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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Prof. Nelson Meirim Coutinho HIDROGEOLOGIA A Hidrogeologia é o ramo da Geologia que estuda a interrelação entre os materiais geológicos e a água. Estuda a ocorrência, distribuição, movimento e composição da água nas rochas. Hidrogeólogo: pesquisa de água subterrânea como recurso, estudos de contaminação, proteção e remediação de mananciais, solução de problemas de engenharia (estabilidade de taludes, túneis, barragens, escavações) e estudos ambientais. Distribuição de Água na Terra Distribuição de Água na Terra A água subterrânea corresponde a 22% do total das águas continentais A água superficial doce (rios e lagos) corresponde apenas a 0,3% deste total Se descontarmos as calotas polares e geleiras, 96,5% das águas continentais aproveitáveis correspondem à água subterrânea contra apenas 1,3% de água doce superficial Alguns aspectos relacionados à utilização de água subterrânea Qualidade superior, muitas vezes dispensando tratamento; Menor risco de contaminação acidental; Maior facilidade e menor custo de captação; Uma vez contaminada, implica em altos custos para remediação; Mananciais superficiais e subterrâneos estão naturalmente integrados através do Ciclo Hidrológico; Recomenda-se um gerenciamento integrado dos recursos superficiais e subterrâneos. O Ciclo Hidrológico Circulação permanente da água entre os oceanos, a atmosfera e os continentes: Evaporação dos oceanos e corpos d’água superficiais. Precipitação: de volta aos oceanos e corpos d’água sobre os continentes: Armazenamento na superfície como gelo, neve ou depressões formando poças Escoamento superficial até um canal, rio, lago e de volta para o mar Infiltração através dos solos porosos formando a zona de água do solo (zona de raízes das plantas) Armazenamento como água subterrânea fluindo até uma área de descarga como fontes, rios, lagos e oceanos Estimativa do ciclo global da água e seus reservatórios A proporção entre os volumes das três esferas representadas na figura corresponde à dos volumes de água contidos nos continentes, nos oceanos e na atmosfera. As setas indicam a troca de água entre eles. Distribuição da água no planeta e os tempos de residência em seus principais reservatórios Ocorrência de água no subsolo Comportamento da água nos poros em cada zona do perfil de solo franja capilar zona intermediária zona de umidade Componentes do Ciclo Hidrológico Evaporação Transpiração Evapotranspiração Precipitação Interceptação Infiltração Escoamento Superficial Fluxo Subterrâneo Classificação das plantas -segundo a forma de captação de água- Freatófitas – retiram água diretamente do lençol freático. Ex: palmeiras, eucalipto. Mesófitas – retiram água da zona intermediária do solo. Ex: arbustos, carvalho, oiti, pinheiros, leguminosas. Xerófitas – retiram água da zona de umidade do solo. Ex: cactus, plantas com folhas carnudas. Hidrófitas – plantas aquáticas. Freatófitas e Xerófitas Mesófitas e Hidrófitas Bacia hidrográfica ou de drenagem Bacia Hidrográfica ou Bacia de Drenagem é uma área topograficamente definida, drenada por uma rede de rios e/ou riachos, de tal modo que todo o deflúvio é escoado através de uma única saída. Deflúvio ou “Runoff” O deflúvio, ou “runoff”, em uma bacia hidrográfica corresponde à quantidade total de água que flui no rio ou canal na sua saída, sendo composto pelo escoamento superficial, o fluxo hipodérmico e o fluxo subterrâneo. Deflúvio Escoamento superficial, ou “overflow”, é o escoamento que ocorre diretamente sobre a superfície do solo. Fluxo hipodérmico, ou “interflow”, é o fluxo subsuperficial que ocorre quando há um evento de chuva intenso, concentrado sobre uma camada fina de material de menor permeabilidade, abaixo da superfície do terreno. É considerado como parte do escoamento superficial Fluxo subterrâneo ou fluxo de base de uma bacia hidrográfica: é o objeto do curso de Hidrogeologia Relação entre o escoamento em canais e o fluxo subterrâneo Dependendo do regime de fluxo e da geologia, os cursos d’água podem ser classificados, de acordo com a sua interação com o lençol freático, em: Influente: o rio fornece água ao lençol Efluente: o rio recebe água do lençol Intermitente: fornece água ao lençol durante a estação chuvosa, quando ocorre escoamento superficial Hidraulicamente isolado: não há interação entre o rio e o lençol Rio influente Rio efluente Rio intermitente Rio hidraulicamente isolado Variação da relação de acordo com a estação (em função da capacidade de infiltração dos terrenos drenados pelo rio) Infiltração lenta Solos com baixa capacidade de infiltração Infiltração rápida Solos com alta capacidade de infiltração Fonte: Teixeira, W. et. al., Decifrando a Terra Rio Efluente e Influente Observação Em uma bacia hidrográfica, a heterogeneidade dos solos na superfície e a distribuição irregular das chuvas no tempo e no espaço levam a uma grande variação na resposta do solo quanto à infiltração. Algumas áreas contribuem significativamente para o escoamento superficial e outras pouco ou nada contribuem. Resumo do Ciclo Hidrológico TIPOS DE AQUÍFEROS Classificação das unidades geológicas quanto à ocorrência de água subterrânea Aquífero: unidade saturada, permeável, com capacidade de transmitir quantidades de água economicamente viáveis para exploração por poços ou em fontes na superfície; Aquitardo: unidade que pode armazenar água e transmitir lentamente de um para outro aqüífero, mas não é capaz de transmitir quantidades economicamente viáveis para fontes e poços de exploração Aquicludo:unidade que pode armazenar mas é incapaz de transmitir água; forma limites superior e/ou inferior de um sistema de fluxo de água subterrânea; Aquifugo: unidade impermeável, incapaz de armazenar ou de transmitir água. Aquífero livre ou freático Aquífero confinado ou artesiano Foto: Poço Violeto – Sudoeste do Piauí Feitosa, F. A. C. – 1989 Caracterização do aquífero pela tipo de porosidade Obs.: no jargão hidrogeológico, um aquífero poroso corresponde a um aquífero com porosidade intergranular, chamado simplesmente granular. A rigor todos os aquíferos são porosos, seja esta porosidade primária ou secundária Intergranular Fraturado Geologia e Ocorrência de Água Subterrânea Controle litológico: Composição mineral Granulometria/porosidade Arranjo geométrico dos grãos Controle estratigráfico: Relações geométricas e de idade Intercalações/interdigitações Variações faciológicas Controle estrutural: Propriedades geométricas dos sistemas geológicos Deformações após sedimentação ou cristalização Descontinuidades Controle Litológico – Rochas Sedimentares Sedimentos:porosidade primária e secundária: Depósitos inconsolidados: ausência de cimentação. Dependendo da granulometria rendem excelentes aquíferos Rochas sedimentares litificadas – presença de cimentação reduz a porosidade. Fraturamento é extremamente importante Inconsolidados Depósitos aluviais Fluviais: rios anastomosados e meandrantes Leques aluviais: Vales tectônicos e depósitos de piemonte Depósitos glaciais: Till arenoso e depósitos flúvio-glaciais (aquíferos); till siltoso/argiloso (aquitardos) Cont... Depósitos eólicos Textura uniforme= alta porosidade Dunas – bons aquíferos Depósitos siltosos (loess)= geralmente aquitardos porosidade secundária vai determinar a potencialidade aqüífera: fraturas, canais de raízes, bioturbação. Rochas Sedimentares: Clásticas Melhores aquíferos:arenitos. Ambientes de deposição: Planícies de inundação, ambientes marinhos, deltas, ambientes eólicos. Folhelhos, argilitos e siltitos formam aquítardos Precipitação química Rochas carbonáticas Porosidade primária baixa (cimentação) Porosidade secundária: fraturas e planos de acamamento. Aberturas através de dissolução São particularmente importantes: áreas de dobramentos, aberturas por dissolução associadas à cristas de anticlinais Depósitos fluviaisControle Estratigráfico Relações entre aquíferos e aquitardos Variação de propriedades hidráulicas (livre, confinado) Interdigitações Níveis d’água suspensos Inconformidades – níveis guia para aquíferos Fraturas e falhas: zonas de interseção, fraturas suborizontais Barreiras de fluxo x Conduites (dependendo do preenchimento) Falhas inversas podem ocasionar condições de artesianismo Dobras: Acúmulo de água nos sinclinais Condições de artesianismo Recarga em anticlinais Controle Estrutural Lentes de baixa permeabilidade formando níveis d’água suspensos Lente permeável formando um aquífero restrito Artesianismo causado por interdigitações Inconformidades Dissolução em rochas carbonáticas Artesianismo associado a anticlinais Recarga de um aquífero confinado através de fraturas da camada sobrejacente Falhas: barreiras x conduítes Artesianismo associado à falha inversa Rochas ígneas e metamórficas Porosidade primária baixa (até 2%) Porosidade secundária: fraturas, falhas e intemperismo Permeabilidade diminui com o aumento da profundidade Juntas de alívio – muito importantes Locais preferenciais de acúmulo de água subterrânea: Vales e ravinas>planaltos > taludes> cristas de montanhas Rochas vulcânicas: podem ter porosidade alta- juntas de resfriamento, vesículas, canais formados por escapamento de gases, moldes de árvores, etc. Permeabilidade maior na direção dos fluxos de lava Cinzas, diques e sills intrusivos: permeabilidade muito baixa Rochas intemperizadas – espessura do manto significativa – são bons aqüíferos, dependendo do teor de argila do material Intrusões – provocam mudanças no padrão de fluxo devido a permeabilidades contrastantes Diques Nascentes Reservatório Volume (km3 x 1.000.000) % em relação ao volume total Tempo médio de residência Umidade do solo 0,017 0,001 1 a 2 meses Permafrost e gelo no solo 0,300 0,022 10 a 10.000 anos Áreas pantanosas 0,011 0,0008 1 a 10 anos Lagos de água doce 0,091 0,007 50 a 100 anos Lagos salgados e mares interiores 0,085 0,006 Rios 0,002 0,0002 Poucos dias a 6 meses Água subterrânea rasa 23,4 1,7 100 a 200 anos Água subterrânea profunda 10.000 anos Geleiras e capas de gelo 24,1 1,74 20 a 10.000 anos Atmosfera 0,013 0,001 Cerca de 8 dias Oceanos 1,338 96,5 3.200 anos Biosfera 0,001 0,0001 6 dias TOTAL 1,386 100