Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Departamento de Economia Disciplina: Microeconomia I Professores: Décio Kadota, Elisabeth Farina, Ricardo Madeira Monitores: André Attilio, Bruno Komatsu, Otávio Sidone e Thiago Alexandrino LISTA 05 – GABARITO Equação de Slutsky e Dotação: Questão Extra Um consumidor possui preferências representadas pela função utilidade: a) Dada uma renda , calcule os efeitos renda e preço para cada bem. Para calcular os efeitos renda e substituição, vamos obter primeiro as demandas marshallianas e hicksianas. Para resolver o problema de maximização de utilidade, vamos utilizar as condições de equilíbrio: Dada a restrição orçamentária, , temos então 3 condições de equilíbrio: i. ii. iii. Substituindo i. e ii. em iii. temos: Note que e não dependem de ; além disso, a função utilidade é quase-linear em , então sabemos que existe um valor para a renda abaixo do qual temos soluções de canto. Vamos chamar esse valor de . As utilidades marginais de , e de são respectivamente: , e . Assim, se tomarmos limite quando , e tornam-se pequenos, temos: Então, o consumidor sempre consumira quantidades positivas de e de . Com isso, abaixo de o consumidor gastará somente com esses dois bens. Note que a função utilidade do consumidor torna-se um Cobb-Douglas para e . As demandas são conhecidas de exercícios anteriores: Onde . Para definir qual é o valor até o qual o consumidor só consome e , podemos utilizar uma condição parecida com aquela de equilíbrio, porém com desigualdade. Assim, o consumidor não irá consumir enquanto tivermos: Lembrando que é o custo marginal de e é o custo marginal de . Então, temos: Mas . Então, Se repetirmos esse procedimento para , chegaremos ao mesmo resultado. As demandas marshallianas são: Para obter as demandas hicksianas, vamos calcular a função utilidade indireta ( ) e a função dispêndio ( ). Note que novamente temos 2 situações. Se , teremos Então o limite em termos de utilidade será: Assim, quando , teremos: Quando teremos: Então a função dispêndio será: Derivando em relação aos preços, obtemos as demandas hicksianas: O efeito renda é dado por: Então temos: Caso contrário O efeito substituição é dado por: Então temos: Caso contrário b) Suponha agora que o consumidor possui uma quantidade inicial dos bens , e de respectivamente , e . Como as demandas marshalliana se alteram? Nesse caso as demandas marshallianas tornam-se c) Derive a equação de Slutsky para o caso de dotações, quando as demandas são positivas. A equação de Slutsky com dotações é dada por: onde é a dotação inicial de . Quando as demandas são positivas, temos as seguintes equações de Slutsky: i. Para , as equações não possuem efeito substituição, pois quando a demanda por é positiva, a demanda marshalliana de não depende da renda : a. b. c. ii. Para , ocorre o mesmo que no caso de : a. b. c. iii. Para : a. b. c. d) Verifique que a matriz de substituição é simétrica. A matriz de substituição é composta pelas derivadas das demandas hicksianas em relação aos preços: Completando a matriz com as derivadas calculadas, temos: Questão 1 Um indivíduo que vive por 2 períodos valoriza um plano de consumo segundo a função de utilidade com . Suponha que m0=m1=100, e r=0,05. a) Esboce a restrição orçamentária e encontre o plano ótimo de consumo para este consumidor. b) Assuma agora que a taxa de juros paga aos poupadores seja rs=0,05, enquanto a taxa de juros cobrada dos devedores seja rd=0,2. Esboce a restrição orçamentária e encontre os valores de que fazem com que o indivíduo seja poupador. Questão 2 Suponha um consumidor com preferências por consumo (x) e lazer(l) representadas pela função utilidade: A dotação inicial de tempo de 16 horas por dia pode ser alocada entre trabalho (h) e lazer. A taxa de salário real é de $4. a) Esboce a restrição orçamentária e encontre o número de horas de trabalho ofertadas por dia. b) O governo institui um programa de transferência de renda que transfere ao indivíduo $16 por dia. Como esta política afetaria a restrição orçamentária e o número de horas trabalhadas, assumindo o salário real constante? c) Na ausência da política descrita em b), de quanto deveria variar o salário real para que o agente atingisse o mesmo nível de utilidade obtido com aquele programa? Questão 3 Considere a função de utilidade a seguir: , com . Interprete o Beta. Ele pode ser uma taxa de impaciência? E algo como a probabilidade do indivíduo continuar vivo no período seguinte? Questão 4 Considere um agente que tem os seguintes gostos com relação ao consumo presente (tempo 0) e futuro (tempo 1) decritos pela função utilidade da questão 3. Suponha que o agente tem uma riqueza total hoje de e que ele pode poupar qualquer parte desse valor para consumir amanhã. Poupando ele recebe de juros. Assim, restrição orçamentária do agente é: (a) Renomeando as variáveis, mostre que esse problema é idêntico ao problema de maximização de utilidade com função utilidade Cobb-Douglas. O agente tem suas preferências representadas pela função: , com . Vamos renomear as variáveis. Sejam , , , , . Dessa forma o problema do consumidor fica: Podemos utilizar as transformações monotônicas ( ) e ( ) sobre a função utilidade. Logo, o problema fica: que é um problema é o de maximização de uma função Cobb-Douglas típico. (b) Ache as demandas marshallianas desse agente. Vamos utilizar a restrição orçamentária e a condição de equilíbrio: Temos então: i. ii. Substituindo em i. temos: Substituindo as variáveis que criamos pelas variáveis originais temos: (c) Qual a relação entre os parâmetros e que faz com que o consumo do agente seja igual nos dois períodos? Para que o consumo dos dois agentes seja igual nos dois períodos, temos que ter: (d) Extra: Suponha que, ao invés de ter uma dotação fixa, o agente tenha acesso a uma tecnologia de produção que produz dois bens, e , que podem ser vendidos por e respectivamente. A tecnologia é limitada pelos insumos, de forma que . Encontre as quantidades ótimas de e que maximizam os lucros do agente. O lucro é definido como a diferença entre o valor arrecadado com as vendas (receitas) e o valor dos custos para a produção: No nosso caso, a receita será a quantidade produzida de cada bem, multiplicada pelo preço de venda: . Nesse problema, não temos custos de produção, mas temos a limitação de tecnologia: . Portanto, o lucro será dado por: . O problema de maximização de lucro será: Pelo método do lagrangiano temos: As CPO são: i. ii. iii. Dividindo i. por ii., temos: Substituindo em iii. temos: Substituindo na equação anterior, temos: (e) Extra: Suponha que x é a quantidade de produção que pode ser feita no período 0 e que y é a quantidade de produção que pode ser feita no período 1. Suponha também que ; ; . Por que podemos separar as decisões de consumo das decisões de produção nesse problema? Dê um valor para tal que o consumo é igual nos dois períodos e o agente consome exatamente sua produção. Com os valores dos parâmetros , e , temos: Dessa forma, podemos modificar o problema original para acomodar essa nova configuração. A dotação inicial pode ser substituída por uma dotação de recebida no tempo 0 e uma dotação de recebida no tempo 1. Como o consumidor resolve o problema no tempo 0, a sua dotação será de: Portanto, temos as demandas: Para que os consumos sejam iguais, temos que ter: Com , temos: Podemos separar as decisões de consumo e de produção nesse problema, porque os problemas de maximização de utilidade e de maximização de lucro dependem, cada um, de um conjunto de parâmetros (variáveis sobre as quais o consumidor não possui controle) que não aparecem no outro problema. É possível verificar isso pela derivação total das CPOs de cada problema e pela reorganização dessas equações em forma matricial. Questão 5 Considere o problema de maximização de utilidade da questão 4. Como você imagina que ele poderia ser estendido para um problema de três períodos (tempo 0, tempo 1 e tempo 2)? Escreva a função utilidade e a restrição orçamentária e resolva o problema de consumidor. Essa questão teria que fornecer a preferência do consumidor para o consumo intertemporal com 3 períodos; sem essa definição, não se pode montar o problema do consumidor. Suponha então que a utilidade do consumidor em cada período seja dada por . Então temos: onde é o consumo no tempo 2. Com uma taxa de juros de , a restrição orçamentária em valores presentes será: Portanto, o problema do consumidor será: Como no problema 5, é possível adaptar esse problema de modo a entendê-lo como o da maximização de uma função Cobb-Douglas. Se fizermos as transformações: , , , então teremos as soluções padrão: Questão 6 (a) Um consumidor, que começou como emprestador, continua a ser emprestador mesmo após um declínio da taxa de juros. Como estará a situação deste consumidor após a variação dos juros: melhor ou pior? Justifique. Se o indivíduo é emprestador, isso significa que ele é vendedor líquido de dinheiro. Assim, o aumento do preço desse bem (taxa de juros) faria com que ele permanecesse nessa situação de vendedor líquido. Porém, ocorre declínio da taxa de juros, e o indivíduo poderia ainda ser emprestador (vendedor líquido) e seu bem-estar piorar, ou tornar-se tomador, e seu bem- estar melhorar ou piorar. Como sabemos que ele continua sendo emprestador, seu bem-estar piorará. b) E se o consumidor tornar-se tomador de empréstimos após a variação, ficará em melhor ou pior situação? Justifique. Conforme descrito em (a), a partir do declínio da taxa de juros, o indivíduo poderia ainda ser emprestador (vendedor líquido) e seu bem-estar piorar, ou tornar-se tomador, e seu bem- estar melhorar ou piorar. Como sabemos agora que ele se torna tomador, a direção de seu bem-estar é indefinida. Questão 7 Suponha que um consumidor escolha a trajetória ótima de consumo de uma dada cesta de bens. e representam o consumo no presente e no futuro, respectivamente. Considere a taxa de inflação igual a zero e nenhuma variação de preço relativo em cada cesta. Admita também que a preferência intertemporal de consumo seja dada pela função utilidade: Onde . O consumidor possui dotação dada pelo fluxo de renda e . a) Como seria possível trocar consumo presente por consumo futuro? Qual é o papel da intermediação financeira? A troca de consumo presente por consumo futuro poderia ser realizada pela formação de poupança (despoupança) no presente, ou seja, pelo consumo presente menor do que a dotação no presente (consumo presente maior do que a dotação no presente) para financiar um consumo futuro maior do que a dotação futura (financiado pelo consumo menor no futuro). Tal possibilidade de escolha intertemporal só é possível através da intermediação financeira. b) A função de utilidade é homotética? Calcularemos a expressão da e veremos se ela depende da razão dos bens e . Observamos que a depende da razão entre os bens (pois o termo é constante). Assim, a função de utilidade é homotética. c) Encontre as condições para que o consumidor maximize sua função utilidade intertemporal? Interprete-as. O indivíduo deve maximizar sua função utilidade sujeito à restrição orçamentária intertemporal: A restrição orçamentária intertemporal pode ser reescrita como: E, assim, podemos introduzir essa expressão na função utilidade de modo a ter o problema irrestrito e com uma única variável de escolha: Assim, a condição de 1a ordem será: Isolando : d) Calcule a TMS em e num ponto genérico. Qual o significado de ? Conforme já realizado anteriormente: Observamos que o termo multiplica a razão entre o consumo dos bens. Assim, o parâmetro (chamado de taxa de desconto intertemporal) mede o quanto que o indivíduo está disposto a trocar consumo presente por consumo futuro. Questão 8 Sobre consumo intertemporal, responda: a) à medida que a taxa de juros aumenta, a restrição orçamentária intertemporal torna-se mais íngreme ou mais plana? Inicialmente, a restrição orçamentária intertemporal para consumo presente ( ) e consumo futuro ( ) e dotações presentes e futuras ( ) é: Assim, também pode ser reescrita como: Nessa expressão podemos perceber que se a restrição orçamentária intertemporal for desenhada no plano ( ) ela será uma reta com inclinação: Assim, vemos que um aumento das taxa de juros deixará a restrição orçamentária intertemporal mais íngreme. b) Qual é o significado da taxa de juros real?