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Artigo: "O surgimento da ciência econômica e o papel do economista"
 Contribuição de Eduardo José Monteiro da Costa
02 de April de 2012
Hoje o Economista, muitas vezes visto como o profissional das crises, destaca-se no mundo global e instantâneo
contemporâneo por sua formação holística. É ao mesmo tempo técnico e Cientista Social. Domina matemática, estatística e
econometria tão bem quanto transita pela história, geografia, filosofia, sociologia e política. Vai da dimensão temporal para
a espacial com extrema facilidade. Enxerga o global sem perder o olho do particular, e o particular com uma perspectiva
global. Discute e interage com questões gerais tão bem quanto é pragmático na resolução de problemas específicos. Atua
no setor privado, público ou terceiro setor. É conhecido por ser o profissional da prosperidade, seja no âmbito micro,
quando procura melhorar o desempenho das empresas, ou no âmbito macro, quando procura interferir na economia
nacional e mundial com objetivo de acelerar o crescimento econômico sustentado. 
Os livros clássicos de introdução a economia apresentam que a etimologia da palavra economia deriva do grego
oikonomia, na qual oiko significa casa, propriedade, riqueza ou fortuna, e nomos significa regra, lei, organização ou até
mesmo gestão. Neste sentido, na Grécia Antiga a economia era o ramo do conhecimento que cuidava da administração
da comunidade doméstica, indo desde aspectos micro relacionados ao oikos até aspectos macro relacionados à Pólis
(cidade, campo ou território). Convém ressaltar, entretanto, em que pese alguns poucos autores insistirem que
Xenofontes (430-355 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) teriam sido os autores seminais desta ciência, que na Grécia
Antiga não havia um estudo sistemático que observasse princípios autônomos neste ramo do conhecimento. A economia
era apenas um campo do conhecimento integrante da “Ciência mãe”, a filosofia, estando integrada a um
arranjo social e político mais amplo da qual não podia ser dissociada. 
Um estudo mais aprofundado sobre a etimologia da palavra economista nos revela que ela deriva do latim oeconomus e
esta do grego oikonomo, significando literalmente servo, mordomo ou dispensador, podendo ser entendida no sentido
mais usual da época como o administrador de uma grande propriedade ou de uma instituição pública ou particular. Ou
seja, em seus primórdios, na Grécia Antiga, o economista era claramente um servidor público, entendido este como
aquele que serve aos outros ou a coisa pública. Esta visão mais de mil anos depois pode ainda ser encontrada em São
Tomaz de Aquino (1225-1274), um clássico teólogo e filósofo da Idade Média que denominava de economos quem
administrava bens, rendas e despesas do lar ou, como ele mais usualmente utilizava, monastérios. 
No ano de 1615 um autor mercantilista francês denominado Antoine de Montchrétien (1575-1621) publicou a obra
Tratado de Economia Política na qual pela primeira vez a expressão Economia Política aparece. Esta obra é simbólica na
medida em que com ela pode-se perceber que a economia passa a figurar para os autores mercantilistas como um
campo do conhecimento relacionado à gestão do Estado, inclusa, portanto, no campo de interesse das Ciências Políticas,
sobrepujando desta forma as demais visões que denominavam este campo do conhecimento de
“Crematística” ou “Catalactica”, palavras derivadas do grego khrema e katallactein que
significam respectivamente Ciência da Riqueza e Ciência das Trocas. 
Em 1755 foi publicada post-mortem a obra Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral do irlandês residente na
França Richard de Cantilon (1680-1734), escrita ainda na década de 1730. A obra de Richard de Cantilon permaneceu
obscura até por volta de 1880 quando William Stanley Jevons (1835-1882), um renomado economista da Escola
Neoclássica, deu os devidos créditos ao ineditismo deste livro destacando-o como a mais metódica e completa
formulação econômica anterior a Adam Smith, chamando o autor inclusive de primeiro economista político. De fato é
indiscutível a influencia que as idéias de Cantilon tiveram sobre as formulações da Escola Clássica, a começar por Adam
Smith, e da Escola Fisiocrata, com destaque para a teoria dos salários relativos, a visão circular da renda, a teoria do
valor da terra, o papel dos metais preciosos na economia internacional e a relação entre moeda e inflação. 
Outra data importante para a história desta ciência é o ano de 1758 quando o autor fisiocrata francês François Quesnay
publicou o tratado Tabela Econômica mostrando pela primeira vez que a atividade produtiva funcionava a partir de uma
lógica sistêmica, com a economia nacional sendo formada por conjuntos interdependentes (agricultura, indústria e
comércio) articulados pela formação, distribuição e consumo das riquezas. 
Entretanto, o surgimento formal da Ciência Econômica é atribuído ao lançamento do livro Um Inquérito sobre a Natureza
e as Causas das Riquezas das Nações do filósofo escocês Adam Smith no ano de 1776, obra que estabeleceu a
economia como ramo do conhecimento independente da Filosofia e da Ciência Política. Nesta obra Smith construiu um
modelo abstrato e relativamente coerente da natureza, estrutura e funcionamento do sistema capitalista, no qual havia
Conselho Federal de Economia
http://www.cofecon.org.br Fornecido por Joomla! Produzido em: 27 October, 2012, 09:00
importantes ligações entre as principais classes sociais, os vários setores da produção, circulação e distribuição, riqueza e
renda, comércio, moeda, formação dos preços e dinâmica de crescimento econômico. Este sistema, para Smith, poderia ser
explicado por sua própria lógica interna. 
Sua formulação teórica foi o reflexo de três progênies. Em primeiro lugar foi enfaticamente influenciada pelo ambiente da
Grã-Bretanha nos idos da Revolução Industrial, aonde a visão de mundo anteriormente apregoada iria ruir em prol de uma
nova sociedade regulada pelo e para o mercado. O segundo pilar estrutural de sua análise fundamentava-se no
pensamento sociológico influenciado diretamente pela doutrina do individualismo através do pensamento de Thomas
Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), Anthony Ashley-Cooper – Terceiro Conde de Shaftesbury
– (1671-1713), Francis Hutcheson (1694-1746), BernardMandeville (1670-1733) e David Hume (1711-1776). A
terceira fonte de influência foi o iluminismo, mais especificamente a concepção de “ordem natural” das
coisas, importando a idéia de que o mundo é regido por “leis naturais” como arquitetada por Isaak
Newton (1643-1727) para as ciências naturais. Tal fenômeno filosófico derivou-se, fundamentalmente, do surgimento na
Europa do racionalismo embutido nos ideais iluministas no qual o homem começou a buscar explicações racionais para os
acontecimentos, suplantando a idéia de “ordem natural”. Assim, influenciada pela filosofia das luzes, a
sociedade passava de uma visão de mundo teocêntrica para outra racional, visando transpor leis comportamentais do
mundo físico para o âmbito do social, dando início à Economia Política como disciplina autônoma na qual a preocupação com a
“lei natural” pressupunha a identificação de um princípio unificador que reduzisse todos os fenômenos da vida
econômica a um sistema inteligível e coerente. 
Não há dúvida que a obra de Smith apresenta um conjunto teórico mais amadurecido e consistente que os seus
antecessores, mas a alcunha de “Pai da Economia” certamente só lhe foi outorgada pelo fato do autor de A
Riqueza das Nações ter participado do movimento das luzes, ter escrito na língua inglesa e em um período de intensas
transformações pelo qual passava a Grã-Bretanha, posteriormente batizado de Revolução Industrial, no qual se tornava
fundamental a formulação de modelos teóricos de referência que permitissema explicação dos fenômenos econômicos e
sociais. Assim, a partir de Adam Smith a economia passou a estudar a formação, distribuição e consumo das riquezas com
base em modelos econômicos autônomos, estando este desiderato muito claro nas formulações de autores clássicos como
Thomas Robert Malthus (1766-1834), John Stuart Mill (1806-1873), David Ricardo (1772-1823) e Jean Baptiste Say
(1767-1832). 
Hoje o Economista, muitas vezes visto como o profissional das crises, destaca-se no mundo global e instantâneo
contemporâneo por sua formação holística. É ao mesmo tempo técnico e Cientista Social. Domina matemática, estatística e
econometria tão bem quanto transita pela história, geografia, filosofia, sociologia e política. Vai da dimensão temporal para
a espacial com extrema facilidade. Enxerga o global sem perder o olho do particular, e o particular com uma perspectiva
global. Discute e interage com questões gerais tão bem quanto é pragmático na resolução de problemas específicos. Atua
no setor privado, público ou terceiro setor. É conhecido por ser o profissional da prosperidade, seja no âmbito micro,
quando procura melhorar o desempenho das empresas, ou no âmbito macro, quando procura interferir na economia
nacional e mundial com objetivo de acelerar o crescimento econômico sustentado. Entretanto, engana-se quem pensa
que o Economista é apenas um profissional da riqueza, do dinheiro. Acima de tudo o Economista é o profissional do
bem-estar social. É um interprete da sociedade que se coloca também como importante agente de transformação da própria
sociedade. Pensa, desta forma, caminhos e alternativas de desenvolvimento de modo que as condições de vida da
sociedade como um todo melhorem. É o profissional que busca a prosperidade, mas não perde o foco da pobreza, da
miséria e do meio-ambiente. Pelo contrário, busca construir uma sociedade mais justa e igualitária, na qual todos
tenham acesso às condições básicas de humanização e desenvolvimento. É um profissional que pensa o abstrato sem
perder a sensibilidade do concreto. Ou seja, ser Economista não é para qualquer um, é fundamental a existência de
uma vocação para o exercício da profissão. É uma atividade profissional das mais difíceis. E a sociedade como um todo
precisa deste profissional. 
____________________________
(*) Economista paraense, doutor em economia aplicada (Unicamp), professor adjunto da UFPA e conselheiro federal.
Blog: http://eduardojmcosta.blogspot.com 
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