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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE UNI-BH SILAS DO CARMO DELFINO O ESTUDO DA RELIGIÃO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Belo Horizonte 2010 SILAS DO CARMO DELFINO O ESTUDO DA RELIGIÃO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte, curso de Relações Internacionais, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Prof. Leonardo César Souza Ramos Belo Horizonte 2010 Este trabalho é dedicado a quem tanto amo: meus pais Minha gratidão ao Prof. Leonardo César Souza Ramos, sem seu apoio este trabalho não seria possível. A meus familiares e amigos, pela confiança, apoio, e incentivo durante a elaboração deste trabalho. Louvai ao Senhor! RESUMO A religião possui uma dimensão na afirmação dos valores e crenças capaz de mobilizar e legitimar a ação por parte daqueles que a praticam. No mundo contemporâneo a religião transnacional apresenta alguns desafios que começam a ser percebidos nas relações internacionais pelas características que possui. A globalização é um dos facilitadores da religião transnacional que através de sua ideologia reflexiona regras e valores da sociedade internacional. O fundamentalismo religioso é um exemplo da não aceitação destas regras e valores de um modo extremo. Assim a analise de temas do estudo da religião nas relações internacionais é fundamental para compreensão do modo como a ideologia religiosa é capaz de influenciar as relações internacionais. ABSTRACT Religion has a dimension in the statement of values and beliefs can mobilize and legitimize action by those who practice it. In today's world transnational religion has some challenges that are beginning to be felt in international relations by the characteristics it possesses. Globalization is one of the facilitators of transnational religion through its ideology reflexionates rules and values of international society. Religious fundamentalism is an example of non-acceptance of these rules and values of an extreme way. Religious fundamentalism is an extreme example of these rules on thinking and values. Thus the analysis of issues of the study of religion in international relations is fundamental to understand how religious ideology can influence international relations. 1 1. INTRODUÇÃO Durante a história da humanidade a religião sempre foi compreendida como uma forma complexa de organização social ao redor de ritos, símbolos, e crenças, e que tem por interesse a construção da experiência graças ao efeito de consagração, assumindo uma “[...] função ideológica, função prática e política de absolutização do relativo e de legitimação do arbitrário, que só poderá cumprir na medida em que possa suprir uma função lógica e gnosiológica [...]”. (Bourdieu, 1998, p.46). Consiste no aumento de força material ou simbólica, a garantia de um estilo de vida próprio de um grupo ou classe na estrutura social, por meio da “produção, reprodução, difusão, e consumo de um tipo determinado de bens de salvação”. (Bourdieu, 1998, p. 48). Com a globalização a religião não perdeu seu sentido, entretanto incorporou a sua organização elementos novos, provenientes do estágio em que a historia se encontra. Observa-se a presença de formas sofisticadas nas tradições religiosas, o que constitui na utilização dos meios disponíveis para a propagação da mensagem religiosa. Na contemporaneidade a religião incorporou-se ao desenvolvimento tirando proveito do mesmo para consecução de seu interesse maior no tocante a sociologia que consiste no reforço do poder de “legitimação do arbitrário”, da “legitimação da força material e simbólica capaz de ser mobilizada por uma classe ou grupo”. (Bourdieu, 1998, p. 48). Deste modo, a religião é capaz de estabelecer redes de comunicação e atuar de forma territorial irrestrita. Segundo Scott Thomas, “A globalização [...] tem contribuído para a consolidação e formação de grupos religiosos transnacionais [...]1”. (Thomas, 2000, p. 6). Os lugares territoriais sagrados para cada tradição continuam os mesmos, contudo a religião locomove-se através das fronteiras levando consigo sua ideologia capaz de reafirmar ou reflexionar determinados padrões de valores, normas, e discursos institucionalizados anteriormente. 1 “Globalization [...] has contributed to the formation and consolidation of transnational religious groups [...]”. (Tradução nossa). 2 A religião transnacional apresenta alguns desafios que começaram a ser percebidos nas relações internacionais pelas características que possui: Primeiro, a inexistência de barreiras à expansão da religião transnacional. Segundo, a influência sobre os ideais e valores que determina as escolhas dos indivíduos. Terceiro, a interferência nas decisões políticas. Pensar alguns temas da religião que tenham alguma relação com as relações internacionais pós-guerra fria é fundamentalmente necessário, mesmo diante da compreensão que as relações internacionais possuem objeto de estudo próprio e obedece à determinada epistemologia dentro das ciências sociais. Ainda que o objetivo maior não consista em esgotar tais temas, mas compreender a importância dos mesmos nas relações internacionais. Dentre os muitos temas do estudo da religião nas relações internacionais, o fundamentalismo religioso nas relações internacionais consiste em um dos temas de muita importância para os estudos em questão, principalmente, neste inicio de século, pois a religião como força capaz de instituir ideais de compreensão do mundo na sua totalidade é instrumentalizada para a organização da ação material sem a possibilidade do dialogo entre as partes envolvidas. O principio da diplomacia e da negociação não são reconhecidos, e a visão de mundo instituída através do texto considerado sagrado pela tradição religiosa é que prevalece. 2. RELIGIÃO E GLOBALIZAÇÃO O processo de globalização como fenômeno da ordem mundial pós-guerra fria está atrelado a diversos aspectos cujas dimensões podem ser as mais variadas. A financeira, o volume e a velocidade com que os recursos transitam, e interagem com as economias nacionais. A comercial, com o aumento da demanda por bens e serviços em todos os países. A de produção, que consiste na convergência das características do processo de produção. A institucional, a semelhança crescente dos sistemas nacionais e de suas regulações. A da política econômica, que carrega consigo a redução dos atributos de soberania diante do crescente condicionamento 3 externo. (Baumann, 1996). É verdade que a não muito tempo atrás era impossível pensar que tal dinâmica poderia afetar as mais diversas áreas da sociedade. Em especial a de sua relação com a divindade. Esse processo globalização que objetivava ocasionar mudanças estruturais sobre tudo nas áreas econômica e política alcançou as demais áreas das relações humanas, e conseqüentemente a cultura, ocorreram resistências, como no caso francês em relação à preservação de seu idioma. Mesmo que as observações de resistência sejam pontuais, não generalizáveis, e de caráter especifico em cada manifestação, o que se observou foi que amplamente e principalmente na sociedade ocidental o fenômeno da globalização prevaleceu. O século passado foi marcado por grandes mudanças e transformações nas mais diversas áreas de conhecimento. Nunca havia se experimentado tamanho volume de descobertas capazes de possibilitar a solução de problemas nas diversas instâncias da vida humana. A superação dos desafios se fez evidente através dos avanços na medicina, nos processos produtivos, e nas telecomunicações. Entretanto, as catástrofes naturais, e as proporcionadas pela ação do homem não desapareceram. As duas guerras mundiais, o conflito ideológico leste versus oeste, e os diversos conflitos políticos, étnicos, e religiosos que eclodiram nas mais variadas partes do mundo são o esboço da fragilidade humana. Uma vez que, essa mesma abertura a possibilidades distintas carrega consigo fragilidades advindas da ausência de controle total sobre os fenômenos da natureza. Deveras, o século XX está caracterizado por aquilo que o historiador Eric Hobsbawm chamou de “A era dos extremos”. (Hobsbawm, 2001). A partir do inicio da década de 90 com o término da guerra fria, proporcionada pelo conflito ideológico capitalismo versus socialismo, entre as potências EUA e URSS, e seus respectivos aliados, foi estabelecida uma nova ordem internacional com o reordenamento do sistema internacional de Estados através da ampliação de acordos e alianças políticas, militares, e econômicas, com o objetivo de uma redefinição quanto às respectivas áreas de influencia dos principais atores do 4 sistema internacional. A reestruturação das instituições e mecanismos de regulação e de manutenção da economia política internacional como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Sobre o reordenamento da ordem mundial Samuel Huntington destaca: [...] a possibilidade eminente de conflitos gerados pelo fim da guerra fria, e prevê um mundo de divergências mais profundas do que aquelas baseadas em conflitos Ideológicos, que seriam substituídos pelas disputas civilizacionais, orientadas segundo linhas culturais, étnicas e religiosas. (Huntington, 1997). Assim, as duas últimas décadas do século anterior destacaram-se pelo crescente processo de globalização: “o fenômeno correspondente à soma de fluxos transnacional presentes na vida, e no cotidiano das pessoas que levam à crise do Estado-nação, cujo universalismo e soberania são questionados”. (Amado, 2001). E que segundo Gilles Breton a globalização é entendida como: “a redefinição dos parâmetros que organizam no espaço e no tempo a vida social, política, econômica e cultural”. (Breton,1994). Deste modo, a globalização consiste na perfeita inflexão do tempo e do espaço, as fronteiras nacionais tornam-se permeáveis, as identidades são cobertas em detrimento da edificação da pirâmide faraônica da aldeia global. Os cidadãos são cidadãos do mundo, e por perceberem-se deste modo revogam direitos sobre todas as democracias. Os atores religiosos organizados reivindicam mudanças na conduta intra e extra-estatal sobre a problemática pós modernidade. O elemento transnacional é evidenciado na formação de redes e fluxos de ordem financeira, de informação, de pessoas, culturais, e religiosa. Percebe-se que em meio a esse processo de globalização, a religião apresenta grande vigor, ela está atrelada a um modo globalizante, não se restringe aos limites étnicos geográficos, ou de aspecto apenas cultural. Constitui-se um elemento que transcende a fronteira dos Estados. É dinâmica e está presente na velocidade dos fluxos de comunicação. 3. RELIGIÃO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 5 A principal importância do estudo da religião nas relações internacionais é relevante pelo fato de a religião ser o fenômeno social mais antigo do mundo, e conseqüentemente pelo fato de que a religião não se desvencilha do poder político ao cumprir funções sociais. (Bourdieu, 1998, p. 47). Se a religião cumpre funções sociais, tornando-se, portanto passível de analise sociológica, tal se deve ao fato de que os leigos não esperam da religião apenas justificações de existir capazes de livrá-los da angústia existencial da contingência e da solidão, da miséria biológica, da doença, do sofrimento ou da morte. Contam com ela para que lhes forneça justificações de existir em uma posição social determinada , em suma, de existir como de fato existem, ou seja, com todas as propriedades que lhes são socialmente inerentes. (Bourdieu, 1998, p. 48). O estudo da religião nas relações internacionais é propício na medida em que esta cumpre funções externas, pois as funções internas estariam ligadas às questões pessoais, ou seja, privadas. Aquilo que o conjunto de acordos que instituíram o sistema internacional moderno inaugurou por meio da separação entre o Estado e a Ordem Religiosa, separação entre o poder dos homens e o poder da divindade. As funções internas as quais a religião cumpre são de ordem moral do indivíduo e do grupo, na sua relação com a divindade impalpável. Já as funções externas relacionadas à materialidade, e as condições sociais que o individuo ou grupo estão inseridos. Assim como nas funções internas existe a necessidade do preenchimento das condições psicológicas, morais e éticas, nas funções externas existe a necessidade do preenchimento das condições sociais, portanto materiais. Isso ocorre devido à impossibilidade do pleno cumprimento das funções internas, na indisponibilidade de um modelo exemplar, ou de qualidade de condições materiais de existência. (Bourdieu, 1998, p. 49). Daí a importância do estudo da religião nas relações internacionais no mundo contemporâneo. A religião por meio da manutenção da ordem simbólica contribui para o reforço simbólico das divisões da ordem política, por meio da naturalização um processo em que através da permanente inculcação de pensamento e da eficácia simbólica dos símbolos religiosos legitimam de maneira suprema tais estruturas políticas. 6 A estrutura das relações entre o campo religioso e o campo do poder comanda, em cada conjuntura, a configuração da estrutura das relações constitutivas do campo religioso que cumpre uma função externa de legitimação da ordem estabelecida na medida em que a manutenção da ordem simbólica contribui diretamente para a manutenção da ordem política, ao passo que subversão simbólica da ordem simbólica só consegue afetar a ordem política quando se faz acompanhar por uma subversão política desta ordem. (Bourdieu, 1998, p. 69). A manutenção desta ordem simbólica hierarquizada tende a refletir a ordem cósmica estabelecida por Deus, e deste modo reconhece a existência de privilégios no cósmico e no político, assim naturaliza (legitima) todas as relações de ordem. Entretanto, a homologia existente entre a religião e o poder político não esta privada de tensões e conflitos como observou Bourdieu, pois na medida em que ocorrem os desvios, as corrupções, e a administração do poder político se torna contraria ao que é considerado natural, o poder religioso reivindica a volta ao que é considerado natural. A relação de homologia que se estabelece entre a posição da Igreja na estrutura do campo religioso e a posição das frações dominantes das classes dominantes no campo do poder e na estrutura das relações de classes, fazendo com que a Igreja contribua para a conservação da ordem política ao contribuir para a conservação da ordem religiosa, não elimina as tensões e conflitos entre poder político e poder religioso. (Bourdieu, 1998, p. 72). E ainda o fato de que a “revolução política não basta por si mesma para produzir a revolução simbólica que é necessária para dar-lhe uma linguagem adequada, condição de uma plena realização”. (Bourdieu, 1998, p.77). Os estudos relacionados à maneira como a religião tem impactado as relações internacionais são freqüentes, e as publicações sobre este tema despertado o interesse de estudantes, pesquisadores, e profissionais das relações internacionais. O livro “Religion in International Relations: The Return from Exile”, “Religião em Relações Internacionais: O Retorno do Exílio”, editado por Fabio Petito and Pavlos Hatzopoulos em 2003, destaca que a maioria dos pensamentos sobre as relações internacionais não considera a religião como relevante dentro do núcleo principal da disciplina. Mas, na verdade, as influências religiosas têm sido mais importantes do que a maioria das pessoas percebem. Esta coleção de ensaios fornece um exame útil de como a religião, particularmente o cristianismo e o islamismo têm afetado a 7 política internacional moderna. Alguns autores contestam o argumento que a politização da religião consiste em uma ameaça à segurança internacional, e Scott Thomas contesta o argumento de que o pluralismo cultural e a religião não podem ser conciliados na sociedade internacional moderna. (Petito; Hatzopoulos, 2003). Em 2005 Scott Thomas publicou o livro, “The Global Resurgence of Religion and the Transformation of International Relations: The Struggle for the Soul of the Twenty- First Century”, “O Ressurgimento Global de Religião e a Transformação de Relações Internacionais: O empenho pela Alma do Século XXI”. O livro oferece uma reflexão ponderada sobre a religião e as idéias ocidentais relacionadas à modernidade e as relações internacionais. E considera que a visão convencional sobre o fundamentalismo considera o mesmo como o efeito da transição para a modernidade, cujas semelhanças são singulares aos movimentos anteriores antiliberais e antimodernistas. Scott Thomas afirma que o renascimento da religião é um fenômeno mais amplo e global, consiste propriamente na crise da modernidade. O progresso ocidental consiste para ele no desafio das comunidades de fiéis que buscam conciliar os valores morais e religiosos com a vida política. Mas o desafio central que Scott Thomas apresenta é a necessidade dos formuladores de políticas ocidentais repensarem a forma como a mistura entre religião, nacionalismo e globalização estão causando nas tradições da diplomacia e na hegemonia e desenvolvimento da sociedade ocidental. (Thomas, 2005). Jonathan Fox and Shmuel Sandler publicaram em 2006 o livro “Bringing Religion into International Relations”, “Reconciliando Religião nas Relações Internacionais”. O livro examina o papel desempenhado pela religião nas relações internacionais, bem como por que este papel tem sido ignorado até agora pelos teóricos de relações internacionais. A argumentação de Fox e Sandler consiste no fato de que, embora a religião não seja a força motriz na política mundial, as relações internacionais não podem ser entendidas sem levar em conta a religião. Dentre os temas tratados pelos autores estão às legitimidades religiosas como influência sobre as decisões dos políticos; local os fenômenos religiosos locais conflituosos, as questões transnacionais ligadas aos direitos humanos e controle da população. Os autores 8 discutem questões ligadas as formulações de Huntington “Clash of Civilizations” e sobre o conflito entre Israel e os Palestinos. (Fox; Sandler, 2006) No livro “Religion and International Relations” publicado em 2000, por K.R Dark, o editor salienta que o objetivo do livro é mostrar como a religião se tornou um importante objeto das Relações Internacionais. “So, the studies presented here attempt to build on important work already undertaken within the mainstream of the discipline”2. (Dark, 2000). O livro é uma coleção com nove textos escritos por Internacionalistas, Cientistas Sociais, e Teólogos. O livro editado por K.R Dark tem um capítulo escrito por Scott Thomas com o título “Religion and International Conflict”, que é muito singular quanto a estas interpretações, pois descreve as formas como a religião é frequentemente interpretada nas suas relações com os conflitos internacionais. Embora o texto seja de fundamental importância sobre a questão dos conflitos e da política internacional, o mesmo apresenta também considerações importantes sobre a questão da religião nas relações internacionais de uma maneira mais ampla. E este é o motivo da escolha deste texto para argumentação sobre alguns dos temas de religião nas relações internacionais pretendida nesta monografia. (Dark, 2000). No texto Scott Thomas cita sete formas de interpretação da religião nas relações internacionais, a saber, a religião como forma de ideologia, como forma de identidade, transnacional, como poder flexível, movimentos religiosos como atores transnacionais, como civilização ou área cultural, como comunidade ideacional transnacional, e como comunidades interpretativas. O autor diz que estudiosos das relações internacionais observam o potencial da religião como fonte de representação de idéias, ou forma de ideologia nas relações internacionais, capaz de definir preferências e interpretações sobre o que é certo ou errado, devido ao sistema de crenças e do sistema de valores contidos na religião. Por envolver valores centrais a religião tem o potencial de gerar conflitos mais 2 “Assim, os estudos apresentados aqui tentam construir um trabalho importante já empreendido dentro da corrente principal da disciplina”. (Tradução nossa). 9 intratáveis, ao evocar valores universais e verdades absolutas. Como sistemas ideológicos de crenças fechados as religiões tenderiam a interpretar outras crenças religiosas que não as suas como ameaçadoras, o que propiciaria competição, e hostilidade nas relações internacionais. Diferente de outros tipos de conflitos, os conflitos religiosos são uma espécie de conflito ideológico, em que o compromisso, a coexistência, e a resolução das controvérsias são menos prováveis. Religious conflicts are a type of ideological conflict, and another reason why they are more intractable is because they exclude – almost by the way the conflict is definided – the possibility of compromise, coexistence, or the finding of common ground to resolve disputes. Ideas, unlike territorial disputes, and economic conflicts over trade, money, and natural resources, cannot be divided.3 (Thomas, 2000, p. 2). Outra questão que o autor aborda é que os conflitos religiosos são também em muitos casos os resultados de uma divergência histórica entre os envolvidos. A probabilidade de resolução dos conflitos religiosos através de compromissos é sempre menos provável, pois cada envolvido considera o outro além de oponente também um infiel. Alguns analistas que observam a religião como um aparelho de idéias consideram a possibilidade da ideologia de religiões específicas tornarem essas religiões mais propensas à violência, o exemplo citado é de religiões monoteístas. A crença em uma única e toda poderosa divindade, como se crê o judaísmo, o cristianismo, e o islamismo aumenta o autoritarismo dessas religiões e as faz mais dispostas a praticarem a violência, diferente de outras religiões não monoteístas. A idéia de uma pessoa escolhida estaria ligada aos conflitos religiosamente baseados em Israel, África do Sul, e Irlanda do Norte. O autor reconhece a existência de religiões das pequenas sociedades, aquelas tribais, que consequentemente não representam valores universais, mas estão assim como no mundo clássico ligadas a um templo local associado com uma 3 “Conflitos religiosos são um tipo de conflito ideológico, e uma outra razão por eles serem mais intratáveis é por excluírem – quase pelo modo que o conflito é definido – a possibilidade de compromisso, coexistência, ou o encontro de um campo comum para resolver disputas. Idéias, diferentemente de disputas territoriais, e conflitos econômicos acima de negociação, dinheiro, e recursos naturais, não podem ser divididas”. (Tradução nossa). 10 divindade adorada localmente. Entretanto, Budismo, Cristianismo, Islamismo, e Judaísmo possuem valores universais, sendo que as três primeiras religiões possuem um fundador e mestre conhecido que a seu modo exige a expansão destes valores universais através de discípulos, por ter ele próprio recebido uma revelação de significância universal. Neste sentido, considera que Cristianismo e Islamismo ainda proclamam suas mensagens de modo universal para fazer prosélitos, o que consequentemente gera conflito entre eles. Mas o autor distingue a ideologia da religião das ideologias políticas seculares. E cita alguns exemplos. Primeiro quando o Presidente Ronald Reagan se referiu a União Soviética como um império do demônio, e ainda desejava negociar com eles. Segundo, a opinião do Iran com relação aos Estados Unidos como o grande mal dificultava a normalização das relações entre esses países. Terceiro, a interpretação religiosa dos EUA de destino manifesto que muito contribuiu para a violenta expansão para o oeste, e para o colonialismo Americano no pacífico as Filipinas e Porto Rico. O autor observa que a utilização da religião e das crenças religiosas na política faz com que os comprometimentos morais e as instituições sejam associados com o último e absoluto. Deste modo os valores e crenças religiosas podem ser utilizados pelo Estado para potencializar o controle sobre indivíduos ou grupos, e também de potencializarem indivíduos e grupos para ação independente se opondo ao Estado. E cita alguns exemplos. Primeiro, a igreja ortodoxa grega ou a igreja ortodoxa russa na Rússia pós-soviética, um caso de política estatal menos compromissada. Segundo, da igreja ortodoxa Sérvia, um caso de política estatal legitimadora do abuso dos direitos humanos e da limpeza étnica. Terceiro, a igreja confessionaria na Alemanha nazista ou na República Democrática Alemã, a igreja católica na comunista Polônia, ou na luta anti-apartheid das igrejas cristas na África do Sul. Certamente a ideologia é uma das formas que a religião assume nas relações internacionais, e que a sua importância é inquestionável para os teóricos e analistas da disciplina. Isso pelo fato da ideologia estar diretamente ligada ao discurso de legitimação das práticas. A natureza das grandes tradições religiosas mundiais é universalizante. E compreende cada uma a seu modo no sentido intra e extra estatal 11 um modelo ideal de estrutura social, que está fundado nos valores e crenças desta tradição, e é difundido através da ideologia da mesma com o objetivo de perpetuação deste mesmo sistema de valores e crenças nesta estrutura social. Em outros termos, a religião permite a legitimação de todas as propriedades características de um estilo de vida singular, propriedades arbitrarias que se encontram objetivamente associadas a este grupo ou classe na medida em que ele ocupa uma posição determinada na estrutura social (efeito de consagração como sacralização pela “naturalização” e pela eternização) [...] (Bourdieu, 1998, p.). Segundo o autor a religião também é entendida em Relações Internacionais como fonte principal de identidade social e individual. (Thomas, 2000, p. 4) A system of religious beliefs provides followers with the main source of their identity. There is a basic essentialism and determinism about the nature of religion because religious differences are fundamental and immutable, and they are more important sources of difference than ethnicity, class or gender.4 (Thomas, 2000, p. 4) A religião como formadora das identidades sociais dos indivíduos e grupos define o caráter, a percepção sobre quem são. Portanto, capaz de gerar afinidades entre os semelhantes, e divergência entre os que se distinguem. O autor observa a globalização como fenômeno capaz de contribuir para a construção e consolidação da religiosidade baseada em identidades sociais. “Industrialization, capitalism, and urbanization transformed religions and fragmented historic religious comunities em the west, and now through globalization similar process are transforming the Third World”5. (Thomas, 2000, p.5). A globalização auxilia na reafirmação das crenças e valores, na identidade social baseada na religião tanto na política domestica quanto nas relações internacionais. Certamente a religião cumpre a função de conscientizar o indivíduo, grupos, gêneros e classes, sobre o que eles acreditam e dizem que são. O Estado mais propriamente define a identidade jurídica de seus nacionais e estrangeiros enquanto a religião é 4 “Um sistema de convicções religiosas proporciona para os seguidores a fonte principal da identidade deles. Há um essencialismo básico e determinismo sobre a natureza da religião porque diferenças religiosas são fundamentais e imutáveis, e elas são fontes mais importantes de diferença que etnicidade, classe ou gênero”. (Tradução nossa). 5 "Industrialização, capitalismo, e urbanização transformaram religiões e fragmentaram comunidades religiosas históricas fragmentadas no oeste, e agora através da globalização processo semelhante está transformando o Terceiro Mundo". (Tradução nossa). 12 capaz de definir o ethos de um povo. O Estado fornece aos indivíduos as noções política de cidadania e de responsabilidade cívica, para que estes vivam em sociedade. Utilizando suas instituições estatais, e as instituições não estatais existentes em sua sociedade com o objetivo de criar nos individuas estas noções. Como soberano institui através da submissão e do cumprimento de seus elementos constitutivos jurisdicionais, a garantia de que as identidades jurídicas de seus nacionais serão estabelecidas. A religião é uma “fonte de identidade poderosa vinculada ao ethos cultural de um povo”, e consequentemente, possui capacidade intrínseca de influenciar nas percepções, e na tomada de decisão tanto individual quanto coletiva. (Geertz, 1989) O Ethos de um povo é o tom, o caráter e a qualidade de sua vida, seu estilo moral e estético, e sua disposição é a atitude subjacente em relação a ele mesmo e ao seu mundo que a vida reflete. A visão de mundo que esse povo tem é o quadro que elabora das coisas como elas são na simples realidade, seu conceito da natureza, de si mesmo, da sociedade. Esse quadro contém suas idéias mais abrangentes sobre a ordem. (Geertz, 1989, p. 93) Certamente a religião como fonte formadora da identidade social de indivíduos e grupos no estudo das relações internacionais é considerada devida às dimensões e especificidades que ela alcança na esfera valorativa e, portanto legitimada quanto às preferências e escolhas intra e extra estatal. Está fundamentada no que se diz, e no que se acredita que é, ou seja, na auto-compreensão e na auto-definição. Religião definida como idéia transnacional é outra forma como o autor observa a religião no estudo das relações internacionais. O autor afirma que a globalização também tem contribuído para a consolidação e formação de grupos religiosos transnacionais, através do sistema interligado de comunicação, e tecnologia. Ela possibilita ligações mais próximas entre pessoas de religiões similares em países diferentes. Observa-se nas manifestações religiosas, e principalmente nas grandes tradições, a disposição de recuperar o status perdido durante a manutenção da ideologia do capital versus o comunismo proporcionado pela guerra-fria. A religião em um ambiente globalizado contribui significativamente para que o caráter transnacional 13 da religião seja acentuado, as condições são favoráveis. (Thomas, 2000, p.5) define a idéia de transnacional atrelado à religião do seguinte modo: “Ideas are said to be ‘transnational’ when people in many different countries hold to a similar belief system, conception of morality, or believe in particular international laws or international norms”6. E as características das idéias transnacionais como definidas por este mesmo autor revelam a especificidade do conceito de transnacional, a existência de símbolos e textos, e de pessoas compromissadas com o estabelecimento e propagação de determinada mensagem. Transnational ideas often also have a coherent set of symbols and texts. This is particularly the case for the main world religions, and exemples include the Crescent, the Bible, the star of David, and the Qur’na. But secular transnational ideas also have their texts and symbols, such as the red flag and the Communist Manifesto. Transnational ideas also have leading individuals, such as prophets or teachers – examples include Muhammad, Marx, or Theodore herzl 7. (Thomas, 2000, p. 6). Assim a globalização permite maior dinamicidade às idéias transnacionais, e principalmente no caso das grandes tradições religiosas, que se beneficiam ao difundirem sua mensagem em um ambiente amplamente favorável. Certamente como as transformações geradas pelo nascimento e desenvolvimento das cidades em oposição ao campo contribuíram para a aparição e desenvolvimento das grandes tradições religiosas, e para a necessária moralização e sistematização das crenças e práticas destas tradições. A globalização impulsiona as grandes tradições religiosas por meio de suas idéias transnacionais no objetivo de conciliar “[...] à constituição de instâncias especificamente organizadas com vistas à produção, à reprodução e à difusão dos bens religiosos, bem como a evolução do sistema destas instancias [...]” (Bourdieu, 1998, p. 37). 6 “Uma idéia é transnacional quando pessoas em diferentes países acreditam no mesmo sistema, concepção de moralidade ou acreditam em determinadas leis e normas internacionais”. (Tradução nossa). 7 “Idéias transnacionais têm também um conjunto coerente de símbolos e textos. Isto é particularmente o caso das principais religiões do mundo, exemplos incluem o Crescente, a Bíblia, a estrela de David, e o Qur'na. Mas idéias transnacionais seculares também têm os seus textos e símbolos como a bandeira vermelha e o Manifesto Comunista. idéias transnacionais também têm pessoas de liderança, como profetas ou professores - exemplos incluem Muhammad, Marx, ou Herzl Theodore. (Tradução nossa). 14 O autor observa que nas relações internacionais a religião também é interpretada como forma de poder flexível, o que constitui um poder por meio das idéias, sejam estas atrativas ou repulsivas. In contrast to “hard power” (military or economic power”, “soft power” is the power of attractive ideas. When ideas are attractive (or even the opposite, repulsive, like racismo r anti-Semitism) they become attitudinal capabilities that make up intangible elements of “power” for actors in international relations.8 (Thomas, 2000, p. 7). E diz que, isto acontece pelo fato de que as idéias de determinada religião se tornam em elementos intangíveis de poder capazes de mobilizar pessoas que acreditam que estas idéias podem influenciar no comportamento dos Estados nas relações internacionais. O autor cita alguns exemplos. Primeiro, no caso do Islamismo como uma religião transnacional ligada aos Estados que se definem como Estados Islâmicos (Paquistão, Bangladesh, Arábia Saudista, Irã, o Sudão, Malásia e Indonésia). Existe uma diferença importante neste fato, pois estes Estados promovem e fundamentam suas políticas externas com interesse em objetivos políticos islâmicos nas relações internacionais. Segundo, a religião transnacional também cria bases para organização internacional cuja afiliação estatal está fundada em pressupostos religiosos, como a Organização da Conferência Islâmica e a Liga Mundial Mulçumana. Certamente religião como forma de poder flexível nas relações internacionais torna- se de fundamental importância pelo fato de serem idéias capazes de conduzir indivíduos e grupos a determinado comportamento e ação. E também por que estas idéias estão fundamentadas a partir de um referencial lógico, e que consequentemente, através da necessidade lógica torna-se unificante analógico dos universos do poder político e do poder religioso. Este sistema simbólico – onde a cosmologia aristotélica integra-se sem dificuldades com seu “primeiro motor imóvel” que transmite seu movimento às esferas celestes mais altas, de onde desce, por graus sucessivos, até o mundo sublunar do devir e da corrupção – parece predisposto por alguma harmonia preestabelecida a exprimir a estrutura “emanacionista” do mundo 8 “Em contraste com "poder inflexível" (exército ou poder econômico", "poder flexível" é o poder de idéias atraentes. Quando idéias são atraentes (ou até mesmo opositivas, repulsiva, como racismo e anti-semitismo) elas se tornam capacidades para a ação através de elementos intangíveis de poder por atores nas relações internacionais". (Tradução nossa). 15 eclesiástico e do mundo político: destarte, cada uma das hierarquias – Papa, Cardeais, Arcebispos, Bispos, baixo clero, Imperador, Príncipes, Duques e outros vassalos -, por constituir uma imagem fiel de todas as demais, constitui, em última instância, um aspecto da ordem cósmica estabelecida por Deus, sendo portanto, eterna e imutável. (Bourdieu, 1998, p. 70). O autor também observa os movimentos religiosos como atores transnacionais importantes no estudo das relações internacionais na medida em que estes atores não estatais influenciam a dinâmica de poder nas relações internacionais pelo uso da força, ou através do poder das idéias. (Thomas, 2000, p. 8). Exemplificando que o uso da força por outros que não o Estado está freqüentemente ligado a movimentos de libertação nacional, e a grupos rebeldes e terroristas. E que por meio do poder das idéias estariam os atores não estatais religiosos como o Vaticano, capaz de influenciar na agenda política e nos debates políticos nas relações internacionais sobre os mais diversos assuntos. O Vaticano por seu caráter histórico possui status no direito internacional de estado soberano, e como participante das conferencias da Organização das Nações Unidas é defensor dos valores morais universais os quais promovam a dignidade e a liberdade humana. Transnational religion can also provide the basis for non-state actors as transnational actors, or as non-governmental organizations (NGOs), and this is the fifth way the impact of religion in international relations has been examined. Transnational actors can influence international relations through the use of force or through the “power of ideas”9. (Thomas, 2000, p. 8). O autor também menciona o chamado modelo missionário de assistência externa, realizado por alguns destes atores transnacionais religiosos em países pobres. A realização de trabalhos de reconstrução moral e da dignidade de indivíduos e grupos em Estados caracterizados pela pobreza, e pela corrupção. As Organizações não Governamentais Religiosas que ultrapassam as fronteiras estatais no intuito de prover serviços sociais básicos. O autor menciona atores não estatais islâmicos, e a Igreja Ortodoxa, incluindo a grega e a russa. E menciona também uma classe distinta de indivíduos chave religiosos que realizaram trabalhos importantes: Gandhi para a independência da Índia, o Papa João Paulo II, Madre Teresa, o Arcebispo 9 “Religião transnacional também pode prover a base para atores não estatais como atores transnacionais, ou como organizações não governamentais (ONGs), e este é o quinto modo como o impacto da religião nas relações internacionais tem sido examinado. Atores transnacionais podem influenciar relações internacionais pelo uso de força ou pelo ‘poder de idéias’ ". (Tradução nossa). 16 Desmond Tutu que utilizaram a força moral, para promoção da dignidade e da liberdade humana. Certamente os movimentos religiosos que atuam como atores transnacionais são de fundamental importância para o estudo da religião nas relações internacionais. Pelo fato de também possuírem o status de Organizações não Governamentais Internacionais, participando na arena internacional através de trabalhos humanitários em meio a guerras, catástrofes, e tragédias. Participando como observadores nos principais fóruns de discussão. Realizando trabalhos sociais complementares no interior dos Estados. Segundo as estatísticas da UIA, atualmente a maioria da OIGs atua na área de indústria e comércio, seguida pelas áreas de medicina e saúde, ciência, matemática e espaço, esporte, comunicações, finanças e turismo, bem-estar e direitos individuais, política mundial, religião [...] finalmente partidos e ideologias políticas. (Herz, 2004, p. 230). Religião como civilização ou área cultural é outro modo que o autor diz que a religião tem sido interpretada no estudo das relações internacionais. Segundo o autor a história das religiões mostra que o local de nascimento das principais tradições religiosas do mundo está próximo à localização central das civilizações antigas, e a partir disso a religião era interpretada nas relações internacionais antes da Segunda Guerra. O autor menciona dois teóricos. Samuel Huntington como o analista que reformulou a tendência da análise das civilizações baseadas nas religiões pós - Guerra fria. A tese de Samuel Huntington é que o conflito entre oriente e ocidente foi substituído por um Choque de Civilizações. Interpretando as diferenças culturais e os compromissos de fidelidade religiosa como fonte principal de conflito nas relações internacionais. E também Michael Vlahos, que utiliza o termo área cultural para revogar o conceito de aldeia global, ou seja, Vlahos divide o mundo como uma seqüência de áreas culturais capazes de instituir padrões de comportamento e de pensamento através da cultura. Sua tese interpreta o mundo dividido em áreas culturais, sendo as divisões geográficas e nacionais um aspecto secundário da realidade existente por meio de cada comunidade cultural. (Vlahos, 1991). 17 A variation of Huntington’s thesis claims that culture has become the main source of division among humankind. This views cultural differences as the main source of international conflict, and is relevant here because the world’s major cultural groupings and the main world religions overlap to a considerable extent10. (Thomas, 2000, p. 11). Certamente civilização ou área cultural também são aspectos no estudo da religião nas relações internacionais que não devem ser esquecidos, pois “As pessoas [...] se identificam com grupos culturais: tribos, grupos étnicos, comunidades religiosas, nações e, em nível mais amplo, civilizações [...]”. (Huntington, 1996, p. 20). Além do mais Samuel Huntington e Michael Valhos não estão propondo através de suas obras uma nova teoria de relações internacionais, ou de ciências políticas, mas estão descrevendo como os aspectos da religião e da cultura não se separam da dinâmica de poder entre os Estados. [...] de todos os elementos objetivos que definem as civilizações, o mais importante geralmente é a religião, como enfatizam os atenienses. Em larga medida, as principais civilizações na História da Humanidade se identificaram intimamente com as grandes religiões do mundo, e povos que compartilham etnia e idioma podem, como no Líbano, na antiga Iugoslávia e no Subcontinente indiano, massacrar-se uns aos outros porque acreditam em deuses diferentes. (Huntington, 1996, p. 47). Religião como uma comunidade ideacional transnacional é também outro modo que o autor observa como a religião é interpretada nas relações internacionais. O teórico mencionado pelo autor é Seymon Brown, que apresenta a religião como uma idéia transnacional em política mundial associada às proposições de Samuel Huntington e Michael Vlahos. A consideração dos aspectos comunitários determinado por meio da cultura e do poder da ideologia de caráter transnacional existente na religião são singulares na construção de seu pensamento. O poder das idéias segundo Seymon Brown será capaz de definir os compromissos de fidelidade política, uma vez que as comunidades ideacionais transnacionais através de idéias atrativas. Para ele as idéias atrativas são capazes de estabelecer 10 “Uma variação da tese de Huntington reivindica que cultura se tornou a fonte principal de divisão entre o tipo de humano. Isto vê diferenças culturais como a fonte principal de conflito internacional, e é pertinente aqui porque os agrupamentos culturais principais do mundo e as religiões mundiais principais sobrepõem a uma extensão considerável”. (Tradução nossa). 18 redes entre as pessoas dispersas pelo mundo independente de limites estatais. E também de determinar o quanto um Estado é hábil para prevalecer em situação de conflito. Most of the ideational communities Brown examines are religious greoups: Islam, Roman Catholics, other Christians, Jews, and what he calls “eastern” religions (including Hinduism, Buddhism and Shintoism in Japan). He argues that the deep commitment people have to the wellbeing of their community is the only durable cement of states, and this cannot be coerced or purchased11. (Thomas, 2000, p. 11). O autor também observa a religião como comunidades interpretativas, e diz que: o modelo de interpretação da religião e da identidade social com enfoque modernista ou instrumental ser inconsistente. Segundo o autor o enfoque modernista observa a identidade étnica, e religiosa, como não mais importante que qualquer outra identidade, dando importância as condições materiais de utilização destas identidades para alcançar mais fins políticos e sociais. Deste modo o ressurgimento da religião é interpretado como uma situação contingente. E neste sentido a inconsistência fundamental da interpretação modernista estaria em não levar em consideração o componente identidade e a religião. O autor considera dois modos que conduzem a este modo de observação instrumentalista. Primeiro, a falha ao tentar explicar o que fazem os conflitos religiosos tão violentos, pois as idéias religiosas não disseminam mensagens de violência. Ou de estimulo ao que acontece nos conflitos religiosos. A instabilidade é resultado de um desdobramento que ocorreria no âmbito emocional. Segundo, os tratamentos dados à religião, que é considerada um componente estático da identidade social e da cultura política, considerado errado, pois as interpretações religiosas não estão separadas das políticas. A religião não possui crenças fechadas no sentido de conduzir os grupos religiosos a uma condição de não dinamicidade social e política em meio a história. Os textos considerados sagrados pelas tradições religiosas são fixos,mas os grupos religiosos 11 “A maioria das comunidades de ideacionais que Brown examina são grupos religiosos: Islã, católicos romanos, outros cristãos, judeus, e o que ele chama religiões "orientais" (inclusive Hinduísmo, Budismo e Xintoísmo no Japão). Ele discute que os compromisso profundos que as pessoas têm com o bem estar da comunidade deles é o único cimento durável de estados, e isto não pode ser coagido ou pode ser comprado”. (Tradução nossa) . 19 dinâmicos e contextualizáveis política e socialmente. Neste sentido são as comunidades interpretativas grupos religiosos em diálogo com seus membros e com a sociedade dentro do significado e contexto contemporâneo para cada tradição. Religions are not made up of a bory of static, immutable beliefs, nor are religious groups made up of a body of believers “hermettically sealed” off from the fources of modernization or globalization. Religious interpretations cannot be separated from polítics12. (Thomas, 2000, p. 13). Certamente o estudo da religião nas relações internacionais como uma comunidade ideacional transnacional, e como comunidades interpretativas, tem muita relevância devido ao fato, de que assim como na política, não existe religião sem objetivos e interesse. A religião possui muito poder em unir pessoas através do compartilhamento da experiência comum, das crenças e valores. Os cristão, os muçulmanos, os judeus, em todo o mundo, são o exemplo de uma comunidade gigantesca de pessoas que se auto-determinam irmãos fundamentados em uma experiência comum de crença. As cruzadas, e a reforma protestante podem ser um excelente exemplo de definição de que a religião é um objeto definitivamente dotado de objetivos e interesses. O autor conclui o texto considerando O desafio religioso para sociedade internacional por meio de duas perspectivas, a primeira, a questão das Religiões fortes e Estados fracos, e a segunda, Crenças e valores religiosos. (Thomas, 2000, p. 14). O autor afirma que as formas por ele examinadas sobre como a religião e o conflito religioso é interpretado nas relações internacionais é um modo de analisar de uma maneira ampla, e que é também importante o exame sobre como estudantes as têm interpretado. Para a realização desta analise o autor menciona alguns dos requisitos fundamentais das relações internacionais, como soberania estatal, lealdade política das pessoas, conjunto comum de princípios, regras, e normas. E por meio do questionamento menciona o que é o desafio da religião para sociedade internacional. Primeiro, a quebra destas bases, ou requisitos fundamentais das 20 relações internacionais. Segundo, o estabelecimento de novas crenças e valores por meio de uma nova ideologia transnacional. (Thomas, 2000, p.14). O autor diz que a identidade nacional nos Estados chamados fracos é insignificante devido ao grande período em que foram submetidos ao colonialismo, estes Estados permaneceram esquecidos, e a religião revigora, mobiliza, e organiza bases com alto nível de adesão pautada na ideologia religiosa transnacional. Intra e extra estatal acontece à instabilidade causada pela não adequação aos requisitos fundamentais do sistema internacional como conjunto de regras legitimas. O autor menciona que a única religião com objetivo universalizante com efetivo potencial de reflexionar a soberania estatal é o Islã. Movimentos fundamentalistas, o ideal de implantação de um império fundado na tradição islâmica, e movimentos islâmicos como instrumento para consecução do interesse particular de alguns Estados são as questões que o autor menciona como de fundamental importância na existência de religiões fortes e Estados fracos. The societies in the “new states” continued to see religion, clan, and ethnicity as the basis of social identity. This tendency was exacerbated by modernization. Contrary to the predictions of social scientists in the past, modernization has not caused religion to weaken and disappear, but instead to grow stronger in the public sphere13. (Thomas, 2000, p. 14). O autor menciona que as crenças e valores religiosos nas relações internacionais reflexionam regras da sociedade internacional como integridade territorial, soberania, e o principio de não intervenção, pelo fato destas normas terem sido consagradas mediante um padrão de cultura europeu pautado no colonialismo e no imperialismo. A religião passaria a ter um poder legal acima do poder dos Estados e dos acordos internacionais. Outra questão apontada por ele é que a religião transnacional mediante a existência de conflitos desconsidera a diplomacia e a barganha internacional. O foco nestas questões consiste em observar a religião não 12 “Religiões não são compostas por um corpo estático de convicções imutáveis, nem grupos religiosos são compostos de um corpo de crenças "hermeticamente fechadas" fora das forças da modernização ou globalização. Interpretações religiosas não podem ser separadas de interpretações políticas”. (Tradução nossa). 13 “As sociedades nos “estados novos” continuaram vendo religião, clã, e etnia como a base de identidade social. Esta tendência foi exacerbada através da modernização. Ao contrário das predições de cientistas sociais no passado, que a modernização faria a religião debilitar e desaparecer, mas ao invés crescer mais forte na esfera pública”. (Tradução nossa). 21 como ameaçadora de um modo direto e implacável a estes fundamentos, mas como potencial desafiador de normas primordiais das relações internacionais, e exemplifica mencionando a questão dos direitos humanos. A religião nas relações internacionais para o autor também pode ser considerada através de uma perspectiva reducionista em que a mesma desafia a construção secular da sociedade internacional, mas não os princípios desta sociedade. The West has an interest in influencing the dialogue within religious communities in developing countries in ways that abroadly reflect its values of political participation and individual rights. This requires a long-term commitment to cultural diplomacy, and not just to foreign aid and “antiterrorism” campaigns14. (Thomas, 2000, p. 21). O autor termina a analise dizendo que mediante o declínio de crenças e valores que instituem a sociedade internacional moderna é necessário o investimento em diplomacia cultural por parte dos Estados ocidentais, as religiões não consistiriam em ameaças aos interesses políticos e econômicos dos Estados ocidentais, mas potenciais facilitadores de uma sociedade internacional multicultural. Os atentados de 11 de setembro de 2001, e os acontecimentos que sucederam esta ação durante os últimos anos indicam que é necessária a consideração de temas que estejam ligados a religião nas relações internacionais de modo a considerar sua força tendo em vista as ações materiais que esta é capaz de mobilizar mediante sua ideologia. 4. FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS O fundamentalismo religioso nas relações internacionais constitui uma parte importante nos estudos da disciplina na contemporaneidade. Devido ao modo como estes fundamentalismos realizam ações materiais baseadas em suas ideologias 14 “O ocidente tem interesse em influenciar o diálogo entre comunidades religiosas em países em desenvolvimento. Que reflete, de maneira ampla, os valores de participação política e direitos individuais. Isso requer compromisso a longo prazo com a diplomacia cultural e não somente ajuda externa e campanhas antiterrorismo”. (Tradução nossa). 22 religiosas. Compreender a origem, o propósito, e como o fundamentalismo religioso está articulado contribui para uma visão abrangente destas ações na sua relação com a política internacional dos Estados. O fundamentalismo religioso nas relações internacionais, além da radicalidade de interpretação do texto sagrado para cada tradição, também está presente através da ação terrorista, pois o terrorismo nas relações internacionais constitui um fenômeno cuja especificidade e elemento fundante podem ser causas variadas, e inclusive causas contidas e derivadas do fundamentalismo religioso. No mundo contemporâneo os principais acontecimentos relacionados à ação terrorista têm alguma relação com a religião, principalmente, com o fundamentalismo islâmico. Cabe ressaltar que todas as religiões dotadas de crenças e valores universalistas por natureza possuem alguma tendência a serem fundamentalistas. A utilização do termo fundamentalismo na religião tem sua origem na teologia cristã, pois teólogos protestantes conservadores do século XX, nos Estados Unidos, se opuseram a teologia liberal e ao método histórico critico de interpretação das escrituras sagradas, instituindo as bases do fundamentalismo de fé cristã através da publicação do livro “The Fundamentals: A Testemony to the Truth” (Os Princípios Fundamentais: Um Testemunho da Verdade), e posteriormente a instituição da “World Christian Fundamentals Association” (Associação Mundial Fundamentalista Cristã). O fundamentalismo no catolicismo tem o mesmo propósito de fundamentação da fé cristã, entretanto possui outro nome integrismo. A utilização do termo tem sua origem na Espanha no fim do século XIX, e faz menção a uma corrente políticaque tinha o objetivo de levar o catolicismo a toda a nação e não aceitava a separação entre o secular e sagrado, o laico e o confessional. Amplamente contrários a modernidade cultural e o liberalismo. Nas relações internacionais contemporâneas estes fundamentalismos cristãos não são capazes de conduzir a análise sobre qual seria o potencial destes em reflexionar o modelo de ordem internacional e os fundamentos de instituição do sistema 23 internacional moderno. Mas algumas observações importantes existem como, por exemplo, no caso do fundamentalismo cristão protestante, em sua forma contemporânea, que articula religião e política para promoção de valores cristãos no âmbito social através de sua concepção teológica. Na América Latina o crescimento do cristianismo possibilitou a criação de partidos políticos cristãos na maioria dos países, com representantes desta tradição em todas as instâncias do poder político. Pois o século passado foi caracterizado pelo crescimento significativo do cristianismo nas nações do sul do mundo. E na medida em que estes grupos ganham adesão nestas sociedades o caráter da política entre os Estados da região tende a ser influenciado por estes valores. Entretanto, o integrismo católico foi suplantado pelo Concilio Vaticano II, a igreja católica se abre para um modo de relação com a modernidade distinta das orientações anteriores que eram contrárias às doutrinas do liberalismo moderno. Mas a presença de elementos da teologia em algumas das correntes católicas, como a teologia da libertação na América Latina possui destaque na consideração sobre a religião no estudo das relações internacionais, pelo fato desta ideologia também admitir a articulação entre religião e política para promoção de valores cristãos no âmbito social nacional e internacional. O fundamentalismo islâmico, por sua vez, deve ser observado no estudo das relações internacionais dentro das peculiaridades históricas deste fenômeno. Uma espécie de renascimento instituído a partir do fim de uma crise política, cultural, e religiosa baseada na colonização européia. Consistem na tentativa de volta a identidade fundamental, renascimento, a intensa necessidade da origem e da identidade islâmica, e a reconstrução de uma Estado ético-religioso, ou de uma civilização guiada pelas crenças e valores do Islão. A formação de movimentos fundamentalistas islâmicos estaria alicerçada na teocracia islâmica com o objetivo de estender a todos os setores da sociedade os fundamentos do Islão de modo totalitário. Suas características consistiriam na chamada do fiel para o entendimento originário do Islão, sobre modo sua condição histórica, política e social, século (XVIII). Os de islamização da sociedade moderna 24 através da modernização e adaptação de aspectos plausíveis no Islão, século (XIX). E os de contra cultura ocidental, de ação fundamentada no idealismo dos textos islâmicos existentes na tradição, século (XX). Os movimentos fundamentalistas islâmicos, embora não sejam na sua totalidade idênticos, e praticantes de ações de violência, necessitam ser considerados no estudo das relações internacionais devido ao modo como estes reflexionam o poder dos Estados, sobre modo os ocidentais. Outro fundamentalismo religioso na contemporaneidade que possui importância no estudo das relações internacionais consiste no fundamentalismo judaico. Como os demais, este fundamentalismo também está relacionado com a crença no idealismo dos textos desta religião, e na necessidade de instituição de um Estado sobre as bases das crenças desta tradição religiosa. No século XVIII, surgem os movimentos judeus integracionistas defensores da cidadania dos judeus nos países onde estes estivessem nascidos. E os segregacionistas considerados fundamentalistas pelo ortodoxismo, acreditam na observância dos textos desta tradição como o principio ordenador do Estado. E os do sionismo, acreditam no retorno dos judeus para uma pátria de judeus, amplamente exclusivistas em todas as questões ligadas a relação social, o judaísmo destes é o único aceitável, e a política é interpretada como o meio de instrumentalização de seus interesses. A consideração destes no estudo da religião nas relações internacionais consistiria de grande importância, pois este movimento sionista foi responsável pela volta dos judeus para a terra prometida, e o estabelecimento do Estado de Israel em 1948. A afirmação destes movimentos fundamentalistas religiosos na contemporaneidade é cada vez mais, a especificidade de suas ações revelam a importância do comprometimento por parte dos Estados com a chamada diplomacia cultural. As relações internacionais contemporâneas não renunciam a esta realidade, cada vez mais os Estados reconhecem esta necessidade de criação de mecanismos eficazes de promoção do reconhecimento das diferenças culturais, e religiosas, tendo por objetivo, o não consentimento de toda forma de discriminação étnica, e religiosa. Mas ainda falta muito a ser alcançado pela sociedade internacional no que se refere a esta questão. 25 5. CONCLUSÃO Religião como sistema simbólico que cumpre a função ideológica de legitimação da ordem política e social consiste num instrumento significativamente eficaz para os Estados nas relações internacionais na contemporaneidade. A teoria social de política internacional (Wendt, 2004) fala sobre a importância das idéias na construção do poder e do interesse, para ele nas relações internacionais o poder é construído através dos interesses, entretanto a construção dos interesses está diretamente vinculada às idéias. As idéias estão diretamente associadas aos interesses e ao poder, pois estes as pressupõe. Neste sentido, a religião por ser uma forma de ideologia capaz de legitimar certo modelo de ordem, ou de reflexionar este modelo, possui elementos consideráveis para interpretação do modo como algumas relações dentro do sistema internacional são estabelecidas. O objetivo não consistiria em verificarmos como cada teoria de relações internacionais entende a religião, ou como o autor faz a verificação da compreensão sobre as idéias por parte da teoria realista, liberal, e marxista, mas ao definir características especificas da religião como, forma de identidade, idéia transnacional, ou ideologia, verificarmos a importância desta no estudo das relações internacionais. Consiste na analise da importância da religião como um objeto que no estudo das relações internacionais está para antes, e depois daquilo que caracteriza as relações de poder. Ou seja, como idéia a religião é elemento fundante na construção dos interesses, e por isso está para antes. Enquanto, legitimadora do poder, a religião é elemento fundante na reafirmação ou revolução da ordem estabelecida, e neste caso está a posteriori. An argument that power and interest are just as important as before, but constituted more by ideas than material forces, inevitably raises the question, so what? If the balance of variables has not changed, what 26 difference does this make to our understanding of international politics?15 (Wendt, 2004, p. 135). A religião nas relações internacionais como força ideacional é capaz de estabelecer o vínculo necessário na promoção da paz, do dialogo, e da multiculturalidade. O dialogo inter religioso, a convergência dos ideais universais e comuns a todas as tradições é capaz de contribuir para a construção de um mundo mais justo e da equidade entre as nações. O investimento em diplomacia cultural consiste na resposta aos fundamentalismos e a rejeição das normas e valores da sociedade internacional contemporânea. 15 "Um argumento que poder e interesse são da mesma maneira importante , mas constituídos mais através de idéias que forças materiais, inevitavelmente aumenta a pergunta, mas o que? Se o equilíbrio de variáveis não mudou, que diferença faz isto a nossa compreensão de políticas internacionais?" (Tradução nossa). 27 REFERÊNCIAS BAUMANN, Renato (org). O Brasil e a economia global. Rio de Janeiro: Campus, 1996. BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1998. DARK, K. R. (Org). Religion and international relations. New York: Palgrave, 2000. DÉMANT, Peter. O próximo milênio- oportunidades e obstáculos para o processo de paz entre Israel e a Palestina. Política Externa, São Paulo , v. 8, n. 3 , p. 152-172, dez/jan/fev. 1999-2000. DURKHEIM, Emile. As formas elementares da vida religiosa. 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