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Micro I - EAE 0203 - Noturno 1o Semestre 2012 Prof. Ricardo Madeira Monitor: Bruno Kawaoka Komatsu Provinha #1 - Restric¸a˜o Orc¸amenta´ria e Prefereˆncias Questa˜o 1 (50 pontos) Suponha uma economia com dois tipos de trabalhadores; qualificados (denotados por s) e na˜o qualificados (denotados por u). O sala´rio de equil´ıbrio do trabalhador qualificado (ws) nesta economia e´ R$ 10 por hora enquanto que o sala´rio de equil´ıbrio do trabalhador na˜o-qualificado (wu) e´ R$ 5 por hora. Suponha que ambos os tipos de trabalhadores podem trabalhar ate´ 24 horas por dia se desejarem. Suponha ainda que ambos os tipos de trabalhadores alocam suas 24 horas do dia entre lazer (L) e trabalho (T ). i) (20 pontos) Nesta mesma economia existem n bens de consumo indexados por i = 1, 2, . . . , n, onde o prec¸o e a quantidade do bem i sa˜o denotados por pi e xi respectivamente. Banana e´ um destes n bens de consumo. O prec¸o unita´rio da banana e´ R$ 2. Escreva e esboce o gra´fico da reta orc¸amenta´ria para os dois tipos de trabalhadores em termos de banana e dos demais bens dispon´ıveis (note que o consumo de lazer faz parte dos bens dispon´ıveis). Os dois tipos de trabalhadores possuem a restric¸a˜o de tempo T + L = 24. A taxa de sala´rio de cada trabalhador expressa o quanto vale a hora de cada um deles; enta˜o, dada a taxa de sala´rio wj , j ∈ {s, u}, podemos chegar a` restric¸a˜o orc¸amenta´ria dos trabalhadores: T + L = 24 =⇒ wjT + wjL = wj24 O lazer e´ considerado um dos n bens da economia e tem seu prec¸o dado pela taxa de sala´rio, porque o custo de oportunidade associado a ter uma hora de lazer e´ deixar de trabalhar uma hora. Cada trabalhador possui uma renda potencial dia´ria de 24wj . Essa renda e´ gasta em lazer (ao se deixar de trabalhar), ou convertida em renda para ser gasta nos n− 1 demais bens da economia. Sejam pb o prec¸o da banana e xb a demanda dia´ria por banana; seja C o bem composto formado pelos demais n− 1 bens da economia; o bem composto e´ definido como o valor gasto nos demais bens, de modo que seu prec¸o e´ igual a` unidade. E´ dado que pb = 2. Para o trabalhador qualificado temos ws = 10; 1 enta˜o a sua restric¸a˜o orc¸amenta´ria e´ dada por: 10L + 10T = 240 =⇒ 10L + p1x1 + p2x2 + . . . + pn−2xn−2 + pbxb = 240 =⇒ pbxb + n−1∑ i=1 = 240 =⇒ 2xb + C = 240 A equac¸a˜o da reta que define a restric¸a˜o orc¸amenta´ria sera´ enta˜o: xb = 120 − C2 A quantidade ma´xima de xb que pode ser consumida (C = 0) e´ 120; quando nenhuma banana e´ consumida (xb = 0), C = 120. O sala´rio do trabalhador na˜o-qualificado e´ de wu = 5. Temos enta˜o: 5L + 5T = 120 =⇒ 5L + p1x1 + p2x2 + . . . + pn−2xn−2 + pbxb = 120 =⇒ pbxb + n−1∑ i=1 = 120 =⇒ 2xb + C = 120 Podemos novamente isolar xb: xb = 60 − C2 . As duas retas orc¸amenta´rias apresentam a mesma inclinac¸a˜o, pore´m interceptos diferentes. O gra´fico fica com a seguinte forma: ii) (20 pontos) Suponha que o governo venda cupons de banana divis´ıveis. Cada R$ 1 de cupom compra R$ 3 em bananas. O governo pode vender no ma´ximo R$ 20 em cupons de banana por tra- balhador. Somente trabalhadores que ganham menos de R$ 6 por hora de trabalho podem adquiror cupons. A revenda de cupons na˜o e´ permitida. Escreva e esboce o gra´fico da reta orc¸amenta´ria dos trabalhadores na˜o qualificados em termos de bananas e dos demais bens dispon´ıveis. O conjunto orc¸amenta´rio e´ o conjunto de todas as cestas de bens que o consumidor e´ capaz de adquirir; a reta orc¸amenta´ria e´ o conjunto de cestas que custam exatamente a renda dispon´ıvel do consumidor. O ma´ximo que o consumidor consegue comprar do bem composto C e´ novamente C = 120. Note que o cupom pode ser entendido como um subs´ıdio sobre o valor da banana: 2 para cada Real gasto pelo consumidor em bananas, o governo fornece R$ 2. O consumidor pode comprar ate´ R$ 20 de cupons, o que representa ate´ R$ 60 em bananas. Enta˜o, o subs´ıdio sera´ de 1−(20/60) ∼= 67%. Suponha que o consumidor gaste toda a sua renda no bem composto C. Quando ele comec¸a a consumir bananas, o ma´ximo que consegue obter e´ atingido por meio dos cupons, enta˜o ele comec¸a a adquirir bananas ao prec¸o efetivo (p′b) de p ′ b = (1 − 0, 67)pb = 0, 67. Uma forma mais simples de pensar o problema e´: para cada R$2 que o consumidor adquire em cupons (por R$1), ele compra 3 bananas. Logo, cada banana tem o prec¸o de p′b = 2 3 ∼= 0, 67. Ate´ os R$20 que o consumidor pode comprar em cupons, a reta orc¸amenta´ria e´ dada por: p′bxb + C = 120 =⇒ xb = 120 p′b − C p′b =⇒ xb = 180− 1.5C (1) Apo´s comprar R$ 20 em cupons (C = 100, xb = 30) o consumidor volta a comprar as bananas ao prec¸o de R$ 2. Sua reta orc¸amenta´ria torna-se: xb = 120−20+60 pb − Cpb = 1602 − C2 =⇒ xb = 80− C2 . Note subtra´ımos R$ 20 gastos em cupons e somamos os R$ 60 adquiridos para gastar com bananas. O gra´fico da reta orc¸amenta´ria fica: iii) (10 pontos) Suponha que e´ permitido revender os cupons de banana no mercado secunda´rio. So- mente os trabalhadores que ganham menos de R$ 6 por hora podem adquirir o cupom diretamente do governo, os demais trabalhadores sa˜o obrigados a recorrer ao mercado negro para adquirir cu- pons. Um cupom de banana de R$ 1 pode ser adquirido e vendido no mercado negro por R$ 2 reais. Compradores no mercado negro podem adquirir seus cupons de somente um vendedor (i.e. podem comprar no ma´ximo R$ 60 de bananas usando cupons). Escreva e esboce o gra´fico da reta orc¸amenta´ria para os dois tipos de trabalhadores em termos de banana e dos demais bens dispon´ıveis (Lembre-se que tanto os vendedores como os compradores de cupons no mercado secunda´rio podem optar por na˜o venderem nem comprarem cupons respectivamente). O trabalhador na˜o qualificado possui duas situac¸o˜es extremas: ele pode comprar R$ 20 em cupons 3 e vender tudo no mercado secunda´rio; ou pode comprar os R$ 20 em cupons e gastar o valor dos cupons em bananas. No primeiro caso, ao prec¸o de R$ 2 por cupom, o consumidor consegue R$ 40 pelos cupons que possu´ıa e sua renda passa para R$ 140. O prec¸o da banana e´ de R$ 2 e, portanto, a sua reta orc¸amenta´ria fica com a equac¸a˜o: pbxb +C = 140 =⇒ xb = 140pb − Cpb =⇒ xb = 70− C2 . Na outra situac¸a˜o extrema, o consumidor na˜o revende nenhum cupom e sua reta orc¸amenta´ria fica igual a`quela do item ii): 100 ≤ C ≤ 120, xb = 180− 1.5C0 ≤ C < 100, xb = 80− C2 As alternativas intermedia´rias ficam abaixo desse conjunto de retas. Portanto, o gra´fico da restric¸a˜o orc¸amenta´ria e´ dado por: O trabalhador qualificado tambe´m possui duas situac¸o˜es extremas: ou na˜o compra nenhum cupom, ou compra todos os cupons de um vendedor. No primeiro caso, sua reta orc¸amenta´ria sera´ como aquela no item i); no u´ltimo caso, o trabalhador estara´ tambe´m recebendo um subs´ıdio sobre o valor. O trabalhador compra cada cupom a R$ 2 e para cada um deles possui R$ 3 para gastar com bananas; com os cupons ele pode comprar no ma´ximo R$ 60 em bananas, tendo pago R$ 40 nesses cupons. Portanto, o prec¸o efetivo da banana p′b sera´ de p ′ b = 60 pb 1 40 = 60 2 1 40 = 0.75. Imagine que o indiv´ıduo comec¸a consumindo toda a sua renda no bem composto C; enquanto esta´ comprando os cupons, sua restric¸a˜o orc¸amenta´ria sera´: xb = 240 p′b − Cp′b =⇒ xb = 320− 1.33C. Depois que gastou os R$ 40 em cupons, o prec¸o efetivo da banana volta a ser pb = 2. Portanto a restric¸a˜o nesse trecho sera´ dada por: xb = (240−40+6) pb − Cpb = 130− C2 4 200 ≤ C ≤ 240, xb = 320− 1.33C0 ≤ C < 200, xb = 130− C2 Novamente os casos intermedia´rios se situam entre esses dois conjuntos de retas. Portanto, o gra´fico da restric¸a˜o orc¸amenta´ria fica: Questa˜o 2 (50 pontos) Sobre prefereˆncias responda: i) (10 pontos) A curva de indiferenc¸a do Sr. M e´ dada por I = {(x1, x2) ∈ R+2/min{x1 + 2x2, 2x1 + x2} = c}. Esboce esta curva de indiferenc¸a no plano cartesiano x2 × x1. Sejam f(x1, x2) = x1 + 2x2 e g(x1, x2) = 2x1 + x2. Os pontos em que as retas f(x1, x2) = c e g(x1, x2) = c se cruzam sa˜o dados por: x1 + 2x2 = 2x1 + x2 =⇒ x2 = x1. Podemos isolar a varia´vel x2, deixando-a em func¸a˜o de x1. Temos enta˜o: f(x1, x2) = x1 + 2x2 = c =⇒ x2 = c2 − x12 e g(x1, x2) = 2x1 + x2 = c =⇒ x2 = c− 2x1 O gra´fico dessas duas retas e´ dado por: 5 Os pontos em que f(x1, x2) = c e g(x1, x2) > c podem ser vistos na figura abaixo: De forma sime´trica, os pontos em que f(x1, x2) > c e g(x1, x2) = c podem ser vistos na figura abaixo: Portanto a curva de indiferenc¸a e´ dada por: 6 ii) (20 pontos) A curva de indiferenc¸a do Sr. Y e´ representada por I = {(x1, x2, x3) ∈ R3+/x1+x2x3 = c}, c > 0. Suponha que o Sr. Y possui 5 unidades de cada um dos treˆs bens, isto e´, ele possui a cesta (x1, x2, x3) = (5, 5, 5). Se o Sr. W estiver disposto a trocar o bem 2 pelo bme 3 a uma taxa de − 23 , independentemente da direc¸a˜o da troca (e.g. Sr. W. estaria igualmente disposto a ceder 2 unidades do bem 2 por 3 unidades do bem 3 ou ceder 3 unidades do bem 3 por duas do bem 2), o Sr. Y estaria disposto a trocar como Sr. W? Explique sua resposta. Com a sua cesta inicial, o Sr. Y esta´ possui um n´ıvel de bem estar de x1 + x2x3 = 5 + 5× 5 = 30. A` taxa com que o Sr. W troca x2 por x3, o Sr. Y poderia dar uma unidade de x2 e receber 1.5 unidades de x3. Com isso, seu n´ıvel de utilidade seria 5 + 4 × 6.5 = 32. Portanto o Sr. Y estaria disposto a trocar com o Sr. W. iii) (20 pontos) Para um determinado indiv´ıduo com prefereˆncias racionais, estritamente convexas e estritamente mono´tonas sabemos que (40, 2) ∼ (4, 20). Para este mesmo indiv´ıduo voceˆ saberia dizer qual seria a relac¸a˜o de prefereˆncias entre as cestas (28, 18) e (6, 19)? Justifique sua resposta. Sejam x = (x1, x2) = (40, 2) e y = (y1, y2) = (4, 20). Sejam z = (28, 18) e w = (6, 19). Note que tanto z quanto y sa˜o preferidas a x e y. Isso porque elas se encontram a` direita do segmento de reta que une x e y. Note que x1 = 10y1 e x2 = y2 10 . Logo, sabemos que para uma cesta ser indiferente a outra e´ preciso que se multiplique o bem 1 por 10 e se divida o bem 2 por 10. Com base nisso, algumas cestas indiferentes a w seriam (60, 1.9), (600, 0.19), etc, e algumas cestas indiferente a z seriam (280, 1.8), (2800, 0.18), etc. A diferenc¸a de quantidade do bem 2 das cestas indiferentes a w e a z ficaria cada vez menor, enquanto que a diferenc¸a de quantidade do bem 1 das mesmas cestas ficaria cada vez maior. Como as preferencias sa˜o racionais, sa˜o tambe´m cont´ınuas. Enta˜o pequenas variac¸oes em um dos bens na˜o podem fazer com que as preferencias repentinamente se invertam. Portanto, podemos concluir que a cesta z e´ preferida a` cesta w. 7