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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE PSICOLOGIA ANA CAROLINA CRUZ GOMES GEANINI CAROLINE A. BAPTISTA LERYANE MARÇAL DROGAS PSICOTRÓPICAS EXPERIMENTO 3 CAMPINAS 2013 1 ANA CAROLINA CRUZ GOMES GEANINI CAROLINE A. BAPTISTA LERYANE MARÇAL DROGAS PSICOTRÓPICAS EXPERIMENTO 3 Relatório apresentado à disciplina de Fenômenos e Processos Psicológicos Básicos A, da Faculdade de Psicologia, do Centro de Ciências da Vida, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, como parte das atividades de laboratório exigidas para aprovação. Responsável pela disciplina: Prof.ª Karina Magalhães Brasio. PUC CAMPINAS 2013 2 Introdução Teórica: As drogas psicotrópicas podem ser classificadas como estimulantes, depressoras, ou perturbadoras do funcionamento do organismo, isso de acordo com o efeito provocado no sistema nervoso central. As drogas perturbadoras são também chamadas de alucinógenas. Entre essas drogas se encontra o 3,4-metilenodioximetanfetamina, conhecido pela sigla MDMA, e popularmente chamada de ecstasy ou pílula do amor. Com relação ao seu efeito, a MDMA é uma das poucas drogas com dupla classificação: situa-se entre os estimulantes e os alucinógenos, sendo por vezes classificada como uma anfetamina alucinógena. As vias de administração dessa droga é teoricamente a inalação sob a forma de vapor, pode ser injetada, embora não costuma ser o meio de utilização. E a via mais comum é a oral, aonde o ecstasy é apresentado em forma de comprimidos, tabletes e cápsulas. Os efeitos psicoestimulantes do MDMA são observados de 20 a 60 minutos após a ingestão de doses moderada (75 a 100 mg), persistindo por 2 a 4 horas. O pico de concentração plasmática ocorre 2 horas após administração oral, e os níveis residuais (0,005 mg/L) são encontrados 24 horas após a última dose. A área sobre a curva do MDMA sugere uma farmacocinética não linear, ou seja, o consumo de doses elevadas da substância pode produzir aumento desproporcional nos níveis plasmáticos. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2007) O ecstasy é produzido sinteticamente em laboratório a partir da metanfetamina. Porém, há percursores químicos naturais contidos em óleos de plantas, como noz moscada, cálamo, açafrão, canela e semente de salsa. (ALMEIDA, S.P.; SILVA, M.T.A; 2000). 3 Composição da Substância A substância que define o ecstasy (nome popular ou “de rua”) é uma droga sintética produzida em laboratório tem o nome de 3,4- metilenodioximetanfetamina, mais conhecido pela sigla MDMA, nome usado nos estudos científicos. O MDMA é um composto derivado da metanfetamina, substâncias sintéticas pertencentes ao grupo amina, que apresenta propriedades estimulantes, derivadas das anfetaminas, e alucinógenas, derivadas da mescalina, que atuam no sistema nervoso, estimulando-o. Porém, este não faz parte do grupo das anfetaminas. Muitos dos comprimidos de êxtase contêm uma enorme variedade de componentes, incluindo 3,4-metilenodioxietilanfetamina (MDEA), 3,4- metilenodioxianfetamina (MDA), mas o principal constituinte é o 3,4- metilenodioximetanfetamina (MDMA). (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). Histórico Há divergências quanto à data de síntese da MDMA: para alguns, a droga foi sintetizada em 1912, para outros em 1914. De qualquer forma, foi patenteada em 1914 pelo laboratório Merck, na Alemanha, após ter sido sintetizada para a empresa pelo químico Anton Köllisch em Darmstadt, nesse mesmo ano. A MDMA foi desenvolvida inicialmente para militares, pois combatia o sono e a fome, mas devido a seus efeitos colaterais, foi pouco utilizada e nunca comercializada, ficando esquecida e sem uso por décadas em razão de seus vários efeitos adversos. Em 1950, ressurgiu como método para reduzir a inibição em pacientes submetidos à psicanálise, atuando como elevador do estado de ânimo e complemento nas psicoterapias. 4 Em 1965, o bioquímico norte-americano Alexander Shulgin relatou ter produzido e consumido MDMA em seu laboratório, tendo descrito o efeito como prazeroso. Contudo, o bioquímico só voltou a se interessar pela droga no começo dos anos 70, quando tomou conhecimento de relatos de outros pesquisadores muito entusiasmados com o uso terapêutico da MDMA. A comunidade científica só veio a ser formalmente informada sobre a MDMA, através de uma publicação de Shulgin e Nichols, a qual sugere que a droga poderia ser utilizada como auxiliar psicoterapêutico. Em 1950, ressurgiu como método para reduzir a inibição em pacientes submetidos à psicanálise, atuando como elevador do estado de ânimo e complemento nas psicoterapias. (ALMEIDA, S.P.; SILVA, M.T.A; 2000). Foi na década de 70 que a droga começou a ser consumida de forma recreativa, principalmente entre jovens que frequentavam danceterias e festas noturnas. Nessa época, a substância ficou conhecida como “a droga do amor”, uma clara referência à sua propriedade de aumentar o interesse sexual dos indivíduos. Ao fim da década de 80, o ecstasy já havia ganhado grande popularidade nos Estados Unidos e na Europa, especialmente na Inglaterra e Holanda. O período compreendido entre os anos de 1977 e 1984 ficou conhecido como a época áurea do êxtase. Segundo Saunders, alguns terapeutas reconheciam que o MDMA era uma poderosa ferramenta, considerada a penicilina para a alma. Finalmente, a droga foi proibida em 1977, no Reino Unido, e em 1985, nos EUA, fazendo parte da Lista I do Convênio de Substâncias Psicotrópicas, que inclui substâncias com elevado potencial de abuso, sem benefício terapêutico e de uso inseguro, mesmo com supervisão médica. No Brasil é considerada substância de uso proscrito, definida pela Portaria da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde de número 344, de 12 de maio de 1998. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). 5 Ação no Sistema Nervoso Central O MDMA interfere em vários neurotransmissores causando liberação de serotonina, dopamina e norepinefrina no sistema nervoso central, os quais estão envolvidos no controle do humor, termorregulação, sono, apetite e no controle do sistema nervoso autônomo. Outros efeitos incluem alterações na cognição, comportamento bizarro, psicoses e alucinações. Mudanças na percepção e alucinações ocorrem em casos de intoxicação com altas doses. O mecanismo de ação do MDMA sobre o sistema nervoso central ainda não está totalmente esclarecido. Há descrição de que o MDMA interfere em diferentes neurotransmissores, sendo os neurônios serotonérgicos mais suscetíveis. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). Sintomas Após o uso da droga ocorrem alguns efeitos os quais podemos citar como a criação de uma sensação anormal de euforia e bem-estar, além do aumento da capacidade física e mental do indivíduo e do interesse sexual. Outros efeitos são os físicos indesejados, como aumento da tensão muscular e da atividade motora, aumento da temperatura corporal, enrijecimento e dores na musculatura dos membros inferiores e coluna lombar, dores de cabeça, náuseas, perda do apetite, visão borrada, boca seca, insônia, grande oscilação da pressão arterial, e alguns sintomas psíquicos como alucinações, agitação, ansiedade, crise de pânico e episódios breves de psicose. O aumento no estado de alerta pode levar à hiperatividade e à fuga de ideias. Nos dias seguintes ao uso da droga o usuário pode ficar deprimido, com dificuldade cognitiva como a de concentração, ansioso e fatigado. 6 O êxtase também pode causar disfunção do sistema imunológico, sendo esse quadro agravado quando há associação dessa substância com o álcool. Há também um curioso, porém significativo, ranger de dentes que pode ocorrer nos usuários da MDMA. Esse quadro é mais acentuado nos dentes posteriores e pode inclusive persistir após o uso da droga. <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=37> O uso a longo prazo dadroga causa muitos prejuízos à saúde. O excesso de serotonina na fenda sináptica provocado pelo uso da droga causa lesões nas células nervosas irreversíveis. Essas células, quando lesionadas, têm seu funcionamento comprometido, e só se recuperam quando outros neurônios compensam a função perdida.Como a droga apresenta um poderoso efeito como estimulante do sistema nervoso central e seu uso produz aumento da frequência cardíaca, dentre outros sintomas já citados acima. Segundo os especialistas, essa combinação de efeitos pode levar a problemas como desidratação e hipotermia até a morte súbita. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). Tolerância Ainda não há evidências de que o ecstasy provoque dependência física, pois em geral os usuários utilizam a droga no fim de semana, não diariamente, o que dá tempo de reverter, ao menos parcialmente, a tolerância (necessidade de doses cada vez maiores para obtenção dos efeitos da intoxicação). Já foram encontrados na literatura especifica relatos de casos compatíveis com dependência ao ecstasy junto de outras drogas. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). Contudo a Revista Galileu relata que o MDMA era tido como uma droga não-adictiva, sendo crescentes as constatações de que seu uso pode gerar dependência (já que é uma anfetamina- classe de drogas que causa 7 dependência). Tendo relatos de usuários que apresentam padrão de uso compulsivo, perdendo o controle sobre a administração da droga. (COLAVITTI, F.; 2008). Abstinência O ecstasy é uma droga de tolerância rápida, mas não há quadros de síndrome de abstinência. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). Sequelas Muitos usuários relatam ter um episódio depressivo nos dias após o uso do êxtase, o que é chamada de depressão de meio de semana. Fadiga e insônia também são comuns. As pessoas que usam o êxtase com frequência podem começar a apresentar problemas no fígado, como diminuição da capacidade de o fígado funcionar, e ficar com a pele amarelada (icterícia). Problemas cognitivos (aprendizagem, memória, atenção) podem surgir com o uso repetido por período prolongado. O êxtase também pode desencadear problemas psiquiátricos, como quadros esquizofreniformes (formas de loucura), pânico (estados de alerta intenso, com medo e agitação) e depressão. Esses problemas têm maior ou menor probabilidade de ocorrer, dependendo das características da pessoa, do momento de sua vida, da frequência e do contexto de uso. <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=37>. 8 Considerações finais Vários aspectos da farmacologia do êxtase ainda precisam ser investigados. Sabe-se que o MDMA interfere em muitos neuro-hormônios e promove uma liberação maciça de serotonina, seguida por um período de depleção, antes de retornar aos valores normais. Mas o mecanismo de ação incluindo outros neurotransmissores, como dopamina, noradrenalina e acetilcolina, não está totalmente esclarecido. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008) Está claro que o consumo do êxtase a longo prazo pode acarretar sérios problemas de saúde, inclusive aparecimento de complicações incompatíveis com a vida. No contexto social, o êxtase é considerado uma substância segura, que não apresenta riscos para o usuário. Entretanto há inúmeros relatos de efeitos adversos, incluindo intoxicação aguda, em relação à qual é necessário que o profissional médico conheça os principais sinais e sintomas, a fim de realizar o tratamento adequado, com especial atenção aos sintomas originados do sistema nervoso central e cardiovascular. Diante das complicações associadas ao uso do MDMA, é necessária a implantação de um tratamento de emergência, com medidas de suporte e tratamento médico para cada uma das complicações. Para tanto, é fundamental que o profissional de saúde conheça os efeitos psicológicos e toxicológicos provocados pelo uso. Embora existam dados na literatura, são necessários novos estudos sobre a fisiopatologia e farmacologia do êxtase, principalmente para e melhorar o tratamento dos casos de intoxicação. Referências XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; Revista de Psiquiatria Clínica: Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos, mecanismo de ação e abordagem clínica. São Paulo – SP. V35, n3, 2008. Artigos Originais. Disponível em: 9 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 60832008000300002>. Acesso em: 05 de junho de 2013. ALMEIDA, S.P.; SILVA, M.T.A; Revista Panamericana de Salud Pública: Histórico, efeitos e mecanismo de ação do êxtase (3- 4metilenodioximetanfetamina): revisão da literatura. Washington. V8, n6, 2000. Artigos Originais. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/5740777/Historico- efeitos-e-mecanismo-de-acao-do-Ecstasy-Revista-Panamericana-de-Salud- Publica>. Acesso em: 07 de junho de 2013. COLAVITTI, F.; Revista Galileu: DROGAS - A nova explosão do Ecstasy. 198. ed, 2008. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG80795-7943-198-8,00- A+NOVA+EXPLOSAO+DO+ECSTASY.html>. Acesso em: 10 de junho de 2013. BRASIL. Secretaria de segurança pública. Disponível em: <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=37> Acesso em: 04 de junho de 2013. O ecstasy é uma droga de tolerância rápida, mas não há quadros de síndrome de abstinência. (XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; 2008). XAVIER, C.A.C.; LOBO, P.L.D.; FONTELES, M.M.F.; VASCONCELOS, S.M.M.; VIANA, G.S.B.; SOUSA, F.C.F.; Revista de Psiquiatria Clínica: Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos, mecanismo de ação e abordagem clínica. São Paulo – SP. V35, n3, 2008. Artigos Originais. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832008000300002>. Acesso em: 05 de junho de 2013.