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A disciplina de Anatomia estuda a História e Introdução aos fundamentos anatômicos, a anatomia do Aparelho Locomotor (ossos, articulações e músculos), Sistema Circulatório e Sistema Respiratório. Para tal serão apresentados à seguir 8 conteúdos abordando tais temas, os quatro primeiros serão cobrados na avaliação NP1 e os quatro últimos na NP2 ou, à critério do professor local, segue abaixo as referências para o estudo:
Leitura sugerida:
DANGELO E FATTINI, Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar Ed. Atheneu, São Paulo, 2000.
SOBOTTA, J., Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara-Koogan, 2000.
SPENCE, A.P., Anatomia Humana Básica. São Paulo, Ed. Manole Ltda., 1998.
HISTÓRIA DA ANATOMIA
 
 
            "Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente" (Rokitansky, 1876) 
 
O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal.
No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais.
No século II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados obtidos na anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos. Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da "causa final", um sistema teológico que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia. Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período clássico, sendo as "séries de cinco figuras" medievais dos ossos, veias, artérias, órgãos internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores. Invariavelmente, as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã aberta, para demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura que representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos.
Nos antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações de esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de caráter mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma. Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de "cocção dos ossos". A bula pontifica De sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta prática. O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. O verbo "dissecar" era usado também para descrever a operação cesariana cada vez mais freqüente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros, tanto de conceito como de técnica. As coisas "eram vistas" tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes.
O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédias desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis. Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade.
O escolasticismo de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original. A capacidade para repetir exatamente reproduções pictórica, daquilo que se observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde. 
As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na primeira (1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram desenhadas de uma forma primitiva e pouco realista. Na Segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram utilizando ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) consiste numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravuras de madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são representadas
de modo realista. Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas com figuras anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por exemplo, na concepção e na formação do feto humano. O uso freqüente da frase "conhece-te a ti mesmo" fala da orientação filosófica e essencialmente não médica.
A "Dança da Morte" chegou a ser um tema muito popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia humana dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas. Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos artistas jovens, sobretudo no norte da Itália. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza artística permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. Representou corretamente a posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Só uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram publicados até o final do século passado. 
Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a evolução a que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até pensar que encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à arte. Albrecht Dürer (1471-1528) escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia. Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua morte. Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, derivando em último extremo um interesse pelos cânones clássicos, através dos quais podia adquirir-se a beleza. Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só de maneira secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas.
Quando os anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, sobretudo no norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri (+1530), autor dos Commentaria super anatomica mundini (1521), que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno, que incluía figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. A partir de uma data tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano.   
    
VESÁLIO
Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori, fabricada em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. Relatou sua surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, e temos que ressaltar a importância de sua negativa em aceitar algo só por tê-lo encontrado nos escritos do grande médico grego. Sem dúvida, apesar de ter desmentido a existência dos orifícios que Galeno afirmava existir comunicando as cavidades cardíacas, foi de todas as maneiras um seguidor da fisiologia galênica. Foram engrandecidas as diferenças que separavam seu conhecimento anatômico do de Galeno, começando pelo próprio Vesálio.
Talvez pensasse que uma polêmica era um modo de chamar atenção. Manteve depois uma disputa acirrada com seu mestre Jacques du Bois (ou Sylvius, na forma latina), que foi um convencido galenista cuja única resposta, ante as diferenças entre algumas estruturas tal como eram vistas por Vesálio e como as havia descrito Galeno, foi que a humanidade devia tê-lo mudado durante esses dois séculos. Vesálio tinha atribuído o traçado das primeiras figuras a um certo Fleming, mas na Fabrica não confiou em ninguém, e a identidade do artista ou artistas que colaboraram na sua obra tem sido objeto de grande controvérsia, que se acentuou ante a questão de quem é mais importante, se o artista ou o anatomista. Essa última foi uma discussão não pertinente, já que é óbvio que as ilustrações são importantes precisamente porque juntam uma combinação de arte e ciência, uma colaboração entre o artista e o anatomista. As figuras da Fabrica implicam em tantos conhecimentos anatômicos que forçosamente Vesálio devia participar na preparação dos desenhos, ainda que o grau de refinamento e do conhecimento de técnicas novas de desenho, também para os artistas do Renascimento, excluem também que fora o único responsável. Até hoje é discutido se Jan Stephan van Calcar (1499-1456/50), que fez as primeiras figuras e trabalhou no estúdio de Ticiano na vizinha Veneza, era o artista. De qualquer maneira, havia-se encontrado uma solução na busca de uma expressão pictórica adequada aos fenômenos naturais.
No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar. Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e comum idéia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson, em 1611, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não fazer parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referentes à produção de sangue. Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII foram
dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao constato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue. Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da imaginação. A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos. A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O inglês William Harvey, educado em Pádua, combinou a tradição anatômica italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a respeito, publicado em 1628, trata de anatomia e fisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e descrição de órgãos isolados, estuda a mecânica da circulação do sangue, comparando o corpo humano a uma máquina hidráulica. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha em evidência os vasos linfáticos; Bernardino Genga falava, então, em “anatomia cirúrgica”. Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vês pormenorizado das técnicas operatórias levou à subdivisão da anatomia, dando-se muita importância à anatomia topográfica.
O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani. Surgia a anatomia patológica, que permitiu grandes descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch. Recentemente, a anatomia tornou-se submicroscópica. A fisiologia, a bioquímica, a microscopia eletônica e positrônica, as técnicas de difração com raios X, aplicadas ao estudo das células, estão descrevendo suas estruturas íntimas em nível molecular. Hoje em dia há a possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, através de técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de positrões, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA
 
CONCEITO DE ANATOMIA  
 
            No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.
             Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela American Association of Anatomists: “anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças a longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade funcional normal.”
            Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas celulares e macromoléculas.
A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência. Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras. 
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento. A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos). A Anatomia do Desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até o nascimento.
A Anatomia Humana, a Anatomia Vegetal e a Anatomia Comparada também são especializações da anatomia. Na anatomia comparada faz-se o estudo comparativo da estrutura de diferentes animais (ou plantas) com o objetivo de verificar as relações entre eles, o que pode elucidar sobre aspectos da sua evolução.
 
 
 
POSIÇÃO ANATÔMICA           
 
            A posição anatômica é uma posição de referência, que dá significado aos termos direcionais utilizados na descrição nas partes e regiões do corpo. As discussões sobre o corpo, o modo como se movimenta, sua postura ou a relação entre uma e outra área assumem que o corpo como um todo está numa posição específica chamada POSIÇÃO ANATÔMICA. Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada. O corpo está numa postura ereta (em pé, posição ortostática ou bípede) com os membros superiores estendidos ao lado do tronco e as palmas das mãos voltadas para a frente. A cabeça e pés também estão apontados para frente e o olhar para o horizonte.                    
Posição SUPINA e PRONA são expressões utilizadas na descrição da posição do corpo, quando este não se encontra na posição anatômica.
POSIÇÃO SUPINA ou DECÚBITO DORSAL – o corpo está deitado com a face voltada para cima. 
POSIÇÃO PRONA ou DECÚBITO VENTRAL – o corpo está deitado com a face voltada para baixo. 
DECÚBITO LATERAL – o corpo está deitado de lado.
 POSIÇÃO DE LITOTOMIA – o corpo está deitado com a face voltada para cima, com flexão de 90° de quadril e joelho, expondo o períneo. 
POSIÇÃO DE TRENDELEMBURG – O corpo está deitado com a face voltada para cima, com a cabeça sobre a maca inclinada para baixo cerca de 40°. 
 
 
 
PLANOS ANATÔMICOS     
 
a)     Planos Seccionais: quatro planos são fundamentais:
 
1)     Plano Mediano: plano vertical que passa longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em metades direita e esquerda. Parassagital, usado pelos neuroanatomistas e neurologistas é desnecessário porque qualquer plano paralelo ao plano mediano é
sagital por definição. Um plano próximo do mediano é um Plano Paramediano.
2) Planos Sagitais: são planos verticais que passam através do corpo, paralelos ao plano mediano.        
3) Planos Frontais (Coronais): são planos verticais que passam através do corpo em ângulos retos com o plano mediano, dividindo-o em partes anterior (frente) e posterior (de trás).      
4) Planos Transversos (Horizontais): são planos que passam através do corpo em ângulos retos com os planos coronais e mediano. Divide o corpo em partes superior e inferior.
                         
            b) Planos Tangenciais: suponhamos, agora, que o indivíduo, em posição anatômica, esteja dentro de um caixão de vidro. As seis paredes que constituem o caixão representariam os planos tangenciais:
 
Plano Superior: seria a parede que está por cima da cabeça
Plano Inferior: é o que se situa por baixo dos pés.  
Plano Anterior: é o plano que passa pela frente do corpo.  
Plano Posterior: é o que formaria o fundo do caixão, ou seja, atrás das costas.   
Planos Laterais: são as duas paredes laterais, que limitam os membros (superiores e inferiores), do lado direito e esquerdo.     
 
 
 
TERMOS ANATÔMICOS     
 
a)     Termos de Relação:
 
* Anterior / Ventral / Frontal: na direção da frente do corpo.     
* Posterior / Dorsal: na direção das costas (traseiro).     
Exemplo: O osso esterno e as cartilagens costais encontram-se anteriormente em relação ao coração. Já os grandes vasos e a coluna vertebral localizam-se posteriormente em relação ao coração.  
             
* Superior / Cranial: na direção da parte superior do corpo.     
* Inferior / Caudal: na direção da parte inferior do corpo.     
Exemplo: Os grandes vasos localizam-se superiormente ao coração enquanto que o diafragma localiza-se inferiormente ao coração.  
             
* Medial: mais próximo do plano sagital mediano (linha sagital mediana).
* Lateral: mais afastado do plano sagital mediano (linha sagital mediana).     
Exemplo: Os ligamentos colaterais do joelho. O ligamento colateral fibular está localizado lateralmente enquanto que o ligamento colateral tibial está localizado medialmente, ou seja, mais próximo à linha sagital mediana.
                         
            b) Termos de Comparação:
 
* Proximal: próximo da raiz do membro. Na direção do tronco.     
* Distal: afastado da raiz do membro. Longe do tronco ou do ponto de inserção. 
Exemplo: O braço é considerado proximal quando comparado ao antebraço (distal), pois está mais próximo da raiz de implantação do membro (cintura escapular).
                         
* Superficial: significa mais perto da superfície do corpo.     
* Profundo: significa mais afastado da superfície do corpo.     
Exemplo: A pele é uma estrutura superficial comparada às artérias ou os ossos que estão localizados mais profundamente. No sistema venoso é comum utilizarmos esses termos para diferenciar o sistema venoso superficial (mais próximo à superfície) do sistema venoso profundo (passa mais profundamente junto com o sistema arterial).
                         
* Homolateral / Ipsilateral: do mesmo lado do corpo ou de outra estrutura.     
* Contralateral: do lado oposto do corpo ou de outra estrutura.     
Exemplo: Se considerarmos a mão direita como referência, o membro inferior direito é considerado homo/ipsilateral, pois está localizado do mesmo lado. Já o membro inferior esquerdo é considerado contralateral, pois está localizado no lado oposto à mão de referência (mão direita).                          
 
c) Termos de Movimento:
 
* Flexão: curvatura ou diminuição do ângulo entre os ossos ou partes do corpo.  
* Extensão: endireitar ou aumentar o ângulo entre os ossos ou partes do corpo.                           
* Adução: movimento na direção do plano mediano em um plano coronal.  
* Abdução: afastar-se do plano mediano no plano coronal. 
* Rotação Medial: traz a face anterior de um membro para mais perto do plano mediano. 
* Rotação Lateral: leva a face anterior para longe do plano mediano.          
* Retrusão: movimento de retração (para trás) como ocorre na retrusão da mandíbula e no ombro.    
* Protrusão: movimento dianteiro (para frente) como ocorre na protrusão da mandíbula e no ombro.
             
* Oclusão: movimento em que ocorre o contato da arcada dentário superior com a arcada dentária inferior. 
* Abertura: movimento em que ocorre o afastamento dos dentes no sentido súpero-inferior. 
* Rotação Inferior da Escápula: movimento em torno de um eixo sagital no qual o ângulo inferior da escápula move-se medialmente e a cavidade glenóide move-se caudalmente.   
* Rotação Superior da Escápula: movimento em torno de um eixo sagital no qual o ângulo inferior da escápula move-se lateralmente e a cavidade glenóide move-se cranialmente. 
* Elevação: elevar ou mover uma parte para cima, como elevar os ombros.   
* Abaixamento: abaixar ou mover uma parte para baixo, como baixar os ombros.      
* Retroversão: posição da pelve na qual o plano vertical através das espinhas ântero-superiores é posterior ao plano vertical através da sínfise púbica.    
* Anteroversão: posição da pelve na qual o plano vertical através das espinhas ântero-superiores é anterior ao plano vertical através da sínfise púbica.     
* Pronação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio medialmente em torno de seu eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha posteriormente. e no ombro.    
* Supinação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio lateralmente em torno de seu eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha anteriormente. e no ombro.             
* Inversão: movimento da sola do pé em direção ao plano mediano. Quando o pé está totalmente invertido, ele também está plantifletido.    
* Eversão: movimento da sola do pé para longe do plano mediano. Quando o pé está totalmente evertido, ele também está dorsifletido.             
* Dorsi-flexão (flexão dorsal): movimento de flexão na articulação do tornozelo, como acontece quando se caminha morro acima ou se levantam os dedos do solo.    
* Planti-flexão (flexão plantar): dobra o pé ou dedos em direção à face plantar, quando se fica em pé na ponta dos dedos.             
           
 
 ABORDAGENS ANATÔMICAS        
 
As três principais abordagens para estudar anatomia são: regional, sistêmica e clínica.
 
a)     Anatomia Regional: é o método de estudo do corpo por regiões, como o tórax e o abdome. A anatomia de superfície é uma parte essencial do estudo da anatomia regional.
b)     Anatomia Sistêmica: é o método de estudo do corpo por sistemas, por exemplo, sistema circulatório e reprodutor.
c) Anatomia Clínica: enfatiza a estrutura e a função à medida que se relacionam com a prática da medicina e outras ciências da saúde.        
 
Do ponto de vista médico, a anatomia humana consiste no conhecimento da forma exata, posição exata, tamanho e relação entre as várias estruturas do corpo humano, enquanto características relacionadas à saúde. Esse tipo de estudo é chamado anatomia descritiva ou topográfica. A anatomia topográfica é aprendida através de exercícios repetidos de dissecação e inspeção de partes (cádaveres especialmente destinados à pesquisa). Do ponto de vista morfológico, a anatomia humana é um estudo científico que tem por objetivo descobrir as causas que levaram as estruturas do corpo humano a serem tais como são, e para tanto solicita ajuda às ciências conhecidas como embriologia, biologia evolutiva, filogenia e histologia. Na área médica existe ainda um outro tipo de estudo anatômico, definida como anatomia patológica, que é o estudo de órgãos defeituosos ou acometidos por doenças. Já os ramos da anatomia normal com aplicações específicas, ou restritas a determinados aspectos, recebem nomes como anatomia médica, anatomia cirúrgica, anatomia artística, anatomia de superfície.     
           
 
 
 	DIVISÃO DO CORPO HUMANO     
 
 
Classicamente o corpo humano é dividido em: cabeça,
pescoço, tronco e membros.
Cabeça					Crânio e face
Pescoço					Pescoço
Tronco					Tórax, abdome e pelve
Membros (Membro Superior)		Ombro, braço, antebraço e mão
Membros (Membro Inferior)		Quadril, coxa, perna e pé
SISTEMA ESQUELÉTICO
 
“O sistema esquelético é composto de ossos e cartilagens”.
 
Conceito de Ossos:
 
Ossos são órgãos esbranquiçados, muito duros, que unindos-se aos outros, por intermédio das junturas ou articulações constituem o esqueleto. É uma forma especializada de tecido conjuntivo cuja principal característica é a mineralização (cálcio) de sua matriz óssea (fibras colágenas e proteoglicanas).
O osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico. Uma forma sólida de tecido conjuntivo, altamente especializado que forma a maior parte do esqueleto e é o principal tecido de apoio do corpo. O tecido ósseo participa de um contínuo processo de remodelamento dinâmico, produzindo osso novo e degradando osso velho.
O osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido ósseo, cartilaginoso, conjuntivo denso, epitelial, adiposo, nervoso e vários tecidos formadores de sangue.
Quanto a irrigação do osso, temos os canais de Volkman (vasos sangüíneos maiores) e os canais de Havers (vasos sangüíneos menores). O tecido ósseo não apresenta vasos linfáticos, apenas o tecido periósteo tem drenagem linfática.         
No interior da matriz óssea existem espaços chamados lacunas que contêm células ósseas chamadas osteófitos. Cada osteófito possui prolongamentos chamados canalículos, que se estendem a partir das lacunas e se unem aos canalículos das lacunas vizinhas, formando assim, uma rede de canalículos e lacunas em toda a massa de tecido mineralizado.
 
Conceito de Cartilagem: É uma forma elástica de tecido conectivo semi-rígido - forma partes do esqueleto nas quais ocorre movimento. A cartilagem não possui suprimento sangüíneo próprio; conseqüentemente, suas células obtêm oxigênio e nutrientes por difusão de longo alcance.
 
Funções do Sistema Esquelético:
 
          Sustentação do organismo (apoio para o corpo)
          Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cérebro)
          Base mecânica para o movimento
          Armazenamento de sais (cálcio, por exemplo)
          Hematopoiética (suprimento contínuo de células sangüíneas novas)
 
Número de Ossos do Corpo Humano:
 
É clássico admitir o número de 206 ossos.
Cabeça = 22
            Crânio = 08
            Face = 14
Pescoço = 8
Tórax = 37
            24 costelas
            12 vértebras
            1 esterno
Abdômen = 7
            5 vértebras lombares
            1 sacro
            1 cóccix            Membro Superior = 32
            Cintura Escapular = 2
            Braço = 1
            Antebraço = 2
            Mão = 27
Membro Inferior = 31
            Cintura Pélvica = 1
            Coxa = 1
            Joelho = 1
            Perna = 2
            Pé = 26
Ossículos do Ouvido Médio = 3
 
 
Divisão do Esqueleto:
 
Esqueleto Axial - Composta pelos ossos da cabeça, pescoço e do tronco.
Esqueleto Apendicular - Composta pelos membros superiores e inferiores.
A união do esqueleto axial com o apendicular se faz por meio das cinturas escapular e pélvica.
 
Classificação dos Ossos:
 
Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em:
 
Ossos Longos
 
            Tem o comprimento maior que a largura e são constituídos por um corpo e duas extremidades. Eles são um pouco encurvados, o que lhes garante maior resistência. O osso um pouco encurvado absorve o estresse mecânico do peso do corpo em vários pontos, de tal forma que há melhor distribuição do mesmo. Os ossos longos tem suas diáfises formadas por tecido ósseo compacto e apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas epífises.
 
Exemplo: Fêmur.          
 
 
Ossos Curtos
 
            São parecidos com um cubo, tendo seus comprimentos praticamente iguais às suas larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, exceto na superfície, onde há fina camada de tecido ósseo compacto.
 
Exemplo:
Ossos do Carpo.           
 
 
Ossos Laminares (Planos)
 
            São ossos finos e compostos por duas lâminas paralelas de tecido ósseo compacto, com camada de osso esponjoso entre elas. Os ossos planos garantem considerável proteção e geram grandes áreas para inserção de músculos.
 
Exemplos:
Frontal e Parietal.        
 
 
Além desses três grupos básicos bem definidos, há outros intermediários, que podem ser distribuído em 5 grupos:
 
Ossos Alongados
 
            São ossos longos, porém achatados e não apresentam canal central.
 
Exemplo: Costelas.      
 
 
Ossos Pneumáticos
 
            São osso ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por mucosa (seios), apresentando pequeno peso em relação ao seu volume.
 
Exemplo: Esfenóide.    
 
 
Ossos Irregulares
 
            Apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em nenhuma das categorias prévias. Eles tem quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso compacto.
 
Exemplo: Vértebras.    
 
 
Ossos Sesamóides
 
            Estão presentes no interior de alguns tendões em que há considerável fricção, tensão e estresse físico, como as palmas e plantas. Eles podem variar de tamanho e número, de pessoa para pessoa, não são sempre completamente ossificados, normalmente, medem apenas alguns milímetros de diâmetro. Exceções notáveis são as duas patelas, que são grandes ossos sesamóides, presentes em quase todos os seres humanos.      
 
 
Ossos Suturais
 
            São pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas de suturas, entre alguns ossos do crânio. Seu número varia muito de pessoa para pessoa.            
 
 
Estrutura dos Ossos Longos:
 
A disposição dos tecidos ósseos compacto e esponjoso em um osso longo é responsável por sua resistência. Os ossos longos contêm locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às articulações. As partes de um osso longo são as seguintes:
 
Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituído principalmente de tecido ósseo compacto, proporcionando, considerável resistência ao osso longo.
Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso o articula, ou une, a um segundo osso, em uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada de osso compacto que reveste o osso esponjoso e recobertas por cartilagem.
Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.                   
Configuração Externa dos Ossos:
 
Saliências Ósseas
 
Articulares
 
- Cabeça
- Côndilos
- Facetas
 
Não Articulares
 
- Processos
- Tubérculos
- Trôcanter
- Espinha
- Eminência
- Lâminas
- Cristas
 
Depressões Ósseas
Articulares                
     
- Cavidades
- Acetábulo
- Fóvea
           
Não Articulares
 
- Fossas
- Sulcos
- Forames
- Meatos
- Seios
- Fissuras
- Canais         
Configuração Interna dos Ossos:
             
            As diferenças entre os dois tipos de osso, compacto e esponjoso ou reticular, dependem da quantidade relativa de substâncias sólidas e da quantidade e tamanho dos espaços que eles contém. Todos os ossos tem uma fina lâmina superficial de osso compacto em torno de uma massa central de osso esponjoso, exceto onde o último é substituído por uma cavidade medular. O osso compacto do corpo, ou diáfise, que envolve a cavidade medular é a substância cortical. A arquitetura do osso esponjoso e compacto varia de acordo com a função. O osso compacto fornece força para sustentar o peso.
Nos ossos longos planejados para rigidez e inserção de músculos e ligamentos, a quantidade de osso compacto é máxima, próximo do meio do corpo onde ele está sujeito a curvar-se. Os ossos possuem alguma elasticidade (flexibilidade) e grande rigidez.
 
Periósteo e Endósteo:
 
O Periósteo é uma membrana de tecido conjuntivo denso, muito fibroso, que reveste a superfície externa da diáfise, fixando-se firmemente a toda a superfície externa do osso, exceto à cartilagem
articular. Protege o osso e serve como ponto de fixação para os músculos e contém os vasos sangüíneos que nutrem o osso subjacente.
 
O Endósteo se encontra no interior da cavidade medular do osso, revestido por tecido conjuntivo.
 
SISTEMA ARTICULAR
 
 
Articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes ossos do esqueleto. São divididas nos seguintes grupos, de acordo com sua estrutura e mobilidade:
 
 Articulações Fibrosas (Sinartroses) ou imóveis;
 Articulações Cartilagíneas (Anfiartroses) ou com movimentos limitados;
 Articulações Sinoviais (Diartroses) ou articulações de movimentos amplos.
 
           
ARTICULAÇÕES FIBROSAS (SINARTROSES) 
 
            As articulações fibrosas incluem todas as articulações onde as superfícies dos ossos estão quase em contato direto, como nas articulações entre os ossos do crânio (exceto a ATM). Há três tipos principais de articulações fibrosas:
Suturas
Sindesmoses
Gonfoses
Suturas
Nas suturas as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos, que os mantêm íntima e firmemente unidos. Conseqüentemente, as fibras de conexão são muito curtas preenchendo uma pequena fenda entre os ossos. Este tipo de articulação é encontrado somente entre os ossos planos do crânio. Na maturidade, as fibras da sutura começam a ser substituídas completamente, os de ambos os lados da sutura tornam-se firmemente unidos/fundidos. Esta condição é chamada de sinostose.
Exemplo de Sutura Craniana             Exemplo de Sinostose (Sacro)
 
  Sindesmoses
 
Nestas suturas o tecido interposto é também o conjuntivo fibroso, mas não ocorre nos ossos do crânio. Na verdade, a Nomenclatura Anatômica só registra dois exemplos: sindesmose tíbio-fibular e sindesmose radio-ulnar.
 
Gonfoses
 
Também chamada de articulação em cavilha, é uma articulação fibrosa especializada à fixação dos dentes nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas. O colágeno do periodonto une o cemento dentário com o osso alveolar. Gonfoses - Dentes Primários e Permanentes
 
 
ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS (ANFIARTROSES)          
 
            Nas articulações cartilaginosas, os ossos são unidos por cartilagem pelo fato de pequenos movimentos serem possíveis nestas articulações, elas também são chamadas de anfiartroses. Existem dois tipos de articulações cartilagíneas:
Sincondroses
Sínfises
Sincondroses
 
Os ossos de uma articulação do tipo sincondrose estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas sincondroses são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes.
Sincondroses Cranianas:
 Esfeno-etmoidal
 Esfeno-petrosa
 Intra-occipital anterior
 Intra-occipital posterior ··
 
Sincondroses Pós-cranianas:
 Epifisiodiafisárias
 Epifisiocorporal
 Intra-epifisária
 Esternais
 Manúbrio-esternal
 Xifoesternal
 Sacrais
             
Sínfises
 
As superfícies articulares dos ossos unidos por sínfises estão cobertas por uma camada de cartilagem hialina. Entre os ossos da articulação, há um disco fibrocartilaginoso, sendo essa a característica distintiva da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Durante o desenvolvimento as duas metades da mandíbula estão unidas por uma sínfise mediana, mas essa articulação torna-se completamente ossificada na idade adulta.
 
Sínfises:
 Manúbrio-esternal
 Intervertebrais
 Sacrais
 Púbica
 Mentoniana                          
 
ARTICULAÇÕES SINOVIAIS (DIARTROSES)    
 
            As articulações sinoviais incluem a maioria das articulações do corpo. As superfícies ósseas são recobertas por cartilagem articular e unidas por ligamentos revestidos por membrana sinovial. A articulação pode ser dividida completamente ou incompletamente por um disco ou menisco articular cuja periferia se continua com a cápsula fibrosa, enquanto que suas faces livres são recobertas por membrana sinovial.
 
Classificação Funcional das Articulações
 
O movimento das articulações depende, essencialmente da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limita-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classifica-las funcionalmente.
             Articulação Monoaxial - Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo (1 grau de liberdade). As articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são monoaxiais. Há duas variedades nas quais o movimento é uniaxial: gínglimo ou articulação em dobradiça e trocóide ou articulação em pivô.
- Gínglimo ou Articulação em Dobradiça: as superfícies articulares permitem movimento em um só plano. As articulações são mantidas por fortes ligamentos colaterais. Exemplos: Articulações interfalangeanas e articulação úmero-ulnar.
- Trocóide ou Articulação em Pivô: Quando o movimento é exclusivamente de rotação. A articulação é formada por um processo em forma de pivô rodando dentro de um anel ou um anel sobre um pivô. Exemplos: Articulação rádio-ulnar proximal e atlanto-axial.
 
             Articulação Biaxial - Quando uma articulação realiza movimentos em torno de dois eixos (2 graus de liberdade). As articulações que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica (articulação do punho) são biaxiais. Há duas variedades de articulaçõees biaxiais: articulações condilar e selar.
- Articulação Condilar: Nesse tipo de articulação, uma superfície articular ovóide ou condilar é recebida em uma cavidade elíptica de modo a permitir os movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e circundução, ou seja, todos os movimentos articulares, menos rotação axial. Exemplo: Articulação do pulso.
- Articulação Selar: Nestas articulações as faces ósseas são reciprocamente côncavo-convexas. Permitem os mesmos movimentos das articulações condilares. Exemplo: Carpometacárpicas do polegar.
 
Articulação Triaxial - Quando uma articulação realiza movimentos em torno de três eixos (3 graus de liberdade). As articulações que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas triaxiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. Há uma variedade onde o movimento é poliaxial, chamada articulação esferóide ou enartrose.
- Articulação Esferóide ou Enartrose: É uma forma de articulação na qual o osso distal é capaz de movimentar-se em torno de vários eixos, que tem um centro comum. Exemplos: Articulações do quadril e ombro.
 
Existe ainda um outro tipo de articulação chamada Articulação Plana, que permite apenas movimentos deslizantes. Exemplos: Articulações dos corpos vertebrais e em algumas articulações do carpo e do tarso.
 
Estruturas das Articulações Móveis
 
Ligamentos
Os ligamentos são constituídos por fibras colágenas dispostas paralelamente ou intimamente entrelaçadas umas as outras. São maleáveis e flexíveis para permitir perfeita liberdade de movimento, porém são muito fortes, resistentes e inelásticos (para não ceder facilmente à ação de forças).
 
Cápsula Articular
 
É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna).
A membrana fibrosa (cápsula fibrosa) é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência. Em muitas articulações sinoviais existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados extra-capsulares ou acessórios e em algumas, como na articulação do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares.
Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter
a união entre os ossos, mas além disso, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais.
A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular e forma um saco fechado denominado cavidade sinovial. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da produção de líquido sinovial. Discute-se que a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do sangue, mas é certo que contém ácido hialurônico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função lubrificadora.
 
Discos e Meniscos
 
Em várias articulações sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinados a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica em forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Exemplo de disco intra-articular encontramos nas articulações esternoclavicular e ATM.
 
Bainha Sinovial dos Tendões
 
Facilitam o deslizamento de tendões que passam através de túneis fibrosos e ósseos (retináculo dos flexores de punho).
Bolsas Sinoviais (Bursas)
 
São fendas no tecido conjuntivo entre os músculos, tendões, ligamentos e ossos. São constituídas por sacos fechados de revestimento sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de tendões sobre proeminências ósseas ou ligamentosas.
 
 
Articulações Sinoviais
 
ATM
Coluna Vertebral
Ombro
Cotovelo
Punho
Quadril
Joelho
Tornozelo
SISTEMA MUSCULAR
 
Conceito de Músculos:
 
São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fibras musculares.
Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
 
 
Funções dos Músculos:
 
a) Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
b) Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.
c) Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
d) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sangüíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.
e) Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor liberado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
 
Grupos Musculares:
 
Em número de nove. São eles:
              a) Cabeça
              b) Pescoço
              c) Tórax
              d) Abdome
              e) Região posterior do tronco
              f) Membros superiores
              g) Membros inferiores
              h) Órgãos dos sentidos
              i) Períneo                       
 
Classificação dos Músculos:
 
Quanto a Situação:
 
            a) Superficiais ou Cutâneos: Estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo uma de suas inserções na camada profunda da derme. Estão localizados na cabeça (crânio e face), pescoço e na mão (região hipotenar).
 
Exemplo: Platisma.
 
 
            b) Profundos ou Subaponeuróticos: São músculos que não apresentam inserções na camada profunda da derme, e na maioria das vezes, se inserem em ossos. Estão localizados abaixo da fáscia superficial.
 
Exemplo: Supinador.
 
Quanto à Forma:
 
            a) Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os mais longos, podendo passar duas ou mais articulações.
 
Exemplo: Bíceps braquial.
 
 
            c) Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o que não exclui força nem especialização.
 
Exemplo: Músculos da mão.
 
 
            b) Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das grandes cavidades (tórax e abdome).
 
Exemplo: Diafragma.
 
Quanto à Disposição da Fibra:
 
a) Reto: Paralelo à linha média. Ex: Reto abdominal.
b) Transverso: Perpendicular à linha média. Ex: Transverso abdominal.
c) Oblíquo: Diagonal à linha média. Ex: Oblíquo externo.
 
Quanto à Origem e Inserção:
 
a) Origem: Quando se originam de mais de um tendão. Ex. Bíceps, Quadríceps.
b) Inserção: Quando se inserem em mais de um tendão. Ex: Flexor Longo dos Dedos.
 
Quanto à Função:
 
a) Agonistas: São os músculos principais que ativam um movimento específico do corpo, eles se contraem ativamente para produzir um movimento desejado. Ex: Pegar uma chave sobre a mesa, agonistas são os flexores dos dedos.
b) Antagonistas: Músculos que se opõem à ação dos agonistas, quando o agonista se contrai, o antagonista relaxa progressivamente, produzindo um movimento suave. Ex: idem anterior, porém os antagonistas são os extensores dos dedos.
c) Sinergistas: São aqueles que participam estabilizando as articulações para que não ocorram movimentos indesejáveis durante a ação principal. Ex: idem anterior, os sinergistas são estabilizadores do punho, cotovelo e ombro.
d) Fixadores: Estabilizam a origem do agonista de modo que ele possa agir mais eficientemente. Estabilizam a parte proximal do membro quando move-se a parte distal.
 
 
Quanto à Nomenclatura:
 
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Ação: Extensor dos dedos.
b) Ação Associada à Forma: Pronador redondo e pronador quadrado.
c) Ação Associada à Localização: Flexor superficial dos dedos.
d) Forma: Músculo Deltóide (letra grega delta).
e) Localização: Tibial anterior.
f) Número de Origem: Bíceps femoral e tríceps braquial.
 
Tipos de Músculos:
 
a) Músculos Estriados Esqueléticos: Contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio óptico.             
b) Músculos Lisos: Localizado nos vasos sangüíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdômino-pélvica. Ação involuntária controlada pelo sistema nervoso autônomo.      
 
c) Músculo Estriado Cardíaco: Representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário – AUTO RITMICIDADE.
 
 
Componentes Anatômicos dos Músculos Estriados:
 
a) Ventre Muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se contraem. Constitui o corpo do músculo (porção carnosa).
b) Tendão é um elemento de tecido conjuntivo, ricos em fibras colágenas e que serve para fixação do ventre, em ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Possuem aspecto morfológico de fitas ou de cilindros.
c) Aponeurose é uma estrutura formada por tecido conjuntivo. Membrana que envolve grupos musculares. Geralmente apresenta-se em forma de lâminas ou em leques.      
d) Bainhas Tendíneas são estruturas que formam pontes ou túneis entre as superfícies ósseas sobre as quais deslizam os tendões. Sua função é conter o tendão, permitindo-lhe um deslizamento fácil.
e) Bolsas Sinoviais são encontradas entre os músculos ou entre um músculo e um osso. São pequenas bolsas forradas por uma membrana serosa que possibilitam o deslizamento muscular.
Topo da Página
 
Tipos de Contrações:
 
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores,
entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Contração Concêntrica: o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um tendão, reduzindo o ângulo de uma articulação. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça.
b) Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do músculo durante a contração. Ex: idem anterior, porém quando recolocamos o livro sobre mesa.
c) Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações enquanto outras são movidas. Gera tensão muscular sem realizar movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos em posição fixa. Ex: idem anterior, porém quando o livro é sustentado em abdução de 90°.
 
Anatomia Microscópica da Fibra Muscular:
 
O tecido muscular consiste de células contráteis especializadas, ou fibras musculares, que são agrupadas e dispostas de forma altamente organizada. Cada fibra de músculo esquelético apresenta dois tipos de estruturas filiformes muito delgadas, chamadas miofilamentos grossos (miosina) e finos (actina).                          
 
 
Componentes Anatômicos do Tecido Conjuntivo:
 
a) Fáscia Superficial separa os músculos da pele.
b) Fáscia Muscular é uma lâmina ou faixa larga de tecido conjuntivo fibroso, que, abaixo da pele, circunda os músculos e outros órgãos do corpo.
c) Epimísio é a camada mais externa de tecido conjuntivo, circunda todo o músculo.
d) Perimísio circunda grupos de 10 a 100 ou mais fibras musculares individuais, separando-as em feixes chamados fascículos. Os fascículos podem ser vistos a olho nu.
e) Endomísio é um fino revestimento de tecido conjuntivo que penetra no interior de cada fascículo e separa as fibras musculares individuais de seus vizinhos.
 
SISTEMA CARDIOVASCULAR
 
O sistema cardiovascular é a denominação oficial da terminologia anatômica que veio substituir as expressões antigas “aparelho circulatório ou sistema circulatório”. A substituição fez-se por necessária por que o aparelho designa um conjunto de dois ou mais sistemas, e circulatório indica apenas “o lugar em que algo se move e que volta ao ponto de partida”, sem precisar as estruturas nem sua morfologia. Cabe notar, de passagem, que “circulator” em Latim, tem o significado de charlatão, um comportamento ou uma característica não recomendável para um nobre e vital sistema orgânico (DI DIO, 1998).
 
O sistema cardiovascular é um sistema fechado, sem comunicação com o exterior, constituído por tubos, no interior dos quais circulam humores. Os tubos são chamados vasos e os humores são o sangue e a linfa (DANGELO & FATTINI, 2000). O corpo de um indivíduo adulto tem, em média, 5 litros de sangue circulando continuamente. Essa quantidade corresponde a aproximadamente 1/12 do peso do corpo de um adulto (DI DIO, 1998). Dessa maneira, o sistema cardiovascular é formado pelo: (a) coração; (b) sistema sanguífero, cujos componentes são os vasos condutores de sangue (artérias, veias e capilares); sistema linfático, formado pelos vasos condutores de linfa: capilares linfáticos, vasos linfáticos e troncos linfáticos e por órgãos linfóides: linfonodos e timo; (c) órgãos hemopoiéticos, representados pela medula óssea e pelos órgãos linfóides: baço e timo (DANGELO & FATTINI, 2000).
 
ANATOMIA DO CORAÇÃO
 
Órgão central do sistema cardiovascular, o coração é um músculo quadricavitário (DI DIO, 1998) com a forma de um cone truncado, do tamanho aproximado do punho do mesmo indivíduo (GRAY, 1988), que em relação ao sangue desempenha o papel de uma bomba aspirante e premente (TESTUT, 1956), atualmente reconhecido também como glândula endócrina, por terem sido descritos pelo menos nos átrios, os grânulos atriais nos cardiomiocitos, relacionados com o fator natriurético, o hormônio do coração (DI DIO, 1998). Apresenta uma base, um ápice e as faces: esternocostal, diafragmática e pulmonar: direita e esquerda (DANGELO & FATTINI, 2000).
 
O volume do coração varia segundo a idade e o sexo (TESTUT, 1956). Seu peso em um adulto vem a ser de uns 5 gramas/por kilograma de peso, assim em um indivíduo de 60 Kg, pesa aproximadamente 300 gramas. Em primeiro lugar, está o fator idade, de tal forma que o coração de um recém nascido é proporcionalmente maior do que de um adulto, 7 gramas, ao invés de 5 gramas/por kilograma de peso, devido à resistência da circulação placentária que tem que vencer durante a vida fetal. Depois do nascimento seu peso diminui proporcionalmente, alcançando após os cinco anos a proporção de 5 gramas/por kilograma de peso. A partir desta idade começasse a marcar diferenças nos volumes do coração relacionado com a diferença sexual (LLORCA, 1952), sendo que este é um pouco menor nas mulheres do que nos homens (TESTUT, 1956). Dessa maneira, o coração do adulto mede cerca de 12 cm de comprimento por 8 a 9 cm de largura em sua parte mais larga, e 6 cm de espessura (GRAY, 1988). Seu peso no homem varia de 280 a 340 gramas; na mulher, de 230 a 340 gramas (GRAY, 1988). Também há relação entre o peso do coração com o desenvolvimento da musculatura estriada esquelética, de tal forma que em indivíduos atletas seu peso é proporcionalmente maior (LLORCA, 1952). Na hipertrofia, o volume do coração está aumentado, mas todo ele é mais espesso, suas paredes são mais vigorosas, acompanhando um processo geral de desenvolvimento muscular de todo o corpo. Esse tipo de coração é normal e encontrado em atletas. Porém, o aumento do coração pode ser patológico e traduz insuficiência cardíaca. Na dilatação o coração está aumentado, porém suas paredes são finas, como se fosse uma bola de borracha que contém mais ar (CASTRO, 1989).
 
O coração está encerrado em uma membrana especial, o pericárdio, ocupando a região topográfica do tórax conhecida como mediastino médio (GRAY, 1988). Na cavidade torácica o coração está localizado entre os dois pulmões, limites laterais, por trás do osso esterno, limite anterior (CASTRO, 1989), repousando sobre o diafragma, limite inferior (GRAY, 1988), e por diante da coluna vertebral, entre a 4ª e a 8ª vértebras, as vértebras cardíacas de Giacomini, limite posterior (TESTUT, 1956). Sua maior porção se encontra à esquerda do plano mediano, ficando 1/3 à direita e 2/3 à esquerda do plano mediano, e não totalmente do lado esquerdo do tórax, como vulgarmente se acredita (CASTRO, 1989). Embora esta seja a posição mais freqüente, chamada levocárdica, existem variações na posição do coração em relação ao tórax. O coração pode assumir a posição mesocárdica, quando a maior parte do seu volume se encontra na porção mediana do tórax ou a posição dextrocárdica, quando grande parte de seu volume se localiza no hemitórax direito (DI DIO, 1998). O coração fica disposto obliquamente, de tal forma que a base é medial e o ápice é lateral. O maior eixo do coração – eixo longitudinal (da base ao ápice) é, pois, oblíquo e forma um ângulo aproximadamente 40° com o plano horizontal e também com o plano mediano do corpo (DANGELO & FATTINI, 2000). 
 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA DO CORAÇÃO
 
              O coração apresenta por causa de sua forma, uma base, um ápice três faces e três margens. Além disso, o coração está formado de quatro partes: os átrios direito e esquerdo e os ventrículos direito e esquerdo (ROUVIERE, 1959). As duas câmaras superiores são os átrios e as duas câmaras inferiores são os ventrículos (TORTORA, 2006). Os ventrículos, com paredes musculares espessas, constituem a porção volumosa do órgão, enquanto que os átrios apresentam paredes musculares delgadas (GRAY, 1988).
 
A base do coração é formada principalmente pelo átrio esquerdo, com uma menor contribuição do átrio direito (MOORE, 2007). Corresponde à área ocupada pelas raízes dos grandes vasos da base do coração, isto é, vasos através dos quais o sangue entra ou sai do coração. No átrio direito desembocam a veia cava superior e inferior. No átrio esquerdo desembocam as veias pulmonares, em número de quatro (duas para cada pulmão). Do ventrículo direito sai o tronco pulmonar, que após curto trajeto bifurca-se em artérias pulmonares:
direita e esquerda, para os respectivos pulmões. Do ventrículo esquerdo sai à aorta, que se dirige inicialmente para cima e depois para trás e para a esquerda, formando assim, o arco da aorta (DANGELO & FATTINI, 2000). O ápice do coração é formado pela parte ínfero-lateral do ventrículo esquerdo (MOORE, 2007).
 
As quatro faces do coração são: face esternocostal (anterior), face diafragmática (inferior), face pulmonar direita e face pulmonar esquerda. A face esternocostal é formada principalmente pelo ventrículo direito. A face diafragmática é formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e parte do ventrículo direito, estando relacionada principalmente ao tendão central do diafragma. A face pulmonar direita é formada principalmente pelo átrio direito. A face pulmonar esquerda é formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, formando a incisura cardíaca do pulmão esquerdo (MOORE, 2007).
 
              O coração parece trapezóide nas vistas anterior e posterior. Suas margens são: margem direita, margem inferior e margem superior. A margem direita (ligeiramente convexa) é formada pelo átrio direito e estendendo-se entre a VCS e VCI. A margem inferior (oblíqua, quase vertical) é formada principalmente pelo ventrículo direito e por pequena parte do ventrículo esquerdo. A margem superior, formada pelos átrios e aurículas direitos esquerdos em vista anterior; a aorta ascendente e o tronco pulmonar emergem dessa margem e a VCS entra no seu lado direito (MOORE, 2007). À esquerda não há margem, pois existe a face pulmonar formada principalmente pelo ventrículo esquerdo (DI DIO, 1998).
             
CONFIGURAÇÃO INTERNA DO CORAÇÃO
 
              Quando as paredes do coração estão abertas, verifica-se que a cavidade cardíaca apresenta septos, subdividindo-se em quatro câmaras. O septo horizontal – septo átrio-ventricular divide o coração em duas porções, superior e inferior. A porção superior apresenta um septo sagital – septo interatrial (fino e muscular), que a divide em duas câmaras: átrios direito e esquerdo. Cada átrio possui um apêndice, o qual visto na superfície externa do coração se assemelha a orelha de um animal e recebe por isso o nome de aurícula (L. auris, orelha). A porção inferior também possui um septo sagital (forte) – septo interventricular, (DANGELO & FATTINI, 2000), formado por partes membranácea e muscular (MOORE, 2007), que divide a porção inferior em duas câmaras: ventrículo direito e esquerdo (DANGELO & FATTINI, 2000).
 
CARACTERÍSTICAS DO ÁTRIO DIREITO
 
1.     Globoso (DI DIO, 1998);
2.     Forma triangular (DI DIO, 1998);
3.     Maior do que o átrio esquerdo (GRAY, 1988);
4.     Parede um pouco mais delgada do que a do esquerdo - 2 mm de espessura (GRAY, 1988).
5.     Suas paredes finas são reforçadas na porção lateral por feixes musculares, dispostos em cristas paralelas, os músculos pectíneos (ERHART, 1962);
6.     Capacidade de cerca de 57 ml de sangue (GRAY, 1988);
7.     Recebe sangue venoso da circulação sistêmica, a VCS entra na parte superior do átrio, e a VCI, na parte inferior (DI DIO, 1998);
8.     Entre as duas veias cavas e mais próximo da cava inferior, encontramos uma saliência chamada tubérculo intervenoso que se destina a orientar os jatos de sangue que provêm das duas veias cavas, para que não se encontrem frontalmente (CASTRO, 1989);
9.     Anteriormente ao átrio direito apresenta uma expansão piramidal denominada aurícula direita, que serve para amortecer o impulso do sangue ao penetrar no átrio (CASTRO, 1989);
10.       O óstio do seio coronário, que drena o sangue do coração, está situado próximo da veia cava inferior (DI DIO, 1998);
11.       O átrio direito comunica-se com o ventrículo direito através do óstio átrio-ventricular direito, munido da valva átrio-ventricular direita (valva tricúspide). O sangue do átrio direito passa através desse orifício para dentro do ventrículo direito, sendo seu retorno impedido pela valva átrio-ventricular direita (DI DIO, 1998);
12.       O septo interatrial forma a parede dorsal do átrio direito. Contém estruturas rudimentares que tiveram importância no feto (GRAY, 1988): a fossa oval, contornada por um relevo, o limbo da fossa oval (ERHART, 1962). A fossa oval é uma depressão oval na parede septal, correspondendo ao forame oval do coração fetal (GRAY, 1988).
Ø      O forame oval do coração começa a fechar-se no fim da vida fetal e o fechamento se completa logo após o nascimento graças a uma prega, a válvula do forame oval que se solda ao limbo da fossa oval. O forame oval pode persistir aberto e constituir uma anomalia cardíaca. È a chamada comunicação interatrial, cujo tipo mais freqüente ocorre justamente por fechamento incompleto do septo na região do forame oval. Entretanto em aproximadamente 25% dos adultos normais, uma pequena comunicação pode persistir não havendo, contudo, repercussões clínicas, pois não há fluxo de sangue do átrio direito para o esquerdo, em virtude da pressão mais elevada existente no átrio esquerdo (DI DIO, 1998).
 
CARACTERÍSTICAS DO ÁTRIO ESQUERDO
 
1.     Forma: quadrilátero (DI DIO, 1998);
2.     Menor do que o átrio direito (GRAY, 1988);
3.     Parede mais espessa do que a do átrio direito - 3 mm de espessura (GRAY, 1988).
4.     A maior parte localiza-se atrás da aorta ascendente e do TAP (DI DIO, 1998);
5.     O átrio esquerdo, como o direito, apresenta uma expansão piramidal que se dirige para diante que é a aurícula esquerda (CASTRO, 1989);
6.     Os músculos pectinados estão presentes apenas na parede da aurícula esquerda (DI DIO, 1998);
7.     O átrio esquerdo apresenta 05 orifícios através dos quais está em comunicação com as veias pulmonares (quatro óstios das veias pulmonares) e com o ventrículo esquerdo através do óstio átrio-ventricular esquerdo, munido da valva átrio-ventricular esquerda, valva mitral ou bicúspide (DI DIO, 1998).
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DO VENTRÍCULO DIREITO
 
1.     Capacidade de cerca de 85 ml de sangue (GRAY, 1988);
2.     Corte transversal tem o aspecto de meia-lua, parece um C (CASTRO, 1989);
3.     Os músculos papilares são projeções cônicas ou arredondadas de músculos e, cujos ápices se inserem as cordas tendíneas (GRAY, 1988). Três músculos papilares no ventrículo direito correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita: anterior, posterior e septal (MOORE, 2007);
Ø     As cordas tendíneas são fibrosas, delicadas, porém fortes. São em número de 20 e possuem tamanhos e espessura diferentes. A maioria acha-se presa aos músculos papilares (GRAY, 1988).
4.     A valva do tronco pulmonar é constituída por três pequenas lâminas denominadas valvas semilunares: anterior, direita e esquerda (CASTRO, 1989);
5.     Trabécula septomarginal consiste em uma coluna que se estende através da cavidade da parede ventricular para o septo interventricular. Trata-se da corda de Leonardo da Vinci, também conhecida como fita moderadora, assim chamada porque impediria a superdistensão do ventrículo (DI DIO, 1998);
6.     Dois orifícios estabelecem comunicação do ventrículo direito: na entrada, o óstio átrio-ventricular direito (tricúspide), através do qual o ventrículo direito recebe sangue do átrio direito, e o óstio do tronco pulmonar, que conduz o sangue ao tronco pulmonar (DI DIO, 1998);
 
CARACTERÍSTICAS DO VENTRÍCULO ESQUERDO
 
1.     Capacidade de cerca de 85 ml de sangue (GRAY, 1988);
2.     Maior e mais cônico do que o direito (GRAY, 1988);
3.     Corte transversal aparece como um círculo, semelhante ao O (CASTRO, 1989);
4.     Valva aórtica é constituída por três válvulas semilunares (direita, esquerda e posterior), semelhantes às da valva pulmonar, porém maiores e mais espessas (GRAY, 1988);
5.     Por estar envolvido na circulação sistêmica, devendo impulsionar o sangue para todo o corpo, sua parede muscular é três vezes mais espessa do que a do ventrículo direito, cuja ação se limita a impelir o sangue aos pulmões, que se encontram à pequena distância do coração (DI DIO, 1998);
Ø     Aumento
nas dimensões do ventrículo direito pode ser observado especialmente em situações onde há sobrecarga de volume sangüíneo ao ventrículo direito (comunicações interatriais ou interventriculares) ou quando há aumento de trabalho do ventrículo direito para conseguir ejetar o sangue para os pulmões (DI DIO, 1998);
Ø     Como o ventrículo esquerdo está diretamente ligado ao bombeamento do sangue para a circulação sistêmica alterações no seu funcionamento podem trazer muitos problemas clínicos, como falta de ar, cansaço aos esforços e incapacidade para o trabalho. O infarto do miocárdio é o exemplo clássico, onde após oclusão de um vaso coronário, ocorre pela perda de músculo do ventrículo esquerdo, naquela área correspondente, com conseqüente diminuição da capacidade ventricular (DI DIO, 1998).
6.     Possui apenas dois músculos papilares: anterior e posterior (DI DIO, 1998), entretanto são maiores que aqueles do ventrículo direito (MOORE, 2007);
7.     Dois orifícios estabelecem comunicação com o ventrículo esquerdo: o óstio átrio-ventricular esquerdo, pelo qual o sangue chega ao ventrículo esquerdo proveniente do átrio esquerdo, e o óstio aórtico, pelo qual o sangue é conduzido à aorta ascendente (DI DIO, 1998);
8.     A valva atrioventricular esquerda é constituída por duas cúspides: anterior e posterior (ERHART, 1962).
PERICÁRDIO
 
       É um saco fibroso-seroso que envolve o coração, separando-o dos outros órgãos do mediastino e limitando a sua expansão durante a diástole ventricular. Consiste de uma camada externa fibrosa – pericárdio fibroso e de uma camada interna serosa – pericárdio seroso. Este último possui uma lâmina parietal, aderida ao pericárdio fibroso e uma lâmina visceral, aderente ao miocárdio e também chamada de epicárdio. Entre as duas lâminas do pericárdio seroso existe uma cavidade virtual – cavidade do pericárdio, ocupada por camada líquida de espessura capilar, que permite o deslizamento de uma lâmina contra a outra durante as mudanças de volume do coração (DANGELO & FATTINI, 2000).
 
CAMADAS DO CORAÇÃO
 
              As camadas principais que constituem o coração: epicárdio - túnica serosa, externa, miocárdio - túnica muscular, média e endocárdio – túnica íntima, interna (DI DIO, 1998).
 
CIRCULAÇÃO DO SANGUE
 
              Embora a circulação do sangue seja contínua durante a vida através de todos os sistemas do corpo, ela apresenta diferenças no período intra-uterino (circulação fetal) e no período extra-uterino (circulação da criança, do jovem, do adulto e do velho). Do ponto de vista didático divide-se a circulação do indivíduo na vida extra-uterina em quatro tipos principais de circulação: (a) sistêmica, (b) pulmonar, (c) portal e (d) cardíaca (DI DIO, 1998).
 
              Na circulação sistêmica, o coração esquerdo (átrio e ventrículo esquerdo) e os vasos sangüíneos são as partes constituintes da circulação sistêmica, através dos quais o sangue passa para todos os tecidos do corpo, com a possível exceção das partes respiratórias dos pulmões (DI DIO, 1998).
 
              Durante a contração dos ventrículos, a sístole, eles se esvaziam impulsionado o sangue para o tronco pulmonar e para a aorta. Nesse momento as valvas atrioventriculares estão fechadas impedindo o refluxo de sangue para os átrios. Em seguida, ao terminar a contração, os ventrículos se relaxam, as valvas da aorta e do tronco pulmonar se fecham e as valvas atrioventriculares se abrem para a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos. A esse fenômeno dá-se o nome de diástole. As veias cavas: superior e inferior levam sangue venoso ao átrio direito. A veia cava superior drena o sangue da cabeça, do pescoço, do membro superior e do tórax. A veia cava inferior drena o sangue dos membros inferiores, pelve e abdome. Após passar para o ventrículo direito, o sangue é enviado ao tronco pulmonar, o qual se divide em artérias pulmonares: direita e esquerda, que se encaminham para os respectivos pulmões. Lá se dividem sucessivamente até se capilarizarem, para permitir a oxigenação do sangue. Na seqüência, as vênulas e as pequenas veias vão se transformando em vasos sangüíneos maiores até deixarem cada pulmão através de duas veias pulmonares. As quatro veias pulmonares ejetam o sangue arterial no átrio esquerdo, que dá acesso ao ventrículo esquerdo de onde é impulsionado para a aorta e daí para todos os órgãos e tecidos do corpo, através de seus numerosos ramos (CRUZ RIZZOLO & MADEIRA, 2004).
 
              Na circulação portal, o sangue passa da rede capilar sangüínea da porção aboral ou distal do esôfago, do estômago, dos intestinos, do baço e do pâncreas para a veia porta, que termina numa segunda rede capilar do fígado. Depois de ser submetido à ação do fígado o sangue passa para a circulação sistêmica (DI DIO, 1998).
 
              A circulação cardíaca ou circulação coronária: as paredes do coração têm seu próprio suprimento de vasos sangüíneos sistêmicos para satisfazer suas necessidades vitais. O miocárdio é suprido com sangue das artérias coronárias: direita e esquerda. Esses dois vasos originam-se da aorta ascendente, no nível das válvulas semilunares da valva da aorta. As artérias coronárias circundam o coração no interior do sulco coronário, a reentrância entre os átrios e os ventrículos. Dois ramos se originam das artérias coronárias: direita e esquerda para se distribuir pelas paredes dos átrios e dos ventrículos. A artéria coronária esquerda fornece o ramo interventricular anterior, que se situa no sulco interventricular anterior para irrigar ambos os ventrículos, e o ramo circunflexo, que supre com sangue oxigenado as paredes do átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. A artéria coronária direita dá o ramo marginal que irriga as paredes do átrio direito e ventrículo direito, e o ramo interventricular posterior, que se situa ao longo do sulco interventricular posterior para atender os dois ventrículos. Dos capilares no miocárdio, o sangue entra nas veias cardíacas. As veias cardíacas, contudo têm paredes mais finas e são mais superficiais do que as artérias. As duas principais veias cardíacas são a veia interventricular anterior, que recolhe o sangue da parte anterior do coração e a veia interventricular posterior, que drena a parte posterior do coração. Estas veias convergem para formar o seio coronário na superfície posterior do coração. O sangue venoso coronário em seguida entra no átrio direito através do óstio do seio coronário (VAN DE GRAAFF, 2003).
 
              A circulação fetal apresenta a placenta, onde se processam as trocas nutritivas materno-fetais, está ligada ao feto por uma veia umbilical e duas artérias umbilicais que fazem parte do cordão umbilical. Pela veia umbilical provém da placenta sangue com O2 que é lançado na veia cava inferior, quer indiretamente através do fígado, quer diretamente através do ducto venoso, comunicação direta entre veia porta e veia cava inferior. A veia cava inferior desemboca no átrio direito do coração, conduzindo sangue com O2 da placenta e sangue venoso da circulação de retorno. No átrio direito desemboca também a veia cava superior, conduzindo sangue venoso do seu território; este, junto com o proveniente da veia cava inferior, passa em parte ao ventrículo direito, e em parte, através do amplo forame oval, ao átrio esquerdo; aqui chega também sangue venoso da circulação pulmonar. Do átrio esquerdo, o sangue é lançado no ventrículo esquerdo, de onde passa para a aorta. O sangue do ventrículo direito sai pelo tronco pulmonar e, em sua maior parte segue para a aorta, pelo ducto arterial, curto vaso que comunica diretamente estas duas artérias no feto; o restante do sangue das artérias pulmonares atinge os pulmões, de onde volta ao coração pelas veias pulmonares, para se misturar no átrio esquerdo com o sangue chegado pelo forame oval. Pela aorta, o sangue é distribuído à circulação geral, retorna à placenta pelas artérias umbilicais, ramos das artérias ilíacas internas. Durante a vida fetal a oxigenação é feita na placenta,
função que, por ocasião do nascimento, quando se processam os primeiros movimentos respiratórios, é transferida aos pulmões. Conseqüentemente, os canais de comunicação – ducto venoso (ligamento venoso), ducto arterioso (ligamento arterioso), veia umbilical (ligamento redondo do fígado) e artérias umbilicais (ligamentos umbilicais medianos); e o amplo forame oval (fossa oval) deixa então de ter suas funções e sofrem um processo de oclusão lenta e gradual que termina normalmente meses após o nascimento (ERHART, 1962; TORTORA, 2006). 
 
              A maior parte dos órgãos do corpo tem mais de uma fonte de irrigação sangüínea, a fonte de vasos principais e a fonte de vasos acessórios ou colaterais. A circulação acessória ou colateral é um suprimento sangüíneo alternativo que é de grande importância funcional quando a fonte do suprimento principal está obstruída (DI DIO, 1998).
 
CARACTERÍSTICAS DAS ARTÉRIAS E DAS VEIAS
 
1.      No cadáver as artérias apresentam secção transversal circular e as veias, elíptica. As artérias são vazias e as veias, geralmente, cheias de sangue, porque a rigidez cadavérica algumas horas após a morte, os músculos se contraem e dirigem seu sangue para as veias (CRUZ RIZZOLO & MADEIRA, 2004);
2.     As paredes das artérias e das veias são constituídas de três camadas, ou túnicas: (a) túnica externa, ou adventícia, a camada mais externa, está composta de tecido conjuntivo frouxo; (b) túnica média, a camada média, está composta de músculo liso. A túnica média das artérias tem quantidades variáveis de fibras elásticas; (c) túnica interna, a camada interna, está composta de epitélio simples pavimentoso e fibras elásticas compostas de elastina. A camada de epitélio simples pavimentoso é chamada de endotélio e reveste a parede de todos os vasos sangüíneos. Capilares consistem apenas em endotélio, apoiado em uma lâmina basal (VAN DE GRAAFF, 2003);
3.     As artérias possuem elasticidade a fim de manter o fluxo de sangue constante (DANGELO & FATTINI, 2000);
4.     Muitas veias têm válvulas (pregas membranosas na camada interna da veia, em forma de bolso) que estão ausentes nas artérias (VAN DE GRAAFF, 2003). Estão ausentes válvulas nas veias do cérebro e em algumas veias do tronco e do pescoço (DANGELO & FATTINI, 2000);
5.     A veia cava superior tem sua abertura desprovida de válvula. A válvula da veia cava inferior no adulto é geralmente rudimentar e tem pouca ou nenhuma importância funcional. A válvula do seio coronário inserida na borda direita e inferior do seio coronário, e não ocasiona senão um fechamento parcial do orifício durante a contração do átrio (GRAY, 1988);
6.     Em média, a pressão nas veias é de apenas 2 mm de Hg, comparada com a média muito mais alta da pressão arterial de cerca de 100 mm de Hg. Estas pressões representam a pressão hidrostática que o sangue exerce sobre as paredes dos vasos. A baixa pressão venosa é insuficiente para fazer o sangue retornar ao coração, particularmente dos membros inferiores. Contudo, as veias passam entre grupos de músculos esqueléticos, que proporcionam uma massagem quando se contraem. Quando as veias são comprimidas pela contração dos músculos esqueléticos, o fluxo de sangue se direciona para o coração assegurado pela presença das válvulas venosas. O efeito de massagem dos músculos esqueléticos no fluxo de sangue venoso é freqüentemente descrito como bomba muscular esquelética. A freqüência do retorno venoso para o coração é dependente em grande parte, da ação das bombas musculares esqueléticas. Quando estas bombas são menos ativas – por exemplo, quando uma pessoa fica parada ou está acamada – o sangue acumula nas veias dilatando-as. Este acúmulo de sangue nas veias das pernas por um período longo de tempo pode causar a distensão das veias nos pontos onde as válvulas venosas não se tornam mais eficientes. Isto pode produzir veias varicosas (VAN DE GRAAFF, 2003);
7.     O número de veia é maior do que o das artérias, não só porque é muito freqüente a existência de duas veias satélites acompanhando uma artéria, como também pela existência de um sistema de veias superficiais às quais não correspondem artérias. Em geral há duas veias acompanhando uma artéria, mas há exceções: no pênis e no cordão umbilical há duas artérias e uma veia (DANGELO & FATTINI, 2000);
8.     As artérias saem do coração e as veias chegam ao coração (DANGELO & FATTINI, 2000);
9.     Nomenclatura das artérias: (a) situação: a. braquial, (b) direção: a. circunflexa da escápula, (c) órgão irrigado: a. renal (DANGELO & FATTINI, 2000);
10. Calibre: grande, médio e pequeno – arteríolas e vênulas (DANGELO & FATTINI, 2000);
11. Situação das veias: veias superficiais – são subcutâneas, com freqüência visíveis por transparência na pele, mais calibrosas nos membros e no pescoço. Devido a sua situação subcutânea, é nestas veias que se faz aplicação de injeções endovenosas. As veias superficiais não acompanham artérias. Veias profundas – pode ser solitárias, isto é não acompanham artérias (veias cavas, veia ázigo e veia porta) ou satélites das artérias. Numerosas veias comunicam veias superficiais com veias profundas e são denominadas veias comunicantes (DANGELO & FATTINI, 2000).
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Sistema que permite a absorção de oxigênio pelo organismo e a eliminação do gás carbônico resultante da oxidação celular. Compreende o conjunto de órgãos tubulares e alveolares, situados na cabeça, pescoço e cavidade torácica, responsáveis pela respiração.
Todo o processo de troca de gases no corpo, denominado respiração, ocorre em três etapas básicas: (i) ventilação pulmonar, ou respiração, é o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões; (ii) respiração externa é a troca de gases entre os espaços aéreos (alvéolos pulmonares) e o sangue, nos vasos capilares pulmonares; (iii) respiração interna é a troca de gases entre o sangue nos vasos capilares sistêmicos e as células dos tecidos. O sangue fornece oxigênio e recebe gás carbônico (Tortora, 2006). 
1.1 Principais Funções:
a-) Suprir oxigênio ao organismo;
b-) Remover o gás carbônico do organismo;
c-) Produção do som ou vocalização quando o ar expirado passa através das pregas vocais (Van de Graaff, 2003);
d-) Auxiliar na compressão abdominal durante a micção, a defecação e o parto. Os músculos abdominais tornam-se mais eficientes durante a respiração profunda quando o ar entra é mantido nos pulmões com a glote fechada e fixando o diafragma. Essa técnica é usada quando erguemos um objeto pesado no qual o diafragma ajuda indiretamente os músculos do dorso (Van de Graaff, 2003);
e-) Torna possível movimentos aéreos protetores e reflexos, como na tosse e no espirro, para manter limpa a passagem do ar (Van de Graaff, 2003);
f-) Ajuda a regular o pH sanguíneo (Tortora, 2006);
g-) Livra o organismo de um pouco de água e calor no ar expirado (Tortora, 2006).
1.2 Elementos Constituintes:
Órgãos que promovem o rápido intercâmbio entre o ar e o sangue (elemento intermediário condutor de gases), sendo o pulmão, o órgão respiratório por excelência.
 
1.3 Divisão:
a-) Porção de Condução: são os órgãos tubulares – função é o transporte do ar até a porção respiratória:
-nariz
-faringe
-laringe
-traquéia
-brônquios (bronquíolos/bronquíolos terminais)
b-) Porção de Respiração:
-bronquíolos respiratórios
-ductos alveolares
-átrios
-alvéolos
2. NARIZ
2.1 Principais Funções:
a-) Olfação;
b-) Respiração: filtrar o ar (limpeza), umedecer o ar, aquecimento do ar;
c-) Recepção de secreções dos seios paranasais e ductos lacrimonasais;
d-) Expelir secreções.
                2.2 Características Gerais
                É uma     protuberância situada no centro da face (Castro, 1985), acima do palato duro (Moore, 2007), apresentando-se, no homem como uma pirâmide triangular em que a extremidade superior corresponde ao vértice da pirâmide, é denominada raiz do nariz (inserida na fronte), e a inferior, base. Nesta encontram-se duas aberturas em fenda, as narinas, separadas
por um septo (septo nasal), e que se estendem lateralmente nas asas do nariz. As narinas comunicam o meio externo com a cavidade nasal (Dângelo & Fattini, 2001). Portanto, sua parte exterior é denominada nariz externo e a escavação que apresenta interiormente, conhecida por cavidade nasal (Castro, 1985).
                2.3 Nariz Externo
                O ponto mais projetado, anteriormente, da base do nariz recebe o nome de ápice do nariz (extremidade livre) e entre ele e a raiz do nariz estende-se o dorso do nariz (Dângelo & Fattini, 2001). Segundo o perfil do dorso do nariz distinguem-se três tipos principais: retilíneo, aquilino (convexo) e arrebitado (côncavo). Quanto ao volume e à forma apresenta grandes variações, sendo a última, característica nos grandes grupos raciais: os brancos, em geral, têm nariz afilado, são leptorrinos; os negros apresentam-no achatado, são camerrinos; os amarelos são mesorrinos (Erhart, 1962).
                O nariz externo é formado por uma parte óssea e outra cartilagínea (Castro, 1985), isto é além dos ossos nasais e porções das duas maxilas, fazem parte do esqueleto do nariz diversas cartilagens nasais (Dângelo & Fattini, 2001). As cartilagens nasais constam de cinco peças maiores, a saber: a cartilagem do septo nasal, as duas laterais e as duas cartilagens alares maiores e várias peças menores, as cartilagens alares menores. As várias cartilagens estão unidas umas às outras e aos ossos por uma resistente membrana fibrosa (Gray, 1988). Um desvio do septo nasal pode interferir com a livre através passagem do ar através da cavidade nasal (Spence, 1991). Isso poderia ser causado por uma lesão congênita, porém na maioria das vezes o desvio ocorre durante a adolescência e a vida adulta por traumatismo (ex: durante uma luta de soco). Algumas vezes o desvio é tão acentuado que o septo nasal está em contato com a parede lateral da cavidade nasal e frequentemente causa obstrução respiratória ou exacerba o ronco (Moore, 2007), mas esta condição pode ser cirurgicamente corrigida (Spence, 1991; Moore, 2007). Em crânios preparados as cartilagens são destruídas durante o processo, ficando conservadas apenas as partes ósseas que delimitam a abertura piriforme (Dângelo & Fattini, 2001). 
                Sobre esse esqueleto ósteo fibroso do nariz externo encontramos músculos cutâneos do nariz, e dos quais ressaltam dois pares que são os músculos prócero situado longitudinalmente de cada lado da linha mediana e nas proximidades da raiz do nariz, e o músculo nasal que se estende transversalmente sobre a asa do nariz (Castro, 1985). A pele sobre o dorso e os lados do nariz é fina e contém grande quantidade de glândulas sebáceas (Snell, 1999).
                As artérias do nariz externo são os ramos alar e septal da facial, que abastecem a asa e o septo nasal; o dorso do nariz e os lados são supridos pelo ramo nasal dorsal da oftálmica e pela infra orbital da maxilar. As veias terminam nas veias oftálmica e facial anterior (Gray, 1988).
                As fraturas dos ossos do nariz são comuns em acidentes automobilísticos e esportes (exceto se forem usados protetores faciais). Geralmente há epistaxe (sangramento nasal). Nas fraturas graves, a ruptura dos ossos e cartilagens resulta em deslocamento do nariz (Moore, 2007).
2.4 Cavidade Nasal
Comunica-se com o meio externo através das narinas do nariz externo, situadas anteriormente, e com a parte nasal da faringe (nasofaringe) posteriormente, através das cóanas. Na verdade, as cóanas marcam o limite entre a cavidade nasal e a parte nasal da faringe (Dângelo & Fattini, 2001). 
a) Funções da Cavidade Nasal:
-O epitélio nasal que reveste a concha nasal serve para aquecer, umedecer e limpar o ar inspirado. Os pêlos nasais chamados de vibrissas, que se estendem frequentemente a partir das narinas, filtram macropartículas que em caso contrário poderiam ser inaladas (Van de Graaff, 2003);
-A parte da mucosa localizada no alto da cavidade nasal, logo abaixo da lâmina crivosa do etmóide (lâmina cribriforme), é um epitélio especializado chamado epitélio olfatório. Esta região é suprida pelo nervo olfatório (I par de nervos craniano), que passa através dos orifícios da lâmina crivosa para alcançar o cérebro. Embora o epitélio olfatório seja sensível aos odores, ele não se encontra diretamente no caminho do ar, por isso é preciso aspirar o ar mais intensamente para detectar o cheiro (Spence, 1991);
-A cavidade nasal interfere na voz funcionando como uma câmara de ressonância (Van de Graaff, 2003).
b) Relações da Cavidade Nasal:
-Superiormente: seio frontal, fossa anterior do crânio, seio esfenoidal e fossa média do crânio (Dângelo & Fattini, 2001);
-Inferiormente: palato duro, que se separa da cavidade oral (Dângelo & Fattini, 2001);
-Posteriormente: comunica-se com a nasofaringe (Dângelo & Fattini, 2001);
-Lateralmente: órbita e seios maxilares e células etmoidais (Dângelo & Fattini, 2001).
c) Limites da Cavidade Nasal:
-Ela é dividida em metades direita e esquerda pelo septo nasal. Cada metade possui um soalho, um teto, uma parede lateral e uma parede medial (Snell, 1999);
-Soalho. É mais largo do que o teto (Moore, 2007) e é formado pelo processo palatino da maxila (3/4 anteriores) e pela lâmina horizontal do osso palatino (1/4 posterior) (Gray, 1988);
-Teto. É curvo e estreito, exceto em sua extremidade posterior; e dividido em três partes (frontonasal, etmoidal e esfenoidal) que recebem os nomes dos ossos que formam cada parte (Moore, 2007);
-Parede Lateral. Apresenta três relevos denominados conchas nasais: superior, média e inferior (Erhart, 1962). Raramente existe um quarto relevo ósseo que é a concha nasal suprema, situada superiormente. O espaço compreendido entre as conchas nasais e a parede lateral da cavidade nasal, recebe o nome de meatos nasais: superior, médio e inferior em correspondência a cada uma das conchas nasais (Castro, 1985). Nestes encontram-se orifícios de comunicação com os seios paranasais e células etmoidais, cavidades cheias de ar, anexas à cavidade nasal e localizadas nos ossos pneumáticos do esqueleto cefálico. No recesso esfenoetmoidal, região estreitada situada acima e posteriormente à concha nasal superior, abre-se o seio esfenoidal. No meato superior abrem-se as células etmoidais posteriores. No meato médio, os seios: frontal e maxilar e as células etmoidais anteriores. No meato inferior, o ducto lacrimonasal, comunicação das cavidades orbital e nasal (Erhart, 1962). Os ductos lacrimonasais drenam fluidos (lágrimas) da superfície dos olhos, também drenam nas cavidades nasais (Spence, 1991).
*Ossos da parede lateral da cavidade nasal – é formada por seis ossos: a maxila, o osso nasal, o etmóide, a concha nasal inferior, o palatino e o esfenóide (Schünke, 2007).
-Parede Medial é formada pelo septo nasal (Moore, 2007).
*Ossos do septo nasal – é formado pelos seguintes ossos: o osso nasal, o etmóide, o vômer, o esfenóide, o palatino e a maxila, sendo que os três últimos somente contribuem com pequenas partes cartilagíneas (Schünke, 2007).
d) Subdivisões da Cavidade Nasal:
-Vestíbulo. Trata-se de uma pequena área situada internamente à abertura de cada narina, revestida de pele que apresenta pêlos, glândulas sebáceas e sudoríparas (Dângelo & Fattini, 2001);
-Parte Respiratória. É a maior parte da cavidade nasal, revestida de mucosa que é continua com a que reveste os seios paranasais e a nasofaringe. Apresenta glândulas mucosas e serosas e células calciformes, nas secreções das quais o pó do ar inspirado fica preso. A mucosa é ricamente vascularizada e aquece e umedece o ar inspirado, uma condição importante para melhor aproveitamento do ar no fenômeno respiratório (Dângelo & Fattini, 2001);
-Parte Olfatória. Limita-se à concha nasal superior e terço superior do septo nasal. É suprida por fibras sensitivas do I par de nervos craniano, que atravessam os forames da lâmina crivosa do etmóide e terminam no bulbo olfatório (Dângelo & Fattini, 2001).
e) Suprimento Sanguíneo da Cavidade
do Nariz:
-O suprimento arterial para a cavidade do nariz é derivado principalmente dos ramos da artéria maxilar. O ramo mais importante é a artéria esfenopalatina, que penetra na cavidade nasal através do forame pterigopalatino. A artéria esfenopalatina se anastomosa com o ramo septal do ramo labial superior da artéria facial na região do vestíbulo do nariz, local muito comum de sangramento do nariz (Snell, 1999);
-Um rico plexo venoso submucoso situado profundamente à mucosa nasal drena para as veias esfenopalatina, facial e oftálmica. Esse plexo venoso é uma parte importante do sistema termorregulador do corpo, trocando calor e aquecendo o ar antes de entrar nos pulmões. O sangue venoso do nariz drena principalmente para a veia facial através das veias angular e nasal lateral (Moore, 2007).
f) Rinite:
-A mucosa nasal torna-se edemaciada e inflamada durante infecções respiratórias graves e reações alérgicas. O edema da mucosa ocorre rapidamente devido à sua vascularização. As infecções da cavidade nasal podem disseminar para: (i) fossa anterior do crânio através da lâmina cribriforme; (ii) nasofaringe e tecidos moles retrofaríngeos; (iii) orelha média através da tuba auditiva, que une a cavidade timpânica e nasofaringe; (iv) seios paranasais; (v) aparelho lacrimal e conjuntiva (Moore, 2007);
-Características: (i) quando inflamadas, os vasos sanguíneos se dilatam, as membranas intumescem, e aumenta a secreção de muco; (ii) a congestão resultante interfere na respiração e deixa o “nariz escorrendo”; (iii) mucosas dos seios paranasais bloqueiam suas conexões com a cavidade nasal, fazendo com que fiquem cheias de muco; (iv) congestão dos seios (caixa de ressonância) muda o som da voz e pode causar um aumento de pressão nos seios, resultando em forte dor de cabeça; (v) extensão através do ducto lacrimonasal até a conjuntiva do olho. Assim, não é incomum aparecer olhos avermelhados e úmidos ao longo da infecção; (vi) atingindo a faringe, causando “dor de garganta”; (vii) da faringe, a infecção pode se espalhar para os brônquios e pulmões, causando tosse e possivelmente bronquite, ou se espalhar através da tuba auditiva para a orelha média (Spence, 1991).
                2.5 Seios Paranasais
                Os seios paranasais são espaços ocos preenchidos por ar (construção leve do crânio). O conhecimento de sua posição é importante para o diagnóstico, uma vez que inflamações dos seios podem causar dores acima do lugar afetado, por exemplo, cefaléia frontal no caso de uma inflamação no seio frontal (Schünke, 2007). Esses seios são denominados de acordo com os ossos nos quais se encontram; assim, temos os seios frontal, maxilar, esfenoidal e células etmoidais. Os seios paranasais podem ajudar a aquecer o ar e umedecer o ar inspirado. Esses seios são responsáveis por um pouco de ressonância do som, mas mais importante, eles funcionam na diminuição do peso do crânio enquanto fornecem resistência estrutural (Van de Graaff, 2003).
                Os seios maxilares e frontais formam-se somente ao longo da vida, com o crescimento do crânio (pneumatização); as células etmoidais, entretanto, já se encontram pneumatizadas antes do nascimento. Inflamações dos seios paranasais em crianças ocorrem predominantemente nas células etmoidais, cujo perigo de infiltração/perfuração da órbita (Schünke, 2007).
O seio frontal em número de dois (Snell, 1999), localiza-se profundamente à glabela do osso frontal (Castro, 1985). Suas medidas habituais são as seguintes: altura, 3,0cm; largura, 2,5cm; profundidade, 2,5cm. Ausentes no nascimento, eles em geral estão bem desenvolvidos entre o sétimo e oitavo anos, mas só alcançam seu tamanho completo após a puberdade (Gray, 1988).
*Glabela (L.) glaber (=imberbe, sem pêlos). Na Grécia Antiga, glaber era o nome de um escravo ou servo ainda jovem, imberbe. Na Idade Média era o nome latino do osso frontal (por causa da falta de cabelos nesta parte). Embora já no século XVI designasse, na língua italiana popular, a região entre as sobrancelhas, com este sentido a palavra somente foi introduzida na Anatomia no século XIX, por Samuel Sömmering (Fernandes, 1999).
                Os seios maxilares são os maiores seios paranasais (Moore, 2007), situados na maxila (Dângelo & Fattini, 2001). Os tamanhos destes seios variam entre os diferentes crânios, e de um lado para outro no mesmo indivíduo. No adulto a capacidade varia entre 9,5ml e 20,0ml, situando-se em torno geralmente de 14,75ml. As medidas de um seio médio são as seguintes: altura (vertical), em frente ao primeiro dente molar: 3,75cm; largura (transversa): 2,5cm; profundidade anterior/posterior: 3,0cm. As raízes do primeiro e segundo pré-molares, e, algumas vezes, a raiz do canino, se projetam para cima em direção ao seio. As raízes dos dentes estão envoltas em uma lâmina fina de osso compacto, ocasionalmente ausente, e em contato com a túnica mucosa do seio. É fácil compreender como a extração de um dente pode resultar em uma fístula, ou como um dente infectado pode produzir sinusite (Snell, 1999). O seio maxilar aparece como um sulco raso na face medial do osso por volta do quarto mês da vida fetal, mas só atinge seu total desenvolvimento após a segunda dentição (Gray, 1988).
As células etmoidais constam de numerosas pequenas cavidades de paredes delgadas que formam o labirinto etmoidal e são completadas pelos ossos frontal, maxilar, lacrimal, esfenóide e palatino (Gray, 1988).
                Os seios esfenoidais em número de dois (Snell, 1999), contidos dentro do corpo do esfenóide, variando em forma e tamanho. Suas medidas habituais são: altura (vertical), 2,2cm; largura (transversal), 2,0cm; profundidade, 2,2cm. Na época do nascimento eles apresentam-se como pequenas cavidades, mas seu maior desenvolvimento ocorre após a puberdade (Gray, 1988).
3. FARINGE
*Entre os gregos, a palavra pharynx era, usualmente, confundida e empregada no lugar de (G.) larynx e Galeno usava o termo para a parte laríngea da faringe. Talvez a palavra pharynx tenha derivado (por aliteração) de (G.) pharynx(=fenda) (Fernandes, 1999).
-(G.) pharynx (=goela) (Fernandes, 1999).
                3.1 Características Gerais
                A faringeé um tubo musculomembranáceo (ímpar) que se estende da face inferior do crânio até o nível da cartilagem cricóidea ventralmente, e da sexta vértebra cervical dorsalmente (Gray, 1988; Testut, 1956). Apresenta três aberturas anteriormente, que a comunicam com a cavidade nasal (através das cóanas), cavidade oral (através das fauces) e com a laringe (através da glote). Inferiormente, continua-se com o esôfago (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004; Spence, 1991). Sua parede é composta de músculo esquelético e revestida com túnica mucosa. A faringe funciona como uma passagem para o ar e o alimento, (pertence aos sistemas digestório e respiratório), fornece uma câmara de ressonância para os sons da fala e alojam as tonsilas, que participam das respostas imunes aos invasores estranhos (Tortora, 2006). As infecções deste órgão se manifestam em transtornos durante a deglutição, respiração e fala (Testut, 1956).
                3.2 Dimensões
                Quando a faringe está em repouso, seu comprimento médio é de 15,0cm. Quando se contrai, sua extremidade inferior se eleva e seu comprimento diminui uns 3,0cm (Rouviere, 1959). Sua maior largura situa-se imediatamente abaixo da base do crânio, onde se projeta lateralmente atrás do óstio faríngeo da tuba auditiva, formando o recesso faríngeo; seu ponto mais estreito está em sua terminação com o esôfago (Gray, 1988).
3.3 Limites da Faringe (Bogart, 2008)
LIMITES                              ESTRUTURA
Superior                                Corpo do esfenóide e parte basilar do osso occipital
Posterior                               Fáscia pré-vertebral e bucofaríngea, C1 a C6, e
                                               Músculo constritor da faringe
Lateral                                   Processo estilóide, músculo estilofaríngeo, músculo
pterigóideo
medial, bainha carótica e seu conteúdo,
e glândula tireóide
                Anterior                                Continua com as cavidades nasal, oral e a laringe
                Inferior                                  Esôfago
3.4 Cavidades da Faringe
Sete cavidades se comunicam com a faringe, a saber: as duas cavidades timpânicas, as cavidades nasais, a boca, a laringe e o esôfago. A cavidade da faringe pode ser subdividida em três partes: nasal, oral e laríngea (Gray, 1988). A parte nasal da faringe (nasofaringe) está posterior ao nariz e superior ao palato mole; a parte oral da faringe (orofaringe) está posterior à boca; a parte laríngea da faringe (laringofaringe) está posterior à laringe (Moore, 2007).
-Nasofaringe (parte nasal da faringe). Tem uma função respiratória. Situa-se posteriormente ao palato mole e é a extensão posterior das cavidades nasais. O nariz abre-se para a parte nasal da faringe através de dois cóanas, aberturas pares entre a cavidade nasal e a parte nasal da faringe (Moore, 2007). O palato mole e a úvula palatina formam o soalho da nasofaringe (Spence, 1991).
Nas suas paredes laterais, a nasofaringe recebe as tubas auditivas que conectam a nasofaringe com a cavidade da orelha média (Spence, 1991). Quando aberta, ela equilibra a pressão no interior da orelha média com a que está na faringe e no meio ambiente. A tuba auditiva é uma via potencial de disseminação de infecções da faringe para a orelha média. A otite média ou infecção da orelha média é mais prevalente em crianças muito jovens porque sua tuba auditiva não abre facilmente como a de um adulto. A inabilidade para a abertura adequada e ventilação da orelha média com ar fresco gera um ambiente anaeróbico onde infecções podem se desenvolver (Bogart, 2008). À medida que se atinge grande altitude, o ar torna-se menos denso (diminuição da pressão atmosférica) e dilata-se dentro da cavidade timpânica, forçando lateralmente a membrana do tímpano que pode romper-se. A maior pressão do ar na orelha média pode forçar a tuba auditiva e abrir-se com um estalo. O bocejo e a deglutição ajudam, pela abertura da tuba auditiva, a igualar as pressões em cada lado da membrana do tímpano (Dângelo & Fattini, 2001).
Em sua parede lateral, uma prega vertical da mucosa, a prega salpingofaríngea, estende-se para baixo, a partir da tonsila tubária, e contém o músculo salpingofaríngeo. Uma segunda prega menor, a prega salpingopalatina, estende-se da parte superior da tonsila tubária ao palato. Atrás do óstio faríngeo da tuba auditiva, situa-se um profundo recesso, o recesso faríngeo (Gray, 1988).
Na parte posterior encontra-se uma saliência produzida por tecido linfático conhecida como tonsila faríngea (Gray, 1988). De um modo geral a tonsila faríngea é mais volumosa na infância, regredido e se atrofiando na idade adulta (Castro, 1985). Quando estas tonsilas tornam-se aumentadas como respostas a uma infecção são chamadas de “adenóides”. Esse aumento pode ser crônico e pode interferir com a respiração pelo nariz, tornado necessário a respiração pela boca (Spence, 1991).
-Orofaringe (parte oral da faringe). Tem uma função digestiva (Moore, 2007). Estende-se do palato mole no nível do osso hióide. Anteriormente abre-se na boca, através do istmo das fauces. Em sua parte lateral, entre os dois arcos, se encontram as tonsilas palatinas, “amígdalas” (Gray, 1988). São duas massas de tecido linfóide localizadas em ambos os lados da orofaringe, entre os arcos palatoglosso (anterior) e palatofaríngeo (posterior). O espaço entre os arcos que lhe serve de leito, é a fossa tonsilar. As tonsilas palatinas estão frequentemente inflamadas e, não raro, são removidas cirurgicamente (Dângelo & Fattini, 2001).
*Fauce(s) (L.) faux, pl. fauces (=passagem estreita, garganta). Na antiga casa romana, o atrium era o local mais familiar (de reunião). Entre este e um pátio externo, com pilares e caramanchões (perystilo) havia duas estreitas passagens, usadas apenas pelos escravos e/ou criados, chamadas fauces. Em sentido geral, designava também os desfiladeiros, gargantas e entradas de cavernas. Celso (30 d.C.) utilizou a palavra, no singular (uso raro), para denominar a passagem da boca à faringe (Fernandes, 1999).
O arco palatoglosso é uma prega de túnica mucosa que cobre o músculo palatoglosso subjacente. O intervalo entre os arcos palatoglossos marca o limite entre a boca e a parte oral da faringe e é chamado de istmo das fauces. O arco palatofaríngeo é uma prega da túnica mucosa situada na parede lateral da parte oral da faringe atrás do arco palatoglosso. Ele cobre o músculo palatofaríngeo subjacente (Snell, 1999).
O suprimento arterial para a tonsila é a artéria tonsilar, um ramo da artéria facial. As veias perfuram o músculo constritor superior e se unem às veias palatina externa, faríngea ou facial (Snell, 1999).
-Laringofaringe (parte laríngea da faringe). Serve como passagem de ar e de alimento (Spence, 1991). É a porção inferior da faringe. Situa-se posterior à laringe (Moore, 2007). Estende-se inferiormente do nível do osso hióide à laringe (Van de Graaff, 2003). A parte laríngea da faringe comunica-se com a laringe através do ádito da laringe na sua parede anterior. No sistema digestório torna-se contínua com o esôfago (Moore, 2007).
*A remoção cirúrgica das tonsilas palatinas chama-se tonsilectomia, enquanto a remoção das tonsilas faríngeas é chamada de adenoidectomia (Van de Graaff, 2003).
3.5 Músculos da Faringe
                Os músculos da faringe estão divididos em dois grupos: os músculos constritores e os músculos elevadores (Rouviere, 1959). Os músculos da faringe estão relacionados com a fala, a deglutição e também com funções da orelha média (Fehrenbach & Herring, 2002). São eles: m. constritor inferior, m. constritor médio, m. constritor superior, m. estilofaríngeo, m. salpingofaríngeo e m. palatofaríngeo (Gray, 1988). Os músculos constritores se inserem na rafe da faringe, uma faixa fibrosa, situada na linha mediana da parede posterior da faringe, que se insere na base externa do crânio (Fehrenbach & Herring, 2002).             
A camada muscular pode ser descrita como uma camada circular externa e uma camada longitudinal interna. Os três músculos constritores da faringe, que formam a camada externa, estão dispostos de modo que o músculo constritor inferior é sobreposto pelo músculo constritor médio, que por sua vez se sobrepõe ao músculo constritor superior. Esta organização foi comparada a três funis ou vasos de flores, um inserido dentro do outro. Assim, o músculo constritor inferior da faringe é o mais evidente, e o constritor médio e superior são menos evidentes (Bogart, 2008). A camada interna, longitudinal, de músculos da faringe, compreende os músculos estilofaríngeo, palatofaríngeo e salpingofaríngeo (Dângelo & Fattini, 2001).
a) Características dos Músculos da Faringe:
-Músculo constritor inferior da faringe. O mais espesso dos três constritores (Gray, 1988);
-Músculo constritor médio da faringe. É um músculo em forma de leque, menor que o precedente (Gray, 1988);
-Músculo constritor superior da faringe. É quadrilátero, mais fino e pálido que os outros dois (Gray, 1988);
*De particular importância na anestesia odontológica é a origem anterior do músculo constritor superior da faringe no ligamento pterigomandibular. Esse ligamento sustenta a prega pterigomandibular, que é ponto de reparo importante na anestesia do nervo alveolar inferior (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004);
-Músculo estilofaríngeo. Longo e delgado (Gray, 1988) de forma triangular (Rouviere, 1959);
-M. salpingofaríngeo. Está incluído na prega salpingofaríngica (Dângelo & Fattini, 2001);
-M. palatofaríngeo. Está incluído no chamado arco palatofaríngeo, uma prega vertical situada posteriormente à tonsila palatina (Fehrenbach & Herring, 2002).
                Todos os músculos faríngicos agem na deglutição e não tem sentido suas ações individualmente. O estudante deve reporta-se ao mecanismo da deglutição (Dângelo & Fattini, 2001).
b) Anatomia
do Ato de Deglutição:
                A laringe, assim como uma parte da traquéia, localiza-se no adulto, anteriormente à entrada do esôfago. Durante a deglutição a laringe é temporariamente fechada para evitar que o alimento chegue até a traquéia. A deglutição é iniciada voluntariamente. Distinguem-se três fases na deglutição: (i) iniciação voluntária do ato de deglutição; (ii) fechamento reflexo da laringe; (iii) transporte reflexo do alimento por meio da faringe e do esôfago (Schünke, 2007).
                Durante a segunda fase, a laringe é elevada pela contração da musculatura do soalho da boca (músculos milo-hióideos e músculos digástricos) e dos músculos tireo-hióideos, a epiglote fecha a entrada da laringe, e, portanto, a via aérea é bloqueada. Ao mesmo tempo, o palato mole é tensionado e elevado, posicionando-se contra a parede posterior da faringe (Schünke, 2007).
                3.6 Vascularização
O suprimento arterial da faringe é derivado dos ramos das artérias faríngea ascendente, palatina ascendente, facial, maxilar e lingual. As veias drenam para o plexo venoso faríngeo, que por sua vez drena para a veia jugular interna (Snell, 1999).
4. LARINGE
*Entre os gregos, a palavra pharynx era, usualmente, confundida e empregada no lugar de (G.) larynx. O primeiro a descrever as cartilagens da laringe foi Galeno. Vesalius, como costume na época, apenas numerou as cartilagens (Fernandes, 1999).
-(G.) larynx (=gaita, parte alta da traquéia), de (G.) larungein (=gritar) (Fernandes, 1999).
                4.1 Características Gerais
                A laringe ou órgão da voz é a parte do conduto aéreo que comunica a faringe com a traquéia (Gray, 1988). Trata-se de uma estrutura semi-rígida, com esqueleto cartilagíneo, no qual as cartilagens se articulam em junturas sinoviais (Dângelo & Fattini, 2001). Ela produz uma considerável saliência na linha mediana do pescoço chamada pomo de Adão. Sua extensão vertical corresponde à C4 e C6, porém está situada um pouco mais alta na mulher, o mesmo ocorrendo durante a infância (Gray, 1988). Durante a puberdade, no homem, a laringe cresce rapidamente em tamanho e as pregas vocais tornam-se 1,0cm mais longas fazendo com que o limite inferior da voz caia de uma oitava. Nas mulheres, estas alterações, inclusive no tom da voz, são menos acentuadas (Dângelo & Fattini, 2001). De cada lado da laringe estão os grandes vasos do pescoço (Gray, 1988).
A laringe tem duas funções. Sua função principal é impedir que o alimento ou líquidos entrem na traquéia e nos pulmões durante a deglutição e permitir a passagem do ar durante a respiração. Um papel secundário é a produção de sons (Van de Graaff, 2003). A fonação é a produção fisiológica da voz. Seu mecanismo é o seguinte: o ar expulso dos pulmões ao atravessar a glote estreitada, entra em vibração. As vibrações do ar é que originam um som que será modelado, tomando as características da voz humana na faringe, boca e cavidade nasal. O estreitamento da glote é devido à ação dos músculos das cordas vocais, que se contraem. Quando estes músculos não estão contraídos, o ar expirado passa livremente pela glote, não produzindo som (Dias, 1969). Devido à influência dos hormônios sexuais masculinos, as pregas vocais usualmente são mais espessas e mais longas nos homens do que nas mulheres. Por isso, elas vibram mais lentamente, dando aos homens um tom mais baixo do que nas mulheres (Tortora, 2006).
*Processos infecciosos ou agentes irritantes no ar como a fumaça do cigarro, podem provocar inflamação na mucosa da laringe afetando as pregas vocais. Estas perdem a capacidade de vibrar normalmente e o indivíduo pode apresentar rouquidão ou mesmo afonia completa. Em fumantes crônicos, a rouquidão pode se tornar permanente (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004).
*Um edema agudo da laringe (edema de glote) pode surgir após reações hiperalérgicas e outras causas, provocando um estreitamento da via respiratória e consequente falta de ar. O edema é resultado de um acúmulo de fluido não na submucosa das pregas vocais, que é de textura densa com a mucosa bem aderida, mas em outras áreas da laringe, onde a submucosa é frouxa e a túnica mucosa é fracamente aderida às cartilagens (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004).
4.2 Medidas (Gray, 1988)
                                                               ?                                            ?
                                                               mm                                         mm         
Altura ................................................		  44                                           36
Diâmetro transversal ............................              43                                           41
Diâmetro ântero-posterior .....................            36                                           26
Circunferência .....................................               136                                         112
         4.3 Esqueleto da Laringe
         A laringe é formada por nove cartilagens, três ímpares e três pares, como se segue: tireóidea, cricóidea, aritenóidea, corniculadas, cuneiformes e epiglote (Gray, 1988). Essas cartilagens são mantidas juntas, e unidas ao osso hióide acima e à traquéia abaixo, por ligamentos e músculos (Spence, 1991).
a) Tireóidea:
*Entre os povos egeus, nos primórdios da civilização grega, o thyreós, era uma grande pedra achatada colocada contra uma porta, para mantê-la fechada. Mais tarde, a palavra foi aplicada a um escudo pelos habitantes da ilha de Minos, feito de lâminas de madeira prensadas, amarradas com cipós e completado, nas bordas, com placas de metal (uma forma muito semelhante a uma porta, que em grego arcaico chamava-se thyra). Este escudo, ao contrário da maioria dos escudos gregos, cobria o corpo até os pés e tinha duas chanfraduras ou entalhes, superior ou inferiormente, para encaixar o queixo e o joelho, respectivamente. A cartilagem tireóidea recebeu esse nome por sua posição em relação à laringe, parece um escudo protetor (Fernandes, 1999).
-(G.) thyreós (=escudo) e (G.)oidés (= forma de) (Fernandes,1999);
-ímpar (Erhart, 1962);
-maior cartilagem da laringe (Gray, 1988);
-constituída por duas lâminas de cartilagem hialina que se encontram na linha mediana no saliente ângulo em “V” da proeminência laríngea (Snell, 1999);
-a proeminência laríngea da cartilagem tireóidea é chamada comumente de “pomo de Adão” (Van de Graaff, 2003);
-maior e mais proeminente em homens do que em mulheres por causa do efeito de hormônios sexuais masculinos no desenvolvimento da laringe durante a puberdade (Van de Graaff, 2003);
-na face externa de cada lâmina está uma linha oblíqua para a inserção dos músculos esternotireóideo, tíreo-hióideo e constritor inferior da faringe (Snell, 1999);
-possui dois pares de projeções em forma de chifre (cornos) estendendo-se da superfície posterior da cartilagem tireóidea (Bogart, 2008);
-as projeções superiores (cornos superiores) são fixadas ao osso hióide pelo aspecto lateral da membrana tireohióidea lateral (Bogart, 2008);
-as projeções inferiores (cornos inferiores) se articulam com a junção da lâmina e do arco da cartilagem cricóidea (Bogart, 2008).
b) Epiglote:
-(G.) epi (=sobre, em cima) e (G.) glottis (=laringe) (Fernandes, 1999);
-ímpar (Erhart, 1962);
-em forma de folha (Tortora, 2006);
-situada posterior à raiz da língua e ao hióide, e anterior ao ádito da laringe (Moore, 2007);
-está fixada à margem anterior da cartilagem tireóidea e ao osso hióide (Tortora, 2006);
-a porção larga superior da epiglote não é fixa, sendo livre para se mover para cima e para baixo (Tortora, 2006);
-formada por cartilagem elástica, confere flexibilidade a epiglote (Moore, 2007);
-a cartilagem epiglótica garante que a epiglote, no final da deglutição (após a atividade muscular), retorne, automaticamente, para sua posição inicial (Schünke, 2007);
-quando a epiglote é removida, durante uma cirurgia tumoral, o paciente tem que aprender, com muito esforço, a deglutir
corretamente sem a epiglote, “perigo de aspiração” (Schünke, 2007).
*A laringe inteira se eleva durante a deglutição para fechar a glote contra a epiglote. Esse movimento pode ser observado colocando os dedos sobre a laringe e deglutindo em seguida. Se a glote não está fechada como deveria ocorrer durante a deglutição, o alimento pode entrar na glote (Van de Graaff, 2003).
c) Cricóidea:
*O termo krykos é obviamente uma variante de (G.) kyrkos (=círculo) e deu o nome à cartilagem laríngea pela sua forma em anel sinete. Este tipo de anel, muito frequente nas classes nobres da Antiguidade e da Idade Média, tinha uma mesa (ou platina) larga onde havia um símbolo ou inscrição que identificava seu portador e servia para “assinar” documentos (apondo o anel sobre o lacre derretido) porque a maioria destas pessoas era analfabeta (Fernandes, 1999).
-(G.) krykos (=círculo) e (G.) oidés (=forma de) (Fernandes, 1999);
-ímpar (Erhart, 1962);
-formada por um anel completo de cartilagem hialina (Snell, 1999);
-embora menor, é mais grossa e robusta do que a tireóidea (Gray, 1988);
-liga-se à cartilagem tireóidea em cima e à traquéia embaixo (Van de Graaff, 2003);
-encontrada no nível do processo transverso da vértebra C6 (Bogart, 2008);
-possui um arco anterior estreito e uma lâmina posterior larga (Snell, 1999);
-de cada lado da face lateral existe uma faceta circular para articulação com o corno inferior da cartilagem tireóidea (Snell, 1999);
-de cada lado da margem superior existe uma faceta articular para articulação com a base da cartilagem aritenóidea (Snell, 1999);
-no plano mediano da lâmina eleva-se uma crista que serve de inserção à musculatura longitudinal do esôfago, tendão cricoesofágico (Dângelo & Fattini, 2001);
-a borda inferior da cartilagem cricóidea marca o término da laringe e da faringe e o início da traquéia e do esôfago (Dângelo & Fattini, 2001);
-a cartilagem cricóidea é o ponto de referência para fazer um conduto de ventilação de emergência, uma traqueostomia (Tortora, 2006).
*Diversas condições podem bloquear o fluxo de ar, pela obstrução da traquéia. Os anéis de cartilagem sustentam a traquéia e podem ser acidentalmente esmagados; a túnica mucosa pode-se tornar tão inflama e intumescida que fecha a via aérea, o excesso de muco secretado pelas túnicas inflamadas pode tamponar a via aérea inferior, ou um objeto grande inalado (aspirado). Se a obstrução for acima do nível do tórax, uma traqueostomia pode ser realizada. Nesse procedimento, é feita a incisão na traquéia, abaixo da cartilagem cricóidea, e introduzido um tubo na traquéia para criar uma via aérea de emergência (Tortora, 2006).
d) Aritenóidea:
*Arytaina é a forma feminina de (G.) aritér (=colher funda, concha), um utensílio doméstico comum com um gargalo largo e sulcado superiormente. O nome foi dado às cartilagens aritenóideas e ao ligamento inter-aritenóideo, em conjunto, pela semelhança que a forma desta parte do adito da laringe, em animais, tinha com o gargalo do jarro (Fernandes, 1999).
-(G.) arytaina (=jarro, copo) e (G.) oidés (=forma de) (Fernandes, 1999);
-são cartilagens piramidais pares, com três lados, que se articulam com as partes laterais da margem superior da lâmina da cartilagem cricóidea (Moore, 2007);
-situadas no dorso da laringe (Snell, 1999);
-formada por cartilagem hialina (Tortora, 2006);
-cada cartilagem possui um ápice acima e uma base abaixo (Snell, 1999);
-o ápice suporta a cartilagem corniculada (Snell, 1999);
-a base se articula com a cartilagem cricóidea (Snell, 1999);
-dois processos projetam da base (Snell, 1999);
-um processo vocal anterior e um processo muscular lateral (Bogart, 2008);
-processo vocal dá inserção ao ligamento vocal (Snell, 1999);
-processo muscular dá inserção aos músculos cricoaritenóideos posterior e lateral (Snell, 1999);
-o processo vocal é a única parte destas cartilagens que não pode sofrer ossificação, pois é constituído de cartilagem elástica (Dângelo & Fattini, 2001);
-a face medial da cartilagem aritenóidea é recoberta pela mucosa da laringe (Dângelo & Fattini, 2001);
-músculos e ligamentos cobrem a maior parte das cartilagens aritenóideas (Dângelo & Fattini, 2001).
e) Corniculadas:
*O corniculum era um pequeno adorno em forma de chifre no capacete, uma espécie de penacho metálico, outorgado como recompensa ao soldado romano por serviços prestados em campanhas estrangeiras. Outra possível derivação embora improvável, seria de (L.)cornicula (=pequena gralha), por causa da forma de bico (Fernandes, 1999).
-(L.) corniculatum (=que tem um pequeno chifre), de (L.) corniculum (=diminutivo de), (L.) cornu (=corno, chifre) (Fernandes, 1999);
-cartilagens pares (Van de Graaff, 2003);
-pequenas (Gray, 1988);
-situadas na parte posterior da prega ariepiglótica da mucosa e algumas vezes fundidas à cartilagem aritenóidea (Gray, 1988);
-se articulam com as cartilagens aritenóideas (Snell, 1999);
-dão inserção às pregas ariepiglóticas (Snell, 1999).
f) Cuneiformes:
-(L.) cunceus (=cunha) e (L.) formis (= em forma de)
-cartilagens pares (Van de Graaff, 2003);
-pequenas peças alongadas de cartilagem elástica amarela (Gray, 1988);
-situadas uma de cada lado da prega ariepiglótica (Gray, 1988);
-servem como suportes para as pregas (Snell, 1999).
4.4 Compartimentos da Laringe
No interior da laringe, podem ser distinguidos “três andares”:
a-) Vestíbulo da Laringe: o ádito da laringe é delimitado pela epiglote e pelas pregas ariepiglóticas e conduz, da posição crânio-ventral para a dorsal, à parte laríngea da faringe, ou à abertura superior do esôfago no vestíbulo da laringe, o vestíbulo alcança as pregas vestibulares, situadas em ambos os lados. Clinicamente, o espaço acima das pregas vestibulares é denominado supraglote ou espaço supraglótico (Gerhard Aumüller, 2009). O fechamento do ádito protege a via respiratória contra a penetração de partículas alimentares e corpos estranhos (Dângelo & Fattini, 2001).
b-) Ventrículo da Laringe: o ventrículo da laringe (espaço trans glótico) é um espaço estreito, em forma de cunha, situado entre as pregas vestibulares e as pregas vocais de cada lado. A fenda entre as duas pregas vocais direita e esquerda, é a rima da glote ou rima vestibular (Gerhard Aumüller, 2009).
*Uma saliência, de tamanho variável, na porção anterior do ventrículo é o sáculo da laringe, onde numerosas glândulas desembocam. A parte da laringe onde se produz a voz (local de contato dos dois ligamentos vocais), formada pelas duas pregas vocais, é conhecida como glote (Gerhard Aumüller, 2009).
c-) Cavidade Infraglótica: situada abaixo das pregas vocais até o limite entre a cartilagem cricóidea e o primeiro anel traqueal. Na linguagem clínica, ela é denominada subglote ou espaço subglótico (Gerhard Aumüller, 2009).
                4.5 Músculos da Laringe
                Há dois grupos de músculos da laringe, os extrínsecos e os intrínsecos. Os músculos extrínsecos compreendem: (i) m. tireo-hiódeo, (ii) m. estilo-hiódeo, (iii) m. milo-hiódeo, (iv) m. digástrico, (v) m. estilofaríngico, (vi) m. palatofaríngeo, que são levantadores da laringe; (vii) m. omo-hiódeo, (viii) m. esterno-hiódeo, (ix) m. esternotireódeo que são abaixadores da laringe (Dângelo & Fattini, 2001).
                Dos músculos intrínsecos da laringe três originam-se da cartilagem cricóidea: (i) m. cricotireóideo, (ii) m. cricoaritenóideo lateral, (iii) m. cricoaritenóideo posterior. Dois músculos, intimamente ligados entre si, unem as cartilagens tireóidea e aritenóidea: (i) m. tireoaritenóideo, (ii) m. vocal. Dois músculos unem as cartilagens aritenóideas entre si: (i) m. aritenóideo transverso, (ii) m. aritenóideo oblíquo. Finalmente, dois músculos unem as cartilagens aritenóideas à epiglote (m. ariepiglótico) e a cartilagem tireóidea à epiglote (m. tireoepiglótico). Pode-se dizer que as ações principais dos músculos intrínsecos da laringe são as seguintes: (i) tensionar ou relaxar o ligamento vocal, isto significa aumentar ou encurtar a distância que separa
as cartilagens aritenóideas e tireóidea; (ii) aduzir ou abduzir os ligamentos vocais, isto significa afastar ou aproximar do plano mediano os ligamentos vocais, consequentemente significa aumentar ou diminuir a rima da glote; (iii) ocluir o ádito da laringe, significa fechar a entrada da laringe (Dângelo & Fattini, 2001);
4.6 Pregas da Mucosa da Laringe
A subdivisão em três compartimentos é feita, por sua vez, pela presença de duas pregas da mucosa da laringe:
a-) Pregas Vestibulares
-falsas cordas vocais (Gerhard Aumüller, 2009);
-par superior (Tortora, 2006);
-tecido conjuntivo frouxo (Gerhard Aumüller, 2009);
-presença de glândulas, que lubrificam as pregas vocais (Gerhard Aumüller, 2009);
-mantêm a respiração sob pressão na cavidade torácica, quando o indivíduo realiza força para erguer um objeto pesado, tal como uma mochila cheia de livros escolares (Tortora, 2006);
-não produzem som (Tortora, 2006);
b-) Pregas Vocais
-cordas vocais verdadeiras (Gerhard Aumüller, 2009);
-par inferior (Tortora, 2006);
-? 27 a 29 mm de comprimento (Gerhard Aumüller, 2009);
-? 14 a 20 mm de comprimento (Gerhard Aumüller, 2009);
-produzem som durante o canto e a fala (Tortora, 2006);
-cada prega vocal contém um: (i) ligamento vocal, formado por tecido elástico espesso; (ii) músculo vocal, formado por fibras musculares muito finas (Moore, 2007).
*Elas contêm ligamentos elásticos estendidos entre as peças de cartilagem rígida, como as cordas de um violão. Os músculos estão inseridos na cartilagem e nas pregas vocais. Quando os músculos se contraem, puxam fortemente os ligamentos elásticos, o que move as pregas vocais em direção à via aérea. O ar empurrado contra as pregas vocais faz com que elas vibrem, e produz ondas sonoras no ar da faringe, do nariz e da boca. Quanto maior a pressão do ar, mais alto o som. O tom é controlado pela tensão das cordas vocais. Se elas são esticadas, vibram mais rapidamente, resultando em um tom mais alto. Os tons mais baixos são produzidos pela redução da tensão muscular (Tortora, 2006).
*A fala normal depende da modificação do som em consoantes e vogais reconhecíveis pelo uso da língua, dentes e lábios. Os sons das vogais em geral são puramente orais com o palato mole elevado; quer dizer, o ar é canalizado através da boca em lugar do nariz. Os médicos testam a mobilidade do palato mole pedindo-se ao paciente para dizer “ah” com a boca aberta. A fala envolve a liberação intermitente de ar expirado entre as pregas vocais aduzidas. Cantar uma nota requer uma liberação mais prolongada de ar expirado entre as pregas vocais aduzidas. No sussurro, as pregas vocais são aduzidas, mas as cartilagens aritenóideas estão separadas; as vibrações são enviadas em um fluxo constante de ar expirado que passa pela parte posterior da rima da glote (Snell, 1999).
4.7 Vascularização
As artérias laríngicas superior e inferior, ramos, respectivamente, das artérias tireóidea superior e inferior, irrigam a laringe. A artéria laríngica superior acompanha o nervo laríngico interno e ambos perfuram a membrana tireohiódea para penetrar na laringe. A artéria laríngica inferior acompanha o nervo laringico recorrente. As veias que drenam acompanham as artérias (Dângelo & Fattini, 2001).
5.         TRAQUÉIA
-(G.) tracheia, feminino de (G.) trachys (= rugoso, irregular); talvez de (G.) trachelos (= do pescoço) (Fernandes, 1999).
5.1 Características Gerais
A traqueia constitui o tubo de aproximadamente 2,5cm de diâmetro e 11 cm de comprimento (Spence, 1991), é sempre maior na mulher do que no homem (Gray, 1988). Na criança a traquéia é menor, mais profundamente situada e mais móvel do que no adulto (Gray, 1988). Faz continuação à laringe, penetra no tórax e termina bifurcando-se nos dois brônquios principais (estende-se até o nível da sexta vértebra torácica). Ela se situa medianamente, por diante do esôfago e apenas na sua terminação, desvia-se para a direita (Castro, 1985).
*Durante a inspiração profunda a traquéia pode se alongar por cerca de 5 cm (Gerhard Aumüller, 2009).
                De acordo com as suas relações topográficas a traquéia é dividida em duas partes: (i) parte cervical, desde a cartilagem cricóidea da laringe (aproximadamente na altura de C6) até a abertura superior do tórax; (ii) parte torácica, a partir da abertura superior do tórax até um nível imediatamente acima do plano transtorácico (altura de T4; linha interespinal), aqui se localiza, no adulto jovem, a origem dos dois brônquios principais, bifurcação da traquéia. Na superfície interna do local de bifurcação encontra-se frequentemente, uma projeção de mucosa, reforçada por cartilagem para o interior da luz, a carina da traquéia. No adulto o ângulo de bifurcação mede, normalmente 55-60º, enquanto que nas crianças ele é mais aberto, 70-80° (Gerhard Aumüller, 2009).
O caminho do ar da traquéia está rodeado por uma série de anéis de cartilagem em forma de “C” (Spence, 1991), entre 16 a 20 anéis de cartilagem hialina (Van de Graaff, 2003), que têm por finalidade impedir que as paredes desse tubo se colapsem, da mesma maneira que os anéis completos no tubo de um aspirador de pó (Spence, 1991). Os anéis sobrepostos estão unidos entre si pelos ligamentos anulares (Erhart, 1962). A mucosa (superfície que reveste o lume) consiste em tecido epitelial pseudo-estratificado colunar ciliado que contém numerosas células calciformes muco-secretantes, e proporciona a mesma proteção contra pó e outras partículas como a membrana que reveste a cavidade nasal e a laringe (Van de Graaff, 2003).
A abertura posterior nos anéis traqueais é transposta pelo músculo liso (involuntário) traqueal, que une as suas extremidades. Portanto, a parede posterior da traquéia é plana (Moore, 2007). A parte “incompleta” desses anéis está em contato com o esôfago. Isso permite que durante a passagem do bolo alimentar o esôfago se expanda às expensas desta parede posterior distensível da traquéia (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004).
O suprimento arterial da traquéia ocorre, predominantemente, pelos ramos traqueais da artéria tireóidea inferior, proveniente do tronco tireocervical da artéria subclávia. A drenagem venosa ocorre através do plexo tireóideo ímpar e da veia tireóidea inferior (Gerhard Aumüller, 2009).
6.       BRÔNQUIOS PRINCIPAIS
*Acreditava Platão que os líquidos deglutidos alcançavam o estômago pela traquéia e os alimentos sólidos, pelo esôfago. Daí a justificativa da umidade (muco) daquela. Inicialmente, Rufo de Éfeso usou o termo para designar os anéis da traquéia, mas o sentido foi depois extrapolado para sua divisão e gradualmente acabou denominado apenas os ramos. Popularmente, designava tanto a garganta como a própria traquéia (Fernandes, 1999).
(G.) Bronchos (= mole, úmido), de (G.) brechein (= amolecer, umedecer) (Fernandes, 1999).
6.1 Características Gerais
A traquéia bifurca-se nos brônquios principais, direito e esquerdo e neles os anéis cartilaginosos da traquéia são substituídos por placas irregulares de cartilagem (Dângelo & Fattini, 2001). Os brônquios principais direito e esquerdo dão origem aos brônquios lobares, que ventilam os lobos dos pulmões. Estes, por sua vez, dividem-se em brônquios segmentares, que vão ter com os segmentos broncopulmonares. Os brônquios segmentares sofrem ainda sucessivas divisões antes de terminarem nos alvéolos pulmonares. Vê-se, assim, que cada brônquio principal dá origem no pulmão a uma série de ramificações conhecidas, em conjunto, como árvore brônquica (Costa, 2003).
6.2 Brônquio Principal Esquerdo
-diâmetro: 12 mm (Gerhard Aumüller, 2009);
-comprimento: 4-5 cm (Gerhard Aumüller, 2009);
-eixo longitudinal da traquéia: forma um ângulo de cerca de 35° (Gerhard Aumüller, 2009);
-passa sob o arco aórtico e anteriormente à aorta descendente para alcançar o hilo pulmonar esquerdo. Ele cruza à frente do esôfago e neste ponto pode impedir a deglutição de um objeto maior (Dângelo & Fattini, 2001);
-impressão: no esôfago (Bogart, 2008)
                6.3 Brônquio Principal Direito
-diâmetro:
14 mm (Gerhard Aumüller, 2009);
-comprimento: 1-2,5 cm (Gerhard Aumüller, 2009);
-eixo longitudinal da traquéia: forma um ângulo de cerca de 20° (Gerhard Aumüller, 2009);
-menos oblíquo. Essa disposição torna-se importante nos casos de penetração de corpos estranhos na traquéia, os quais geralmente encontram mais facilidade para atingir o pulmão direito (Castro, 1985);
-impressão: nenhuma (Bogart, 2008).
*Ambos os brônquios principais podem aumentar o seu comprimento, durante a inspiração, devido à distensibilidade de suas paredes, semelhante ao que ocorre na traquéia (Gerhard Aumüller, 2009).  
                6.4 Vascularização
                O suprimento arterial dos brônquios principais se dá pelos ramos bronquiais, provenientes da parte torácica da aorta, da artéria torácica interna e, frequentemente, da 3ª ou 4ª artéria intercostal. O sangue venoso é conduzido, no lado direito, para a veia ázigo e, no lado esquerdo, para a veia hemiázigo (Gerhard Aumüller, 2009).
7.       PULMÕES
*(L.) pulmo (=pulmão, bofe) (Fernandes, 1999).
7.1Considerações Gerais
Consiste em órgãos da respiração, local que o sangue venoso se transforma em sangue arterial. Os pulmões (direito e esquerdo) estão separados pelo mediastino. Poucos órgãos apresentam variações de volume tão numerosas como os pulmões. Estas diferenças dependem: (i) capacidade do tórax, porque o volume dos pulmões é proporcional a esta capacidade, (ii) estado de inspiração e expiração. A superfície externa dos pulmões é lisa e brilhante. A coloração dos pulmões é roxo escuro antes do nascimento, rosado no neonato e depois azulado no adulto. À medida que o indivíduo avança a idade, se formam na superfície dos pulmões alguns depósitos de pigmentos, dispostos em forma de pontos, manchas ou linhas (Rouviere, 1959). Estes pigmentos procedem de uma matéria negra encontrados nas partículas de poeira atmosférica e arrastados pela respiração. Indivíduos expostos a respirar por longos períodos este tipo de ar, essa matéria negra pode acumular-se em quantidades tão consideráveis que invadem as paredes dos alvéolos pulmonares. Sua ampla e permanente comunicação com o exterior carrega normalmente numerosos micróbios pelo ar inspirado. Estes micróbios, que em determinados momentos podem causar doenças, desempenham como se sabe, um importante papel na patologia médica e cirurgia dos pulmões (Testut, 1956).
Os pulmões apresentam a forma de um cone (Dias, 1969), mede cada pulmão 25,0cm de altura por 16,0cm de diâmetro (Costa, 1955). Situados na cavidade torácica (Dias, 1969) são mais leves que a água, de consistência mole e elásticos como uma esponja (Dias, 1969; Costa, 1955). Apresentam um ápice superior, uma base inferior e duas faces: costal (em relação com as costelas) e medial (voltada para o mediastino). A base descansa sobre o diafragma, músculo que separa, internamente, o tórax do abdome, e por esta razão, ela é conhecida também como face diafragmática. Na sua face medial, cada um dos pulmões apresenta uma fenda em forma de raquete, o hilo do pulmão, pelo qual entram ou saem brônquios, vasos e nervos pulmonares constituindo a raiz do pulmão, o pedículo (Dângelo & Fattini, 2001).
 Nos seres humanos, assim como na maioria dos mamíferos, os pulmões apresentam sulcos profundos, as fissuras que dividem parcialmente este órgão em lobos (Llorca, 1952). Estas fissuras são revestidas pela pleura visceral e servem como espaço deslizante durante os movimentos respiratórios dos pulmões. São visíveis tanto na face costal quanto na face medial (Gerhard Aumüller, 2009).  
7.2Pulmão Direito
-opulmão direito é sempre mais volumoso que o esquerdo (Rouviere, 1959);
-peso ? (adulto) = 700 gramas (Rouviere, 1959);
-peso ? (adulto) = 550 ramas (Rouviere, 1959);
-03 lobos: superior, médio e inferior (Gerhard Aumüller, 2009);
-02 fissuras: oblíqua e horizontal (Erhart, 1962);
-volume do órgão: cerca de 2 litros (Gerhard Aumüller, 2009);
-posição do brônquio no hilo do pulmão: epiarterial – brônquio do lobo superior direito entra superiormente à artéria pulmonar (Gerhard Aumüller, 2009);
-é mais curto que o esquerdo, porque a cúpula diafragmática está mais elevada à direita (Dângelo & Fattini, 2001);
-é mais largo que o esquerdo, porque o coração se desloca para a esquerda (Dângelo & Fattini, 2001);
-fixado pelo formol (impressão): esôfago, veias ázigos e a artéria subclávia direita (Dângelo & Fattini, 2001);
-segmentos = 10 (Castro, 1985).
7.3Pulmão Esquerdo
-peso ? (adulto) = 600 gramas (Rouviere, 1959);
-peso ? (adulto) = 450 ramas (Rouviere, 1959);
-02 lobos: superior e inferior (Gerhard Aumüller, 2009);
-01 fissura: oblíqua (Erhart, 1962);
-volume do órgão: cerca de 20% a menos (Gerhard Aumüller, 2009);
-posição do brônquio no hilo do pulmão: hipoarterial – brônquio principal esquerdo entra inferiormente à artéria pulmonar (Gerhard Aumüller, 2009);
-o pulmão esquerdo tem uma chanfradura, a incisura cardíaca, em que o coração está situado (Tortora, 2006);
-o pulmão esquerdo forma, abaixo da incisura cardíaca, uma projeção em forma de língua, a língula (Gerhard Aumüller, 2009), que corresponderia ao lobo médio do pulmão direito (Dângelo & Fattini, 2001);
-fixado pelo formol (impressão): aorta e a artéria subclávia esquerda (Dângelo & Fattini, 2001);
-segmentos = 09 (Castro, 1985);
7.4 Vias Aeríferas dos Pulmões
Ao atingirem os pulmões correspondentes, participando da raiz (pedículo) dos mesmos, os brônquios principais subdividem-se nos brônquios lobares. No pulmão direito temos 03 lobos e no esquerdo apenas 02. Por isso os brônquios lobares resultantes da divisão do brônquio principal direito são classificados em brônquios lobares, superior, médio e inferior. O brônquio principal esquerdo dicotomiza-se nos brônquios lobares superior e inferior. Os brônquios lobares subdividem-se em brônquios segmentares, cada um destes distribuindo-se a um segmento pulmonar (Castro, 1985). Este fato tem grande importância clínica, já que as patologias pulmonares geralmente se limitam a segmentos broncopulmonares específicos, sendo assim possível a remoção destes sem remover o pulmão em sua totalidade (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004).
Os segmentos broncopulmonares são denominados de acordo com suas posições nos lobos, e o brônquio para cada um tem um nome segundo o segmento. O lobo superior direito tem três segmentos – um apical, um posterior e um anterior. O lobo médio direito tem um segmento lateral e um medial. O lobo inferior direito tem um superior e quatro segmentos basais, o basal medial, anterior, lateral e posterior. O lobo superior esquerdo é de início dividido em duas partes, e a divisão superior corresponde ao lobo superior direito e a divisão inferior corresponde ao lobo médio direito. A divisão superior do lobo superior esquerdo tem um segmento ápico-posterior e um anterior. A divisão inferior do lobo superior esquerdo tem um segmento superior e outro inferior. O lobo inferior esquerdo tem um segmento superior e três basais, o basal ântero-medial, o lateral e o posterior (Gray, 1988).
A árvore bronquial continua se ramificando em túbulos cada vez menores chamados bronquíolos (Van de Graaff, 2003). Dentro do lobo, os bronquíolos se dividem e formam os bronquíolos terminais (Castro, 1985). Numerosos bronquíolos terminais conectam com bronquíolos respiratórios que se dirigem aos ductos alveolares e em seguida aos sacos alveolares (Van de Graaff, 2003).
7.5 Pleura
Os pulmões e a parede da cavidade torácica são revestidos por uma membrana serosa denominada pleura. Entre a pleura que envolve o pulmão (pleura visceral) e a pleura que reveste a cavidade torácica (pleura parietal), forma-se uma cavidade muito delgada, a cavidade pleural, preenchida por um líquido lubrificante que facilita a movimentação pulmonar durante os movimentos respiratórios (Cruz Rizzollo & Madeira, 2004).
7.6 Vascularização dos Pulmões
                No estudo da vascularização pulmonar há duas ordens de vasos a considerar: (i) vasos de hematose, (ii) vasos nutridores.
Os vasos de hematose são representados pela artéria pulmonar e veias pulmonares. Os vasos nutridores sob essa denominação são os ramos bronquiais que irrigam o parênquima pulmonar (Castro, 1955). As veias bronquiais (que se comunica com as veias pulmonares) drenam para as veias ázigo e hemiázigo (Snell, 1999).
SISTEMA LINFÁTICO
                O sistema linfático é uma rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos, ductos linfáticos, tecidos linfáticos, capilares linfáticos e vasos linfáticos que produzem e transportam o fluido linfático (linfa) dos tecidos para o sistema circulatório, ou seja, é constituído por uma vasta rede de vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sangüíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sangüínea. O sistema linfático também é um importante componente do sistema imunológico, pois colabora com glóbulos brancos para proteção contra bactérias e vírus invasores. O estudo do sistema linfático na sala de dissecação não é muito satisfatório porque a tenuidade das paredes dos vasos e seu pequeno tamanho fazem com que sejam indistinguíveis dos tecidos vizinhos.                        
A maior parte da informação sobre o sistema linfático tem sido obtida por estudos em laboratórios, com injeção de massa corada dentro de vasos muito pequenos. A injeção em grandes vasos não apresenta resultado satisfatório para estudo do sistema linfático devido a presença de numerosas válvulas.
Possui três funções inter-relacionadas:
1.        Remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais;
2.        Absorção dos ácidos graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório;
 3.      Produção de células imunes (como linfócitos, monócitos e células produtoras de anticorpos conhecidas como plasmócitos). 
Os vasos linfáticos têm a função de drenar o excesso de líquido que sai do sangue e banha as células. Esse excesso de líquido, que circula nos vasos linfáticos e é devolvido ao sangue, chama-se linfa.
A linfa é um líquido transparente, esbranquiçado (algumas vezes amarelado ou rosado), alcalino e de sabor salgado, que circula pelos vasos linfáticos. Cerca de 2/3 de toda a linfa derivam do fígado e do intestino. Sua composição é semelhante à do sangue, mas não possui hemácias, apesar de conter glóbulos brancos dos quais 99% são linfócitos. No sangue os linfócitos representam cerca de 50% do total de glóbulos brancos. A linfa é transportada pelos vasos linfáticos em sentido unidirecional e filtrada nos linfonodos (também conhecidos como nódulos linfáticos ou gânglios linfáticos). Após a filtragem, é lançada no sangue, desembocando nas grandes veias torácicas.
Circulação Linfática
A circulação linfática é responsável pela absorção de detritos e macromoléculas que as células produzem durante seu metabolismo, ou que não conseguem ser captadas pelo sistema sanguíneo.
O sistema linfático coleta a linfa, por difusão, através dos capilares linfáticos, e a conduz para dentro do sistema linfático. Uma vez dentro do sistema, o fluido é chamado de linfa, e tem sempre a mesma composição do que o fluido intersticial.
                A linfa percorre o sistema linfático graças a débeis contrações dos músculos, da pulsação das artérias próximas e do movimento das extremidades. Todos os vasos linfáticos têm válvulas unidirecionadas que impedem o refluxo, como no sistema venoso da circulação sanguínea. Se um vaso sofre uma obstrução, o líquido se acumula na zona afetada, produzindo-se um inchaço denominado edema.
Pode conter microorganismos que, ao passar pelo filtros dos linfonodos (gânglios linfáticos) e baço são eliminados. Por isso, durante certas infecções pode-se sentir dor e inchaço nos gânglios linfáticos do pescoço, axila ou virilha, conhecidos popularmente como "íngua".
O Sistema Linfático Humano
Ao contrário do sangue, que é impulsionado através dos vasos pela força do coração, o sistema linfático não é um sistema fechado e não tem uma bomba central. A linfa depende exclusivamente da ação de agentes externos para poder circular. A linfa move-se lentamente e sob baixa pressão devido principalmente à compressão provocada pelos movimentos dos músculos esqueléticos que pressiona o fluido através dele. A contração rítmica das paredes dos vasos também ajuda o fluido através dos capilares linfáticos. Este fluido é então transportado progressivamente para vasos linfáticos maiores acumulando-se no ducto linfático direito (para a linfa da parte direita superior do corpo) e no duto torácico (para o resto do corpo); estes ductos desembocam no sistema circulatório na veia subclávia esquerda e direita.                                 
Ducto Linfático Direito
Esse ducto corre ao longo da borda medial do músculo escaleno anterior na base do pescoço e termina na junção da veia subclávia direita com a veia jugular interna direita. Seu orifício é guarnecido por duas válvulas semilunares, que evitam a passagem de sangue venoso para o ducto. Esse ducto conduz a linfa para circulação sangüínea nas seguintes regiões do corpo: lado direito da cabeça, do pescoço e do tórax, do membro superior direito, do pulmão direito, do lado direito do coração e da face diafragmática do fígado.
Ducto Torácico
Conduz a linfa da maior parte do corpo para o sangue. É o tronco comum a todos os vasos linfáticos, exceto os vasos sitados acima (ducto linfático direito). Se estende da segunda vértebra lombar para a base do pescoço. Ele começa no abdome por uma dilatação, a cisterna do quilo, entra no tórax através do hiato aórtico do diafragma e sobe entre a aorta e a veia ázigos. Termina por desembocar no ângulo formado pela junção da veia subclávia esquerda com a veia jugular interna esquerda.
Órgãos Linfáticos:
O baço, os linfonódos (nódulos linfáticos), as tonsilas palatinas (amígdalas), a tonsila faríngea (adenóides) e o timo (tecido conjuntivo reticular linfóide rico em linfócitos) são órgãos do sistema linfático. Alguns autores consideram a medula óssea pertencente ao sistema sistema linfático por produzirem os linfócitos. Estes órgãos contém uma armação que suporta a circulação dos linfócitos A e B e outras células imunológicas tais como os macrófagos e células dendríticas. Quando micro-organismos invadem o corpo ou o mesmo encontra outro antígeno (tal como o pólen), os antígenos são transportados do tecido para a linfa. A linfa é conduzida pelos vasos linfáticos para o linfonodo regional. No linfonodo, os macrófagos e células dendríticas fagocitam os antígenos, processando-os, e apresentando os antígenos para os linfócitos, os quais podem então iniciar a produção de anticorpos ou servir como células de memória para reconhecer o antígeno novamente no futuro.                  
Baço:
O baço está situado na região do hipocôndrio esquerdo, porém sua extremidade cranial se estende na região epigástrica. Ele está situado entre o fundo do estômago e o diafragma. Ele é mole, de consistência muito friável, altamente vascularizado e de uma coloração púrpura escura. O tamanho e peso do baço varia muito, no adulto tem cerca de 12cm de comprimento, 7cm de largura e 3cm de espessura.
O baço é um órgão linfóide apesar de não filtrar linfa, ou seja, é um órgão excluído da circulação linfática porém interposto na circulação sangüínea e cuja drenagem venosa passa, obrigatoriamente, pelo fígado. Possui grande quantidade de macrófagos que, através da fagocitose, destroem micróbios, restos de tecidos, substâncias estranhas, células do sangue em circulação já desgastadas como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Dessa forma, o baço “limpa” o sangue, funcionando como um filtro desse fluído tão essencial. O baço também tem participação na resposta imune, reagindo a agentes infecciosos. Inclusive, é considerado por alguns cientistas, um grande nódulo linfático.
Suas principais funções são as de reserva de sangue, para o caso de uma hemorragia intensa, destruição dos glóbulos vermelhos do sangue e preparação
de uma nova hemoglobina a partir do ferro liberado da destruição dos glóbulos vermelhos.
Linfonódos (Nódulos Linfáticos):
São pequenos órgãos em forma de feijões localizados ao longo do canal do sistema linfático. São os órgãos linfáticos mais numerosos do organismo. Armazenam células brancas (linfócitos) que tem efeito bactericida, ou seja, são células que combatem infecções e doenças. Quando ocorre uma infecção, podem aumentar de tamanho e ficar doloridos enquanto estão reagindo aos microorganismos invasores. Eles também liberam os linfócitos para a corrente sanguínea. Possuem estrutura e função muito semelhantes às do baço. Distribuem-se em cadeias ganglionares (ex: cervicais, axilares, inguinais etc). O termo popular “íngua” refere-se ao aparecimento de um nódulo doloroso.
Os linfonódos tendem a se aglomerar em grupos (axilas, pescoço e virilha). Quando uma parte do corpo fica infeccionada ou inflamada, os linfonodos mais próximos se tornam dilatados e sensíveis. Existem cerca de 400 glânglios no homem, dos quais 160, encontram-se na região do pescoço.
 Macrófagos: Eles tem capacidade de fagocitose, podendo ingerir até 100 bactérias antes deles mesmos morrerem, o que os tornam também, importantes na eliminação de tecidos necrosados.
Linfócitos: Um tipo de glóbulo branco do sangue. 99% dos glóbulos brancos presentes na linfa são linfócitos. Produzem anticorpos para defender o organismo de infecções. Tal como outros tipos de células sangüíneas, os linfócitos se desenvolvem na medula óssea e se deslocam no sistema linfático.
Há dois tipos principais de linfócitos:
 
        Células T - Eles começam a viver como células imaturas chamadas de células-tronco. Ainda na infância, alguns linfócitos migram para o timo, onde amadurecem e se transformam em células T. Em condições normais, a maioria dos linfócitos em circulação no corpo são células T. Sua função é a de reconhecer e destruir células anormais do corpo (por exemplo, as células infectadas por vírus). Os linfócitos T aprendem como diferenciar o que é próprio do organismo do que não é ainda no timo. Os linfócitos T maduros deixam o timo e entram no sistema linfático, onde eles atuam como parte do sistema imune de vigilância.
 
        Células B - Permanecem na medula óssea e amadurecem transformando-se em células B. As células B reconhecem células e materiais ‘estranhos’ (como bactérias que invadiram o corpo). Quando essas células entram em contato com uma proteína estranha (por exemplo, na superfície das bactérias), elas produzem anticorpos que ‘aderem’ à superfície da célula estranha e provocam sua destruição. Derivados de uma célula-tronco (célula-mãe) da medula óssea e amadurecem até transformarem-se em plasmócitos, os quais secretam anticorpos.
Ambos linfócitos T e B desempenham papel importante no reconhecimento e destruição de organismos infecciosos como bactérias e vírus. As células assassinas naturais, discretamente maiores que os linfócitos T e B, são assim denominadas por matarem determinados micróbios e células cancerosas. O “natural” de seu nome indica que elas estão prontas para destruir uma variedade de células-alvo assim que são formadas, em vez de exigirem a maturação e o processo educativo que os linfócitos B e T necessitam. As células assassinas naturais também produzem algumas citocinas, substâncias mensageiras que regulam algumas das funções dos linfócitos T, dos linfócitos B e dos macrófagos.
 
Tonsilas Palatinas (Amígdalas):
A tonsila palatina encontra-se na parede lateral da parte oral da faringe, entre os dois arcos palatinos. Produzem linfócitos.
 
Tonsila Faríngea (Adenóides):
É uma saliência produzida por tecido linfático encontrada na parede posterior da parte nasal da faringe. Esta, durante a infância, em geral se hipertrofia em uma massa considerável conhecida como adenóide.                      
 
Timo:
O timo de uma criança é um órgão proeminente na porção anterior do mediastino superior, enquanto o timo de adulto de idade avançada mal pode ser reconhecido, devido as alterações atróficas. Durante seu período de crescimento ele se aproxima muito de uma glândula, quanto ao aspecto e estrutura.
O timo consiste de dois lobos laterais mantidos em estreito contato por meio de tecido conjuntivo, o qual também forma uma cápsula distinta para o órgão todo. Ele situa-se parcialmente no tórax e no pescoço, estendendo-se desde a quarta cartilagem costal até o bordo inferior da glândula tireóidea. Os dois lobos geralmente variam em tamanho e forma, o direito geralmente se sobrepõe ao esquerdo. Ele apresenta uma coloração cinzenta rosada, mole e lobulado, medindo aproximadamente 5cm de comprimento, 4cm de largura e 6mm de espessura.                               
Considerado um órgão linfático por ser composto por um grande número de linfócitos e por sua única função conhecida que é de produzir linfócitos. Órgão linfático mais desenvolvido no período prenatal, involui desde o nascimento até a puberdade.

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