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 Plano de Aula: 5 - DIREITO CIVIL I DIREITO CIVIL I TÃtulo 5 - DIREITO CIVIL I Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 5 Tema A PESSOA JURÃ�DICA Objetivos ·        Discorrer sobre as diversas concepções acerca da teoria da pessoa jurÃdica. ·        Introduzir o entendimento do conceito de pessoa jurÃdica e sua natureza jurÃdica. ·        Apresentar as diversas classificações das pessoas jurÃdicas de direito público e privado. ·        Apontar as formas de constituição e extinção da pessoa jurÃdica. ·        Identificar as diversas formas de domicÃlio civil da pessoa jurÃdica de direito público e privado. Estrutura do Conteúdo PESSOA JURÃ�DICA 1.     Conceito; natureza jurÃdica; classificação e constituição. 2.     Nacionalidade e domicÃlio. 3.     A desconsideração da personalidade da pessoa jurÃdica. 4.     Regime jurÃdico das associações e fundações. 5.     Extinção das Pessoas JurÃdicas  PESSOA JURÃ�DICA Existe muita discussão têm ocorrido sobre o verdadeiro conceito de pessoa jurÃdica. Para alguns, as pessoas jurÃdicas são seres de existência anterior e independente da ordem jurÃdica, se apresentando ao direito como realidades incontestáveis (teoria orgânica da pessoa jurÃdica). Para outros, as pessoas jurÃdicas são criações do direito e, assim, fora da previsão legal correspondente, não se as encontram em lugar algum (teoria da ficção da pessoa jurÃdica). Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das pessoas jurÃdicas é a de uma idéia, cujo sentido é partilhado pelos membros de uma comunidade jurÃdica, que a utilizam na composição de seus interesses. Sendo assim, ela não preexiste ao direito. A pessoa jurÃdica é um sujeito de direito personalizado, assim como as pessoas fÃsicas, em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, o condomÃnio horizontal, etc. Desse modo, a pessoa jurÃdica tem a autorização genérica para a prática de atos jurÃdicos bem como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurÃdica como o sujeito de direito inanimado personalizado. Pessoa jurÃdica é, assim, a entidade ou instituição que, por força das normas jurÃdicas criadas, tem personalidade e capacidade jurÃdicas para adquirir direitos e contrair obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito que a constitui (art. 45 CC), ou diretamente da lei que a institui. Pessoa JurÃdica, considerada como agrupamentos que se equiparam à própria pessoa, preenchendo determinados requisitos legais e com capacidade para ser sujeito das relações jurÃdicas. - Principal caracterÃstica: a pessoa jurÃdica, embora formada por pessoas naturais, tem vida própria e autônoma não se confundindo com a vida de seus membros. CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÃ�DICA 1- NACIONALIDADE - ART 11 LICC  2- ESTRUTURA INTERNA -  NACIONAL    OU   ESTRANGEIRA - CORPORAÇÃO  Sociedades empresárias e simples - Associações - Fundações        Pessoa JurÃdica de Direito Público 1. P. J. D. EXTERNO: Regidas pelo Direito Internacional, abrangendo: ONU/OEA, UNESCO, FIFA, Nações Estrangeiras; entre outros. São criadas através de tratados internacionais, fatos históricos, criação constitucional. – art. 42 novo CC – Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 2. P.J. D. INTERNO: (art. 41) Enumera o Código as pessoas jurÃdicas desta classe : A) ADM. DIRETA - União, os Estados, os Territórios(retorno dos territórios pelo CC 2002), os MunicÃpios e o Distrito Federal. B) ADM. INDIRETA : art. 41, IV – autarquias, e V – demais entidades de caráter público criadas por lei. C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS: Fim especÃfico, sem fins lucrativos. Surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurÃdica de direito público, afetando-o à realização de um fim administrativo e dotando-o de organização adequada. Fundação Nacional de Cultura – instituÃda por lei. Pessoa JurÃdica de Direito Privado - CORPORAÇÕES (associações, sociedades civis simples e empresariais, partidos polÃticos, sindicatos) - FUNDAÇÕES PARTICULARES OBS.: São ainda pessoas jurÃdicas de direito privado como EXCEÇÕES: - EMPRESA PÚBLICA Entidade com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que tenha que ser exercida pelo governo. - SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA Entidade criada por lei para exploração de atividade econômica sob forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria à União ou à Administração Indireta. - PARTIDOS POLÃ�TICOS: Associações civis que têm por escopo assegurar dentro do regime democrático, os direitos fundamentais estatuÃdos pelo CF/88. Foram considerados como pessoa jurÃdica de direito privado pela Lei 9.096, de 19.09.1995, que dispõe em seu art. 1o : Entes Despersonalizados São aqueles que, embora possam ser capazes de adquirir direitos e contrair obrigações, não preenchem as condições legais e formais para serem enquadrados como pessoas jurÃdicas, por falta de alguns requisitos ou pela sua situação jurÃdica “sui generisâ€�. Estão entre tais, a massa falida, espólio e a pessoa jurÃdica “de fatoâ€� – (que são aqueles pequenos comerciantes que compram e vendem produtos sem terem sociedade comercial regularmente constituÃda. ( ambulantes, camelôs etc..)). Art 12, III, IV, V, VII, IX do CPC –  “art. 12 – III – Massa Falida – Serve para designar a situação jurÃdica em que se coloca o negócio ou o estabelecimento comercial, em virtude da declaração de falência de seu proprietário, firma ou comerciante. IV – Herança Jacente e Vacante – (herança sem dono) é entendida a herança que não se apresentam herdeiros do “de cujusâ€�, por não os ter deixado ou por não os ter capazes para sucede-lo como, mesmo, quando livres, por não terem aceito. V – Espólio – é a soma da totalidade dos bens deixados por uma pessoa, após sua morte. VII- A sociedade sem personalidade jurÃdica – falta um dos elementos para tal. IX – o condomÃnio. Começa a existência legal das pessoas jurÃdicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. As pessoas jurÃdicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Em caso de abuso da personalidade jurÃdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurÃdica. A pessoa jurÃdica tem o seu fim através da dissolução, deliberada entre seus membros, ou quando é cassada a autorização para seu funcionamento, porém subsiste até a conclusão da liquidação. ConcluÃda a liquidação, será cancelada a inscrição da pessoa jurÃdica.Ainda poderá ter seu fim por determinação legal ou por ato do governo. DomicÃlio da pessoa jurÃdica  As regras sobre o domicÃlio das pessoas jurÃdicas concentraram-se num mesmo dispositivo legal , bordejando as pessoas jurÃdicas de direito público interno e as pessoas jurÃdicas de direito privado. Como na expressão domicÃlio subtende-se a idéia de residência, com ânimo definitivo, jaz inapropriada a sua extensão à s pessoas jurÃdicas, o que, porém e no fundo, ocorre apenas como mais uma criação ficcional do legislador. Diz-se, sem receio de equÃvoco, que ao legislador cabia articular e engenhar sistema normativo mais esmerado e expressão mais adequada para, com precisão, alcançar melhor a disciplina sobre o chamado domicÃlio das pessoas jurÃdicas. Na realidade, o novo texto pouco ou nada remoçou o instituto do domicÃlio das pessoas jurÃdicas, haja vista que foi reproduzido sem inovação de relevo algum. Com as considerações acima expendidas, retoma-se o tema, salientando que as pessoas jurÃdicas, malgrado a sua realidade incorpórea, reclamam a identificação do núcleo ou do centro em que ocorrem as relações jurÃdicas a partir do qual se desenvolvem as atividades que lhe são próprias, em conformidade com a sua natureza. Sob esse influxo, o Código Civil fixou, peremptoriamente, o domicÃlio das pessoas jurÃdicas, quer de direito público quer privado, de caráter interno ou externo. DomicÃlio da pessoa jurÃdica de direito público interno - Em relação à s pessoas jurÃdicas de direito público interno, limitou-se o Código Civil a ativar a regra consagrada na legislação anterior, acrescentando, apenas, que o domicÃlio dos Territórios são as respectivas capitais, disposição inexistente anteriormente à falta, então, de sua personificação. Com efeito, diz o Código que o domicÃlio: a) da União é o Distrito Federal; b) dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; e c) dos MunicÃpios, o lugar onde funcione a administração municipal. Releva advertir que as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por lei foram enquadradas na categoria genérica das chamadas demais pessoas jurÃdicas de que cuida o Código Civil , a cujo regime jurÃdico equiparam-se para efeito de domicÃlio. DomicÃlio das demais pessoas jurÃdicas - À exceção da União, dos Estados, dos Territórios e dos MunicÃpios, as pessoas jurÃdicas, de direito público interno ou de direito privado, têm como domicÃlio: a) o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações; ou b) o lugar designado no estatuto ou contrato social ou ato constitutivo. Na definição certeira do domicÃlio, examina-se, em primeiro diagnóstico, a disposição legal encartada nos atos legais da pessoa jurÃdica. Em havendo posição afirmativa, o domicÃlio será o lugar, por conseguinte, definido no estatuto, contrato social ou ato constitutivo, pacificado pela formalidade que o credencia expressamente. À falta de revelação expressa, o domicÃlio das pessoas jurÃdicas será, porém, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações. Admite-se, em outra análise, que se consolide o entendimento de que, à revelia das disposições expressas e formais constantes no estatuto, contrato social ou ato constitutivo, o domicÃlio desloque-se para o lugar onde se exerce o verdadeiro comando da pessoa jurÃdica, com a presença de seu corpo dirigente, do qual partam as ações estratégicas e gerenciais de maior nÃvel ou poder hierárquico, em decorrência das quais pulsa a vida empresarial. Dá-se, no caso, a descaracterização ou a desformalização do domicÃlio, principalmente quando ele se artificializa por meio de maquiagens ou traquinagens jurÃdicas, com o propósito de escapulir à s exigências e obrigações legais, iludindo o Estado ou a sociedade. CaracterÃstica que merece destaque é a de que a pessoa jurÃdica, se dispuser de estabelecimentos em lugares diferentes, será dotada de domicÃlio plural. Com efeito, conforme o perfil, as caracterÃsticas e as necessidades intrÃnsecas da pessoa jurÃdica, pode-se, perfeitamente, fragmentar a sua unidade nuclear, de cujos pedaços compõem-se outros estabelecimentos, a fim de otimizar a atuação da entidade, ao tempo em que cada uma delas será considerada domicÃlio para os atos individualmente praticados. Essa disposição socorre os que contratam com a pessoa jurÃdica, cultivando-se a possibilidade de facilitar, de um lado, o acionamento judicial dessas entidades e, do outro, barrar o surgimento de embaraços processuais relativos ao foro. Quando a administração, ou diretoria, tiver sede no estrangeiro, estabelece o Código Civil que se haverá por domicÃlio da pessoa jurÃdica, no tocante à s obrigações por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Assim, as obrigações assumidas pela pessoa jurÃdica, cuja administração ou corpo dirigente situem-se em território estrangeiro, serão legadas à agência localizada no paÃs, reconhecendo-se como tal o seu domicÃlio. Para a lei, o fato de a pessoa jurÃdica centrar a sede de sua administração ou diretoria no estrangeiro não transmuda ou inibe o domicÃlio do lugar em que se estabelece no Brasil, em relação à s obrigações aqui contraÃdas, independentemente da nacionalidade da empresa. Pluralidade de DomicÃlios - Mostra-se flagrante a opção que o legislador assentou sobre a pluralidade de domicÃlio. O regime adotado pelo Código Civil foi o de privilegiar a existência de mais de um domicÃlio, seja pessoa natural ou pessoa jurÃdica de direito privado, razão por que se disse que o legislador perfilhou a escola que cultiva a pluralidade de domicÃlio. Plural ou singular, o que importa, porém, é que haja pelo menos um domicÃlio, haja vista que não é crÃvel a existência de pessoa jurÃdica ou de pessoa natural , ainda que desprovida de toda sorte de bens materiais, sem domicÃlio, como representação do local em que possa a ser encontrada. Assim, tendo a pessoa natural multifárias residências ou exercendo sua ocupação em variadas localidades, é certo que cada uma delas constituirá o seu domicÃlio ou, em última hipótese - homenageando a segurança das relações jurÃdicas -, o local onde for encontrada, com o que se afasta o risco da inexistência de domicÃlio na ordem jurÃdica nacional. E no que tange à s pessoas jurÃdicas, prevalece, também, a regra que autoriza a existência da pluralidade de domicÃlio, bastando que se diversifiquem os estabelecimentos em lugares diferentes, reputando-se domicÃlio cada um deles, segundo os atos nele praticados. Preponderância do domicÃlio - Ao contrário de juÃzo precipitado, diz-se que o legislador optou pelo modelo liberal, ao consentir a pluralidade de domicÃlio, sem hierarquizá-lo ou priorizá-lo. Na pluralidade de domicÃlio, resolve-se o conflito pela prevalência da atração do fato ou ato sob cuja área de influência ou conexão foi editado, gerando obrigações ou direitos.  Referências bibliográficas: Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 Nome do autor: NADER, Paulo. Editora: Forense Ano: 2008 Edição: 5a Nome do capÃtulo: A codificação do Direito Civil N. de páginas do capÃtulo: 16 Aplicação Prática Teórica Caso Concreto 1 Espécies de pessoas jurÃdicas de direito privado. Prof. José Barros Antônio Luckyless ao chegar na garagem de seu prédio, pela manhã, observou que seu automóvel encontrava-se amassado. Diante do fato, Antônio procurou o SÃndico para que este tomasse providências no sentido de ressarcir o dano causado ao automóvel de sua propriedade. Entretanto, foi surpreendido pelo SÃndico que lhe informou nadapoder fazer uma vez que o condomÃnio não é pessoa jurÃdica, logo, não pode ser responsabilizado pelos danos que por ventura ocorram nas suas dependências. Com dúvida sobre a pertinência do que foi dito pelo sÃndico, Luckyless procura você, seu advogado pessoal, para uma consulta jurÃdica. À luz do caso acima narrado, responda justificadamente: a)    Está correta a afirmação do SÃndico? Justifique. b)    O condomÃnio pode figurar no pólo passivo de uma relação jurÃdica? Justifique. Caso Concreto 2 Espécies de pessoas jurÃdicas de direito privado. Josimar de Sant´Anna, próspero comerciante estabelecido na cidade de Salvador/BA, é um cidadão de bons princÃpios. Ao saber que herdara todos os bens de seu rico tio solteirão que morrera na SuÃça, tratou de buscar dar uma finalidade social à metade de tudo que herdara. Instituiu uma fundação por escritura particular, com finalidade educacional não lucrativa para as crianças carentes da Baixa do Sapateiro, e com dotação de bens livres, tendo registrado o instrumento no Cartório de TÃtulos e Documentos, deixando de mencionar a maneira de administrá-la. Diante do caso acima exposto, pergunta-se: a) Josimar fez a escolha jurÃdica correta ao criar uma fundação e não uma associação? Justifique. b) O procedimento adotado para criação da fundação está de acordo com a lei? Por quê?Justifique. Caso Concreto 3 Pessoa jurÃdica: Desconsideração da personalidade jurÃdica. A empresa Clean Serviços de Limpeza Ltda, prestadora de serviço de limpeza, foi despejada da sua sede, por falta de pagamento de alugueres. De fato, parou de exercer suas atividades, pois dispensou seus empregados por telegrama e encontra-se em local incerto e não sabido. Além dos ex-empregados que não receberam um tostão sequer pela rescisão do contrato de trabalho, diversos credores tentaram receber seus créditos, em vão. No curso de um dos processos ajuizados por uma empresa credora, a Detergentes Clariol Ltda, foi constatado que um dos sócios da Clean Serviços de Limpeza Ltda. transferiu sua parte na sociedade para o manobrista da garagem de seu prédio, além de contrair de má-fé diversas dÃvidas em nome da empresa. A sociedade não possui qualquer ativo para pagar suas dÃvidas. Pergunta-se: a)        A empresa Clean Serviços de Limpeza Ltda. está legalmente extinta? b)        Qual solução jurÃdica para os credores receberem seus créditos?