Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Lista VIII de Microeconomia Revisado em 2 de junho de 2011 Questa˜o 2. Considere uma firma produtora de determinado bem de consumo q, cuja produc¸a˜o depende do uso de bens de capital K e ma˜o de obra L. Apesar de ser livre para usar ambos os insumos em qualquer quantidade, existe uma restric¸a˜o tecnolo´gica que na˜o permite que a raza˜o entre o maquina´rio e o nu´mero de trabalhadores ultrapasse determinada raza˜o R; isto e´, para um determinado nu´mero de trabalhadores L∗, qualquer ma´quina adquirida a mais que a quantia RL∗ na˜o sera´ utilizada na produc¸a˜o. a) Defina alguma func¸a˜o de produc¸a˜o que parec¸a representar esse conceito. Existem va´rias func¸o˜es que poderiam representar essa estrutura de produc¸a˜o (ou variac¸o˜es da mesma). A t´ıtulo de exemplo, poder´ıamos citar: f(K,L) = Lα (min{K,RL})β ou f(K,L) = αL+ βmin{K,RL} b) Suponha que a tecnologia da firma seja f(K,L) = { LαKβ , se K ≤ RL Lα (RL) β , se K > RL para α, β > 0. Defina o retorno de escala dessa firma como func¸a˜o de α e β. Temos para essa func¸a˜o de produc¸a˜o para qualquer λ > 0 f(λK, λL) = { (λL)α(λK)β (λL)α (RλL) β = λα+β { LαKβ Lα (RL) β = λα+βf(K,L). Assim, tera´ retornos de escala • decrescentes se α+ β < 1 • constantes se α+ β = 1 • crescentes se α+ β > 1 c) Se o sala´rio do trabalhador e´ w e o custo do capital r, determine a func¸a˜o de custo mı´nimo dessa firma para f(K,L) = LαK1−α e produto q0, sujeito a` restric¸a˜o K ≤ RL. Ou seja, resolva Min L,K wL+ rK s.a. K ≤ RL LαK1−α = q0 com α ∈ (0, 1) e escreva a func¸a˜o de custo mı´nimo. Dica: separe e resolva em dois casos o problema (ou seja, um em que a restric¸a˜o tecnolo´gica e´ ativa e outra em que na˜o e´ – o caso irrestrito e´ apenas um caso particular da questa˜o 1 em que b = 1− a e A = 1). 1 Seguindo a dica vamos resolver 2 problemas. O primeiro e´ quando a restric¸a˜o na˜o e´ ativa: K∗ < RL∗. Assim, temos que resolver Min L,K wL+ rK s.a. LαK1−α = q0 Montando o Lagrangeano, temos L = wL+ rK − λ (LαK1−α − q0) com C.P.O. dada por ∂L ∂L = w − λαKL 1−α = 0 ∂L ∂K = r − λ(1− α) LK α = 0. Dividindo a primeira pela segunda, obtemos α 1− α K L = w r ⇒ K = (1− α) α w r L. Usando esse resultado na restric¸a˜o, obtemos as demandas contingentes de K e L L∗α ( (1− α) α w r L∗ )1−α = q0 ⇒ L∗ = q0 ( α (1− α) r w )1−α e K∗ = q0 ( (1− α) α w r )α . A func¸a˜o de custo mı´nimo sera´ C(w, r, q0) = wL ∗ + rK∗ = q0 [ w ( α (1− α) r w )1−α + r ( (1− α) α w r )α] = q0w αr1−α [( α (1− α) )1−α + ( (1− α) α )α] = q0w αr1−α [ (1− α)α−1α−α] . Vamos supor que a restric¸a˜o e´ ativa, isto e´, K = RL. Logo, o problema se reduz a substituir essa expressa˜o na restric¸a˜o de produc¸a˜o de maneira que encontramos o Lr (o subscrito r designa que estamos no caso restrito) o´timo: Lα(RL)1−α = q0 ⇒ L∗r = q0 R1−α e, portanto, K∗r = RL ∗ r = q0R α. A func¸a˜o de custo mı´nimo nesse caso sera´ Cr(w, r, q0) = wL ∗ r + rK ∗ r = q0 ( w R1−α + rRα ) = q0 [ Rα−1(rR+ w) ] . d) Tome os seguintes valores para os paraˆmetros do modelo: w = 16 r = 1 α = 1− α = 12 R = 9 2 q0 = 9 d.i) Verifique para esses valores se a demanda pelo fator K do problema irrestrito (isto e´, sem considerar a restric¸a˜o tecnolo´gica K ≤ RL) viola ou na˜o a restric¸a˜o. Para esses valores o capital do problema irrestrito sera´: K∗ = q0 ( (1− α) α w r )α = 9 ( (1/2) 1/2 16 1 )1/2 = 36 e o trabalho L∗ = q0 ( α (1− α) r w )1−α = 9 ( (1/2) 1/2 1 16 )1/2 = 9 4 . Como 36 > 9 9 4 = 20, 25 = RL∗ temos que o capital o´timo na˜o respeita a restric¸a˜o. d.ii) Calcule o custo mı´nimo da firma para ambos os casos (com e sem restric¸a˜o). O custo mı´nimo irrestrito sera´: C(w, r, q0) = q0w αr1−α [ (1− α)α−1α−α] = 9(16)1/2(1)1/2 [(1/2)−1/21/2−1/2] = 72 Ja´ o restrito: Cr(w, r, q0) = q0 [ Rα−1(rR+ w) ] = 9 [ 9−1/2(9 + 16) ] = 75. d.iii) Suponha que exista um treinamento dispon´ıvel que permite aos trabalhadores lidar com qual- quer quantidade de ma´quinas (ou seja, na˜o existiria mais a restric¸a˜o K ≤ RL). Se o custo desse treinamento for 50, uma firma com esses paraˆmetros estaria disposta a adota´-lo? A diferenc¸a entre o custo mı´nimo irrestrito e o restrito e´ igual a` 75− 72 = 3. Se a firma adotasse a tecnologia o custo mı´nimo do problema irrestrito teria que levar em conta o custo dessa adoc¸a˜o. Portanto, ter´ıamos C(w, r, q0) = 72 + 50 = 122 > Cr(w, r, q0) = 75 de maneira que a firma na˜o adotaria a tecnologia. Questa˜o 7. Um produtor de soja adquiriu uma certa quantidade de terra a qual desmatou por completo valendo-se da impunidade que prevalece no sistema jur´ıdico. Pore´m, existe a probabilidade Pr de passar um novo co´digo florestal que cobrara´ uma quantia c de todos aqueles que desmataram de maneira ilegal. Suponha que esse produtor decide quanta soja produzira´ de forma a maximizar seu lucro; isto e´, o produtor escolhera´ q de forma a maximizar pi(q) = p(q)q − C(q) em que C(·) representa a func¸a˜o custo e p o prec¸o da soja. Imagine que C(q) = q2 + Pr · c e que p(q) = αq−β a) Resolva o problema de maximizac¸a˜o de lucro desse produtor em func¸a˜o de q. 3 O problema desse produtor sera´ Max q αq−βq − (q2 + Pr · c) cuja condic¸a˜o de primeira ordem sera´ dada por α(1− β)q−β − 2q = 0⇒ q∗ = ( 2 α(1− β) ) 1 1−β b) O custo imposto pelo novo co´digo influencia a decisa˜o marginal desse produtor de alguma maneira? Explique. Existe algum n´ıvel de custo esperado (E(c) = Pr · c) que faria com que esse produtor obtivesse lucro negativo? Na˜o. Como podemos ver pela condic¸a˜o de primeira ordem, a decisa˜o do produtor a respeito da produc¸a˜o o´tima depende apenas da receita marginal e do custo marginal. Como o custo imposto pelo co´digo florestal e´ fixo (i.e., independe da produc¸a˜o) enta˜o ele na˜o afeta a decisa˜o desse proprieta´rio de terra. Dado o produto o´timo, temos que o lucro seria negativo se αq∗−βq∗ − ( q∗2 + Pr · c ) < 0⇒ Pr · c > 2 α(1− β) − ( 2 α(1− β) ) 2 1−β c) Suponha agora que esse produtor e´ capaz de influenciar a probabilidade desse co´digo ser aprovado. Isto e´, a partir de quantidade l de lobby esse cafeicultor afeta a probabilidade da seguinte maneira: Pr = Pr (l) = 1− 1− e −αl 2 = 1 + e−αl 2 . Dessa forma, o novo problema desse produtor sera´ Max q,l αq−βq − q2 − ( 1 + e−αl 2 ) c− l. Resolva esse problema considerando que αc > 2. Novamente, percebam que o custo imposto pelo co´digo florestal na˜o afeta a decisa˜o de produc¸a˜o desse indiv´ıduo (obviamente, essa na˜o e´ a hipo´tese mais realista; poder´ıamos imaginar que a a produc¸a˜o esta´ associada ao desmatamento e que o custo e´ relativo a` a´rea desmatada). Logo, do item a) temos q∗ = ( 2 α(1− β) ) 1 1−β . Pore´m, esse produtor tambe´m escolhe a quantidade de lobby que ira´ exercer com o intuito de barrar o co´digo. Assim, a C.P.O. para a quantidade o´tima de lobby e´ dada por( e−αl ) αc 2 − 1 = 0⇒ l∗ = ln ( 2 αc ) −α que sera´ positiva pois αc > 2⇒ ln ( 2αc) < 0. 4