex-
tos.p.215-246.
Rose,S. Van.1994.Atlasda Terra:asforçasquefonnamemol-
damnossoplaneta.(ilustradoporRichardBonson).SãoPaulo:~lartitts
Fontes.
Salgado-Labouriau,M. L. 1994.HistóriaecológicadaTerra.São
Paulo:EdgarBlücher.
Suguio,K. 1998.Dicionáriodegeologiasedimentareáreasafins.
Rio deJaneiro:BertrandBrasil.
Suguio,K. 1999.GeologiadoQuaternárioemudançasGmbiemais
(passado+presente=futuro?).SãoPaulo:Paulo'sComunicaçõee
ArtesGráficas.
Suguio,K. 2000.Geologiado Quatemário.SãoPaulo:EDUSP.
Suguio, K. 2003. Geologia sedimentar.São Paulo: Edgard
Blücher.
I Notas de tradução
1Tambémdenominadasde"geleirasalpinas","geleirasdemontan-
ha"ou "geleirasdealtitude".
2 Tambémconhecidacom "inlandsis",principalmentena literatura
técnicamaisantiga.
3Em português,a boatradiçãosugeredistinguiros termosantártica
eAntártida.Enquantoo primeirovocábuloéumadjetivoquede ig-
naazonapolarmeridionalemcontraposiçãoàártica,o segundo,um
substantivo,designao continenteAntártida.
4 O lençolouplataformadegelosobrea águaé tambémconhecido
comobanquisa.
5 O queequivaleà áreade,aproximadamente,2,5vezeso estadodo
Rio GrandedoSul oua metadedoAmazonas.
6Em inglês,icecap (literalmente"tampa,boné,calotadegelo". T.
Webster's)foi definidapelosautoresdopresentelivroparadesi_
genericamenteasgrandesformaçõesdegeloqueocorremnospól
sejasobrea águadooceano,noPólo Norte,comaformasern~lhzil-
teaumacalotaesférica;sejanomantodegelodaAmárrida«noPólo
Sul,comaformadeumalentebiconvexa).Nesseúltimocaso.urili-
za-se,de modo mais específico,tambéma expressãoice s/;ee:
("mantodegelo").Contudo,naliteraturatécnicabrasileira.o terIIlO
geralicecaptemsidodiferentementetraduzidocomo:"ca1omee~e-
10"(paradesignarestritamenteaformaçãodegelodo..\..Li o): "~e-
leiratipocalota"e "mantodegelo"(referindoum_'ganreseomanto
de geloemáreacontinental);"casquetedegelo" (designandoum
mantodegelomenor,sobreo continente).Por seuturno.o termoes-
pecíficoicesheettemsidotraduzidocomo"len.ol oumantodege-
lo", sejamos gigantescosou os menore (mai apropriadamente.
"casquetes").Semprequepossível,aexpressãofoi rraduzidadeacor-
docomossignificadosempregadosnaliteraturatécnicabrasileira
41 81 ParaEntendera Terra
7No original,icecapoComoa ilustraçãofoi extraídadeFlint (1971),
é possívelqueos autorestenhammantidoa designaçãoda fonte,
pois definirama expressãoicecapcomo"massadegeloformada
nospólos".
8Situadanalatitudede64°31'N e 165°23'W,Nomeé a principalci-
dadedacostasuldaPenínsuladeSeward,margeadaalestepeloEs-
treitodeBering.
9Situadanalatitudede46°51'N, cercade2.000km maisparao sul
doqueacidadedeNome,e longitudede68°01'W, noextremonor-
tedaregiãolestedosEstadosUnidos,quasenafronteiracomO Ca-
nadá.
tO O nevadoé característicode um "campode neve"ou "baciade
nevado"(firn basin)quealimentaumageleira.Eventualmente,o
termoinglêsfirn (pronuncia-se[fim)),ou seucorrespondentefran-
cêsnévé(pronuncia-se[nêvê')),ocorrenaliteraturabrasileirasem
sertraduzido.
IIAlgunsautoresincluemno conceitodeacumulaçãotodosos pro-
cessosqueadicionamneveougeloa umageleira,aumaplataforma
glacialoucoberturadeneve,incluindo,alémdaprecipitaçãodene-
ve,acondensação,asavalanchas,o transportepeloventoe o conge-
lamentodeágua.
12Tambémdenominadode"fragmentaçãoglacial"ou "desagregação
glacial".
13O balançodemassaglacialé tambémchamadoapenasde"balanço
demassa".
14No original,crevasse(igualàformafrancesacrevasseoucrevice),
que,eventualmente,podeocorrernaliteraturabrasileirasemestar
traduzida.
15Com cercade5.327km2,o queequivalea cercade Y. da áreade
Sergipe.
16RhodeIslandé umdosestadoslocalizadosnacostalestedosEsta-
dosUnidos.
17Em inglês,GreenlandIce CoreProject- GRIP.
18Em inglês,EuropeanScienceFoundation.
19Em inglês,US. GreenlandIce-SheetProject- GISP2.
20Pronuncia-se [mut;mê].Essa palavra, que deriva de mouton
("carneiro"emfrancês),nãotemsido traduzidaemportuguêse,
também,emoutraslínguas.
21Pronuncia-se[grêt].Palavrasemtraduçãotécnicanaliteraturapor-
tuguesae assimapropriadadofrancêstambémnalínguainglesa,a
exemplodemoutonée.
22Pronuncia-se[drift].Essevocábulo"quesignificaliteralmente"le-
vadopelacorrente",nãotemsidotraduzidoemportuguêsnemem
outraslínguase significa"pilhadedetritosglaciais"ou "de;>
glacial".
23Muitosautoresempregamo termoinglêsoutwashparadesi~
sessedimentos.
24Eventualmente,essevocábulotambémé grafadocomo"mo
umaformaemdesuso.
25Diferentementedestelivro, muitosautoresconsideram"
frontal" como sinônimode "morenaterminal",preferindo
apenasdestaúltima.
26Pronuncia-se[drum'lin).Estevocábulonãotemsidotraduzi-
línguaportuguesae é apropriadocoma mesmaformatambé-
outrosidiomas.
27Pronuncia-se[kêm]e,a exemplodeoutrosvocábulos,nãoterL
traduzidonovernáculo.Muitasdessasexpressõesquedesign-
çõeseprocessosglaciaismantêmo nomenalínguadopaíser;:,_
foramdescritasoriginalmente.Por isso,eventualmente,també-
outrosidiomaso vocábuloémantidonalínguaoriginal.
28Pronuncia-se[ket'gl],semtraduçãonovernáculo.
29Pronuncia-se[skab'land].Termogeomorfológicoregionalq
signaterrenodesolado,definidopor umasuperfíciedeplana!
racterizadapor numerososmorrosbaixoscomformasáspe
topoplano,constituídosderochanua.
30Pronuncia-se[es'k<lr).
31Pronuncia-se[p<lr'mgfrôst].Termonãotraduzidoe assime -
emváriosidiomas.
32NaAméricadoSul, seriaminundadascidadescomoLima,B
Aires,Montevidéu,PortoAlegre,Florianópolis,Rio deJaneiro. .::
vador,Recife,BelémeManaus,entremuitasoutras.
33A excentricidadeé medidaemtermosdarelaçãoentrea di -
dosfocose o eixomaiordaórbitadeumastro.
34 Dryasé o nomedeumvegetalrasteiro,queprecedeos de=
sucessãovegetale contribuiparaformaro solo.O períodoe
gráficofoi denominadocomo mesmonomedovegetal,poise :::_
ptimeiroa colonizaras inóspitasáreasfriasdaAméricado.-
Na épocadotempoDryas,vastasregiõesdessecontinentees
colonizadasapenaspor essevegetale, agora,essasmesmas.
estãoocupadasporumavegetaçãomaisdesenvolvidagraçasao-
balhoinicialdovegetaldryasemformaro solo.
35Um "seixo pingado",tambémdenominado"seixo caído",é
fragmentosedimentargrosso,quefoi aprisionadoetransportadc
intetiordeum iceberge depositado,quandoestedegelou,lon~
suafonte,geralmente,emumleitopelítico.
36No otiginal,SnowballEarth.

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