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Enviado por Mauricio Aquilante Policarpo em

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contrário, que cada estágio de desenvolvimento tem uma lei de-
mográfica própria. (...) Com o desenvolvimento diferenciado da
força produtiva, modificam-se as circunstâncias e as leis que as
regem. Marx, ao se colocar a meta de pesquisar e esclarecer, a
partir desta perspectiva, a ordenação econômica do capitalismo,
apenas formula, com todo rigor científico, a meta que deve ter
qualquer investigação exata da vida econômica. (...) O valor cien-
tífico de tal pesquisa reside no esclarecimento das leis específicas
que regulam nascimento, existência, desenvolvimento e morte de
dado organismo social e a sua substituição por outro, superior.
E o livro de Marx tem, de fato, tal mérito”.
Ao descrever de modo tão acertado e, tanto quanto entra em
consideração a minha aplicação pessoal do mesmo, de modo tão benévolo
aquilo que o autor chama de “meu verdadeiro método”, o que descreveu
ele senão o método dialético?
É, sem dúvida, necessário distinguir o método de exposição for-
malmente do método de pesquisa. A pesquisa tem de captar detalha-
damente a matéria, analisar as suas várias formas de evolução e ras-
trear sua conexão íntima. Só depois de concluído esse trabalho é que
se pode expor adequadamente o movimento real. Caso se consiga isso,
e espelhada idealmente agora a vida da matéria, talvez possa parecer
que se esteja tratando de uma construção a priori.
Por sua fundamentação, meu método dialético não só difere do
hegeliano, mas é também a sua antítese direta. Para Hegel, o processo
de pensamento, que ele, sob o nome de idéia, transforma num sujeito
autônomo, é o demiurgo do real, real que constitui apenas a sua ma-
nifestação externa. Para mim, pelo contrário, o ideal não é nada mais
que o material, transposto e traduzido na cabeça do homem.
Há quase trinta anos, numa época em que ela ainda estava na
moda, critiquei o lado mistificador da dialética hegeliana. Quando eu
elaborava o primeiro volume de O Capital, epígonos55 aborrecidos, ar-
rogantes e medíocres, que agora pontificam na Alemanha culta, se
permitiam tratar Hegel como o bravo Moses Mendelssohn tratou Es-
pinosa na época de Lessing, ou seja, como um “cachorro morto”. Por
isso, confessei-me abertamente discípulo daquele grande pensador e,
no capítulo sobre o valor, até andei namorando aqui e acolá os seus
modos peculiares de expressão. A mistificação que a dialética sofre
nas mãos de Hegel não impede, de modo algum, que ele tenha sido o
primeiro a expor as suas formas gerais de movimento, de maneira
ampla e consciente. É necessário invertê-la, para descobrir o cerne
racional dentro do invólucro místico.
OS ECONOMISTAS
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55 Marx refere-se aí aos filósofos burgueses alemães Büchner, Lange, Dühring, Fechner e
outros. (N. da Ed. Alemã.)

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