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30/07/12 Marcelo Camara 1/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 Fundamentos de Direito Empresarial - Unidade 8 – Títulos de Crédito: Unidade 8 – Títulos de Crédito: 8.1- Introdução: Ao f inal você será capaz de: -definir o conceito e características dos títulos de crédito; -enumerar os atributos dos títulos de créditos; -identificar os agentes cambiários atuantes nas relações cambiárias; -diferenciar os instrumentos cambiários nas diversas modalidades de títulos de crédito. - o significado de Direito Cambiário. Além disso, você poderá observar como foram criadas as casas de câmbio, o surgimento do papel como instrumento de pagamento e como é a sua relação creditícia na atualidade. Você verá que esse instrumento está inserido nas relações jurídicas contemporâneas, quer no contexto empresarial, ou no mundo extra negocial. Verif icaremos, também, como resolver questões práticas que invadem o dia-a-dia das empresas e das pessoas, como: O que fazer quando um cheque volta sem provisão de fundos? Por quanto tempo uma pessoa pode executar uma nota promissora não paga? A empresa pode se recusar a pagar uma duplicata? Esses e outros questionamentos contribuíram para que o Direito disciplinasse normas de uniformização das relações cambiárias, que vão desde a legislação aplicada, atributos e características dos títulos, até o estudo de instrumentos cambiários que tramitam ao redor da cártula, com objetivo de fornecer segurança nas relações jurídicas. Dentre eles, é imprescindível o exame do endosso e seus desdobramentos jurídicos, bem com do aceite e aval cambiário. Você poderá perceber que não se pode fugir da apreciação de instrumentos mais agressivos e utilizados quando – lamentavelmente – o crédito não é honrado no vencimento pactuado, que é o caso do protesto e do processo de execução do título, medidas coercitivas implementadas pela lei. A proposta é descrever e identif icar os atributos, características e institutos cambiários dos títulos de crédito. 8.2.Conceito: 30/07/12 Marcelo Camara 2/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 8.2.Conceito: Seu conceito clássico foi trazido pelo professor e jurista Cesare Vivante, que afirma “ser o título de crédito todo documento necessário para o exercício de um direito literal e autônomo nele contido”. 8.2.1-Características: Título de Crédito é todo documento que o portador necessita ter em mãos para poder exigir ou provar o seu direito de crédito contra aquele que assinou o título, dentro dos limites dos valores, datas e segurança de vícios contidos nesse título. 8.2.2- Atributos: Os atributos do Título de Crédito são: -Literalidade- Somente será considerado o que nele estiver escrito; -Cartularidade- É o documento por uma cártula (papel). Para o possuidor exercitar os direitos decorrentes do crédito, é necessária sua apresentação; - Autonomia- Representa uma independência nas relações obrigacionais que se f irmam no próprio título. 8.3. Instrumentos cambiais: 8.3.1. Quanto ao modelo: Livres: não existe um padrão definido para sua confecção, podendo ser emitidos de forma livre, observados os requisitos da lei. Exemplos: nota promissória e letra de câmbio. Vinculados: a lei atribuiu um padrão específ ico, não permitindo sua livre confecção. Exemplos: cheque e duplicata. 8.3.2. Quanto à circulação: Ao portador: títulos em que o emitente não identif ica seu beneficiário. Estão praticamente abolidos desde o início dos anos 90. Nominativos: títulos em que o emitente identif ica o beneficiário, registrando-o em livro próprio. Exemplo: ações nominativas das S/A. À ordem: títulos passíveis de endosso, em branco (lança-se a assinatura sem indicar a favor de quem se endossa) ou em preto (endosso com indicação do nome do beneficiário). 30/07/12 Marcelo Camara 3/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 8.3.3. Quanto à emissão: Não causais: títulos cuja criação independe de uma origem específ ica. Exemplos: nota promissória e cheque. Causais: necessitam de uma origem para sua criação. Exemplo: duplicata mercantil. 8.3.4. Quanto à estrutura: Promessa de Pagamento: o título apresenta duas relações jurídicas, o emitente – sacador – e o beneficiário – tomador. Exemplo: nota promissória. 8.4 Agentes Cambiários: São as pessoas envolvidas nas relações cambiárias que, de acordo com a sua posição, apresentam direitos e obrigações diferenciadas. Sacador – aquele titular que emite o título de crédito. Sacado - quem é indicado a pagar o título. Aceitante – o sacado que aceita a indicação de pagar o título. Avalista – terceiro que garante o pagamento daquele obrigado a pagar o título. Endossante – aquele que transfere os direitos contidos no título para um endossatário. Beneficiário (ou tomador) – aquele que recebe a quantia estabelecida no título. 8.5 - Conheça os Institutos Cambiários: Aceite – A letra de câmbio é uma ordem de pagamento dada pelo sacador em face no sacado. E este não é obrigado a obedecer à ordem contra sua vontade; somente após o ato do aceite o sacado estará vinculado ao cumprimento da obrigação cambial. Endosso – É o ato cambial pelo qual o credor de um título de crédito com cláusula “à ordem” transfere seus direitos a uma terceira pessoa. Dessa forma, produzem-se dois efeitos: transferência e coobrigação. O endosso pode ser em branco ou em preto, devendo ser puro e simples, sendo nulo o endosso parcial (art. 12, LU). Cessão de crédito – O portador do título cambial pode não permitir sua circulação por endosso, inserindo, assim, cláusula “não à ordem”. Com tudo, o título ainda poderá circular, utilizando-se da cessão civil, em que o cedente transfere o crédito a um terceiro, o cessionário. Aval – É o ato cambial pelo qual o avalista se compromete a garantir o pagamento do título de crédito em favor do avalizado. Ao contrário do endosso o aval pode ser total ou parcial, isto é, o avalista garante o pagamento de toda a importância avalizada ou apenas de uma parte. Vencimento – É o ato cambial pelo qual se opera a exigibilidade da letra, podendo ocorre: à vista – quando o sacado recebe o título, devendo honrar, imediatamente a obrigação; a certo termo da data – o vencimento começará a ser contado da emissão da letra; a certo termo da vista – o prazo para contagem do vencimento ocorrerá somente a partir do visto ou do aceite do sacado; 30/07/12 Marcelo Camara 4/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 a dia certo – quando as partes estipulam um dia certo e determinado para seu vencimento. A falta ou recusa de aceite, a falência do sacado ou a falência do aceitante poderão ensejar seu vencimento por antecipação. Protesto – É o ato solene e formal pelo qual se comprova o descumprimento de uma obrigação. Encontra-se regulado pela Lei 9.492/97. Os prazos para protesto da letra de câmbio poderão variar conforme a obrigação assumida pelo devedor: por falta de aceite – a letra deve ser entregue a protesto f indo o prazo de apresentação para aceite, ou no dia seguinte, se o sacado a recebeu para aceite; por falta de pagamento – a letra deve ser apresentada a protesto no prazo de dois dias úteis após seu vencimento. 8.6- Ação cambial e prescrição: A ação cambial é um meio processual pelo o qual o credor visa a satisfazer os direitos decorrentes de um título. O portador da letra deverá ingressar com a ação cambial em tempo hábil, sob pena de supressão do direito pelo decurso do tempo. Assim, o prazo prescricional será: contra o aceitante e seu avalista, de três anos a contar do vencimento; contra os endossantese seus avalistas e contra o sacador, de um ano, a contar do protesto; dos endossantes, uns contra os outros, e contra o sacador, de seis meses, a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado. 8.7.Modalidades de Títulos de Crédito: 8.7.1.Letra de Câmbio: É regulada pela Lei 57.663/66 e parcialmente pelo Decreto 2.044/08 (Lei Uniforme). São partes da letra de câmbio: Sacador – aquele que dá a ordem para pagamento; Sacado – a quem a ordem é dirigida e Tomador – o beneficiário da ordem. 8.7.2.Nota Promissória: Quando emitida, enseja duas relações jurídicas: emitente ou sacador – aquele que se compromete a pagar; beneficiário ou tomador – aquele a quem assiste o direito de receber. Aplica-se à nota promissória a legislação da letra de câmbio no que couber. Prazos para a apresentação – A letra deve ser apresentada a protesto no prazo de dois dias úteis após seu vencimento. A inobservância do prazo acarretará a perda do direito contra os coobrigados, endossantes e seus avalistas. 30/07/12 Marcelo Camara 5/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 Ação cambial e prescrição – O prazo prescricional para a propositura da a ação cambial da nota promissória será: contra o emitente e seu avalista, de três ano, a contar do vencimento; contra os endossante e seus avalistas de um ano, a contar do protesto; dos endossante, uns contra aos outros, e contra o emitente, de seis meses, a contar do dia em que o endossante pagou a nota. 8.7.3.Cheque Previsto na Lei 7.357/85 (Lei do Cheque), estabelece as seguintes relações jurídicas: sacador ou emitente – aquele que dá a ordem; sacado ou banco – a quem a ordem é dirigida; tomador ou portador – o beneficiário da ordem. Aceite – O cheque não admite aceite, apesar de uma ordem de pagamento, uma vez que o banco (sacado) não é o devedor da relação jurídica. Endosso – Assim como na letra de câmbio e na nota promissória, o cheque admite endosso e produz os mesmos efeitos já vistos. Aval – O pagamento do cheque pode ser garantido no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro exceto o sacado ou o mesmo pelo signatário do título. Modalidades: Cheque visado – O sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lança e assina, no verso do título, visto, certif icado ou declaração de suficiência de fundos para f ins de liquidação (só pode ser emitido de forma nominativa e não endossável – art. 7º, LC); Cheque Administrativo - é emitido pelo próprio sacado para liquidação em uma de sua agências; cheque cruzado – tem dois traços transversais e paralelos no anverso do título ( art. 44, LC); cheque para se levar em conta – o emitente ou portador legitimado proíbe o pagamento do título em dinheiro, mediante inscrição transversal, no verso do título da cláusula “para se creditado em conta”, ou outra equivalente. Prazo para apresentação - O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de trinta dias, quando emitido na mesma praça, e sessenta dias, quando emitido em praça diversa no exterior. Prazos para protesto – O cheque deverá ser apresentado para protesto a cartório no prazo de 30 dias, a contar da emissão, quando emitido na mesma praça, e 60 dias, em praça diversa. Ação cambial e prescrição – A ação de execução do cheque prescreve em seis meses, contados da expiração do prazo de apresentação (art. 59, LC). Por sua vez, a ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra o outro prescreve em seis meses, contados do dia em que o obrigado efetuou o pagamento ou do dia em que foi acionado. OBS: Alíneas para devolução de cheques Anexo 1: 8.7.4.Duplicata 30/07/12 Marcelo Camara 6/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 Regulada pela Lei 5.474/68 (Lei das Duplicatas), é um título causal, pois só pode ser emitida para documentar uma compra e venda mercantil ou uma prestação de serviço. Representa uma ordem de pagamento que estabelece as seguintes relações jurídicas: sacador ou vendedor; sacado ou comprador; tomador ou vendedor. Aceite – A duplicata deverá ser enviada ao sacado para aceite, reconhecendo a exatidão das informações e da obrigação de pagar. O aceite é obrigatório; o devedor se obriga ao pagamento ainda que não assine a letra. O prazo para remessa da duplicata será de 30 dias, contados da emissão, quando emitida pelo próprio sacador. O comprador poderá liberar-se da obrigação de aceitar somente nas hipóteses previstas no art. 8º da LD: avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Endosso – A duplicata circula livremente, isto é, admite endosso e produz os mesmos efeitos da legislação cambiária. Aval – O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo avalista equiparado àquele cujo nome indicar. Prazo para protesto – A duplicata será entregue a cartório para protesto dentro de 30 dias, a contar de seu vencimento. A duplicata é protestável por: falta de aceite; falta de devolução; falta de pagamento. O protesto será tirado conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata ou por simples indicações do portador, na falta de devolução. Caso o portador não tire o protesto da duplicata em forma regular e dentro de 30 dias, contados da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas (art. 13, § 4º, LD). Duplicata de prestação de serviço – Os prestadores de serviços poderão emitir fatura e duplicata para documentar as obrigações assumidas entre o sacador e o sacado Se quiser saber mais sobre o tema desta aula no site Valor Econômico – Os três anos da cédula de crédito bancário. Endereço eletrônico: http://w w w .via6.com/topico.php?tid=125833. 8.8. Anexo 1: MOTIVOS DE DEVOLUÇÃO DE CHEQUES NA CENTRALIZADORA DA COMPENSAÇÃO DE CHEQUES E OUTROS PAPÉIS (COMPE) MOTIVO BASE REGULAMENTAR TAXA DESCRIÇÃO A SER PAGA PELO insuficiência de fundos - 1ª apresentação Anexo à Res. 1.682, art. 6º insuficiência de fundos - 2ª apresentação Anexo à Res. 1.682, arts. 6º, 7º 30/07/12 Marcelo Camara 7/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 arts. 6º, 7º banco sacado, transferível ao cliente emitente conta encerrada Anexo à Res. 1.682, art. 6º prática espúria (Compromisso Pronto Acolhimento) Anexo à Res. 1.682, arts. 6º, 8º e 13; Comunicado 4.014 folha de cheque cancelada por solicitação do correntista Circ. 3.050, art. 1º contra-ordem ou oposição ao pagamento Anexo à Res. 1.682, art. 6º divergência ou insuficiência de assinatura cheques de órgãos da administração federal em desacordo com o Decreto-Lei 200 bloqueio judicial ou determinação do BACEN cancelamento de talonário pelo banco sacado banco sacado inoperância temporária de transporte banco remetente feriado municipal não previsto contra-ordem ou oposição ao pagamento motivada por furto ou roubo Circ. 2.655, art. 1º não há pagamento de taxa falta de confirmação do recebimento do talonário pelo correntista Circ. 2.655, art. 3º banco remetentefurto ou roubo de malotes Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 erro formal de preenchimento Anexo à Res. 1.682, art. 6º banco remetente, transferível ao cliente depositante ausência ou irregularidade na aplicação do carimbo de compensação banco remetente divergência de endosso cheque apresentado por estabelecimento quenão o indicado no cruzamento em preto, sem o endosso- mandato cheque fraudado, emitido sem prévio controle ou responsabilidade do estabelecimento bancário ("cheque universal"), ou ainda com adulteração da praça sacada Anexo à Res. 1.682, art. 6º; Circ. 2.313, art. 4º cheque emitido com mais de um endosso - Lei 9.311/96 Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 banco remetente registro inconsistente - CEL Circ. 2.398, art.15 moeda inválida Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 cheque apresentado a banco que não o sacado Anexo à Res. 1.682, art. 6º cheque não compensável na sessão ou sistema de compensação em que apresentado e o recibo bancário trocado em sessão indevida Anexo à Res. 1.682, art. 6º; Cta.Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 20 cheque devolvido anteriormente pelos motivos 21, 22, 23, 24, 31 e 34, persistindo o motivo de devolução Anexo à Res. 1.682, art. 6º; Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 cheque prescrito Anexo à Res. 1.682, art. 6º cheque emitido por entidade obrigada a emitir Ordem Bancária CR - Comunicação de Remessa cujo cheque correspondente não for entregue no prazo devido Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 CR - Comunicação de Remessa com ausência ou Cta-Circ. 3.173, 30/07/12 Marcelo Camara 8/8www.marcelocamara.adv.br/veraula.php?id=18 CR - Comunicação de Remessa com ausência ou inconsistência de dados obrigatórios Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 cheque de valor superior a R$ 100,00 sem identif icação do beneficiário Circ. 2.444, art.1º remessa nula, caracterizada pela reapresentação de cheque devolvido pelos motivos 12, 13, 14, 20, 25, 35, 43, 44 e 45 Anexo à Res. 1.682, art. 6º; Cta-Circ. 3.173, MNI 03-06-04, item 7 inadimplemento contratual da cooperativa de crédito no acordo de compensação Circ. 3.226, art. 6º, item I contrato de compensação encerrado (cooperativas de crédito) Circ. 3.226, art. 6º, item II Nota 1: Taxa de devolução - Anexo à Resolução 1.682, de 31.1.90, art 14; MNI 03-06-04, anexo à Carta-Circular 3.173, de 28.2.2005, item 29. Nota 2: Taxa de exclusão do CCF - Resolução 1.682, de 31.1.90; Comunicado 4.014, de 30.6.94, f ixa a taxa de exclusão do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF) em R$ 6,82. Nota 3: Banco remetente - é o banco que recebe o cheque em depósito e o remete para a troca na Compe. Nota 4: Banco sacado - é o banco que tem a conta-corrente do cliente emitente do cheque.