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CIÊNCIA POLÍTICA Prof. José Marques Filho Conceito de Ciência ARISTÓTELES STO TOMÁS DE AQUINO Ciência tinha por objeto os princípios e as causas Assimilação da mente dirigida ao conhecimento Ramo do conhecimento humano que tem princípios e leis próprias Classificação Ciências Exatas Ciências Humanas Matemática Física Química Biologia Economia Sociologia Direito Noções de Ciência Política O significado de Política A definição clássica de política foi legada pelos antigos gregos: Segundo Aristóteles: O conceito de política é derivado do adjetivo polis (politikós), que significa tudo que refere à cidade Tudo que é urbano O conceito de política é também empregado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que têm, de algum modo, como termo de referência, a polis, isto é, o ESTADO Aristóteles considerava o homem um “animal político, definindo-o assim: só “porque o homem vive na polis – e porque a polis vive nele. O conceito de POLÍTICA como praxis humana está intimamente relacionado com a noção de PODER O filósofo alemão CARL SCHMITT concebeu uma ideia maniqueista da política, reduzindo-a à distinção “amigo – inimigo” Para Schimitt , “o inimigo político não necessita ser moralmente mau, nem esteticamente feio” A política pode também ser definida “como a atividade através da qual são conciliados os diferentes interesses, dentro de uma determinada unidade de governo, dando a cada um deles uma participação no poder, proporcional à sua importância para o bem estar e a sobrevivência de toda a comunidade” Segundo o jurista alemão Hermann Heller, na linguagem usual os termos POLÍTICA E POLÍTICO foram ampliado: Política eclesiástica Política econômica Política militar Política organizacional etc. Entretanto o que todas essas formas de política têm em comum é: Desenvolver e aplicar poder social organizado, ou seja, que o seu poder nasce e mantém-se mediante a cooperação humana dirigida por uma ordenação regular comum, na qual determinados indivíduos cuidam do estabelecimento e segurança da ordenação, assim como da atuação unitária do poder de tal modo concentrado Mais do que nunca torna-se necessário que a política seja compreendida pelo homem comum, tornando mais do que nunca atual a poesia de Brecht “ o analfabeto político” “O pior analfabeto é o analfabeto político, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.” É nesse sentido que a política merece ser altamente louvada, pois: Ela deve constituir a preocupação do homem livre, e sua existência é a verificação da liberdade CIÊNCIA POLÍTICA A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a distribuição e a organização do poder na sociedade Procura estudar os fatos políticos, que envolvem tanto acontecimentos e processos políticos, como o comportamento político que se expressa concretamente na interação social, como por exemplo: •Processos eleitorais •Resposta da população às decisões políticas tomadas pelas autoridades •Constituição e dinâmica de partidos políticos e dos grupos de pressão •Organização das diferentes formas de governo •Funções exercidas pelas autoridades O objeto da ciência política Conforme alguns estudiosos, há diferentes concepções sobre o objeto de estudo da ciência política. Para alguns É A CIÊNCIA DO PODER Para outros É A CIÊNCIA DO ESTADO Analisando as diversas posições, Duverger conclui que só a definição ampla da ciência política pode ser aceita: É A CIÊNCIA DO PODER SOB TODAS AS SUAS FORMAS TEORIA GERAL DO ESTADO – NOÇÕES É uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça. A Evolução da Ciência Política A Ciência Política • relaciona Estado, governo, Direito, sociedade e política • surgiu na Idade Média, quando da organização dos feudos em comunidades maiores e mais bem organizadas Nicolau Maquiavel (1469-1527) • Abandono dos fundamentos teológicos – busca de generalizações a partir da própria realidade . • Conjugando fatos de épocas diversas, chega a generalizações universais, criando, assim, a possibilidade de uma ciência política. • O Estado Moderno fundado no terror (medo) Jean Bodin(1530-1596) • Teorizou um Estado unitário já existente. • Estado é o poder: absolutismo. • O poder determina o Estado, não o povo Thomas Hobbes (1588-1679) • “O homem é o lobo do homem” • O Estado é necessário para mediar as relações humanas • O Estado surge através de um contrato, como meio de evitar o extermínio do homem por ele mesmo. • O pacto cria um Estado absoluto • A fim de garantir sua propriedade privada, o homem limita a sua liberdade. • O contrato cria a sociedade e o Estado. • O homem já existe antes da formação da sociedade. • O Estado é soberano somente quando sua autoridade vem do contrato social. John Locke (1632-1704) • Distingue a sociedade civil do Estado (público e privado), por exemplo: – a propriedade, através da herança, se transmite hereditariamente – o poder político deve ter uma origem democrática • Trata-se de uma concepção mercantil de Estado. John Locke (1632-1704) Emmanuel Kant (1724 - 1804) • A soberania pertence ao povo. • Somente é cidadão politicamente ativo aquele que for independente, ou seja, que tiver posses. • Somente é livre quem for proprietário (de terras). • A lei é sagrada, é crime até discuti-la. • A soberania popular depende e é delimitada por alguns direitos naturais. • A burguesia, na teoria de Kant, fica plenamente representada através do parlamento. • Cabe ao parlamento defender os interesses da burguesia. Emmanuel Kant (1724 - 1804) J.-J. Rousseau (1712 - 1778) • O homem é naturalmente bom, mas é corrompido pela civilização. • Somente o contrato social constitui a sociedade. • A assembleia é o órgão soberano. • A soberania pertence ao povo, e este é quem participa da assembleia. • Os governantes são apenas os comissários do povo. • Só há liberdade se houver igualdade. • Nega os 3 poderes (de Montesquieu) e afirma o poder da assembleia. • O obstáculo à teoria de Rousseau é a dificuldade da sessão permanente da assembleia. J.-J. Rousseau (1712 - 1778) Charles Tocqueville (1805-1859) • É liberal. • Vive um dilema entre a concepção liberal e a democrática: –a liberdade exige a desigualdade (direitos da burguesia). –a liberdade baseia-se na igualdade. Georg W. F. Hegel (1770 - 1831) • Não há sociedade civil sem que haja um Estado. • Não há povo sem que haja um Estado, pois este funda aquele e não vice-versa. • Soberania é estatal. • O Estado absorve a sociedade civil. • Estado e sociedade distintos só no conceito. A Crítica de Karl Heinrich Marx (1818 - 1883) • Comunismo utópico. – após a igualdade jurídica deve ocorrer uma revolução econômica – sem a igualdade econômica, a igualdade jurídica é mera aparência, porque consolida as desigualdades reais • Sociedade civil e Estado estão entrelaçados, um é a expressão do outro. • A sociedade (conjunto das relações econômicas) explica: –o surgimento do Estado – seu caráter –a natureza de suas leis, etc. • O Estado se forma de acordo com as tendências das relações econômicas estabelecidas no Estado A Crítica de Karl Heinrich Marx (1818 - 1883) Origem do Estado segundo Friedrich Engels (1820 - 1895) • A formação das famílias e da sociedade marcham juntas: – a sociedade se organiza com base na distinção entre sexos e suas respectivas funções, visando suas necessidades econômicas • A propriedade surge com a formação e apropriação de rebanhos (caça). • A herança torna a sociedade patriarcal. • Por diferenças entre a estirpe a sociedade entra em crise e surge o Estado para dominar a sociedade. • Surgem, assim, as classes e a luta de classe • O Estado é a confissão de que a sociedade chegou num nível de desenvolvimento em que a luta de classes se tornou perigosa. Origem do Estado segundo Friedrich Engels (1820 - 1895) • O Estado burguês: – se autorregula (constituição) – atua por vontade própria • tudo isto para manter o “status quo”, e também a dominação sobre a sociedade • Um problema na teoria de Engels é que ele não trata de quais os meios de produção essenciais e como se organizam. Origem do Estado segundo Friedrich Engels (1820 - 1895) Concepção de Estado em Marx? • Marx não desenvolve uma concepção de Estado • Existem questões fundamentais em Marx, de método/concepção, sobre as quais deve ser construída a teoria marxista de Estado ORIGEM DA SOCIEDADE Idéia da Sociedade Natural : Afirma a existência de fatores naturais determinando que o homem procure a permanente associação com outros homens, como forma normal de vida. Prof. José Marques Filho 41 ORIGEM DA SOCIEDADE Idéia da Sociedade Natural : A sociedade é o produto da conjugação de um simples impulso associativo natural e da cooperação da vontade humana. Filósofos: Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, Cícero, Oreste Ranelletti. Idéia do Contrato Social : Sustenta que a sociedade é o produto de um acordo de vontades, ou seja, de um contrato hipotético celebrado entre os homens. Filósofos : Thomas Hobbes,John Locke, Montesquieu e Rousseau. Atualmente, predomina a idéia de que a sociedade é resultante de uma necessidade natural do homem, sem excluir a participação da consciência e da vontade humana. A SOCIEDADE E SEUS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS É comum que um grupo de pessoas, mais ou menos numeroso, se reúna em determinado lugar em função de algum objetivo comum. Prof. José Marques Filho 45 A SOCIEDADE E SEUS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS Tal reunião, mesmo que seja muito grande o número de indivíduos e ainda que tenha sido motivada por um interesse social relevante, não é suficiente para que se possa dizer que foi constituída uma sociedade. É necessário alguns elementos encontrados em todas as sociedades: • Uma finalidade ou valor social; • Manifestações de conjunto ordenadas; •O poder social; FINALIDADE SOCIAL Deterministas : Explicam a finalidade social como sendo condicionada a leis naturais, sujeitas ao princípio da causalidade, não havendo a possibilidade de se escolher um objetivo e de orientar para ele a vida social. Finalistas : Sustentam ser possível a finalidade social, por meio de um ato de vontade, ou seja, livremente escolhida pelo homem. O homem tem consciência de que deve viver em sociedade e procura fixar, como objetivo da vida social, uma finalidade condizente com suas necessidades fundamentais e com aquilo que lhe parece ser mais valioso. A finalidade social é considerada um bem comum por ser algo, um valor, um bem que todos considerem valioso. “O bem comum consiste no conjunto de todas as condições de vida social que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana.”(Papa João XXIII, Encíclica, II, 58). ORDEM SOCIAL E ORDEM JURÍDICA Em face dos objetivos a que elas estão ligadas, e tendo em conta a forma de que se revestem, bem como as circunstâncias que se verificam, as manifestações de conjunto devem atender a três requisitos: Reiteração Ordem Adequação REITERAÇÃO É indispensável que os membros da sociedade se manifestem em conjunto reiteradamente, pois só através da ação conjunta continuamente reiterada o todo social terá condições para a consecução de seus objetivos. O que verdadeiramente importa é que, permanentemente a sociedade, por seus componentes, realize manifestações de conjunto visando a consecução de sua finalidade. Como é evidente, para que haja o sentido de conjunto e para que se assegure um rumo certo, os atos praticados isoladamente devem ser conjugados e integrados num todo harmônico, surgindo aqui a existência de ordem. ORDEM Ordem natural : está submetida ao princípio da causalidade. Sempre que há uma condição, ocorrerá a mesma conseqüência, não podendo haver qualquer interferência que altere a correlação. Ordem social ou humana : estão nesta, compreendidas todas as leis que se referem ao agir do homem; se aplica ao princípio da imputação onde a condição deve gerar determinada conseqüência, mas pode não gerar. É classificada em: Norma moral : são normas reconhecidas por todos como desejáveis para a boa convivência, e, sendo contrariada por alguém, este não pode ser compelido a proceder de outra forma, mesmo que incorra no desagrado de todos. Norma jurídica : pressupõe uma relação de direitos e deveres, ligando dois ou mais indivíduos, atribuindo ao predicado ou a terceiro a faculdade de exigir o seu cumprimento ou a punição do ofensor. Convencionalismos sociais : inclui preceitos de decoro, etiqueta, moda, cortesia, etc. ADEQUAÇÃO Cada indivíduo, cada grupo humano, e a própria sociedade no seu todo, devem sempre ter em conta as exigências e as possibilidades da realidade social, para que as ações não se desenvolvam em sentido diferente daquele que conduz efetivamente ao bem comum, ou para que a consecução deste não seja prejudicada pela utilização deficiente ou errônea dos recursos sociais disponíveis. O PODER SOCIAL Características do poder: Socialidade : O poder é um fenômeno social, jamais podendo ser explicado pela simples consideração de fatores individuais. Bilateralidade : O poder é sempre a correlação de duas ou mais vontades, havendo uma que predomina. ANARQUISMO O anarquismo tem adeptos já na Grécia antiga, no séc. V e VI a.C., com os filósofos chamados cínicos – para os quais deve-se viver de acordo com a natureza, sem a preocupação de obter bens, respeitar convenções ou submeter- se às leis ou às instituições sociais . Prof. José Marques Filho 57 ANARQUISMO Os estóicos Exaltavam as virtudes morais e preconizavam, também, a vida espontânea de conformidade com a natureza. ANARQUISMO O epicurismo Que exaltava o prazer individual e conseqüente recusa às imposições sociais. Verificando-se as configurações atuais do poder e seus métodos de atuação, chega-se à seguinte síntese: 60 •O poder reconhecido como necessário, quer também o reconhecimento de sua legitimidade, o que se obtém mediante o consentimento dos que a ele se submetem; • Embora o poder não chegue a ser puramente jurídico, ele age concomitamente com o direito, buscando uma coincidência entre os objetivos de ambos; • Há um processo de objetivação, que dá procedência à vontade objetiva dos governados ou da lei, desaparecendo a característica do poder social; Prof. José Marques Filho 63 • Atendendo a uma aspiração à racionalização, desenvolveu-se uma técnica do poder, que o torna despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao mesmo tempo em que busca meios sutis de atuação, colocando a coação como forma extrema; AS SOCIEDADES POLÍTICAS Considerando as respectivas finalidades, podemos distinguir duas espécies de sociedades: As de fins particulares Quando tem finalidade definida, voluntariamente escolhida por seus membros. Suas atividades visam, direta e imediatamente, àquele objetivo que inspirou sua criação, por um ato consciente e voluntário 66 As de fins gerais Cujo objetivo, indefinido e genérico, é criar as condições necessárias para que os indivíduos e as demais sociedades que nelas se integram consigam atingir seus fins particulares. A participação nestas sociedades quase sempre independe de um ato de vontade; As sociedades de fins gerais são comumente denominadas sociedades políticas, cujas, são todas aquelas que, visando a criar condições para a consecução dos fins particulares de seus membros, ocupam-se da totalidade das ações humanas, coordenando-as em função de um fim comum. ORIGEM DO ESTADO Inúmeras teorias tentam explicar a origem do Estado. Elas, na grande maioria, se contradizem. O assunto realmente é muito difícil, tendo por razão, a ausência (escassez) de elementos certos e seguros sobre a história. Assim é que todas as teorias são alicerçadas em simples hipóteses. As principais teorias da origem do Estado são: (1) A teoria da origem familiar que se divide em duas correntes: a corrente chamada patriarcal e a corrente chamada matriarcal, também conhecida por matriarcalística; (2) A teoria de ordem patrimonial; e (3) A teoria da força. Observamos que nestas teorias o problema da origem do Estado é analisado sob o ponto de vista histórico-sociológico. ORIGEM FAMILIAR É de fundo bíblico, pois apoia-se na história da humanidade sobre um casal originário: Corrente Patriarcal: Estado deriva de um núcleo familiar. A autoridade suprema pertencia ao varão mais velho, o patriarca. Para Robert Filmer cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. Esta teoria tem como apoio fundamental: a bíblia, o direito romano e Aristóteles. Corrente Matriarcal: Para Bachofen e outros, a primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe. O professor Sahid Maluf (Teoria Geral do Estado) afirma: “o matriarcado, precedeu realmente ao patriarcado, na evolução social. Entretanto, é a família patriarcal a que exerceu crescente influência, em todas as fases da evolução histórica dos povos ” ORIGEM PATRIMONIAL Para alguns autores, essa teoria teve origem indicada no livro II de “A República” de Platão. Um Estado nasce das necessidades dos homens; ninguém basta a si mesmo, mas todos nós precisamos de muitas coisas. Como temos muitas necessidades e faz-se mister numerosas pessoas para supri-las, cada um vai recorrendo à ajuda deste para tal fim e daquele para outro; e, quando esses associados e auxiliares se reúnem todos, numa só habitação, o conjunto dos habitantes recebe o nome de cidade ou Estado DA FORÇA (violência ou conquista − poder dos fortes sobre os fracos): A superioridade da força de um grupo social permite submeter um grupo mais fraco, dando origem ao surgimento do Estado (dominantes e dominados). CONCEITO DE ESTADO Existe duas orientações para se conceituar ESTADO ESTADO NOÇÃO DE FORÇA NATUREZA JURÍDICA Existe um conceito de Estado que deve ser eliminado Estado é a nação politicamente organizada Espécie de comunidade É uma sociedade Estado não é nação NOÇÃO DE FORÇA DUGUIT HELLER BURDEAU GURVITCH ESTADO É UMA FORÇA MATERIAL IRRESISTÍVEL ESTADO É UNIDADE DE DOMINAÇÃO ESTADO É UMA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PODER ESTADO É O MONOPÓLIO DO PODER Mantem a tônica da idéia de PODER NATUREZA JURÍDICA As teorias de Natureza Jurídica NÃO ignoram a presença da FORÇA no ESTADO Também não ignoram o fato de que este é uma sociedade política RANELLETTI Estado é um povo fixado num território e organizado sob um poder supremo originário de império, para atuar com ação unitária os seus próprios fins coletivos DEL VECCHIO Estado “é a unidade de um sistema jurídico que tem em si mesmo o próprio centro autônomo e que é possuidor da suprema qualidade de pessoa” GERBER ESTADO PESSOA JURÍDICA Seu funcionamento está subordinado a regras jurídicas Alemanha – Sec. XIX JELLINEK “corporação territorial dotado de um poder de mando originário é uma ordenação jurídica de pessoas HANS KELSEN Fixa uma noção puramente jurídica do Estado ESTADO É UMA ORDEM COATIVA NORMATIVA DA CONDUTA HUMANA CONCLUSÃO ESTADO É A ORDEM JURÍDICA SOBERANA QUE TEM POR FIM O BEM COMUM DE UM POVO SITUADO EM DETERMINADO TERRITÓRIO Nesse conceito está implícito os conceitos de: Soberania, Território e Povo Soberania O poder de decidir em última instância sobre a atributividade das normas (sobre a eficácia do direito) Sinônimo de independência Expressão de poder jurídico mais alto, significando que, dentro dos limites da jurisdição do Estado, este é quem tem o poder de decisão em última instância, sobre a eficácia de qualquer norma jurídica. TERRITÓRIO Se SOBERANIA indica o poder mais alto, TERRITÓRIO, indica onde esse poder seria efetivamente o mais alto Território não chega a ser, portanto, um componente do ESTADO, mas é o espaço ao qual se circunscreve a validade da ordem jurídica estatal POVO População não é povo. População é mera expressão numérica, demográfica ou econômica Nação também não é povo. Nação é a expressão de povo como unidade homogênea O povo é o elemento que dá condições ao ESTADO para formar e externar uma vontade. Deve se compreender como povo o conjunto dos indivíduos que, através de um momento jurídico, se unem para constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo jurídico de caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e do exercício do poder soberano. Povo, no sentido jurídico, não é o mesmo que população, no sentido demográfico. Povo é aquela parte da população capaz de participar, através de eleições, do processo democrático, dentro de um sistema variável de limitações, que depende de cada país e de cada época. Paulo Bonavides CONSTITUIÇÃO E PODER CONSTITUINTE Segundo Celso Ribeiro Bastos (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política) o Poder constituinte “... pode ser considerado como uma forma especial de produção jurídica, cuja função precípua é criar a lei básica de uma sociedade (a Constituição)”. Para Celso Ribeiro Bastos, o poder constituinte é exercido apenas em situações muito excepcionais, a exemplo de grandes crises sociais, econômicas ou políticas, ou até mesmo pela formação originária de um Estado. Nestas hipóteses, a inexistência de uma Constituição (em caso de criação de um Estado novo) ou a imprestabilidade das normas constitucionais vigentes para manter a situação sob sua regulação, levam a necessidade de emergir este Poder constituinte. TITULARIDADE E EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE Nas democracias, o titular do poder constituinte é o povo que elege, através de eleições diretas, os seus representantes para que, em seu nome, elaborem uma nova Constituição. E o seu exercício se dá através da assembléia nacional constituinte, composta por representantes eleitos democraticamente pelo povo, para a elaboração do novo Texto Constitucional. MODALIDADES DE PODER CONSTITUINTE O Poder Constituinte se divide em: • PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO • PODER CONSTITUINTE DERIVADO O poder constituinte originário cria uma nova ordem jurídica, seja através da primeira Constituição de um Estado, seja através de uma nova Constituição PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO Com a promulgação de uma nova Constituição há uma ruptura com o ordenamento jurídico anterior e, em conseqüência, inicia-se uma nova ordem jurídica constitucional que não encontra limites no direito positivo anterior. Portanto, o poder constituinte originário é inicial, ilimitado, incondicionado e autônomo. PODER CONSTITUINTE DERIVADO O poder constituinte derivado ou reformador é aquele que altera a Constituição vigente, através do processo legislativo nela previsto. Segundo Celso Ribeiro Bastos (Curso de Teoria do Estado e Ciência Política ), “ele é, no fundo, tido por constituinte em virtude de o produto da sua atividade, vale dizer, a emenda constitucional, passa a beneficiar-se da mesma força hierárquica da Constituição”. O Poder constituinte derivado é limitado, subordinado e condicionado. PODER CONSTITUINTE DERIVADO EMENDADOR. As emendas constitucionais objetivam a alteração da Constituição vigente dependendo, portanto, de um processo legislativo especial previsto no próprio Texto Constitucional. Acrescente-se ainda que, as emendas constitucionais devem respeitar as limitações materiais (cláusulas pétreas) impostas pela Carta Magna. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR O poder constituinte revisor é aquele que permite a revisão de dispositivos constitucionais, através de um procedimento mais flexível que aquele exigido para a aprovação de emendas constitucionais, de modo a adaptar o Texto Constitucional à novas necessidades. PODER CONSTITUINTE DECORRENTE O poder constituinte decorrente é o poder que os Estados-membros receberam da Constituição Federal para elaborarem e aprovarem suas próprias Constituições estaduais, desde que respeitadas as regras impostas pelo Texto Constitucional. FINALIDADE E FUNÇÕES DO ESTADO ESTADO E DIREITO. PERSONALIDADE JURÍDICA DO ESTADO Segundo Dalmo de Abreu Dallari (Elementos de Teoria Geral do Estado. 31ª ed.: São Paulo: Saraiva, p. 123), a concepção de Estado como pessoa jurídica é atribuída aos contratualistas e constitui um avanço no amparo da coletividade dotada de interesses diversos das vontades de cada um de seus membros. Apesar da grande contribuição desta concepção foram necessários alguns séculos para se admitir a necessidade de proteção jurídica dos direitos fundamentais e comuns a toda a coletividade A partir do século XIX, os publicistas alemães passaram a estudar essa questão que, de essencialmente política, foi aceita como objeto da dogmática jurídica. Publicista: Aquele que é versado em direito público ou escreve sobre a matéria. A Ciência do Direito, enquanto se destina ao estudo sistemático das normas, ordenando-as segundo princípios, e tendo em vista a sua aplicação, toma nome de Dogmática Jurídica, que é como a teoria positiva do Direito; Segundo Dalmo de Abreu Dallari (in ob. cit.) as teorias sobre o tema se dividem em: 1) Ficcionistas 2) Realistas 1) Ficcionistas: admitem a idéia de Estado como pessoa jurídica, mas como resultado de uma ficção ou de um artifício. Para SAVIGNY o Estado é uma pessoa jurídica, mas sua personalidade jurídica é concebida como mera ficção, sendo que, apenas os indivíduos poderiam ser considerados como sendo sujeitos de direito. A partir do século XX, HANS KELSEN também considera o Estado como um produto da ficção, como personificação da ordem jurídica. 2) Realistas: de acordo com as teorias criadas por publicistas alemães, o Estado é visto como um organismo biológico, sendo comparado, inclusive, a uma pessoa grande. Em 1837, ALBRECHT afirmou: “Ainda nos veremos obrigados a representar o Estado como uma pessoa jurídica”. GERBER, por sua vez, reconheceu que “... a personalidade jurídica do Estado seja um meio de construção jurídica”, negando, todavia, que seja uma ficção jurídica. Sustenta, assim, que o Estado é um organismo moral, não- palpável (organicismo ético). GIERKE reconhece o Estado como uma pessoa capaz de fazer valer sua vontade, através de órgãos próprios (teoria do órgão). LABAND sustenta que o Estado é uma pessoa jurídica organizada, com vontade própria, tendo capacidade para participar de uma relação jurídica. A Teoria de JELLINEK A Teoria de JELLINEK acaba resultando num dos principais fundamentos do Direito Público. JELLINEK demonstra que, se o Estado é uma unidade coletiva, ou seja, uma associação, não pode ser considerado uma ficção, “... mas uma forma necessária de síntese de nossa consciência que, como todos os fatos desta, forma a base de nossas instituições”, não sendo, tais unidades coletivas, menos capazes de alcançar subjetividade jurídica que os indivíduos humanos. Ao analisar estas teorias ALEXANDRE GROPPLI demonstra que o Estado é chamado de pessoa jurídica, através de um processo de abstração que permite que sejam considerados os elementos reais, concretos, existentes no Estado, sem precisar compará-lo a uma pessoa física, explicando que a vontade não tem vida física. Os opositores das teorias que aceitam o Estado como pessoa jurídica são os NEGATIVISTAS: Nesse contexto, MAX SEYDEL nega a personalidade jurídica do Estado, sustentando que “... não existe vontade do Estado, mas vontade sobre o Estado, sendo este apenas objeto de direito daquela vontade superior”. Neste ponto DONATI sustenta que o governante é o portador da soberania e da subjetividade estatal, concluindo, assim, que a personalidade real do Estado é a personalidade destes governantes. DUGUIT, por sua vez, não aceita a teoria da personalidade jurídica do Estado, concebendo o Estado apenas “... como uma relação de subordinação entre os que mandam e os que são mandados, ou então, como uma cooperação de serviços públicos organizados e dirigidos pelos governantes”. Finalmente, DALMO DE ABREU DALLARI, demonstra a importância em aceitar a teoria da personalidade jurídica do Estado, como concebida pelos publicistas alemães. Segundo os publicistas alemães não há necessidade de se recorrer a uma ficção para “... encontrar o meio de que se vale o Estado para formar e externar sua vontade, pois os órgãos estatais são constituídos de pessoas físicas”. Assim sendo, as pessoas físicas quando agem como órgão do Estado, exteriorizam a vontade deste órgão Assim sendo, a aceitação do Estado como pessoa jurídica e, portanto, da existência desta vontade estatal, segundo Dallari, é necessária para evitar uma ação arbitrária do Estado em relação aos interesses coletivos. ESTADO LIBERAL, ESTADO SOCIAL E ESTADO TOTALITÁRIO. 1. Estado Liberal No Estado liberal o ser humano é livre para atingir as opções fundamentais. Segundo Celso Ribeiro Bastos, “O Estado liberal, também chamado por alguns de Estado constitucional, é o que vai procurar, com a maior eficiência até hoje conhecida, o atingimento da liberdade no sentido do não- constrangimento pessoal.” “É o coroamento de toda luta do indivíduo contra a tirania do Estado. Tem dois fundamentos principais: a história política da Inglaterra e, do ponto de vista teórico, o Iluminismo francês do século XVIII”. Era do Iluminismo (ou simplesmente Iluminismo ou Era da Razão) foi um movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado. O Estado liberal pressupõe a mínima presença do Estado, razão pela qual não se reconhece nenhum benefício na intervenção estatal na regulação da economia. Esta “não intervenção” não se deu apenas no campo econômico, mas também na área religiosa, na moral e na política Adam Smith Segundo Celso Ribeiro Bastos “Do Estado se espera muito pouco: basicamente que organize um exército para defender a sociedade contra o inimigo externo. Que assegure a boa convivência internamente mediante a Polícia e o Judiciário, incumbidos de aplicar as leis civis e as leis penais. Tudo o mais, saúde, educação, previdência, seguro social, será atingido pela própria atividade civil”. A liberdade de contratação estabelecida entre o empregado e o empregador, não foi capaz de garantir o bem estar social dos trabalhadores, “(...) já que o desnível de força socioeconômica era muito acentuado”. Negociação entre o Leão e o Coelho Assim sendo, concluiu-se pela necessidade da presença estatal “(...) para suprir omissões, para coibir abusos e para empreender objetivos não atingíveis pela livre iniciativa” o que leva ao surgimento do Estado Social. Segundo Ivo Dantas o rompimento com o Estado liberal não implica na aceitação do Estado socialista. Assim sendo, “(...) um novo padrão ideológico é aceito, intermediário do Liberal e do Socialista, a que doutrinariamente se tem preferido denominar de Estado Social”. Ivo Dantas. Instituições de direito constitucional brasileiro. 2ª ed. rev. aum. Curitiba: Juruá, 2001. O liberalismo econômico desenvolveu-se durante toda a Revolução Industrial do século XVIII e XIX. Portanto, em que pese as suas falhas em diversos campos, contribuiu para a garantia das liberdades fundamentais, especialmente para a livre expressão do pensamento, para as liberdades de locomoção e associação e para o direito de propriedade. 2. Estado social No Estado social, o Estado, num primeiro momento, passa a regular a economia através: 1) “(...) da edição de normas disciplinadoras da conduta de agente econômicos” 2) e, num segundo momento, passa a fazer parte da própria atividade econômica, seja através da criação de empresas com este fim, ou mediante a participação do capital em empresas privadas. Paulo Bonavides demonstra que o Estado social difere-se do Estado proletário que o socialismo marxista tenta criar, na medida em que “(...) ele conserva sua adesão à ordem capitalista, princípio cardeal a que não renuncia”. Assim, “ao invés da omissão do Estado ou de sua presença total na vida econômica e social, temos liberdade individual condicionada a ação do poder público objetivando satisfazer as necessidades da sociedade como um todo”. 3. Estado Totalitário É o modelo que se contrapõe ao Estado liberal. No Estado totalitário o governo é absoluto e o poder é ilimitado. O Estado totalitário existiu não apenas na Antiguidade no período dos grandes Impérios, mas também nos séculos XVII e XVIII na Prússia (Frederico I) e na França (jacobinos).Entretanto, segundo Celso Ribeiro Bastos esta modalidade de Estado surgiu no século XX, através das ideologias fascistas e comunistas. Ideologias / fascistas / comunistas / Jacobinos Ideologia é um conjunto de idéias ou pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos. A ideologia pode estar ligada a ações políticas, econômicas e sociais. O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo Antoine Destutt de Tracy. O conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl Marx, que ligava a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) criados pela classe social dominante. De acordo com Marx, a ideologia da classe dominante tinha como objetivo manter os mais ricos no controle da sociedade. O comunismo (do latim communis - comum, universal) é uma ideologia política e socioeconômica, que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum e no controle dos meios de produção e da propriedade em geral. Karl Marx postulou que o comunismo seria a fase final na sociedade humana, o que seria alcançado através de uma revolução proletária. Fascismo é uma doutrina totalitária orbitando a extrema-direita desenvolvida por Benito Mussolini no Reino de Itália, a partir de 1919 e durante seu governo (1922–1943 e 1943–1945). Principais características e ideias do fascismo: - Totalitarismo: o sistema fascista era antidemocrático e concentrava poderes totais nas mãos do líder de governo. Este líder podia tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem consultar políticos ou representantes da sociedade. - Nacionalismo: entre os fascistas era a ideologia baseada na ideia de que só o que é do país tem valor. Valorização extrema da cultura do próprio país em detrimento das outras, que são consideradas inferiores. - Militarismo: altos investimentos na produção de armas e equipamentos de guerra. Fortalecimento das forças armadas como forma de ganhar poder entre as outras nações. Objetivo de expansão territorial através de guerras. - Culto à força física: Nos países fascistas, desde jovens os jovens eram treinados e preparados fisicamente para uma possível guerra. O objetivo do estado fascista era preparar soldados fortes e saudáveis. - Censura: Hitler e Mussolini usaram este dispositivo para coibir qualquer tipo de crítica aos seus governos. Nenhuma notícia ou ideia, contrária ao sistema, poderia ser veiculadas em jornais, revistas, rádio ou cinema. Aqueles que arriscavam criticar o governo eram presos e até condenados a morte. - Propaganda: os líderes fascistas usavam os meios de comunicação (rádios, cinema, revistas e jornais) para divulgarem suas ideologias. Os discursos de Hitler eram constantemente transmitidos pelas rádios ao povo alemão. Desfiles militares eram realizados para mostrar o poder bélico do governo. - Violência contra as minorias: na Alemanha, por exemplo, os nazistas perseguiram, enviaram para campos de concentração e mataram milhões de judeus, ciganos, homossexuais e até mesmo deficientes físicos. - Anti-socialismo: os fascistas eram totalmente contrários ao sistema socialista. Defendiam amplamente o capitalismo, tanto que obtiveram apoio político e financeiro de banqueiros, ricos comerciantes e industriais alemães e italianos. GIRONDINOS E JACOBINOS Os Girondinos representavam a alta burguesia e queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política. "Os jacobinos foram os mais radicais partidários da Revolução de 1789, que apesar de liderarem a França apenas por um ano, entre 1793 e 94, deixaram uma marca de audácia e sanguinarismo que espantou o mundo. Procuraram conciliar a democracia de massas com um direção política centralizada, tirânica; o voto universal com a decisão única, a virtude republicana coletiva com o cultivo do talento privado. Foram apontados como o primeiro grupo revolucionário moderno, inspirador de uma série de outros movimentos do seu tempo, estendo sua influência e exemplo até aos bolcheviques russos de 1917." Os Jacobinos representavam a baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo. Liderados por Robespierre e Saint-Just, os jacobinos eram radicais e defendiam também profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres. Os jacobinos eram o grupo político mais radical da Convenção Em 1795, os girondinos assumem o poder e começam a instalar um governo burguês na França. Uma nova Constituição é aprovada, garantindo o poder da burguesia e ampliando seus direitos políticos e econômico. Celso Ribeiro Bastos ensina que “(...) há algumas constantes em todo o totalitarismo: 1) a existência de dogmas cuja validade ninguém pode pôr em causa; 2) a idéia messiânica de uma pessoa ou de uma classe social; 3) a identificação do partido dominante com a sociedade e um terror organizado por parte do Estado”. Assim sendo, neste modelo (totalitarismo) o Estado não respeita os direitos individuais, pretendendo, até mesmo, controlar as mentes humanas.