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pressão da grandeza de valor do trigo 1 libra esterlina e 3 libras es- terlinas são ou pequenas ou grandes demais, mas mesmo assim elas são preços do mesmo, pois são, primeiro, sua forma valor, dinheiro, e segundo, expoentes de sua relação de troca com dinheiro. Com condições de produção constantes ou força produtiva do trabalho constante, deve- se despender para a reprodução de 1 quarter de trigo, tanto antes como depois, a mesma quantidade de tempo social de trabalho. Essa circunstância não depende da vontade do produtor do trigo nem da de outros possuidores de mercadorias. A grandeza de valor da mercadoria expressa, assim, uma relação necessária imanente a seu processo de formação com o tempo de trabalho social. Com a transformação da grandeza de valor em preço, essa relação necessária aparece como re- lação de troca de uma mercadoria com a mercadoria monetária, que existe fora dela. Mas nessa relação pode expressar-se tanto a grandeza de valor da mercadoria como o mais ou o menos em que, sob dadas circunstâncias, ela é alienável. A possibilidade de uma incongruência quantitativa entre o preço e a grandeza de valor ou da divergência entre o preço e a grandeza de valor é, portanto, inerente à própria forma preço. Isso não é um defeito dessa forma, mas torna-a, ao contrário, a forma adequada a um modo de produção em que a regra somente pode impor-se como lei cega da média à falta de qualquer regra. A forma preço, porém, não só admite a possibilidade de incon- gruência quantitativa entre grandeza de valor e preço, isto é, entre a grandeza de valor e sua própria expressão monetária, mas pode en- cerrar uma contradição qualitativa, de modo que o preço deixa de todo de ser expressão de valor, embora dinheiro seja apenas a forma valor das mercadorias. Coisas que, em si e para si, não são mercadorias, como por exemplo consciência, honra etc., podem ser postas à venda por dinheiro pelos seus possuidores e assim receber, por meio de seu preço, a forma mercadoria. Por isso, uma coisa pode, formalmente, ter um preço, sem ter um valor. A expressão de preço torna-se aqui ima- ginária, como certas grandezas da Matemática. Por outro lado, a forma imaginária de preço, como, por exemplo, o preço da terra não cultivada, que não tem valor, pois nela não está objetivado trabalho humano, pode encerrar uma relação real de valor ou uma relação derivada dela. Como a forma relativa de valor em geral, o preço expressa o valor de uma mercadoria, por exemplo, de 1 tonelada de ferro, pelo fato de que certo quantum do equivalente, por exemplo, 1 onça de ouro, seja diretamente trocável por ferro, mas de modo algum o con- trário, que o ferro, por sua parte, seja diretamente trocável por ouro. Portanto, para exercer praticamente a ação de valor de troca, a mer- cadoria tem de desfazer-se de seu corpo natural, transformar-se de ouro imaginário em ouro real, ainda que essa transubstanciação lhe seja mais “árdua” do que ao “conceito” hegeliano a transição da ne- cessidade para a liberdade, ou a uma lagosta o romper de sua casca, OS ECONOMISTAS 226