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cada qual submetido a giros próprios, em discordância maior ou menor
com os demais, de tal maneira que a concordância representa mero
acaso (tema que tornará a ser abordado no Livro Terceiro). Procedem
das inovações tecnológicas, que alteram os requisitos das proporções
anteriores de composição do produto social sob o aspecto do valor de
uso. Procedem, enfim, da prática maior ou menor do entesouramento,
em resposta a características objetivas da reprodução ou a expectativas
subjetivas dos capitalistas.
De tudo isso não se segue que a reprodução do capital social
total seja impossível, mesmo nas condições de sistema fechado, que é
o pressuposto permanente da construção teórica marxiana, entrando
o comércio exterior como fator contingente. Da argumentação marxiana
decorre tão-somente que a efetivação da reprodução do capital social
total não se dá em estado de equilíbrio. Este estado é apenas uma
tendência atuante em meio a inumeráveis e incessantes desequilíbrios,
cuja autocorreção pelo mercado não impede que prevaleça a acentuação
da desproporcionalidade e a superacumulação de capital em face da
demanda solvente (o mesmo que demanda efetiva, na terminologia key-
nesiana). Situação que, no ápice, desemboca e se resolve na crise cíclica.
Os esquemas marxianos da reprodução do capital social total
ensejaram acesas polêmicas já no final do século passado. Tugan-Ba-
ranovski, destacadamente, extraiu deles a conclusão de que o capita-
lismo poderia desenvolver-se a perder de vista, a salvo de crises eco-
nômicas, se fossem cumpridos os requisitos da proporcionalidade da
reprodução. Tais requisitos, por sua vez, dispensariam a exigência de
ampliação do consumo pessoal, sendo possível imaginar o capitalismo
funcionando com o proletariado constituído por um único indivíduo.
Embora recusasse a loucura metódica de Tugan-Baranovski, admitiu
Hilferding estar implícita nos esquemas marxianos uma concepção har-
monicista e afirmou que, com base neles, seria impossível provar a
derrocada inelutável do capitalismo.
Os esquemas marxianos constituíram, no entanto, um dos argu-
mentos centrais apresentados por Lênin em sua polêmica com os po-
pulistas russos. Em obras como Sobre a Questão Chamada dos Mer-
cados e O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia, os esquemas
marxianos da reprodução social foram utilizados a fim de rebater a
tese populista acerca de impossibilidade da formação do mercado in-
terno capitalista nas condições russas. Conquanto recorresse às análises
de Tugan-Baranovski, então um dos chamados “marxistas legais”, Lê-
nin rejeitou a interpretação harmonicista corrente entre estes últimos.
Motivada, precisamente, pela necessidade de uma réplica à in-
terpretação harmonicista, Rosa Luxemburgo criticou os esquemas mar-
xianos e desviou a explicação da contradição fundamental do capita-
lismo para a questão da suposta realização inviável em face da insu-
ficiência dos mercados num sistema capitalista fechado. Inaugurava-se
OS ECONOMISTAS
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