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PLATÃO
	Platão nasceu em Atenas no ano 427 AC. Era filho de família aristocrática e abastada. Por parte de pai descendia de Codro, último rei de Atenas e por parte de mãe, descendia de Sólon, um dos sete sábios da Grécia. O seu nome verdadeiro era Arístocles. Só mais tarde foi chamado de Platão, por causa de sua robustez. Entregou-se, na juventude, ao estudo das ciências, sendo seu primeiro professor Crátilo, um dos seguidores de Heráclito. Depois passou a seguir as lições de Sócrates, durante oito anos. Por fim estudou com Euclides e com os pitagóricos. Vendo a morde de Sócrates, renunciou à vida política, querendo ser então um reformador social e não um filósofo. Com este fim retirou-se para Megara, donde empreendeu uma série de viagens para o Egito, Sicília e Itália. Em sua primeira viagem à Sicília exerceu grande influência em Dionísio I através de suas ideias políticas. Mas sua franqueza irritou os tiranos e ele foi entregue a um almirante e levado a Egera onde foi posto à venda como escravo. Um amigo, (Aníceris) o reconheceu e o resgatou. De volta a Grécia, estabeleceu-se definitivamente em Atenas. Possuía uma casa com um grande jardim que fora do herói Acádemo. Ali instalou a sua escola: a ACADEMIA. Tinha a finalidade do estudo da Filosofia e Ciências. Aí lecionou durante 20 anos. Recebia alunos de todas as partes. Platão fomentava o estudo da ciência pela ciência, por isso não visava lucro algum. Queria formar homens de estado, convictos e não demagogos. Em 366 empreendeu nova viagem a Sicília. Nesta época reinava aí Dionísio II, mais dócil às ideias políticas de Platão. No entanto, por circunstâncias diversas, sua estada não foi bem sucedida e com grande custo conseguiu regressar a Atenas. Morreu escrevendo, em 347 AC, aos oitenta anos, no dia de seu aniversário de nascimento. Foi enterrado nos jardins da ACADEMIA. 
OBRAS
	Platão foi um filósofo fecundo. Além de filósofo, foi um verdadeiro artista da palavra e do estilo. Sua forma de expressão é o diálogo. Não dava aulas com auxílio de apostilas (manuais), mas no estilo de Sócrates. Foi ele o primeiro filósofo antigo do qual possuímos obras escritas completas. Dele possuímos 39 obras ou diálogos, dos quais 28 são autênticos e as restantes são de autenticidade duvidosa. Eis algumas obras autênticas:
Apologia de Sócrates – defesa de Sócrates perante os juízes.
O banquete – teoria das ideias.
Fédon – imortalidade da alma e sua natureza.
República – justiça e teoria do estado.
Leis – ideias políticas, o problema da legislação...
Teeteto – ciência.
Timeu – cosmologia.
Fedro, Filebo, Parmênides, Sofista, Hípias maior, Hípias menor, Protágoras, Cármidas, Górgias, Eutidemo, ..... entre outras.
FONTES DE PLATÃO
 Platão foi um gênio, com grande capacidade assimiladora. Como teve diversos mestres e entrou em contato com várias escolas, sofreu por parte deles uma certa influência que se manifesta em suas obras. As mais marcantes são:
Heráclito - através de Crátilo, a doutrina da mobilidade, da contingência, da impermanência das coisas do mundo físico e a relatividade do conhecimento acerca das coisas do mundo.
Pitágoras - Através de Arquipas, muitos elementos sobre a preexistência das almas, a origem celeste das mesmas, sua vida feliz antes de sua união com o corpo, o conceito do pecado ou provação em conseqüência do qual caíram nos corpos materiais; a necessidade do ascetismo para libertar a alma do cárcere corporal; a função libertadora da filosofia e como esta é uma preparação para a morte; a mística dos números.
Parmênides - a razão como instrumento da filosofia; a arte de argumentar e a teoria dos dois mundos - a sensível e o inteligível. 
Sócrates - A ele, Platão deve a iniciação ao método indutivo, os conceitos universais, o desejo de conhecer as essências, a inclinação pelos problemas morais e políticos
TEORIA DO CONHECIMENTO - Alegoria da Linha - República, VI
	Até Platão, é importante lembrar, todos os filósofos apresentavam sua contribuição, sem se preocupar com uma divisão dos conceitos. Com os sofistas e posteriormente com Sócrates, os problemas filosóficos são desviados para o homem. A partir daí, começa-se a discussão da possibilidade e das condições do conhecimento. É o que faz Platão, além de apresentar sua contribuição em outros campos, que mais tarde, serão classificados de acordo com a divisão da filosofia.
O conceito platônico de ciência corresponde exatamente ao seu conceito de realidade. Já nos pré-socráticos há o problema do ser e do não-ser e em todos eles a ciência se opõe à opinião. A ciência consiste num conhecimento certo e estável. Mas surge o problema quando se trata de achar na realidade, objetos capazes de servir de fundamento para tal conhecimento certo e estável. Todos os seres percebidos pelos sentidos são contingentes, mutáveis. Como, pois, pode haver ciência (que é algo de certo e estável) de uma realidade sujeita ao movimento, à mutação e que jamais permanece fixa? 
Heráclito e Parmênides apresentam duas respostas extremas e antagônicas. Em nenhum deles é possível um conhecimento científico das realidades múltiplas do mundo físico. Os sentidos, segundo eles, são apenas fontes de opinião. Sócrates, embora se restringindo ao campo moral, encontra um caminho para fundar a ciência. Seu método é dialético e é o caminho que leva à formação dos conceitos universais, que são a expressão da essência das coisas e a base de suas definições. A estabilidade e a necessidade exigidas pelo conhecimento científico obtém-se somente pela razão, na ordem lógica, isto é, nos conceitos abstraídos da realidade, conservando as essências das coisas e prescindindo de suas diferenças particulares e do seu caráter móvel e contingente. 
Platão herda de Sócrates o procedimento dialético, mas marca um retrocesso, ressuscitando as velhas antíteses entre Parmênides e Heráclito. Nos primeiros diálogos da juventude imita fielmente o método socrático. Investiga dialeticamente questões de ordem moral. Mas põe o problema de maneira mais universal. Aborda-o em seu duplo aspecto: lógico e ontológico. 
Por uma parte quer superar o mobilismo de Heráclito; por outra, quer conseguir para os objetos da ciência a firmeza e a estabilidade do ser de Parmênides.
Platão convence-se de que o mobilismo heraclíteo não pode ser base do conhecimento científico. Crê achar a solução do problema atribuindo realidade ontológica e subsistente aos conceitos universais de seu mestre, aos quais aplica não só os caracteres do ser parmenidiano, mas os situa numa região à parte, distinta e superior, fora do mundo do movimento - o mundo das Ideias. O mundo das Ideias é a realidade estável requerida para se fundar a ciência.
CORRELAÇÃO ENTRE SER E CONHECER
Para Platão, ser e conhecer são coisas correlativas, de tal maneira que aos graus de conhecer correspondem paralelamente, numa equação exata, os graus de ser (ver ALEGORIA DA LINHA). Ao maior ser corresponde maior ciência. Só é perfeitamente cognoscível o ser. Entre ser e não-ser, existe uma categoria intermediária que é o vir-a-ser, o tornar-se, o fazer-se. Este vir-a-ser tem algo de ser, sem, porém, jamais chegar à plenitude do ser. (Para Platão, ser e não-ser não são contraditórios). 
	Surge assim, uma tríplice equação:
ao ser corresponde a ciência
ao não-ser corresponde a ignorância
ao vir-a-ser corresponde a opinião.
	A verdadeira realidade é constituída pelo ser e pelo mundo das Ideias, ou mundo superior. O mundo físico é o reino do vir-a-ser, imperfeito e como que a sombra do mundo das Ideias. 
		ONTOLÓGICO					LÓGICO
			(DO SER)			B 	Conh. Rac.		EPISTEME
			“IDEIAS”				intuitivo 		CIÊNCIA
Mundo		 REAIS				“NOESIS”		Conh. Fixo
	inteligível									estável,
	(invisível)					E				universal
			entes matemáticos			Conh. Racional
			HIPÓTESES				discursivo
								“DIANOIA”
							C
			“coisas”				crença (fé)
			seres naturais				“pistis”
	Mundo		objetos sensíveis			(conh. Sensível)	DOXA
físico						D				Opinião
visível										
fenomênico		(sombras, imagens)
adivinhação
								imaginação
							A	conjectura
			NÃO-SER					IGNORÃNCIA
		AD		DC	(AD está para DC
					 assim como
		CE		EB	CE está para EB
					 assim como
		AC		CB	AC está para CB)
ASCENSÃO DIALÉTICA 
O primeiro grau é o conhecimento sensorial ou opinião ou “doxa”. Tem por objeto os seres materiais ou sensíveis (mundo do devir). Para Platão, a sensação é um obstáculo ao conhecimento do invisível ou mundo das Ideias. Mas a sensação tem uma função importante. As contradições dos dados sensíveis despertam e provocam a mente. Os sentidos tendem sempre para algo de imutável, sem jamais alcançá-lo. A insuficiência do sentir estimula a mente a pensar e o cheque provocado pelas sensações tiram do esquecimento conhecimentos já possuídos pela alma e depois esquecidos. Da insuficiência do sentir nasce o desejo invencível do saber. Assim a sensação é um convite a repensar as coisas e não se fiar nos sentidos cegamente. O homem deve ouvir a voz dos sentidos, mas não deve se ater às aparências que passam e mudam, mas ao ser que permanece a transcende os sentidos. O homem vulgar não ultrapassa os sentidos; não sabe ouvir a voz, o apelo; o filósofo sabe ver na aparência os reflexos pálidos de um mundo distante de outra natureza. A sensação é o primeiro momento da dialética.
	O segundo grau do conhecimento é o racional ou discursivo - “diánoia”. Este conhecimento é peculiar do conhecimento matemático, porque versa sobre o número e a quantidade. As faculdades deste conhecimento são a imaginação e a razão discursiva. É um conhecimento ainda imperfeito porque serve-se de figuras (imaginação) e do raciocínio que é conhecimento limitado. O raciocínio consegue atingir noções estáveis, mas não pode ultrapassar ainda todas as contradições (sentido X razão). Assim, o intelecto permanece insatisfeito e o segundo momento gera o desejo de elevar-se para o “ainda mais alto”, continuando a ascensão dialética.
	O terceiro grau é o conhecimento intuitivo - “noésis”, e que constitui a ciência ou “episteme. Este conhecimento versa sobre os seres isentos de toda matéria e de toda quantidade. A faculdade deste conhecimento é a inteligência ou entendimento. A ciência verdadeira e perfeita só se realiza neste último grau, ou seja, no conhecimento e contemplação das ideias em si mesmas. É o conhecimento máximo que se pode alcançar enquanto a alma está unida ao corpo. Quando ela se desvencilhar deste cárcere, ela contemplará e conhecerá totalmente a realidade do “mundo superior”. Contemplar o mundo das Ideias satisfaz a alma e torna-a realmente sábia. 
CONCEITO DE DIALÉTICA EM PLATÃO
Este termo é muito complexo, pois possui várias significações. Por dialética platônica entende-se, ao mesmo tempo: o processo do conhecimento do seu grau ínfimo até o máximo; o caminho ascendente deste mundo ao “outro mundo”; a purificação da alma que se eleva do sensível ao inteligível e a iniciação à ciência que liberta, a sabedoria que é “exercício para morrer” pela conquista do Ser que é a verdadeira destinação da alma e a consequente felicidade. A dialética é Filosofia. A Filosofia, para Platão, não é apenas uma atitude teorética, mas também prática. A Filosofia é “preparação, exercício ”para a outra vida”. Praticar a dialética “ë cuidar da salvação da alma”.
“Todos os que desposaram a Filosofia... têm oculta a sua aspiração, que não é senão morrer e estar mortos (Fédon, IX, 64)”. “... e isto não é outra coisa senão filosofar retamente, e exercitar-se serenamente em estar verdadeiramente mortos: pois esta não é a meditação da morte?” (Fédon, XXIX, 81).
TEORIA DA REMINISCÊNCIA - CONHECIMENTO E REMINISCÊNCIA 
Alegoria da Caverna - República, VII.
	Pitágoras afirmava a pré-existência das almas. E nesta doutrina baseia-se a teoria platônica da reminiscência. O conhecimento conceitual é inato no homem, pois se assim não fosse, o homem não poderia conhecer as essências das coisas. O homem tem enterrado dentro de si o conhecimento que é ofuscado pelo corpo e deve ser desenterrado e levado à luz. Reminiscência não é o mesmo que memória, pois esta consiste em conservar as sensações e aquela consiste no despertar dos conhecimentos que a alma já possuía no reino das Ideias, antes de vir ao mundo. Ao unir-se com o corpo, estes conhecimentos ficaram obscurecidos, embora a alma conserve sempre intacta toda a ciência e somente seja preciso recuperá-la por meio da reminiscência. Aprender não é adquirir novos conhecimentos, mas somente recordar o já conhecido em sua existência anterior. Para poder recordar, contribuem os procedimentos racionais da dialética e também as impressões que os sentidos recebem do mundo exterior, pois as coisas são cópias, imitações, sombras da realidade superior e invisível.
	Platão lembra a maiêutica de Sócrates, segundo a qual até um escravo pode se tornar sábio. Isto porque, dirigido e ajudado, ele recorda o que sua alma aprendeu ou conheceu no mundo das Ideias, antes de se unir ao corpo. A sensação é uma ocasião para fazer a alma recordar a verdade que já está nela. Por exemplo, a sensação das coisas belas não são o Belo, mas contribuem para despertar na alma a intuição da Beleza. 
	Platão resolve o problema da origem dos conceitos de um modo diverso do de Sócrates. As sensações estimulam o saber, mas este não é o resultado da indução. O saber é anterior a toda experiência, a toda investigação. O saber redescoberto - os conceitos - é imagem da verdade, mas não a própria verdade. O saber é sempre uma cópia imperfeita do saber em si (Sabedoria). A presença em nós dos conceitos é uma prova da existência das Ideias, pois não existe a cópia sem a matriz, o modelo. A verdade existe ab aeterno em si, independentemente das coisas e do pensamento. A ciência, in hoc statu vitae consiste em reconstruir a visão completa da realidade tal qual a alma a contemplava no mundo das Ideias. A nossa ciência é uma cópia da ciência divina perfeitíssima. A ciência total é inatingível para o homem pelas vias normais, seria necessária uma “revelação divina”, como se lê em Fédon. O mais alto grau do conhecimento filosófico nos leva a uma aspiração, mas não à posse, nos leva a um maior aprofundamento, mas não à solução definitiva. 
O MUNDO DAS IDEIAS
Ponto central da filosofia platônica. As ideias, no sentido platônico, não são representações intelectuais, formas abstratas do pensamento, mas são realidades objetivas, modelos e arquétipos eternos, do que as coisas visíveis são cópias imperfeitas. Todas as ideias estão num mundo separado, o mundo dos inteligíveis, mundo das Ideias, situado na esfera celeste. Este mundo das Ideias existe com certeza, diz Platão, pois nele estão implícitos todos os problemas postos pelo pluralismo dos pitagóricos, pelo mobilismo de Heráclito e pelo monismo estático de Parmênides. 
	Com esta teoria, quer dar solução aos problemas do ser, da ciência e da verdade, querendo salvar a multiplicidade das coisas e a realidade do movimento e procurando, ao mesmo tempo, o fundamento do ser, da verdade e da ciência em objetos fixos, estáveis e absolutos e que devem estar acima da mobilidade, da contingência e do mundo, que os sentidos percebem. 
	Partindo da oposição existente entre os sofistas (as normas morais e as percepções são relativas) e Sócrates (universalidade, obrigatoriedade e validade geral destas normas), Platão vai ao fundo da questão nos seus Segundos Diálogos, pois nos primeiros segue fielmente seu mestre. Platão concede aos sofistas que o mundo sensível é relativo, e portanto, não podemos dele ter um conhecimento certo, mas apenas opinião. O mesmo com relação às normas morais individuais. Desta relatividade, Platão conclui que existe um outro mundo que não pode ser percebido pelos sentidos. Este mundo, embora imaterial, possui uma realidade mais profunda e mais forte que o mundo sensível, surgindo assim a distinção entre uma realidade superior (mundo das Ideias) e uma realidade inferior (mundo sensível). Este é como que uma cópia, um “espelho” daquele - aparências, com graus de
realidade. “Mas, Parmênides, parece-me que a coisa seja assim: que estes tipos estão na natureza como modelos e as outras coisas são semelhantes e imitações destes, e que, precisamente, a participação das outras coisas nas ideias não é senão semelhar-se a elas” (Parmênides, VI, 132). O mundo superior não pode ser conhecido pelos sentidos, mas somente pelos conceitos (e ainda assim imperfeitamente). Este mundo é objeto da ciência, da ética, da verdade. 
As entidades do mundo das Ideias são eternas, subsistentes, simples, divinas, imateriais. São a verdadeira causa de tudo. É o mundo que contém toda a realidade, ao passo que o mundo visível é mutável, corruptível, sombra da verdadeira realidade. Tudo quanto tem de ser o tem por participação das realidades do mundo das Ideias. 
	Quanto ao número da Ideias, sendo que cada coisa deste mundo sensível existe por participação das realidades do mundo das Ideias, estas deveriam ser tantas quantas são as coisas do mundo sensível. Sem dificuldade alguma, Platão admite as Ideias do Bem, da Justiça, Beleza, homem, ser vivente, fogo, águia, ... Nega, porém, que existam IDEIAS de objetos grosseiros e ridículos. 
	Entre as Ideias, tão numerosas, existe uma verdadeira hierarquia, uma subordinação dos gêneros inferiores aos superiores, que permite reduzir-lhes a multiplicidade à unidade. A Ideia suprema é a Ideia do Bem, na qual condensa-se toda a plenitude do ser. Ela é a Ideias das ideias, a causa, o fim e a última razão do ser e da verdade e a fonte do conhecimento de todas as coisas. É o cume do ser e da inteligibilidade e absolutamente transcendente e a essência de todas as coisas - Deus. Logo em seguida vem as ideias de justiça e da beleza. “Na esfera do cognoscível, a Ideia do Bem é a mais afastada, e é necessário esforço para vê-la, mas, uma vez lobrigada, deve compreender-se que ela é, para todos, causa de todas as coisas justas e belas, e no visível gera a luz e o seu autor, e no inteligível ela mesmo é autora e produtora de verdade e inteligência” (República, VII, 3, 517).
	Quanto à natureza das Ideias, tem sido interpretada de maneiras muito diversas. Platão admitia as Ideias como uma realidade ou um mundo à parte realmente existente e distinto do mundo inferior ou sensível. 
HIERARQUIA DOS SERES
Mundo eterno, transcendente e perfeito das ideias (formas) 
	1º grau - Ideias simples, sem mescla de não-ser (puras) - BEM (República, Fédon); BELEZA (Banquete); SER (Sofista) UNO (Parmênides).
	2º grau - Ideias que expressam os elementos que entram na composição (contrários) - Bem-Mal; Beleza-Fealdade; Semelhança-Dissemelhança.
	3º grau - Ideias compostas superiores - Justiça (República)
	4º grau - Ideias compostas inferiores - Números ideais (Timeu); Figuras geométricas (República). 
	5º grau - Ideias - correspondentes a todas e a cada uma das espécies naturais de coisas existentes no mundo físico.
Mundo físico temporal/material organizado pelo:
	1º ) Demiurgo
	2º ) Alma Cósmica
	3º ) Astros Animados
	4º ) Deuses, gênios, demônios
	5º ) Almas humanas separadas
	6º ) Almas humanas unidas a corpos materiais (homem)
	7º ) Outros seres viventes: animais, plantas.
	8º ) Formas elementares: terra, fogo, ar, água
	9º ) Matéria caótica
	10º ) Espaço (vazio, não-ser).
PSICOLOGIA
	Para explicar como a alma chega ao conhecimento do mundo da Ideias e porque as sensações despertam nela o conhecimento inato e esquecido, Platão recorre a mitos e crenças pitagóricas e órficas. Novamente, a teoria de Platão sobre a alma é uma combinação de mitos na origem celeste das almas, na sua preexistência, na transmigração ou metempsicose e na sua teoria da Ideias. Platão sempre teve um conceito elevado da alma, que é uma entidade absolutamente simples, imaterial, distinta e até oposta ao corpo. É a parte principal do homem, dá-lhe o princípio da vida, de tal forma que se pode dizer que o ser humano é a alma. As almas pertencem ao mundo da Ideias, portanto pré-existentes, onde “vêem”, algumas mais, outras menos, o mundo da Ideias, onde tinham pleno conhecimento da Ideias. Para expiar uma culpa, cai no corpo, seu túmulo, cárcere, e assim se esquece dos conhecimentos que possuía. Assim, a união da alma com o corpo não é natural, mas violenta, anti-natural e acidental. No entanto, a alma é responsável pelo movimento do corpo e princípio de sua vida. Mas a alma, como vimos acima, na teoria da reminiscência, pode readquirir seu conhecimento. Através do pensamento, a alma se põe em contato com o mundo das Ideias.
	Platão distingue três almas ou três “partes” da alma no ser humano: 
- alma racional – foi criada pelo “Artífice Divino” e reside no cérebro. Tem a função de dirigir as funções superiores do ser humano. É de origem divina e imortal.
- alma irascível – reside no peito e está separada da alma racional pelo pescoço, mas está unida a ela pelo cerebelo. É a fonte das paixões nobres e impulsivas. É inseparável do corpo e perece com ele. 
- alma concupiscível – reside no abdômen e está separada da irascível pelo diafragma. Dela provém os desejos vulgares e os apetites grosseiros e inferiores. Também é mortal. 
	Conseguindo frear as duas outras, a alma racional vai se purificando até voltar a ser pura. Para tanto, é necessária uma ascese constante e intensa..
	Platão defendeu sempre a sobrevivência da alma após a morte corporal. Após a morte a alma conserva suas operações individuais e o destino do ser humano depende da conduta boa ou má neste mundo. Eis alguns argumentos a favor da imortalidade da alma:
- se a alma pré-existe à sua união com o corpo, é natural que sobreviva à morte deste, pois ele não é indispensável à sua existência;
- a sucessão cíclica das coisas – o contrário gera o contrário: do pequeno se faz o grande; o sono sucede a vigília e esta ao sono. Ora, a vida e a morte são também coisas contrárias: da vida vem a morte e da morte vem a vida. Portanto, a morte deve suceder a vida, realizando-se desta forma o ciclo das gerações dos contrários. .A alma é essencial à vida e portanto, ela exclui o seu oposto que é a morte. 
- a alma é simples – a alma é simples e semelhante às Ideias. Ora, as Ideias são incorruptíveis e imutáveis. Portanto, também é semelhantemente incorruptível e imutável. É a prova mais consistente e filosófica. 
	Platão aceita também a reencarnação. A primeira reencarnação ocorre sempre no corpo de um homem. Mas dependendo de sua conduta, pode reencarnar-se numa mulher e mesmo num animal. Mais tarde abandona a reencarnação nos animais. Assim, a alma que vive não é a minha alma, pois viveu antes em outro corpo, agora habita em mim e depois passará a outro. Chega mesmo a dizer que a alma que não filosofou pode permanecer por aqui até dez mil anos. “Entre todas (as almas) tem melhor sorte a que levou corretamente a sua vida; a que não a tem pior. Pois, por espaço de dez mil anos, nenhuma alma voltará para o lugar de onde veio (a moradia divina)... exceto a alma daquele que filosofou sem falácia” (Fedro, XXVIII, IX, 248).
	Nas Leis, porém, defende as sanções que a alma sofrerá na outra vida. As almas que viverem em vício, habitarão, conforme o seu estado e as que viveram virtuosamente habitarão em um lugar santo. Com isto, parece que Platão deixa de lado a sua teoria da metempsicose ou pelo menos a atenua bastante.
EROS
	Platão personifica o anseio e a inquietação perene da alma pela verdade no Eros ou Amor. O Banquete dedica páginas e páginas a Eros. (Eros é o “demônio” intermediário entre os deuses e os seres humanos. Filho de Poros e Pênia, é pobre como a mãe e incansável conquistador como o pai. A mão de Poros é a Inteligência). Eros não é sábio nem ignorante. O que o caracteriza é o desejo insaciável da sabedoria e a inquietação. É pobre de conquistas duráveis, mas rico de aspirações. O filósofo deixa-se possuir por Eros sempre aspira alcançar maiores alturas, a Verdade, a Beleza, o Bem, o Ser. Eros é uma espécie de “loucura divina” que diviniza o ser humano e o conduz à contemplação da beleza transcendental.
Para elevar-se até a beleza transcendental só é possível por degraus:
O amor intelectual (também chamado platônico) de um “corpo belo” que gera pensamentos belos. A alma vê na beleza corporal um reflexo da beleza em si. Ama todas as belezas corporais sem se deixar escravizar por nenhuma (amor ideal, impessoal).
Desta, a alma se eleva à beleza da alma bela (virtuosa).
Desta se eleva ao amor dos sentimentos e pensamentos belos e à ciência.
Finalmente, acima do corpo, da alma, dos sentimentos e dos pensamentos pode chegar a contemplar imperfeitamente o próprio Belo, transcendental, suprassensível, causa da beleza de todas as coisas. Com isso, o filosofo adquire um profundo sentido moral. 
Eros é a aspiração de retornar ao estado primitivo e feliz em que a alma, livre do peso do corpo, desfrutava e vai desfrutar na contemplação direta do mundo superior, da Beleza e do Bem, e que é a felicidade suprema do ser humano. Eros é a aspiração infinita da alma humana “naturalmente filosófica; é o aguilhão que a excita a ultrapassar-se e ir longe; a vocação ao eterno, de nós pobres seres, mas feitos para o infinito; é o dinamismo interior do espírito, sempre insatisfeito daquilo que é e sempre mais desejoso daquilo que o completa e satisfaz. Eros é filosofia indomável, a investigação inextinguível, com sua face perene de audaz e arrojado conquistador de verdades e de mendigo que a cada aquisição de novas riquezas parciaismostra a imensa pobreza do que ainda lhe falta, o infinito” (Michele Federico Sciacca, História da Filosofia, I, pg. 77).
Este Eros vai aparecer em Santo Agostinho, transformado pelo cristianismo, naquela célebre frase “inquieto está meu coração” enquanto não repousar em Deus, o amor de Deus ou a caridade.
COSMOLOGIA
	A obra essencial de Platão quanto à sua cosmologia é Timeu. Se abstrairmos as coisas daquilo que as individualiza e da sua forma, restará somente a matéria informe ou substrato. Esta matéria informe, oposta ao Ser, ao mundo das Ideias, existe “ab eterno”. O Demiurgo ou Artífice Divinolhe dá a forma, o corpo do mundo e neste mundo infunde uma alma, força vital e consciente que vivifica e governa a matéria. Assim, o Demiurgo forma o mundo sensível, o melhor dos mundos possíveis. Os entes sensíveis são o reflexo das suas Ideias correspondentes e graças a este reflexo a alma pode recordar as próprias Ideias ou modelos. 
TEODICÉIA
	Brevemente tratada em Fedro e mais extensamente em Leis, também a questão da existência de Deus surge em Platão, Platão não chega a provar, no sentido pleno da palavra a existência de Deus, mas seus argumentos deram, mais tarde, motivos para provar a existência de Deus, filosoficamente. Aparece, em suas obras, alguns resquícios, como:
- pela ordem e finalidade do cosmos; 
- pelo consenso do gênero humano;]pela exigência metafísica de um necessário para explicar o contingente.
	Normalmente, Platão refere-se a deusas, no sentido popular, mas quando revela seu interior, íntimo, diz Deus. Platão diz que é necessário uma causa primeira para as mutações e o movimento. Fala, neste caso, de uma alma superior, pré-existente, como as demais. Seja como for, com seu odo de pensar, lançou os fundamentos da prova aristotélica da existência de Deus, deduzida do movimento. 
	Para Platão, Deus é uno, poderoso, onisciente e governa o mundo com a sabedoria de sua providência. Sob este Deus único existem outras divindades inferiores, como a alma do mundo, dos astros....que são os intérpretes da vontade divina e executores de suas ordens. Isto, feitas as ressalvas de que apenas podemos concluir a sua concepção sobre Deus por certas modalidade ocasionais de seu pensamento. Deus é a causa dos bens, nunca do mal. A causa do mal deveria ser procurada em outro ponto (seria a matéria que resiste a Deus, no momento da formação do mundo?). “Logo, Deus, enquanto é bom, não seria causa de todas as coisas, como se diz, mas é causa de poucas coisas que acontecem aos seres humanos e não de muitas, pois temos muito menos bens do que males; e dos bens nenhum outro deve considerar-se como causa, porém dos males deve procurar-se outra causa, não Deus” (República, II, XVIII, 379). 
ÉTICA
	Todos os seres humanos aspiram à felicidade. Em que consiste a felicidade? Onde está o objeto capaz de tornar o ser humano feliz? Platão nunca aceitou a doutrina hedonista como ideal de vida. Em Fédon aconselha a ascese e a mortificação para se chegar a uma vida feliz, já que a alma precisa se libertar do corpo. Em República condena expressamente a vida entregue ao prazer.
	A felicidade não está no puro prazer, pois este é instável e insuficiente e só pode ser considerado um bem particular para a parte mais baixa do ser humano. Uma vida entregue ao prazer não é humana, mas animal. Ceder aos impulsos cegos do corpo é ligar-se à matéria e ao “cárcere”, é condenar-se a não descobrir o seu verdadeiro destino ultraterreno.
	É preciso que a alma se conheça a si mesma, pois não existe para os prazeres sensíveis, mas para contemplar a Verdade. E sendo espiritual, deve viver espiritualmente, isto é, intelectualmente. A alma é uma hóspede do mundo e como tal deve viver. O seu fim não está no mundo. A felicidade consiste em contemplar o ser imutável e que é ao mesmo tempo o Bem absoluto, ao qual o homem tende pela vida virtuosa e no qual consiste a felicidade do ser humano. Em ordem a esse fim orienta-se a conduta do ser humano cuja felicidade consiste na prática da virtude e no cultivo da filosofia (cf citação acima). O sábio que pratica a virtude consegue estabelecer a harmonia e o equilíbrio de todo o seu ser, submetendo-o à razão. Com isso alcança uma felicidade interior que ninguém lhe pode tirar. O justo conserva a sua virtude, liberdade e felicidade no meio das maiores tormentas.
	A virtude é a coisa mais preciosa neste mundo, pois nos leva à felicidade, ao sumo bem. Para Platão, a virtude deve ter as seguintes qualidades:
Harmonia – só é possível pela justiça que deve introduzir entre os elementos múltiplos e diversos que integram o ser humano com a justa medida, a harmonia... Essa harmonia individual (e também social) é uma imitação da harmonia cósmica. No cosmos tudo está perfeitamente medido e proporcionado. 
Saúde da alma – a saúde e a enfermidade do corpo dependem da harmonia e da proporção entre os diversos elementos do corpo. Às virtude do corpo, que são a saúde, a força, a beleza, Platão opões os males do corpo: a enfermidade, a debilidade e a fealdade. De modo semelhante, a virtude é a saúde da alma, resultado da harmonia e proporção que se concede aos desejos, pensamentos,...
A virtude é purificação – o mundo é um lugar de trânsito para a alma. A função da virtude consiste em reprimir as paixões, desprendendo-se sempre mais do corpo e preparando-se para o retorno feliz. Praticar a virtude e filosofar é preparar-se para a morte e para o encontro da verdade. O Virtuoso, o filósofo sabe que “no crepúsculo dos sentidos se abre a mais bela aurora sem ocaso”. 
A virtude é imitação de Deus, nostalgia do divino – tornar-se semelhante a Deus é o ideal da vida virtuosa do filósofo, tema desenvolvido no Teeteto. Platão distingue duas classes de seres humanos: uns divinizados e felizes; outros vazios de Deus e miseráveis. O prêmio do filósofo é viver a felicidade que consiste em assemelhar-se ao primeiro exemplar – Deus. Enquanto que os que não querem assemelhar-se a Deus são castigados e entregues à sua vida enganosa. O filósofo sabe que não é o ser humano, mas o Divino que é “a medida de todas as coisas”. Assemelhar-se a Deus, fugir dos prazeres fugazes, aspirar ao Sumo Bem é libertar-se e tornar-se livre como Deus o é. A norma suprema e objetiva da virtude encontra-se no mundo das Ideias, norma absolutamente universal e verdadeira. 
Platão não esquece que os seres humanos tem corpo e que devem viver entre as aparências do mundo sensível. Se for bem disciplinado, o corpo não será inimigo da alma, mas seu colaborador. Quanto mais fraco o corpo, tanto mais fortes são os estímulos dos sentidos.
Por isso é necessário robustece-lo com a ginástica, para que seja belo, harmonioso e forte. Mas a verdadeira ginástica é a da alma. As duas educações fazem com que num “belo” corpo esteja uma “bela” alma. Esta ginástica, educação, deve ser feita desde criança. “Digo e afirmo que, quem quer que seja, que deseje tornar-se um ser humano valoroso, deve exercitar-se logo desde menino” (Leis, I, 12, 643).
A virtude é uma, mas de quatro espécies. São elas: a temperança ou prudência, a fortaleza ou valor, a Ciência ou sabedoria e a justiça. São elas que nos dão a felicidade, através da disciplina dos sentidos. Estas virtudes são bens provisórios e parciais, mas indispensáveis para se atingir o bem imutável, supremo, que é a visão do Bem.
O ESTADO E A POLÍTICA
	Naturalmente, o ser humano tende a associar-se, pois por si só não pode realizar o bem. E a organização social capaz de assegurar a justiça é o Estado, cujo fim fica sendo tornar o indivíduo feliz, facilitando-lhe a prática das virtudes correspondentes. O Estado divide-se em três classes sociais:
Os operários – estes tomam o encargo de fornecer alimentos, de exercer o artesanato e se encarregam pelos negócios e o comercio – é a classe dos produtores, que nunca deve ser governante. Corresponde à alma concupiscível.
Os guerreiros – para que haja segurança para os produtores e os governantes, são necessários os defensores. São encarregados, assim, de defender a comunidade de ameaças internas e externas. Corresponde à alma irascível.
Os filósofos – a estes, que normalmente são os mais valorosos guerreiros, cabe o governo. São escolhidos entre todos e devem ter uma educação aprimorada, desde os 20 anos, para depois dos cinquenta, exporem as grandes ideias, pelas quais o Estado deve dirigir-se. Corresponderia à alma racional.
Platão é bastante exigente quanto à questão da educação e pedagogia. Diz que não se deve apresentar à mocidade qualquer coisa que venha a prejudicar-lhe, pois a mocidade é facilmente seduzível. Assim, discussões entre os deusas, as rixas entre Aquiles e Agamenon, inimizades entre os deuses, como refere Homero, não deve ser levadas ao conhecimento dos jovens. Ao contrário, devem se exibir no teatro, música e arte, as ações de seres humano corajosos, sensatos piedosos e justos. “Por conseguinte, é necessário vigiar os poetas e obrigá-los a dar, nas suas poesias, uma imagem dos bons costumes, ou, do contrário, que não as façam entre nós... para que não aconteça que, crescendo entre imagens do mal como entre erva má, os guardiães (guerreiros) recolhendo-as e delas se alimentando abundantemente, dia após dia, contraiam a pouco e pouco e imperceptivelmente, algum grande vício na alma” (República, III, 12, 401). A mocidade deve praticar o esporte, abster-se dos prazeres sexuais, exercendo a temperança no comer e no beber, para se tornarem fortes e rijos e submeterem o corpo à direção do espírito, pois necessitarão disto para o cumprimento de seus deveres de defensores do Estado. Para terem maior disponibilidade no seu serviço, os soldados devem ser solteiros e não podem ter propriedades. 
Quanto às mulheres, devem ter os mesmos direitos que o homem. A educação das meninas deve ser semelhante à dos rapazes. Meninas e rapazes devem conviver juntos. As mulheres devem tomar parte nas guerras, se bem que nas tarefas mais leves. Deve haver igualdade social de sexos.
A família deve ser desenvolvida. Inicialmente, Platão defendia a idea de que tudo devia ser comum. Mas em seu último Diálogo atenua esta ideia afirmando a necessidade do matrimônio individual e da geração. “O gênero humano está naturalmente unido com a eternidade... e sendo um, participa sempre da imortalidade por meio da geração. Não é lícito dela se privar por si mesmo, voluntariamente, e priva-se espontaneamente quem não se preocupa em ter mulher e filhos” (Leis, IV, 11, 721). Defendia ainda a comunidade de bens, mas no final admite a propriedade de bens, se bem que limitada.
O fim da política é aspirar a realizar o ideal de justiça. O que é a justiça? Para Platão, justiça é a retidão, isto é, fazer cada qual o seu dever. Assim, se todas as classes cumprirem com o seu dever, o Estado será justo. 
Quanto às formas de governo, Platão distinguia:
Aristocracia – quando um só homem ilustre governa e é o melhor, o governo toma o nome de reino ou monarquia. Quando porém encontram-se muitos homens ilustres e são os melhores governantes, chama-se a este governo aristocracia. Este tipo de governo, que pode ter dois nomes, não é uma ditadura, pois o ou os governantes serão intérpretes do Bem em si e sua vontade é somente guiada pela inteligência e pela razão. Este é o governo dos espirituais e os moralmente melhores.
Timocracia – já é uma forma de governo inferior ao primeiro, pois são os ambiciosas e os invejosos que o governam. Servem mais aos seus próprios interesses do que à comunidade. Apegam-se mais ao poder que ao Estado.
Oligarquia – é o governo dos ricos. Os pobres não tomam parte do governo. Neste governo domina a cobiça desenfreada. É o governo de um grupo de exploradores.
Democracia –neste domina a liberdade plena de agir. Cada um faz o que quer. Todos são iguais e cada um pode manifestar o seu desejo a bem prazer. Diz Platão que a consequência disto é que o governo será anárquico, pois cada um segue o modo de vida que mais lhe agrada.
Tirania – esta forma de governo é pior ainda que a democracia. A tirania é uma consequência da democracia, pois o povo precisa de um guia para resolver suas questões. É colocado então, no governo, alguém que se sobressai aos outros, e este, orgulhoso e embevecido por isso, torna-se pior que um leão. O tirano começa por prometer tudo o que se quiser. Depois começa a eliminar adversários, provocar a guerra para que os comandados sintam a necessidade de um comandante. Procurará eliminar aqueles que possam representar perigo para sua posição. Aumentará sua guarda pessoal, ficará afastado do povo, desarmá-lo-á, a fim de que fique indefeso. E então o povo sentirá o peso do monstro que criou para si, tornando-se escravos. O povo é escravo dos opressores, estes são escravos do tirano e o tirano é escravo de suas concupiscências e paixões.
Por isso, a forma de governo aceitável é a dos filósofos, ou a aristocracia. Finalmente, podemos dizer que a organização social do Estado como queria Platão é uma utopia, pois não era para seres humanos mas para deuses. No final, Platão parece aceitar uma mescla de duas formas de governo: a democracia e a aristocracia ou monarquia.
CONCLUSÃO
	Apesar de alguns pontos um tanto obscuros, Platão é o primeiro filósofo que estuda mais demoradamente a sistematização geral sobre a filosofia. Em sua doutrina encontramos grandes verdades do espiritualismo como: existência de Deus, espiritualidade e imortalidade da alma, distinção entre sensível e inteligível, noção de virtude e felicidade. Sua teoria da Ideias é bastante exagerada e disto se ressente o restante do edifício de sua filosofia. Não obstante suas falhas e pontos obscuros, Platão é considerado um dos grandes gênios da antiguidade que ilustraram a filosofia.

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