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Higiene Industrial 1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA HIGIENE INDUSTRIAL 2 Higiene Industrial Higiene Industrial 3 CURITIBA 2002 HIGIENE INDUSTRIAL ANDRÉ LUIS DA SILVA KAZMIERSKI ANTONIO GRAVENA Equipe Petrobras Petrobras / Abastecimento UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap 4 Higiene Industrial 363.11 Kazmierski, André Luis da Silva. K23 Curso de formação de operadores de refinaria: higiene industrial / André Luis da Silva Kazmierski, Antonio Gravena. - Curitiba : PETROBRAS : UnicenP, 2002. 38 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP. 1. Higiene industrial. 2. Ergonomia. 3. Ruído. I. Título. Higiene Industrial 5 Apresentação É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você. Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife- renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de você e de seu perfil empreendedor. Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria. Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc- nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po- dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da Petrobras. Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na Petrobras. Nome: Cidade: Estado: Unidade: Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo. 6 Higiene Industrial Sumário 1 DIRETRIZES DE HIGIENE INDUSTRIAL ........................................................................ 7 1.1 Histórico ........................................................................................................................ 7 1.1.1 Introdução ........................................................................................................... 7 1.1.2 Conceituação ...................................................................................................... 8 1.1.3 Objetivo .............................................................................................................. 8 1.2 Diretrizes ....................................................................................................................... 8 1.2.1 Da Justificação.................................................................................................... 8 1.2.2 Da Funcionalidade .............................................................................................. 8 1.2.3 Da Informação .................................................................................................... 8 1.2.4 Da Participação ................................................................................................... 8 1.2.5 Da Interação ........................................................................................................ 8 1.3 Conceitos ....................................................................................................................... 8 1.4 Preserve sua Audição .................................................................................................. 17 1.4.1 Uma Excursão no Aparelho Auditivo .............................................................. 18 1.4.2 Ouvido – O Palco da Audição .......................................................................... 18 1.4.3 Uma Atuação Inesquecível ............................................................................... 19 1.4.4 Audiometria – Avaliando a Atuação das Células Ciliadas ............................... 19 1.5 Ruído – A Ameaça Silenciosa... .................................................................................. 19 1.5.1 Ruído – Ameaça antes mesmo do Nascimento ................................................ 20 1.5.2 Protegendo-se do Ruído ................................................................................... 21 1.6 A Legislação Trabalhista Brasileira e o Ruído ............................................................ 22 1.7 Tipos de Radiação ....................................................................................................... 22 1.7.1 Infravermelho ................................................................................................... 23 1.7.2 Ultravioleta ....................................................................................................... 23 1.7.3 Radiação de fundo ............................................................................................ 23 1.7.4 Raios catódicos ................................................................................................. 24 1.7.5 Raio X ............................................................................................................... 24 1.7.6 Radiação de nêutrons ........................................................................................ 24 1.8 PPEOB: Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno ................. 28 1.8.1 Objetivos........................................................................................................... 28 1.8.2 Propriedades toxicológicas ............................................................................... 28 1.8.3 Toxicocinética e toxicodinâmica ...................................................................... 29 1.9 NR 17 – Ergonomia ..................................................................................................... 33 Higiene Industrial 7 1Diretrizes de HigieneIndustrial 1.1 Histórico A relação entre o ambiente de trabalho e seu efeito sobre a saúde do trabalhador é co- nhecida há muito tempo. Entretanto, na anti- guidade, pouco foi feito para proteger os tra- balhadores, pois, normalmente, eram utiliza- dos escravos nos trabalhos mais perigosos. A primeira doença profissional registrada foi a intoxicação por chumbo, no século IV a.C, ob- servada por Hipócrates em mineiros e meta- lúrgicos. No século I, d.C., Pliny, um romano de renome, registrou em uma enciclopédia de ciên- cia natural, os riscos existentes na manipula- ção de enxofre e zinco. Também descreveu uma máscara de proteção, feita de bexiga, usa- da pelos trabalhadores nos serviços de maior exposição à poeira. Em 1473, Ellonberg publicou seu primei- ro livro que tratava das doenças ocupacionais e lesões dos trabalhadores nas minas de ouro. Abordou os sintomas da intoxicação pelo chumbo e mercúrio e sugeriu medidas de con- trole. O primeiro livro considerado como um tra- tado sobre doenças ocupacionais, "De morbis artificum diatriba" (As doenças dos trabalha- dores), foi escrito por RAMAZZINI e publi- cado em 1700. Neste livro, o autor descreve os riscos associados à maioria das profissões de sua época e enfatiza a necessidade do mé- dico conhecer a profissão de seu paciente para melhor poder diagnosticar sua doença. Ape- sar da descrição das doenças profissionais tí- picas de seu tempo, as medidas de controle sugeridas por Ramazzini eram terapêuticas e curativas, em detrimento das medidas preven- tivas, ou seja, de controle no ambiente de tra- balho ou de redução da exposição. A Revolução Industrial trouxe novos ris- cos aos trabalhadores, intensificou aqueles já existentes e aumentou significativamente o número de trabalhadores na indústria. O con- seqüente aumento no número de acidentes e doenças profissionais, fez surgir as primeiras leis trabalhistas, que tratavam, inicialmente, da limitação das jomadas de trabalho e indeniza- ções a serem pagas em caso de acidente. As leis indenizatórias aplicavam-se ape- nas a acidentes de trabalho, porém podiam in- cluir doenças profissionais no caso destas se- rem classificadas como acidentes. No começo do século XX, foi realizada pela Dra. Alice Hamilton, a primeira pesquisa que estudou, inicialmente, o ambiente de tra- balho, com posterior exames médicos nos tra- balhadores, concluindo evidente correlação entre as doenças observadas e a exposição a produtos tóxicos. Em seu trabalho, sugeriu medidas eficazes de controle a fim de elimi- nar as condições insalubres. Com a realização de estudos como o men- cionado anteriormente, as doenças profissio- nais começaram a ser reconhecidas como tais e passaram a ser cobertas pelo seguro de aci- dente de trabalho. Nos Estados Unidos foram criados departamentos estaduais e federais res- ponsáveis por inspecionar as condições dos ambientes de trabalho. Na primeira metade desse século, a importância da manutenção da saúde dos trabalhadores industriais foi sendo cada vez mais reconhecida, o que impulsio- nou o desenvolvimento de uma ciência desig- nada Higiene Industrial. 1.1.1 Introdução A Higiene Industrial será exercida nas companhias, em consonância com a política de Segurança Industrial e com as diretrizes da Diretoria Executiva para as atividades de Se- gurança Industrial, Proteção Ambiental e Saú- de Ocupacional, sob a coordenação da Supe- rintendência de Engenharia de Segurança e do Meio Ambiente (Susema). Em nível departamental, esta coordenação compete ao Asema (Assistente de Engenharia de Segurança e do Meio Ambiente). 8 Higiene Industrial A cada órgão da companhia cabe assumir a responsabilidade de executar programas es- pecíficos que atendam às suas características e necessidades particulares, sob a liderança ativa e continuada do seu gerente de maior ní- vel hierárquico. 1.1.2 Conceituação A Higiene Industrial é o conjunto de ações voltadas para o reconhecimento, a avaliação e o controle dos fatores ambientais e tensões originados do, ou, no local de trabalho que possam causar doença, comprometimento da saúde e do bem-estar ou significativo descon- forto e ineficiência entre os trabalhadores ou membros de uma comunidade de trabalhado- res. Entende-se por trabalhadores os empre- gados, contratados, bolsistas e estagiários. 1.1.3 Objetivo Assegurar aos trabalhadores padrões ade- quados de saúde e bem-estar no ambiente de trabalho. 1.2 Diretrizes 1.2.1 Da Justificação Na seleção de projetos de instalações, de processos ou equipamentos que utilizem ou produzam agentes agressivos, atendidos os parâmetros de economicidade, deve-se optar por aquele que gere o menor nível de exposi- ção dos trabalhadores, obedecendo, no míni- mo, às condições e aos limites estabelecidos na Legislação Brasileira. 1.2.2 Da Funcionalidade As instalações, processos e procedimen- tos existentes devem ser objeto de ações espe- cíficas com o objetivo de reconhecimento e avaliação de agentes agressivos existentes e estabelecimento de medidas de controle. 1.2.3 Da Informação Todo trabalhador deve ser informado quan- to aos riscos aos quais está exposto no desem- penho de suas atribuições, receber instruções quanto aos meios de prevenção e controle, e em relação aos danos que podem ser produzi- dos à sua saúde. 1.2.4 Da Participação Os programas de Higiene Industrial devem ser transparentes quanto aos métodos, resulta- dos e medidas corretivas. Devem criar condições para a participação e desenvolvimento dos tra- balhadores, na aplicação e aprimoramento dos princípios e ações da atividade. 1.2.5 Da Interação A Higiene Industrial exige ação multidis- ciplinar, complementa-se e interage com as de Segurança Industrial, Saúde Ocupacional e Meio Ambiente, e, para tanto, é necessária a cooperação e o envolvimento dos responsá- veis por estas atividades, para que seus objeti- vos sejam alcançados. SUSEMA – Dez/90 1.3 Conceitos Ácido: são substâncias, constituídas de hidrogênio e um ou mais elementos, que, em presença de alguns solventes como a água, rea- ge, com a produção de íons hidrogênio (H+). Agentes Oxidantes: são agentes quími- cos que desprendem oxigênio e favorecem a combustão em refinarias. Barreiras Químicas: são dispositivos ou sistemas que protegem o trabalhador do con- tato com substâncias químicas irritantes, no- civas, tóxicas, corrosivas, líquidos inflamáveis, substâncias produtoras de fogo, agentes oxi- dantes e substâncias explosivas. Bases: são substâncias capazes de liberar íons hidroxila (OH–), quando em reação com meios aquosos. Equipamentos de Proteção Individual – EPI: são equipamentos, de uso estritamente pessoal, tais como, botas, luvas, protetores faciais, etc., utilizados para prevenir e/ou mi- nimizar acidentes. Seu uso é regulamentado pela Portaria 3214-NR-6 do Ministério do Tra- balho de 08/06/78, que prevê a distribuição gratuita desses equipamentos, competindo ao trabalhador usá-los e conservá-los. Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC: são equipamentos de uso coletivo, ex- tintores de incêndio, lava-olhos, etc., utiliza- dos para prevenir e/ou minimizar acidentes. Líquidos Inflamáveis: são agentes quí- micos que, em temperatura igual ou inferior a 93oC, desprendem vapores inflamáveis. Ponto de Auto-Ignição: é a temperatura mínima em que ocorre uma combustão, inde- pendente de uma fonte de calor. Ponto de Combustão: é a menor tempe- ratura em que vapores de um líquido, após in- flamarem-se pela passagem de uma chama pi- loto, continuam a arder por 5 segundos, no mínimo. Higiene Industrial 9 Ponto de Fulgor: é a menor temperatura em que um líquido libera suficiente quantida- de de vapor para formar uma mistura com o ar passível de inflamação, pela passagem de uma chama piloto. A chama dura no máximo 1 se- gundo. Substâncias Corrosivas: são agentes quí- micos que causam destruição de tecidos vivos e/ou materiais inertes. Substâncias Explosivas: são agentes quí- micos que pela ação de choque, percussão, fric- ção, produzem centelhas ou calor suficiente para iniciar um processo destrutivo através de violenta liberação de energia. Substâncias Irritantes: são agentes quí- micos que podem produzir ação irritante so- bre a pele, olhos e trato respiratório. Substâncias Nocivas: são agentes quími- cos que, por inalação, absorção ou ingestão, produzem efeitos de menor gravidade. Substâncias Tóxicas: são agentes quími- cos que, ao serem introduzidos no organismo por inalação, absorção ou ingestão, podem causar efeitos graves e/ou mortais. Substâncias Produtoras de Fogo: são agentes químicos sólidos, não explosivos, fa- cilmente combustíveis, que causam ou contri- buem para a produção de incêndios. Substância Química: é todo o agente que contém uma atividade potencial intrínseca, capaz de interferir em um sistema biológico levando a um dano, lesão ou injúria, quando absorvido pelas diversas vias de penetração. Poeiras: são partículas sólidas, com diâ- metro maior que 0,5 micras, que podem apre- sentar-se em suspensão no ar, geradas de ma- teriais orgânicos ou inorgânicos, como rochas, minérios, metais, carvão, madeira, produzidos por desintegração, trituração, pulverização e impacto. Não se difundem no ar, sedimentam- se sob a influência da gravidade. Fumos: são partículas sólidas (de diâme- tro menor que 0,5 micras) geradas pela con- densação de compostos metálicos, geralmen- te após volatilização de metais fundidos. Exemplo: óxidos metálicos (ZnO, CuO, FeO). Fumaças: partículas de carvão e fuligem. Névoa: gotículas (de diâmetro maior que 0,5 micras) resultantes da dispersão de líqui- dos, por ação mecânica. Neblina: são partículas líquidas em sus- pensão no ar, formadas pela passagem rápida do ar nos líquidos ou pela condensação de umidade atmosférica formando moléculas de gases ou vapores. As neblinas difundem-se em maior extensão que os fumos. As partículas que constituem uma neblina apresentam diâ- metro inferior a 0,5 micras. Vapores: são formas gasosas das substân- cias que estão normalmente no estado sólido ou líquido, em possível equilíbrio com sua fase lí- quida, e que podem voltar para seu estado natu- ral por aumento ou diminuição da temperatura. Aerossol: partícula sólida ou líquida dis- persa por um longo período de tempo no ar. Toxicidade: é a capacidade latente, ine- rente, que uma substância química possui. É a medida do potencial tóxico de uma substân- cia. Não existem substâncias químicas atóxicas (sem toxicidade). Não existem substâncias químicas seguras, que não tenham efeitos le- sivos ao organismo. Por outro lado, também é verdade que não existe substância química que não possa ser utilizada com segurança, pela limitação da dose e da exposição ao organis- mo humano. Os maiores fatores que influenciam na toxicidade de uma substância são: freqüência da exposição, duração da exposição e via de administração. Existe uma relação direta en- tre a freqüência e a duração da exposição na toxicidade dos agentes tóxicos. Uma substân- cia administrada por via oral, numa dosagem de 100 mg, pode resultar em sintomas leves, ao passo que 10 mg da mesma substância por via intravenosa podem levar a sintomas graves. Para se avaliar a toxicidade de uma subs- tância química, é necessário conhecer: que tipo de efeito ela produz, a dose para produzir o efeito, informações sobre as características ou propriedades da substância, informações so- bre a exposição e o indivíduo. A toxicidade de uma substância pode ser classificada de acordo com os seguintes critérios: 1. Segundo o tempo de resposta a) aguda: é aquela em que os efeitos tó- xicos em animais são produzidos por uma única ou por múltiplas exposições a uma substância, por qualquer via, por um curto período, inferior a um dia. Geralmente, as manifestações ocorrem rapidamente. b) subcrônica: é aquela em que os efei- tos tóxicos em animais, produzidos por exposições diárias repetidas a uma substância, por qualquer via, aparecem em um período de aproximadamente 10% do tempo de vida de exposição do animal ou em alguns meses. 10 Higiene Industrial c) crônica: é aquela em que os efeitos tóxicos ocorrem depois de repetidas ex- posições, por um período longo de tem- po, geralmente durante toda a vida do animal ou aproximadamente 80% do tempo de vida. 2. Segundo a severidade a) leve: é aquela em que os distúrbios pro- duzidos no corpo humano são rapida- mente reversíveis e desaparecem com o término da exposição ou sem inter- venção médica. b) moderada: é aquela em que os distúr- bios produzidos no organismo são re- versíveis e não são suficientes para pro- vocar danos físicos sérios ou prejuízos à saúde. c) severa: é aquela em que ocorrem mu- danças irreversíveis no organismo hu- mano, suficientemente severas para produzirem lesões graves ou a morte. Segundo a graduação de toxicidade pro- posta por Irving Sax e adotada pela Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA), os níveis de toxicidade leve, moderada e severa são subdividos ainda em toxicidade: d) local aguda: efeitos sobre a pele, as membranas mucosas e os olhos após ex- posição que varia de segundos a horas. e) sistêmica aguda: efeitos nos diversos sistemas orgânicos após absorção da substância pelas diversas vias. A expo- sição varia de segundos a horas. f) local crônica: efeitos sobre a pele e os olhos após repetidas exposições duran- te meses e anos. g) sistêmica crônica: efeitos nos sistemas orgânicos após repetidas exposições pelas diversas vias de penetração du- rante um longo período de tempo. Outras classificações de toxicidade: – desconhecida: é aquela em que os da- dos toxicológicos disponíveis sobre a substância são insuficientes. – imediata: é aquela que ocorre rapida- mente após uma única exposição. – retardada: é aquela que ocorre rapida- mente após um longo período de latência. Por exemplo, as substâncias cancerígenas. Dose letal (Dl 50) e concentração letal (CL 50) A informação da toxicidade de uma subs- tância é obtida pelos dados de letalidade. A Dose Letal (DL 50) é a dose de uma substância química que provoca a morte de 50% de um grupo de animais da mesma espé- cie, quando administrada pela mesma via. A Concentração Letal (CL 50) é a con- centração atmosférica de uma substância quí- mica que provoca a morte de 50% de um gru- po de animais expostos, em um tempo definido. Dose-resposta: relação entre o grau de res- posta do sistema biológico e a quantidade de tóxico administrada; muito usada em toxicologia experimental. Reação alérgica: é uma reação adversa a uma substância química resultante de uma sen- sibilização prévia do organismo a esta estru- tura ou a uma outra similar. Para provocar uma reação alérgica, uma substância química ou um produto de seu metabolismo combina-se com uma proteína endógena (do próprio organis- mo) e forma um antígeno (alérgeno). Este antígeno induz a formação de anticorpos (imunoglobulinas), num período de uma a duas semanas. Uma exposição subseqüente à subs- tância resulta em interação antígeno-anticorpo que provoca a reação alérgica, com liberação de histamina. A reação alérgica pode ser ime- diata ou retardada. Exemplos: rinite, asma, dermatite. Suscetibilidade ou sensibilidade: carac- terística específica e inerente de um indivíduo em apresentar uma reatividade ou resposta na presença de um determinado agente ou antígeno. Hipersensiblidade ou hipersuscetibili- dade: aumento da reatividade individual a agentes exógenos. Alguns organismos desen- volvem reações alérgicas e lesões ao contato com uma substância química, mesmo na pre- sença de baixas doses. Idiossincrasia: é uma reação anormal a uma substância química, determinada geneti- camente, em forma de uma extrema sensibili- dade a baixas doses ou uma extrema insensi- bilidade a altas doses do agente químico. Efeito reversível e irreversível: a rever- sibilidade ou irreversibilidade de um efeito tó- xico é determinada pela capacidade que um tecido ou um órgão tem de se regenerar. Por exemplo: o fígado tem uma grande capacida- de de regeneração e muitas lesões são reversí- veis. O sistema nervoso central é constituído de células diferenciadas que não se dividem e Higiene Industrial 11 não se regeneram; assim, lesões a este sistema são, geralmente, irreversíveis. Efeitos cance- rígenos de substâncias químicas são também exemplos de efeitos tóxicos irreversíveis. Mutagenicidade: capacidade de uma substância química em induzir mudanças ou mutações no material genético das células (cromossomos) que podem ser transmitidas durante a divisão celular. Se as mutações ocor- rem no óvulo ou no espermatozóide, no mo- mento da fertilização, a resultante combina- ção do material genético pode não ser viável e a morte pode ocorrer no estágio inicial de di- visão celular na gênese do embrião. A mutação no material genético pode não afetar a fase inicial da embriogênese, mas re- sultar em morte do feto no período posterior de desenvolvimento e resulta em aborto. As mutações podem gerar anomalias congênitas. Acredita-se que o evento inicial de carcinogê- nese das substâncias, seja uma mudança no material genético. Carcinogenicidade: capacidade específi- ca que uma substância química tem de produ- zir câncer ou tumores em animais de laborató- rio e no homem. A indução de câncer pelas substâncias químicas ocorre através de uma série comple- xa de reações individuais. Existem duas se- qüências. Numa primeira fase, a célula nor- mal transforma-se numa célula neoplásica, através da ativação do metabólito químico carcinogênico, por meio de uma combinação do DNA com o carcinogênico final. Numa segunda fase, a partir da célula neoplásica, ocorre o crescimento, e assim surge o câncer. Exemplos de substâncias reconhecida- mente carcinogênicas para o homem: Aflatoxinas, asbestos, benzeno, benzidina, cloreto de vinila, entre outras. Exemplos de substâncias provavelmente carcinogênicas: Acrilonitrila, formaldeído, sílica cristalina, brometo de vinila, entre outros. Teratogenicidade: capacidade que uma substância tem de desenvolver uma mal for- mação no embrião (feto) em desenvolvimen- to. A influência das substâncias químicas de- pende da fase da reprodução durante a qual a exposição à substância ocorre. As mal forma- ções ocorrem no primeiro trimestre da gestação. O feto é suscetível entre o 20o e o 40o dia de gestação. No quadro abaixo estão apresenta- dos órgãos e a fase da gestação onde podem ocorrer as anomalias. Exemplos de substâncias com potencial teratogênico: mercúrio, chumbo, cádmio, solventes, inse- ticidas (pesticidas), agrotóxicos, monóxido de carbono, álcool, fumo, talidomida. Fonte: Encyclopaedia of Occupational Safety and Health. Órgão Fase da gestação (dias) Cérebro 15 – 25 Olho 24 – 40 Coração 24 – 40 Membros Superiores 24 – 36 Membros Inferiores 24 – 36 Interação química: o uso crescente de substâncias químicas nas diversas atividades pelo homem aumenta a possibilidade da inte- ração de efeitos dos agentes tóxicos. Segundo Casarett, a interação química pode ser classi- ficada nos seguintes tipos: a) sinergismo: quando o efeito combina- do de dois agentes químicos é maior do que a soma de cada agente dado iso- ladamente. Por exemplo: o tetracloreto de carbono e o etanol (álcool etílico) são hepatotóxicos (tóxicos ao fígado), porém, quando combinados, provocam lesão hepática muito maior do que se forem somadas as lesões individuais de cada substância. b) potencialização: quando uma substân- cia que não tem efeito tóxico sobre um órgão ou um sistema é adicionada a uma substância que tenha efeito tóxico sobre esse órgão, e então surge um efei- to muito maior. c) adição: quando o efeito combinado de duas substâncias químicas é igual à soma dos efeitos de cada agente isola- damente. d) antagonismo: quando duas substâncias são administradas juntas, uma interfe- rindo na ação da outra, e vice-versa. Este efeito, desejado em toxicologia, é a base para a formação de antídotos. Risco: é a probabilidade do efeito tóxico inerente de uma substância química aparecer em um sistema biológico exposto. Os elemen- tos para avaliação do risco são: propriedades físico-químicas da substância, vias de exposição, 12 Higiene Industrial propriedades metabólicas, efeitos toxicológi- cos, resultados de exposições imediatas e pro- longadas em animais e resultados de estudos no homem. Exposição: é o contato do organismo com uma determinada substância tóxica. Estão re- lacionadas à exposição: as diversas vias de pe- netração das substâncias, a freqüência, a du- ração e a dose. Introdução No século XIII, já se sabia que qualquer substância é tóxica, dependendo da dose. Atual- mente sabe-se que os antibióticos tanto per- mitem a defesa contra o ataque bacteriano, como também causam alguns efeitos desagra- dáveis; o inseticida não faz mal somente para a barata e que o álcool prejudica o fígado. No entanto, muitas vezes utilizam-se subs- tâncias químicas, como detergente, aguarrás, querosene, sem que se perceba o risco que elas representam. Isto acontece freqüentemente por se desconhecer que aquela substância é tóxi- ca. As pessoas que trabalham com agentes químicos acostumam-se a trabalhar com es- ses produtos e não sentem mais alguns sinto- mas, como ardência e cheiro desagradáveis. Mas isso não significa que elas não estejam atuando no organismo: o risco de danos para a saúde é crescente e os efeitos, muitas vezes, demoram anos para se manifestar, podendo até se tornar irreversíveis. Intimidade do Homem e do Produto Agressivo Este é o caso de quem trabalha em conta- to com produtos químicos: pega tanta intimi- dade com os produtos, que acaba achando des- necessário se proteger, mesmo durante as ope- rações em que há risco de contato. Este contato diário com produtos quími- cos, causa problemas que, ao longo do tempo, poderão influir no bem-estar e na saúde. Evi- tar esse contato com substâncias tóxicas é um direito que depende, em parte, de cada pessoa. Dando Nome aos Bois... 1. Toda substância química pode fazer mal – depende da quantidade. A Toxicologia estuda esses efeitos noci- vos sobre os seres vivos. 2. Algumas substâncias são mais nocivas do que outras e seus efeitos podem ser diferentes. Isso se chama Toxicidade. E a substância causadora de dano cha- ma-se substância tóxica ou tóxico. 3. A substância tóxica pode causar mal, mas isto só acontece quando ela entra em contato com o corpo. A probabili- dade dela penetrar no organismo cha- ma-se risco tóxico. O risco depende de tudo o que contribui para que a substância entre em contato com o organismo: – a temperatura (quanto mais alta, maior o risco); – o estado da substância (em geral, os ga- ses representam risco maior do que os líquidos); – a forma de embalar e transportar a subs- tância. O Risco não depende da toxicidade Por exemplo, o tolueno que está dentro de um tambor fechado representa um risco po- tencial de intoxicação, que só vai ocorrer se houver vazamento. O risco para o operador durante uma operação de carregamento é ain- da maior. E se não for utilizado o procedimen- to correto durante uma limpeza de tanque com trapos embebidos em tolueno, o confinamento do ambiente irá contribuir para que o organis- mo absorva o produto pelos pulmões e pele. É o mesmo tolueno, a mesma toxicidade, mas são três graduações de risco tóxico dife- rentes. Portanto, o risco depende, em grande parte, da forma de lidar com as substâncias. Num navio, o risco químico é mais percebido pelo pessoal do convés, que lida com grandes quantidades de produtos químicos nas operações Higiene Industrial 13 de carga e descarga. O pessoal de máquinas pode estar exposto a quantidades significati- vas de substâncias tóxicas em suas atividades diárias. No local onde a substância entra em con- tato, pele, olhos, nariz, pode causar irritação, ardência, ressecamento ou outras reações, são os chamados efeitos locais. Por exemplo, os ácidos causam queimaduras, dependendo da concentração. Mas algumas reações acontecem longe do local de contato, são os efeitos sistêmicos. Exemplo: o dano que o tetracloreto de carbo- no e o álcool etílico causam ao fígado é um efeito sistêmico. Dicas Importantes 1. A substância química somente irá cau- sar algum dano se houver contato com o organismo. Por isso, a proteção é tão importante. 2. Substâncias hidrossolúveis (solúveis em água) têm uma probabilidade maior de causar efeitos locais. É o caso da soda cáustica e dos ácidos. 3. Algumas substâncias atravessam a pele ou outras barreiras do organismo che- gando ao sangue. São substâncias lipos- solúveis, ou seja, solúveis em gordu- ras. Todos os solventes derivados do petróleo são lipossolúveis. 4. A mesma substância pode causar efei- tos diferentes, dependendo da quanti- dade. 5. Pode-se trabalhar com uma substância muito tóxica e o risco ser pequeno, como o caso da substância no tambor, que só vai causar intoxicação se hou- ver vazamento. 6. Pode-se trabalhar com uma substância pouco tóxica e o risco de intoxicação ser alto. É o caso de limpeza de locais sem ventilação adequada com nafta ou outros solventes. 7. Ao entrar em contato com o organis- mo, se a substância conseguir atraves- sar a pele ou outras barreiras, ela entra no caminho da toxicocinética, aborda- do a seguir. Toxicocinética A peregrinação das substâncias químicas no organismo. “T” é uma substância tóxica que não per- tence ao organismo. Se ela estiver no ambien- te, pode entrar em contato com o corpo atra- vés de: – via respiratória – quando “T” apresen- ta-se como gás ou vapor; – via digestiva – quando “T” é um líqui- do ou sólido ingerido; – pele – quando “T” está em contato com o corpo, seja pelas mãos ou mesmo pelas roupas molhadas. Quando “T” consegue entrar no organis- mo e chegar até o sangue, diz-se que foi ab- sorvida. É o processo de Absorção. Após absorção, “T” é levado pelo sangue para todos os lugares do organismo. É o pro- cesso de Transporte e Distribuição. Quando “T” encontra um local pelo qual tem afinidade, fica armazenada. É o caso do solvente que fica armazenado na gordura. Este processo chama-se armazenamento. No fígado, “T” é transformado. É o pro- cesso de biotransformação. 14 Higiene Industrial E, finalmente, os rins eliminam “T” do organismo. É o processo de eliminação. Dicas Importantes 1. As substâncias podem ser absorvidas, principalmente, por via respiratória, digestiva e através da pele. 2. As substâncias, depois de absorvidas, são distribuídas pelo sangue. 3. O fígado é o principal local de trans- formação das substâncias. 4. Algumas substâncias ficam armazena- das em alguns locais do organismo. 5. As substâncias podem ser eliminadas pelo ar exalado, pela urina e todas as outras secreções do organismo – lágri- mas, suor, saliva, etc. 6. Durante esta permanência no organis- mo, as substâncias podem ou não pro- vocar efeitos tóxicos, que serão estu- dados na toxicodinâmica. Toxicodinâmica É o estudo das modificações que “T” pro- voca no organismo. Os efeitos que podem acontecer nas pri- meiras 24 horas após o contato, são os chama- dos efeitos imediatos. É o caso da queimadura pelo fenol, que se manifesta na hora do conta- to. Outros efeitos ocorrem com mais de 24 horas após o contato, são os chamados efeitos tardios. Entre estes estão o câncer e as doen- ças do sistema nervoso. Levam, às vezes, anos para se manifestarem e por isso é mais difícil descobrir qual o agente causador. Conhecendo Melhor o Efeito Irritação – muitas substâncias químicas conhecidas causam irritação, entre elas, os ácidos e as bases. No lugar de contato, estas substâncias provocam reações que vão desde a coceira, vermelhidão, inchação, até ulcera- ções e sangramento. É o caso da amônia, que causa tosse, espirro, lacrimejamento e sangra- mento quando inalada. Asfixia – é causada por gases chamados asfixiantes. A asfixia é a falta de oxigênio na célula, provocando falência em suas funções, podendo levar à morte. Os gases asfixiantes são divididos em simples e químicos. Gases Asfixiantes Simples – provocam asfixia ocupando o lugar do oxigênio no am- biente. São portanto mais perigosos em ambien- tes confinados. As frações gasosas do petró- leo, como metano, etano, propano e butano são asfixiantes simples. Gases Asfixiantes Químicos – provocam asfixia independente do local ser confinado ou não. São gases letais. Os mais comuns são: H2S (gás sulfídrico); HCN (gás cianídrico); CO (monóxido de carbono). Efeitos sobre o Sistema Nervoso – ocor- rem quando a substância tem afinidade pelo sistema nervoso e afetam tanto o cérebro quan- to os nervos situados em outros lugares do corpo. O sistema nervoso é altamente sensí- vel aos solventes industriais porque é forma- do, em grande parte, por gordura. Assim, to- dos os solventes industriais, sejam éter, tolue- no, xileno, hexano, fenol e outros, causam uma sensação de euforia em pequenas doses. Em doses maiores causam sensação de embria- guez, diminuição da coordenação motora, so- nolência, podendo chegar ao coma e à morte. Pequenas doses diárias podem causar in- sônia, irritabilidade, alterações de humor, di- ficuldade de concentração e mesmo sensação de dormência e formigamento. As alterações no sistema nervoso são, muitas vezes, as que primeiro se manifestam. Podem, também, pro- vocar mudanças no comportamento ou uma tendência maior a acidentes. Mutagênese – é uma modificação na cé- lula, que fica com a forma e/ou função altera- das. Podem ocorrer diversos fenômenos, en- tre eles, a formação de tumores benignos ou malignos (câncer). Estes podem demorar a aparecer, ou se manifestar em outras gerações (filhos, netos, bisnetos, etc.). Câncer – a célula muda sua forma e função e passa a se reproduzir de modo descontrolado, Higiene Industrial 15 originando tumores e invadindo outros teci- dos. Pode ser causado por substâncias quími- cas, vírus, raios-x. Por exemplo, câncer de fí- gado causado pelo tetracloreto de carbono, câncer de pulmão causado pelo fumo. O perío- do de incubação pode durar dez, vinte, trinta anos. Teratogênese – efeito provocado no feto quando a mulher grávida expõe-se a tóxicos. Mulheres dependentes de álcool e que bebem durante a gravidez podem provocar alterações na criança, tais como baixo peso e alterações cerebrais. Outro exemplo é o das mulheres que tomaram talidomida durante a gravidez e os filhos nasceram com defeitos nos braços. Neste caso, os efeitos vão depender da dose e da épo- ca da gravidez em que a mulher teve contato com a substância tóxica. Finalmente, existem substâncias que pro- vocam danos em determinados pontos do cor- po, como ossos, órgãos formadores de sangue, olhos, etc. Freqüentemente, as substâncias cau- sam danos ao fígado, porque é o órgão onde elas são transformadas, e aos rins e bexiga, porque se concentram na urina. Câncer, mutação e teratogênese são efei- tos probabilísticos, isto é, expor-se a uma subs- tância carcinogênica aumenta a probabilidade de uma pessoa ter câncer. O mesmo vale para os outros efeitos. Como se Proteger? Se tudo é tóxico, e se as substâncias quí- micas estão em todo o lugar, como se proteger delas? As substâncias muito tóxicas podem ser utilizadas de maneira segura. Isto depende de alguns fatores: – processo – condições favoráveis à expan- são das substâncias podem aumentar o risco tóxico, por isso o enclausuramento representa maior segurança. Altas tem- peraturas e pressões, por outro lado, sig- nificam maior risco. Substâncias mais voláteis também representam mais ris- co. É importante pensar sempre em substituir substâncias mais tóxicas por outras menos tóxicas, como, por exem- plo, os aromáticos por solventes de ca- deia aberta. – ambiente – ventilação, exaustão, pre- sença de anteparos e outras condições no local, podem diminuir o contato do homem com as substâncias. – organização do trabalho – a forma como o trabalho é organizado pode implicar em um número menor de pessoas envolvidas em operações de maior risco ou maior proximidade da fonte tóxica. – procedimentos – a maneira de reali- zar determinadas ações representa maior ou menor risco, e esta é uma das bases do procedimento seguro. – equipamentos – a manutenção dos equipamentos é importante no contro- le de risco, uma vez que contribui para a prevenção de acidentes que envolvam vazamentos e outros eventos de risco. – uso de E.P.I – o equipamento de pro- teção individual impede o contato en- tre o agente tóxico e o organismo hu- mano e assim reduz o risco tóxico. 16 Higiene Industrial – armazenamento – as condições de ar- mazenagem devem obedecer às instru- ções contidas nas fichas de informação das substâncias para evitar o risco de intoxicação. O mesmo vale para o transporte. No entanto, muitas vezes existe certa quantidade de substâncias no ambiente. Se os efeitos dependem da quantidade, como saber se a quantidade no ar pode causar efeitos no- civos ou não? Fazendo testes com animais de laborató- rio, observando trabalhadores e levantando dados estatísticos, pode-se considerar que exis- te uma quantidade da substância no organis- mo que não provoca efeitos nocivos observá- veis. Assim, foram estabelecidos limites con- siderados seguros para a maioria dos trabalha- dores expostos durante a jornada de trabalho. São os limites de tolerância (TLV em inglês). Nossa legislação, em portaria 3214 de 08/ 06/1978, NR-15 Anexo 11, determina os li- mites de tolerância para várias substâncias. Para se saber a quantidade de substância tóxi- ca no ambiente retira-se uma amostra desse ar e envia-se para o laboratório. O resultado é comparado ao Limite de Tolerância e assim tem-se uma noção do risco. Assim como se pode medir as substâncias no ar, pode-se tam- bém medir no ser humano, no ar dos pulmões, na urina e no sangue, e saber quanto foi absor- vido. Existem, também, limites de tolerância biológica, determinados a partir de estudos que servem para comparação com os valores en- contrados no ser vivo. Outras Perguntas Importantes Ter curiosidade a respeito de substâncias com as quais se tem contato, seja no trabalho ou em casa, é muito importante para a saúde. 1. O que esta substância pode causar à saúde? A resposta está nos manuais, fichas, livros e revistas. 2. Por onde esta substância pode entrar no organismo? Isto depende do estado em que a substân- cia se encontra. No estado gasoso, entrará por meio da respiração; se for líquida, pode pene- trar a pele, mas lembre-se que líquido também evapora e o vapor pode ser inalado. Assim, fica mais fácil saber como e onde proteger. 3. Esta substância é capaz de atravessar os pulmões e chegar até o sangue? Depende da solubilidade. Quanto mais lipossolúvel, maior a probabilidade de intoxi- cação. Os derivados do petróleo são, em ge- ral, muito lipossolúveis. A ficha de informa- ção do produto esclarece esta pergunta. Esta ficha deve ser exigida sempre do fornecedor ou fabricante para todas as substâncias. Lembrete: para que a substância faça mal à saúde, é preciso que haja contato com o or- ganismo. Sem contato não há efeito. 4. No local de trabalho, há possibilidade de se ter contato com alguma substância? Qual? Quando? Quanto? 5. A forma como se está trabalhando é a me- lhor para evitar que a substância atinja o orga- nismo ou há outras formas mais seguras? As equipes de Higiene Industrial, Segu- rança e Saúde Ocupacional podem ajudar a en- contrar as repostas para estas duas perguntas. 6. O que fazer se esta substância entrar em contato com a pele, olhos, for engolida ou ina- lada? Consulte os manuais de primeiros socor- ros e as fichas de informação, que devem ser sempre exigidas dos fornecedores e fabricantes. Higiene Industrial 17 7. Como contribuir para o controle do risco no meu local de trabalho? Aprender sobre toxicologia é ter consciên- cia da própria responsabilidade diante das agressões aos seres vivos e ao ambiente. Res- peitar os próprios limites é fundamental: o homem vem sendo exposto a um número cada vez maior de substâncias químicas, em parte devido ao próprio desenvolvimento tecnoló- gico e os resultados podem ser imprevisíveis. É importante divulgar e usar corretamente o equipamento de proteção e utilizar os proce- dimentos corretos. É preciso ser cuidadoso e contribuir da melhor forma para prevenir a exposição às substâncias químicas, mesmo aquelas aparen- temente menos nocivas pois não se sabe o que os novos estudos podem concluir. Pode-se uti- lizar as descobertas da ciência na melhoria da qualidade de vida no planeta: ar respirável que não cause doenças; mares não apenas navegá- veis, mas que permaneçam sendo a casa de outros seres; terra fértil que dê o alimento não apenas para combater a fome, mas que garan- ta a saúde para todos! Adaptação do Manual “Nocaute do risco Tóxico”, da ASSAO. 1.4 Preserve sua Audição A perda auditiva induzida pelo ruído tor- na-se irreversível com o passar do tempo e as medidas preventivas devem ser adotadas por todos os empregados que estão expostos ao ruído. Espera-se que este manual possa colabo- rar para aumentar a participação nos Progra- mas de Higiene Industrial e de Saúde Ocupa- cional, através de adoção de uma atitude prevencionista, na melhoria das condições de trabalho, tendo como resultado a preservação de sua audição. Ouça tudo, ouça sempre, ouça bem... No Princípio Predominava o Silêncio... Naquela época, as principais fontes de ruí- do eram as forças da natureza, as chuvas, os ventos, os trovões, as erupções de vulcões, etc. Hoje, o ruído atinge níveis muitas vezes insuportáveis, é gerado pela tecnologia criada pelo próprio homem e seu estilo de vida. Apesar da grande e rápida evolução no conhecimento técnico, a adaptação do nosso organismo às novas condições é muito lenta e não acompanha o ritmo do avanço tecnológi- co. Embora, as fontes de ruído tenham se mo- dificado com o passar dos anos, a reação or- gânica do homem moderno ao ouvir o barulho de uma buzina ou de uma motocicleta, é se- melhante àquela do homem das cavernas, ao ouvir um trovão ou o rugido de um leão. O ruído torna as pessoas alertas, tensas, em atitude de prontidão, e isso explica muito dos seus efeitos negativos sobre a saúde e a qualidade de vida. Quando se fala em som ou ruído, trata-se do mesmo fenômeno físico caracterizado por uma vibração mecânica que se propaga atra- vés de um meio (gás, líquido ou sólido) em um movimento ondulatório, como aquele pro- duzido quando se atira uma pedra em um lago tranqüilo. Que tal conhecermos melhor o ruído...? Quando duas pessoas estão conversando, aquela que fala provoca uma vibração de suas cordas vocais transmitida ao ar existente den- tro da boca, produzindo variações da pressão atmosférica, que se propaga até atingir o ouvi- do da outra. 18 Higiene Industrial Dependendo da intensidade e da freqüên- cia das variações de pressão, estas poderão ser interpretadas como som. O som, com predo- minância de ondas de altas freqüências, é per- cebido como um som agudo (canto de passa- rinho, sons do violino), enquanto que o de bai- xa freqüência é percebido como grave (ruído de compressores, sapo). A classificação da onda sonora em som ou ruído, depende da sensação que ela provo- ca em quem a ouve. Em geral, chama-se de ruído o som que nos é desagradável, indesejado ou que nos incomoda. Assim, alguns sons, como por exemplo, um show de rock, podem ser agradáveis para alguns e extremamente incômodos para outros. Independente da agra- dabilidade ou não do som, ele pode ser capaz de provocar danos à saúde das pessoas, depen- dendo do tempo de exposição e do “volume”. Aquilo que se conhece como “volume” do som, refere-se ao nível de pressão sonora (NPS) ou nível de ruído e é medido na escala decibel (dB). Quanto maior o volume, ou seja, quanto maior o nível de pressão sonora, maior o risco de dano auditivo, para o mesmo tempo de exposição. O ouvido humano não é igualmente sen- sível a todas as freqüências, é mais sensível para o ruído de freqüência na faixa de 2 kHz a 5 kHz. Para compensar esta diferença na sen- sibilidade humana, as medições do nível de ruído são feitas com um equipamento, conhe- cido como decibelímetro, que tem um circui- to de compensação eletrônico que tenta simu- lar a resposta do ouvido e os resultados são lidos em dB (A). Você sabia que: 10 dB é 10 vezes mais que 1 dB 20 dB é 100 vezes mais que 1 dB 30 dB é 1000 vezes mais que 1 dB? Um som de 83 dB produz um nível de pressão sonora 2 vezes maior que um de 80 dB. Portanto, embora uma diferença de 3 dB possa parecer pequena, representa um aumen- to significativo no nível de pressão sonora. 1.4.1 Uma Excursão no Aparelho Auditivo O ouvido é composto por três partes: 1. ouvido externo – formado pelo pavi- lhão auricular e pelo conduto auditivo, por onde algumas vezes, erradamente, são introduzidos grampos, canetas e outros apetrechos. Tem como função conduzir o som (que é uma vibração mecânica), até a membrana timpânica, uma pequena e frágil membrana vibra- tória. 2. ouvido médio – contém um conjunto de três ossinhos (martelo, bigorna e estribo), que estão ligados um ao outro e são os responsáveis pela transforma- ção da onda sonora em estímulo mecâ- nico. Estão alojados em uma cavidade ligada à via respiratória através de um pequeno conduto, a trompa de Eustá- quio, responsável pelo equilíbrio da pressão no interior do ouvido. 3. ouvido interno – onde existem duas es- truturas principais, o labirinto, cujos canais semicirculares, dispostos nos planos vertical, horizontal e posterior, são responsáveis pela percepção da posição no espaço e pelo equilíbrio do nosso corpo. E o caracol ou cóclea, onde a informação recebida através da janela oval é transformada em um si- nal elétrico, transmitido através do ner- vo auditivo até o cérebro. 1.4.2 Ouvido – O Palco da Audição O movimento vibratório das moléculas (som) propaga-se pelo ar até o ouvido. Pene- tra pelo conduto auditivo e vai até a membra- na timpânica que começa a vibrar, como se fosse um couro de tamborim, transmitindo seus movimentos para os três pequeninos ossos, o martelo, a bigorna e o estribo. Tímpano Conduto auditivo externo Martelo Canais semicirculares Bigorna Pavilhão Trompa de Eustáquio Caracol Estribo Nervo acústico Higiene Industrial 19 O estribo, por sua vez, movimentando-se como se fosse uma vara de cuíca, como um pistão, comprime a janela oval e, por conse- guinte, o líquido que está no interior do ouvi- do interno, a linfa. Formam-se ondas na linfa (semelhantes àquelas ondas da pedra no lago), que provocam movimentos nos cílios das cé- lulas de Corti, dentro do caracol. As células de Corti são capazes de transformar esse “ca- funé” nos cabelos em estímulo nervoso. O nervo auditivo capta esta informação e a trans- porta, ao cérebro que “entende” e faz a tradu- ção: música, barulho de trem, voz humana, etc. 1.4.3 Uma Atuação Inesquecível As grandes estrelas da audição, capazes de transformar um “cafuné” em mensagem elé- trica, a ser interpretada pelo cérebro, são as células ciliadas de Corti. E quem melhor para representá-las do que uma sereia, tão conheci- da de todos pelos longos cabelos e que depen- de da água para sobreviver? “Vamos nos deixar seduzir pela sua histó- ria, como os marujos de antigamente se dei- xavam envolver pelo seu canto”. Essa diminuição das células ciliadas pro- voca uma redução progressiva e irreversível da capacidade auditiva. Este processo natural de diminuição da audição pelo envelhecimen- to denomina-se Presbiacusia. Na infância, e até a adolescência são mui- tas as células ciliadas, que porém começam a diminuir na fase adulta, e vão ficando cada vez mais rarefeitas à medida que se envelhece. Ouvir é muito importante. Através da au- dição, as pessoas podem se relacionar entre si e com o ambiente que as cerca. Também é pela audição que, algumas vezes, perigos eminen- tes, como a freada de um carro ou o barulho de uma sirene, são alertados! 1.4.4 Audiometria – Avaliando a Atuação das Células Ciliadas A audiometria é uma avaliação da capaci- dade auditiva das pessoas e seu resultado é registrado num gráfico chamado audiograma. Pelo audiograma, pode-se saber como está a audição, inclusive o funcionamento das célu- las ciliadas. O exame consiste na emissão, por um apa- relho chamado audiômetro, de diferentes sons de freqüência e intensidade padronizadas. A pessoa que está sendo avaliada deve informar o momento exato em que o som é percebido, e o resultado é registrado em um gráfico, o audiograma. São várias as técnicas empregadas para se fazer um bom audiograma, usando-se inclusi- ve métodos que corrigem as alterações da per- cepção individual dos sons. Antes de realizar a audiometria, a pessoa deve evitar exposição a ruídos intensos, du- rante, pelo menos, 14 horas. Esta orientação deve-se ao fato de a célula ciliada entrar em “fadiga” temporária quando submetida a ruí- dos intensos, o que mascara o resultado do exame. Este “cansaço” temporário chama-se “Desvio Temporário do Limiar de audição” (DTL), que se manifesta por uma diminuição temporária da audição nas altas freqüências (sons agudos) e sensação de zumbidos. 1.5 Ruído – A Ameaça Silenciosa... Algumas substâncias químicas, dentre elas alguns medicamentos, podem causar danos às preciosas células ciliadas, mas a pior e mais comum ameaça no ambiente de trabalho é o excesso de ruído. 20 Higiene Industrial Veja como se sente a “sereia” quando submetida a ruídos de diferentes intensidades: Contudo, o efeito vai depender, não so- mente da intensidade, mas também de outros fatores, principalmente da freqüência do som e do tempo de exposição ao ruído. Além de danificar a célula ciliada do ou- vido, o ruído pode provocar outros efeitos no organismo, tais como: cansaço, irritabilidade, insônia, estado de alerta por período prolon- gado, alterações da pressão arterial e sensação de zumbido. Ruídos muito intensos (acima de 130 dB) podem causar dor nos ouvidos, e, se for de impacto, tipo explosão, pode até provocar rup- tura de tímpano, desarticulação da cadeia de ossículos e sangramento (reveja o diagrama do ouvido). 1.5.1 Ruído – Ameaça antes mesmo do Nascimento No último trimestre da gravidez, o futuro bebê já está formado, inclusive seu aparelho auditivo. A Natureza protege o feto das agres- sões do meio ambiente, através de um “escu- do protetor” formado pela parede do abdômen e do útero, pela placenta e pelo líquido amnió- tico no qual “flutua” o feto. Este conjunto pode atenuar os ruídos mais agudos (nas freqüências maiores que 500 Hz) em 20 a 30 dB. Portanto, na gravidez, principalmente du- rante os últimos meses, o feto é mais sensível aos ruídos graves (aqueles com freqüência menor que 500 Hz). Higiene Industrial 21 Estudos realizados em vários países con- sideraram como segura a exposição aos níveis de 80 dB por 8 horas. Estes níveis foram in- cluídos nas leis trabalhistas como limites de exposição ao ruído, para mulheres grávidas, nos ambientes de trabalho. ****Contudo, durante a gravidez, devem ser evitadas exposições a ruídos em níveis su- periores a 80 dB Alguns médicos recomendam que o re- cém-nascido permaneça em ambientes calmos e silenciosos, mesmo depois de sair da mater- nidade, porque seu ouvido é muito sensível. 1.5.2 Protegendo-se do Ruído As pessoas estão expostas a ruídos de di- ferentes intensidades e freqüências praticamen- te durante todas as atividades. Alguns desses ruídos, apesar de não constituírem risco ao aparelho auditivo, são fontes de irritação como, por exemplo, do pingo d'água que cai do chu- veiro, e a do barulho do tráfego à noite quan- do se quer dormir. Outros podem causar desconforto ou mes- mo dor. O importante é identificar as fontes de ruído, e agir no sentido de resolver o pro- blema. O Que Fazer? Se o ruído é no local de trabalho, procure as equipes de Segurança, Saúde e Higiene Industrial, para participar do Programa de ava- liação e controle. Atenda às solicitações destas equipes, pois significam proteção da saúde e segurança. Se for indicada pela Segurança a utiliza- ção de equipamento de proteção individual (EPI), colabore na escolha daquele mais ade- quado para o seu caso e ao qual você melhor se adapte. Utilize-o sempre que estiver expos- to ao ruído, no trabalho e no lazer. Não esque- ça de fazer a limpeza e demais cuidados com o seu protetor auricular. Compareça ao seu exame médico perió- dico e aproveite a oportunidade para tirar dú- vidas. Siga as recomendações da equipe de saúde. Procure manter-se o mais longe possível das fontes de ruído. Quanto maior a distância, menor a possibilidade de provocar dano. O importante é o quanto de ruído está chegando ao ouvido. Procure o serviço médico, caso tenha a sensação de zumbidos, tonteira, redução da capacidade auditiva ou outro sintoma ligado ao ouvido. O Que não Fazer Evite a entrada de água nos seus ouvidos. A água, além de pressionar a cera para o inte- rior do ouvido, favorece o crescimento de fun- gos e bactérias que podem causar infecção. Não introduza objetos no ouvido para lim- peza e nem esfregue cotonete dentro deles. A secreção tem função protetora. Vários aciden- tes desagradáveis têm ocorrido devido a esta prática. Pessoas que produzem secreção em excesso devem consultar o médico. 22 Higiene Industrial Caso tenha a sensação de surdez, ouvido cheio de água, consulte um médico. Nunca coloque no ouvido remédio ou substâncias re- comendadas por amigos, balconista de farmá- cia ou pessoas palpiteiras. Evite ouvir música em alto volume para abafar ruído de outras fontes. O uso de fones de ouvido em volume excessivamente alto pro- voca dano à audição. 1.6 A Legislação Trabalhista Brasileira e o Ruído Para proteger contra a perda auditiva, a legislação brasileira determina limites de ex- posição ao ruído nos locais de trabalho (Ane- xo 1 e 2 da NR-15, Portaria 3.214 de 08/06/78 do então Ministério do Trabalho). Para ruído de impacto, aquele do tiro de canhão ou do bate-estaca, o limite máximo de exposição é de 130 dB ou de 120 dB(C). Para os demais tipos de ruídos, chamados de contínuos ou intermitentes, o limite de ex- posição deve obedecer a uma combinação en- tre o nível de ruído e o tempo de exposição, conforme o quadro abaixo: Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diáriapermissível 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 114 115 Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente Pela tabela, um trabalhador exposto a um nível de ruído de 95 dB(A) não poderá ficar no ambiente ruidoso por período superior a 2 horas, sem o uso de uma proteção auditiva adequada. Da mesma forma, não é permitida a exposição a níveis de ruído a 115 dB(A) para trabalhadores que não estejam utilizando a proteção adequada. Na maioria dos ambientes de traba- lho, e até mesmo em casa, o nível de ruído não permanece estáti- co ao longo do tem- po. Neste caso, é pre- ciso calcular o que se chama de “dose de ruído” ou “nível equi- valente de ruído” recebido pela pessoa expos- ta, o que pode ser feito facilmente através de um equipamento colocado na pessoa a ser ava- liada, chamado de “Dosímetro de Ruído”. Você sabe qual a sua dose diária de ruído no trabalho? Solicite esta informação ao pes- soal da Segurança Industrial. Quando a questão é conforto, a legislação brasileira estabelece que o nível de ruído para o desenvolvimento de atividades intelectuais, que envolvem concentração e raciocínio, não deve ser superior a 65 dB(A). Adaptação do Manual Viva Ouvindo, da ASSAO. 1.7 Tipos de Radiação É a desintegração espontânea do núcleo atômico de alguns elementos (urânio, polônio e rádio), resultando em emissão de radiação. Descoberta pelo francês Henri Becquerel (1852-1909) poucos meses depois da desco- berta dos raios X. Becquerel verifica que, além de luminosidade, as radiações emitidas pelo urânio são capazes de penetrar a matéria. Dois anos depois, Pierre Curie e sua mu- lher, a polonesa Marie Curie, encontram fon- tes radiativas muito mais fortes que o urânio. Isolam o rádio e o polônio e verificam que o rádio era tão potente que podia provocar ferimentos sérios e até fatais nas pessoas que dele se aproximavam. A D Higiene Industrial 23 Radiação Alfa é uma partícula formada por um átomo de hélio com carga positiva. A distância que uma partícula percorre antes de parar é chamada alcance. Num dado meio, par- tículas alfa de igual energia têm o mesmo al- cance. O alcance das partículas alfa é muito pequeno, ou seja, são facilmente blindadas. Uma folha fina de alumínio barra completa- mente um feixe de partículas de 5 MeV. A ina- lação ou ingestão de partículas alfa é muito perigosa. Radiação Beta é uma partícula, de carga negativa, o elétron. Sua constituição é feita por partículas beta que são emitidas pela maioria dos nuclídeos radiativos naturais ou artificiais e têm maior penetração que as partículas alfa. O 32 P dá uma radiação beta até 1,7 MeV com uma penetração média de 2 a 3 mm na pele, e alcança, em pequena proporção, 8 mm. Se o emissor beta é ingerido, como acontece nos casos de diagnóstico e terapêutica, os efeitos são muito mais extensos. Radiação Gama é uma onda eletromag- nética. As substâncias radiativas emitem con- tinuamente calor e têm a capacidade de ionizar o ar e torná-lo condutor de corrente elétrica. São penetrantes, e ao atravessarem uma subs- tância, chocam-se com suas moléculas. A ra- diação gama tem seu poder de penetração muito grande. Sua emissão é obtida pela maio- ria, não totalidade, dos nuclídeos radiativos habitualmente empregados. Quando a fonte de material radioativo for beta ou gama, é neces- sária a colocação de uma barreira entre o ope- rador e a fonte. A D 1.7.1 Infravermelho Radiação eletromagnética invisível, emi- tida por corpos aquecidos. Pode ser detectada por meio de células fotoelétricas. Possui mui- tas aplicações, desde o aquecimento de interio- res até o tratamento de doenças de pele e dos músculos. Para produzir o infravermelho, em geral empregam-se lâmpadas de vapor de mer- cúrio a de filamento longo incandescente. A radiação infravermelha é usada para obter fotos de objetos distantes encobertos pela atmosfera, também muito utilizada por astrô- nomos para observar estrelas e nebulosas que são invisíveis com luz normal. Uma outra uti- lidade deste tipo de radiação é o uso nas foto- grafias infravermelhas, que são muito preci- sas. O infravermelho foi muito utilizado na II Guerra Mundial. 1.7.2 Ultravioleta Produzida por descargas elétricas em tu- bos de gás. Cerca de 5% da energia mandada pelo Sol consiste nesta radiação, mas a maior parte da que incide sobre a Terra é filtrada pelo O2 e pelo ozônio na atmosfera, que protegem a vida na Terra. Esta radiação é empregada, principalmente, em tubos fluorescentes, mas também em aplicações médicas que incluem lâmpadas germicidas, o tratamento do Raqui- tismo e doenças de pele, enriquecimento de leite e ovos com vitamina D. É dividida em três classes: UV-A, UV-B e UV-C. As ondas de menor período são as mais nocivas aos organismos vivos. A UV-A é a mais perigosa e tem período entre 4000 AD (ângstrons) e 3150 A D . UV-B tem período en- tre 3150 AD e 2800 AD e causa queimaduras na pele. 1.7.3 Radiação de fundo Toda vida, em nosso planeta, está exposta à radiação cósmica e à radiação proveniente de elementos naturais radiativos existentes na crosta terrestre como potássio, césio, entre outros. A intensidade desta radiação tem per- manecido constante por milhares de anos e chama-se radiação natural ou radiação de fun- do, e provém de muitas fontes. Cerca de 30% a 40% dessa radiação deve- se aos raios cósmicos. Alguns materiais radia- tivos, como potássio-40, carbono-14, urânio, tório, etc., estão presentes em quantidades va- riáveis nos alimentos. 24 Higiene Industrial Uma quantidade razoável de radiação vem do solo e de materiais de construção. Assim, pois, a radiação de fundo pode variar de local para local. O valor médio da radiação de fundo em locais habitados é de 1, 25 milisievert (mSv) ao ano. 1.7.4 Raios catódicos São feixes de partículas produzidos por um eletrodo negativo (cátodo) de um tubo conten- do gás comprimido. São resultado da ionização do gás e provocam luminosidade. Os raios catódicos foram identificados no final do sé- culo passado por Willian Crookes. O tubo de raios catódicos é usado em osciloscópios e te- levisões. 1.7.5 Raio X São capazes de atravessar o corpo huma- no, porém durante a travessia, o feixe sofre um certo enfraquecimento. Provoca a ilumi- nação de certos sais minerais. O uso do raio X tem sido uma importante ferramenta de diagnóstico e terapia. Os raios X são absorvidos pelos ossos, no entanto pas- sam facilmente por outros tecidos. Em 1895, Wilhelm Konrad von Röentgen descobre acidentalmente os raios X, quando estudava válvulas de raios catódicos. Verifi- cou que algo acontecia fora da válvula e fazia brilhar no escuro focos fluorescentes. Eram raios capazes de impressionar chapas fotográ- ficas através de papel preto. Produziam foto- grafias que revelavam moedas nos bolsos e os ossos das mãos. Estes raios desconhecidos são chamados simplesmente de “x”. 1.7.6 Radiação de nêutrons Nêutrons são partículas muito penetran- tes. Originam-se do espaço externo, por coli- sões de átomos na atmosfera, e por quebra ou ficção de certos átomos dentro do reator nu- clear. Água e concreto são as formas mais co- muns usadas como barreiras contra radiação por nêutrons. Resíduos Radiativos Entre todas as formas de lixo, os resíduos radiativos são os mais perigosos. Substâncias radiativas são usadas como combustível em usinas atômicas de geração de energia elétri- ca, em motores de submarinos nucleares e em equipamentos médico-hospitalares. Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser destruídas e per- manecem em atividade durante milhares e até milhões de anos. Despejos no mar e na atmos- fera são proibidos desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente seguras de armazenar essas substâncias. As mais reco- mendadas são tambores ou recipientes imper- meáveis de concreto, à prova de radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis. Essas precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os vazamentos são freqüentes. Em contato com o meio ambiente, as substâncias radiativas interferem diretamen- te nos átomos e moléculas que formam os te- cidos vivos, provocam alterações genéticas e câncer. Limites máximos de doses permissíveis Conforme norma C.N.E.N. Ne-3.01 são admitidos os seguintes níveis: Para indivíduos do público: – 0,05 mRem/h ..................... 0,0005 mSv/h – 0,4 mRem/dia ................. 0,004 mSv/dia – 2,0 mRem/semana ..... 0,02 mSv/semana – 100 mRem/ano (0,1 Rem) ..... 1,00 mSv/ano Para trabalhadores – 2,5 mRem/h ......................... 0,25 mSv/h – 20 mRem/dia ..................... 0,2 mSv/dia – 100 mRem/semana ....... 1,0 mSv/semana – 500 mRem/ano ...................... 50 mSv/ano Unidades de Radioatividade do Sistema Internacional Equivalente de dose de uma radiação igual a 1 joule por quilograma. Nome especial para a unidade SI adotada pela 16a CGPM/1979. Atividade Grandeza Nome Símbolo Definição becquerel Bq Atividade na qual se produz uma desintegração nuclear por segundo. Exposição coulomb/Kg C/kg Exposição tal que a carga to- tal de íons de mesmo sinal produzidos em 1 quilograma de ar é de 1 coulomb em va- lor absoluto. Dose absorvida gray Gy Dose de radiação ionizante absorvida uniformemente por uma porção de matéria, à razão de 1 joule por qui- lograma de sua massa. Equivalente de dose sievert Sv Higiene Industrial 25 IRRADIADOR Principais itens a serem inspecionados em um irradiador. CABO DE COMANDO Cabo de comando com unidade de comando para avanço e retração. Tubo guia da fonte (extensão) usado para ensaios radiográficos panorâmicos. 26 Higiene Industrial Símbolo da presença de radiação. Deve ser respeitado e não temido. CAVALETE E BANDEIROLA DE INTERDIÇÃO CONFORTO GERA SAÚDE Higiene Industrial 27 LER é a terminologia do nosso país para designar afecções músculo-tendinosas que atingem, principalmente, os membros superio- res até a região cérvico-braquial, em decorrên- cia de um conjunto de fatores existentes no trabalho. Tem-se constituído em um grande problema da saúde pública em muitos dos paí- ses industrializados. Esta terminologia pode- rá ser modificada para DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, nas normas técnicas para avaliação de incapa- cidades da Previdência Social de 1997 (Diá- rio oficial de 11/06/97), o que tem gerado em todo país muitos fóruns de discussão. 1. Conseqüências de uma ler instalada Uma vez portadora de LER, a pessoa co- mumente sofre com: – perda da capacidade produtiva; – perda de movimentos básicos; – perda da auto-estima pelo sentimento de inutilidade; – depressão profunda; – falta de vontade para reagir; – sentimentos de culpa, de revolta, de in- capacidade física e psicológica peran- te a vida. 2. Aspectos a considerar A designação genérica LER enfatiza os movimentos repetitivos. Tal condição, embo- ra necessária, não é suficiente pois pianistas, digitadores, taquígrafos, datilógrafos, em si- tuação de uso muito intenso das mãos, às ve- zes passam toda a vida sem manifestarem a doença. Isto sugere que outros fatores atuam em conjunto para o aparecimento de LER. A seguir estão relacionados fatores adicio- nais que contribuem para o surgimento ou agra- vamento das LER: Fatores ambientais – Postura e rotina de trabalho inadequadas; – mobiliário inadequado – mesa, cadei- ra, mouse, teclado, suportes; – características da profissão. Fatores físicos – Condição física – estrutura muscular e nervosa – por falta de uma atividade fí- sica sistemática, os músculos atrofiam- se com o tempo e as pessoas armaze- nam tensões que predispõem à doença; – condição orgânica – grau de saúde – muitas vezes, a pessoa já está debilita- da, o que facilita o acesso à doença. Fatores psicológicos – Inseguranças e Medos – É alarmante o número de empregados de empresas estatais acometidos de LER, em rela- ção aos demais trabalhadores, o que sugere uma forte ligação com a somatização dos medos de perda da es- tabilidade que os protegia; – visão de mundo – pessoas pessimistas, introspectivas e com uma visão mais restrita do mundo são mais susceptíveis; – incapacidade de assimilação das mu- danças. No dizer da Dra. Leny Sato(1): “Os aspectos emocionais são responsáveis por mais de 60% do agravamento do que é chamado LER”. 3. Estágios evolutivos da ler Grau I – Sensação de peso e desconforto no membro afetado – dor espontânea, leve e fugaz, sinais clínicos ausentes. Tem bom prog- nóstico. Grau II –Dor persistente e mais intensa, aparece de forma intermitente, formigamen- tos e calor; ocorre a redução de produtivida- de. Prognóstico favorável. Grau III – Dor persistente, mais forte e tem irradiação definida. Prognóstico reservado. Grau IV – Dor forte, contínua, insupor- tável e intenso sofrimento; alterações psicoló- gicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia. Prognóstico sombrio. 4. Diagnóstico Existem várias formas clínicas das LER, das quais as mais freqüentes são as causado- ras de inflamações de tecidos, tendões, fascias e ligamentos, músculos e nervos, de extensão aguda ou crônica, que podem ocorrer isoladas ou associadas. O diagnóstico é essencialmente clínico, pois depende principalmente, na queixa do paciente, em seu discurso sobre a dor e na sua história clínica ocupacional, já que não se pode “ver” as LER. E ainda através de um exame físico detalhado, exames complementares quando necessários, levando-se também em conta a análise das condições de trabalho que propiciaram o surgimento da lesão. Os casos de LER diagnosticados precoce- mente têm bom prognóstico, desde que o tra- tamento seja iniciado de imediato. (1) Dra. Leny Sato, Psicóloga pela USP. Mestre em Psicologia Social - PUC- SP, professora do Depto. de Psicologia Social do Trabalho - USP. 28 Higiene Industrial O fator desconhecimento da doença, tem cau- sado sérios desvios de tratamento e levado os pacientes a uma verdadeira peregrinação por um diagnóstico, em muitos casos, aumentan- do os temores em relação ao futuro e piorando o quadro psicossomático dos mesmos. O uso de eletroneuromiografia como ins- trumento de diagnóstico mostra-se altamente doloroso. O sentimento dos portadores é de que há sensível piora dos sintomas. Desde 1993, o INSS reconhece as diver- sas manifestações de LER em qualquer fun- ção exercida, desde que estabelecida a relação entre a lesão e o trabalho. Entre as LER reco- nhecidas oficialmente estão as epicondilites, bursites, cistos sinoviais, tendinites etc. A emissão de CAT – Comunicação de Aci- dente de Trabalho, mesmo nos casos iniciais, deve ser efetuada por médico da empresa, SUS e demais profissionais de saúde. 5. Prevenção da ler Medidas simples è resultados significativos Pequenas modificações no processo e or- ganização do trabalho, com diversificação das tarefas e redução do tempo de exposição mos- tram-se bastante eficazes. Deve-se adequar os móveis e equipamentos do ponto de vista ergonômico. Cabe estudo ergonômico dos pos- tos de trabalho nas empresas que, a exemplo da PETROBRAS, possuem CIPA ou órgãos especializados em engenharia de segurança e medicina do trabalho. Atividades em grupo para esclarecimento e adoção de uma postura proativa diante da situação também zelam por condições higiê- nicas no trabalho e melhoria da qualidade de vida dos envolvidos. Deve-se, ainda, monitorar os empregados não só em nível de suas condições ergonômi- cas, mas das condições clínicas, grau de su- cesso no trabalho, auto-estima e nível de socia- bilidade e cooperação na Organização. Fator não menos importante, nesse mo- mento em que a globalização e a competição intensa ditam novas formas de trabalho, de modo que as pessoas da organização sentam- se atualizadas. Capacitá-las para as novas de- mandas, tanto técnicas quanto interpessoais, devolve-lhes a autoconfiança e a auto-estima, prepara-as para o convívio com as incertezas do futuro. “Devemos aumentar a estrutura, quando se aumenta a exigência” Antônio Tadeu Benatti(2). (2) Dr. Antônio Tadeu Benatti - consultor, diretor da Benatti & Benatti S/C Associados. 1.8 PPEOB: Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno 1.8.1 Objetivos – Preservar a saúde das pessoas; – Preservar o meio ambiente; – Prevenir acidentes e ocorrências anor- mais. 1.8.2 Propriedades toxicológicas – Classificação: Cancerígeno – Limite de tolerância (NR-15): Não há – Valor de Referência Tecnológico (VRT): 1 ppm – Absorção pela pele: SIM – Limite de Odor: 12 ppm (ACGIH 1991). Benzeno (C6H6) Informações gerais É um líquido incolor, volátil, com odor aromático caraterístico. O benzeno costuma ser referido como “benzol”, uma mistura de ben- zeno com outros hidrocarbonetos aromáticos (tolueno e xileno). Não deve ser confundido com benzina, que é uma mistura heterogênea de vários hidrocarbonetos alifáticos (pentano, hexano, heptano) e aromáticos (tolueno, xileno e pequenas quantidades de benzeno). A benzina é usada como solvente comercial. Usos: matéria-prima e intermediário na produção de grande número de substâncias químicas, a exemplo do estireno, fenol, ciclo- hexano, anidrido maleico, etc., indústria de detergentes, indústria de explosivos, indústria farmacêutica, indústria de inseticidas, indús- tria de fotogravura, indústria da borracha, in- dústria de plásticos, produção de solventes e removedores de tintas, etc. O benzeno pode estar presente como con- taminante em diversos produtos, como tintas, colas e vernizes. Na indústria do petróleo, é usado em for- ma pura nos laboratórios, para análise, e está presente como contaminante em diversos de- rivados, como gasolina, hexano, querosene, tolueno, etc. Sinônimos: benzol, ciclo-hexatrieno, bi- carbureto de hidrogênio, nafta mineral. Grau de Insalubridade (NR 15) Máximo. Grau de risco à saúde (API) Moderado à exposição aguda e alto à ex- posição crônica excessiva. Higiene Industrial 29 Classificação de carcinogenicidade ocu- pacional (ACGIH / 95-96) Confirmado como carcinogênico para o homem. Limites de tolerância LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 10 ppm, 32 mg/m3 LT-MP ou TLV-TWA (OSHA) = 1 ppm IDLH (NIOSH) = 3.000 mg/m3 MAC (Rússia) = 5 mg/m3 VRT-MPT - NR 15 (Brasil) = 1 ppm (indús- trias em geral) PROPOSTA DE MUDANÇA: LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 0, 3 ppm, 0, 96 mg/m3 1.8.3 Toxicocinética e toxicodinâmica Exposição aguda O benzeno é altamente volátil, e por ser muito lipossolúvel, é rapidamente absorvido pela via respiratória ao ser inalado, distribuí- do e armazenado em tecidos ricos em gordu- ras como o sistema nervoso central e medula óssea. Cerca de 50% do total de benzeno inalado são absorvidos. Do total absorvido, 10 a 50% são eliminados pela urina, após biotransfor- mação em maior proporção no fígado, em metabólitos solúveis em água como fenol (30%), hidroquinona (1%) e catecol (3%), que são conjugados com a glicina e o ácido glu- curônico. A eliminação do benzeno inalterado no ar exalado tem três fases: 1ª Fase: muito rápida, que ocorre 2 a 3 horas após a exposição; provém da fração de benzeno dissolvida no sangue. 2ª Fase: intermediária, no período de 3 a 7 horas; o benzeno provém dos demais teci- dos, exceto o gorduroso. 3ª Fase: lenta, no período de 30 horas; o benzeno provém do tecido gorduroso. O efeito agudo na via respiratória mani- festa-se através de irritação de brônquios e la- ringe, surgindo tosse, rouquidão e edema pul- monar. O benzeno atua, porém, predominan- temente, sobre o sistema nervoso central como depressor, levando ao aparecimento de fadi- ga, dor de cabeça, tontura, convulsão, coma e morte em conseqüência de parada respirató- ria. O benzeno predispõe a arritmias cardíacas graves, como a fibrilação ventricular, devido à sensibilização do miocárdio. A exposição a altas concentrações (20.000 ppm) é rapidamen- te fatal (Quadro 1). O benzeno na forma líquida pode ser ab- sorvido através da pele, onde pode provocar efeitos irritantes como dermatite de contato, eritema (áreas avermelhadas) e bolhas, pelo efeito desengordurante. O contato com os olhos provoca sensação de queimação, com lesão das células epiteliais. A ingestão do benzeno provoca sensação de queimação na mucosa oral, faringe e no esôfago, dor retroesternal e tosse. A ingestão da substância na dosagem de 15 a 20 mL pode provocar a morte no adulto. Exposição crônica A exposição crônica ao benzeno pode pro- duzir toxicidade na medula óssea que pode tra- duzir-se em anemia aplástica e leucemia agu- da. Aberrações nos cromossomos têm sido observadas em animais e homens expostos ao benzeno, tanto em células da medula óssea como em linfócitos periféricos da corrente sangüínea. Quadro 1. Efeitos do organismo a diferentes con- centrações do benzeno Fonte: American Petroleum Institute. 25 50 - 100 500 7.000 20.000 Concentração de Vapores de Benzeno (ppm) Tempo de exposição 8 horas 6 horas 1 hora 30 min 5 min Resposta Nenhuma Leve sonolência e dor de cabeça leve Sintomas de toxicidade aguda Perigoso para a vida, efeitos depressores Fatal Estas doenças sangüíneas, encontradas na exposição crônica ao benzeno, têm sido atri- buídas aos seus metabólitos. Através das rea- ções de oxidação, principal via metabólica da biotrnasformação do benzeno, forma-se o ben- zeno epóxido, uma substância altamente reativa, cuja atuação sobre ácidos nucléicos de células da própria medula óssea explicaria a toxicidade do benzeno. O quadro de anemia plasmática, em seu estágio inicial, pode apresentar alterações hematológicas paradoxais: policitemia ou ane- mia, leucocitose ou leucopenia, trombocitose ou trombocitopenia. Com a continuidade da 30 Higiene Industrial evolução, há redução dos eritrócitos (glóbulos vermelhos), dos leucócitos e das plaquetas, de modo que é possível a ocorrência de pan- citopenia (diminuição global das células san- güíneas). A trombocitopenia leva a manifes- tações hemorrágicas (púrpura, hemorragia nasal e gengival, equimoses, etc.). A leucopenia favorece quadros infecciosos. A redução dos eritrócitos pode levar a quadros graves de anemia. As leucemias por benzeno são, na sua maioria, leucemias mieloblásticas agudas. Ocorrem, mais freqüentemente, em indivídu- os que apresentavam anemia aplástica. Por vezes, a leucemia instala-se muito tempo após cessar a exposição ao benzeno. O benzeno é classificado como cancerígeno pela IARC, NIOSH e ACGIH. A exposição prolongada ao benzeno tam- bém pode produzir fadiga, náuseas, perda do apetite, vertigem, dor de cabeça, irritabilida- de, nervosismo. O contato prolongado com a pele causa secura, fissura e dermatite. O benzeno tem efeitos hepatotóxicos (tó- xicos ao fígado), na exposição prolongada. Controle da exposição e prevenção da intoxicação Uso de roupas impermeáveis, luvas de PVC, máscara com filtro químico. Medidas de controle ambiental. Primeiros Socorros Na inalação Remover da área de exposição, para lo- cal com ar fresco. Administrar oxigênio 100% umidificado. Ventilação assistida e ressusci- tação, se necessário. Se ocorrer tosse e difi- culdade para respirar, avaliar a existência de irritação pulmonar, bronquite e pneumonite. Vigilância para efeitos depressores do siste- ma nervoso central. Na ingestão A indução do vômito poderá ser indicada em ingestão recente de grande quantidade de benzeno e se o paciente estiver consciente. Usar xarope de ipeca. Se não houver vômito com duas doses do xarope, poder-se-á optar pela lavagem gástrica como tentativa para o esvaziamento da quantidade absorvida. A la- vagem gástrica deverá ser acompanhada de cuidados extremos, para previnir a aspiração para os pulmões. O carvão ativado em solução tem demons- trado ser útil pela diminuição da absorção do benzeno. Tratar convulsões com diazepam e feni- toína. No contato com a pele Lavar com sabão e água em abundância. No contato com os olhos Lavar em água corrente durante 15 minu- tos. Se irritação, dor, edema, lacrimejamento ou fotofobia persistirem após 15 minutos, encaminhar ao oftalmologista. Controle biológico – Dosagem do benzeno exalado. – Dosagem urinária do ácido fenil mer- captúrico. – Dosagem urinária do ácido trans-trans- mucônico. – Dosagem do benzeno na urina. – Hemograma. – Contagem de plaquetas. – Reticulócitos. Nome: monóxido de carbono (CO) Descrição: É um gás incolor, sem cheiro, com densidade menor que a do ar, produzido pela combustão incompleta de material orgâ- nico ou carbonáceo. Na indústria do petróleo, as principais fontes emissoras estão no refino nas unidades de craqueamento e regeneração e queima de derivados (caldeira de CO), fornos e “flare”. Sinônimos: óxido carbônico, óxido de carbono, gás de exaustão, gás de chaminé. Ponto de fulgor: Limite inferior de ex- plosividade: 12,5%, Limite superior de explo- sividade: 74, 2% Limites de tolerância: – NR-15: 39 ppm (43 mg/m³) – ACGIH: TWA: 25 ppm (29 mg/m³) – OSHA: PEL: 35 ppm (40 mg/m³) – NIOSH:REL: 35 ppm (40 mg/m³) – CEIL: 200 ppm (229 mg/m³) – CEIL: 200 ppm (229 mg/m³) Higiene Industrial 31 50 100 250 500 1000 10000 Concentração de Vapores de Benzeno (ppm) Tempo Médio p/acumulção (min) 150 120 120 90 60 5 Concentração % Carboxiemoglobina 7 12 25 45 60 95 Sintomas Dor de cabeça Dor de cabeça moderada e tontura Náuseas e vômitos Colapso Coma Morte Temperatura de auto-ignição: 609ºC. Onde ocorre na refinaria: secra (caldei- ra de CO). Primeiros socorros: Executar imediatamente as seguintes me- didas, na ordem indicada: Remover a vítima do local contaminado; aplicar a respiração ar- tificial, caso a vítima esteja inconsciente e sem respirar; mantê-la bem agasalhada e longe das correntes de ar; providenciar socorro médico. A vítima não deverá receber nenhum alimen- to (sólido ou líquido). Riscos à saúde: A mais importante via de penetração é a respiratória, pois o CO difunde-se rapidamen- te através da membrana alveolar, chega à cor- rente sangüínea, onde se une à hemoglobina das hemácias e forma carboxihemoglobina, com interferência imediata do suprimento de oxigênio à atividade celular dos tecidos, pela impossibilidade da carboxihemoglobina trans- portar oxigênio. Como a hemoglobina tem uma grande afinidade pelo CO, cerca de 200-300 vezes maior que a do oxigênio, em conse- qüência, pequenas quantidades da substância no ar é suficiente para que os seus efeitos se manifestem. Os efeitos clínicos da intoxica- ção pelo CO são reflexo da hipóxia dos teci- dos e, possivelmente, pela inibição do sistema citocromo em nível celular. Dessa forma, as manifestações primárias desenvolvem-se nos sistemas orgânicos mais dependentes da utili- zação do oxigênio que são o sistema nervoso central e o miocárdio (músculo do coração). Riscos tóxicos: Um envenenamento por monó- xido de carbono, pode resultar em lesões no cérebro, sistema nervoso e hemorragia capilar. Precauções: Usar máscara com filtro cartucho SW, que oferece proteção contra concentrações de até 1% (10.000 ppm) de CO, no ar e em locais ventilados. Acima desta concentração ou em trabalhos em locais confinados, deverá ser usado equipamento autônomo de respiração ou ar mandado. Risco de incêndio: Misturas de CO (Mo- nóxido de carbono) e ar, dentro dos limites de explosividade, representam riscos de incêndio e explosão. Nome: H2S – Gás sulfídrico Descrição: O gás sulfídrico, também co- nhecido como ácido sulfídrico ou sulfeto de hidrogênio, é um gás incolor, inflamável, as- fixiante, com odor de ovo podre. Utilização: é um subproduto decorrente do processamento de óleo cru com alto teor de enxofre, porém pode estar presente também nos produtos intermediários em concentrações variadas. Pode ser considerado impureza, que vai sendo eliminada em cada um dos proces- sos de refinação ou matéria-prima em refina- rias que possuem unidades de enxofre. Densidade: 1, 189 Solubilidade em água: média Temperatura de auto-ignição: 260°C Estado físico: gás Limites de tolerância: – NR-15: 8 ppm (12 mg/m³) – ACGIH: TWA: 10 ppm (14 mg/m³) – OSHA: PEL:10 ppm(14 mg/m³), STEL: 15 ppm (21 mg/m³), STEL: 15 ppm (21 mg/m³) 0,0005 - 0,13 10 - 21 50 - 100 150 - 200 200 - 300 900 1800 - 3700 Concentração H2S (ppm) Tempo de exposição 1 mim 6-7 horas 4 horas 15 min 20 min 1 min Instantes Efeitos Percepção do odor Irritação ocular Conjuntivite Perda do olfato Inconsciência, hipotensão, edema pulmonar, convulsão, tontura, desorientação Inconsciência e morte Morte 32 Higiene Industrial Onde é encontrado na refinaria: o gás sulfídrico poderá estar presente em quase todas as unidades de processo, na área de armazena- mento e sistema de drenagem de água oleosa. Forma de avaliação: aparelhos de de- tecção. Risco de incêndio: o gás sulfídrico é um gás altamente inflamável que queima com uma chama azul, dando origem a DIÓXIDO de enxofre, um gás muito irritante. Por ser um gás mais denso que o ar, pode acumular-se em áreas mais baixas ou depressões e espalhar-se pelo chão, podendo ir de encontro a fontes de ignição. Os equipamentos que contêm gás sulfídrico podem sofrer processo de corrosão com criação de camadas de sulfeto de ferro no seu interior. Tal sulfeto torna-se perigoso na abertura desses equipamentos porque em con- tato com o ar, pode inflamar-se por auto-igni- ção, servindo como fonte de ignição a resíduos inflamáveis que possam estar presentes nes- ses equipamentos. O combate a incêndio en- volvendo gás sulfídrico é feito com água para resfriamento dos equipamentos e circunscri- ção do incêndio até que a fonte de gás possa ser obstruída para extinção; as equipes de com- bate devem usar equipamentos de proteção respiratória. Pequenos focos de incêndio po- dem ser combatidos com pó químico seco, CO2 ou vapor. Risco à saúde: O gás sulfídrico, é um gás altamente tóxi- co e irritante, que atua sobre o sistema nervo- so, olhos e vias respiratórias. A intoxicação pela substância pode ser aguda, sub-aguda e crônica, dependendo da concentração do gás no ar, da duração, da freqüência da exposição e da susceptibilidade individual. Primeiros socorros: O gás sulfídrico, quando inalado, afeta fre- qüentemente os pulmões tão rápido que não há tempo para chamar o médico antes de tentar ressuscitar a vítima. Portanto, devem ser toma- das as seguintes medidas, na ordem indicada): a) retirar a vítima imediatamente para ar fresco e puro; b)caso a vítima esteja inconsciente e não respire, deve ser aplicada, imediata- mente, a respiração artificial sem inter- rupção até o reinício natural ou até que o médico chegue; c) o paciente deve estar agasalhado; d) O SESAU (a equipe de saúde/emergên- cia) deve ser avisado, sem interromper- se a respiração artificial; e) A vítima inconsciente não deve rece- ber alimento sólido ou líquido; f) Em todo caso, a pessoa afetada pelo gás sulfídrico, ainda que se recupere rapi- damente, deve ser encaminhada ao SMS Saúde para tratamento e obser- vação. Precauções: Em casos de vazamentos, o pessoal deve afastar-se do local e somente aproximar-se devidamente equipado, deve-se diluir o H2S com vapor ou neblina d'água e sanar a fonte de vazamento, tão logo seja possível. Cuida- dos especiais devem ser tomados quanto a possíveis fontes de ignição nas proximidades. Na drenagem de água contendo H2S, devem ser instaladas neblinas d'água para manter o ar úmido, evitando o risco de ignição. Equipamentos de proteção individual: Rotina: Máscara com filtro ABEK, ócu- los com armação de borracha luvas e avental de PVC. Emergência: Conjunto autônomo. Nome: amônia (Sinônimos: Gás Amoníaco) Descrição: É um gás facilmente liqüefeito quando comprimido, possui odor característi- co, pungente e penetrante. É muito solúvel em água com a qual forma hidróxido de amônia. Solúvel em álcool etílico, éter etílico e solven- tes orgânicos. Combustível. Fórmula: NH3 Utilização: Na indústria de petróleo, é uti- lizada em processos de destilação como antioxidante e controlador de pH. Limites de tolerância: – NR-15: 20 ppm (14 mg/m³) – Acgih:twa: 25 ppm (17 mg/m³) – OSHA: STEL: 35 ppm, STEL: 35 ppm (24 mg/m³) – NIOSH:REL: 25 ppm (18 mg/m³), STEL: 35 ppm (27 mg/m³) Temperatura de auto-Ignição: 651ºC. Onde ocorre na refinaria: sedide. Risco de incêndio: Em caso de fogo, a amônia deve ser mantida afastada de óleo ou outro material combustível. Deve ser evitada mistura com ácidos fortes, cloro, bromo ou iodo, que poderão causar explosões. Agente extintor recomendado: água, DIÓXIDO de carbono e pó químico. Higiene Industrial 33 Risco à saúde: – Por contato: destruição dos tecidos das mucosas do nariz e dos olhos, derma- toses e queimaduras na pele. – Por inalação: efeitos irritantes nas vias respiratórias superiores, dispnéia e tos- se. Também tem-se observado broncop- neumopatias agudas e sub-agudas. – Por ingestão: destruição corrosiva da mucosa da faringe, esôfago e estôma- go. A ingestão de uma pequena colher de chá de amônia concentrada pode causar a morte. Primeiros socorros: 1. contato com a pele, mucosa e olhos: – remover imediatamente a roupa conta- minada. Lavar a pele e olhos com água em abundância, pelo menos durante 15 minutos. Chamar o médico. 2. em caso de ingestão: – chamar o médico imediatamente. 3. se o acidentado estiver consciente: – provocar o vômito estimulando com água morna salgada ou com o dedo. Depois, dar água aos goles, pausada- mente. Se disponível, dar vinagre diluído ou suco de limão, aos goles, pausadamente; – manter o acidentado deitado, calmo e aquecido até a chegada do médico; – administrar oxigênio ou respiração artificial, se necessário. 4. se o acidentado estiver inconsciente: – não dar nenhum líquido para beber; – não provocar vômito; – atentar para que não ocorra parada respiratória; – manter o acidentado deitado, calmo e aquecido até a chegada do médico; – se o mesmo vomitar, manter sua cabeça virada para o lado. 5. em caso de inalação excessiva de va- pores de amônia: – remover o acidentado para uma atmosfera não contaminada. Chamar o médico. Fazer respiração artificial, se necessário. Precauções: – evitar contato com a pele e olhos; – não respirar diretamente os vapores ao abrir um recipiente que contenha amônia; – comunicar ao médico alguma queima- dura através de contato com amônia; – certificar-se de que o equipamento de exaustão e ventilação esteja fun- cionando durante o período de tra- balho; – manusear e abrir com cuidado reci- pientes e sistemas de amônia; – vazamentos: – evacuar o local; – lavar com água em excesso; – remover ou isolar o recipiente com vazamento em área bem ventilada, transferindo o conteúdo para outro recipiente. Equipamentos de proteção individual: Rotina: Máscara V.P. com filtro químico ABEK, avental e luva de PVC. Emergência: conjunto autônomo de res- piração e proteção completa de PVC para o corpo. Forma de armazenamento: – Recipientes que contenham amônia de- vem ser devidamente rotulados e esto- cados em posição vertical, ao abrigo dos raios solares, do calor e dos pro- dutos sujeitos a reagir com amônia; – Os locais de armazenagem devem ser bem ventilados; – A instalação elétrica deverá ser do tipo blindado, ao abrigo da ação corrosiva do gás amoníaco; – Deverão ser tomadas medidas para que, em caso de acidente, não haja derra- mamento direto do produto no esgoto; – Nas proximidades do local de armaze- nagem, deverá ser instalada uma toma- da de água. Máscaras deverão estar em local de fácil acesso. 1.9 NR 17 – Ergonomia 17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às ca- racterísticas psicofisiológicas dos trabalha- dores, de modo a proporcionar um máxi- mo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 34 Higiene Industrial 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condi- ções ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das con- dições de trabalho às características psi- cofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, confor- me estabelecido nesta Norma Regulamen- tadora. 17.2. Levantamento, transporte e descar- ga individual de materiais. 17.2.1. Para efeito desta Norma Regula- mentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas de- signa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levanta- mento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18 (de- zoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos. 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admi- tido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua seguran- ça. (117.001-5 / I1) 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos méto- dos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. (117.002-3 / I2) 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transpor- te manual de cargas, o peso máximo des- tas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segu- rança. (117.003-1 / I1) 17.2.6. O transporte e a descarga de mate- riais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deve- rão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja com- patível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segu- rança. (117.004-0 / 11) 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capa- cidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. (117.005-8 / 11) 17.3. Mobiliário dos postos de trabalho. 17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. (117.006-6 / I1) 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; (117.007-4 / I2) b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; (117.008-2 / I2) c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movi- mentação adequados dos segmentos corporais. (117.009-0 / I2) 17.3.2.1. Para trabalho que necessite tam- bém da utilização dos pés, além dos re- quisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acio- namento pelos pés devem ter posiciona- mento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do traba- lhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executa- do. (117.010-4 / I2) 17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: Higiene Industrial 35 ajustá-lo de acordo com as tarefas a se- rem executadas; (117.020-1 / I2) c) a tela, o teclado e o suporte para docu- mentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olhoteclado e olho-documento sejam aproximada- mente iguais; (117.021-0 / I2) d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável. (117.022-8 / I2) 17.4.3.1. Quando os equipamentos de pro- cessamento eletrônico de dados com ter- minais de vídeo forem utilizados eventual- mente poderão ser dispensadas as exigên- cias previstas no subitem 17.4.3, observa- da a natureza das tarefas executadas e le- vando-se em conta a análise ergonômica do trabalho. 17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condições ambientais de traba- lho devem estar adequadas às característi- cas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são exe- cutadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de pro- jetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condiçôes de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o esta- belecido na NBR 10152, norma brasi- leira registrada no INMETRO; (117.023-6 / I2) b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus centí- grados); (117.024-4 / I2) c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; (117.025-2 / I2) d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. (117.026-0 / I2) 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de va- lor não superior a 60 dB. 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruí- do determinados próximos à zona auditi- va e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador. a) altura ajustável à estatura do trabalha- dor e à natureza da função exercida; (117.011-2 / I1) b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; (117.012-0 / I1) c) borda frontal arredondada; (117.013-9 / I1) d) encosto com forma levemente adapta- da ao corpo para proteção da região lombar. (117.014-7 / II) 17.3.4. Para as atividades em que os tra- balhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do tra- balhador. (117.015-5 / I1) 17.3.5. Para as atividades em que os tra- balhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. (117.016-3 / I2) 17.4. Equipamentos dos postos de trabalho. 17.4.1. Todos os equipamentos que com- põem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisioló- gicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.4.2. Nas atividades que envolvam lei- tura de documentos para digitação, dati- lografia ou mecanografia deve: a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualiza- ção e operação, evitando movimenta- ção freqüente do pescoço e fadiga vi- sual; (117.017-1 / I1) b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sen- do vedada a utilização do papel brilhan- te, ou de qualquer outro tipo que pro- voque ofuscamento. (117.018-0 / I1) 17.4.3. Os equipamentos utilizados no pro- cessamento eletrônico de dados com termi- nais de vídeo devem observar o seguinte: a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equi- pamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e propor- cionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; (117.019-8 / I2) b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador 36 Higiene Industrial b) devem ser incluídas pausas para des- canso; (117.030-9 / I3) c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigên- cia de produção deverá permitir um re- torno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afasta- mento. (117.031-7 / I3) 17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o dis- posto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte: a) o empregador não deve promover qual- quer sistema de avaliação dos trabalha- dores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número indivi- dual de toques sobre o teclado, inclusi- ve o automatizado, para efeito de re- muneração e vantagens de qualquer es- pécie; (117.032-5) b) o número máximo de toques reais exi- gidos pelo empregador não deve ser su- perior a 8 (oito) mil por hora trabalha- da, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; (117.033-3 / I3) c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite má- ximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras ati- vidades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Tra- balho, desde que não exijam movimen- tos repetitivos, nem esforço visual; (117.034-1 / I3) d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 (dez) minutos para cada 50 (cinqüen- ta) minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho; (117.035-0 / I3) e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigên- cia de produção em relação ao número de tóques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea “b” e ser ampliada progressiva- mente. (117.036-8 / I3) 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou ar- tificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. 17.5.3.1. A iluminaçâo geral deve ser uni- formemente distribuída e difusa. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplemen- tar deve ser projetada e instalada de for- ma a evitar ofuscamento, reflexos incô- modos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3. Os níveis mínimos de ilumina- mento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias es- tabelecidos na NBR 5413, norma brasi- leira registrada no INMETRO. (117.027-9 / I2) 17.5.3.4. A medição dos níveis de ilumi- namento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em fun- ção do ângulo de incidência. (117.028-7 / I2) 17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso. 17.6. Organização do trabalho. 17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológi- cas dos trabalhadores e à natureza do tra- balho a ser executado. 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em considera- ção, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas. 17.6.3. Nas atividades que exijam sobre- carga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros supe- riores e inferiores, e a partir da análise er- gonômica do trabalho, deve ser observa- do o seguinte: a) para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em con- sideração as repercussões sobre a saú- de dos trabalhadores; (117.029-5 / I3) Higiene Industrial 37 38 Higiene Industrial Principios Éticos da Petrobras A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios éticos são os valores maiores que orientam a relação da Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes, parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais segmentos da sociedade. A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes de competitividade e lucratividade, sem descuidar da busca do bem comum, que é traduzido pela valorização de seus empregados enquanto seres humanos, pelo respeito ao meio ambiente, pela observância às normas de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento nacional. As informações veiculadas interna ou externamente pela Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma relação de respeito e transparência com seus empregados e a sociedade. A Petrobras considera que a vida particular dos empregados é um assunto pessoal, desde que as atividades deles não prejudiquem a imagem ou os interesses da Companhia. Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do julgamento, considerando a justiça, legalidade, competência e honestidade. Sumário 1.1 Histórico 1.1.1 Introdução 1.1.2 Conceituação 1.1.3 Objetivo 1.2 Diretrizes 1.2.1 Da Justificação 1.2.2 Da Funcionalidade 1.2.3 Da Informação 1.2.4 Da Participação 1.2.5 Da Interação 1.3 Conceitos 1.4.3 Uma Atuação Inesquecível 1.4.4 Audiometria - Avaliando a Atuação das Células Ciliadas 1.5 Ruído - A Ameaça Silenciosa... 1.5.1 Ruído - Ameaça antes mesmo do Nascimento 1.5.2 Protegendo-se do Ruído 1.6 A Legislação Trabalhista Brasileira e o Ruído 1.7 Tipos de Radiação 1.7.1 Infravermelho 1.7.2 Ultravioleta 1.7.3 Radiação de fundo 1.7.4 Raios catódicos 1.7.5 Raio X 1.7.6 Radiação de nêutrons 1.8.1 Objetivos 1.8.2 Propriedades toxicológicas