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* Marx (1818-1873): breves sínteses de suas idéias políticas * Principais etapas da obra 1º. Filosóficas( escritas ainda na Alemanha, antes de seus 30 anos), com destaque para “A Ideologia alemã” e “O manifesto comunista”( de 1848). 2ª. Políticas (França), destaque para o 18º. Brumário de Luis Bonaparte 3ª. Econômica (Inglaterra): O Capital (Crítica à economia política ). O sentido desta trajetória intelectual tem a ver com sua teoria social: é preciso passar das idéias às condições sociais de existência que determinam e explicam tais idéias * Aspectos a destacar 1. Crítica ao pensamento dominante (ao idealismo hegeliano): “ Não são as idéias que explicam o mundo, mas o mundo( as condições materiais de existência que explicam as idéias)”. 2. Disso decorre a noção de materialismo histórico: A economia determina as idéias e a política (as relações de poder). 2. Método histórico ou dialético: cada fenômeno social é entendido como parte de uma totalidade histórica mais ampla que tem um sentido imanente: sabe-se a direção deste amplo movimento histórico: de onde veio e para onde vai... Presente nasce do passado e determina o futuro em movimentos de tese, antítese e síntese. * Materialismo histórico permite compreender um amplo processo de transformação histórica Pré- história da humanidade (ou comunismo primitivo): não há exploração econômica nem dominação política. Não há estado nem classes sociais. História propriamente dita: quando as condições materiais de existência permitem haver excedente econômico e portanto a exploração de uma classe (a dominante politicamente) por outra (a classe trabalhadora, explorada economicamente e dominada politicamente). A historia da humanidade se divide em 3 grandes etapas que se diferenciam entre si pela forma em que se extrai o excedente econômica e pelo tipo de coerção que a classe dominante exerce sobre a classe trabalhadora: 1.escravismo – coerção física 2. feudalismo – coerção ideológica 3. capitalismo – coerção econômica * Qual a origem do Estado para Marx? Confronto com os contratualistas Estado é uma forma histórica de organização do poder. Nasce com a economia mercantil e seu desenvolvimento está associado à expansão do mercado, isto é, da concentração da propriedade, dos meios de produção, da unificação do comércio dentro de um mesmo território sob controle do poder soberano do Estado. É condição para o desenvolvimento da economia capitalista. Portanto nas sociedade escravocratas ou feudais não se encontra esse tipo específico de organização política. A origem do Estado: Marx # contratualistas. Para os contratualistas, o Estado nasce de um ato de vontade. Para Marx, ele resulta de um processo histórico que independe da vontade dos indivíduos. * O que é o Estado para Marx? Primeira visão ( mais extremada, nas obras de juventude): Estado é um mero comitê que administra os negócios da burguesia . Ou seja, é um instrumento a serviço dos interesses da classe dominante que lhe garante as condições da exploração do proletariado( reconhece e legitima a propriedade privada dos meios de produção) Dai a identificação de Estado burguês e associação fundamental para o marxismo entre Estado e classes sociais Segunda visão(mais nuançada, em obra mais madura intelectualmente: O 18º Brumário de Luis Bonaparte Nesta obra, ele reconhece que o Estado não é um mero objeto ou instrumento a serviço da classe capitalista. Ao contrário, admite que ele possa ter, em certas circunstâncias, autonomia em relação capital * Concepção de sociedade e classes sociais Sociedade: dividida em classes, determinada pela base material de existência:burguesia e proletariado. Sociedade é historicamente constituída e concretamente definida pelo modo de produção dominante(condições sociais e técnicas de produção): escravocrata - feudal – capitalista A sociedade não é um agregado de indivíduos (como pensam os liberais), mas estruturada pelas relações de produção que definem as classes sociais Classes sociais: agrupamentos que se constituem historicamente nas sociedades em função das relações sociais e técnicas de produção Teoricamente só há 2 classes: a classe trabalhadora e a classe que explora o trabalho alheio e se apropria do excedente gerado pelos trabalhadores. As relações de classe são complementares, opostas e contraditórias e se pautam pela exploração e dominação da burguesia sobre o proletariado * Noção de indivíduo Indivíduo é uma abstração na sociedade de classes. Não é possível falar em indivíduo, em geral, mas sim de um indivíduo concreto, membro de uma determinada classe social. Ou seja, o indivíduo é uma mera expressão de sua classe social: “Burguês é a personificação do capital”. A idéia de indivíduo nasce na sociedade mercantil e com a ideologia liberal (que prega a defesa das liberdades individuais como valor máximo a preservar frente qualquer ameaça ) * Concepção de ideologia Ideologia: conjunto de idéias (sob diferentes formas: ciência, religião, senso comum, valores) que explicam o mundo, o justificam e, portanto, legitimam as relações de exploração e dominação, as desigualdades sociais. O pensamento ideológico se caracteriza pela ocultação, inversão da realidade de exploração e dominação entre classes. A exploração e a dominação de classe são construídas, por exemplo, pelos contratualistas (“ideólogos da burguesia”) como relações de igualdade de direitos de todos perante o Estado. “O poder soberano recai igualmente sobre todos” Exemplo de inversão ideológica: o desemprego é explicado como fracasso pessoal, pela incompetência individual, pela apatia ou vadiagem (ou seja, por “culpa” do indivíduo) e não por condições sociais objetivas que reduzem a demanda por força de trabalho, com o desenvolvimento das forças produtivas (novas condições técnicas de produção). * Confronto entre Marx e os liberais: sociedade e política Sociedade para Marx não é um agregado de indivíduo. Ela é definida pelas condições históricas materiais de existência. Política (Marx): dominação de uma classe sobre a outra; luta de classes. “Poder político é a violência organizada de uma classe para a opressão de outra”(p.270) Política (liberais): defesa das liberdades individuais contra possível opressão do Estado, por meio da participação política, luta partidária, do governo representativo (Stuart Mill) Portanto, “não há bem comum, nem interesse geral”. As idéias da classe dominante passam a ser as idéias dominantes em uma sociedade. Locke, Rousseau etc. não passam de ideólogos da burguesia. Liberalismo, democracia são concepções políticas burguesas. Parlamentarismo, eleições = instituições burgueses. Nelas, o proletariado jamais alcançaria sua emancipação verdadeira. * O que é política para Marx? Confronto com Stuart Mill Política é a luta de classes: burguesia dominando a classe proletária e esta tentando romper com a dominação e a exploração. Revolução é o ápice da luta política. Isso porque Marx não acredita nos efeitos da participação do proletariado nas instituições políticas burgueses como os partidos e o parlamento. A verdadeira emancipação do proletariado jamais ocorrerá na sociedade capitalista. Apenas a partir da sociedade socialista e depois na comunista, haverá a verdadeira emancipação que é a emancipação social, “dos grilhões da exploração de uma classe por outra”. Enquanto Mill acredita que a participação política do proletariado permitirá o desenvolvimento da sociedade , para Marx o único caminho é o da revolução. * Noção de História e Mudança Social História é a história da luta de classes e da dominação de uma classe sobre a outra, movida pela dinâmica das condições materiais de existência, ou seja, da base econômica (desenvolvimento das forças produtivas). Há 2 elementos a destacar: “os homens fazem a história, mas não fazem como querem, fazem nas condições ou circunstâncias dadas pela história”(18 Brumário...) 1. condições determinadas da história que independem da vontade ou ação dos homens (“Fortuna’); 2.condições criadas pelo próprio homem(“Virtu”), ié, produzidas pela ação política que transformam a história= revolução * Noção de revolução e crítica da sociedade capitalista. Revolução: ruptura com a etapa história anterior por sua negação. Dialética história e materialista (# dialética idealista hegeliana) Tese – Antítese - Síntese (patamar superior) Revolução burguesa rompe com o mundo feudal. Revolução socialista rompe com a sociedade capitalista. Comunismo: grande síntese. Processo racionalizador e civilizatório (lembrar que para Rousseau o Estado era o processo racionalizador e civilizatório). Obra de Marx está sempre orientada pela idéia da iminência da revolução. Entretanto, sua importância e grandeza não estão na análise ou construção de uma futura sociedade socialista/comunista, mas sim na agudeza da crítica à ordem capitalista.