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Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 231 
Capítulo 3 
EExxttrraattoo ddoo LLiivvrroo:: 
Publicado em Novembro de 1997 
 
CAPÍTULO 3 
 
SUBSÍDIOS PARA MODELAGEM DE SISTEMAS ESTUARINOS 
 
 
por 
 
 
Paulo Cesar Colonna Rosman1
 
1 Professor Adjunto do Departamento de Recursos Hídricos & Meio Ambiente e da Á-
rea de Engenharia Costeira e Oceanográfica/PEnO-COPPE – Universidade Federal do 
Rio de Janeiro. < pccr@peno.coppe.ufrj.br > 
232 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 
Conteúdo 
3.1. Introdução e objetivos ..........................................................235 
3.2. O processo de modelagem em sistemas estuarinos................235 
3.2.1. Tipos de modelos de interesse......................................236 
3.3. Modelo matemático geral .....................................................238 
3.3.1. Princípios fundamentais do modelo matemático...........238 
3.3.1.1. Escala de interesse .................................................238 
3.3.1.2. Movimentos e transportes resolvíveis e não 
resolvíveis - Advecção e Difusão ............................239 
3.3.1.3. Escoamento incompressível – Equação de Estado e 
Equação da Continuidade......................................240 
3.3.1.4. Aproximações para a Equação de Estado ...............242 
3.3.2. Transporte de contaminantes – Princípio da 
conservação da massa ..................................................245 
3.3.3. Movimento da água – modelagem do escoamento .......248 
3.3.3.1. Variação da quantidade de movimento: d (ρui )/dt .248 
3.3.3.2. Soma das forças atuantes: ΣFI ................................250 
3.3.3.3. O problema de fechamento...................................253 
3.3.3.4. Aproximação de Boussinesq ..................................254 
3.3.4. Resumo do modelo matemático geral na escala das 
partículas .....................................................................255 
3.3.5. Condições de validade: números de Pèclet e de 
Reynolds......................................................................257 
3.3.6. Modelo geral para o escoamento e o transporte de 
grande escala ...............................................................260 
3.3.7. Resumo do modelo matemático geral, para o 
escoamento de grande escala.......................................262 
3.3.8. Sobre as condições de validade para as grandes 
escalas .........................................................................269 
3.4. Modelos matemáticos de sistemas estuarinos ........................270 
3.4.1. Corpos d’água rasos e aproximação hidrostática ...........271 
3.4.2. Equações do movimento em águas rasas ......................273 
3.4.2.1. Condições de contorno cinemáticas na superfície 
livre e no fundo .....................................................275 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 233 
Capítulo 3 
3.4.2.2. Condições de contorno dinâmicas na superfície 
livre e no fundo .................................................... 276 
3.4.2.3. Equação da continuidade promediada na vertical.. 277 
3.4.3. Tipos de estuários e modelos pertinentes ..................... 277 
3.4.4. Modelos tridimensionais (3Dg e 3D) ............................ 278 
3.4.4.1. Modelos hidrodinâmicos 3Dg e 3D....................... 278 
3.4.4.2. Modelos 3D para transporte de escalares passivos . 280 
3.4.5. Modelos bidimensionais na horizontal (2DH)............... 280 
3.4.5.1. Modelo hidrodinâmico 2DH................................. 281 
3.4.5.2. Modelo 2DH para transporte de escalares passivos 287 
3.4.6. Modelos bidimensionais em perfil vertical (2DV).......... 288 
3.4.6.1. Modelo hidrodinâmico 2DV ................................. 289 
3.4.6.2. Modelo 2DV para transporte de escalares passivos 291 
3.4.7. Modelos unidimensionais (1D) .................................... 291 
3.4.7.1. Modelo hidrodinâmico 1D.................................... 292 
3.4.7.2. Modelo 1D para transporte de escalares passivos .. 295 
3.5. Modelo Lagrangeano para transporte de escalares passivos... 295 
3.6. Estratégia geral para desenvolvimento de modelos 
numéricos............................................................................ 301 
3.6.1. Modelo numérico desacoplado para circulação 
hidrodinâmica 3Dg e 2DH em sistemas estuarinos....... 301 
3.6.1.1. Objetivo e estratégia de cálculo............................. 301 
3.6.1.1.1. Módulo 2DH para obtenção de ζ (x, y, t )........ 302 
3.6.1.1.2. Módulo 3D para obtenção do campo de 
velocidades .................................................... 305 
3.6.1.2. Sobre os modelos 2DV e 1D ................................. 307 
3.6.1.3. Sobre métodos de discretizações espaciais ............ 307 
3.7. Exemplos de aplicações de modelos numéricos.................... 308 
3.7.1. Modelo 3D para circulação hidrodinâmica e 
transporte de contaminantes na Baía de Guanabara, 
RJ ................................................................................ 308 
3.7.1.1. Condições de Contorno ........................................ 309 
3.7.1.2. Sobre o modelo numérico..................................... 310 
3.7.1.3. Aplicação do modelo hidrodinâmico à Baía da 
Guanabara............................................................ 311 
3.7.1.3.1. Batimetria utilizada .......................................... 311 
234 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.7.1.3.2. Condições de maré modeladas.........................313 
3.7.1.3.3. Condições de vento modeladas ........................315 
3.7.1.4. Resultados Ilustrativos ............................................315 
3.7.2. Modelo 2DH para estudo de cheias em Joinville 
devido a marés na Baía de Babitonga, SC.....................319 
3.7.2.1. Resultados Ilustrativos ............................................321 
3.7.3. Modelagem da pluma do Emissário Submarino de 
Esgotos de Ipanema (ESEI), RJ.......................................324 
3.7.3.1. O domínio modelado ............................................324 
3.7.3.1.1. Batimetria ........................................................324 
3.7.3.1.2. Dados de maré.................................................327 
3.7.3.1.3. Dados de vento................................................327 
3.7.3.1.4. Características dos contaminantes simulados 
no ESEI ...........................................................328 
3.7.3.2. Resultados ilustrativos ............................................328 
3.7.4. Modelos 1D e pontual para estudo de estabilização 
da barra do sistema lagunar de Saquarema, RJ..............335 
3.7.4.1. Resultados obtidos com o modelo 1D....................335 
3.7.4.1.1. Situação atual: níveis d’água no sistema 
lagunar com a barra aberta..............................337 
3.7.4.1.2. Situação proposta: níveis d’água no sistema 
lagunar com a barra estabilizada......................339 
3.7.5. Resultados obtidos com o modelo pontual ...................343 
3.8. Referências e Bibliografia ......................................................346 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 235 
Capítulo 3 
3.1. Introdução e objetivos 
Neste capítulo o objetivo específico é o desenvolvimento da modelagem 
matemática do movimento, ou transporte, de substâncias e propriedades 
no meio fluido, em sistemas estuarinos. Aspectos relevantes de modela-
gem numérica são também discutidos. 
Modelagem é um processo de traduções em diferentes etapas, no 
qual o sucesso de uma etapa nunca supera o da etapa anterior. Em cada 
etapa, a realidade traduzida nunca é mais verdadeira que a realidade da 
etapa anterior. Considerando um fenômeno qualquer na natureza, a pri-
meira e mais fundamental modelagem é a conceptual. 
Se ouvimos uma melodia complexa apenas uma vez é pouco pro-
vável que consigamos “modelá-la” mentalmente. Entretanto, com a repe-
tida observação do fenômeno, ou escuta da melodia, acabamos por com-
preendê-lo, e prontamente desenvolve-se um modelo conceptual em nos-
sas mentes. Dizemos então que entendemos o fenômeno, ou conhecemos 
a melodia. Partindo desta compreensão ou conhecimento pode-se traduzir 
o fenômeno, em diferentes modelagens. Por exemplo, um leigo em teoria 
musical com uma melodia na cabeça, pode traduzi-la em modelos analó-
gicos através de canto ou assobio. Entretanto, alguém versado na lingua-
gem musical pode traduzir o modelo conceptual da melodia para uma 
partitura, obtendo assim um modelo escrito. Por sua vez, alguém que não 
conhece a melodia, mas conhece os princípios da teoria musical e sabe 
ler a partitura, pode “modelar a melodia” em um instrumento capaz de 
tocar as notas da partitura escrita. A idéia é clara, o processo de modela-
gem não é muito diferente quer se trate de músicas, sistemas estuarinos, 
ou de outros sistemas quaisquer. 
3.2. O processo de modelagem em sistemas estuarinos 
Em se tratando de sistemas estuarinos o processo de modelagem apresen-
ta as seguintes etapas: 
a) Modelagem conceptual: é formar na mente a concepção do fenôme-
no observado, conhecer suas causas e efeitos, compreender as intera-
ções dos agentes intervenientes na sua ocorrência. (Muito semelhante 
a ter e “ouvir” a música na cabeça.) 
b) Modelagem matemática: são traduções do modelo conceptual do 
fenômeno escritas em linguagem matemática. Os diferentes modelos 
matemáticos são diferentes arranjos, incluindo um número maior ou 
236 Paulo Cesar Colonna Rosman 
menor de causas e efeitos, e de agentes intervenientes em diferentes 
formas. Para tanto há regras e princípios formais a serem seguidos. 
(Muito parecido com escrever a partitura de uma música, em diferen-
tes arranjos.) 
c) Modelagem numérica: são traduções dos modelos matemáticos a-
daptados para diferentes métodos de cálculo. (Não é muito diferente 
de seqüenciar as notas de uma música para serem tocadas em um ins-
trumento específico.) 
d) Modelagem computacional: é a tradução de um modelo numérico 
para uma linguagem computacional que possa ser compilada e execu-
tada em um computador por um operador experiente. (Semelhante à 
tradução/compilação que o músico faz mentalmente quando lê uma 
partitura e a executa no instrumento pertinente.) 
3.2.1. Tipos de modelos de interesse. 
Quando se diz “modelagem do movimento ou do transporte de substân-
cias e propriedades no meio fluido estuarino”, a primeira questão é a de-
finição das substâncias e propriedades de interesse. Estas são muitas, mas 
sem dúvida a principal é a que denominamos “água”. 
A “água” de corpos d’água naturais é uma mistura de muitas subs-
tâncias, na qual a concentração2 de H2O é vastamente predominante. A 
qualidade desta “água” é definida pela concentração de outras substân-
cias e propriedades além de H2O e sua massa. Portanto, conhecer o mo-
vimento da massa de H2O e da massa de outras substâncias, ou outras 
propriedades relevantes, é fundamental em estudos ambientais e em pro-
jetos de engenharia em corpos d’água. Em sistemas estuarinos, algumas 
das principais substâncias e propriedades de interesse são: 
ƒ Massa, volume e quantidade de movimento da “água”. 
ƒ Massa e concentração de sal (NaCl). 
ƒ Massa, concentração e volume de sedimentos. 
ƒ Massa e concentração de contaminantes diversos, e.g., hidro-
carbonetos, agrotóxicos, demandas química e bioquímica de o-
xigênio, oxigênio dissolvido, componentes dos ciclos do nitro-
gênio e do fósforo, coliformes, metais pesados, etc. 
ƒ Quantidade de calor. 
 
2 Entenda-se por “concentração” de uma dada substância a razão entre a massa da subs-
tância e o volume da mistura. Como em um estuário na mistura fluida que vulgarmente 
denominamos “água”, a massa de H2O é responsável por quase 100% do volume (e da 
massa) da mistura, a concentração de H2O é vastamente predominante. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 237 
Capítulo 3 
ƒ Quantidade de energia cinética. 
ƒ Quantidade de movimento da “água”. 
Usualmente dá-se o nome de modelagem hidrodinâmica à determi-
nação da quantidade de movimento da água3, resultando na definição dos 
padrões de correntes. Chama-se de modelagem do transporte de escala-
res à determinação da concentração de substâncias, ou outras proprieda-
des escalares, por exemplo quantidade de calor ou temperatura. O termo 
modelagem de qualidade da água é adotado quando os escalares de inte-
resse são parâmetros que qualificam a água. A lista a seguir exemplifica 
alguns tipos de modelo que são de interesse em sistemas estuarinos. 
ƒ Modelos hidrodinâmicos em fluido homogêneo: são modelos para 
determinação do padrão de correntes em corpos d’ água com superfí-
cie livre, tais como águas costeiras, baías, sistemas estuarinos, rios, 
lagos reservatórios, etc. Tais modelos variam grandemente em com-
plexidade indo desde modelos unidimensionais (1D) até modelos tri-
dimensionais (3D), passando por modelos bidimensionais em planta 
ou promediados verticalmente (2DH), bidimensionais em perfil ou 
promediados lateralmente (2DV). 
ƒ Modelos hidrodinâmicos em fluidos não homogêneos: são semelhan-
tes aos descritos acima mas por incluírem gradientes de densidade 
são acoplados a modelos de transporte advectivo-difusivo dos escala-
res constituintes da equação de estado, usualmente sal e calor. 
ƒ Modelos de qualidade de água: são modelos que descrevem o trans-
porte advectivo-difusivo e possíveis reações cinéticas de grandezas 
escalares utilizadas como parâmetros qualificadores da água, e.g., 
temperatura, salinidade, concentração de um contaminante, contagem 
de coliformes, etc. Usualmente tais modelos são resolvidos desaco-
plados dos modelos hidrodinâmicos, entretanto a circulação hidrodi-
nâmica representa um conjunto de dados de entrada fundamental. 
Tais modelos também têm dimensionalidade variada em função do 
corpo d’água de interesse, indo desde modelos 1D até 3D como e-
xemplificado acima. 
ƒ Modelos de processos sedimentológicos e evolução morfológica: são 
modelos para cálculo da erosão, transporte e deposição de sedimentos 
em corpos d’água. Têm como entrada básica os resultados de mode-
 
3 Neste capítulo, ao se mencionar “água”, deve-se entender não apenas H2O, mas a mis-
tura natural. 
238 Paulo Cesar Colonna Rosman 
los hidrodinâmicos, mas podem ser interdependentes. As metodologi-
as empregadas variam em função do tipo de sedimentos, coesivos ou 
não, forma do corpo d’água, escalas temporais e espaciais de interes-
se. 
A seguir apresenta-se os fundamentos teóricos para um modelo ma-
temático geral para corpos d’água, a partir do qual se obtêm as equações 
para os modelos exemplificados acima. 
3.3. Modelo matemático geral 
Apresenta-se neste item uma breve revisão de mecânica dos fluidos, com 
vistas à modelagem matemática e numérica de corpos d’água naturais, e 
especialmente de sistemas estuarinos. Há importantes diferenças entre a 
mecânica dos fluidos clássica e a, digamos, mecânica dos fluidos ambi-
ental, que se apresenta a seguir. 
Como o objetivo do modelo matemático é determinar o movimento 
da água natural e o transporte de substância pelo escoamento resultante, 
utiliza-se princípios de conservação da quantidade de movimento e da 
massa. Os princípios são aplicados a parcelas de água e substâncias no 
corpo d’água que dependem da escala de interesse, conforme se define a 
seguir. 
3.3.1. Princípios fundamentais do modelo matemático 
3.3.1.1. Escala de interesse 
Alguns princípios fundamentais devem ficar patentes. Em primeiro lugar, 
sabe-se que toda substância é composta por moléculas discretas, entretan-
to, na nossa
menor escala de interesse, qualquer “substância” será sempre 
contínua. Assim, a menor parcela de substância à qual podemos referen-
ciar é uma “partícula”, e qualquer propriedade, (e.g. massa, velocidade, 
temperatura, salinidade, etc.) ou princípio de conservação se aplica no 
mínimo a uma partícula. Na modelagem conceptual a matéria é contínua, 
e os princípios a serem empregados são os da mecânica do meio contí-
nuo4. Uma partícula de “água” é definida por sua massa e seu volume, 
que pode ser de qualquer forma. Imaginando que a partícula tenha di-
mensões δx, δy e δz, sua massa, m, é o produto de sua massa específica, 
ρ, por seu volume, δxδyδz: 
 
4 Se fôssemos considerar moléculas de substâncias, acabaríamos tendo que partir de 
princípios de mecânica quântica. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 239 
Capítulo 3 
 m x y z= ρδ δ δ (3.1) 
O fato de se definir a escala do contínuo como a escala mínima pa-
ra o volume de uma partícula5, não implica no interesse estar neste míni-
mo. De fato, na prática as escalas de interesse são muito maiores, pois o 
que se busca é o conhecimento do movimento de um conjunto de partícu-
las em escoamento, e no transporte que tal escoamento faz, levando as 
diversas substâncias e propriedades das partículas para diferentes lugares 
de um corpo d’água. 
3.3.1.2. Movimentos e transportes resolvíveis e não resolvíveis - 
Advecção e Difusão 
Os movimentos e transportes resolvíveis são aqueles que podem ser ob-
servados e medidos na escala de interesse. É fácil mostrar que para ser 
resolvível o fenômeno tem que ter dimensões pelo menos duas vezes 
maiores que as menores escalas de interesse, (teorema de Nyquist). A 
limitação das escalas de interesse impõe paradoxos, pois inexoravelmente 
haverá movimentos e transportes em escalas menores, e portanto, não 
resolvíveis. Todos os fenômenos em escalas não resolvíveis tem que 
ser modelados de algum modo através de variáveis nas escalas resol-
víveis. 
Considere por exemplo um recipiente com partículas de água pura 
em repouso. Em seguida, suponha que da forma mais controlada possível 
seja colocado um pouco de água com corante. O paradoxo resultante é 
conhecido: embora a “água” esteja parada, e portanto não exista movi-
mento algum na escala de interesse, observa-se que o corante é transpor-
tado lentamente e acaba por se misturar pelo recipiente todo. Na realida-
de as partículas contínuas que definem a mínima escala de interesse no 
caso, tem velocidade resolvível nula. Mas, existe um “escoamento mole-
cular” associado a escalas sub-partículas ou moleculares, que transporta o 
corante. 
Considere outra vez o mesmo recipiente com água pura, mas supo-
nha que há uma grade oscilando em seu interior cerca de dez vezes por 
segundo. Em uma escala temporal de interesse mínima de um segundo, a 
velocidade resolvível do escoamento no recipiente será nula. De fato, na 
escala de interesse a velocidade resolvível seria o valor médio das velo-
cidades instantâneas ao longo de pelo menos dois segundos, o qual tende-
 
5 A escala do contínuo, obriga que uma partícula tenha um volume mínimo que seja 
maior que o cubo do máximo deslocamento livre entre as moléculas das substâncias, 
que constituem a partícula. 
240 Paulo Cesar Colonna Rosman 
ria a ser zero devido ao caráter oscilatório do movimento da grade. Por-
tanto, tem-se estabelecido no recipiente, um escoamento resolvível com 
velocidade nula. O paradoxo agora fica mais forte pois, apesar de, na es-
cala de interesse, o fluido estar em repouso, é evidente que se agora fosse 
colocado no recipiente um pouco de água com corante, este se misturaria 
rapidamente. Como no caso anterior, apesar da velocidade resolvível ser 
nula, há movimento e transporte em escalas inferiores às resolvíveis, pois 
há uma turbulência devida à agitação da grade. Existe portanto um esco-
amento turbulento, não resolvível, que transporta o corante. 
Todo movimento ou transporte resolvível é denominado advec-
tivo6. E, todo movimento ou transporte não resolvível é denominado 
difusivo7. O transporte advectivo está sempre associado ao campo de 
velocidades resolvível na escala de interesse. O transporte difusivo 
sempre leva um adjetivo indicativo da maior escala não resolvível. Por 
exemplo, no primeiro caso do recipiente com corante antes mencionado, 
tem-se difusão molecular, ou transporte difusivo molecular, e zero 
advecção, ou transporte advectivo. No segundo caso tem-se difusão 
turbulenta, ou transporte difusivo turbulento, também com advecção 
nula. Como dito, todo movimento ou transporte não resolvível tem que 
ser modelado em termos de grandezas resolvíveis. Quando se está na es-
cala instantânea pontual das partículas, essa modelagem advém da física 
experimental, gerando “leis da física”. Por exemplo, a difusão molecular 
de massa é explicada pela Lei de Fick, a difusão molecular de quantidade 
de movimento leva às tensões viscosas. 
3.3.1.3. Escoamento incompressível – Equação de Estado e 
Equação da Continuidade 
A princípio a massa de uma partícula de “água” pode mudar tanto por 
variações em sua massa específica ρ quanto em seu volume δxδyδz. Para 
um dado volume, ρ pode variar com a concentração de algumas substân-
cias, nomeadamente o sal no caso de sistemas estuarinos. O volume de 
uma partícula de água por sua vez pode mudar por variações na pressão 
ou na temperatura. Entretanto, constata-se que nos escoamentos naturais 
 
6 O termo “convectivo” também é por vezes empregado com o mesmo significado, en-
tretanto é mais usual em movimentos verticais decorrentes de gradientes de temperatura. 
7 Nesta definição supõe-se um escoamento tridimensional (3D). Em modelos de escoa-
mentos com menos dimensões (2D ou 1D) obtêm valores médios em uma dada dimen-
são. Na dimensão promediada, a escala de interesse é infinita, e ao escoamento não re-
solvível pela perda da dimensão, dá-se o nome de dispersão, vide itens sobre modelos 
2DH, 2DV e 1D. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 241 
Capítulo 3 
as variações de volume por variação de pressão são desprezíveis. Ou seja, 
em escoamentos naturais a água se comporta como se fosse um fluido 
incompressível. 
Na prática ao invés de se dizer corretamente “escoamento da água 
como se fosse fluido incompressível”, virou um jargão chamar-se de “es-
coamento incompressível” ao escoamento de partículas de água cuja 
massa específica não seja função da pressão. Isto é escoamento de partí-
culas de água com massa específica definida como função apenas da tem-
peratura e da concentração de algumas substâncias. Esta última frase 
traduz-se matematicamente em duas equações extremamente importan-
tes. 
A primeira é a que define a massa específica da “água”; explicitan-
do que nos escoamentos de interesse a massa específica não depende da 
pressão, através da chamada “Equação Constituinte” ou “Equação de 
Estado” que, para o caso presente, pode ser convenientemente escrita 
como: 
 ( )1 2, , ,...., nT C C Cρ = ρ (3.2) 
onde T representa a temperatura da partícula e C1 a Cn as concentrações 
das “n” substâncias constituintes de sua massa. 
O fato da pressão não constar na Equação de Estado, e portanto do 
escoamento ser incompressível, precisa ser imposto como uma condição 
para definir as classes de escoamento nos quais é válida a equação (3.2). 
Daí, a segunda equação, denominada Equação da Continuidade. Tal e-
quação exprime que o volume de um conjunto de partículas, ∆x∆y∆z, em 
um dado escoamento, sempre continua o mesmo8. Em termos matemáti-
cos pode-se escrever que a variação do volume ∆x∆y∆z no tempo é nula: 
 
( )
0
d x y z
dt
∆ ∆ ∆ = (3.3) 
Entretanto esta forma da equação da continuidade não
é adequada, 
pois não é fácil medir o volume de um grupo de partículas em escoamen-
 
8 Repare que a continuidade do volume, ou condição de incompressibilidade é uma con-
dição estritamente geométrica, e não uma conseqüência da conservação de massa. De 
fato, em corpos d’água naturais, nomeadamente em estuários, a massa específica da 
“água” não é constante mas o escoamento é incompressível. Entretanto, é comum apre-
sentar-se a incompressibilidade como conseqüência da conservação de massa. O inverso 
é o correto, isto é, se um fluido for homogêneo e seu escoamento incompressível, como 
conseqüência, sua massa específica é constante. 
242 Paulo Cesar Colonna Rosman 
to. É mais fácil medir a velocidade com que as partículas estão escoando, 
ou a velocidade do escoamento. Assim expandindo a derivada na equa-
ção (3.3) e dividindo-se pelo volume ∆x∆y∆z obtêm-se: 
 1 ( ) 1 ( ) 1 ( ) 0d x d y d z
x dt y dt z dt
∆ ∆ ∆+ +∆ ∆ ∆ = 
Lembrando que a derivada de uma diferença é igual à diferença das deri-
vadas, pode-se convenientemente reescrever a equação como: 
 0dx dy dz u v w
x dt y dt z dt x y z
∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆+ + = + +∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ = 
levando ao limite em que ∆x, ∆y e ∆z tendem a zero, resulta na conhecida 
forma da Equação da Continuidade: 
 0u v w
x y z
∂ ∂ ∂+ + =∂ ∂ ∂ (3.4) 
onde u, v e w são as componentes da velocidade do escoamento respecti-
vamente nas direções x, y e z. A equação (3.4), é a condição a ser satisfei-
ta pelo escoamento para validade da equação (3.2). Em termos matemáti-
cos a condição de escoamento incompressível eqüivale a dizer que o di-
vergente da velocidade do escoamento é nulo. Em outras palavras, as par-
tículas de um conjunto em escoamento não estão convergindo nem di-
vergindo, o volume do conjunto permanece constante, independente da 
forma que assuma ao escoar9. 
A imposição da condição de escoamento incompressível é sempre 
uma ótima aproximação da realidade, quando a razão entre a velocidade 
do escoamento e a velocidade de propagação do som no meio, for muito 
menor que 1,0. Esta razão é denominada número de Mach, e é obviamen-
te sempre satisfeita em escoamentos em corpos d’água naturais, visto que 
a velocidade de propagação do som na água é cerca de 1500 m/s. De fato, 
muito raramente o número de Mach em escoamento naturais é maior que 
0,005, o que equivaleria a correntes com velocidades de 7,5 m/s! 
3.3.1.4. Aproximações para a Equação de Estado 
Nos sistemas estuarinos, bem como na maioria dos corpos d’água natu-
rais, é conveniente modelar a “água” como um sistema binário, composto 
 
9 Em oceano profundo, o escoamento também é localmente incompressível, mas a den-
sidade da água é maior devido à pressão. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 243 
Capítulo 3 
pela água propriamente dita e por outra substância genérica. Isso não 
quer dizer que não se possa tratar simultaneamente do transporte de vá-
rias substâncias, decorrente do escoamento da água natural. A única im-
plicação é que o transporte advectivo e difusivo de cada substância pode 
ser tratado independentemente em conjunto com a água apenas, como se 
fosse um sistema binário. A aproximação de sistema binário será sempre 
válida quando a concentração das substâncias for muito pequena em rela-
ção à concentração de H2O. 
Na hipótese de sistema binário, a massa específica de uma partícula 
de “água” natural dada pela equação (3.2) pode ser escrita pela fórmula 
de Eckart, com boa aproximação: 
 2
2
1( , ) 1000
0.698
sendo: 5890 38 0.375 3
1779.5 11.25 0.0745 (3.8 0.01 )
AS T
B A
A T T S
B T T T S
+ρ = +
= + − +
= + − − +
 (3.5) 
onde T é o valor da temperatura da “água” em graus Celsius, S é o valor 
da salinidade em unidades práticas de salinidade (valor em ‰, g/l ou 
kg/m3). Para o caso em que a concentração de sedimentos finos em sus-
pensão é importante, a fórmula de Eckart torna-se: 
 
( , )
( , , ) ( , )ss s
s
S T
S T C C S T
ρ − ρρ = + ρρ (3.6) 
onde Cs é a concentração de sedimentos em suspensão, sendo ρs a massa 
específica do sedimento. 
Em modelagem de sistemas estuarinos é comum se considerar a 
massa específica da água natural como função apenas da concentração de 
sal; por outro lado na modelagem de águas costeiras pode ser importante 
considerar tanto a temperatura quanto a concentração de sal. Já no caso 
de lagos e reservatórios de água doce, usualmente apenas a temperatura é 
relevante. Em algumas situações a concentração de sedimentos em sus-
pensão pode ser importante na determinação da massa específica da água 
natural, por exemplo, no sistema estuarino do rio Amazonas. 
No caso usual de modelagem de sistemas estuarinos, para uma da-
da temperatura de referência suposta constante durante o período de 
modelagem, se define a massa específica considerando apenas a variação 
da salinidade, é fácil verificar que a fórmula de Eckart, equação (3.5), 
pode ser aproximada por uma reta: 
244 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 Sρ = α + β (3.7) 
onde α e β são constantes definidas a partir da temperatura de referência. 
A Figura 3.1 mostra exemplos para temperaturas de 10o, 20o e 30o 
Celsius, ficando evidente a validade da aproximação (3.7). 
T =30oC: ρ = 0.7516S + 995.81
T =20oC: ρ = 0.7609S + 998.31
T =10oC: ρ = 0.7789S + 999.74
990
995
1000
1005
1010
1015
1020
1025
1030
0 5 10 15 20 25 30 35 40
S (valor da salinidade em ‰, g/l ou kg/m3)
ρ (
m
as
sa
 e
sp
ec
ífi
ca
 e
m
 k
g/
m
3 )
 
Figura 3.1. Gráficos da variação da massa específica da água de sistemas 
estuarinos com a salinidade, para diferentes temperaturas. Os 
símbolos resultam da equação (3.5) completa, e as equações das 
retas resultam de regressão linear, cf. equação (3.7). 
A grande maioria das substância presentes na água natural não é re-
levante na definição de sua massa especifica. Quando a concentração de 
uma substância é relevante para o cálculo de ρ, esta é chamada de con-
taminante ativo, caso contrário de contaminante passivo. Dentro deste 
contexto, o calor contido em uma partícula, embora não seja uma subs-
tância, pode ser tratado como um contaminante ativo, cuja concentração 
é expressa pela temperatura T. Todo contaminante ativo interfere na hi-
drodinâmica do corpo d água. 
De modo a calcular a massa específica como expresso nas equações 
(3.5), (3.6) ou (3.7), é fundamental modelar como os contaminantes pre-
sentes na água são transportadas pelo escoamento. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 245 
Capítulo 3 
3.3.2. Transporte de contaminantes – Princípio da conservação da 
massa 
O transporte de contaminantes presentes na constituição da massa de uma 
partícula de água de um sistema estuarino, ou de qualquer corpo d’água 
natural, pode ser determinado a partir do princípio da conservação da 
massa do contaminante. 
Para modelagem conceptual do princípio da conservação da massa, 
suponha um volume de controle, no qual se possa medir os fluxos de en-
trada e de saída da massa de contaminante. Considere também que se po-
de medir, as possíveis reações que porventura ocorram produzindo ou 
consumindo massa do contaminante, enquanto este está dentro do volu-
me de controle. O modelo conceptual do princípio da conservação de 
massa pode então ser escrito como: 
 
“A variação por unidade de tempo da massa de contaminante den-
tro do volume de controle, é igual ao fluxo de entrada menos o flu-
xo de saída, mais a massa resultante das reações de produção ou 
consumo no interior do volume na unidade de tempo10.” 
 
Para o modelo matemático de tal princípio suponha que o volume 
de controle seja um cubo com dimensões ∆x, ∆y e ∆z. Em um dado ins-
tante a massa de contaminante no
interior do volume de controle será o 
produto da concentração de contaminante C pelo volume ∆x∆y∆z. A Fi-
gura 3.2 exemplifica os fluxos de entrada e saída na direção x através das 
faces de área ∆y∆z do volume de controle. A componente da velocidade 
com que o contaminante é transportado na direção x é uc. Note que o flu-
xo de saída foi obtido a partir do fluxo de entrada, por expansão em série 
de Taylor ao longo de ∆x. Na expansão, apenas os dois primeiros termos 
são relevantes, pois o volume de controle é suficientemente pequeno para 
que a variação do fluxo ao longo de ∆x seja quase linear11. 
 
 
10 Tais reações são usualmente denominadas “reações cinéticas”, e podem envolver 
fenômenos químicos, biológicos e físicos. 
11 Esta é uma restrição a ser respeitada para validade do modelo matemático. Muitos 
problemas de modelos numéricos advém do desrespeito a esta restrição. 
246 Paulo Cesar Colonna Rosman 
∆x ∆y
∆z
zyCuc ∆∆ zyx
CuxCu cc ∆∆⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛
∂
∂∆+ )(
 
Figura 3.2. Esquema do balanço de massa de contaminante na direção x. 
Para as direções y e z, o esquema é semelhante, considerando 
respectivamente os fluxos vcC ∆x∆z e wcC ∆x∆y e expansões em 
série de Taylor ao longo de ∆y e ∆z. 
Com os elementos indicados acima, pode-se escrever a tradução 
matemática do modelo conceptual do princípio de conservação de massa 
como: 
 ( )
somatório das reações de
variação da massa produçãfluxo de entrada menos fluxo de saídapor unidade de tempo nas direções , , .
c c c
c
x y z
C x y z u C v C w C
x y z R x y z
t x y z
∂ ∆ ∆ ∆ ∂ ∂ ∂⎛ ⎞= − + + ∆ ∆ ∆ + Σ ∆ ∆ ∆⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠���	��
 �������	������
o ou consumo de 
 contaminante
��	�
 
Como o volume de controle não é função do tempo, a expressão 
pode ser simplificada resultando em: 
 c c c c
u C v C w CC R
t x y z
∂ ∂ ∂⎛ ⎞∂ = − + + + Σ⎜∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎟ 
Usando notação indicial convencional12, pode-se reescrever a equa-
ção de modo mais compacto: 
 ci c
i
u CC R
t x
∂∂ = − + Σ∂ ∂ (3.8) 
Na equação (3.8), a velocidade de transporte do contaminante, com 
componentes uc, vc e wc, não é resolvível. De fato, não se consegue medir 
a exata velocidade com que um contaminante é transportado no meio 
fluido, vide item 3.3.1.2. O que é resolvível, e mensurável, é a velocidade 
do escoamento, ou velocidade hidrodinâmica, com componentes u, v e w. 
Para resolver tal impasse um artifício é utilizado, de modo a separar o 
fluxo de contaminante em uma parte resolvível e outra não resolvível: 
 
12 Na notação indicial considera-se (x, y, z) ≡ (x1, x2, x3) e (u, v, w) ≡ (u1, u2, u3). A re-
gra fundamental é que em todo termo em que um índice está repetido, fica subentendido 
o somatório nos valores do índice. Por exemplo, em notação indicial a equação da con-
tinuidade (3.4) seria reescrita como .0=∂∂ ii xu 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 247 
Capítulo 3 
 
( )
( )P [ ]( )
fluxo nãofluxo 
resolvívelresolvível
ci i i c
i
i ci i
i i
C u C u C u C R
t x
C u C u u C R
t x x c
∂ ∂= − + − + Σ∂ ∂
∂ ∂ ∂
∴
= − − − +∂ ∂ ∂
������
Σ
 (3.9) 
Como exposto no item 3.3.1.2, a parcela resolvível é denominada 
fluxo advectivo, e a não resolvível fluxo difusivo. No presente caso, a 
escala de interesse é a das partículas, e a escala inferior não resolvível é a 
molecular, assim, tem-se um fluxo difusivo molecular ou transporte por 
difusão molecular. Tal fluxo é adequadamente modelado através da co-
nhecida Lei de Fick da difusão molecular, cujo modelo conceptual pode 
ser expresso como: 
 
“O fluxo difusivo de um contaminante é proporcional ao gradiente 
das concentrações, e ocorre no sentido contrário ao do gradiente”. 
 
Em termos matemáticos, este modelo conceptual se traduz em: 
 cj j ij c c ij
j
C C C Cu u C D D
x y z x
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂⎡ ⎤− δ = − + + = − δ⎜ ⎟⎣ ⎦ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
 (3.10) 
onde Dc é o coeficiente de difusão molecular, ou difusividade molecular, 
do contaminante no meio, e δij foi introduzido para possibilitar a notação 
indicial. δij é chamado delta de Kroenecker, vale 1 quando i = j, caso con-
trário vale zero. Introduzindo a Lei de Fick na equação (3.9), pode-se es-
crever o princípio de conservação de massa por unidade de volume co-
mo: 
 
N Nreações de
variação consumo oubalanço do balanço do fluxo difusivolocal no produçãofluxo advectivotempo
i
c ij c
i i j
u CC CD
t x x x
⎛ ⎞∂∂ ∂ ∂= − + δ + Σ⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠�	
 ���	��
R (3.11) 
Finalmente, expandindo a derivado do termo advectivo e usando a condi-
ção de escoamento incompressível, equação (3.4), chega-se a: 
248 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 
N N Nreações de
variação comsumo oubalanço do balanço dolocal no produçãofluxo fluxo difusivotempo advectivo
i c ij
i i j
C C Cu D
t x x x
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂+ = δ + Σ⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠���	��
cR (3.12) 
A equação (3.12), é também conhecida como equação de transporte 
advectivo difusivo com reações cinéticas. Quando o contaminante é pas-
sivo, o campo de velocidades ui é independente de C, e a equação (3.12) 
é linear, se as reações forem lineares. Neste caso o estudo do transporte 
do contaminante é um problema desacoplado da modelagem hidrodinâ-
mica. Entretanto, quando o contaminante é ativo, ou seja, ui depende de 
C, a equação (3.12) é não linear, e faz parte da modelagem hidrodinâmi-
ca. 
3.3.3. Movimento da água – modelagem do escoamento 
Na escala da mecânica do contínuo, qualquer movimento resolvível de 
uma partícula é regido pelo princípio da conservação da quantidade de 
movimento (2a Lei de Newton), cujo modelo conceptual é: 
 
“A variação temporal da quantidade de movimento de uma 
 partícula é igual à resultante das forças atuantes”. 
 
O modelo matemático de tal princípio pode ser escrito como: 
 
( ) ( )
; 1, 2,i i ii
d mu d u F
F
dt dt x y z
ρ Σ= Σ ∴ = =δ δ δ 3i
GG
 (3.13) 
onde m é a massa da partícula (vide equação 3.1), ui e ΣFi são as compo-
nentes na direção xi, respectivamente da velocidade e da soma das forças 
atuantes na partícula. 
3.3.3.1. Variação da quantidade de movimento: d (ρui )/dt 
Na observação ou medição do movimento de partículas de um fluido em 
escoamento é praticamente impossível seguir a trajetória de uma dada 
partícula, como se faz quando se observa o movimento de um objeto só-
lido. Quando se segue a trajetória de um dado objeto em movimento, in-
dependente da posição do observador, o movimento observado é o mes-
mo. No caso do movimento de partículas de um fluido, é muito mais 
conveniente se observar o escoamento das partículas passando pelo local 
de observação, do que tentar seguir a trajetória de uma partícula específi-
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 249 
Capítulo 3 
ca. Evidentemente, em contraste com o caso anterior, dependendo do lo-
cal de observação o escoamento, ou o movimento, observado será dife-
rente. 
Dá-se o nome de descrição Lagrangeana àquela em que se descreve 
o movimento observando a trajetória da partícula que se move. E, dá-se o 
nome de descrição Euleriana àquela em que se observa o movimento a-
través do escoamento das partículas que passam pelo ponto de observa-
ção. No caso Lagrangeano o movimento é independente da posição do 
observador, mas no caso Euleriano, o movimento depende da posição do 
observador. 
Esta discussão sobre o tipo de descrição do movimento é funda-
mental para determinação da derivada temporal da equação (3.13). Como 
a descrição usual para movimentos de partículas fluidas é a Euleriana, 
qualquer variável depende da posição, que varia no tempo, e do tempo 
propriamente dito. Por exemplo, ao se medir a velocidade da corrente em 
um dado ponto de um corpo d’água, está se medindo a velocidade de par-
tículas
que estão passando por ali, cuja posição muda com o tempo. Si-
multaneamente, no local de medição a velocidade da corrente pode estar 
mudando, porque partículas que chegam ao ponto podem ter velocidade 
diferente das que estão saindo. Em termos matemáticos pode-se escrever 
para uma variável qualquer, V, em uma descrição Euleriana: 
 ( ), ( ), ( ), ( )V V t x t y t z t= (3.14) 
indicando que o valor da variável é função do tempo, t, e da sua posição 
que varia no tempo, x(t), y(t), z(t). Então, para se calcular a derivada tem-
poral de qualquer variável em uma descrição Euleriana há que empregar 
a regra da cadeia. Por exemplo, para a variável da equação (3.14), ter-se-
ia: 
 
N N N N
N
1
variação variação advectivalocal
u v w
dV dt V dx V dy V dz V
dt dt t dt x dt y dt z
dV V V V Vu v w
dt t x y z
∂ ∂ ∂ ∂= + + + ∴∂ ∂ ∂ ∂
∂ ∂ ∂ ∂= + + +∂ ∂ ∂ ∂����	���
 
onde usando notação indicial obtêm-se: 
250 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 j
j
dV V Vu
dt t x
∂ ∂= +∂ ∂ (3.15) 
Como indicado acima, em uma descrição Euleriana, a variação 
temporal total de uma variável qualquer, terá sempre duas partes. Uma 
variação local associada à mudança de valor verificada no local de obser-
vação, e outra associada ao fato das partículas em escoamento estarem se 
movendo com velocidade que, no local, tem componentes (u, v, w). Co-
mo esta segunda parte da variação está associada ao campo de velocida-
des ou movimentos resolvíveis, leva o nome de variação advectiva. 
Aplicando (3.15) em (3.13) obtêm-se: 
 
( ) ( ) (i i
j
j
d u u u
u
dt t x
)iρ ∂ ρ ∂ ρ= +∂ ∂ (3.16) 
que representa a descrição Euleriana da variação da quantidade de mo-
vimento de uma partícula. 
3.3.3.2. Soma das forças atuantes: ΣFI 
As forças que atuam em uma partícula podem ser de duas classes. A pri-
meira agrega as forças originadas pelo contato direto da partícula com o 
meio circundante, por exemplo, contato com partículas vizinhas, ação do 
vento na superfície livre, ação do fundo, etc. A segunda classe agrupa as 
forças de campo, que atuam sem contato direto, por exemplo a força “pe-
so”. 
A Figura 3.3 mostra o tradicional esboço das forças de contato na 
direção x atuantes na partícula. As forças são representadas pelas tensões 
multiplicadas pelas respectivas áreas do plano de atuação13. Verifica-se 
que há dois tipos de tensões: as normais de tração e/ou compressão, re-
presentadas por σxx, e as tensões de atrito tangenciais às faces, no caso τyx 
e τzx. Todas as tensões dependentes de movimentos, i.e. tensões dinâmi-
cas, são representadas pela letra τ. Por conta disso, as tensões normais 
são divididas em duas partes, uma existente mesmo em situação estática 
e outra só existente em situação dinâmica. No caso da direção x pode-se 
escrever σxx = p – τxx, onde p é a pressão hidrostática14. 
 
13 Para relembrar a nomenclatura usual; o primeiro índice refere-se ao plano de atuação 
e o segundo à direção da tensão, e.g.: τyx indica tensão atuando no plano perpendicular 
ao eixo y, na direção x. 
14 Note que p é uma grandeza escalar, como é demonstrado em vários livros de mecâni-
ca dos fluidos. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 251 
Capítulo 3 
Analisando a Figura 3.3, nota-se que, em similaridade ao caso da 
conservação de massa, ilustrado na Figura 3.2, as forças atuantes nas fa-
ces direita, posterior e superior, foram obtidas por expansão em série de 
Taylor, a partir dos valores nas faces esquerda, frontal e inferior, respec-
tivamente. 
zyx
x
xx
xx δδ⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛ δ∂
σ∂+σ
yxz
z
zx
zx δδ⎟⎠
⎞⎜⎝
⎛ δ∂
τ∂+τ
zyxx δδσ
yxzx δδτ
zxyx δδτ
zxy
y
yx
yx δδ⎟⎟⎠
⎞
⎜⎜⎝
⎛ δ∂
τ∂+τ
δx 
δz 
δy 
xxxx p τ−=σ
ρaxδxδyδz 
Figura 3.3. Esquema das forças atuantes na direção x. As forças de contato 
são representadas pelo produto de tensões com áreas do plano de 
atuação e as forças de campo por ρaxδxδyδz. Os tipos de seta 
evidenciam diferentes tipos de força. As forças nas demais direções 
são semelhantes. 
Também neste caso, as escalas espaciais da partícula tem que ser 
suficientemente pequenas de modo que a variação das tensões ao longo 
de δx, δy e δz, sejam quase lineares15. Desta forma, na expansão em série 
de Taylor apenas os dois primeiros termos são relevantes. 
Fazendo a soma das forças atuantes na direção x obtêm-se: 
 N
forças de
camporesultante das forças de contato
yxx xx zx
x
F p a
x y z x x y z
∂τΣ ∂τ ∂τ∂= − + + + + ρδ δ δ ∂ ∂ ∂ ∂�����	����
 (3.17) 
Estendendo o mesmo procedimento para as demais direções, é sim-
ples verificar que, usando notação indicial, pode-se escrever para qual-
quer das três direções: 
 
15 Esta é uma restrição a ser respeitada para validade do modelo matemático. 
252 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 N
forças de
campo
resultante das forças
de contato
iji
i
i j
F p a
x y z x x
∂τΣ ∂= − + + ρδ δ δ ∂ ∂��	�
 (3.18) 
onde empregou-se a igualdade16 τij = τji. 
Para corpos d’água naturais as forças de campo consideradas são: 
ƒ na direção vertical z, o peso da partícula decorrente da atração gravi-
tacional da Terra, onde 
 3 za a g≡ = − (3.19) 
sendo g a aceleração da gravidade. 
ƒ nas direções horizontais x e y a chamada Força de Coriolis. Tal força 
é uma correção da variação da quantidade de movimento calculada 
para um sistema de coordenadas na superfície da Terra. Como a Terra 
está em movimento, há que se contabilizar esta variação adicional de 
quantidade de movimento inerente ao próprio sistema de coordenadas 
em sua superfície. Pode-se mostrar que as acelerações de campo as-
sociadas são17: 
 1
2
2 sen
2 sen
x
y
a a v
a a
≡ = Ω θ
u≡ = − Ω θ (3.20) 
sendo Ω a velocidade de rotação da Terra (=2π/86400 rd/s), e θ o ângulo de 
Latitude. Ressalta-se que θ é negativo no Hemisfério Sul e positivo no 
Hemisfério Norte. 
Definidas as acelerações associadas às forças de campo pode-se re-
escrever (3.18) de modo mais conveniente: 
 N3
força deforça de
campocamporesultante das forças verticalhorizontalde contato
(1 )iji i i i
i j
F p a g
x y z x x 3
∂τΣ ∂= − + + ρ − δ − ρ δδ δ δ ∂ ∂ ��	�
��	�
 (3.21) 
mas, ressalta-se que a pressão p e as tensões τij são novas incógnitas. 
 
16 A igualdade τij = τji é sempre verdadeira pois, caso contrário, qualquer partícula teria 
uma velocidade de rotação tendendo para infinito. Isso é demonstrado em vários livros 
texto de mecânica dos fluidos. 
17 Deduções detalhadas da Força de Coriolis são apresentadas em vários livros texto de 
oceanografia física. Também há força de Coriolis na direção vertical, mas é totalmente 
insignificante no caso de escoamento em corpos d’água. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 253 
Capítulo 3 
3.3.3.3. O problema de fechamento 
Igualando as equações (3.16) e (3.21), respectivamente os lados esquerdo 
e direito de (3.13), pode-se reescrever a segunda lei de Newton como: 
 3
( ) ( )
(1 )jii ij i
j i j
u u pu a
t x x x
∂τ∂ ρ ∂ ρ ∂
3i ig+ = − + + ρ − δ − ρ δ∂ ∂ ∂ ∂ (3.22) 
A expressão acima representa três equações, uma para cada com-
ponente da quantidade de movimento, com as seguintes incógnitas: 
ƒ ui componentes da velocidade (3) 
ƒ ρ massa específica (1 ou mais, dependendo da Equação de Estado) 
ƒ p pressão (1) 
ƒ τij componentes do tensor de tensões (pelo menos 6) 
Na lista apresentada, os números entre parênteses representam a quanti-
dade de incógnitas associadas à variável. Há pelo menos 11 incógnitas a 
serem resolvidas. Para se ter um problema matemático fechado é neces-
sário que o número de incógnitas seja igual ao número de equações. Ana-
lisando as equações já apresentadas e a lista
de variáveis acima, verifica-
se que as seguintes associações entre incógnitas e equações podem ser 
feitas: 
1. Para as componentes da velocidade, ui, têm-se a equação (3.22). 
2. Para a pressão, p, têm-se a equação da continuidade, ou condição de 
escoamento incompressível, equação (3.4). 
3. No caso da massa específica ρ as possibilidades são as seguintes: 
ƒ Equação de estado (3.5) define massa específica constante, e por-
tanto ρ deixa de ser incógnita, e têm-se um problema hidrodinâ-
mico mais simples, com fluido homogêneo. 
ƒ Equação de estado (3.5) define massa específica dependente de 
um ou mais constituintes, (contaminantes ativos). Neste caso, a 
concentração de cada constituinte é uma nova incógnita, cuja e-
quação associada é a de transporte advectivo-difusivo para cada 
constituinte, equação (3.12). Em sistemas estuarinos é usual que a 
massa específica seja função da salinidade. 
Pelo exposto verifica-se que há um problema de fechamento, uma 
vez que não há equações associadas ao tensor τij. As tensões τij estão as-
sociadas a escalas não resolvíveis do movimento, porque resultam da in-
teração entre partículas, e têm que ser modeladas. Considerando um vo-
lume de partículas de água em escoamento, a física experimental mostra 
254 Paulo Cesar Colonna Rosman 
que tais tensões são proporcionais à taxa temporal de deformação do vo-
lume18, o que pode ser escrito como: 
 e 1, 2;ji i jij
j i
uu
x x
=
⎛ ⎞∂∂τ = µ +⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂⎝ ⎠
, 3 (3.23) 
onde o parâmetro de proporcionalidade µ é denominado viscosidade di-
nâmica molecular, que é um parâmetro físico químico do fluido. Por con-
ta disto, as tensões τij são conhecidas como tensões viscosas. Além da 
água, muitos outros fluidos em escoamento incompressível podem ter as 
tensões τij modeladas por (3.23). Tais fluidos são denominados fluidos 
Newtonianos. 
Como a expressão (3.23) para τij não acrescenta novas incógnitas, o 
problema está fechado, e substituindo-a em (3.22) obtêm-se: 
 
3 3
( ) ( )
(1 )
ji i i
j
j i j j i
i i i
uu u upu
t x x x x x
a g
⎡ ⎤⎛ ⎞∂∂ ρ ∂ ρ ∂∂ ∂+ = − + µ + +⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦
ρ − δ − ρ δ
 (3.24) 
que é conhecida como equação de Navier Stokes. Quando aplicada a cor-
pos d’água naturais, a equação (3.24) é simplificada com aproximação 
exposta a seguir. 
3.3.3.4. Aproximação de Boussinesq 
Voltando à equação (3.13), que é o lado esquerdo de (3.24), pode-se ex-
pandir a variação temporal da quantidade de movimento em duas partes, 
uma devido à variação da velocidade e outra à da massa; obtendo-se: 
 
( )i i
i
d u du du
dt dt dt
ρ ρ= ρ + (3.25) 
Em corpos d’água naturais, e.g. sistemas estuarinos, apenas a pri-
meira parte, devida à variação da velocidade, é relevante. Por exemplo: 
considere o caso de um estuário onde em um dado ponto observa-se vari-
ação típica de velocidade entre –1,0 e +1,0 m/s, e de massa específica 
entre 1020 e 1018 kg/m3, ambos no intervalo da meia maré enchente à 
 
18 Este fato e mostrada em vários livros de mecânica dos fluidos, e é válido para escoa-
mentos incompressíveis. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 255 
Capítulo 3 
meia maré vazante (cerca de seis horas). É fácil verificar que o módulo 
da primeira parte será cerca de 1000 vezes maior que o da segunda19. 
Em face do exposto, é comum desprezar-se a segunda parcela em 
(3.25) adotando-se a conhecida aproximação de Boussinesq20: 
 
( )id u du
dt dt
iρ ≈ ρ (3.26) 
Também no contexto desta aproximação é usual se desprezar a variabili-
dade de ρ em (3.24), exceto no termo de gravidade. Para tal, substitui-se 
ρ variável por um valor de referência ρo constante. Pode-se assim rees-
crever a equação (3.24) com a aproximação de Boussinesq, obtendo-se: 
o
3 3
o o
1 (1 )
ij
ji i i
j i
j i j j i
uu u upu a
t x x x x x
τ ρ
⎡ ⎤⎛ ⎞∂∂ ∂ ∂∂ ∂ ρ+ = − + ν + + − δ −⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ρ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦���	��
i igδ
 
(3.27) 
onde ν = µ/ρο é a viscosidade cinemática do fluido. No caso de sistemas 
estuarinos é usual adotar-se ρο = 1025 kg/m3, e no caso de corpos de á-
gua doce, ρο = 1000 kg/m3. 
 
3.3.4. Resumo do modelo matemático geral na escala das 
partículas 
Resume-se a seguir as equações governantes para modelagem da hidro-
dinâmica e do transporte de escalares em corpos d’água, na escala instan-
tânea e pontual de uma partícula. 
 
 
19 Em corpos d’água sujeitos à variação de densidade apenas por efeitos de térmicos, a 
diferença de magnitude entre as duas partes freqüentemente é maior. 
20 Note que, em se tratando de corpos d’água naturais, mormente em sistemas estuari-
nos, é errado alegar que pela conservação de massa dρ/dt = 0, e que portanto (3.26) se-
ria exato. Este erro aparece em vários livros, mas pode-se mostrar que, à luz do exposto 
nos itens 3.3.1.3 e 3.3.2 que a aplicação do princípio da conservação de massa para uma 
partícula de “água” natural leva à seguinte expressão: 
c
j
ijc
ii
i R
x
CD
xx
u
dt
d Σ+⎟⎟⎠
⎞
⎜⎜⎝
⎛
∂
∂δ∂
∂+∂
∂ρ−=ρ 
Portanto, dρ/dt = 0 só é correto se o escoamento for incompressível, e se o contaminante 
ativo for conservativo e homogeneamente distribuído no espaço, ou seja, se a “água” 
natural for homogênea. 
256 Paulo Cesar Colonna Rosman 
ƒ Equação da continuidade ou condição de escoamento incompressível: 
 0u v w
x y z
∂ ∂ ∂+ + =∂ ∂ ∂ (3.4) 
ƒ Equação da quantidade de movimento: 
3 3
o o
1 (1 )ji i ij i
j i j j i
uu u upu a
t x x x x x
⎡ ⎤⎛ ⎞∂∂ ∂ ∂∂ ∂ ρ+ = − + ν + + − δ −⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ρ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦ i i
gδ (3.27) 
 sendo: 1
2
2 sen
2 sen
x
y
a a v
a a u
≡ = Ω θ⎧⎪⎨ ≡ = − Ω θ⎪⎩
 (3.20) 
 
ƒ Equação de estado21: 
 
( , )
( , , ) ( , )ss s
s
S T
S T C C S T
ρ − ρρ = + ρρ (3.6) 
ƒ Equação do transporte advectivo-difusivo de escalares: 
 i c ij
i i j
C C Cu D
t x x x
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂
cR+ = δ +⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
Σ
 
 (3.12) 
Deve-se lembrar que: se a massa específica ρ for constante, a mo-
delagem da hidrodinâmica depende apenas das equações (3.4) e (3.27). 
Neste caso, uma vez conhecida a circulação hidrodinâmica, pode-se re-
solver (3.12) para o transporte de um escalar como problema à parte. Por 
outro lado, se ρ for definido pela equação de estado com, por exemplo, 
três constituintes, e.g. temperatura salinidade e concentração de sedimen-
tos, a modelagem da hidrodinâmica obriga a inclusão de (3.6) e de três 
equações de transporte como (3.12), uma para cada escalar constituinte. 
A princípio, o conjunto destas equações, com condições de contor-
no consistentes e em coordenadas apropriadas, forma um modelo mate-
mático de escoamento e transporte válido para qualquer corpo d’água. 
Seja ele um copo de cerveja ou um oceano. Entretanto, há fortes restri-
ções quanto às escalas de validade das equações, como se discute a se-
guir. 
 
21 Apresenta-se a equação mais geral, mas no caso de sistemas estuarinos, o emprego da 
equação simplificada (3.7) é mais comum. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 257 
Capítulo 3 
3.3.5. Condições de validade: números de Pèclet e de Reynolds 
Fora as ressalvas para validade das diferentes equações já apresentadas 
ao longo do texto, dois pontos similares e muito importantes precisam ser 
aclarados: um concerne à equação de transporte advectivo-difusivo e o 
outro à equação de quantidade de movimento. Ambas as equações repre-
sentam princípios de conservação, em cuja dedução utilizou-se expansões 
em série de Taylor, com fortes restrições quanto às escalas espaciais en-
volvidas. E, ambas contêm termos resultantes de modelagem experimen-
tal, visando a incluir os efeitos dos fenômenos pertinentes às
escalas não 
resolvíveis. São exatamente nestes pontos que restrições de validade pre-
cisam ser consideradas. 
De modo a melhor evidenciar o paralelismo das restrições nas duas 
equações, reescreve-se (3.27) na forma de (3.12), de modo que, para a 
quantidade de movimento por unidade de massa na direção xi, tem-se: 
N 3 3o o
variação reações de consumo ou produçãobalanço dolocal no balanço do fluxo difusivo
fluxotempo
advectivo 
1 (1 )ji i ij i
j j j i i
uu u u pu a
t x x x x x
⎡ ⎤⎛ ⎞∂∂ ∂ ∂∂ ∂+ = ν + − + − δ −⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ ∂ ρ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦ i i
gρ δ
������	��� 
�	
 ����	���
 ��
(3.28) 
As restrições são determinadas de modo experimental, através de 
análises de magnitude da razão entre os balanços de fluxo advectivo e 
difusivo em ambas as equações. Considerando escalas características pa-
ra as diferentes grandezas pode-se escrever as seguintes condições de va-
lidade: 
ƒ Para a equação do transporte advectivo-difusivo (3.12): 
 2
1
i
i
c
cc ij
i j
C Cu Ux U xx
C DC DD x xx x
∂ ∆
∂ ∆∆ = <∆⎛ ⎞ ⎛ ⎞∂ ∂δ ⎜ ⎟⎜ ⎟ ∆ ∆⎜ ⎟ ⎝ ⎠∂ ∂⎝ ⎠
6 (3.29) 
Onde a razão entre o balanço dos fluxos advectivo e difusivo de massa, 
U∆x/Dc, é conhecida como número de Pèclet, P. Como U é uma proprie-
dade inerente ao escoamento e Dc uma propriedade físico-química do 
contaminante e do fluido carreante, o único grau de liberdade está em ∆x, 
que representa a mínima escala espacial resolvível. Experimentalmente, 
verifica-se que a equação (3.12) é válida desde que as mínimas escalas 
espaciais do transporte em questão sejam tais que P < 2. Pode-se interpre-
258 Paulo Cesar Colonna Rosman 
tar que a restrição do número de Pèclet indica qual a escala espacial má-
xima para validade das expansões em série de Taylor empregadas na de-
dução de (3.12). 
ƒ Para a equação da quantidade de movimento (3.28): 
 310
1
i
j
j
ji
j j i
u Uu Ux U xx
Uuu
x xx x x
∂ ∆
∂ ∆∆ = <∆ ν⎡ ⎤⎛ ⎞∂∂∂ νν +⎢ ⎥⎜ ⎟ ∆ ∆⎜ ⎟∂ ∂ ∂⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦
6 (3.30) 
Onde a razão entre o balanço dos fluxos advectivo e difusivo de quanti-
dade de movimento, U∆x/ν, é o número de Reynolds, R. Como U é uma 
propriedade inerente ao escoamento e ν uma propriedade físico-química 
do fluido, o único grau de liberdade também está na mínima escala espa-
cial resolvível, ∆x. Assim, pode-se dizer que experimentalmente, verifi-
ca-se que a equação (3.28) é válida desde que as escalas espaciais do es-
coamento resolvível em questão sejam tais que R < 103. Também aqui, 
pode-se interpretar que a restrição do número de Reynolds indica qual a 
escala espacial máxima para validade das expansões em série de Taylor 
empregadas na dedução de (3.28). 
Na mecânica dos fluidos clássica classifica-se de escoamento lami-
nar àquele em que R < 103, e de escoamento turbulento àquele em que 
R > 2×103, sendo o intervalo denominado escoamento de transição. Re-
pare que, historicamente, tal classificação é apenas uma forma de definir 
aquilo que é resolvível ou não resolvível, na escala de resolução humana. 
Laminar é o escoamento que se consegue resolver com observação visu-
al, e turbulento é aquele escoamento confuso, que visualmente não se 
consegue distinguir, ou resolver. Entretanto, verifica-se que a classifica-
ção de escoamento laminar ou turbulento é apenas uma questão de escala 
de resolução. Com o advento da mecânica dos fluidos computacional, a 
capacidade de resolução é intrinsecamente imposta pela escala de discre-
tização, sendo então mais apropriado utilizar-se a classificação de esco-
amento resolvível e não resolvível. 
De modo a se ter uma idéia do significado prático destas restrições, 
considere por exemplo o caso da modelagem da circulação hidrodinâmi-
ca de um sistema estuarino como a Baía de Guanabara. A viscosidade 
cinemática da água é cerca de 10–6m2/s, e as maiores velocidades de cor-
rentes são da ordem de 1,0 m/s,. Portanto pela restrição do número de 
Reynolds ter-se-ia: 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 259 
Capítulo 3 
 3 36
110 10 10 m
10
U x x x −−
3∆ ∆= < ⇒ < ⇒ ∆ <νR 
Repare que valores de velocidade da ordem de 1,0 m/s e escalas espaciais 
resolvíveis menores que um milímetro, obrigam a utilização de escalas 
temporais, ∆t, inferiores a um milésimo de segundo. Evidentemente, em 
termos computacionais têm-se um problema impossível de resolver. Co-
mo tais escalas estão intrinsecamente associadas às escalas de discretiza-
ção do modelo numérico, para simular um ciclo de maré (~44.000 segun-
dos) na Baía de Guanabara, ter-se-ia que resolver um sistema da ordem 
de 1019 equações, cerca de 44 milhões de vezes! Fazendo análise seme-
lhante para o problema de transporte de escalares via número de Pèclet, 
chega-se a valores ainda mais absurdos. 
Como não existe solução geral conhecida para as equações do mo-
delo matemático geral, resumidas em 3.3.4, as restrições de validade le-
vam às seguintes conclusões: 
ƒ a aplicação do modelo geral em cálculos sobre a circulação hi-
drodinâmica e o transporte de escalares em corpos d’água, só 
tem aplicação prática possível em casos especiais, nos quais as 
velocidades sejam muito baixas ou as dimensões espaciais do 
problema muito pequenas. 
ƒ é inviável a utilização prática do modelo matemático geral para 
corpos d’água naturais, nomeadamente para sistemas estuari-
nos. 
ƒ fica claro que para se desenvolver um modelo numérico de mo-
do a resolver as equações do modelo matemático geral, há que 
se encontrar um meio de se aumentar, e muito, as mínimas es-
calas resolvíveis. 
ƒ Portanto há que se mudar a escala do modelo, para uma “grande 
escala”. 
Em aplicações de engenharia ou de ciências do meio ambiente em 
corpos d’água, é óbvio que não há interesse prático em se determinar 
exatamente tudo o que acontece na hidrodinâmica e no transporte de es-
calares a cada décimo de milímetro e a cada milésimo de segundo. Em 
geral as escalas de interesse variam de muitos centímetros a quilômetros, 
e de segundos a meses, dependendo do fenômeno em estudo. Desta for-
ma, quando se quer modelar um fenômeno, parte do processo de modela-
gem está em definir as mínimas escalas de interesse. Como estas escalas 
sempre são muito grandes em relação às escalas de validade impostas 
260 Paulo Cesar Colonna Rosman 
pelos números de Reynolds e de Pèclet, pode-se dizer que o objetivo é a 
modelagem de grande escala. 
3.3.6. Modelo geral para o escoamento e o transporte de grande 
escala 
O termo “grande escala” significa de fato a menor escala de interesse que 
se deseja resolver na modelagem de um dado fenômeno. O escoamento e 
transporte de escalares em corpos d’água são resultado da soma de 
fenômenos em uma miríade de escalas. Tais escalas variam 
continuamente, desde as diminutas, associadas às tensões viscosas e às 
difusões moleculares, até as maiores, que são limitadas pela geometria do 
corpo d’água. Os fenômenos com escalas maiores que as “grandes 
escalas” serão tão melhor resolvidos em detalhes quanto maior seu 
comprimento ou período característico. Já os fenômenos inferiores às 
grandes escalas, não são resolvíveis e têm que ser modelados. É similar 
ao que o artista faz ao pintar uma paisagem, o que está em primeiro plano 
é bem resolvido e detalhado, mas a vegetação do fundo não é resolvível, 
apenas seus efeitos aparecem no quadro através de diferentes tons de 
verde. Ao se medir uma variável instantânea de um escoamento em corpos 
d’água naturais, como a velocidade da corrente por exemplo, obtêm-se 
um resultado como ilustrado pela curva no topo da Figura 3.4. O aspecto 
confuso e irregular da curva tipifica o registro que usualmente se obtêm 
nos chamados escoamentos turbulentos. Claramente, na escala de resolu-
ção dos nossos olhos trata-se de um registro muito irregular. Através de 
métodos matemáticos, como análise de Fourier por exemplo, pode-se de-
compor
o fenômeno registrado em uma soma de parcelas simples. De 
fato, a curva no topo da Figura 3.4 foi artificialmente construída soman-
do-se as componentes harmônicas simples que aparecem abaixo. Cada 
componente tem sua identidade definida por seu período ou comprimento 
de onda, sua amplitude e sua fase. Na curva irregular da Figura 3.4, as 
menores escalas resolvíveis correspondem ao período e ao comprimento 
de onda da menor componente ilustrada. Se passássemos as diversas 
componentes por um filtro que removesse as de menor escala e deixa-se 
passar apenas as maiores, o resultado seria uma curva mais suave, como 
a indicada também no topo da Figura 3.4. Tal curva corresponderia à par-
te resolvível se o fenômeno fosse modelado tendo como grande escala 
apenas as quatro primeiras, e maiores, componentes. O efeito das com-
ponentes não resolvíveis teria que ser modelado em termos de variáveis 
nas escalas resolvíveis e incluído no resultado final. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 261 
Capítulo 3 
Figura 3.4. Ilustração da decomposição de 
um sinal complexo em componentes 
harmônicas simples. A linha fina 
irregular da parte superior é formada 
pela soma das senóides regulares 
que estão abaixo. A linha grossa da 
parte superior seria a parte resolvível, 
se apenas as quatro primeiras 
componentes de grande escala 
fossem consideradas. 
O que se deseja então é filtrar as 
variáveis presentes nas equações do 
modelo matemático geral, de modo que 
as equações representem bem apenas 
fenômenos de grande escala. Posteri-
ormente, ter-se-á que incluir de alguma 
forma nas equações, o efeito geral dos 
fenômenos que ocorrem nas escalas não 
resolvíveis, ou seja, modelar a turbu-
lência. 
A maneira de se filtrar algo ma-
tematicamente é através de um proces-
so de média ponderada, dando-se um 
peso de ponderação grande para as escalas que se quer resolver, e um pe-
so muito pequeno ou nulo para as escalas que se deseja eliminar. Genera-
lizando a média ponderada da aritmética para funções continuas da álge-
bra, chega-se à integral de convolução. Tal integral corresponde a uma 
soma de parcelas infinitesimais do produto de uma função filtro, ou peso 
de ponderação, pela função que se quer filtrar. Assim, chamando de f à 
parte resolvível, ou de grande escala, filtrada de uma função f qualquer, 
pode-se escrever22: 
 ( ) ( ) ( )f f G d
∞
−∞
′ ′ ′χ = χ χ − χ∫ χ
 
 (3.31) 
 
22 Conforme apresentado no Capítulo 3 de Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 
(Volume 1), de 1989, pode-se mostrar que todos os métodos tradicionais de definição 
das chamadas variáveis do escoamento “médio”, e.g., promediação temporal de Rey-
nolds, promediação temporal vicinal ou relaxada, e mesmo a promediação de grupo 
(ensemble averaging), podem ser escritos como casos particulares desta definição geral. 
262 Paulo Cesar Colonna Rosman 
onde χ e χ´ são argumentos de f e G, por exemplo χ = (x,y,z,t). A função 
peso G pode ser qualquer função para a qual a média e a variância exis-
tam, e que satisfaça à condição de preservar uma constante, ou seja: 
 ( ) 1G d
∞
−∞
′ ′χ χ =∫ (3.32) 
Várias são as possibilidades para seleção de uma função filtro ade-
quada, entretanto há muitas vantagens teóricas e práticas na utilização de 
funções Gaussianas23. Define-se assim uma função filtro Gaussiana tri-
dimensional, espaço temporal, como: 
 
22 4
1
6 1( ) exp 6 kk
k k k
x
G x
=
⎛ ⎞⎡ ⎤⎛ ⎞ ⎜= − ⎟⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎜π λ λ⎝ ⎠ ⎟⎣ ⎦⎝ ⎠
∏ (3.33) 
onde no produtório Π, o índice k = 1, 2, 3 indica respectivamente as dire-
ções x, y, z e, k = 4 indica o tempo, sendo, x4 ≡ t. Os parâmetros λk são as 
larguras dos filtros em cada dimensão k, e definem as mínimas escalas 
resolvíveis. Em outras palavras, escoamento de grande escala é aquele 
com escalas maiores que λk. 
Pode-se mostrar através do teorema de Gauss, que para λk homogê-
neo e permanente, podendo ser anisotrópico, a operação de filtragem é 
comutativa com as derivadas espaciais e temporais. Ou seja, a filtragem 
da derivada de uma função é igual à derivada da função filtrada. Portanto 
a aplicação da operação de filtragem às equações governantes resumidas 
em 3.3.4, torna-se imediata. Aplicando a operação de filtragem definida 
pela equação (3.31) com a função filtro dada em (3.33), às equações go-
vernantes, obtêm-se os resultados resumidos a seguir.24
 
3.3.7. Resumo do modelo matemático geral, para o escoamento 
de grande escala 
Desenvolve-se a seguir as equações governantes para modelagem da hi-
drodinâmica e do transporte de escalares em corpos d’água, com variá-
veis resolvíveis de grande escala, filtradas das variáveis originais. 
 
 
 
23 Vide discussão sobre tipos de funções filtro no Capítulo 3 de Métodos Numéricos em 
Recursos Hídricos (Volume 1), de 1989. 
24 Para uma discussão em detalhes veja Rosman, 1987. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 263 
Capítulo 3 
ƒ Equação da continuidade ou condição de escoamento incompressível: 
 0u v w
x y z
∂ ∂ ∂+ + =∂ ∂ ∂ (3.34) 
onde nesta e nas demais equações, a sobrebarra indica a variável re-
solvível, que agora é a parte de grande escala filtrada da variável ori-
ginal. 
 
ƒ Equação da quantidade de movimento: 
3 3
o o
( ) 1 (1 )i j ji i i i i
j i j j i
u u uu up a g
t x x x x x
⎡ ⎤⎛ ⎞∂ ∂∂ ∂∂ ∂ ρ+ = − + ν + + − δ −⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ρ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦
δ (3.35) 
 sendo: 1
2
2 sen
2 sen
x
y
a a v
a a u
≡ = Ω θ⎧⎪⎨ ≡ = − Ω θ⎪⎩
 (3.36) 
repare que o termo de aceleração advectiva foi rescrito usando a condição 
de incompressibilidade para permitir a filtragem. Entretanto, isto deu ori-
gem a novas variáveis, já que o produto filtrado das velocidades, ( )i ju u , 
difere do produto das velocidades filtradas i ju u . De modo a reescrever 
(3.35) em termos resolvíveis emprega-se um artifício já usado em (3.9), 
somando e subtraindo a parcela resolvível no segundo termo: 
 
( )
o
3 3
o
1
(1 )
i j i j i j ji i
j i j j
i i i
u u u u u u uu up
t x x x x x
a g
∂ + −
i
⎡ ⎤⎛ ⎞∂∂ ∂∂ ∂+ = − + ν + +⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ρ ∂ ∂ ∂ ∂⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦
ρ− δ − δ ∴ρ
 
 
( ) ( )
o
fluxos de quantidade
de movimento não
resolvíveiso
3 3
o
1
(1 )
i j ji i
i j i j
j i j j i
ij
i i i
u u uu up u u u u
t x x x x x
a g
⎡ ⎤⎢ ⎥∂ ⎛ ⎞∂⎢ ⎥∂ ∂∂ ∂+ = − + ν + − −⎜ ⎟ +⎢ ⎥⎜ ⎟∂ ∂ ρ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎢ ⎥⎢ ⎥τ ρ⎢ ⎥⎣ ⎦
ρ− δ − δρ
���	��
���	��
 
264 Paulo Cesar Colonna Rosman 
como nos casos anteriores os fluxos de quantidade de movimento não 
resolvíveis têm que ser modelados. Tais fluxos correspondem às intera-
ções entre conjuntos de partículas, em escalas inferiores às grandes esca-
las, definidas pelo processo de filtragem. Em similaridade às tensões vis-
cosas que denominam as interações nas escalas inter-partículas, pode-se 
chamar as interações inter-conjunto de partículas, de tensões turbulen-
tas, Tijτ : 
 
o
( )
T
ij
i j i ju u u u
τ− − = ρ (3.37) 
chegando-se então a: 
 3 3
o o o
1 (1 )
T
ij iji i
j i
j i j
u u pu a
t x x x
⎡ ⎤τ τ∂ ∂ ∂ ∂ ρ+ = − + + + − δ −⎢ ⎥∂ ∂ ρ ∂ ∂ ρ ρ ρ⎢ ⎥⎣ ⎦ oi i
gδ (3.38) 
onde usou-se a condição de escoamento incompressível filtrada (3.34) 
para reescrever o termo advectivo. Em geral despreza-se o tensor de ten-
sões viscosas uma vez que nas escalas de interesse Tij ijτ << τ . 
Repare que o problema de fechamento continua pois o tensor 
T
ijτ representa no mínimo 6 novas incógnitas, que têm que ser modeladas. 
Uma ampla discussão sobre modelagem das tensões turbulentas foge ao 
escopo deste capítulo, boas revisões são indicadas na lista de referências 
sobre o tema. O que segue são breves comentários a respeito do assunto. 
A modelagem tradicional de Tijτ
inspira-se na similaridade entre os 
processos na escala da viscosidade e na escala da turbulência. Assim é 
usual adotar-se a proposição de similaridade feita por Boussinesq, (cf. 
equação (3.23): 
 com , 1, 2, 3
o
;
T
ij ji
i jij
j i
uu
x x
=
⎛ ⎞τ ∂∂= ν +⎜ ⎟⎜ ⎟ρ ∂ ∂⎝ ⎠
 (3.39)25
onde por similaridade νij é chamada de viscosidade cinemática turbulen-
ta, (eddy viscosity). Contrariamente à viscosidade cinemática molecular, 
a turbulenta não é uma propriedade físico-química do fluido, mas sim 
 
25 O mais certo é acrescentar o termo (-2/3κδij ) para obtenção correta da energia cinéti-
ca turbulenta, κ, entretanto na prática isso é irrelevante pois o termo acaba sendo 
incorporado à pressão. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 265 
Capítulo 3 
uma variável do escoamento resolvível, e portanto têm que a ser modela-
da26. Para modelos de νij veja referências, e.g. Rodi (1980) e List (1988). 
Se ao invés dos métodos tradicionais, for adotado o processo de fil-
tragem com filtros Gaussianos, pode-se mostrar que a seguinte expansão 
de ( i j i ju u u u− ) é correta27: 
 
2
4
termos de
filtragem
( )
12
jk i
i j i j k
k k
uu
u u u u
x x
∂λ ∂− = + Ο∂ ∂��	�
λ (3.40) 
Comparando este resultado com (3.37) pode-se ver que parte do 
tensor de tensões turbulentas foi explicitado, e o que resta para ser mode-
lado são os termos de mais alta ordem da expansão, 4( )kΟ λ . Esta é uma 
das vantagens de se usar filtros Gaussianos, pois o termo de 4( )kΟ λ , su-
postamente é menor e pode ser modelado de modo mais simples. Usando 
uma modelagem para os termos de similar à de (3.39), pode-se 
escrever: 
4( )kΟ λ
 
( )4k
4
2
o
termos demodelo para os filtragem
termos de 
com , 1,2,3 e 1,2,3,4 sendo
12
T
ij j ji k
ij
j i k
i j k x t
u uu ui
kx x x
Ο λ
x
= = ≡
⎛ ⎞τ ∂ ∂∂ λ ∂= υ + −⎜ ⎟⎜ ⎟ρ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ ��	�
���	��
 (3.41) 
onde por similaridade υij pode ser chamada de viscosidade cinemática 
turbulenta filtrada. Com a inclusão dos temos de filtragem em (3.41), que 
não aparecem quando se usa métodos de filtragem convencionais, e.g. 
promediações temporais ou estatísticas, a modelagem de υij pode ser sim-
plificada, como por exemplo, baseada em comprimento de mistura, ou a 
usual lei quadrática. Entretanto, se uma modelagem tipo “κ - ε” for 
adotada28, as constantes do modelo serão diferentes das usuais. 
 
26 Um comentário informal: isso parece a história de jogar poeira debaixo do tapete, 
pois pelo que se percebe, de um modelo para incógnitas aparecem outras incógnitas a 
serem modeladas. A poeira não some mais vai sendo escondida! 
27 Vide Rosman (1987). 
28 Vide Rodi (1980), List (1988). 
266 Paulo Cesar Colonna Rosman 
Como os termos de filtragem podem acarretar em tensões turbulen-
tas não dissipativas localmente29, para validade de (3.41) é necessário 
que as escalas dos filtros, λk, sejam pequenas em comparação com as 
maiores escalas do escoamento, Lk, i.e., λk não deve ser maior que ~20% 
de Lk. Fisicamente, as maiores escalas dependem da geometria do corpo 
d’água e da duração do fenômeno a ser modelado. Em um modelo numé-
rico as menores escalas resolvíveis são impostas pela discretização espa-
ço-temporal adotada para a geometria do domínio e duração do fenôme-
no modelado. Pelo teorema da amostragem de Nyquist, idealmente deve-
se ter λk=2∆xk, onde ∆xk é a escala de discretização na dimensão k. Ocor-
re entretanto que, freqüentemente, na modelagem de sistemas estuarinos 
e outros corpos d’água naturais, não se têm sempre ∆xk<<Lk. em todo o 
domínio, principalmente em se tratando de modelos que usam elementos 
finitos com malhas irregulares. 
O fato de existirem tensões não dissipativas, implica em que, se o 
modelo numérico violar a restrição de ∆xk<<Lk, podem ocorrer instabili-
dades. Por conta disso, e mantendo a similaridade de forma dos termos 
de filtragem pode-se fazer uma média alternando módulos nas derivadas 
das velocidades dos termos de filtragem, de modo a garantir que as ten-
sões turbulentas sejam sempre dissipativas, resultando em30: 
 
4
2
o
com , 1,2,3 e 1,2,3,4 sendo
24
T
ij j j ji k i i
ij
j i k k k k
i j k x t
u uu u u u
x x x x x x
= = ≡
⎛ ⎞τ ∂ ⎛ ∂∂ Λ ∂ ∂= υ + + +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎜ ⎟ρ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎝ ⎠
∂ ⎞
 (3.42) 
onde Λk é um parâmetro proporcional à ∆xk local, e é sempre pequeno em 
relação a Lk, (e.g. Λk < 0.2 Lk). 
 
ƒ Equação de estado: 
 
( , )
( , , ) ( , )ss s
s
S T
S T C C S T
ρ − ρρ = + ρρ (3.43) 
onde para as variáveis de grande escala, continuam válidas as constantes 
apresentadas no item 3.3.1.4. 
 
29 Fisicamente as tensões viscosas são sempre dissipativas, mas as tensões turbulentas 
podem localmente ser não dissipativas, principalmente em modelos de escoamentos em 
que as escalas horizontais de interesse são muito maiores que as verticais. 
30 Veja Rosman e Gobbi (1990), Gobbi (1991), Araújo (1993). 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 267 
Capítulo 3 
ƒ Equação do transporte advectivo-difusivo de escalares: 
 
( )i
c ij c
i i j
u CC D
t x x x
⎛ ⎞∂∂ ∂ ∂C R+ = δ +⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
Σ (3.44) 
repare que o termo de balanço do fluxo advectivo foi rescrito usando a 
condição de incompressibilidade, de modo a permitir a filtragem. Entre-
tanto, isto deu origem a novas variáveis, já que o produto filtrado da ve-
locidade com a concentração, i.e. o fluxo filtrado ( iu C) , difere do produto 
das variáveis filtradas iu C . A discussão apresentada no ponto anterior 
sobre as tensões turbulentas se aplica imediatamente ao caso da equação 
do transporte advectivo difusivo. Novamente, de modo a se obter uma 
equação com termos advectivos resolvíveis volta-se ao artifício empre-
gado em (3.9), somando e subtraindo a parcela resolvível no segundo 
termo, levando a: 
 
fluxo de massa
não resolvível
( )
( )
( )
i i i
c ij c
i i j
i
c ij i i c
i i j
u C u C u CC CD R
t x x x
u CC CD u C u C
t x x x
⎛ ⎞∂ + −∂ ∂ ∂
R
+ = δ + Σ⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
⎛⎜ ⎟∂∂ ∂ ∂+ = δ − − + Σ⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎜ ⎟⎝ ⎠
��	�
∴
⎞ (3.45) 
Pela hipótese de similaridade de Boussinesq pode-se modelar o fluxo de 
massa não resolvível como: 
 
fluxo de massa
não resolvível
( ) Ti i ij ij
j
Cu C u C D
x
∂− − δ = ∂���	��
 (3.46) 
sendo TijD tensor de difusividade turbulenta. Ressalte-se que em contraste 
com a difusividade molecular Dc, as difusividades turbulentas não são 
propriedades físico-químicas, e sim variáveis que dependem do escoa-
mento, e portanto têm que ser modeladas. 
Também através das técnicas de filtragem com funções de Gaussi-
anas, pode-se mostrar que a seguinte expansão é correta, desde que esca-
las dos filtros sejam pequenas em comparação com as maiores escalas do 
escoamento: 
268 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 
2
4
fluxo de massa
não resolvível
( ) (
12
j i
i i ij
j j
u Cu C u C
x x
λ ∂ ∂ )j− δ = + Ο λ∂ ∂���	��
 (3.47) 
onde j = 1,2,3,4 sendo x4 ≡ t. Comparando este resultado com o anterior 
chega-se a: 
 
4
2
modelo do termo de
filtragemtermo ( )
2
( )
12
( )
12
j
T
ij
j i
i i ij ij
j j
j i
i i ij ij
j j
D
uC Cu C u C D
x x x
u Cu C u C D
x x
Ο λ
λ ∂∂ ∂
j
− − δ = −∂ ∂ ∂
⎛ ⎞λ ∂ ∂− − δ = −⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂⎝ ⎠
�	
 ��	�
���	��
∴
 (3.48) 
onde Dij por similaridade é denominado tensor de difusividade turbulenta 
filtrado. Também neste caso os termos de filtragem podem gerar difusi-
vidades turbulentas negativas, o que pode criar instabilidades em mode-
los numéricos, se não se respeitar a restrição ∆xj<<Lj. Como no caso
an-
terior, de modo a se evitar difusividades negativas, pode-se usar um mo-
delo alternativo, inspirado na forma dos termos de filtragem: 
 
2
( )
12
T
ij
j i
i i ij ij
j j
D
u Cu C u C D
x x
⎛ ⎞Λ ∂ ∂− − δ = +⎜⎜ ⎟⎟∂ ∂⎝ ⎠���	��
 (3.49) 
onde, como no caso das tensões turbulentas, Λj é um parâmetro propor-
cional à ∆xj local, e é sempre pequeno em relação a Lj, (e.g. Λj < 0.2 Lj). Pa-
ra modelagem de Dij, é usual se empregar a relação envolvendo o número 
de Schmidt (S): 
 ijijD
υ=
S
 (3.50) 
Para escoamentos resolvíveis de grande escala, S varia entre 0,5 e 
1,0 sendo comum adotar-se como primeira aproximação o valor 0,7. Des-
te modo, através da modelagem da viscosidade turbulenta obtêm-se a di-
fusividade turbulenta. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 269 
Capítulo 3 
Substituindo (3.46), ou as alternativas (3.48) e (3.49), em (3.45) 
chega-se à forma usual da equação de transporte advectivo-difusivo para 
escoamento de grande escala: 
 Ti c ij ij c
i i j
C C Cu D D
t x x x
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂⎡ ⎤ R+ = δ + +⎜ ⎣ ⎦⎜∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
Σ⎟⎟ (3.51) 
na qual o termo de transporte advectivo foi rescrito em decorrência da 
condição de escoamento incompressível. É comum despreza-se a difusi-
vidade molecular, já que nas escalas de interesse Tc ij ijD Dδ << . 
Não custa lembrar que: se a massa específica for constante, a mo-
delagem da hidrodinâmica de grande escala depende apenas das equações 
(3.34) e (3.38). Neste caso, para uma dada circulação hidrodinâmica, po-
de-se resolver (3.51) para o transporte de um escalar como problema à 
parte. Por outro lado, se ρ for definido pela equação de estado com, por 
exemplo, dois constituintes, e.g. temperatura e salinidade, a modelagem 
da hidrodinâmica obriga a inclusão de (3.43) e de duas equações de 
transporte como (3.51) uma para cada escalar constituinte. 
Como no caso do modelo geral, a princípio, o conjunto destas e-
quações, incluindo a modelagem das tensões e difusividades turbulentas, 
com condições de contorno consistentes e em coordenadas apropriadas, 
forma um modelo matemático de escoamento e transporte, válido para 
qualquer corpo d’água. Se nas equações de quantidade de movimento e 
de transporte de escalares se mantiver os termos relativos às escalas das 
partículas, as equações são válidas desde estas escalas até as grandes es-
calas de interesse. 
3.3.8. Sobre as condições de validade para as grandes escalas 
As idéias apresentadas no item 3.3.5 continuam válidas nas grandes esca-
las. A diferença fundamental no entanto está no fato dos fluxo difusivos 
em grande escala serem várias ordens de grandeza maiores que os fluxos 
difusivos moleculares, deste modo pode-se empregar escalas espaciais e 
temporais muito maiores. 
Pode-se desenvolver números de Pèclet e de Reynolds para as 
grandes escalas, PG e RG, de modo análogo ao desenvolvimento apresen-
tado no item 3.3.5. A prática mostra que dificilmente se consegue bons 
resultados com modelos numéricos se não se observar restrições seme-
lhantes, ou seja: 
270 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 3~ 2 ; ~ 10G GT T
U x U x
D
∆ ∆= < = <νP R (3.52) 
Freqüentemente não se respeita estas condições de validade do 
modelo matemático na tradução para modelo numérico, e culpam o 
esquema numérico empregado pelos maus resultados. Ressalte-se que 
tais absurdos podem ser evitados se forem tomados cuidados na 
modelagem dos fluxos difusivos de grande escala. 
e. 
 
Fica evidente que os modelos para as viscosidades turbulentas e as 
difusividades turbulentas têm que ser sensíveis às escalas resolvíveis. Ou 
seja, quando no modelo numérico se impõe uma discretização espaço-
temporal definindo as escalas resolvíveis, estas têm que aparecer na mo-
delagem dos fluxos turbulentos de forma a respeitar as condições de 
validad
3.4. Modelos matemáticos de sistemas estuarinos31 
Na definição clássica, um estuário é um corpo d'água semi-confinado na 
costa, com ligação livre com o mar, e no qual água do mar se mistura 
com a água doce proveniente da drenagem do interior das terras. Siste-
mas estuarinos são corpos d’água ainda mais complexos, já que podem 
conter diversos estuários. Por exemplo, baías como Paranaguá, Sepetiba, 
Guanabara, Todos os Santos etc., são sistemas estuarinos, dentro das 
quais há vários estuários. É comum em tais sistemas, a ocupação humana 
ser intensa, ocasionando significativas alterações morfológicas e outras 
formas de poluição. 
Sistemas estuarinos são provavelmente os corpos d’água naturais 
de maior complexidade, por apresentarem escoamentos altamente varia-
dos no espaço e variáveis no tempo. A mistura de água doce proveniente 
dos rios , com a água salgada do mar gera gradientes de densidade que 
induzem a uma circulação adicional típica, denominada circulação estua-
rina. Freqüentemente há sérios problemas ambientais, ensejando a neces-
sidade de se modelar o transporte de contaminantes, que é fortemente 
dependente das correntes residuais que, por sua vez, sofrem grande influ-
ência dos ventos. Estes comentários mostram o desafio que representa a 
modelagem em tais sistemas, entretanto, há vários tipos de estuários e 
diferentes fenômenos de interesse e, dependendo de cada caso simplifi-
cações podem ser adotadas. 
 
31 Por simplicidade não se colocará mais sobre barras nas variáveis de grande escala. 
Todas as variáveis na modelagem de sistemas estuarinos são de grande escala. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 271 
Capítulo 3 
Para a classe de fenômenos de interesse neste capítulo, uma carac-
terística se sobressai: os sistemas estuarinos são corpos d’água rasos, pois 
as escalas espaciais características dos escoamentos de interesse são sem-
pre muito maiores que a profundidade dos sistemas estuarinos. De fato, o 
interesse da modelagem em sistemas estuarinos está centrado nos 
escoamentos oriundos da interação da propagação das marés com os es-
coamentos de origem fluvial, e a influência dos ventos. O interesse não 
está nas ondas de curto período (poucos segundos) geradas pelo vento, 
mas em ondas de gravidade com períodos variando entre os típicos de 
marés (horas a dias), até períodos relativos às oscilações naturais dos sis-
temas estuarinos (vários minutos). 
3.4.1. Corpos d’água rasos e aproximação hidrostática 
Formalmente, um corpo d’água com profundidade h, é considerado 
raso para um fenômeno com escala espacial característica, L, quando 
a condição L > 20h é satisfeita. A escala característica da velocidade de 
propagação de um fenômeno de período T em um sistema estuarino é 
√(gh), portanto a escala espacial característica, L, será o produto T√(gh). 
É fácil verificar que, mesmo para fenômenos com apenas um minuto de 
duração os sistemas estuarinos são corpos d’água rasos. 
A conseqüência prática de um corpo d’água ser considerado raso na 
escala de um dado fenômeno, é que a equação da quantidade de movi-
mento na direção vertical pode ser simplificada, reduzindo-se à expressão 
da pressão hidrostática. Considere a componente vertical de (3.38): 
 3 3
o o o
1 Tj j
j
j j
w w pu g
t x z x
⎡ ⎤τ τ∂ ∂ ∂ ∂ ρ+ = − + + −⎢ ⎥
o∂ ∂ ρ ∂ ∂ ρ ρ ρ⎢ ⎥⎣ ⎦
 (3.53) 
onde ressalta-se que as variáveis são de grande escala. Como dito, as so-
bre barras não são mais colocadas por simplicidade. 
A pressão, p(z), em um ponto z a uma profundidade qualquer pode 
ser obtida pela integração de (3.53) ao longo da coluna d’água, do ponto 
considerado até a superfície livre. Para modelagem dos escoamento de 
interesse em sistemas estuarinos a superfície livre, SL, pode ser definida 
pelos pontos com cota igual a ( , , )x y tζ 32, ou seja; 
 ( , , , ) ( , , ) 0LS x y z t z x y t≡ − ζ = (3.54) 
 
32 Note que esta definição só faz sentido para
certas classes de escoamento de grande 
escala, por exemplo, escoamentos com ondas que arrebentam violam esta definição. 
272 Paulo Cesar Colonna Rosman 
Integrando (3.53) tem-se: 
 
N
o
atm
3 3
o o o
0 em corpos d'água rasos
1
( ) ( )
d
T
j j
jz z z
j j
P
dz
 P
p w wdz gdz u dz
z t x x
p p z gdz P
ζ ζ ζ
ρ ≈
ζ
=
o
⎧ ⎫⎡ ⎤⎛ ⎞ τ τ∂ ρ ∂ ∂ ∂⎪ ⎪= − − + − +⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎨ ⎬⎜ ⎟ρ ∂ ρ ∂ ∂ ∂ ρ ρ⎢ ⎥⎪ ⎪⎝ ⎠ ⎣ ⎦⎩ ⎭
∴ ζ − = − ρ − ∴
∫ ∫ ∫
∫
���������	��������
 
 N
atm
( ) ( ) dz
 P
p z p gdz P
ζ
=
= ζ + ρ +∫ (3.55) 
onde, como indicado, a pressão dinâmica Pd é aproximadamente zero em 
corpos d’água rasos, e a pressão na superfície livre, ( )p ζ = Patm, é a pres-
são atmosférica. 
A equação da pressão (3.55) é exata, pois representa a componente 
vertical de (3.38), i.e. (3.53), integrada em z. A chamada aproximação 
hidrostática consiste em considerar a pressão dinâmica, Pd , nula em 
(3.55).33
Substituindo (3.55) no termo de gradiente de pressão nas compo-
nentes horizontais da equação do movimento (3.38), obtêm-se: 
 ( )atm ; ( 1, 2)( ) d iz
i i i i
P Pp z gdz
x x x x
ζ
=
∂ ∂∂ ∂= + ρ +∂ ∂ ∂ ∂∫ 
Aplicando a fórmula de Leibniz para diferenciação de integrais e divi-
dindo-se pela massa específica de referência ρo, chega-se a 
 atm o
o o o o
( )1 ( ) 1 ( ) 1 d
z
i i i i
P Pp z g g dz
ix x x x
ζ
x
∂ ∂ ρ ρ ∂∂ ρ ζ ∂ζ= + + +ρ ∂ ρ ∂ ρ ∂ ∂ ρ ∂∫ 
onde pela aproximação de Boussinesq, a massa específica na superfície 
livre pode ser igualada à de referência, ou seja o( ) 1ρ ζ ρ ≅ , podendo-se 
então escrever: 
 
33 Supondo a massa específica constante ao longo de z, e desprezando Pd, a integração 
em (3.55), leva à conhecida expressão da pressão hidrostática: 
)()( atm zgPzp −ζρ+= 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 273 
Capítulo 3 
 
N
o atm
; ( 1, 2)
o o
(1) (2) (3) (4)
( )1 ( ) 1 1 d
i
z
i i i i i
P Pp z g g dz
x x x x x
ζ
=
o
∂ ρ ρ ∂ ∂∂ ∂ζ= + + +ρ ∂ ∂ ∂ ρ ∂ ρ ∂∫���	��
 ��	�
 �	
 (3.56) 
Nesta expressão, (1) é a parcela do gradiente de pressão barotrópica de-
vida aos desníveis na superfície livre da massa d’água, (2) é parcela do 
gradiente de pressão baroclínica devida às diferenças de densidade, (3) é 
a parcela do gradiente de pressão barotrópica devida à variação espacial 
da pressão atmosférica, e (4) é a parcela dinâmica do gradiente de pres-
são. As diferentes parcelas são importantes nos seguintes casos: 
(1) É a mais importante na modelagem do escoamento em corpos d’água 
com superfície livre, como sistemas estuarinos, rios e canais, águas 
costeiras, lagos e reservatórios, etc. 
(2) É muito importante no caso de corpos d’água estratificados, como 
alguns sistemas estuarinos que apresentam estratificação salina, lagos 
e reservatórios que apresentam estratificação térmica, e águas costei-
ras que podem apresentar ambas. 
(3) Parcela geralmente irrelevante no caso de sistemas estuarinos, pois 
nas escalas horizontais dos mesmos, a variação espacial de Patm é 
desprezível. Só é relevante para modelagem oceânica. Esta parcela 
pode ter uma pequena significância, na modelagem de reservatórios 
ou lagos muito grandes. A parcela não representa uma incógnita mas 
um forçante imposto. 
(4) Parcela não incluída na aproximação hidrostática. Só é relevante para 
modelagem de escoamento relativos a fenômenos cujas escalas espa-
ciais sejam menores que vinte vezes a profundidade. Por exemplo: 
modelos de agitação por ondas de vento de curto período, modelos do 
escoamento de plumas emergentes no campo próximo de difusores de 
emissários. 
3.4.2. Equações do movimento em águas rasas 
Substituindo (3.56), nas componentes horizontais da equação do 
movimento (3.38), obtêm-se: 
N
o atm
o o
(1) (2) (3) (4)
3 3
o o o o
( ) 1 1
; ( , 1,2)
i i i d
j z
j i i i
T T
ij ij i i
i
j
u u u P P
u w g g dz
t x z x x x x
a i
x z
ζ∂ ∂ ∂ ∂ ρ ρ ∂ ∂
i
j
∂ζ+ + = − − − −∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ ∂ ρ ∂
⎡ ⎤τ τ ⎡ ⎤τ τ∂ ∂+ + + + =⎢ ⎥ ⎢ ⎥∂ ρ ρ ∂ ρ ρ⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎣ ⎦
∫ +
���	��
 ��	�
 �	
(3.57) 
274 Paulo Cesar Colonna Rosman 
Esta equação, sem a parcela (4) do gradiente de pressão, é conheci-
da como equação do movimento em águas rasas. Na modelagem de sis-
temas estuarinos é irrelevante a inclusão das parcelas (3) e (4) do gradi-
ente de pressão. Geralmente também se despreza as tensão viscosas 
por serem muito menores que as turbulentas. ijτ
Note que, com a equação (3.57), a pressão deixou de ser uma in-
cógnita, sendo substituída pela cota da superfície livre, ( , , )x y tζ . Como a 
componente vertical da equação do movimento foi eliminada para o cál-
culo da pressão, têm-se agora menos equações do que incógnitas. A lista 
a seguir resume as incógnitas e equações disponíveis: 
ƒ : pode-se associar a equação do movimento em águas ra-
sas (3.57) para as componentes horizontais e a da continuidade 
(3.34) para a componente vertical. 
, ,u v w
ƒ e concentração de constituintes C: pode-se associar a equação 
de estado (3.43) e tantas equações de transporte advectivo 
difusivo, (3.51), quantos sejam os constituint
ρ
es. 
ƒ ζ: ainda sem equação disponível. 
Como se mostra a seguir, de modo a fechar o problema, obtêm-se 
uma equação para ( , , )x y tζ pela integração da equação da continuidade, 
ao longo da coluna d’água, ou seja, do fundo à superfície livre. Mas, de 
modo a fazer a integração, é necessário definir a cota do fundo. 
Na modelagem de sistemas estuarinos é usual se definir a superfície 
do fundo, SF , como sendo a formada pelo conjunto de pontos com cota 
z = – h(x, y, t)34, ou seja 
 ( , , ) 0FS z h x y t≡ + = (3.58) 
onde a variabilidade no tempo representaria processos de erosão ou se-
dimentação, veja Figura 3.5. Assim, integrando-se (3.34) do fundo à su-
perfície tem-se: 
 0i
h
i
u w dz
x z
ζ
−
⎛ ⎞∂ ∂+ = ∴⎜ ⎟∂ ∂⎝ ⎠∫ 
aplicando a fórmula de Liebniz, pode-se escrever 
 
34 Vale notar que, como no caso da definição da superfície livre, esta definição da su-
perfície do fundo também impõe restrições. Degraus verticais no fundo, nos quais para a 
mesma posição horizontal ter-se-ia mais de uma cota, violam a definição. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 275 
Capítulo 3 
 ( ) ( ) ( ) ( ) 0i i ih
i i i
hu dz u u h w w h
x x x
ζ
−
∂ ∂ζ ∂− ζ − − + ζ − − =∂ ∂ ∂∫ (3.59) 
onde é necessário aplicar-se condições de contorno adequadas, de modo a 
se evitar as incógnitas específicas dos contornos da superfície (ζ) e do 
fundo (–h). 
3.4.2.1. Condições de contorno cinemáticas na superfície livre e 
no fundo 
A superfície livre e o fundo são superfícies permanentes, isto é, ambas 
podem sofrer alterações de posição localmente, mas as superfícies como 
um todo tem velocidade zero, pois permanecem delimitando os limites 
superior e inferior de um volume de partículas de água em escoamento. 
Este modelo conceptual das condições de contorno cinemáticas da super-
fície livre e do fundo podem ser modelados matematicamente como se 
mostra a seguir. Para tal utiliza-se a superfície livre como exemplo: 
 0L
dS
dt
= 
que em uma descrição Euleriana torna-se 
 0L L L Li
i
dS S S Su w
dt t x z
∂ ∂ ∂= + +∂ ∂ ∂ = 
substituindo a equação da superfície livre (3.54), chega-se à condição de 
contorno cinemática na superfície livre: 
 0 ; em ( , , )i
i
u w z x y
t x
t∂ζ ∂ζ− − + = = ζ∂ ∂ (3.60) 
Fazendo o mesmo desenvolvimento para a superfície do fundo 
(3.58), pode-se escrever a condição de contorno cinemática no fundo 
como: 
 0 ; em ( , , )i
i
h hu w z h x y
t x
t∂ ∂+ + = = −∂ ∂ (3.61) 
276 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.4.2.2. Condições de contorno
dinâmicas na superfície livre e no 
fundo 
A ação de forçantes na superfície livre, e. g. vento, é passada ao escoa-
mento através da imposição de condições de contorno dinâmicas na su-
perfície livre, CCDSL. No caso, a condição imposta é: 
 3 3
tensoes na direçao 
S S
ij j i i
i
n n Sτ + τ = τ
� �
G G
��	�
 (3.62) 
onde o vetor unitário normal à superfície livre SnG , pode ser escrito em 
função da definição de superfície livre dada em (3.54): 
 1S L
L L
Sn i
x yS S
⎛∇ ∂ζ ∂ζ j k ⎞= = − − +⎜ ∂ ∂∇ ∇ ⎝ ⎠⎟
G GG GG G G (3.63) 
Com este resultado, pode-se escrever a CCDSL : 
 3
S
ij i i L
j
S
x
∂ζ−τ + τ = τ ∇∂
G
 (3.64) 
Vale ressaltar que para qualquer aplicação prática 1.00LS∇
G � . 
O fundo exerce resistência ao escoamento, esta ação é imposta a-
través da condição de contorno dinâmica no fundo, CCDF, que iguala as 
tensões no fundo à tensão de atrito do fundo τF. Desta forma, para as 
componentes da tensão na direção i, têm-se 
 3 3
tensoes na direçao 
F F
ij j i i
i
n n Fτ + τ = τ
� �
G G
��	�
 (3.65) 
onde o vetor unitário normal à superfície do fundo FnG , pode ser escrito 
em função da definição superfície do fundo dada em (3.58): 
 1F F
F F
S h hn i
x yS S
⎛∇ ∂ ∂ j k ⎞= = +⎜ ∂ ∂∇ ∇ ⎝ ⎠+ ⎟
G GG GG G G (3.66) 
Com este resultado, pode-se escrever a CCDSF : 
 3
F
ij i i F
j
h S
x
∂τ + τ = τ ∇∂
G
 (3.67) 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 277 
Capítulo 3 
Ressalta-se que na prática 1FS∇
G � . 
3.4.2.3. Equação da continuidade promediada na vertical 
Voltando à integração na vertical da equação da continuidade, substituin-
do (3.60) e (3.61) em (3.59), elimina-se as incógnitas nos contornos e 
obtêm-se: 
 0 ; ( 1, 2)ih
i
H u dz i
t x
ζ
−
∂ ∂+ = =∂ ∂ ∫ (3.68) 
onde H = ζ + h é a altura instantânea da coluna d’água. Note que se for 
considerada a variabilidade temporal de h, tem-se mais uma incógnita. 
Na prática a variabilidade temporal de h é desprezível em comparação 
com a de ζ , por isso é freqüente fazer-se a modelagem de sistemas estua-
rinos considerando o fundo fixo no tempo, isto é, supõe-se h(x, y). Entre-
tanto, em modelos de fundo móvel, a inclusão da cota do fundo como 
nova incógnita acarreta na necessidade de mais uma equação. Tal equa-
ção seria uma de transporte de sedimentos, mas uma discussão a este res-
peito foge do escopo deste capítulo. 
3.4.3. Tipos de estuários e modelos pertinentes 
A decisão sobre o tipo de modelo mais adequado para um determinado 
fenômeno em um dado corpo d’água é uma questão de custo e benefício. 
Sem dúvida o modelo mais geral se aplica a qualquer caso, mas os custos 
envolvidos podem ser muito grandes. Dyer (1986) apresenta uma boa 
revisão sobre os diferentes tipos de estuários e formas de classifica-los. 
Em termos de modelagem, dois aspectos são de fundamental importân-
cia: a morfologia do estuário e a estrutura hidro-salina. Lista-se alguns 
exemplos de tipos de modelo e aplicações que dependendo do fenômeno 
de interesse e do tipo de estuário, possibilitam diferentes simplificações: 
1. Modelo tridimensional geral (3Dg), são modelos gerais que incluem 
todas as equações, pois a hidrodinâmica inclui gradientes de densida-
de, isto é considera gradientes de pressão barotrópica e gradientes de 
pressão de baroclínica. Se aplica a qualquer caso pois é geral. Possui 
todas as dimensões (x, y, z, t). 
2. Modelo tridimensional simples (3D), tem a hidrodinâmica mais 
simples pois não se inclui gradientes de densidade, isto é, só conside-
ra gradientes de pressão barotrópica. Se aplica a corpos d’água que 
apresentem coluna d’água com densidade homogênea, quando se de-
seja obter perfis verticais das variáveis. Também tem todas as dimen-
278 Paulo Cesar Colonna Rosman 
sões, (x, y, z, t). No caso de sistemas estuarinos, seriam aplicáveis a 
estuários pouco estratificados, tendendo a verticalmente homogêneos. 
O transporte de contaminantes pode ser resolvido desacoplado da hi-
drodinâmica. 
3. Modelo bidimensional na horizontal (2DH), nos quais as variáveis 
são médias na vertical, i.e. só têm dimensões (x, y, t). Também apli-
cável a estuários com pouca estratificação tendendo a verticalmente 
homogêneos, 
4. Modelo bidimensional em perfil (2DV), aplicável em corpos d’água 
com estratificação de densidade na coluna d’água, mas com pouca 
variação lateral, usualmente são corpos d’água estreitos. As variáveis 
médias na lateral terão as dimensões do perfil vertical (x, z, t), supon-
do que o eixo x seja o longitudinal e y o transversal. 
5. Modelo unidimensional (1D), aplicável a estuários com seção trans-
versal homogênea, resultando em variáveis médias na seção transver-
sal. Sendo o eixo x o longitudinal, as variáveis têm dimensões (x, t). 
Pode ser aplicado a estuários de calha única ou com múltiplas calhas 
formando uma rede de canais. 
6. Modelo pontual, com variáveis pontuais, que só variam no tempo. 
Geralmente são modelos semi-analíticos, aplicáveis a casos específi-
cos como canais de ligação de alguns sistemas lagunares. Não se a-
borda estes casos neste capítulo. 
3.4.4. Modelos tridimensionais (3Dg e 3D) 
Como a melhor estratégia de cálculo para os modelos 3D depende do 
modelo 2DH, nas equações a seguir têm-se os índices i e j = 1,2 repre-
sentando apenas o plano horizontal, e a dimensão vertical explicitada. A 
Figura 3.5 apresenta o esquema de coordenadas. 
3.4.4.1. Modelos hidrodinâmicos 3Dg e 3D 
As equações governantes para modelos 3D do escoamento de grande es-
cala, com e sem gradientes de densidade, desenvolvidas nos itens anterio-
res são resumidas a seguir: 
 
 
ƒ Equação da continuidade 3D, vide (3.34): 
 0i
i
u w
x z
∂ ∂+ =∂ ∂ (3.69) 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 279 
Capítulo 3 
ƒ Equação da continuidade integrada na vertical com fundo fixo, isto é, 
h = h(x, y), vide (3.68): 
 0ih
i
u dz
t x
ζ
−
∂ζ ∂+ =∂ ∂ ∫ (3.70) 
ƒ Equação da quantidade de movimento 3D: 
N
o atm
o o
(1) (2) (3) (4)
3
o o
( ) 1 1
; ( , 1,2)
i i i d
j z
j i i i
T T
ij i
i
j
u u u P Pu w g g dz
t x z x x x x
a i
x z
ζ∂ ∂ ∂ ∂ ρ ρ ∂ ∂
i
j
∂ζ+ + = − − − −∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ρ ∂ ρ ∂
⎡ ⎤τ ⎡ ⎤τ∂ ∂+ + =⎢ ⎥ ⎢ ⎥∂ ρ ∂ ρ⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎣ ⎦
∫ +
���	��
 ��	�
 �	
(3.71) 
onde as tensões viscosas foram desprezadas. Para o modelo 3Dg, as par-
celas (3) e (4) do gradiente de pressão podem ser desprezadas, já para o 
modelo 3D simples usualmente despreza-se também a parcela (2). 
 
ƒ Equação de estado para sistemas estuarinos: 
 Sρ = α + β (3.72) 
onde α e β parâmetros em função da temperatura, cf. equação (3.7). Esta 
equação é necessária apenas se a parcela (2) do gradiente de pressão for 
considerada em (3.71). Como apresentado em 3.3.1.4, em sistemas estua-
rinos as variações de massa específica da água por salinidade são muito 
maiores que as por temperatura. Assim, na modelagem de sistemas estua-
rinos adota-se uma temperatura de referência constante, de modo que a 
massa específica torna-se uma função linear da salinidade S. 
 
ƒ Equação do transporte advectivo-difusivo de sal, vide (3.51): 
3 3 3
T T T T
i ij i j
i i j j
S S S S S Su w D D D D
t x z x x z z x
⎛ ⎞ ⎛∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂+ + = + + +⎜ ⎟ ⎜⎜ ⎟ ⎜∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ ⎝ 3
S
z
⎞⎟⎟⎠
(3.73) 
onde não há termos de reações cinéticas pois na modelagem de sistemas 
estuarinos, o sal é uma substância conservativa. Esta equação só é neces-
sária na modelagem hidrodinâmica se a equação (3.72) for incluída. 
Algumas estratégias para solução numérica dos modelos 3D são 
apresentadas no item 3.6. 
280 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.4.4.2. Modelos 3D para transporte de escalares passivos 
Para modelagem do transporte de escalares passivos, dado o campo de 
velocidades pelo modelo hidrodinâmico,
a equação a se adotar é seme-
lhante à do transporte se sal (3.73) exceto pela inclusão de termos de rea-
ções cinéticas: 
 
3
3 33
T T
i ij
i i j
T T
j c
j
C C C C Cu w D D
t x z x x z
C CD D
z x z
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂
i
R
+ + = +⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝
⎛ ⎞∂ ∂ ∂
+
⎠
+ −⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂⎝ ⎠
 (3.74) 
Na modelagem de múltiplos escalares, como é comum no caso de 
modelos de ciclos de substâncias, e.g. ciclo dos compostos do nitrogênio 
e do fósforo, usa-se uma equação de transporte para cada composto, in-
cluindo concentração de bactérias e micro organismos intervenientes. As 
diversas equações são interligadas através das reações cinéticas. Entre-
tanto, este é um assunto suficientemente complexo para exigir uma capí-
tulo à parte, e está fora do escopo deste capítulo. 
3.4.5. Modelos bidimensionais na horizontal (2DH) 
As equações governantes dos modelos bidimensionais na horizontal 
(2DH), são obtidas por promediação na direção vertical das equações tri-
dimensionais. Assim, no modelo 2DH, as equações governantes do mo-
delo 3D são integradas analiticamente na dimensão vertical, reduzindo a 
dimensionalidade do problema. 
Os valores médios na vertical de uma variável qualquer, por exem-
plo a componente ui da velocidade da corrente na direção xi, são defini-
dos pela seguinte promediação: 
 1ˆ ( , , ) ( , , , )i ihu x y t u x y z t dzH
ζ
−= ∫ (3.75) 
onde, ( , ) ( , , )H h x y x y t= + ζ é a altura instantânea da coluna d’água lo-
cal, conforme ilustra a Figura 3.5. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 281 
Capítulo 3 
ui
ûi
xi
z
NR
z = ζ
z = –h
H
 
Figura 3.5. Esquema de coordenadas para os modelos 3D e 2DH, onde NR é 
o Nível de Referência. Para o caso do modelo 2DH, ûi exemplifica 
uma variável promediada na vertical. 
3.4.5.1. Modelo hidrodinâmico 2DH 
ƒ Equação da continuidade ou condição de incompressibilidade 2DH: 
A integração da equação da continuidade ao longo da coluna de água 
está exposto em detalhes na seção 3.4.2.3. Assim, substituindo a defini-
ção de velocidade média na vertical (3.75) em (3.70) obtêm-se direta-
mente; 
 
ˆ ( )
0i
i
u h
t x
∂ ζ +∂ζ + =∂ ∂ (3.76) 
Esta é a forma mais usual da equação da continuidade em um modelo 
2DH. Formas alternativas também usuais são: 
 
ˆ ˆ( )( ) 0 0i i
i i
u h u Hh H
t x t x
∂ ζ + ∂∂ ζ + ∂+ = ∴ + =∂ ∂ ∂ ∂ 
Repare que nesta forma até a hipótese de h variar com o tempo seria vá-
lida, vide (3.68). 
 
ƒ Equação de quantidade de movimento 2DH, na direção xi: 
 
A integração da equação de quantidade de movimento tridimensional 
(3.71) ao longo da coluna de água para obtenção do modelo 2DH, segue 
passos semelhantes ao já mostrados para a equação da continuidade. 
 
 
282 Paulo Cesar Colonna Rosman 
Integração dos termos do lado esquerdo da equação (3.71), (LE): 
 
Para cada um dos termos do lado esquerdo da equação (3.71), apli-
cando-se a regra de Liebniz, pode-se escrever: 
• Termo de aceleração local: 
 ( )i i i i h
h h
u hdz u dz u u
t t t t
ζ ζ
ζ −
− −
∂ ∂ ∂ζ ∂ −= − +∂ ∂ ∂∫ ∫ ∂ 
E, usando a condição de escoamento incompressível para reescrever os 
termos advectivos de modo mais apropriado, obtêm-se: 
• Termos de aceleração advectiva: 
 
( ) ( )( ) ( ) ( )i j i j i j i j h
j j jh h
u u hdz u u dz u u u u
jx x u
ζ ζ
ζ −− −
∂
u
∂ ∂ζ ∂ −= − +∂ ∂ ∂ ∂∫ ∫ 
 
( )
( ) ( )i i i h
h
u w
dz u w u w
z
ζ
ζ −
−
∂ = −∂∫ 
Nas integrações acima, aparecem termos de velocidade na super-
fície livre, em z = ζ e no fundo, em z = –h. Em um modelo 2DH não há 
dimensão z, portanto tais valores não seriam resolvíveis. Entretanto a 
soma de tais termos é zero. De fato os termos em z = ζ correspondem e-
xatamente à identidade da condição de contorno cinemática na superfície 
livre, cf. equação (3.60), multiplicada por ui. Da mesma forma os termos 
em z = –h correspondem exatamente à identidade da condição de contor-
no cinemática no fundo, cf. equação (3.61), multiplicada por ui. Assim 
sendo, pode-se grupar os termos integrados do lado esquerdo da equação 
(3.71), (LE), e escrever: 
 ( )
h
LE dz
ζ
−
∫ ( )i i
jh h
u dz u u dz
t x
ζ ζ
− −
∂ ∂≡ +∂ ∂∫ ∫ j 
e usando a definição de média na vertical dada em (3.75) chega-se a 
 ( )
h
LE dz
ζ
−
∫ ( )
n( )ˆ i ji
j
u u Hu H
t x
∂∂≡ +∂ ∂ 
Note que o termo ni ju u acima não é resolvível em um modelo 
2DH porque seu cálculo depende da dimensão z. Este termo representa a 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 283 
Capítulo 3 
média na vertical do produto de velocidades 3D, i.e. uiuj. O que seria re-
solvível em 2DH seria o produto de velocidades médias na vertical, isto é 
ûiûj. Entretanto, a média do produto não é igual ao produto das médias. 
Para resolver este problema usa-se o seguinte expediente algébrico: 
 n n( )
dispersao horizontal de
quantidade de movimento
por unidade de massa
ˆ ˆ ˆ ˆi j i j i j i ju u u u u u u u= + −
�
��	�
 
Na expressão acima, como indicado, a diferença entre a média na 
vertical do produto das velocidades, e o produto das médias na vertical 
das velocidades representa uma dispersão horizontal de quantidade de 
movimento por unidade de massa. Essa dispersão decorre dos perfis ver-
ticais de velocidades, e é automaticamente computada em modelos 3D. 
Entretanto, em modelos 2DH, este mecanismo não pode ser automatica-
mente computado pois não há perfis verticais de velocidade. Assim sen-
do, para ser incluído no modelo 2DH, o efeito desta dispersão horizontal 
tem que ser modelado de forma paramétrica através de variáveis 2DH. 
Reescrevendo a integração do lado esquerdo da equação (3.71) com 
o expediente algébrico proposto, obtêm-se: 
 ( )
h
LE dz
ζ
−
∫ ( ) ( )
n( )( )
termo de dispersao
horizontal a ser modelado
ˆ ˆˆ ˆˆ i j i ji ji
j j
u u u u Hu u Hu H
t x x
∂ −∂∂≡ + +∂ ∂ ∂
�
������
 
As formas mais usuais de se incluir, via modelagem paramétrica, o 
efeito da dispersão horizontal de quantidade de movimento em modelos 
2DH são as seguintes: 
1. Via coeficiente de ajuste no produto das médias, cf. McDowell and 
O’Connor (1977): 
 n n( )ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆi j i j i j i j i ju u u u u u u u u u′= + − = β 
sendo β' > 1 um coeficiente de ajuste a ser calibrado. Em geral β' é 
próximo de 1,05 em escoamentos típicos em estuários verticalmente 
homogêneos. O valor de β' aumenta se a ação do vento for significa-
tiva em áreas mais rasas, podendo chegar perto de 1,20. 
284 Paulo Cesar Colonna Rosman 
2. Via inclusão de termo dispersivo (preferível): 
 n n( ) ˆˆˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ jii j i j i j i j i j V
j i
uuu u u u u u u u u u K
x x
⎛ ⎞∂∂= + − = − +⎜⎜ ∂ ∂⎝ ⎠
⎟⎟
H
 (3.77)35
Onde KV é um coeficiente de dispersão horizontal de quantidade de 
movimento. Esta segunda forma é preferível, por ser mais geral e 
explicitar claramente a natureza do efeito dispersivo que está sendo 
modelado. Usualmente o coeficiente de dispersão KV pode ser para-
metrizado como: 
 *VK u= α (3.78) 
sendo α um coeficiente de ajuste a ser calibrado e u* a velocidade de 
atrito. Em geral α é próximo de 0,1 em escoamentos típicos em estu-
ários verticalmente homogêneos. Mas, em modelagens numéricas 
não é raro encontrar-se valores de α até 100 vezes maior, quando 
formulações de dispersão tipo Elder são adotados.36
Com a opção do item 2 acima, a integração vertical do lado esquer-
do da (3.71), (LE), pode ser escrito como: 
 ( )
h
LE dz
ζ
−
∫ ( ) ( )ˆ ˆ ˆˆ ˆi j ji iV
j j j i
u u H uu H uHK
t x x x x
⎛ ⎞∂ ⎛ ⎞∂∂ ∂∂≡ + − +⎜ ⎟⎜⎜⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎝ ⎠
⎟⎟ (3.79) 
 
Integração dos termos do lado direito da equação (3.71), (LD): 
 
Para os termos do lado direito da equação (3.71), pode-se escrever: 
• Termo do gradiente de pressão
barotrópica: 
 
i ih
g dz g H
x x
ζ
−
∂ζ ∂ζ− = −∂ ∂∫ 
 
35 O sinal do termo dispersivo é negativo, pois o fluxo dispersivo é semelhante ao difu-
sivo, proporcional ao gradiente de quantidade de movimento mas no sentido inverso. 
36 Em modelagem numérica, uma forma prática de se expressar KV decorre do número 
de Reynolds da discretização R∆ = û∆x/KV, de onde se obtêm KV = û∆x/R∆. No caso o 
valor ∆x é a escala de discretização local e R∆ atua como um parâmetro de calibração. 
Como comentado em 3.3.8, deve-se usar R∆ < 1000. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 285 
Capítulo 3 
• Termo do gradiente de pressão baroclínica37: 
 
( ) ( ) ( )
( ) ( )
ˆ
ˆ
2
o o
i ih z h
o
i
g dz dz g z
x x
h
g H
x
ζ ζ ζ
− −
⎛ ⎞ ⎛ ⎞∂ ρ ρ ∂ ρ ρ− = − ζ −⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂⎝⎝ ⎠
ζ + ∂ ρ ρ= − ∂
∫ ∫ ∫ dz⎠ (80) 
• Termo da aceleração de campo: 
 (81) i i
h
a dz a H
ζ
−
=∫
• Termos de tensões turbulentas: 
 
3
3 3
( )Tij T T T
ij ij ijz z h
j j ih h
T
T Ti
i iz z h
h
hdz dz
ix x x
dz
z
ζ ζ
=ζ =−− −
ζ
=ζ =−−
∂τ
x
∂ ∂ζ ∂ −= τ − τ + τ∂ ∂ ∂
∂τ = τ − τ∂
∫ ∫
∫
∂
 
Para lidar com os termos de tensões na superfície livre, z = 
ζ (x,y,t), e no fundo, z = –h(x,y,t), há que se impor condições de contorno 
dinâmicas em ambas as superfícies. 
 
 
 
( )
o
(2)
o
ˆˆ ˆ ( )( )ˆ
2
1 1 ˆ ˆ
i i
j
j i i
T S F
ij i i i
j
u u hu g g
t x x x
H a
H x
∂ ∂ ∂ ρ ρ∂ζ ζ ++ = − − +∂ ∂ ∂ ∂
⎡ ⎤∂ τ + τ − τ +⎢ ⎥ρ ∂⎢ ⎥⎣ ⎦
���	��
 (3.82) 
onde os termos de Coriolis são: 
 
37 Por suposto faz mais sentido usar um modelo 2DH se a massa específica tender a ser 
homogênea na vertical, isto é ˆρ ρ� . 
286 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 1
2
ˆ ˆ 2 sen
ˆ ˆ 2 sen
x
y
a a v
a a
ˆ
uˆ
≡ = Ω θ
≡ = − Ω θ (3.83) 
O termo (2), é a parcela do gradiente horizontal de pressão baroclí-
nica devido às variações horizontais da densidade média na vertical. Tal 
termo em geral é desprezível em modelos 2DH. Os termos e Si
F
iτ τ são 
as tensões de atrito na superfície livre e no fundo, que resultam das con-
dições de contorno dinâmicas em SL e SF na integração dos termos de 
tensão turbulenta. A tensão na superfície livre é parametrizada como: 
 210 cos
S
i ar DC U iτ = ρ ϕ (3.84) 
sendo ρar a massa específica do ar (~1,2 kg/m3 a 20oC), U10 a velocidade 
do vento a dez metros da superfície da água, CD o coeficiente de arraste 
do vento na superfície livre [Wu, J. 1982], e ϕi o ângulo que o vento faz 
com a direção xi. 
Quando o modelo 2DH é um modelo independente, desacoplado de 
um modelo 3D, a tensão de atrito no fundo é calculada através de: 
 (3.85) 2 2 1/ 2o ˆ ˆ( )
F
i fC u v uτ = ρ + ˆi
sendo Cf o coeficiente de atrito no fundo. Cf pode ser obtido via coefici-
ente de Chézy (Ch), como segue: 
 2f
h
gC
C
= (3.86) 
onde 
 618logh
HC ⎛= ⎜ ⎞⎟ε⎝ ⎠ (3.87) 
sendo ε a amplitude da rugosidade equivalente do fundo [Abbot e Basco, 
1989]. 
Quando o modelo 2DH é parte de um modelo 3D, como se mostra 
no item 3.6.1.1.1, a tensão de atrito no fundo é calculada através da velo-
cidade de atrito. Para tal, admite-se um perfil logarítmico de velocidades 
entre o fundo e o primeiro ponto de cálculo logo acima, no qual a veloci-
dade foi computada. Através do perfil analítico admitido, a velocidade de 
atrito, e por conseqüência, a tensão de atrito no fundo são determinadas. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 287 
Capítulo 3 
Comparando com (3.42), as tensões turbulentas laterais médias na 
vertical, , que são fundamentais para a obtenção de modelos com boa 
capacidade previsiva, podem ser modeladas como: 
ˆTijτ
 
2
o
com , 1 e 2 ; 1,2,4
ˆ ˆ ˆˆ ˆ
( )
24
T
ij j j ji k i i
ij V
j i k k k k
i j k
u uu u u
K K
ˆˆ u
x x x x x
= =
⎛ ⎞τ ∂ ⎛ ∂∂ Λ ∂ ∂= + + + +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎜ ⎟ρ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎝ ⎠ x
∂ ⎞
∂ (3.88) 
onde a dimensão “3” não existe, e a dimensão “4” é o tempo, x4 ≡ t. Kij é 
um coeficiente horizontal de difusão turbulenta de quantidade de movi-
mento; KV é um coeficiente de dispersão horizontal de quantidade de mo-
vimento que aparece devido à perda da advecção diferenciada ao longo 
da vertical. Λk tem a mesma definição dada na equação (3.42). 
 
ƒ Equação de estado 2DH 
 ˆˆ Sρ = α + β (3.89) 
onde α e β são parâmetros em função da temperatura, cf. equação (3.7). 
Esta equação é necessária apenas se a parcela (2) do gradiente de pressão 
for considerada em (3.82). 
 
ƒ Equação do transporte advectivo-difusivo de sal, vide (3.51): 
 
ˆ ˆ 1 ˆˆ Ti
i i
S S Su HD
t x H x x
⎛ ⎞ˆ
ij
j
∂ ∂ ∂ ∂+ = ⎜⎜∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
⎟⎟ (3.90) 
Esta equação só é necessária na modelagem hidrodinâmica se (3.89) for 
incluída. 
 
3.4.5.2. Modelo 2DH para transporte de escalares passivos 
Para a modelagem 2DH do transporte de escalares passivos, integra-se na 
vertical a equação (3.74), obtendo-se: 
 
ˆ ˆ ˆ1 ˆˆ Ti ij
i i j
C C Cu HD
t x H x x
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂ ˆ
cR+ = ⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
+ (3.91) 
onde os possíveis fluxos na superfície livre e no fundo que venham a re-
presentar produção ou consumo do escalar, estão incluídos no termo ge-
288 Paulo Cesar Colonna Rosman 
nérico de reações cinéticas. Vale notar que se a equação (3.91) for em-
pregada para modelagem do transporte de sedimentos em suspensão, os 
processos de erosão e deposição no fundo têm que ser incluídos como 
reações de produção e consumo de sedimentos. 
Como no caso 3D, vide 3.4.4.2, na modelagem de múltiplos escala-
res, é necessário uma equação de transporte para cada escalar. No caso de 
escalares compostos as equações serão interligadas através das reações 
cinéticas. 
3.4.6. Modelos bidimensionais em perfil vertical (2DV) 
As equações do modelo 2DV para sistemas estuarinos, são semelhantes 
às apresentadas no Capítulo 2 deste livro. Uma dedução detalhada pode 
ser vista em Paiva (1992). Modelos 2DV para sistemas estuarinos são 
relativamente pouco usados, já que sua aplicação se restringe a estuários 
estreitos com significativa estratificação vertical. Além disso, por conta 
do aumento da capacidade dos computadores, está se tornando mais fre-
qüente o emprego de modelos 3Dg em situações onde modelos 2DV se-
riam aplicáveis. 
x
y
z
b(x, z)
 
NR
Figura 3.6. Esquema de ccordenadas para o modelo 2DV, onde NR é o Nível 
de Referência, e b(x,z) é a largura da calha. 
Supondo que o eixo x seja o longitudinal, seguindo o curso do estu-
ário pelo meio da calha, como ilustra a Figura 3.6, pode-se definir uma 
variável média na lateral, por exemplo a velocidade na direção 
i, através da seguinte promediação: 
( , , )iu x z t
�
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 289 
Capítulo 3 
 
/ 2
/ 2
1( , , ) ( , , , ) ; 1 e 3
b
i ib
u x z t u x y z t dy i
b −
= ∫� = (3.92) 
onde, b(x, z) é a largura da calha no nível z da seção x. 
3.4.6.1. Modelo hidrodinâmico 2DV 
Promediando-se as equações governantes do modelo 3Dg, vide item 
3.4.4, conforme indicado em (3.92), obtêm-se as equações do modelo 
2DV, que podem ser escritas como: 
 
ƒ Equação da continuidade ou condição de escoamento incompressível 
2DV, que resulta da promediação lateral de (3.69): 
 0ub wb
x z
∂ ∂+ =∂ ∂
� �
 (3.93) 
ƒ Equação da continuidade, ou condição de escoamento incompressí-
vel, 1D, que resulta da promediação lateral de (3.70): 
 ( , ) ( , , ) 0
h
b x u x z t dz
t x
ζ
−
∂ζ ∂ζ +∂ ∂ ∫ � = (3.94) 
onde b(x, ζ) é a largura da calha na superfície livre, na seção transversal x 
no tempo t. 
 
ƒ Equação de quantidade de movimento 2DV, na direção x: 
Integrando-se (3.71) ao longo
da largura obtêm-se 
 
o
(2)
com 1 e 3
o o
( )( )
;
j
z
j
T L
xj
j
j
uu bub gb g b dz
t x x x
b
x
ζ
=
∂ ⎛ ⎞∂ ∂ζ ∂ ρ+ = − − +⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂ ρ⎝ ⎠
⎡ ⎤τ τ∂ −⎢ ⎥∂ ρ ρ⎢ ⎥⎣ ⎦
∫
�� ��
����	���
� (3.95) 
onde o termo (2), é a parcela do gradiente de pressão devido a variações 
longitudinais e verticais na densidade média na lateral. Só há justificativa 
na utilização de modelos 2DV com a inclusão do termo (2). O termo τL 
representa as tensões de atrito nas laterais da calha (perímetro hidráuli-
co), que resultam das condições de contorno dinâmica na superfície da 
calha, quando se integra os termos de tensão turbulenta. 
290 Paulo Cesar Colonna Rosman 
No modelo 2DV, a tensão de atrito lateral é calculada de modo se-
melhante à tensão de atrito no fundo (3.84), isto é:38
 (3.96) 2 2 1/ 2o ( )
L
fC u w uτ = ρ +� � �
sendo Cf o coeficiente de atrito, obtido da mesma forma que no caso da 
tensão de atrito no fundo, ou seja, via coeficiente de Chézy: 
 2
6
; 18log Hf h
h
RgC C
C
⎛= = ⎜ ⎞⎟ε⎝ ⎠ (3.97) 
onde a única diferença em relação a (3.87) está na troca de H pelo raio 
hidráulico da seção, RH. Como no caso anterior ε é a amplitude da rugo-
sidade equivalente. 
Comparando com (3.88), as tensões turbulentas médias na transver-
sal, , que são fundamentais para a obtenção de modelos com boa ca-
pacidade previsiva, também podem ser modeladas através do emprego de 
filtros Gaussianos, como: 
T
xjτ�
 
2
o
com 1 e 3 ; 1,3,4
( )
24
T
xj j j jk
xj L
j k k
j k
u uu uE E
k k
uu
x x x x x
= =
⎛ ⎞τ ∂ ⎛ ∂Λ∂ ∂ ∂= + + + +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎜ ⎟ρ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎝ ⎠
� � �� �
x
∂ ⎞
∂
��
 
 (3.98) 
onde a dimensão “2” não existe, e a dimensão “4” é o tempo, i.e. x4 ≡ t. 
Exj é um coeficiente de difusão turbulenta de quantidade de movimento; 
EL é um coeficiente de dispersão de quantidade de movimento que apare-
ce devido à perda da advecção diferenciada ao longo da lateral, e Λk tem 
a mesma definição dada na equação (3.42). Uma discussão sobre a mode-
lagem de tais termos á apresentada por Eiger no item 2.3.1.4 do Capítu-
lo2 deste livro, para o caso de reservatórios. A leitura do item é recomen-
dada, pois vários dos aspectos abordados são pertinentes ao caso dos mo-
delos 2DV para de sistemas estuarinos. Paiva (1992) apresenta detalhes 
da modelagem de tais termos. Em geral, em modelos 2DV não é relevan-
te a inclusão da tensão na superfície livre, como condição de contorno 
para , que neste caso também seria definida pela equação (3.84). Txjτ�
 
 
 
38 A inclusão da componente vertical da velocidade na fórmula é apenas por generali-
dade, pois seu valor em geral é insignificante. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 291 
Capítulo 3 
ƒ Equação de estado 2DV: 
 Sρ = α + β�� (3.99) 
onde α e β parâmetros em função da temperatura, que podem ser calcu-
lados como indicado na equação (3.7). 
 
ƒ Equação do transporte advectivo-difusivo de sal 2DV, vide (3.51): 
 
ˆ
Ti
ij
i i
u SbSb SbD
t x x x
⎛ ⎞∂
j
∂ ∂ ∂+ = ⎜⎜∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
� �� � ⎟⎟ (3.100) 
3.4.6.2. Modelo 2DV para transporte de escalares passivos 
Para a modelagem 2DV do transporte de escalares passivos, integra-se na 
lateral a equação (3.74), conforme sugerido em (3.92), obtendo-se: 
 Ti ij c
i i j
u CbCb CbD R b
t x x x
⎛ ⎞∂∂ ∂ ∂+ = +⎜ ⎟⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
�� �� � �
 (3.101) 
onde, em similaridade ao caso 2DH, os possíveis fluxos no perímetro da 
calha que venham a representar produção ou consumo do escalar, devem 
ser incluídos no termo genérico de reações cinéticas. Como no caso 3D, 
vide 3.4.4.2, na modelagem de múltiplos escalares, é necessário uma e-
quação de transporte para cada escalar. Quando os escalares são compos-
tos, as equações devem ser interligadas através das reações cinéticas. 
3.4.7. Modelos unidimensionais (1D) 
Os modelos 1D podem ser desenvolvidos de duas formas: ou pela inte-
gração dos modelos 2DV ao longo da vertical ou pela integração dos 
modelos 2DH ao longo da lateral. De qualquer modo, as equações resul-
tantes serão as mesmas, e representarão variáveis médias na seção trans-
versal. 
Supondo que o eixo x seja o longitudinal, seguindo o curso do estu-
ário pelo meio da calha, como ilustra a Figura 3.6, pode-se definir uma 
variável média na seção transversal, por exemplo a velocidade U(x, t), 
através das seguintes promediações: 
 
/ 2
/ 2
1 1ˆ( , ) ( , , ) ( , , )
b
b h
U x t Hu x y t dy bu x z t dz
b H
ζ
− −= =∫ ∫ � (3.102) 
292 Paulo Cesar Colonna Rosman 
onde, estão indicadas as duas formas alternativas de se obter a variável 
média na seção transversal. 
3.4.7.1. Modelo hidrodinâmico 1D 
É mais fácil deduzir as equações do modelo 1D por integração lateral do 
modelo 2DH. Integrando as equações do modelo 2DH, apresentadas em 
3.4.5.1, obtêm-se as seguintes equações: 
 
ƒ Equação da continuidade ou condição de escoamento incompressível 
1D, que resulta da promediação lateral de (3.76): 
 0A UA
t x
∂ ∂+ =∂ ∂ (3.103) 
sendo A(x, t) a área hidráulica função do nível d’água instantâneo ζ(x, t) 
da seção transversal na posição x. Em sistemas estuarinos afeitos à mode-
lagem 1D, em geral é suficiente modelar-se a área hidráulica como um 
trapézio, como indicado na Figura 3.7, podendo-se escrever: 
 ( ) (d e( , )
2
m m
A x t h b h
+⎛= ζ + + ζ +⎜⎝ ⎠)
⎞⎟ (3.104) 
 
b(x) 
1 
me(x) 
1 
md(x) 
z = −h(x) 
z = ζ(x, t) 
Figura 3.7. Esquema de modelagem da área hidráulica como um trapézio, 
definido pela largura e cota negativa da base, respectivamente b(x) 
e h(x), pela cota instantânea da superfície livre ζ(x,t ) e pelos 
taludes das margens direita e esquerda md(x) e me(x). 
Na aplicação de (3.104) a sistemas estuarinos e recomendável defi-
nir-se os parâmetros geométricos, principalmente a largura e a cota nega-
tiva da base, de modo a que a área hidráulica natural e a área trapezoidal 
modelo tenham o mesmo raio hidráulico em relação ao nível médio da 
água. Se as seções transversal de um estuário são complexas a ponto de 
não se conseguir bons resultados com seções trapezoidais modelo, reco-
menda-se usar um modelo 2DH com malha ajustada ao domínio. Com a 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 293 
Capítulo 3 
capacidade dos computadores atuais, não há uma boa justificativa para se 
considerar seções transversais multi-poligonais, comuns em modelos 1D 
de décadas passadas. 
ƒ Equação de quantidade de movimento 1D: 
Integrando-se (3.82) ao longo da largura obtêm-se 
 
 
( )
o
(2)
o
( )( ) ( )
2
1
h
i
T S
L H
HUA UUA gA gA
t x x x
A b p
x ζ
C
∂ ρ ρ∂ ∂ ∂ζ+ = − − +∂ ∂ ∂ ∂
∂⎛ ⎞τ + τ − τ⎜ ⎟ρ ∂⎝ ⎠
�
���	��
 (3.105) 
que á a chamada forma conservativa da equação de quantidade de movi-
mento 1D, onde bζ é a largura da seção na linha d’água, e pH é o períme-
tro hidráulico da seção. A forma não conservativa resulta da aplicação da 
equação da continuidade 1D na expansão das derivadas no lado esquerdo 
de (3.105), chegando-se a: 
 
( )
o
(2)
o
( )
2
1 1
h
i
T S
L H
HU UU g g
t x x x
A b p
A x ζ
C
∂ ρ ρ∂ ∂ ∂ζ+ = − − +∂ ∂ ∂ ∂
∂⎛ ⎞τ + τ − τ⎜ ⎟ρ ∂⎝ ⎠
�
���	��
 (3.106) 
onde, em ambas as equações, o termo (2), é o gradiente de pressão devi-
do a variações longitudinais na densidade média na seção transversal, 
o(ρ ρ )� sendo Hh a profundidade hidráulica da seção39. Em geral não se 
inclui o termo (2) na modelagem da hidrodinâmica 1D de sistemas estua-
rinos. Os termos τS e τC são as tensões de atrito na superfície livre e na 
calha (perímetro hidráulico), que resultam das condições de contorno di-
nâmicas na superfície livre e na superfície da calha, quando se integra
os 
termos de tensão turbulenta. Em geral, em modelos 1D não é relevante a 
inclusão da tensão na superfície livre, que se incluída, também pode ser 
definida pela equação (3.84). 
 
39 Em seções naturais geralmente a largura bζ é muito maior que a profundidade, e por-
tanto, aproximadamente igual ao perímetro hidráulico pH. E neste caso, pela mesma 
razão, a profundidade hidráulica é aproximadamente igual ao raio hidráulico, RH, da 
seção. 
294 Paulo Cesar Colonna Rosman 
No modelo 1D, a tensão de atrito na calha é calculada de modo 
semelhante à tensão de atrito no fundo (3.84), isto é: 
 o
C
fC U Uτ = ρ (3.107) 
sendo Cf o coeficiente de atrito, obtido da mesma forma que nos modelos 
2DH e 2DV, ou seja, via coeficiente de Chézy: 
 2
6
; 18log Hf h
h
RgC C
C
⎛= = ⎜ ⎞⎟ε⎝ ⎠ (3.108) 
onde RH = A/pH é o raio hidráulico da seção. Como no caso anterior ε é a 
amplitude da rugosidade equivalente do fundo. 
Nas deduções de modelos hidrodinâmicos 1D apresentados em li-
vros de hidráulica de canais, (equações de Saint Venant), não aparece um 
termo de tensão longitudinal média na seção transversal, τL. Entretanto se 
a equação for deduzida a partir do modelo tridimensional geral, como 
indicado neste capítulo, a tensão longitudinal existe. Em geral seu valor é 
pequeno se o escoamento for pouco variado, mas pode ser significativo 
em escoamentos muito variados. É comum a não inclusão de tal termo, 
sendo seus efeitos incorporados no termo de tensão na calha, τC. Entre-
tanto a inclusão do termo pode trazer benefícios na modelagem numérica, 
já que é um termo dissipativo. Em paralelo com a modelagem nos mode-
los 2DH e 2DV, também se pode modelar τL através do emprego de fil-
tros Gaussianos, como: 
 
2
com ; 1 e 4
o
;
12
L
k
kL
k k
U U UK
x x x
=
Λτ ∂ ∂ ∂= +ρ ∂ ∂ ∂ (3.109) 
onde a dimensão “4” é o tempo, i.e. x4 ≡ t. KL é um coeficiente que incor-
pora os efeitos de difusão turbulenta e dispersão longitudinal de quanti-
dade de movimento que aparece devido à perda da advecção diferenciada 
ao longo da seção transversal, e Λk tem a definição dada na equação 
(3.42). 
 
ƒ Equação de estado e de transporte de sal, 1D: 
 Sρ = α + β�� (3.110) 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 295 
Capítulo 3 
onde a densidade e a salinidade, e Sρ �� , são valores médios na seção 
transversal, sendo α e β parâmetros em função da temperatura, que po-
dem ser calculados como indicado na equação (3.7). 
 
ƒ Equação do transporte advectivo-difusivo de sal 1D, vide (3.51): 
 1 L
S S SU AD
t x A x
⎛ ⎞
x
∂ ∂ ∂ ∂+ = ⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
� � �
 (3.111) 
onde DL é um coeficiente de difusão e dispersão longitudinal. Esta equa-
ção e a de estado, só são necessárias em um modelo 1D, se o termo (2) 
for incluído em (3.105) ou (3.106). 
 
3.4.7.2. Modelo 1D para transporte de escalares passivos 
Para a modelagem 1D do transporte de escalares passivos, integra-se na 
lateral a equação (3.91), conforme sugerido em (3.102), obtendo-se: 
 1 L
C C CU AD
t x A x x
⎛ ⎞∂ ∂ ∂ ∂
cR+ = ⎜ ⎟∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
+
� � � �
 (3.112) 
onde C
�
é a concentração média na seção transversal. De modo similari-
dade aos casos 2DH e 2DV, os possíveis fluxos no perímetro da calha 
que venham a representar produção ou consumo do escalar, devem ser 
incluídos no termo genérico de reações cinéticas. Como exemplo, cita-se 
o caso de processos de erosão e sedimentação quando o escalar passivo é 
a massa de sedimentos em suspensão. Como no caso 3D, vide 3.4.4.2, na 
modelagem de múltiplos escalares, é necessário uma equação de trans-
porte para cada escalar. Quando os escalares são compostos, as equações 
devem ser interligadas através das reações cinéticas. 
3.5. Modelo Lagrangeano para transporte de escalares 
passivos 
Freqüentemente na modelagem de sistemas estuarinos tem que se lidar 
com problemas práticos envolvendo transporte de contaminantes, nos 
quais as seguintes dificuldades existem: 
1. Região fonte com dimensões diminutas em relação ao domínio de 
interesse, i.e., o domínio do modelo hidrodinâmico. 
296 Paulo Cesar Colonna Rosman 
2. Plumas contaminantes muito pequenas ou com fortes gradientes em 
relação à discretização da malha do modelo hidrodinâmico. 
3. Transporte de frentes de contaminação com fortes gradientes de 
concentração. 
Os modelos convencionais baseados na equação de transporte ad-
vectivo-difusivo, vide por exemplo (3.74) e (3.91), apresentam dificulda-
des numéricas para resolver adequadamente os problemas mencionados, 
se forem baseados na mesma malha de discretização espacial dos mode-
los hidrodinâmicos. Técnicas Eulerianas-Lagrangeanas tem sido aplica-
das, mas padecem basicamente do mesmo problema fundamental: inter-
polar nas dimensões da malha hidrodinâmica concentrações de pontos de 
uma pluma contaminante com escalas incompatíveis com as da malha. 
Apresenta-se a seguir uma técnica de modelagem Lagrangeana, pa-
ra o transporte de escalares passivos onde a incógnita básica não é a con-
centração mas a posição de partículas discretas, e onde o que se interpola 
são as velocidades obtidas pelo modelo hidrodinâmico40. Nesta técnica, a 
massa do escalar lançado no corpo d’água é discretizada em múltiplas 
partículas, cujas trajetórias tem que ser determinadas. Cada partícula re-
presenta o centro de massa de uma pequena mancha contaminante com 
uma dada distribuição de concentrações. A somas das manchas de todas 
as partículas reproduz a distribuição de concentrações do escalar no mei-
o, isto é C (x,y,z,t), que é a incógnita dos modelos convencionais. Portan-
to, com esta técnica calcula-se as concentrações de modo indireto. 
Para se aplicar um modelo como tal, é necessário primeiro a defini-
ção do campo de velocidades que ira realizar o transporte advectivo. O 
emprego de poucos valores de correntes medidos ao longo do tempo em 
poucos pontos próximos à fonte emissora do contaminante como base 
para o transporte advectivo, não é aceitável. Os valores de corrente medi-
dos são muito importantes, não apenas para as determinações básicas per-
tinentes ao campo próximo da fonte, como também para auxiliar na cali-
bragem de um modelo hidrodinâmico. Entretanto, tais medições em pou-
cos pontos não permitem que se determine adequadamente todo um cam-
po de correntes, bastante variável espacialmente, que fará o transporte 
advectivo da pluma contaminante. 
O modelo apresentado representa o espalhamento de uma mancha 
ou pluma de contaminante lançada através de uma fonte em um corpo de 
água, com o campo de velocidades calculado por meio do modelo mate-
mático hidrodinâmico 3Dg ou 3D descrito em 3.4.4.1. Entretanto, as téc-
 
40 Santos (1995) e Horita (1997). 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 297 
Capítulo 3 
nicas apresentadas podem ser facilmente adaptadas para modelos 2DH, 
2DV e 1D. Para início do processo, considera-se que um número finito 
de partículas é lançado em cada intervalo de tempo no interior de uma 
área fonte, tendo o centro coincidente com a fonte contaminante. A fonte 
pode ser pontual ou em linha, e a área fonte, tendo a fonte centrada, re-
presenta o campo próximo da fonte. 
No instante de lançamento, cada partícula é posicionada aleatoria-
mente dentro da área fonte. As dimensões desta área devem ser suficien-
tes para que em seu interior se processe o estabelecimento de uma man-
cha efluente passiva em relação às águas do corpo receptor. Geralmente 
uma distância equivalente a duas vezes a profundidade no entorno da 
fonte é suficiente. O modelo é válido somente para o campo afastado da 
região dos possíveis jatos existentes na fonte emissora. 
A relação entre o número de partículas lançadas e a vazão do con-
taminante na unidade
de tempo (concentração × vazão da fonte) permite 
calcular a massa de cada partícula lançada. Dada uma vazão Qe na fonte, 
com concentração Ce de um contaminante, determina-se a massa equiva-
lente de contaminante em cada partícula lançada pela seguinte expressão: 
 e e
p
Q C t
M
N
∆= (3.113) 
onde Np/∆t é o número de partículas lançadas por intervalo de tempo. 
O transporte advectivo da nuvem de partículas já lançadas, em cada 
instante, é definido através da trajetória de cada partícula, calculando-se 
sua posição a cada tempo (n+1)∆t, Pn+1. Para tal utiliza-se expansão em 
série de Taylor a partir da posição anterior Pn, no instante n∆t, como in-
dicado; 
 
2 2
1
2 T.A.O2!
n n
n n dP t d PP P t
dt dt
+ ∆= + ∆ + + (3.114) 
onde T.A.O são termos de alta ordem desprezados. As derivadas tempo-
rais da posição, P, são obtidas a partir do campo de velocidades calcula-
do pelo modelo hidrodinâmico da seguinte forma; 
 2
2
( , , )dP u v w
dt
d P d u v w
dt t x y zdt
=
∂ ∂ ∂ ∂= = + + +∂ ∂ ∂ ∂
V
V V V V V
G
G G G G G (115) 
298 Paulo Cesar Colonna Rosman 
As velocidades, ( , , )u v wV
G
, para o transporte advectivo das partícu-
las, seguem as velocidades das correntes do corpo receptor, que variam 
temporal e espacialmente, de acordo com os forçantes locais, no caso de 
sistemas estuarinos, a maré o vento e as vazões fluviais. Está implícito no 
método que o contaminante é suposto passivo, e que portanto sua presen-
ça não interfere com a hidrodinâmica do ambiente receptor. De modo a 
simular o efeito da difusão turbulenta ambiente no espalhamento das par-
tículas, introduz-se um desvio de velocidade vG , que é somado à velocida-
de de advecção determinada pelo modelo hidrodinâmico. Tal desvio pode 
ser obtido diretamente através das derivadas espaciais das difusividades 
turbulentas, se o modelo de turbulência for adequado. Entretanto, em ge-
ral é mais simples adotar um desvio de velocidade vG aleatório, isto é, o 
valor do desvio é calculado através de um sorteio, cuja escala é baseada 
na formulação das difusividades turbulentas. Por exemplo, mantendo 
consistência com o modelo de turbulência apresentado em (3.42), tal fun-
ção poderia ser: 
 
2
24
k
ij
kxt
⎛ ⎞Λα= υ +⎜⎜ ∂∆ ⎝ ⎠
Vv
V
∂ ⎟⎟
GG G (3.116) 
onde α é uma função aleatória que varia no intervalo [-1, 1]. 
Quando se simula o transporte de substâncias bem misturadas na 
coluna d’água, é adequado usar o campo de velocidades do modelo 2DH, 
que é promediado na vertical. No caso de substâncias flutuante, ou de 
plumas contaminantes ocupando apenas uma faixa da coluna d’água, são 
usados os valores de velocidade de corrente na superfície livre, ou no ní-
vel adequado, obtidos dos perfis de velocidade resultantes do modelo 3D. 
Para se calcular as concentrações em um dado instante, define-se 
uma grade de distribuição dentro da qual toda a nuvem de partículas este-
ja contida com uma folga de cerca de 10% do tamanho da nuvem em ca-
da extremidade da mancha. Conhecida a posição de uma dada partícula, 
reparte-se a massa da partícula por cada célula da grade associada. Por 
exemplo, considere uma partícula de massa M(t) em um dado instante 
posicionada em (x, y, z), e N células da grade, sendo a posição do centro 
de uma célula genérica i definida por (xi, yi, zi). Distribui-se a massa M(t) 
pelas N células de acordo com uma função de distribuição especificada. 
Por exemplo, no caso mais simples toda a massa M(t) é colocada na célu-
la na qual se encontra a partícula, ou seja, a função de distribuição f(xi, yi, 
zi), seria um delta de Dirac. Tal procedimento simplificado é adequado 
quando o tamanho da célula é grande em relação à mancha associada a 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 299 
Capítulo 3 
uma dada partícula. Quando a mancha associada a uma partícula é grande 
em relação ao tamanho das células, pode-se usar uma função de distribu-
ição Gaussiana: 
 
2 2
2 2 2
( ) ( ) ( )
( , , ) exp i i ii i i
x y z
2x x y y z z
f x y z
⎛ ⎞− − −= − − −⎜ ⎟⎜ ⎟σ σ σ⎝ ⎠
 (3.117) 
onde as variâncias relacionam-se com os coeficientes de difusão turbu-
lenta através de: 
 
21
2
i
i
d
D
dt
σ= (3.118) 
Com tal função faz-se uma divisão da massa da partícula pelas células 
que estejam contidas na mancha associada à partícula. O tamanho da 
mancha associada a uma partícula pode ser facilmente estimado se for 
suposta uma distribuição Gaussiana de concentrações para a mancha, e 
definida uma concentração mínima detectável, Horita (1997). Desta 
forma o tamanho da mancha depende de sua massa, o que implica no se-
guinte: 
1. Se o número de partículas for relativamente pequeno as man-
chas associadas serão grandes, e a massa da partícula poderá ter 
que ser dividida em mais de uma célula. 
2. Se o número de partículas for suficientemente grande, as man-
chas associadas serão muito pequenas, podendo-se alocar toda a 
massa da partícula para a célula que a contém. 
A decisão sobre o número de partículas a se adotar é uma questão de efi-
ciência computacional, e varia de caso para caso. Principalmente se o 
contaminante for não conservativo, pois com o passar do tempo o tama-
nho da mancha tende a aumentar com o crescimento da variância, mas 
por outro lado tende a diminuir com o decaimento da massa. 
Com o exposto, pode-se verificar que em um dado instante t após o 
lançamento da partícula de massa M, a parcela de massa mi que seria 
alocada à célula com centro na posição (xi, yi, zi) seria definida por: 
 
1
( ) ( , , )
( , , )
( , , )
i i i
i i i i NC
n n n
n
M t f x y z
m x y z
f x y z
=
=
∑
 (119) 
onde NC é o número de células que receberam massa da partícula. 
300 Paulo Cesar Colonna Rosman 
Em um dado instante t o valor da massa M de uma dada partícula 
depende das reações cinéticas de produção ou consumo definidas. Por 
exemplo, para algumas substâncias um decaimento de primeira ordem é 
adequado, e pode-se escrever: 
 0( ) exp( )d vM t M K t= − (120) 
onde M0 é a massa da partícula no instante de seu lançamento na região 
fonte, Kd a constante de decaimento e tv o tempo de vida da partícula. No 
caso de se analisar o transporte de alguns microorganismos e bactérias a 
constante de decaimento pode ser convenientemente escrita como: 
 
90
ln(0,1)
dK T
= − (121) 
sendo T90 o tempo necessário para um decaimento de 90%. 
No caso de contaminantes flutuantes pode existir decaimento em 
função da evaporação, e freqüentemente a função de decaimento verifi-
cada para condições meteorológicas permanentes é do tipo assintótico, 
por exemplo: 
 0( ) 1
v
v
bt
M t M
a t
⎛ ⎞= −⎜ +⎝ ⎠⎟
 (122) 
onde a e b são coeficientes que para um dado produto, dependem de pa-
râmetros ambientais. 
A cada instante, a concentração do contaminante em cada célula da 
grade é obtida somando-se todas as parcelas de massa mi de contaminan-
te alocadas à célula, e dividindo-se a soma pelo volume da célula. Tal 
volume pode ser variável no tempo, em função da variação no nível 
d’água com a maré. No caso de contaminantes flutuantes, é comum con-
siderar uma espessura de mistura vertical equivalente à metade da altura 
da onda de vento média no local. 
Os modelos de trajetórias de partículas não perdem massa, não a-
presentam oscilações nem difusões numéricas, resolvem muito bem gra-
dientes fortes e frentes de concentração. Representam uma alternativa 
cada vez mais empregada no lugar das equações de transporte advectivo-
difusivo. Mesmo para determinação de salinidades em um sistema estua-
rino é possível se adotar um esquema de trajetória de partículas. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 301 
Capítulo 3 
3.6. Estratégia geral para desenvolvimento de modelos 
numéricos 
Como mencionado no início do capítulo,
modelos numéricos são como 
diferentes arranjos para uma mesma música, ou seja, as possibilidades de 
variação são inúmeras. Entretanto, quando se lida com modelos comple-
xos como sistemas estuarinos é muito fácil desenvolver modelos numéri-
cos cuja solução representaria elevadíssimos custos computacionais. Mo-
delos baseados em esquemas explícitos de modo geral são consideravel-
mente menos eficientes que modelos implícitos, e não serão abordados 
neste item. A questão chave na viabilidade de um modelo numérico, que 
por suposto seja uma tradução consistente do modelo matemático que 
pretende resolver, está na eficiência do algoritmo quanto à rapidez de cál-
culo e uso de memória, nesta ordem. 
Apresenta-se neste item uma estratégia geral muito eficiente para 
desenvolvimento de modelos numéricos, que traduzam consistentemente 
os modelos matemáticos apresentados para sistemas estuarinos. A estra-
tégia é baseada em um Método de Substituições Sucessivas, (MSS), de 
modo que não haja várias incógnitas sendo resolvidas simultaneamente 
em um mesmo sistema de equações. Com o desacoplamento das diversas 
equações através da discretização temporal, resolve-se apenas uma in-
cógnita de cada vez. Com os modelos numéricos desacoplados minimiza-
se os sistemas de equações a serem resolvidos, bem como a memória ne-
cessária. 
Apenas as discretizações temporais serão apresentadas, de modo a 
formar o esquema de cálculo. 
3.6.1. Modelo numérico desacoplado para circulação 
hidrodinâmica 3Dg e 2DH em sistemas estuarinos 
No esquema que segue, os modelos 3Dg e 2DH são resolvidos como mó-
dulos numéricos de um modelo numérico geral 3Dg, ou 3D se os gradi-
entes de densidade não forem incluídos. Entretanto, com as modificações 
na tensão de atrito do fundo indicadas no texto, o módulo 2DH pode ser 
resolvido como um modelo 2DH independente. 
3.6.1.1. Objetivo e estratégia de cálculo 
Resolver o escoamento de grande escala em sistemas estuarinos com 
modelagem matemática definida nos itens 3.4.4 e 3.4.5.1, supondo o fun-
do fixo, isto é, a superfície do fundo é z = –h(x, y). As incógnitas básicas 
são: 
302 Paulo Cesar Colonna Rosman 
ƒ ζ (x, y, t): posição do nível d’água 
ƒ u (x, y, z, t): componente da velocidade na direção x 
ƒ v (x, y, z, t): componente da velocidade na direção y 
ƒ w (x, y, z, t): componente da velocidade na direção z 
ƒ ρ (S(x, y, z, t)): massa específica da “água” 
ƒ S (x, y, z, t): salinidade. 
 
A estratégia geral de cálculo é: 
1. obtenção de ζ através do módulo 2DH. 
2. obtenção de u, v e w, via módulo 3D. 
3. obtenção de por integração numérica na vertical de u e v. ˆ ˆe u v
4. obtenção de S e ρ. 
5. volta ao primeiro passo até final da simulação. 
3.6.1.1.1. Módulo 2DH para obtenção de ζ (x, y, t ) 
A discretização temporal é feita de modo a permitir a explicitação de 
nas equações de quantidade de movimento dando início ao 
processo de substituições do MSS que resultarão no cálculo de ζ (x, y, t). 
Para tal, o método do fatoramento implícito, descrito no Capítulo 3 do 
Volume 1 desta série, é usado e algumas extrapolações são necessárias. A 
seguinte notação é adotada: 
ˆ e de u+ vˆ+
Notação: (...)+ indica variável no instante t+∆t; (...)# indica variável ex-
trapolada em t+∆t ; (...) sem superescrito indica variável no 
instante t; (...)– indica variável no instante t-∆t; (...)⊗ indica 
variável extrapolada e (...)* indica variável interpolada no 
instante t+½∆t. Por exemplo: 
 ( ) (# 1 12 3 *
2 2
u u u u u u u u u )− ⊗ −= − = − = + + (3.123) 
ƒ Discretização da equação da continuidade 2DH, vide (3.76) 
 
( ) ( )
( ) ( )
ˆ ˆ2
ˆ ˆ 0
u h u h
t x
v h v h
y
+
+ +
+ +
ζ − ζ ∂ ⎡ ⎤+ + ζ + + ζ +⎣ ⎦∆ ∂
∂ ⎡ ⎤+ ζ + + ζ =⎣ ⎦∂
 (3.124) 
ƒ Discretização da equação da quantidade de movimento 2DH, (3.82): 
Direção x: 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 303 
Capítulo 3 
 
( ) ( )
( ) ( )
#
o
o
ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ1 1ˆ ˆ ˆ
2 2
1 1 ˆ ˆ
2 2
ˆ ˆˆ( ) 1 ˆ
2
T T
xx xy S
x
u u u u uu u v
t x x y
g u u
x
H HHg f
x H x y
⊗+
+
+
⊗ +
⊗
⎛ ⎞− ∂ ∂ ∂+ + + =⎜ ⎟∆ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
∂ ζ + ζ− − β + +∂
⎧ ⎫⎛ ⎞∂ τ ∂ τ∂ ρ ρ⎪ ⎪⎜ ⎟− + + + τ +⎨ ⎬⎜ ⎟∂ ρ ∂ ∂⎪ ⎪⎝ ⎠⎩ ⎭
v
(3.125) 
Direção y: 
 
( ) ( )
( ) ( )
#
o
o
ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ1 1ˆ ˆ ˆ
2 2
1 1 ˆ ˆ
2 2
ˆ ˆˆ( ) 1 ˆ
2
T T
xy yy S
y
v v v v vu v v
t x y y
g v v
y
H HHg f
y H x y
⊗+
+
+
⊗ +
⊗
− ∂ ∂ ∂⎛ ⎞+ + + =⎜ ⎟∆ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠
∂ ζ + ζ− − β + +∂
⎧ ⎫⎛ ⎞∂ τ ∂ τ∂ ρ ρ⎪ ⎪⎜ ⎟− + + + τ −⎨ ⎬⎜ ⎟∂ ρ ∂ ∂⎪ ⎪⎝ ⎠⎩ ⎭
u
(3.126) 
Nas equações (3.125) e (3.126) o termo β é a parte não linear da tensão 
de atrito no fundo. Se o modelo 2DH for independente, a tensão no fundo 
é dada pela equação (3.85) e então: 
 2 22
1 ˆ ˆg u v
H C
⊗
⊗ ⎛β = +⎜⎝ ⎠
⎞⎟
r: 
 (3.127) 
Entretanto, se o modelo 2DH for apenas um módulo inserido em um 
modelo 3D, deve-se usa
 
2
*
* 2 2
1 1ou
ˆ ˆ
g u
u
H C H u v
⊗ ⊗
⊗ ⊗⎛ ⎞ ⎛ ⎞β = β =⎜ ⎟ ⎜⎜ ⎟ +⎝ ⎠⎝ ⎠
⎟
 
 (3.128) 
onde u* é a velocidade de atrito no fundo calculada via modelo 3D41. Pa-
ra isso, a partir do campo de velocidades calculado pelo modelo 3D, cal-
cula-se u* facilmente supondo um perfil logarítmico de velocidades entre 
 
41 Veja Rosso (1997). 
304 Paulo Cesar Colonna Rosman 
o ponto no fundo, que tem velocidade nula como condição de contorno, e 
o ponto de cálculo logo acima. 
Rearranjando (3.125) de modo a explicitar û+ obtêm-se: 
 
( )
( ) ( )
1 #
o
o
ˆ ˆ ˆ ˆ1 1 1 1ˆ ˆ ˆ
2 2 2
ˆ ˆˆ( ) 1 ˆ ˆ
2
T T
xx xy S
x
u u u uu u v
t x t x y x
H HHg f
x H x y
⊗ +−
+ ⊗
⊗
⊗
⎡
g
v u
∂ ζ + ζ⎛ ⎞⎡ ∂ ⎤ ∂ ∂⎛ ⎞ ⎢= + + β × − − −⎜ ⎟⎜ ⎟⎢ ⎥∆ ∂ ∆ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ ⎢⎣ ⎦ ⎝ ⎠⎣
⎤⎧ ⎫⎛ ⎞∂ τ ∂ τ∂ ρ ρ⎪ ⎪ ⎥⎜ ⎟− + + + τ + −⎨ ⎬ ⎥⎜ ⎟∂ ρ ∂ ∂⎪ ⎪⎝ ⎠⎩ ⎭ ⎥⎦
+
β
 
que pode ser rescrito como 
 1 1ˆ
2 x
u g
X x
+
+ ⎛ ∂ζ= − +⎜ ∂⎝ ⎠
M
⎞⎟ (3.129) 
sendo 
ˆ1 1
2
uX
t x
⊗⎡ ∂⎛ ⎞= + + β⎜ ⎟⎢ ⎥∆ ∂⎝ ⎠⎣ ⎦
⎤ ; e 
 
( ) ( )
#
o
o
ˆ ˆ ˆ1 1ˆ ˆ
2 2
ˆ ˆˆ( ) 1 ˆ ˆ
2
x
T T
xx xy S
x
u u uM u v g
t x y x
H HHg f
x H x y
⊗
⊗
⊗
⎡ ⎛ ⎞∂ ∂ ∂ζ= − − − +⎢ ⎜ ⎟∆ ∂ ∂ ∂⎢ ⎝ ⎠⎣
⎤⎧ ⎫⎛ ⎞∂ τ ∂ τ∂ ρ ρ⎪ ⎪v u⎥⎜ ⎟− + + + τ + −⎨ ⎬ β ⎥⎜ ⎟∂ ρ ∂ ∂⎪ ⎪⎝ ⎠⎩ ⎭ ⎥⎦
 
 
Através de procedimento semelhante, pode-se rearranjar (3.126) chegan-
do a: 
 1 1ˆ
2 y
v g M
Y y
+
+ ⎛ ⎞∂ζ= − +⎜ ∂ ⎟⎝ ⎠
 (3.130) 
sendo 
ˆ1 1
2
vY
t y
⊗⎡ ⎤⎛ ⎞∂= + + β⎢ ⎥⎜ ⎟∆ ∂⎝ ⎠⎣ ⎦
 ; e 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 305 
Capítulo 3 
( ) ( )
#
o
o
ˆ ˆ1 1ˆ ˆ
2 2
ˆ ˆˆ( ) 1 ˆ ˆ
2
y
T T
yx yy S
x
v v vM v u g
t y x y
H HHg f
y H x y
⊗
⊗
⊗
⎡ ∂ ∂ ∂ζ⎛ ⎞= − − − +⎢ ⎜ ⎟∆ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠⎢⎣
⎤⎧ ⎫⎛ ⎞∂ τ ∂ τ∂ ρ ρ⎪ ⎪ ⎥⎜ ⎟− + + + τ − −⎨ ⎬ ⎥⎜ ⎟∂ ρ ∂ ∂⎪ ⎪⎝ ⎠⎩ ⎭ ⎥⎦
u vβ
H
 
 
Substituindo (3.129) e (3.130) em (3.124), resulta uma equação cu-
ja única incógnita é ζ+, ou seja, 
 
 
( ) ( )
( ) ( )
1 ˆ2
1 ˆ 0
x
y
g M h u h
t x X x
g M h v h
y Y y
+ +
+
+
+
⎡ ⎤⎛ ⎞ζ − ζ ∂ ∂ζ+ − + + ζ + + ζ +⎢ ⎥⎜ ⎟∆ ∂ ∂⎝ ⎠⎣ ⎦
⎡ ⎤⎛ ⎞∂ ∂ζ− + + ζ + + ζ =⎢ ⎥⎜ ⎟∂ ∂⎝ ⎠⎣ ⎦
 (3.131) 
Se o modelo de interesse for apenas 2DH, uma vez conhecida a po-
sição da superfície livre, ζ+, pode-se calcular diretamente as velocidades 
médias na vertical através de (3.129) e (3.130). Se o modelo 2DH incluir 
gradientes de densidade, com a hidrodinâmica 2DH definida no instante 
(t+∆t), pode-se resolver o transporte de sal, vide (3.90). 
Se o modelo de interesse for 3D, após o cálculo de ζ+, de modo a 
comparar o valor das médias via módulo 2DH com as médias dos perfis 
verticais a serem obtidas no módulo 3D, calcula-se diretamente as velo-
cidades médias na vertical através das equações (3.129) e (3.130). 
 
3.6.1.1.2.
Módulo 3D para obtenção do campo de velocidades 
As variáveis tridimensionais são calculadas na seguinte ordem: 
1. Componentes horizontais das velocidades, u e v. 
2. Médias na vertical de u e v, para comparação e possível ajuste 
com os valores obtidos via (3.129) e (3.130). 
3. Componente vertical da velocidade, w. 
4. Salinidade e densidade 
Após o que retorna-se ao módulo 2DH para calcular ζ no passo de 
tempo seguinte. 
306 Paulo Cesar Colonna Rosman 
A discretização temporal das equações 3D é tal que apenas a deri-
vada de cada variável na direção vertical é implícita, tornando o proble-
ma unidimensional em cada vertical. Segue um exemplo: 
 
ƒ Discretização de (3.71) para cálculo de u+ e v+: 
N
3 3
o
(1) (2)
atm
o o o
(3) (4)
( , 1, 2)
1 1 1 1
2 2 2 2
( )
1 1
i i i i i
i i
i
j z
j i i
T
ijd
i
i i j
i j
u u u u u u
w w
t z z z t z z z
u
u g g dz
x x x
P P
a
x x x
+ + +
⊗ ⊗ ⊗ ⊗
ζ
i
⊗
=
⎡ ⎤ ⎡∂ ∂ ∂∂ ∂+ − υ = − + υ ⎤∂ +⎢ ⎥ ⎢∆ ∂ ∂ ∂ ∆ ∂ ∂ ∂ ⎥⎣ ⎦ ⎣
⎛⎜ ∂ ∂ ρ ρ∂ζ
⎦
− − −⎜ ∂ ∂ ∂⎜⎜⎝
⎞⎟⎡ ⎤τ∂ ∂ ∂+ + + ⎟⎢ ⎥ρ ∂ ρ ∂ ∂ ρ ⎟⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎟⎠
∫
���	��
��	�
 �	
−
(3.132) 
nesta equação as únicas incógnitas são u+ quando i=1e v+ quando i=2. Por 
simplicidade pode-se desprezar os termos (3) e (4). Pode-se também des-
prezar as tensões turbulentas na horizontal, sob a hipótese de que as 
mesmas foram adequadamente incluídas no processo, embora promedia-
das na vertical, através do módulo 2DH. 
Com u+ e v+ calculados pode-se recalcular as velocidades médias na 
vertical, e comparar com os valores obtidos no modelo 2DH. Como os 
valores no módulo 2DH satisfazem a continuidade 2DH, pode ser conve-
niente ajustar u+ e v+ de modo a igualar as médias na vertical, Jin (1993) 
e Rosso (1997). 
ƒ Discretização temporal de (3.69) para cálculo de w+: 
 w u
z x
v
y
+ + +∂ ∂ ∂= − −∂ ∂ ∂ (3.133) 
onde a única incógnita é w+ porque u+ e v+ já são conhecidos. 
Após o cálculo do campo de velocidades tridimensional pode-se re-
solver o transporte de sal (3.73), fazendo discretização temporal similar à 
de (3.132), o que torna o problema unidimensional em cada vertical. A-
pós o cálculo dos perfis verticais de salinidade, pode-se calcular a salini-
dade média na vertical e comparar-se com os valores obtidos no módulo 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 307 
Capítulo 3 
2DH. Pode ser conveniente para maior estabilidade e acurácia do esque-
ma numérico ajustar os perfis calculados de modo a igualar as médias. 
Dependendo do comportamento do modelo, a salinidade 2DH pode dei-
xar de ser calculada, tornando os ajustes desnecessários. 
Com a distribuição de salinidade determinada têm-se diretamente 
as densidades relativas em cada ponto do domínio e o problema está re-
solvido neste passo de tempo. Retorna-se então a (3.131) para novo passo 
de tempo. 
3.6.1.2. Sobre os modelos 2DV e 1D 
A estratégia geral apresentada no item anterior pode ser aplicada para o 
desenvolvimento de modelos numéricos 2DV e 1D. Paiva (1992) apre-
senta em detalhes o desenvolvimento de um modelo 2DV com o MSS, e 
discretização espacial via diferenças finitas com a conhecida transforma-
ção de coordenadas σ, semelhante à apresentada por Eiger no capítulo 2, 
item 2.3.2, deste Volume. Reis Jr. (1997) apresenta o desenvolvimento de 
um modelo 1D para rede de canais, também empregando o MSS, com o 
Método de Elementos Móveis na discretização espacial. 
3.6.1.3. Sobre métodos de discretizações espaciais 
Os seguintes métodos têm sido aplicados com sucesso na discretização 
espacial para desenvolvimento de modelos numéricos para os modelos 
matemáticos de sistemas estuarinos: 
ƒ Método das Diferenças Finitas, (MDF): em geral com malhas interca-
ladas para as diferentes variáveis. Têm como principais vantagens a 
simplicidade de implementação e a facilidade em possibilitar a utili-
zação de esquemas de cálculo com Alternância de Direção Implícita 
(ADI). Esquemas com ADI são muito eficientes em termos computa-
cionais. Sua principal desvantagem é a utilização de malhas homogê-
neas, o que obriga o emprego de enorme quantidades de pontos de 
cálculo guando o domínio é complexo, o que é comum em sistemas 
estuarinos. Martins (1992) apresenta um modelo 2DH desenvolvido 
com as técnicas mencionadas. 
ƒ Método das Diferenças Finitas com transformações de coordenadas 
que ajustam a malha aos contornos, (MDFT). Potencialmente tem as 
mesmas vantagens mencionadas anteriormente, exceto pela maior 
complexidade na implementação, para implementação veja por e-
xemplo Sheng (1986, 1990). 
ƒ Método dos Volumes Finitos, (MVF): com vantagens e dificuldades 
semelhantes aos métodos de diferenças finitas, Eiger desenvolve o 
308 Paulo Cesar Colonna Rosman 
método para um modelo 2DV de reservatórios no Capítulo 2 deste li-
vro. 
ƒ Método dos Elementos Finitos, (MEF): apresenta como principal 
vantagem a enorme flexibilidade em discretizar a domínios comple-
xos tão comuns em sistemas estuarinos. Tem como principais 
desvantagens a maior complexidade na implementação, e menor 
eficiência computacional. Rosso (1997) apresenta um modelo 3D que 
aplica elementos finitos com elemento quadráticos na discretização 
do plano horizontal e diferenças finitas com transformação σ na 
discretização vertical 
ƒ Método dos Elementos Móveis, (MEM): tem como principais vanta-
gens praticamente a mesma flexibilidade do MEF para discretizar 
domínios complexos, e permite o emprego de esquemas ADI com 
substituições sucessivas, tornando o método extremamente eficiente. 
Scudelari (1997) desenvolve o MEM em um modelo hidrodinâmico 
2DH, sem MSS e sem ADI. 
3.7. Exemplos de aplicações de modelos numéricos 
Com o objetivo de ilustrar o exposto, e motivar o leitor em continuar fu-
turas pesquisas e desenvolvimentos, apresenta-se neste capítulo exemplos 
de resultados de modelos numéricos desenvolvidos a partir dos subsídios 
para modelagem de sistemas estuarinos discutidos neste capítulo. 
3.7.1. Modelo 3D para circulação hidrodinâmica e transporte de 
contaminantes na Baía de Guanabara, RJ 
O sistema de modelagem adotado para as simulações de possíveis vaza-
mentos de produtos contaminantes oriundos de vazamentos acidentais em 
um poliduto, parte das seguintes premissas: 
1. A circulação hidrodinâmica independe da presença do contaminante 
no meio. Portanto, a concentração de qualquer contaminante é consi-
derada como um escalar passivo. 
2. Levando em conta as baixas profundidades locais e a magnitude das 
correntes prevalecentes, supôs-se que os contaminantes miscíveis com 
a água do mar, estão bem misturados na coluna d’água, a partir de 
poucas centenas de metros da fonte emissora. Portanto, a concentração 
destes produtos pode ser bem representada por valores médios na co-
luna d’água. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 309 
Capítulo 3 
3. Considerou-se que os contaminantes flutuantes são transportados por 
advecção com a velocidade das correntes na superfície livre, que são 
dependentes das condições de vento. 
 
Com as premissas acima, o sistema de modelos adotado constou de: 
a) Um modelo hidrodinâmico 3D para escoamentos nos quais os gradi-
entes de densidade sejam negligenciáveis, vide item 3.4.4.1.. O mo-
delo 3D, foi resolvido em dois módulos interdependentes, conforme 
apresentado no item 3.6: 
• Vertical: composto por um modelo tridimensional, através do 
qual se determina os perfis verticais das componentes horizontais 
das velocidades das correntes, além da componente vertical. A 
posição da superfície livre é calculada no módulo horizontal. 
• Horizontal: composto por um modelo bidimensional na horizon-
tal, 2DH, resultante de promediação na vertical do modelo 3D, 
através do qual se calcula a posição da superfície livre e as cor-
rentes
médias na vertical. Pode ser um módulo independente, 
mas, quando é parte do sistema 3D, as tensões de atrito no fundo 
são obtidas do módulo vertical. 
b) Um modelo para transporte da mancha contaminante, baseado na 
técnica de trajetória de partículas, vide item 3.5. 
3.7.1.1. Condições de Contorno 
Para o modelo 3D, há que se considerar contornos horizontais e contor-
nos verticais. As condições de contorno para o módulo vertical, são a 
prescrição de velocidade nula no fundo e da tensão do vento na superfície 
livre. Quanto às condições de contorno horizontais, há dois tipos básicos: 
as fronteiras de terra e as fronteiras abertas. As fronteiras de terra caracte-
rizam as margens do corpo d'água e os possíveis afluentes, e ao longo 
delas é necessário prescrever vazões. As fronteiras abertas caracterizam 
normalmente encontro de massas d'água, representando um limite do 
modelo mas não um limite real do corpo d'água. Ao longo das fronteiras 
abertas usualmente prescreve-se elevações de nível d’água. 
Nos trechos de fronteiras de terra característicos de margens, pres-
creve-se uma condição de contorno, que é o valor da componente da va-
zão normal à linha de fronteira; usualmente considera-se a margem como 
impermeável e impõem-se valor zero. O modelo também pode estimar a 
vazão normal de efluxo (fluxo efluente, ou para fora do domínio) e aflu-
310 Paulo Cesar Colonna Rosman 
xo (fluxo afluente, ou para dentro do domínio) decorrente de alagamentos 
laterais. Neste caso, o modelo estima os valores em função do talude das 
áreas alagáveis, que pode ser imposto ou estimado a partir da topo-
hidrografia dada. Nos trechos de fronteira de terra representando rios ou 
canais em afluxo, além da prescrição da vazão normal ao trecho de fron-
teira em questão, há também que se prescrever a componente tangencial, 
usualmente zero. A direção do fluxo entrando pela fronteira de terra pode 
ser calculada automaticamente pelo modelo em função da geometria lo-
cal fornecida, ou pode ser imposta. 
Nas fronteiras abertas em situações de efluxo basta prescrever uma 
condição de contorno, que é a variação do nível da água. Entretanto, nas 
situações de afluxo há necessidade de outra condição além da anterior, 
sendo freqüente impor-se como nula a componente da velocidade tan-
gencial à fronteira. Como no caso da fronteira de terra, a direção do fluxo 
entrando pela fronteira pode ser calculada automaticamente pelo modelo 
em função da geometria local fornecida, ou pode ser imposta. 
 
3.7.1.2. Sobre o modelo numérico 
A marcha de cálculo segue o seguinte esquema: 
• Dada uma situação conhecida (condição inicial no primeiro passo de 
tempo, ou solução do passo de tempo anterior), calcula-se os resulta-
dos do módulo 2DH. Neste caso, a discretização temporal das equa-
ções diferenciais é realizada via esquemas implícitos de diferenças fi-
nitas de ordem (∆t)² e a discretização espacial via elementos finitos 
subparamétricos, com interpolação quadrática para as variáveis do es-
coamento e interpolação linear para a geometria, tal esquema é poten-
cialmente de ordem (∆x)4 [Rosman, 1987]. 
• Uma vez obtida a posição da superfície livre, ζ (x, y, t), via modelo 
2DH, resolve-se o modelo 3D, empregando-se a técnica de discretiza-
ção temporal, que reduz o problema à solução de um sistema implícito 
1D para cada componente da velocidade da corrente, ao longo da co-
luna d’água de cada ponto de cálculo do módulo 2DH, conforme apre-
sentado em 3.6.1.1.2. Para solução, adota-se esquemas de diferenças 
finitas de segunda ordem tanto na discretização temporal quanto na 
espacial. O número de subníveis, ou divisões da coluna d’água, é o 
mesmo em todos os pontos no plano horizontal. Adota-se a transfor-
mação σ, na discretização espacial. Maiores detalhes podem ser obti-
dos em Paiva (1991) e Rosso (1997). 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 311 
Capítulo 3 
• Uma vez conhecidos os valores de u (x, y, z, t), w (x, y, z, t) e w (x, y, 
z, t) no modelo 3D, esta solução, juntamente com o valor de ζ (x, y, t), 
passa a ser uma nova condição inicial e a fluxo de cálculo retorna ao 
primeiro ponto. 
3.7.1.3. Aplicação do modelo hidrodinâmico à Baía da Guanabara 
O domínio da Baía no plano horizontal foi discretizado através de 231 
elementos finitos quadráticos subparamétricos, perfazendo 1065 pontos 
discretos, conforme ilustra a Figura 3.8. Em cada ponto o modelo 3D 
subdividiu a coluna d’água em 10 níveis, totalizando 10.650 pontos de 
cálculo. 
3.7.1.3.1. Batimetria utilizada 
As informações relativas à batimetria utilizadas neste estudo, foram obti-
das das cartas náuticas DHN: Baía de Guanabara no 1501, escala 
1:50.000, a carta Barra do Rio de Janeiro no 1511, escala 1:20.000 e a 
carta do porto do Rio de Janeiro no 1512. Foi também utilizada a carta 
Rio de Janeiro no SF 23-Z-B-IV em escala 1:100.000 obtida a partir de 
imagem de satélite de 1992. 
A batimetria geral do fundo como vista pelo modelo está apresen-
tada na Figura 3.9, na qual os valores em mar aberto externos ao domínio 
do modelo, não devem ser considerados. O domínio do modelo é indica-
do pelos pontos de cálculo na Figura 3.8. Na Figura 3.10 apresenta-se um 
detalhe da batimetria no modelo na região de interesse. 
 
312 Paulo Cesar Colonna Rosman 
5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500 35000
10000
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
30000
32500
35000
37500
40000
42500
45000
47500
50000
52500
 
 
Figura 3.8. Malha com 1065 pontos de discretização no plano horizontal da 
Baía da Guanabara. Em cada ponto o modelo 3D, subdividiu a 
coluna d’água em 10 níveis, totalizando 10650 pontos de cálculo. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 313 
Capítulo 3 
5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500 35000
10000
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
30000
32500
35000
37500
40000
42500
45000
47500
50000
52500
 
Figura 3.9. Batimetria do fundo como vista pelo modelo. Na Figura 3.10 
apresenta-se um detalhe da batimetria no modelo na região de 
interesse. (Os valores em mar aberto externos ao domínio do 
modelo, não devem ser considerados.) 
3.7.1.3.2. Condições de maré modeladas 
Considerou-se apenas marés astronômicas com as 20 constantes harmô-
nicas de maior amplitude na Baía de Guanabara. Na Figura 3.11 mostra-
se a curva de marés gerada como condição de contorno no modelo hidro-
dinâmico, a partir das constantes consideradas. 
 
 
314 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.1
3.2
3.4
2.7
2.0
2.9
3.1
3.1
3.2
2.9
2.8
1.5
1.1
2.0
2.6
3.0
3.3
2.9
2.2
1.7
1.3
2.0
2.3 2.0
1.7
1.5
1.3
1.4
1.4
18.1
16.9
14.4
10.9
8.5
6.5
4.7
4.1
3.7
3.0
2.2
2.1
1.9
2.2
2.3
2.3
2.2
2.2
2.1
1.9
1.5
7.7
9.8
13.4
15.7
16.3
14.7
13.0 10.0 7.7
6.0
4.5
3.3
1.9
1.5
1.0
1.5
2.0
2.5
2.8
2.9
3.0
2.9
2.6
3.2
3.1
1.9
1.6
7.2
7.5
8.4
10.6
12.9
13.4
14.3
13.8
13.4 10.8
9.0
7.3
6.0
4.9
4.6
4.7
4.8
4.8
5.1
5.2
5.0
4.8
5.3
5.6
5.6
5.0
3.5
2.4
1.7
6.6
5.4
6.8
11.0
15.0
18.0
15.9
 
13.5 10.1
8.9
.7
12.9
11.8
11.2
10.2
9.4
8.
9
15.3
12.6
11.6
10.6
7.5
16.1
14.2
12.9
13.0
13.2
11.5
7.8
7.5
7.3
7.0
6.9
6.2
5.8
5.6
5.8
7.2
8.2
7.7
6.7
5.0
3.4
2.2
6.3
5.1 6.1
9.9 13.9
17.4
17.9
18.0
16
5
6.9
6.5
4.8
3.33.0
2.8
4.7
5.1
7.2
9.0
10.6
8.2
6.2
5.6
4.1
3.7 6.0 10.4 12.6 16.1
18.9
21.6
19.3
16.
2.05.7
2.0 5.6 2.0
2.0
2.0
7.1
8.8
7.7
8.0
11.0
13.2
6.2
4.6
5.4
1.3 4.0 11.8
13.6
12.5
11.8
14.0
11.5
10.8
9.6
10.010.0
10.0 6.0
9.0
8.3
8.5
9.2
12.1
10.6
7.2
4.3
4.0
4.2
4.5
1.4
5.3
7.3
5.4
12.2
14.9
16.5
15.7
14.9
12.9
11.1
14.5
8.0
2.02.0
2.0
7.8
11.2
13.6
15.2
9.6
5.1
4.8
4.1
4.3
4.5
4.2
4.6
5.6
2.0
9.8
11.4
12.4
16.4
17.8
18.1
18.2
19.5
18.4
15.7
10.6
15.3
14.2
13.6
8.9
6.0
5.1
5.55.5
4.5
4.6
4.8
5.4
6.8
7.5
8.3
10.2
14.0
17.7
19.4
19.8
16.2
12.2
10.4
9.9
8.4
6.87.07.3
5.6
4.4
3.7
3.7
3.9
4.3
4.5
5.2
6.7
8.2
11.0
15.7
15.4
12.7
10.9
10.4
9.6
9.09.49.2
7.7
5.7
4.4
2.7
2.6
2.5
2.4
2.2
2.3
2.4
7.2
12.0
9.4
10.6
11.9
9.1
5.9
4.8
8.2
7.7
5.8
4.3
5.3
8.9
8.0
7.5
6.5
5.4
3.9
2.2
5.2
5.9
6.0
5.1
3.5
3.6
5.2
5.6
4.0
3.1
2.3
15000 20000 25000 30000
30000
35000
40000
45000
 
Figura 3.10. Detalhe da batimetria do fundo nos pontos de cálculo do 
modelo, na vizinhança do poliduto. Seta indica ponto referenciado 
na Figura 3.13. 
-0.8
-0.4
0
0.4
0.8
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
tempo (horas)
El
ev
aç
ão
 (m
)
 
Figura 3.11. Curva de maré utilizada na modelagem dos diversos cenários, 
gerada com as constantes harmônicas . 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 315 
Capítulo 3 
3.7.1.3.3. Condições de vento modeladas 
Os dados de vento utilizados na modelagem da circulação hidrodinâmica 
compreenderam duas séries temporais de quatro dias de duração, com 
dados horários de velocidade e direção de vento. A primeira série repre-
sentando condições freqüentes de vento na Baía de Guanabara está apre-
sentada em forma gráfica na Figura 3.12. A segunda série correspondia a 
condições extremas de vento. 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
tempo (horas)
Ve
lo
ci
da
de
 (m
/s
)
0
45
90
135
180
225
270
315
360
A
zi
m
ut
e 
(g
ra
us
)
Velocidade Direção 
Figura 3.12. Série temporal de ventos fornecida para simulações com 
condições freqüentes de vento. 
3.7.1.4. Resultados Ilustrativos 
A título de ilustração apresenta-se a seguir Figuras com resultados da 
modelagem da circulação hidrodinâmica, ou seja, padrões de correntes 
geradas pelo modelo 3D. As figuras são auto explicativas. 
- 0 . 8
- 0 . 6
- 0 . 4
- 0 . 2
0
0 . 2
0 . 4
0 . 6
0 . 8
1 0 5 1 1 1 1 1 7 1 2 3 1 2 9 1 3 5 1 4 1 1 4 7 1 5 3 1 5 9 1 6 5 1 7 1 1 7 7 1 8 3
t e m p o ( h o r a s )
El
ev
aç
ão
 d
o 
N
A
 (m
)
- 0 . 8
- 0 . 6
- 0 . 4
- 0 . 2
0
0 . 2
0 . 4
0 . 6
0 . 8
Ve
lo
ci
da
de
 (m
/s
)
N A - I l h a R a s a N A - I l h a d ' Á g u a V e l ( E - O ) - I l h a d ' Á g u a V e l ( N - S ) - I l h a d ' Á g u a 
Figura 3.13. Valores de elevação e velocidade média na vertical obtidos com 
o modelo 3D para o ponto indicado na Figura 3.10, no período de 
“sizígia”. O NA na Ilha Rasa é mostrado para comparação entre 
características fora e dentro da Baía de Guanabara. 
316 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 
 
5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500 35000
10000
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
30000
32500
35000
37500
40000
42500
45000
47500
50000
52500
1,0 m/s
0,5 m/s
0,1 m/s
 
 
Figura 3.14. Campo de velocidades médias na vertical obtidos com o modelo 
3D para maré de sizígia (enchente). 
 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 317 
Capítulo 3 
 
 
5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500 35000
10000
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
30000
32500
35000
37500
40000
42500
45000
47500
50000
52500
1,0 m/s
0,5 m/s
0,1 m/s
 
Figura 3.15. Campo de velocidades médias na vertical obtidos com o modelo 
3D para maré de sizígia (vazante). 
 
 
 
318 Paulo Cesar Colonna Rosman 
Contaminantes dissolvido e bem misturado na coluna d’água são trans-
portados pela velocidade média na vertical. Por sua vez, contaminantes 
flutuantes andam com a velocidade das correntes na superfície. A circu-
lação média na vertical é pouco sensível aos efeitos do vento, que por sua 
vez exercem forte influência no campo de velocidade de correntes junto à 
superfície livre. A Figura 3.16 ilustra bem estas diferenças, mostrando 
que as nuvens de partículas de dois contaminantes flutuantes são quase a 
mesma (as diferenças devem-se aos desvios aleatórios decorrentes da 
modelagem da turbulência), já a nuvem de contaminantes dissolvidos é 
totalmente à parte. As nuvens forma obtidas com um modelo de trajetória 
de partículas , como descrito em 3.5. 
 
15000 20000 25000 30000
30000
35000
40000
45000
 
Nuvem de contami-
nante dissolvido (azul) 
Nuvens de dois contaminantes 
flutuantes (verde e vermelho) 
Figura 3.16. Diferença de resultados para lançamentos iguais de 
contaminantes diferentes.. A nuvem dissolvida anda com a 
velocidade média na vertical que é pouco sensível ao vento. As 
nuvens flutuantes andam com a velocidade superficial que é 
fortemente afetada pelos ventos. 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 319 
Capítulo 3 
3.7.2. Modelo 2DH para estudo de cheias em Joinville devido a 
marés na Baía de Babitonga, SC 
Para estudar os níveis d’água em Joinville adotou-se um modelo hidrodi-
nâmico 2DH, vide 3.4.5.1. Basicamente duas malhas de discretização 
foram preparadas, uma representando a situação vigente, com o Canal do 
Linguado fechada e outra, simulando para simular o efeito da abertura do 
Canal do Linguado, inclui o Canal do Linguado totalmente aberto. 
Com a malha para simulação da situação atual, i.e. com o Canal do 
Linguado fechado, o domínio da baía de Babitonga foi discretizado atra-
vés de 133 elementos finitos quadráticos subparamétricos, perfazendo 
692 pontos discretos, conforme ilustra a Figura 3.17. Na aplicação do 
modelo 2DH ao caso da reabertura total do Canal do Linguado, o domí-
nio total foi discretizado com 145 elementos finitos quadráticos subpa-
ramétricos, totalizando 761 pontos discretos, conforme também ilustra a 
Figura 3.17. Para detalhes a respeito do estudo veja Rosman e Cunha 
(1997). 
Em todas as simulações considerou-se apenas marés astronômicas 
com as 11 maiores constantes harmônicas na entrada da Baía de Babiton-
ga.: A inclusão de efeitos de marés meteorológicas não é necessário visto 
que a propagação destas é integral. Por serem geralmente causadas pela 
passagem de frentes frias, as marés meteorológicas tem duração de vários 
dias, sendo portanto fenômenos muito mais longos que as componentes 
de maré astronômica com amplitudes significativas. Por conta de sua lon-
ga duração, os efeitos das marés meteorológicas não sofrem atenuação 
apreciável ao se propagarem pela Baía de Babitonga, chegando integral-
mente à cidade de Joinville. Portanto, nenhuma das modificações no sis-
tema, comparadas a seguir, sofreria qualquer alteração de análise por in-
clusão dos efeitos meteorológicos. Para efeito de estimativa dos resulta-
dos com a inclusão de marés meteorológicas, bastaria somar a sobreleva-
ção meteorológica desejada, aos resultados apresentados. 
320 Paulo Cesar Colonna Rosman 
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Ri
o 
Bu
ca
re
n
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
Joinville
 
 
Figura 3.17. Pontos de discretização
em elementos finitos da Baía de 
Babitonga. São 692 pontos até o limite do Canal do Linguado 
Atual, e 761 pontos com o Linguado aberto. 
As condições de contorno para esta modelagem são semelhantes às 
apresentadas no item 3.7.1.1. 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 321 
Capítulo 3 
3.7.2.1. Resultados Ilustrativos 
A título de ilustração apresenta-se a seguir Figuras com resultados da 
modelagem da circulação hidrodinâmica e níveis d’água determinados 
pelo modelo 2DH. Observando-se as Figuras de níveis de maré, vê-se 
nitidamente que há uma defasagem de aproximadamente 3 horas entre a 
embocadura e a região de Joinville. De fato, se tomarmos por exemplo a 
Figura 3.19, vê-se claramente que enquanto é preamar na embocadura, 
ainda se está em meia maré enchente na Lagoa de Saguaçú. 
 
 
 
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1 8 15 22 29 36 43 50 57 64 71 78 85 92 99 10
6
11
3
12
0
12
7
13
4
14
1
14
8
15
5
Tempo (horas)
C
ot
a 
do
 N
A
 e
m
 re
la
çã
o 
ao
 N
M
M
 (m
)
Embocadura Joinville
 
Figura 3.18. Níveis de maré na embocadura da Baía de Babitonga e no Rio 
Cachoeira em Joinville, na situação atual, previstos pelo modelo. 
322 Paulo Cesar Colonna Rosman 
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
-1.00
-1.00
-0.88
-0.75
-0.63
-0.50
-0.38
-0.25
-0.13
0.00
0.13
0.25
0.38
0.50
0.63
0.75
0.88
1.00
1.00
Nível da maré em 
relaçao ao NMM (m)
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
1,0 m/s
0,5 m/s
0,1 m/s
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
-1.00
-1.00
-0.88
-0.75
-0.63
-0.50
-0.38
-0.25
-0.13
0.00
0.13
0.25
0.38
0.50
0.63
0.75
0.88
1.00
1.00
Nível da maré em 
relaçao ao NMM (m)
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
1,0 m/s
0,5 m/s
0,1 m/s
 
Figura 3.19. Situação atual: níveis de maré e correntes na Baía de Babitonga, 
acima: em torno da hora de preamar na embocadura e abaixo: 
meia maré vazante na embocadura. (horas 12:00 e 15:00 na 
Figura 3.18). 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 323 
Capítulo 3 
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
-1.00
-1.00
-0.88
-0.75
-0.63
-0.50
-0.38
-0.25
-0.13
0.00
0.13
0.25
0.38
0.50
0.63
0.75
0.88
1.00
1.00
Nível da maré em 
relaçao ao NMM (m)
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Ri
o B
uc
ar
en
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
-1.00
-1.00
-0.88
-0.75
-0.63
-0.50
-0.38
-0.25
-0.13
0.00
0.13
0.25
0.38
0.50
0.63
0.75
0.88
1.00
1.00
Nível da maré em 
relaçao ao NMM (m)
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
1,0 m/s
0,5 m/s
0,1 m/s
5000 10000 15000 20000 25000 30000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Embocadura
Rio Cachoeira
Limite do modelo com
canal do Linguado atual
1,0 m/s
0,5 m/s
0,1 m/s
 
Figura 3.20. Situação atual: níveis de maré e correntes na Baía de Babitonga, 
acima: em torno da hora de baixamar na embocadura e abaixo: 
meia maré enchente na embocadura. (horas 18:00 e 21:00 na 
Figura 3.18). 
 
 
324 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.7.3. Modelagem da pluma do Emissário Submarino de Esgotos 
de Ipanema (ESEI), RJ 
Apresenta-se este exemplo com o intuito de mostrar que o mesmo siste-
ma de modelagem utilizado em um sistema estuarino, apresentado no i-
tem 3.7.1., pode ser aplicado em águas costeiras. 
3.7.3.1. O domínio modelado 
O ESEI está posicionado a cerca de 7,5 km para Sudoeste, da entrada da 
Baía de Guanabara, RJ. A costa na região do ESEI apresenta um alinha-
mento geral Leste-Oeste, tomando um alinhamento NE-SW a partir da 
ponta do Arpoador até a entrada da Baía. Assim, é de se esperar que as 
correntes prevalecentes na região do ESEI possam ser influenciadas pelas 
correntes de maré enchente e vazante na Baía de Guanabara. Portanto, o 
domínio do modelo para o ESEI inclui a entrada da Baía de Guanabara. 
A região modelada estende-se para Oeste até cerca de 5 km além do Pon-
tal do Recreio dos Bandeirantes, e estende-se mar afora até cerca de 15 
km para Sul e 15 km para Leste da linha difusora do ESEI. A Figura 
3.22, mostra o domínio modelado com indicação da posição dos 1373 
pontos de calculo, e da batimetria considerada. Os 1373 pontos perten-
cem a um conjunto de 326 elementos finitos, utilizados para discretizar o 
domínio mostrado na Figura 3.22. A Figura 3.21 apresenta um detalhe da 
região do ESEI, indicando a numeração dos pontos de cálculo e a pro-
fundidade no ponto. 
Os elementos utilizados são subparamétricos, com funções de for-
ma Lagrangeana lineares para definir a forma do elemento (quadriláteros 
ou triângulos), e quadráticas para aproximar as variáveis hidrodinâmicas 
e ambientais. Os elementos triangulares possuem 6 nós: um em cada vér-
tice definindo linearmente a forma do elemento, e um intermediário em 
cada lado que, juntamente com os nós dos vértices, definem quadratica-
mente as demais grandezas. Similarmente, os elementos quadrangulares 
possuem 9 nós: um em cada vértice definindo sua geometria linear, e um 
no meio de cada lado além de um no centro do elemento, definindo fun-
ções bi-quadráticas para as demais grandezas. Por serem bi-quadráticas, 
os elementos quadrangulares apresentam aproximações melhores que os 
triangulares. 
3.7.3.1.1. Batimetria 
As informações relativas à batimetria utilizadas neste estudo, foram obti-
das das cartas náuticas DHN: Baía de Guanabara no 1501, escala 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 325 
Capítulo 3 
1:50.000, a carta Barra do Rio de Janeiro no 1511, escala 1:20.000 e a 
carta do porto do Rio de Janeiro no 1512. Foi também utilizada a carta 
Rio de Janeiro no SF 23-Z-B-IV em escala 1:100.000 obtida a partir de 
imagem de satélite de 1992. 
 
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
20000
22500
25000
146166
167
168
187
188
189
190
207
208
209
210
211
212
213
228
229
230
231
232
233
234
235
236
250
251
252
253
254
255
256
257
258
259
260
261
273
274
275
276
277
278
279
280
281
282
283
284
285
286
287
288
289
290
291
299
300
301
302
303
304
305
306
307
308
309
310
311
312
313
314
315
316
317
318
319
327
328
329
330
331
332
333
334
335
336
337
338
339
340
349
350
351
352
353
354
355
356
357
358
359
360
361
362
363
364
365
374
375
376
377
378
379
380
381
382
383
384
385
386
387
388
389
399
400
401
402
403
404
405
406
407
408
409
410
411
412
413
414
424
425
426
427
428
429
430
431
432
433
434
435
436
437
438
439
449
450
451
452
453
454
455
456
457
458
459
460
461
462
463
464
474
475
476
477
478
479
480
481
482
483
484
485
486
497498499
500
501
502
503
504
505
506
507
508
509
510
511
522
523
524
525
526
527
528
529
530
531
532
533
534
535
536
547
548
549
550
551
552
553
554
555
556
557
558
559
560
561
572
573
574
575
576
577
578
579
580
581
582
583
584
585
586
597
598
599
600
601
602
603
604
605
606
607
608
609
610
622
623
624
625
626
627
628
629
630
631
632
633
634
635
636
637
649
650
651652
653
654
655
656
657
658
659
660
661
662
663
664
665
678
679
680
681
682
683
684
685
686
687
688
689
690
703
704
705
706
707
708
709
710
711
712
713
714
715
728
729
730
731
732
733
734
735
736
737
738
739
753
754
755
756
757
758
759
760
761
762
763
764
778
779
780
781
782
783
784
785
786
787
788
789
803
804
805
806
807
808
809
810
811
812
813
814
828
829
830
831
832
833
834
835
836
837
838
852
853
854
855856
857
858
859
860
861
862
875
876
877
878
879
880
881
894
895
896
17.2
16.3
20.9
19.0
15.9
13.8
25.6
23.2
18.1
14.5
13.0
24.6
23.1
19.5
16.0
13.9
14.6
16.2
14.2
15.3
15.6
14.0
11.0
14.9
17.5
19.1
21.2
10.0
12.9
10.7
9.5
17.0
13.8
18.9
20.2
22.0
25.5
29.7
32.5
8.0
6.0
8.0
5.9
6.1
11.7
15.0
17.0
15.5
19.8
21.2
23.0
26.0
29.4
31.4
33.3
33.6
33.4
33.6
5.0
5.0
5.0
5.0
5.0
5.0
8.0
10.9
14.4
17.0
18.5
20.2
22.0
23.8
26.5
29.5
30.9
31.7
30.9
30.3
26.1
10.0
14.0
17.7
19.2
20.6
22.4
24.1
26.6
29.7
30.9
30.2
27.8
27.3
20.7
4.8
6.6
9.5
14.2
18.0
19.5
20.7
22.6
24.3
26.8
29.8
31.0
30.1
27.3
25.6
24.7
20.0
1.3
8.3
11.5
15.3
17.9
19.3
20.7
22.7
24.4
26.9
29.7
31.4
31.8
30.5
29.4
30.4
1.2
7.2
10.2
13.5
16.4
18.4
20.4
22.4
24.1
26.6
29.3
31.4
33.2
33.7
33.7
35.8
1.2
5.6
7.8
10.5
13.8
16.8
19.5
21.1
22.3
24.4
27.0
29.4
32.0
34.8
36.6
4.1
5.2
6.8
9.1
12.5
15.9
18.7
19.5
20.2
21.5
23.5
26.4
29.8
34.8
38.5
5.0
11.4
14.0
15.0
17.8
17.8
17.6
17.7
18.4
20.4
23.8
32.7
37.0
1.23.05.0
15.0
20.5
22.0
18.0
16.2
15.2
14.2
15.0
5.5
17.0
32.0
35.2
1.4
8.0
14.6
18.0
21.0
23.0
19.5
18.1
16.1
14.6
15.4
19.1
25.0
33.0
33.7
1.2
7.8
14.4
18.0
22.0
23.0
24.0
21.5
18.5
16.9
18.0
25.0
29.0
33.0
31.0
1.2
7.5
13.9
16.5
21.0
22.0
22.2
21.3
23.0
22.8
25.4
29.9
32.0
28.9
1.3
6.7
12.2
15.0
19.5
21.5
23.8
23.7
23.9
27.2
30.3
30.9
31.0
30.5
1.2
5.0
8.5
7.2
12.0
14.6
17.2
21.0
23.9
25.3
26.5
29.1
31.5
31.9
31.7
34.7
1.2
1.2
2.02.5
5.0
8.7
12.4
14.4
16.3
20.1
23.5
25.9
28.1
30.4
32.7
33.7
34.5
5.0
8.7
12.3
13.7
15.1
17.0
22.0
26.0
28.5
31.1
33.9
35.9
37.5
5.0
9.2
13.3
14.1
16.0
19.5
22.8
26.1
29.1
31.9
34.9
37.5
39.7
1.3
6.3
11.4
16.0
19.0
25.0
26.0
26.8
29.9
32.9
35.9
38.7
1.2
6.0
11.0
12.4
14.0
19.5
23.0
27.4
30.7
33.7
36.8
39.6
1.3
5.8
10.0
11.9
15.0
18.0
22.6
27.2
31.1
34.3
37.5
40.5
5.0
7.0
11.0
12.0
19.5
19.8
22.0
26.6
31.3
34.8
38.3
6.2
8.0
12.0
15.0
17.0
21.0
22.0
26.6
31.8
35.2
38.8
6.0
7.0
8.0
8.010.0
22.0
26.0
21.0
32.3
35.8
39.3
10.0
11.6
20.0
24.4
32.0
35.6
39.9
3.2
4.8
7.5
Co
pac
aba
na
Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
Figura 3.21. Detalhe do domínio modelado no entorno do ESEI, com 
indicação da numeração dos pontos de cálculo, e da batimetria em 
cada ponto. 
A batimetria geral do fundo como vista pelo modelo está apresen-
tada na Figura 3.22, na qual os valores em mar aberto externos ao domí-
nio do modelo, não devem ser considerados. O domínio do modelo é in-
dicado pelos pontos de cálculo na Figura 3.22. Domínio modelado, com 
indicação da localização dos 1373 pontos de cálculo, e da batimetria usa-
da no modelo. [Discretização em 326 elementos finitos quadráticos com 
1373 nós]. Na Figura 3.21 apresenta-se um detalhe da batimetria no mo-
delo na região de interesse. 
 
326 Paulo Cesar Colonna Rosman 
-2
50
0
25
00
75
00
12
50
0
17
50
0
22
50
0
27
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0
32
50
0
37
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42
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47
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52
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0
0
50
00
10
00
0
15
00
0
20
00
0
25
00
0
30
00
0
35
00
0
40
00
0
45
00
0
50
00
0
55
00
0
25
00
50
00
75
00
10
00
0
12
50
0
15
00
0
17
50
0
20
00
0
22
50
0
25
00
0
27
50
0
30
00
0
0.0 m
5.0 m
10.0 m
20.0 m
30.0 m
40.0 m
50.0 m
60.0 m
Escala de 
Profundidades
Entrad
a da B
aía
de Gu
anaba
ra
Co
pa
ca
ba
na
Ip
an
e m
a
Le
bl
on
Lagoa Rodrigo
 de Freitas
B
ar
ra
 d
a 
Ti
ju
ca
Re
cr
ei
o
Pi
ra
tin
in
ga
 e
 It
ai
pú
 
Figura 3.22. Domínio modelado, com indicação da localização dos 1373 
pontos de cálculo, e da batimetria usada no modelo. [Discretização 
em 326 elementos finitos quadráticos com 1373 nós]. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 327 
Capítulo 3 
3.7.3.1.2. Dados de maré 
Para as simulações considerou-se marés astronômicas com 19 constantes 
harmônicas, apresentadas na Tabela 1. Considerou-se também uma 
componente de longo período, representando os efeitos meteorológicos, 
como se vê na última linha da Tabela. A componente meteorológica 
adotada tem um período de três dias e 8 horas, o que corresponde a 
efeitos medidos no local, conforme discutido no Relatório de Análise de 
Dados Oceanográficos e Meteorológicos na Região de Influência do 
SEI. E 
Na Figura 3.23, mostra-se a curva de marés gerada como condição de 
contorno no modelo hidrodinâmico, a partir das constantes da Tabela 1. 
 
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84 90 96 102 108 114 120
tempo (h)
N
ív
el
 d
'á
gu
a 
(m
)
 
Figura 3.23. Curva de maré utilizada na modelagem, gerada com as 
constantes harmônicas da Tabela 1. 
3.7.3.1.3. Dados de vento 
Os dados de vento utilizados na modelagem da circulação hidrodinâmica 
podem ser de diversas formas. Os dados podem ser desde constantes no 
tempo e uniformes no espaço, até totalmente variáveis no tempo e varia-
dos no espaço. O fornecimento de dados de vento variados no espaço de-
pende da disponibilidade de medições, que em geral só são efetuadas em 
pontos esparsos. Assim, é mais comum alimentar o modelo com dados de 
vento variáveis no tempo mas uniformes no
espaço. 
328 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.7.3.1.4. Características dos contaminantes simulados no ESEI 
O modelo de transporte de escalares através de nuvens de partículas, 
permite a simulação de plumas contaminantes para diferentes situações 
consideradas, por exemplo: 
• Plumas para contaminantes dissolvidos na coluna d’água, para conta-
minantes flutuantes ou para contaminantes ocupando apenas uma fai-
xa na coluna d’água. 
• Plumas para contaminantes com diferentes reações cinéticas, a serem 
especificadas, e.g., contaminantes conservativos, contaminantes com 
decaimento de primeira ordem com variadas taxas de decaimento (T90 
diferenciado), contaminantes com decaimento assintótico, etc. 
No caso do ESEI, os efluentes contaminantes podem ser de todos os tipos 
exemplificados acima. Neste exemplo apresenta-se resultados relativos 
ao seguinte caso: Vazão no ESEI de 6,0 m3/s, com contaminante de refe-
rência de grande permanência, simulado através de reações cinéticas de 
primeira ordem com T90 de 24 horas, e concentração de 1,0 kg/m3, ou 
1000 mg/l. O valor de concentração adotado é apenas um valor de refe-
rência visando a apresentar resultados em termos de diluição. 
3.7.3.2. Resultados ilustrativos 
Em todas as simulações apresentadas neste exemplo supôs-se situação de 
pouca ou nenhuma estratificação, com a pluma contaminante dissolvida 
na coluna d’água. Desta forma, apenas os resultados referentes ao módu-
lo 2DH são apresentados. 
A Figura 3.24 a seguir, mostra série temporais resultantes da simu-
lação realizada, apresentando valores de elevação do nível d’água (NA) e 
de velocidade média na vertical das correntes, obtidos com o modelo 3D 
para os pontos no entorno da linha difusora do ESEI. Mostra-se as com-
ponentes Este - Oeste, (EW), e Norte - Sul, (NS), das velocidades das 
correntes, indicando o número do ponto de cálculo. A posição dos pontos 
ilustrados está indicada na Figura 3.21. Os resultados de elevação do ní-
vel d’água obtidos na região do ESEI podem ser comparados com os ob-
tidos na entrada da Baía de Guanabara. Observa-se pelos resultados do 
modelo uma leve ampliação e pequena defasagem entre as elevações do 
NA previstos no ESEI e na Baía de Guanabara. 
 
 
 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 329 
Capítulo 3 
Nome Período 
(s) 
Amplitude
(m) 
Fase 
(rad) 
M2 44714.2 0.318 1.2741 
S2 43200.0 0.179 1.5289 
M4 22357.1 0.048 1.6825 
O1 92949.9 0.092 1.8099 
P1 86637.4 0.021 2.4051 
K1 86163.9 0.062 2.5045 
Q1 96725.8 0.026 1.9146 
J1 83156.9 0.007 0.7679 
M3 29809.6 0.007 3.5203 
K2 43082.1 0.057 0.3176 
L2 43889.8 0.140 0.8029 
N2 45570.1 0.026 3.0281 
OP2 44841.2 0.024 5.5240 
2N2 46459.4 0.010 4.1260 
MU2 46338.3 0.011 2.7279 
2SM2 41785.0 0.003 4.1521 
MS4 21972.0 0.031 3.2411 
MN4 22569.0 0.020 3.9113 
SN4 22176.7 0.004 3.5605 
Meteor. 288000.0 0.200 0.0000 
Tabela 1. Constantes harmônicas usadas no modelo. As constantes são 
referentes à estação maregráfica da Ilha Fiscal operada pela DHN. 
Na Figura 3.25 superior, observa-se que em meia maré vazante, as 
fortes correntes de vazante saindo da Baía de Guanabara aumentam a in-
tensidade das correntes para Oeste na região do ESEI. Observa-se um 
vórtice de retorno na região do posto 6 em Copacabana. Na parte inferior 
da Figura, as fortes correntes de enchente na Baía de Guanabara causam 
significativa redução na intensidade das correntes na região do ESEI. 
Figura 3.26 superior, verifica-se as correntes no ESEI com intensi-
dade aumentada pelas correntes de enchente na Baía de Guanabara. Nota-
se pequenos vórtices de recirculação no Leblon e no posto 6 em Copaca-
bana. Na parte inferior da Figura, as fortes correntes de vazante na Baía 
de Guanabara encontram-se com correntes vindo do ESEI. Nota-se recir-
culação no Leblon 
 
330 Paulo Cesar Colonna Rosman 
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72 75 78 81 84 87 90 93 96 99 10
2
10
5
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3
Tempo (horas)
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/s
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-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
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0.2
0.4
0.6
0.8
El
ev
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ão
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N
A
 (m
)
V(EW)-604 V(NS)-604 V(EW)-579 V(NS)-579 V(EW)-554 V(NS)-554 NA_BG NA_ESEI 
Figura 3.24. Valores de elevação e velocidade média na vertical obtidos com 
o modelo 3D para os pontos no entorno da linha difusora do ESEI. 
A localização dos pontos está indicada na Figura 3.21. O NA na 
entrada da Baía de Guanabara é confrontado com o NA no ESEI. 
[Exemplo da notação: V(EW)604 indica componente Este-Oeste de 
velocidade no ponto de cálculo 604.] 
Na Figura 3.27 superior, como a pluma é de contaminante de gran-
de permanência, vê-se claramente que os efluentes recém saídos do ESEI 
são transportados para Oeste, mas há um grande resíduo de pluma muito 
diluída, que se estende para Leste, porque nos dias anteriores as correntes 
eram para Leste, vide Figura 3.24. Na parte inferior da Figura observa-se 
que o resíduo da pluma para Leste está desaparecendo, e que a parte da 
pluma mais recente avança para Oeste. 
Figura 3.28 superior, a situação agora se inverte, observa-se uma 
densa pluma se formando para Leste, deixando um enorme resto de plu-
ma mais antiga, já bem diluída, que se desenvolveu para Oeste. Na parte 
inferior da Figura, continua a pluma mais recente avançando para Leste, 
bem como todo o rastro da pluma mais antiga que se estendia para Oeste, 
que vai diminuindo de tamanho em função do decaimento. É interessante 
notar como a pluma mais diluída vai sendo dividida ao encontrar-se com 
as ilhas. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 331 
Capítulo 3 
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
20000
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25000
1,00 m/s
0,50 m/s
0,10 m/s
Co
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na
Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
Linha a 300 m
da praia
Linha a 300 m
da praia
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
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1,00 m/s
0,50 m/s
0,10 m/s
Co
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na
Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
Figura 3.25. Detalhe do campo de correntes na vizinhança do ESEI. 
Velocidades médias na vertical obtidos com o modelo 3D próximo 
da meia maré vazante, com correntes Leste→Oeste, cf. instantes 
44.75 e 50,75 horas na Figura 3.24. 
 
 
332 Paulo Cesar Colonna Rosman 
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
20000
22500
25000
1,00 m/s
0,50 m/s
0,10 m/s
Co
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Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
Linha a 300 m
da praia
Linha a 300 m
da praia
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
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22500
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1,00 m/s
0,50 m/s
0,10 m/s
Co
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na
Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conra
do
Botafogo
 
Figura 3.26. Detalhe do campo de correntes na vizinhança do ESEI. 
Velocidades médias na vertical obtidos com o modelo 3D próximo 
à meia maré enchente, com correntes Oeste→Leste, cf. instante 
88,75 e 94,75 horas na Figura 3.24. 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 333 
Capítulo 3 
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
20000
22500
25000
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Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
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Linha a 300 m
da praia
Linha a 300 m
da praia
 
25000 27500 30000 32500 35000 37500
15000
17500
20000
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25000
Co
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na
Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
 
Figura 3.27. ESEI: pluma de contaminantes
com T90 de 24,0 horas, em 
situação de velocidades médias de Leste para Oeste, cf. instantes 
44,75 e 50,75 na Figura 3.24 e Figura 3.25. A linha externa na 
pluma demarca o limite de diluição de 1/100.000, a linha 
intermediária o de 1/10.000 e a mais interna demarca o limite de 
diluição de 1/1.000. 
334 Paulo Cesar Colonna Rosman 
25000 27500 30000 32500 35000 37500
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
Co
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Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
Linha a 300 m
da praia
Linha a 300 m
da praia
25000 27500 30000 32500 35000 37500
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
Co
pac
aba
na
Lagoa
Rodrigo
de Freitas
IpanemaLeblon
São Conrad
o
Botafogo
 
Figura 3.28. ESEI: pluma de contaminantes com T90 de 24,0 horas, em 
situação de velocidades médias de Oeste para Leste, cf. instantes 
88,75 e 94,75 na Figura 3.24 e Figura 3.26. A linha externa na 
pluma demarca o limite de diluição de 1/100.000, a linha 
intermediária o de 1/10.000 e a mais interna demarca o limite de 
diluição de 1/1.000. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 335 
Capítulo 3 
3.7.4. Modelos 1D e pontual para estudo de estabilização da 
barra do sistema lagunar de Saquarema, RJ 
Modelos 1D como apresentados no item 3.4.7, podem ser usados para 
estudar trocas de massa d’água e níveis d’água em sistemas estuarinos. 
No caso aplica-se um modelo 1D e um pontual para estudar a viabilidade 
de se estabilizar a barra do Sistema Lagunar de Saquarema. Por estabili-
zação entende-se ter um canal da barra que permaneça sempre aberto, 
permitindo a propagação das marés e a rica troca biológica, típica de sis-
temas estuarinos. Com os modelos numéricos 1D e pontual, determinou-
se quais seriam as condições para estabilidade e qual seria o comporta-
mento do sistema no que concerne a níveis d’água. 
O Sistema Lagunar de Saquarema constitui-se basicamente de seis 
corpos d’água interligados. Indo de Leste para Oeste, ou da embocadura 
junto ao mar na cidade de Saquarema para dentro, estes corpos d’água 
são conhecidos regionalmente com os nomes apresentado na Figura 3.29. 
Devido à reduzida seção transversal e longo comprimento do canal Rio 
Salgado, não há praticamente propagação de efeitos hidráulicos entre a 
Lagoa Mombaça e a de Jaconé. Por este motivo, para efeitos de cálculo 
no sistema principal, pode-se excluir a lagoa de Jaconé. Considerou-se 
portanto o espelho d’água do sistema principal com 23.820.000 m², divi-
dido pelas seguintes parcelas: Lagoa de Fora com 25,5 % [6.074.000 m²], 
Lagoa Boqueirão com 3,5% [833.700 m²], Lagoa Jardim com 14,0 % 
[3.334.800 m²], Lagoa Mombaça com 57,5 % [13.696.500 m²] 
3.7.4.1. Resultados obtidos com o modelo 1D 
Com o objetivo de melhor avaliar os impactos das obras propostas na di-
nâmica da propagação da maré no canal da barra e no Sistema Lagunar 
de Saquarema, foram simuladas as seguintes situações: 
• Maré com harmônico simples de amplitude 0,5 m e período de 12 ho-
ras. Tal onda representa uma situação equivalente a uma maré de sizí-
gia média com desnível entre baixa-mar e preamar de 1,0 m no mar. 
• idem com amplitude de 0,2 m; representando uma situação típica de 
maré de quadratura com desnível entre baixa-mar e preamar de 0,40 m 
no mar. 
• Maré com onze harmônicos para demonstrar as variações no nível 
médio da Lagoa em função dos ciclos de sizígia e quadratura. 
• Maré com onze harmônicos mais um de longo período, para simular 
os efeitos de maré meteorológica no nível médio da Lagoa, além dos 
devido aos ciclos de sizígia e quadratura. 
336 Paulo Cesar Colonna Rosman 
 
 
 
Figura 3.29. Disposição do Sistema Lagunar de Saquarema com a 
denominação regional das lagoas e principais rios afluentes. 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 337 
Capítulo 3 
3.7.4.1.1. Situação atual: níveis d’água no sistema lagunar com a 
barra aberta 
De modo a se poder avaliar e comparar a circulação de maré na situação 
atual, com respeito ao que ocorrerá na situação proposta, simulou-se o 
comportamento do sistema atual quando a barra é mantida aberta por al-
guns dias. Deve-se ressaltar que a situação simulada é melhor do que a 
que realmente ocorre, visto que se supôs uma abertura de barra com se-
ção transversal maior que a que geralmente se consegue manter na atua-
lidade. Para efeito de modelagem, dividiu-se o sistema em 76 seções tra-
pezoidais igualmente espaçadas a uma distância de 173,6 m. A seção 1 
corresponde à embocadura no mar. 
A Figura 3.30 a seguir, apresenta perfis da linha d’água ao longo do 
sistema lagunar, em diferentes instantes de uma maré com amplitude tí-
pica de sizígia, quando a barra do canal é mantida aberta. Observa-se que 
o amortecimento nas sizígias chega a cerca de 90% na Lagoa-1 (Saqua-
rema) e a cerca de 95% na Lagoa-4 (Mombaça). São notáveis as perdas 
de carga localizadas, indicadas pelos degraus relativamente bruscos ao 
longo dos perfis. Tais fenômenos ocorrem nos estrangulamentos acentu-
ados entre as quatro lagoas. É interessante notar que as preamares e bai-
xa-mares ao longo do sistema lagunar, ocorrem em diferentes horários 
em cada lagoa, e no mar. Deve-se ressaltar também que o nível médio 
das lagoas é significativamente diferente nas sizígias e nas quadraturas. 
Nas sizígias o nível médio do sistema lagunar fica cerca de 0,11 m acima 
do nível médio do mar, ao passo que nas quadraturas tal valor desce para 
0,03 m. A Figura 3.31 superior ilustra o efeito dos ciclos de marés de si-
zígia e quadratura na variação do nível médio do Sistema Lagunar de Sa-
quarema, indicando os níveis horários simulados no mar e nas lagoas du-
rante 30 dias. Fica claro que nos períodos de sizígia o nível médio do sis-
tema lagunar está cerca de 8 cm acima do nível médio em épocas de qua-
dratura. Desta forma ao longo de um mês lunar pode-se observar que há 
uma variação total de nível médio no sistema lagunar da ordem de 10 cm, 
independentemente dos efeitos meteorológicos. Tal variação no nível 
médio é devido à dinâmica da maré. Como a força de atrito varia direta-
mente com o quadrado da velocidade da corrente e inversamente com a 
profundidade, tal efeito é uma compensação dinâmica. 
 
338 Paulo Cesar Colonna Rosman 
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76
Número da seção
N
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a 
em
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ao
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)
0 e 12 h 1,5 h
3,0 h 4,5 h
6,0 h 7,5 h
9,0 h 10.5 h
Lagoa de Fora
BoqueirãoCanal da barra
Jardim Mombaça
 
Figura 3.30. Perfil da linha d’água ao longo do Sistema Lagunar, para 
diferentes fases de uma maré com amplitude típica de sizígia. 
Simulação do que ocorre na situação atual quando a barra é 
mantida aberta. [Nível médio do mar = 0,0 m] 
Os efeitos de marés meteorológicas são ilustrados na Figura 3.31. 
Para tal supôs-se a ocorrência de uma componente harmônica com seis 
dias de período, com altura positiva de 0,15 m e negativa de 0,08m, fa-
zendo o efeito de uma oscilação de longo período semelhante ao de uma 
maré meteorológica. Evidentemente que marés meteorológicas são alea-
tórias e não periódicas, mas o efeito a ser ilustrado é absolutamente se-
melhante. 
Na Figura 3.31 inferior vê-se claramente que os efeitos de longo 
período são muito pouco amortecidos ao se propagarem ao longo do ca-
nal. Com a introdução dos efeitos meteorológicos explica-se como o Sis-
tema Lagunar de Saquarema pode apresentar significativas mudanças de 
nível d’água, apesar do amortecimento da onda de maré astronômica ser 
da ordem de 90%. Na prática, marés meteorológicas podem ter alturas 
bem maiores que os valores simulados. 
Apenas com marés astronômicas, se a barra
permanecer aberta na 
situação atual, os volumes de água que entram e saem da Lagoa são da 
ordem de 900.000 m³ em um ciclo de maré de sizígia e de 400.000 m³ em 
um ciclo de maré de quadratura. Entretanto, com os efeitos meteorológi-
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 339 
Capítulo 3 
cos, ao longo de alguns dias, entram e saem volumes que podem ser até 
dez vezes maiores. 
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
0 48 96 144 192 240 288 336 384 432 480 528 576 624 672 720
horas
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o 
ao
 N
M
M
 (m
Mar Saquarema Mombaça
 
-0.80
-0.60
-0.40
-0.20
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
0 48 96 144 192 240 288 336 384 432 480 528 576 624 672 720
horas
N
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gu
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ao
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M
M
 (m
E: 1 E: 14 E: 63
 
Figura 3.31. Valores de elevação do nível d’água no mar e no Sistema 
Lagunar de Saquarema. Simulação na situação atual, com maré 
sintética de onze constantes harmônicas, na parte inferior inclui-se 
o efeito de maré meteorológica com altura positiva de 0,15 m e 
negativa de 0,08m, com 6 dias de período. [Nível médio do mar = 
0,0 m] 
3.7.4.1.2. Situação proposta: níveis d’água no sistema lagunar com 
a barra estabilizada 
A configuração proposta para a barra estabilizada contempla o alarga-
mento e alongamento do canal, com a construção de um guia-correntes 
340 Paulo Cesar Colonna Rosman 
na margem leste da atual embocadura de modo manter uma largura mí-
nima de 80 m, com área hidráulica em relação ao NMM de no mínimo 
160m2. Com tal configuração o modelo numérico passou a ter 78 seções 
com o mesmo espaçamento anterior. Como no caso anterior, na simula-
ção considerou-se que a contribuição total de água doce proveniente dos 
rios fosse de 1,0 m³/s, que representa a vazão conjunta dos rios que aflu-
em ao sistema.. 
A Figura 3.32 superior, apresenta perfis da linha d’água ao longo 
do sistema lagunar que ocorrerão em diferentes instantes de uma maré 
com amplitude típica de sizígia, com o canal da barra estabilizado. Simi-
larmente, a parte inferior da apresenta a situação para maré típica de qua-
dratura. 
Observa-se que o amortecimento nas sizígias será de cerca de 60% 
na Lagoa-1 (de Fora) e a cerca de 90% na Lagoa-4 (Mombaça). Em ter-
mos absolutos, verifica-se que uma onda de maré de sizígia com desnível 
entre preamar e baixa-mar de 1,0 m no mar, atinge na Lagoa-1 cerca de 
0,40 m e na Lagoa-4 cerca de 0,10 m. Nas quadraturas há menos amorte-
cimento relativo, devido às perdas de carga serem menores em função 
das velocidades de corrente serem menos intensas. Na quadratura o a-
mortecimento é de cerca de 55% na Lagoa-1, e de 85% na Lagoa-4, re-
duzindo a altura de uma onda de maré no mar de 0,40m para cerca de 
0,23 m na Lagoa-1 e para pouco menos de 0,07 na Lagoa-4. 
Como na situação atual, são notáveis as perdas de carga localiza-
das, indicadas pelos degraus relativamente bruscos ao longo dos perfis. 
Tais fenômenos ocorrem nos estrangulamentos acentuadas entre as qua-
tro lagoas. Pode-se verificar que os pontos de menor área hidráulica, são 
os que apresentam degraus significativos ao longo do perfil. 
Deve-se ressaltar que, com a barra estabilizada não ocorrerá varia-
ção significativa do nível médio ao longo do Sistema Lagunar de Saqua-
rema, em comparação com o verificado atualmente quando a barra está 
aberta. De fato, com o canal da barra estabilizado, o nível médio das la-
goas continuará sendo significativamente diferente nas sizígias e nas 
quadraturas. Nas sizígias o nível médio do sistema lagunar continuará 
apresentando uma sobrelevação de aproximadamente 0,11 m acima do 
nível médio do mar, ao passo que nas quadraturas tal valor desce para 
menos de 0,03 m. Deve-se notar que as preamares e baixa-mares ao lon-
go do sistema lagunar ocorrem em diferentes horários em cada lagoa, e 
no mar. 
 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 341 
Capítulo 3 
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76
Número da seção
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0 e 12 h 1,5 h
3,0 h 4,5 h
6,0 h 7,5 h
9,0 h 10,5 h
Lagoa de Fora Jardim Mombaça
BoqueirãoCanal da barra
 
-0.6
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76
Número da seção
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ao
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M
M
 (m
)
0 e 12 h 1,5 h
3,0 h 4,5 h
6,0 h 7,5 h
9,0 h 10,5 h
Lagoa de Fora Jardim Mombaça
BoqueirãoCanal da barra
 
Figura 3.32. Perfil da linha d’água ao longo do Sistema Lagunar, para 
diferentes fases de uma maré com amplitude típica de sizígia 
acima, e de quadratura abaixo. Simulação do que ocorrerá na 
situação proposta com a barra estável. [Nível médio do mar = 0,0 
m] 
A Figura 3.33 ilustra o efeito dos ciclos de marés de sizígia e qua-
dratura na variação do nível médio do Sistema Lagunar de Saquarema, 
342 Paulo Cesar Colonna Rosman 
indicando os níveis horários simulados no mar e nas lagoas durante 60 
dias. Fica claro que nos períodos de sizígia o nível médio do sistema la-
gunar está de 8 a 10 cm acima do nível médio em épocas de quadratura. 
Desta forma ao longo de um mês lunar pode-se observar que há uma va-
riação total de nível médio no sistema lagunar superior a 10 cm, indepen-
dentemente dos efeitos meteorológicos. Tal variação no nível médio é 
devido à dinâmica da maré. Como a força de atrito varia diretamente com 
o quadrado da velocidade da corrente e inversamente com a profundida-
de, há uma compensação dinâmica. 
Como mostrado na Figura 3.31, efeitos de marés meteorológicas se 
propagam quase que integralmente para o sistema lagunar na situação 
atual, quando a barra é mantida aberta por alguns dias. É evidente que 
com a estabilização e desobstrução da barra, com muito mais razão tal 
propagação ocorrerá. Portanto, é desnecessário demonstrar que os efeitos 
de maré meteorológica se propagarão pelo Sistema Lagunar de Saquare-
ma na situação proposta. 
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
0 96 192 288 384 480 576 672 768 864 960 1056 1152 1248 1344 1440
horas
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M
M
 (m
)
Mar Saquarema Mombaça
 
Figura 3.33. Valores de elevação do nível d’água no mar e no Sistema 
Lagunar de Saquarema. Simulação na situação proposta, com 
maré sintética de onze constantes harmônicas. [Nível médio do 
mar = 0,0m] 
Quanto aos volumes de água do mar que entrarão no Sistema La-
gunar de Saquarema na situação proposta, a Figura 3.34 mostra que para 
marés de sizígia, com cotas de preamar superiores a 0,5 m acima do nível 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 343 
Capítulo 3 
médio do mar, os prismas de maré variam de 3.000.000 m³ a quase 
5.000.000 m³. Tais valores correspondem a cerca de 15~20% do volume 
total médio do Sistema Lagunar de Saquarema. 
Na região de Saquarema, as marés médias têm altura (desnível en-
tre preamar e baixa-mar) da ordem de 0,8 m, o que corresponde a uma 
cota de preamar no entorno de 0,4 m. Pelo indicado na Figura 3.34, veri-
fica-se que para tal preamar, o prisma de maré médio será da ordem de 
2.800.000 m³. Tal valor eqüivale a pouco mais que 12% do volume total 
do Sistema Lagunar de Saquarema. Como há dois ciclos de maré por dia, 
pode-se dizer que em média, diariamente ter-se-á um volume equivalente 
a cerca de 25% do total do sistema sendo bombeado pela maré para den-
tro e para fora do Sistema Lagunar de Saquarema. 
y
= -30.149x4 + 53.617x3 - 31.529x2 + 12.779x
R2 = 0.9058
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
4.00
4.50
5.00
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0
(x) Nível da preamar na embocadura, acima do NMM (m)
(y
) V
ol
um
e 
do
 p
ris
m
a 
de
 m
ar
é 
(1
06
 m
³)
.7
Prismas de maré (m³)
Curva ajustada [ y = f(x) ]
 
Figura 3.34. Volumes de água do mar que entrarão no Sistema Lagunar de 
Saquarema (prismas de maré). Valores obtidos com simulação na 
situação proposta, com maré sintética de onze constantes 
harmônicas. [Nível médio do mar = 0,0m] 
3.7.5. Resultados obtidos com o modelo pontual 
De modo a se fazer uma análise das condições de estabilidade hidráulico 
sedimentológica do Canal da Barra, aplicou-se um modelo pontual-
analítico, apresentado em Rosman et alli 199242. Análise da estabilidade 
do Canal da Barra proposto. Para se poder aplicar o modelo analítico, ao 
Sistema Lagunar de Saquarema, determinou-se uma área de espelho 
 
42 Uma dedução detalhada da modelagem pontual para canais de maré de sistemas la-
gunares é dada por Mehta e Özoy, in Bruun, P 1978. Vide também Calixto, 1990. 
344 Paulo Cesar Colonna Rosman 
d’água de uma lagoa equivalente às quatro do sistema real. Tal área foi 
calculada de modo a se obter no modelo analítico aproximadamente os 
mesmos volumes de prisma de maré, que se obtêm aplicando o modelo 
numérico ao sistema. Como o Sistema Lagunar de Saquarema é muito 
complexo, as preamares e as baixa-mares ocorrem defasadas em cada 
lagoa, por conta disso e das não linearidades inerentes à hidrodinâmica 
do sistema, verifica-se que a área do espelho d’água da lagoa equivalente 
não é constante, mas variável em função da amplitude de maré no mar. 
Como mostra a Figura 3.35, uma variação quadrática da área equivalente 
com a amplitude da maré se justa muito bem. 
y = 13.726x2 - 10.113x + 5.8771
R2 = 0.9743
0
1
2
3
4
5
6
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70
(x) Amplitude da maré no mar (m)
(y
) 
Ár
ea
 d
a 
la
go
a 
eq
ui
va
le
nt
e 
( 1
06 m
²)
 
Figura 3.35. Área do espelho d’água da lagoa equivalente, em função da 
amplitude de maré no mar. A lagoa equivalente á a que resulta 
pelo modelo analítico o mesmo prisma de maré que o Sistema 
Lagunar de Saquarema resulta via modelo numérico. 
Conforme demonstra a Figura 3.36, obtida pelo modelo pontual 
analítico, para ser naturalmente estável, a menor seção transversal 
deveria ter área hidráulica mínima em relação ao NMM de pelo menos 
135 m². Valores ideais seriam de seções com valores de área hidráulica 
para além do cruzamento da curva de máxima capacidade (Cr_máx)43 com 
a de velocidades da maré máxima. Pela Figura 3.36 verifica-se que tais 
valores correspondem a áreas na faixa de 300m² a 500 m². Em dimensões 
hidraulicamente razoáveis, para uma área hidráulica de 400 m² isto 
eqüivaleria a um canal com cerca de 100 m de largura e 4 m de 
profundidade média. É claro que a realidade local impede que valores 
desta grandeza sejam projetados. E é evidente que não há obras 
 
43 Skou, (1990) 
Subsídios para Modelagem de Sistemas Estuarinos 345 
Capítulo 3 
projetados. E é evidente que não há obras economicamente viáveis que 
possam torna-lo naturalmente estável44. 
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
10 100 1000
Área da menor seção hidráulica do canal , A c, (m2)
Ve
lo
ci
da
de
 m
éd
ia
 m
áx
im
a 
(m
/s
)
ao = 0.70 ao = 0.60 ao = 0.50 ao = 0.40 
ao = 0.30 ao = 0.20 ao = 0.10 Cr_máx
EstávelInstável
160 m2
Faixa de áreas 
hidráulicas ideais
 
Figura 3.36. Condições de estabilidade para o Canal da Barra. Para 
estabilidade natural seria necessário Ac>150 m². O canal atual é 
inerentemente instável pois Ac<60 m². 
À luz dos conceitos fundamentais de estabilidade de canais de ma-
ré, fica patente que o Canal da Barra com área hidráulica mínima de 160 
m² é estável. Entretanto, por ter uma seção hidráulica aquém da curva de 
máxima capacidade de resposta para algumas situações de maré, o canal 
teria pouca margem de segurança para manter-se desobstruído apenas 
pela ação hidrodinâmica. Entretanto, isso não é problema se considerar-
mos a construção do guia-correntes. O guia-correntes, por impedir a mai-
or parte do possível aporte de sedimentos à embocadura, devido aos pro-
cessos litorâneos na praia de Saquarema, garante uma razão, P / Mt, (i.e., 
razão entre o volume do prisma de maré e o volume anual de sedimentos 
transportados defronte à embocadura) suficientemente confortável para 
garantir a estabilidade do canal, para qualquer amplitude de maré. 
 
44 Fora o elevadíssimo custo de tais obras, os impactos ambientais seriam enormes, pois 
enormes volumes de dragagem teriam que ser feitos no corpo do Sistema Lagunar de 
Saquarema, implicando em modificações de grande monta. As modificações certamente 
seriam consideradas ambientalmente benéficas por uns e catastróficas por outros. 
346 Paulo Cesar Colonna Rosman 
3.8. Referências e Bibliografia 
Lista-se a seguir as referências mencionadas no texto, e bibliografia adicional que pode 
auxiliar o leitor interessado. Incluiu-se na lista alguns trabalhos de pesquisa feitos sobre 
o assunto na COPPE/UFRJ, que podem ser facilmente obtidos. 
 
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Xavier, C.V. - Tese M.Sc. - Investigação sobre o Efeito do Vento na Circulação da Baía de Guanabara. 05/92 
Programa de Engenharia Oceânica - COPPE/UFRJ. 
 
____Ω____ 
 
 
 
	Introdução e objetivos
	O processo de modelagem em sistemas estuarinos
	Tipos de modelos de interesse.
	Modelo matemático geral
	Princípios fundamentais do modelo matemático
	Escala de interesse
	Movimentos e transportes resolvíveis e não resolvíveis - Adv
	Escoamento incompressível – Equação de Estado e Equação da C
	Aproximações para a Equação de Estado
	Transporte de contaminantes – Princípio da conservação da ma
	Movimento da água – modelagem do escoamento
	Variação da quantidade de movimento: d (ui )/dt
	Soma das forças atuantes: FI
	O problema de fechamento
	Aproximação de Boussinesq
	Resumo do modelo matemático geral na escala das partículas
	Condições de validade: números de Pèclet e de Reynolds
	Modelo geral para o escoamento e o transporte de grande esca
	Resumo do modelo matemático geral, para o escoamento de gran
	Sobre as condições de validade para as grandes escalas
	Modelos matemáticos de sistemas estuarinos
	Corpos d’água rasos e aproximação hidrostática
	Equações do movimento em águas rasas
	Condições de contorno cinemáticas na superfície livre e no f
	Condições de contorno dinâmicas na superfície livre e no fun
	Equação da continuidade promediada na vertical
	Tipos de estuários e modelos pertinentes
	Modelos tridimensionais (3Dg e 3D)
	Modelos hidrodinâmicos 3Dg e 3D
	Modelos 3D para transporte de escalares passivos
	Modelos bidimensionais na horizontal (2DH)
	Modelo hidrodinâmico 2DH
	Modelo 2DH para transporte de escalares passivos
	Modelos bidimensionais em perfil vertical (2DV)
	Modelo hidrodinâmico 2DV
	Modelo 2DV para transporte de escalares passivos
	Modelos unidimensionais (1D)
	Modelo hidrodinâmico 1D
	Modelo 1D para transporte de escalares passivos
	Modelo Lagrangeano para transporte de escalares passivos
	Estratégia geral para desenvolvimento de modelos numéricos
	Modelo numérico desacoplado para circulação hidrodinâmica 3D
	Objetivo e estratégia de cálculo
	Módulo 2DH para obtenção de  (x, y, t )
	Módulo 3D para obtenção do campo de velocidades
	Sobre os modelos 2DV e 1D
	Sobre métodos de discretizações espaciais
	Exemplos de aplicações de modelos numéricos
	Modelo 3D para circulação hidrodinâmica e transporte de cont
	Condições de Contorno
	Sobre o modelo numérico
	Aplicação do modelo hidrodinâmico à Baía da Guanabara
	Batimetria utilizada
	Condições de maré modeladas
	Condições de vento modeladas
	Resultados Ilustrativos
	Modelo 2DH para estudo de cheias em Joinville devido a marés
	Resultados Ilustrativos
	Modelagem da pluma do Emissário Submarino de Esgotos de Ipan
	O domínio modelado
	Batimetria
	Dados de maré
	Dados de vento
	Características dos contaminantes simulados no ESEI
	Resultados ilustrativos
	Modelos 1D e pontual para estudo de estabilização da barra d
	Resultados obtidos com o modelo 1D
	Situação atual: níveis d’água no sistema lagunar com a barra
	Situação proposta: níveis d’água no sistema lagunar com a ba
	Resultados obtidos com o modelo pontual
	Referências e Bibliografia

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