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1.1 – Introdução Brasil teve um crescimento significativo da participação nas despesas totais no PIB. Não existe correlação positiva entre renda per capta e participação do Governo. Indices de participação do Governo por despesas são insuficientes, é necessário avaliar as atribuições econômicas do Estado. 1.2 – As atribuições econômicas do Governo As funções do Governo mudaram muito nos ultimos anos, devido a ocorrência de fatos que vieram a abalar a convicção classica quanto à excelência do sistema regido pelo mercado. Atribuições ao Governo: o Promoção do bem-estar social o Distribuição mais equitativa da renda o Atendimento das classes menos favorecidas o Garantir o desenvolvimento econômico De acordo com Musgrave as atribuições são: o Promover ajustamentos na alocação de recursos Quando os preços não levam à eficiencia Externalidades Problemas de satisfação da coletividade 1) Expansão da infraestrutura (ex.: estradas) 2) Bens públicos: preços incapazes de orientar alocação. Indivisibilidade do consumo, necessidade de obter conpulsoriamente recursos (Tributos) para financiar a produção. Ex.: segurança e justiça. Bens semi-públicos: educação e saúde. Podem ser oferecidos pelo setor privado, mas pode barrar pessoas de baixa renda. Por produzirem externalidades positivas esses bens foram chamados por Musgrave de bens meritórios. Setores que necessitam de grande escala. (Siderurgicas) o Promover ajustamentos na distribuição da renda Utiliza o sistema tributário Tributando mais os mais ricos. (progressivamente) Utiliza política de gastos Mais despesas com baixa renda. (ex.: em educação e saúde) o Manter a estabilidade econômica Atenuar impacto social de inflação, ou crises econômicas. Ferramentas: Controle de gastos publicos Controle de crédito ao setor privado Controle dos níveis de tributação 1.3 – O crescimento das despesas públicas 1.3.1 – As Hipóteses Teóricas Problema da identificação dos determinantes da expansão de gastos públicos. Lei de wagner: A medida que cresce o nível de renda de países industrializados, o setor publico cresce sempre a taxas mais elevadas de tal forma que a participação relativa do Governo aumenta. Razões: o Crescimento do número de bens publicos a medida que a vida urbana se torna mais complexa. o Crescimento de necessidades relacionadas a promoção de bem-estar social (Educação e saúde). o Criação de condições para formação de monopólios. Participação do Governo em um país não pode ser indicada apenas pela proporção de despesas no PIB. Peacock e Wiseman: Gastos totais do Governo é função das possibilidades de obtenção de recursos. Crescimento do Governo depende do Crescimento da Oferta, que é limitada pelo incremento da tributação. o Efeito translação: efeito de fatores exógenos nos gastos públicos. (ex.: resistencia à elevação da carga tributária) Inflação alta ou crises podem provocar o efeito translação. o Efeito concentração: Expansão do Governo na economia provoca a centralização das decisões do Governo em níveis mais altos (Federal). 1.3.2 – A Experiência Brasileira Nos períodos de crises ou inflação observou-se o efeito translação. 1.4 – A Diversificação das Funções do Governo Expansão de gastos do Governo recentemente deveu-se a despesas com Autarquias, Empresas Públicas e Fundações, refletindo maior diversificação das funções econômicas do Governo. 1.5 – Os Determinantes da Expansão das Despesas com a Execução das Diferentes Funções Setor público tem expandido pela expansão da interferência do Governo em atividades não tradicionais. Por: o Crescente ênfase em intervenção em atividades de natureza social. o Política de promover ritmo mais acelerado de crescimento econômico. 1.5.1 – Os Bens Públicos e Semipúblicos Variáveis que influenciam as despesas com produção de bens públicos e semipúblicos: o Aumento de População Gastos com bens públicos mais que proporcionais ao incremento da população se houver aumento da população urbana (ruas, praças, transito, polícia) ou alargamento da pirâmide etária. o Aumento de Renda per capita Crescimento do nº de bens possíveis. Poluição 1.5.2 – O Objetivo de Redistribuição de Renda e de Crescimento Econômico Oferta de bens semipúblicos (educação e saúde) permite populações de baixa renda consumirem. Tem importante efeito distributivo. Gastos com infraestrutura está relacionado com eliminação de obstáculos ao crescimento econômico e efeito multiplicador, e não com efeito distributivo. o Necessidade de muito capital de longa maturação. (ex.: energia elétrica) 1.6 – O Financiamento da Expansão dos Gastos A forma com que a expansão é financiada influencia no nível de renda e na distribuição da mesma. Diferentes sistemas tributários provocam diferentes níveis de renda e distribuição. o Compatibilidade entre sistema tributário e objetivos nacionais. o Compatibilidade entre financiamento da expansão (Aumento de impostos ou déficit?) e financiamento do déficit (crédito ou emissão de moeda?). 1.6.1 – A Evolução da Estrutura Tributária 1) Antes de crescimento, impostos contribuem mais com a arrecadação. Depois perdem participação por desatialização. 2) Em países de baixa renda impostos tem maior participação na receita. 3) Após o crescimento, impostos voltam a ter maior participação na receita. 2 – Objetivos e Alternativas de Intervenção 2.1 – Introdução Objetivos da intervenção: o 1) Satisfação das necessidades coletivas o 2) Manutenção da estabilidade econômica o 3) Promoção do crescimento econômico o 4) Melhoria na distribuição da renda Alternativas de intervenção: o Direta: Gastos públicos Produção de bens públicos Serviços sociais Investimentos em infraestrutura Empresas Governamentais Insumos básicos Energia elétrica Transporte o Indireta Controle Indireto de preços: Política monetária Política fiscal Política cambial Controle Direto de preços: Tabelamento Quotas Regulamentação 2.2 – As Possibilidades de Conflito e as Necessidades de Coordenação Diversificação de objetivos amplia possibilidades de conflito o Trade-off entre crescimento (necessita de acumulação) e equidade (distribuição de renda). Problemas de coordenação: o 1) Coordenação macroeconômica o 2) Coordenação administrativa o 3) Coordenação político-institucional 2.3 – Federalismo Fiscal Em Governo unitário as decisões de despesas e distribuição setorial se dão no mesmo nível de decisão das medidas a serem utilizadas. Problemas de política fiscal não são mais apenas volume de receita e volume de gastos. Envolve também o efeito disso na estabilidade econômica, distribuição de renda e crescimento econômico. Em países federativos isso significa atribuir todo o poder de modificar sistema tributário à união. Por outro lado com o a centralização do Governo, alguns bens e serviços seriam produzidos de forma mais eficiente se feitos com arrecadação e gastos à nível local. Então a unificação por um lado promove capacidade de coordenação de acordo com os objetivos nacionais, e por outro, acaba perdendo a capacidade de lidar com as especificidades de cada região. A diferença entre arrecadação local e necessidades de gastos locais aumenta na medida que ocorre: o Crescimento econômico e da população urbana o Cresce a preocupação com problemasde planejamento e compatibilização de medidas de política econômica Uma possível solução é a transferência de recursos do Federal aos Estados e Municípios. Isso implica em considerar critérios na utilização de recursos. Porém isso pode não ser eficiente na medida que: o Os programas contemplados podem não ser prioritarios o Os recursos dos programas influenciam a aplicação dos recursos próprios, que vem com exigências de contrapartida Além do mais transferencias separam os gastos do sacrifício de financiar os mesmos. 2.4 – A Descentralização Administrativa Tendencia de progressiva descentralização da execução dos diferentes programas. o Criação de inúmeras agências integrantes da administração descentralizada (Autarquias e fundações). Desenvolvimento da administração descentralizada: fruto da necessidade de maior flexibilidade na manipulação dos recursos necessários ao desenvolvimento de outras atividades. Necessidade de intervir em setores relacionados à infraestrutura. o Porém isso pode prejudicar a utilização dos recursos no futuro, pois existe uma incapacidade de eliminar esses orgãos após cessado o motivo de sua instalação. Problemas de coordenação crescem com o número de agentes envolvidos. 3 – Classificação e Estrutura das Despesas Governamentais 4 – A Produção de Bens Públicos 3 Categorias de bens: o Públicos o Semipúblicos o Privados 4.1 – A Natureza dos Bens Públicos Impossibilidade de excluir indivíduos ou segmentos da população do consumo, uma vez definido o volume de produção. Não-exclusão: o consumo por um indivíduo não reduz fisicamente a oferta total. Bens que sofrem o fenômeno da congestão não são bens públicos “puros”. Bens semipúblicos: caso intermediário entre bens públicos e privados. o Elevado grau de externalidades. o Serviços sociais: Educação, Saúde, Nutrição, Vacinação, Saneamento básico 4.2 – Oferta e Demanda de Bens Públicos Nível ótimo de produção depende de análise das preferências individuais por bens públicos, diferente dos bens privados que podem ser determinados pela oferta e demanda. Custo marginal = zero, existe apenas o custo fixo. Não depende do número de usuários. Custo marginal ≠ Receita marginal Defini-se a quantidade pelo lado da demanda. Umg = Cmg Impossível de agregar curvas individuais de utilidade Mesmo com preferências diferentes, todos consomem a mesma quantidade. Mas pagam “preços” diferentes, apesar do tributo ser igual, as preferências são diferentes, ou seja, “desutilidade” marginal diferente. 4.2 – O Modelo de Samuelson 5 – A Programação dos Gastos 6 – Avaliação de Resultados 7 – Alternativas de Financiamento dos Encargos do Governo 7.1 – Classificação e Estrutura das Receitas Públicas 7.1.1 – As Receitas Orçamentárias Receitas orçamentárias podem ser classificadas por 3 óticas: o 1) Da captação de recursos Ou receitas próprias: arrecadadas pela própria entidade encarregada Ou receitas de transferências: repasse de recursos captados por outras instituições. Quanto maior diversificação institucional e maior a centralização, maiores as transferências. o 2) Da origem dos recursos Tributária: Impostos, taxas, contribuições de melhoria... Patrimonial: Juros, dividendos, aluguéis Industrial: Venda de mercadorias e serviços Diversas: Multas, contribuições, cobrança de dívida ativa... o 3) Da regularidade ou não dos fluxos e/ou da vinculação dos recursos a determinada espécie de gasto Receitas Correntes: o Tributária, patrimonial, industrial, diversas e transferências para aplicação de despesas correntes Receitas de Capital: o Fluxo irregular ou transferências previamente vinculadas a despesas de capital 7.2.2 – Outras Receitas Não é considerada do, ponto de vista jurídico, um tributo. Do ponto de vista econômico não tem diferença. Utilização de recursos de contribuições compulsórias. (FGTS, PIS...) o Característica principal: não constituem recursos de propriedade do Governo. Custo: montante de juros e correção monetária Expansão e aperfeiçoamento do mercado para colocação de títulos da dívida pública. o Lançamento de títulos (ORTN, LTN...). Alternativa de reserva compulsória para bancos. Confisco de parte de recursos gerados pela exploração de jogos de azar, por incentivos fiscais ou pela exportação de produtos agrícolas. Recursos movimentados fora do orçamento contribui para: o Dificultar as atividades de planejamento e coordenação da atividade governamental. o Provocar distorções na alocação dos recursos. o Dificultar as previsões sobre a evolução futura da atividade governamental. 7.2 – As principais Categorias de Tributos Tributos são classificados em 3 categorias. 1) Impostos sobre a Riqueza (Patrimônio) - Direto 2) Impostos sobre a Renda - Direto 3) Impostos sobre Vendas de Mercadorias e Serviços - Indireto o Cobrado do consumidor ou produtor o Sobre valor adicionado ou valor total da transação Nem sempre o contribuinte é a mesma pessoa sobre a qual recai o ônus do pagamento. Tributos Diretos: o Contribuintes são os mesmos indivíduos que arcam com o ônus. (Renda, patrimônio) Tributos Indiretos: o Contribuintes podem transferir parcial ou totalmente o ônus da contribuição à terceiros. (Transação de mercadorias e serviços) 8 – Os Princípios Teóricos de Tributação 8.1 – Introdução A teoria da tributação repousa em dois princípios fundamentais: o 1) Neutralidade Não-interferência sobre as decisões de alocação de recursos com base no mecanosmi de mercado. Não modificar os preços relativos (ineficiência) o 2) Equidade Distribuição equitativa do ônus Princípio do Benefício: ônus repartido de acordo com benefício que cada um deriva da produção governamental. Princípio da Capacidade de Contribuição: ônus distribuido de acordo com a capacidade de contribuição. o 3) Administrativo Comodidade Simplicidade Exequibilidade Economicidade Aceitabilidade o 4) Jurídico Publicidade Personalização Legalidade X Constitucionalidade Capacidade (Econômica e/ou contributiva) Anterioridade Perenidade Produtividade do tributo: elasticidade da receita em relação à renda 8.2 – Neutralidade e Eficiência Solução eficiênte: TMS = TMT Impostos lump-sum ou proporcionais à renda são eficientes. Impostos seletivos sobre o consumo são ineficientes, geram peso morto. Contudo essa análise se refere apenas à produção e consumo. Há outras decisões importantes como trabalho e lazer, consumo presente e consumo futuro... Consumo presente e futuro é afetado por imposto sobre o consumo. Imposto sobre a renda afeta a alocação ótima entre trabalho e lazer. Lump-sum continua sendo eficiente. Se inicialmente se tem uma solução ineficiente devido à imperfeição do mercado, um imposto parcial sobre o consumo pode levar a economia à eficiencia. (E’’ para E’) 8.3 – Equidade É o segundo princípio da tributação Equidade Horizontal: mesmo tratamento à indivíduos iguais. Equidade Vertical: tratamento diferente à indivíduos diferentes. Para classificar os iguais e os diferentes dois critérios são usados: o Critério do Benefício Ônus de acordo com benefício o Critério da Capacidade de Contribuição Ônus de acordo com capacidade de contribuição 8.3.1 – O Critério do Benefício Preço pago = Benefício marginal.(Gráfico 4.4) Dificuldade de se obter curvas de demanda individual. Mesmo que fossem obtidas, não é possível agregá-las. Se o consumo é coletivo não há incentivo aos individuos revelarem suas preferências. Esse critério determina simultaneamente o total da tributação e a distribuição da carga tributária, diferente do critério da capacidade de contribuição. (Vantagem) Aplicado parcialmente em serviços públicos. (Transportes, Comunicações, Energia, Serviços Urbanos) 8.3.2 – O Critério da Capacidade de Contribuição Equidade Horizontal: indivíduos de mesma renda contribuem com mesma quantidade. Equidade Vertical: rendas diferentes contribuem com quantidades diferentes. o Variando de forma absoluta? o Variando de forma proporcional à renda? o Variando de forma mais que proporcional à renda? Variação Absoluta: o Regressivo: aumento da carga tributária menos que proporcional ao aumento da renda o Proporcional: aumento da carga tributária proporcional ao aumento da renda o Progressivo: aumento da carga tributária mais que proporcional ao aumento da renda. (melhor se ajusta ao princípio da equidade vertical) John Stuart Mill: equidade na tributação é obtida quando o sacrifício é igual. Há 3 formas de interpretar essa igualdade: o Absoluta: mesma perda de utilidade o Proporcional: proporcional à utilidade o Marginal: tributa de forma que ambos passem a ter a mesma Umg (Iguala a renda disponível de ambos os contribuintes o Esses critérios implicam na suposição de utilidade marginal da renda ser decrescente e de que todas as funções utilidades são iguais. Contudo essas suposições são difíceis de serem submetidas àcomprovação. Portanto, impostos dessa forma podem produzir desigualdades de sacrifício. Lionel Robins: em vez de considerar conceito de utilidade da renda, usar um conceito mais geral de utilidade social da renda. o Estabelece conceitos de limites físicos no consumo de produtos essenciais Porém o próprio conceito de bens essenciais muda ao longo do tempo Essencialidade também muda de indivíduo para indivíduo Em resumo: a hipótese de utilidade marginal decrescente talvez se ajuste com mais propriedade a um contexto de estagnação 9 – O Imposto Sobre a Renda Pessoal 9.1 – Introdução 9.2 – A Teoria da Tributação e o Imposto Sobre a Renda Imposto sobre a renda pode ser: 1) Geral: Submete todas as espécies de rendimento à mesma escala para pagamento de tributo o Melhor que o parcial em termos de neutralidade 2) Parcial: Permite, diretamente ou através de isenções, que determinadas espécies de rendimento fiquem legalmente isentas do pagamento de tributo o Uniforme: mesma escala de taxas a diferentes fontes de renda Pode ser comparado à imposto sobre valor adicionado o Cedular: utiliza taxas diferenciadas Suplementado por uma tabela progressiva Pode ser comparado à imposto sobre valor total de vendas Maior eficiência do imposto sobre a renda implicaem supor que: o 1) Diferentes categorias de rendimento são variáveis homogêneas no que se refere ao esforço e ao custo financeiro envolvido na sua percepção (9.2.1) o 2) O nível de renda pode ser considerado um bom indicador da capacidade individual de contribuição. (9.2.3) o 3) A utilidade marginal da renda é decrescente e assume valores equivalentes para indivíduos diversos, de tal forma que uma curva de utilidade marginal para a comunidade pode ser obtida pela agregação dos valores individuais correspondentes o 4) Que as distorções provocadas a longo prazo pela inflação e pelo crescimento econômico sejam adequadamente compensadas por reajustamentos periódicos na escala do imposto 9.2.1 – A Homogeneidade de Diferentes Categorias de Rendimento Embora os rendimentos sejam todos medidos da mesma forma (moeda), nem sempre o esforço para obte-lo é o mesmo. Principalmente no que se refere a comparação entre rendimentos de trabalho e rendimentos de capital. o Assim um imposto uniforme com taxas progressivas em relação à renda individual seria regressivo em relação ao esforço anual de trabalho Impostos sobre a renda provocam alterações nas escolhas entre trabalho e lazer o Se progressivos, esse efeito é maior ainda o Contudo, dado que jornada de trabalho não é flexível, esse efeito não é muito significante Uma taxa maior sobre rendimentos de capital deve resultar em um incentivo ao esforço de trabalho suficiente para compensar os possíveis efeitos adversos provocados ao taxas um dado volume de renda. 9.2.2 – O Custo Financeiro Os diferentes tipos de renda tem gastos diferentes para sua obtenção o Salário não tem o Aluguel tem gastos com depreciação o Isso é compensado pelas chamadas deduções cedulares Porém essas deduções são dificultadas pela contabilidade dessas despesas, então em geral as deduções são separadas em categorias que tem uma dedução fixa. Dessa forma, atividades com maiores despesas que outras inseridas numa mesma categoria acabam sendo penalizadas Essas deduções também da uma vantagem à atividades sem vínculo empregatício em relação ao trabalho assalariado Também traz uma vantagem, principalmente para empregados de alto nível, que transferem para a empresa parte substancial de seus gastos pessoais tais como Transporte, Educação, Saúde, Habitação, etc... 9.2.3 – A Renda como Indicador da Capacidade de Contribuição Não envolve apenas o volume de renda, mas sua variação. Maior variação implica em maior necessidade de poupança. Assim a capacidade de contribuição individual, baseada na equidade, não seria satisfatóriamente representada pelo nível de renda anual. Kaldor: “Um mesmo nível de rendimento total em um determinado ano não representa necessáriamente uma mesma capacidade de gasto”. o Capacidade de adquirir bens e serviços que deve medir a respectiva capacidade de contribuição. Então envolve também o tamanho do patrimônio de cada indivíduo e a composição desse patrimônio. 9.3 – O Imposto de Renda Como Instrumento de Política Econômica Imposto de renda geral e progressivo também é instrumento de política econômica, do ponto de vista da estabilização. Os possíveis efeitos negativos são o desincentivo à poupança. 9.3.1 – O Imposto Progressivo como Instrumento Automático de Estabilização Em ambiente inflacionário a renda nominal do Governo, permitindo a acumulação de superavit orçamentário, retirando excesso de demanda do mercado. o Isso pode ampliar a diferença de tratamento entre os rendimentos provenientes do trabalho assalariado e demais rendimentos, na medida em que os rendimentos do trabalho são mais fáceis de serem descontados. 9.3.2 – Progressividade e Poupança A justiça fiscal, por meio da progressividade, entra em conflito com as necessidades de poupança de um país, principalmente nos subdesenvolvidos. O que limita a capacidade de aumento de renda do país. o Para evitar isso a progressividade é acompanhada por medidas que reduzem o imposto a pagar de renda destinada a novos investimentos. 9.3.3 – O Efeito de Médio e Longo Prazos da Inflação e do Crescimento Econômico sobre a Distribuição da Carga Tributária Com o aumento do nível de preços, as obrigações fiscais também aumentam. O problema então é corrigir os limites máximos e mínimos que cada classe paga. Ou seja, encontrar um índice de inflação representativo para cada classe. o As correções sobre salários são declaradas, mas a maioria das correções de rendimentos de capital não são declaradas.O que faz com que provoca uma redução gradual da carga efetiva sobre os salários. 9.4 – Progressividade do Imposto de Renda 9.4.1 – A Progressividade Nominal Elevado grau de progressividade no Brasil Nível alto de isenção de renda baixa, em virtude de elevada desigualdade 9.4.2 – A Progressividade Efetiva As diferenças entre progressividade nominal e efetiva pode ser explicada por abatimentos permitidos pela legislação do imposto, principalmente relativos a: o Dependentes o Despesas com médicos, dentistas e gastos de hospitalização o Juros de dívidas pessoais o Despesas com educação (própria e de dependentes) o Aplicações em investimento 10 – O imposto Sobre a Renda das Empresas 10.1 – Crescimento e Estrutura da Receita Redução na participação relativa do imposto pago pelas empresas o Reduzido crescimento da tributação sobre lucros Análise do comportamento da receita do imposto de renda sobre empresas deve levar em conta: o Evolução do lucro das empresas e situação econômica nos ultimos anos o Variação do número de contribuintes o Utilização do imposto como instrumento de política econômica Onde: O imposto sobre renda das empresas concentra-se nos setores industrial e comercial, sento a contribuição do setor agricola, insignificante. 10.2 – A Base de Cálculo do Imposto A apuração do lucro para fins de cálculo do imposto obeece a 3 regimes ou critérios alternativos: o 1) Lucro Real Diferença entre receitas e custos o 2) Lucro Presumido Para empresas pequenas, em que a contabilidade é anti-econômica Alíquota única de 12% sobre a receita bruta o 3) Lucro Arbitrado Empresas que, sem motivo justificado, não apresentam registros contábeis requeridos 30% do ativo total ou 15% a 50% da receita bruta ou do capital Em casos de comprovado dolo, pode chegar a 75% da receita bruta ou do capital 10.3 – O Imposto Sobre o Lucro e as Decisões de Produção Se a alíquota é uniforme, ela não afeta a posição de equilíbrio da produção o Porém só no curto prazo, no longo prazo a empresa pode reagir transferindo recursos para outros setores ou substituindo capital por outros fatores no processo de produção. 10.4 – Equidade A hipótese de que as decisões de produção não mudam com imposto uniforme implica que o ônus permanecerá somente com o produtor, contudo outros modelos econômicos contradizem essa não transferência de ônus. o Modelo mark up Empresários fixam a priori uma taxa de licro líquido de impostos que acham “justo” à sua atividade. o Modelo Krzyzaniak-Musgrave Mark up + espectativas de impostos o Modelo neoclássico em condições de risco o Versão dinâmica do modelo neoclássico 10.5 – Efeitos Econômicos da Transferência Efeitos de curto prazo da transferência total de ônus por parte das empresas: o Alocação dos investimentos entre empresas e atividades Se o lucro não muda, as decisões de investir também não o Eficiência antiinflacionária do Imposto de Renda Se ocorre transferência total, a política fiscal antiinflacionária de aumentar impostos às empresas tería efeito oposto ao desejado, as empresas reagiriam aumentando os preços o Competitividade no mercado externo Se a demanda externa por nossas exportações for perfeitamente elástica fica excluída a possibilidade de transferência do imposto via aumento nos preços. Então um custo médio maior reduz a quantidade demandada, reduzindo a quantidade exportada, prejudicando o balanço de pagamentos. Soluções: Incentivos à exportação, reduzindo o custo médio Desvalorização da moeda No longo prazo as principais preocupações são de cunho redistributivo o Certos setores e empresas tem melhores condições do que outros para transferir impostos e fatores de produção aos consumidores. o Em geral, as empresas grandes, o que afetaria a distribuição de renda. o Porém, pode ser que essas empresas sejam mais eficientes, proporcionando uma melhora do ponto de vista alocativo 10.5 – O Imposto Sobre o Lucro e o Financiamento das Empresas Existem 3 formas básicas de expansão: o 1) Reinversão de Lucros Desincentivado pelo aumento de impostos o 2) Colocação direta de novas ações Desincentivado pelo aumento de impostos o 3) Empréstimos Incentivado pelo aumento de impostos 10.6 – A Carga Tributária do Imposto Sobre a Renda das Empresas no Brasil e em Outros Países Tributação sobre as atividades das empresas no Brasil é menor que em países desenvolvidos o Justificado pela necessidade de aumentar o volume de investimentos 11 – Impostos Sobre Vendas de Mercadorias e Serviços As várias modalidades de impostos sobre vendas de mercadorias e serviços diferenciam-se segundo: o 1) A amplitude de sua base 1) Gerais: Incidem sobre transações gerais. (ex.: produtos industriais, compra de bens de consumo...) 1.1) Uniformes: alíquota única 1.2) Seletivos: alíquota diferenciada 2) Especiais: Incidem sobre compra de determinadas mercadorias e serviços (ex.: combustíveis, bebidas acoólicas e fumo) Seletivos sempre o 2) O estágio do processo de produção e comercialização sobre o qual incide a cobrança do tributo Tanto os Gerais quanto os Especiais podem adotar diferentes critérios do ponto de vista do estágio do processo de produção: nível do produtor, do comércio atacadista, do comércio varejista, ou em todas as etapas o 3) A forma de apuração da base de cálculo do imposto Específicos Gerais: 1) Total da transação 2) Valor adicionado Impostos mais frequentes: o 1) Impostos gerais ad valorem, cobrados em todos os estágios de produção, com base no valor adicionado (Imposto sobre Valor Adicionado, IVA) o 2) Impostos gerais ad valorem, cobrados em todos os estágios de produção, com base no valor das vendas em cada etapa do ciclo (Imposto em cascata, ou imposto geral sobre transações) Discrimina contra produtos que apresentassem um número maior de etapas de produção e comercialização, incentivando a integração vertical das empresas e reduzindo o grau de concorrência. (ao contrário do imposto sobre valor adicionado) É de mais fácil evasão o pagamento do imposto cobrado apenas na última etapa. o 3) Impostos gerais sobre a venda de bens de consumo, cobrados no valor da venda ao consumidor final (Imposto sobre Vendas de Varejo, IVV) o 4) Impostos gerais sobre a venda de produtos industriais, com base no valor adicionado (IPI) o 5) Impostos especiais sobre vendas de alguns produtos industriais, com base no valor de venda do produto o 6) Impostos gerais sobre importação de mercadorias e serviços, com base no valor de aquisição (Imposto de Importação, II) 11.2 – Características e Vantagens Teóricas da Tributação Sobre o Valor Adicionado Forma mais moderna de tributação sobre vendas 11.2.1 – A Teoria do IVA IVA é diferença entre preço de venda e o custo de aquisição de determinado bem Contabilmente proporciona a mesma arrecadação que um imposto uniestágio Cálculo “por fora”: o valor do imposto não é computado na base de cálculo Cálculo “por dentro”: o valor do imposto é comoutado na base de cálculo Imposto sobre valor adicionado cobrado em uma única etapa é chamado IPI ou Imposto sobre Vendas ao Varejo. Tratamento dado aos bens de capital, 4 tipos de IVA: o 1) IVA – Produto Nacional Bruto (IVA-PNB) Incide sobre bens de consumo duráveis e bens de capital duráveis não consumidos no ano de aquisição Discrimina empresas cujas técnicas de produção requerem constantes variações de estoque de capital, por serem tributadas nessas variações o 2) IVA – Renda Nacional Líquida (IVA-RNL) Não isenta os bens de capital no momento da aquisição, mas permite dedução nos anos subsequentes, no valor correspondente à depreciação Discrimina empresas cujas técnicas de produção requerem constantes variações de estoque de capital, por serem tributadas nessas variações o 3) IVA – Salário (IVA-S) Isenta a empresa de imposto sobre rendimento oriundo do capital da empresa o 4) IVA – Consumo (IVA-C) Isenta os bens de capital, a insençaõ é feita no na da aquisição Há 3 categorias de cálculo do imposto: o IVA pelo método da adição Apropriado para IVA-RNL Computa o valor adicionado de cada fator de produção, inclusive os lucros obtidos pela empresa o IVA pelo método da subtração Apropriado para IVA-Consumo Subtrai-se o valor total das vendas ao valor total das compras, inclusive de bens de capital o IVA pelo método do crédito Variante do método de subtração Aplica-se a alíquota sobre o valor total das vendas e subtrai-se do IVA referente ao valor das compras Vantagem de autofiscalização tributária Vantagem: flexibilidade à diferenciação de alíquotas sem alterar a arrecadação total Desvantagem: se for concedida uma isenção total do imposto em determinado estágio, o método não registra o montante certo do imposto total, ocorre supertributação dos próximos estágios 11.2.2 – Neutralidade e Produtividade Imposto mais atrativo em termos teóricos Neutro em relação à estrutura organizacional das empresas o Não depende do número de transações por ele sofrido Não concentra a carga em um único estágio o Não há redistribuição de fatores para fora do estágio tributado Carater autofiscalizador, o imposto pago pela empresa vendedora só se transformará em crédito para a empresa compradora se o montante do imposto arrecadado estiver devidamente lançado nas notas fiscais Fácil insentar etapas produtivas 12 – Impostos Sobre o Patrimônio: O Imposto Predial Discrimina em favor dos indivíduos de alta renda o Quanto maior a renda, menor a parcela do patrimônio em imóveis 12.2 – O Imposto Sobre a Propriedade Imobiliária Não há mobilidade da base tributária o A receita de impostos cobrados de uma determinada região só será influenciada pelo aumento do número de imóveis que não se movem para fora da região Há uma correlação grande entre a receita arrecadada e as necessidades de gastos com a região. Quanto mais imóveis, mais receita, e mais necessidade de implementação de estradas, saneamento básico, energia, etc... o Para que a arrecadação seja proporcional à necessidade de gastos: 1) Deve haver um critério para avaliação do valor venal 2) Introduzir nesse critério, mecanismos de ajuste à inflação e crescimento econômico Para isso, há duas alternativas de cobrança: Imposto com base na renda de locação o Muito afetado por medidas de contenção do preço do aluguel, distanciando o valor tributado do valor real do imóvel. Condiciona a taxa de arrecadação à política habitacional do Governo Imposto com base no valor venal o Problema de obter o valor venal de todas as propriedades do município 12.2.1 – Equidade No caso de imóveis alugados, o ônus é transferido para o locatário. No caso de empresas, é considerado custo de produção e transferido para o consumidor da mercadoria. Portanto, desse ponto de vista, o imposto predial é regressivo. o Pois despesas habitacionais crescem menos que proporcionalmente à renda o Além disso há uma tendência de subestimar o valor de propriedades de elevador valor, e superestimar o valor de propriedades de baixo valor Além disso, não é equitativo horizontalmente, na medida que tributa de forma diferente indivíduos de mesma renda, dependendo de sua alocação de recursos em habitação 12.3 – A Utilização de Imposto Sobre Propriedades: Uma Comparação Internacional Imposto predial é mais importante em países de língua inglesa que em países latinos o Utilização desse imposto está mais relacionada com tradição que com outros fatores 12.4 – O Imposto Sobre a Propriedade Imobiliária no Rio de Janeiro 12.4.2 – Composição da Receita: Equidade e Produtividade