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VALERIANA E CAMOMILA Valeriana officinalis L., valerianaceae, conhecida como valeriana e na Europa conhecida como “erva-de- gato”. É uma espécie nativa das regiões úmidas de vários países da Europa e também do Japão. Seu uso como ansiolítico é difundido em todos os países e devido a sua importância farmacêutica. observa-se um maior número de pesquisa, que visam o melhoramento genético na tentativa de aumentar a quantidade de constituintes ativos (compostos sesquiterpênicos) no farmacógeno (raízes). Constituição química: Os compostos responsáveis pela atividade farmacológica dessa droga são os compostos terpênicos, mais especificamente, sesquiterpênicos e iridoides. Estes constituintes estão presentes no óleo essencial da droga vegetal, de maior importância são os ácidos valerênicos (0,2-0,7%), outros sesquiterpenos voláteis são também encontrados (valerenal, valerianol, valeranona, além de outros derivados monoterpênicos alifáticos, cujo majoritário é o acetato de bornilo, mas não estão relacionados a atividade farmacológica1. A raíz dessa planta apresenta um odor forte, descrito como nauseoso, repugnante ou asqueroso (em farmacopéias versões mais antigas o odor era classificado como nauseabundo2), bem característico devido a esses derivados encontrado no óleo, tanto que fitoterápicos constituído de valeriana observa-se o mesmo odor. A concentração de óleo essencial pode variar de 2mL/kg até 20mL/Kg, bem como o conteúdo de ácidos valerênicos pode chegar a 0,9%, estas variáveis estão relacionados a época de colheita, origem da espécie, bem como processo de obtenção do PA3.Os iridóides encontrados na valeriana são também conhecidos como valepotriatos, são bastantes específicos, ou seja, bastante restritos na natureza, com diferentes substituintes. (Figura 1). Valtrato, isovaltrato, acetalvatratos (dependendo do substituintes) Ácido valerênico A mistura é obtida no óleo essencial e são de difícil separação, além de serem facilmente degradados. A degradação, pode ser observada por cromatografia em camada delgada, no qual a qualidade do óleo essencial obtido pode ser de qualidade inferior pela presença de maior quantidade de manchas na parte inferior da cromatografia4 (Figura 2). 1 Díaz LB, Farmacognosia, Ed. Elsevier, Ed. Espanhola, Madrid, 2003. 2 Que produz náuseas; nauseativo, nauseante, nauseoso. 2.Fig. Nojento, asqueroso, ascoso, repugnante, nauseante, nauseoso (Dicionário Aurélio). 3 Schulz V., Hansel R, Tyler VE, Fitoterapia Racional – Um guia de fitoterapia para as ciências da saúde, 4a ed., 1a ed Brasileira, Ed. Manole, Barueri, 2002 4 Wagner, H & Bladt S. Plant Drug Analysis, Ed. Verlag, Berlin, 2003. 1 2 3 front D C B A start Figura 2: Cromatografia em camada delgada do óleo essencial de Valeriana officinalis. Amostra 1, medicamento fitoterápico disponível comercialmente em drogarias, amostra 2, padrão disponível no Laboratório, (padrão) e amostra 3, disponível comercialmente nas farmácias de manipulação de Divinópolis. 1 g de droga vegetal foi extraída com clorofórmio (5 mL), o extrato foi concentrado e ressolubilizado e aplicado em CCD. Observa-se alta concentração de voltrato e isovoltrato (D), seguidos de acido valerênico (A) e outros produtos (C e B). A concentração de manchas escuras na base (start) é sinal de produto de degradação. (observa-se nitidamente em 2 e 3. No medicamento observa-se a mancha esverdeada (corante do comprimido), mas os pontos importantes são a partir de Rf 0,3-0,75 que indica uma boa qualidade do produto. A mancha correspondente a derivados do ácido valerênico (A) é a predominante em 1. Uso farmacêutico: A raíz cuidadosamente seca contém 1% de valepotriatos, que caracteriza pelo odor desagradável, como mencionado anteriormente, devido aos derivados do ácido isovalérico. A planta cortada é usada em preparações de chá. Os produtos farmacêuticos são principalmente provenientes de extratos aquoso e hidroalcoólicos (etanol 70%, na proporção extrato/planta 4-7:1). A dose tradicional aplicada no chá (extrato aquoso) é, no mínimo de 2g de droga vegetal e uma proporção de planta/extrato 5:1, para produzir uma dose única de 400mg. O uso popular indica uma colher (2-3 g)da raíz administrada várias vezes ao dia3 (preferencialmente 3x). Efeito farmacológico: Acredita-se que o mecanismo de ação da valeriana seja, em parte, semelhante ao aos dos benzodiazepínicos, atuando no complexo macromolecular do GABAA (acido gama-aminobutírico) da membrana do receptor neuronal pós-sináptica. Este tipo de substância liga-se a este receptor que abrem os canais de cloro no SNC, causando a hiperpolarização da membrana e uma diminuição da resposta neuronal (Figura 3). Uma diferenciação marcante entre os medicamentos sintéticos que são usados para este receptor é que os mesmos conduzem a intolerância, hábito ao uso do medicamento ou até dependência química, a valeriana não apresentaria estes inconvenientes. Figura 3: Desenho esquemático do mecanismos de ação de algumas substâncias ansiolíticas e indutoras do sono. Atuam mo complexo macromolecular GABA da membrana neuronal pós-sináptica. Os medicamentos se ligam a proteína reconhecedora do GABAA , abrindo os canais de cloreto5. 5 Robbers, JE & Tyler VE. Las hierbas medicinales de TYLER – uso terapéutico de las fitomedicinas, Ed. Acribia, Zaragoza, 2003. Cl- Cl- benzodiazepínicobarbitúricos valeriana GABA Cl- Hiperpolarização diminuição da transmissão nervosa membrana celular CAMOMILA Matricaria recutita, conhecida popularmente como camomila, é usada na Europa, Estados Unidos e já é bem adaptada no Brasil. O infuso das flores é conhecida como anti-inflamatória e em outros países utilizadas para auxiliar na digestão, como anti-espasmódica. Duas classes de constituintes ativos estão presentes nas flores dessa espécies, os flavonoides, hidrofílicos e antiespasmódicos e o óleo essencial, que é conhecido pela atividade anti-inflamatória. O efeito anti-inflamatório está relacionado mais aos derivados bisabolóis, (-)-α-bisabolol, óxido de (-)-α-bisalolol A e B e matricina, substâncias lipofílicas, presente no óleo essencial. A atividade antiespasmódica esta mais relacionadas as substâncias hidrofílicas, aos flavonóides apigenina e 7-O-glicosídeo apigenina. Nos EUA é bastante difundido o uso de camomila, geralmente se prepara com 3 gramas de flores (1 colherada) em um copo de água (180mL) como anti-inflamatório. Da maneira que utilizada, a extração de óleo essencial (lipofílico), não é tão eficiente, extraindo uma pequena quantidade, enquanto que o uso de infuso (ou seja, do chá) favorece a extração de flavonóides (hidrofílicos). O uso como anti-inflamatório se justificaria pelo efeito benéfico acumulativo, que ocorre com o uso contínuo do infuso das flores5. Observe abaixo os diferentes procedimentos utilizados para a extração das flores de camomila. Observe que nos pontos 3,4,5 há uma região escura no ponto de partida (start), devido a presença de outras substâncias mais polares e que não estão relacionadas ao óleo essencial, pois não se observa no 2. Em 3 observa a extração de a, b+c e d, em 4 e 5 observa-se nitidamente somente a extração da substância mais polar do óleo essencial (a). A 1 2 3 4 5 1 1 d b+c a Cromatografia em camada delgada de sílica-gel dos diferentes extratos obtidos em procedimentos utilizados nas flores de camomila. A: perfil do óleo essencial de camomila: amarelo: óxido de bisabolol, violeta: espatulenol, marrom: polienos, vermelho-violeta: azuleno6 1: padrão azuleno 2: óleo essencial de camomila obtida por arraste de vapor 3: extração lipofílica das flores de camomila, utilizando clorofórmio 4: extração com etanol:água 7:3 5: extração por infuso com água a 60o.C eluente: tolueno:acetato de etila 93:7 revelador: vanilina:ácido sulfúrico, aquecimento a: óxido de bisabolol (amarelo esverdeado), b+c: espatulenol+bisabolol (violeta), d: polienos (marrom) e 1: azuleno. 1 2 3 4 5 1 A mesma placa revelada somente com UV 365 nm, onde se observa manchas amareladas e azulada perto da base, nos pontos 3, 4 e 5, possível indicação de flavonoides. 6 Mariza Ramos et. al., Horticultura Brasileira, n 22, v. 3, 566, 2004.