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DUPLICATA MERCANTIL – Lei 5.474/1968 1. INTRODUÇÃO - A duplicata é um TC que pode ser emitido em 2 circunstâncias: a) Compra e Venda mercantil (duplicata mercantil) b) Prestação de serviços (duplicata de prestação de serviços) * Assim, a duplicata é TC de EMISSÃO LIMITADA À CAUSA: sua emissão somente pode se dar para a documentação de crédito nascido dessas 2 hipóteses Conseqüência imediata da causalidade: Insubsistência da duplicata originada de ato / negócio jurídico diverso Ex. Se o mutuante saca DUPLICATA para representar crédito concedido ao mutuário, o documento não pode ser tratado como tal , malgrado atender aos requisitos formais da lei. - Veio para substituir a LC A diferença essencial entre a LC e a duplicada reside no regime aplicável ao ACEITE (Fábio Ulhôa): LC: O ATO DE VINCULAÇÃO DO SACADO à cambial é sempre FACULTATIVO (quer dizer, mesmo que devedor, o sacado não se encontra obrigado a documentar sua dívida pela letra) Duplicata: A SUA VINCULAÇÃO É OBRIGATÓRIA, isto é, O ACEITE É OBRIGATÓRIO ( irrecusável) – portanto esse TC comporta execução mesmo sem assinatura do devedor - Para que uma compra e venda seja caracterizada como MERCANTIL, é preciso que: 1) Nos 2 pólos da relação, os sujeitos exerçam, necessariamente, ATIVIDADE EMPRESÁRIA 2) O sujeito que compre o produto utilize-o como MEIO DE PRODUÇÃO, e não como destinatário final Há uma forte corrente majoritária no STJ que entende que deva prevalecer a máxima aplicação do CDC, mesmo nas hipóteses de compra e venda mercantil. Assim, a compra de uma máquina por uma fábrica deve ser considerado como relação de consumo. Da mesma forma, a compra de computadores por um escritório de advocacia é relação de consumo. Esse entendimento leva a um alargamento da utilização da duplicata. - O empresário que opta pelo saque da DUPLICATA terá que escriturar um livro obrigatório – LIVRO DE REGISTRO DE DUPLICATAS – L.D. art. 19. Esse livro também serve de prova de que, de fato, a duplicata foi emitida. A falência de emitente do título , sem a devida escrituração , caracteriza crime falimentar – art. 186 , L.F., VI. > Vantagem das duplicatas: O vendedor consegue antecipar o crédito com o seu próprio banco (ou factoring) 2. FATURA (art. 1°) - Documento obrigatório que deve ser emitido em qq CV mercantil cujo prazo para pagamento exceda 30 dias Se o prazo é menor que 30 dias, a fatura é facultativa - Documento semelhante uma nota fiscal mas sem recolhimento tributário. Obrigatoriamente, junto com a duplicata deverá ser emitida a FATURA, que qualifica e quantifica as mercadorias vendidas. - Hoje em dia, existe a “nota fiscal-fatura”, união das duas, apesar de terem finalidades distintas - Art . 2º No ato da EMISSÃO DA FATURA, dela poderá ser EXTRAÍDA UMA DUPLICATA - Comprova que a duplicata foi emitida a partir de uma CV mercantil. Por isso, a duplicata deve estar sempre acompanhada da respectiva fatura (se não estiver, será a chamada “duplicata fria”). 3. TRIPLICATA (art. 23): Cópia da duplicata (mesmos efeitos, requisitos e formalidades desta) nos casos de extravio ou perda desta. 4. REMESSA E DEVOLUÇÃO DA DUPLICATA. ACEITE (art. 7°) - Realizada a CV mercantil, com a entrega da mercadoria para o estabelecimento do sacado seguem: - Nota fiscal-Fatura - Duplicata Ficam com o sacado - Mercadoria No momento da entrega das mercadorias, o sacado deve assinar a duplicata no campo próprio para o aceite e restituí-la ao sacador em até 10 dias (entrega o canhoto da NF) O mecanismo para o aperfeiçoamento da duplicata deve passar obrigatoriamente pelo ACEITE FORMAL DO TÍTULO (*) pelo comprador ou tomador do serviço. Assim, o vendedor das mercadorias ou o prestador de serviço, após enviar a duplicata ao comprador, deve aguardar no prazo de 10 dias a devolução da mesma com o respectivo aceite (art. 7°) Nesse prazo de 10 dias (a contar do recebimento das mercadorias), o sacado confere a mercadoria (confere o estado, a quantidade, etc) e 2 situações podem ocorrer (art. 7°: Aceite ou recusa do aceite): 1) O sacado dá o aceite (assina a duplicata no campo próprio e restitui ao sacador dentro desse prazo) 2) O sacado recusa a dar o aceite, hipótese em que a duplicata é devolvida ao vendedor acompanhada da exposição dos motivos (LD, art. 7° e §1°). É possível para o comprador se recusar a aceitar o TC, desde que o faça (1) no PRAZO LEGAL, (2) de MANEIRA EXPRESSA e (3) pelos MOTIVOS CONTIDOS NO ART. 8° DA LEI. A falta de devolução do TC ou do aceite de forma INJUSTIFICADA dará ao vendedor o DIREITO DE PROTESTAR O COMPRADOR por falta de aceite ou de devolução (art. 13). (*) ACEITE FORMAL x ACEITE PRESUMIDO: vide item 5 - Art.7° § 2º - Porque, de certa forma, houve aceite - Obs: A duplicata tem 2 vias: o comprador assina na 1ª via e fica com a 2ª via para pagar > Se o comprador não devolver a duplicata? A lei prevê o protesto por aceite presumido. O vendedor junta a prova de que entregou as mercadorias (canhoto da NF) + prova de que não houve recusa e isso servirá para o protesto. > E se a mercadoria foi entregue com avaria? O comprador deverá escrever no verso do TC que recusa a duplicata e os motivos pelos quais o faz. O vendedor deverá emitir nova duplicata com os valores descontados. 5. MODALIDADES DE ACEITE - Há 3 modalidades: a) ORDINÁRIO - Resulta da assinatura do devedor no campo próprio do documento (canto esquerdo inferior ao título segundo o padrão do CMN) - A Duplicata com aceite ordinário é título executivo extrajudicial contra o sacado e seu avalista , independentemente de se encontrar protestada ou não L.D. art. 15 , I. b) PRESUMIDO - Decorre do recebimento das mercadorias pelo comprador , quando inexistente recusa formal. - Trata-se da forma mais corriqueira de se vincular o sacado ao pagamento da Duplicata . - Caracteriza-se o aceite presumido, mesmo que o comprador tenha retido ou inutilizado a duplicata, ou a tenha restituído sem assinatura. Desde que recebidas as mercadorias, sem a manifestação formal de recusa é o comprador devedor cambiário, independentemente da atitude que adota em relação ao documento que lhe foi enviado. c) POR COMUNICAÇÃO - Introduzida em 1968 ; essa modalidade, das três é a menos usual. - Opera-se (desde que a instituição financeira descontadora, mandatária ou caucionada o autorize) mediante a retenção da duplicata pelo comprador e envio de comunicação escrita ao vendedor, transmitindo seu aceite. O instrumento da comunicação, necessariamente em suporte papel, pode ser carta, telegrama ou telecópia (fax), não se admitindo mensagens transmitidas e arquivadas em meio magnético (e-mail). O documento, em que o comprador comunicou ao vendedor o aceite, substitui a duplicata para fins de protesto e execução (L.D. art. 7º § 2º). - Essa figura brevemente será extinta na medida em que se choca de fente com o processo de despapelização do registro do crédito. 6. RECUSA DO ACEITE (art. 8°) > O comprador só poderá recusar a duplicata nas hipóteses elencadas no art. 8°: a) avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando transportadas por conta e risco do vendedor; b) vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade; c) divergência nos prazos ou preços combinados. Assim, a recusa do aceite da duplicata não pode ocorrer por simples vontade do sacado. A falta de aceite pode ser suprida nas seguintes hipóteses: a) quando houver expressa concordância por parte do sacado ou seu representante, o sacado retém a duplicata até a data do vencimento, enviando comunicado escrito a respeito da retenção e do aceite ao apresentante (Lei das Duplicatas, art. 7º, §1º); b) quando a duplicata ou triplicata não aceita e protestada esteja acompanhada de documento que comprove a entrega e o recebimento da mercadoria, não tendo o sacado recusado o aceite no prazo e condições determinados pelos arts. 7º e 8º da Lei da Duplicata (Lei da Duplicata, art. 15, II); c) quandoa duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida haja sido protestada por indicação do credor ou do apresentante do título, desde que acompanhada de documento que comprove a entrega e recebimento da mercadoria (Lei da Duplicata, art. 15, § 2º) Em suma, tratando-se o aceite de evento obrigatório no que se refere à duplicata, ou ele efetivamente é dado pelo sacado, mediante a aposição de sua assinatura no anverso do título ou em documento apartado (Lei da Duplicata, art. 7º § 1º), chamado de aceite ordinário, ou então sua falta é suprida nos termos acima indicados, situação esta que dá azo ao surgimento do que se entende por ACEITE PRESUMIDO. 7. PROTESTO (art. 13) - A duplicata é protestável por (art. 13): 1) FALTA DE ACEITE: o credor encaminha a cartório a duplicata sem a assinatura do devedor, antes do vencimento 2) FALTA DE DEVOLUÇÃO: o credor encaminha a triplicata não assinada ou as indicações relativas à duplicata retida, também antes do vencimento 3) FALTA DE PAGAMENTO: o credor encaminha a duplicata ou triplicata, assinadas ou não, ou apresenta as indicações da duplicata, depois de vencido o título * Na verdade, pouco importa o tipo de protesto, porque os seus efeitos são idênticos, em qq hipótese. - Documentos necessários para o protesto: Triplicata (é a 2ª via “geral” da duplicata) + Canhoto do recebimento das faturas + Cópia do Livro de Registro das Duplicatas = Leva tudo para o Cartório, o qual primeiramente comunica o comprador de que deve pagar Se ele não paga, é feito o protesto Com a confirmação do protesto + Juntada dos documentos supra-citados, pode-se ajuizar a ação executiva - Por que protestar? Se não houver a devolução do TC, o protesto é obrigatório Art. 13 § 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento. Ex: Comprador não devolve a duplicata O vendedor poderia já protestar por falta de devolução da duplicata mas opta por esperar para ver se o comprador vai pagar ou não no vencimento (em geral, essa é a opção escolhida, embora com a não devolução da duplicata já haja uma presunção de que a pessoa não vai pagar) Se o comprador não paga no vencimento, o vendedor pode protestar por falta de pagamento Obs: No protesto por falta de devolução da duplicata o comprador é compelido a pagar § 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas Prazo máximo para protestar a duplicata: 30 dias, DO VENCIMENTO (não é da entrega das mercadorias) Portanto, o protesto deve ser providenciado, pelo credor, no PRAZO DE 30 DIAS, SEGUINTES AO VENCIMENTO DA DUPLICATA, sob pena de PERDA DO DIREITO CREDITÍCIO CONTRA OS CO-DEVEDORES DO TÍTULO E SEUS AVALISTAS (art. 13 §4°, LD). Lembrar que o ACEITE tem que OCORRER ANTES DO VENCIMENTO 8. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (art. 20) - Art. 20: Autoriza as firmas individuais, as sociedades e as fundações a fazerem extração de duplicatas que correspondam à prestação de serviços em quantias iguais às respectivas faturas, que discriminarão a natureza dos serviços prestados. - O protesto, tratando-se de duplicata de prestação de serviços, também poderá ser feito por indicações, caso em que o prestador dos serviços deverá apresentar ao cartório documento que comprove a efetiva prestação dos serviços, bem como o respectivo contrato (Lei da Duplicata, art. 20, § 3º). - Art. 22: Traz a possibilidade de os profissionais liberais e aqueles que prestam serviços de natureza eventual, que, portanto, não são empresários prestadores de serviços, emitirem fatura ou conta de serviço, sendo lhes vedada a possibilidade da emissão de duplicata. Tal fatura ou conta deverá mencionar a natureza e valor dos serviços prestados, data e local do pagamento, e vínculo contratual que deu origem aos serviços executados. Referido documento poderá, a exemplo do que ocorre com a duplicata, ser protestado e instrumentalizar processo de execução contra o sacado. 8.1. RECUSA DO ACEITE (art. 21) - O sacado poderá RECUSAR O ACEITE nas hipóteses do art. 21 (motivos + subjetivos) - AÇÃO DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO: Existe para TC´s. Natureza de liminar pois deve-se provar de imediato ao juiz que o serviço foi mal prestado. 9. DUPLICATA VIRTUAL - O Banco criou o DESCONTO ANTECIPADO DE DUPLICATA (natureza de contrato bancário), que é uma cessão de crédito: o vendedor que vende por duplicata, necessitando de dinheiro antecipadamente, firma contrato com o Banco Crédito representado pela Antecipação do crédito, descontados os juros duplicata (Empresa) e taxas (Banco) (*) Continua como garante da operação (fica como endossante) - AQUELE QUE DEVE PAGAR A DUPLICATA, receberá do Banco uma FICHA DE COMPENSAÇÃO para poder quitar seu débito. (*) Peculiaridades: a) Natureza: Contrato de adesão b) No caso de a duplicata não ser paga, o Banco tem o direito de buscar na C/C da empresa o valor integral do título. Em razão dessa operação, essa cessão de crédito figura como ENDOSSO. - Procedimento: O VENDEDOR, via computador, SACA A DUPLICATA e a ENVIA PELO MESMO PROCESSO AO BANCO, que, igualmente por meio magnético, REALIZA A OPERAÇÃO DE DESCONTO, creditando o valor correspondente ao sacador, expedindo, em seguida, GUIA DE COMPENSAÇÃO BANCÁRIA que, por correio, é enviada ao devedor da duplicata virtual, para que o sacado, de posse do boleto, proceda ao pagamento em qualquer agência bancária. - O CC, em seu art°. 869, § 3°, assim dispõe: “O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”. Trata-se do reconhecimento por lei do titulo virtual, ou seja, não materializado em papel mas registrado em meios magnéticos. - Se o comprador não paga a ficha de compensação, o Banco pode devolver a duplicata para o vendedor e tirar da c/c do cliente o valor que antecipou ou pode, ele mesmo, executar. - Se o comprador não dá o aceite, o Banco emite nova duplicata e desconta os novos juros da c/c do cliente (por ex, antecipou 10.000 mas agora, para a emissão de nova duplicata, descontará 3.000 da c/c do cliente referente aos juros). - O cliente (vendedor) firma com o Banco um contrato de mútuo / cessão ordinária de crédito - Há uma modalidade muito semelhante com essa transação: o FACTORING. O factoring serve para auxiliar o comércio no capital de giro. As empresas de factoring são empresas de fomento mercantil, inscritas no Banco Central. Recebem o cheque por cessão de crédito das lojas e antecipam o crédito, descontando juros. - Diferença com o Banco: 1) O Banco pode retirar da C/C do cliente o crédito não recebido. Natureza de endosso. 2) A factoring compra o crédito. Natureza de cessão ordinária de crédito – por isso, ela não pode descontar do cliente o valor não recebido (o cliente não garante a solvência). Isso lhe daria razão para cobrar juros mais altos mas na prática não é isso que ocorre pois, nessas situações, a factoring pressiona o cliente para reaver o valor (embora a lei não permita). - Ex: Ficha de compensação da NET “Cedente”: É a empresa, que cedeu para o Bradesco o crédito do consumidor Em regra, é cessão de crédito Houve transação de uma duplicata 10. EXECUÇÃO (art. 15) - O art. 15 da Lei da Duplicata disciplina que a duplicata somente poderá aparelhar o processo de execução em duas hipóteses: a) duplicata ou triplicata ACEITA, tratando-se de título no qual o devedor apõe sua assinatura e reconhece a existência da dívida por ele representada e b) duplicata ou triplicata NÃO ACEITA desde que, cumulativamente: - haja sido protestada - esteja acompanhada de documento que comprove a entrega da mercadoria e - o sacado não tenha recusado oaceite nos termos previstos nos arts. 7º e 8º. Se a duplicata não aceita deixar de contar com qualquer desses requisitos, caberá ao seu portador o manejo de AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA para fazer valer seu direito de crédito (LD, art. 16), por meio da qual terá o credor de buscar a declaração judicial da existência do seu crédito. - Contra o SACADOR, ENDOSSANTES E RESPECTIVOS AVALISTAS caberá o processo de execução independentemente da forma e condições do protesto. O sacador somente será executado na qualidade de endossante do título, na medida em que a duplicata sempre é sacada em seu favor. 11. PRESCRIÇÃO (art. 18) - A execução da duplicata prescreve: a) Contra o SACADO E SEUS AVALISTAS: em 3 anos, contados da data do vencimento do título b) Contra o ENDOSSANTE E SEUS AVALISTAS: em 1 ano, contado da data do protesto, c) Para o exercício do DIREITO DE REGRESSO: em 1 ano, contado da data do pagamento Os prazos acima referem-se à prescrição para ações de Execução e de Falência. Para ação Ordinária de Cobrança, contra o devedor, a prescrição é de 20 anos. “Atualmente, o comércio tem adotado a emissão da duplicata virtual, isto é, o vendedor da mercadoria não envia a cártula ao comprador mas, sim, de forma eletrônica, ao seu próprio Banco, visando ao desconto antecipado da mesma. O vendedor e o Banco onde aquele é correntista estabelecem um contrato de antecipação de duplicata, onde o cliente cede, com natureza de ENDOSSO, o TC (duplicata) ao Banco, que automaticamente deposita os valores referentes ao título, descontados de juros e taxas bancárias, passando a ser o cobrador oficial da duplicata. No dia do vencimento, não havendo pagamento do referido TC, o Banco terá o direito de sacar da C/C do seu cliente os valores anteriormente antecipados. Existe, ainda, uma outra modalidade de antecipação de valores, que é realizada pelas chamadas empresas de factoring (faturização), que apresenta um mecanismo semelhante ao da antecipação bancária, tendo como diferença principal que, neste caso, a cessão do TC tem natureza de cessão ordinária de crédito. A duplicata deve ser cobrada via ação de execução, desde que esteja ainda dentro do prazo prescricional previsto no art. 18, Lei 5474/68.” 12. DUPLICATA SIMULADA – art. 172 Código Penal Duplicata “fria”: sacador e aceitante incorrem em crime de ESTELIONATO A duplicata é titulo cuja existência depende de um contrato de compra e venda comercial ou de prestação de serviço. Toda duplicata deve corresponder a uma efetiva venda de bens ou prestação de serviços. A emissão de duplicatas que não tenham como origem essas atividades é considerada infração penal. Trata-se da chamada " duplicata fria" ou duplicata simulada O Código Penal assim define essa infração: Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponde à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado Pena: detenção de dois à quatro anos, e multa ( Código Penal, art. 172 ). 13. OS PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO EM FACE DA DUPLICATA VIRTUAL Faremos, agora, uma breve análise de compatibilidade dos princípios dos títulos de crédito com a duplicata virtual. Princípio da Cartularidade - O devedor deve ter o título em mãos para exercitar o seu direito sobre ele. O credor deve provar que se encontra na posse do documento. - Esse princípio é totalmente incompatível com a duplicata virtual, já que não como se provar a posse de um documento eletrônico, muito menos anexá-lo em sua petição para executá-lo. - É previsto, então, pela lei das duplicatas, o protesto por indicações, através do qual o credor informa ao cartório os dados identificadores. Para a execução desse título, então, basta o citado protesto e a prova de entrega das mercadorias. Princípio da Literalidade - O direito decorrente do título será exercido nos limites do que está literalmente escrito. - Igualmente, esse princípio não se adequa à duplicata virtual, já que não há papel que materialize o título. Princípio da Autonomia - Os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica não comprometem as demais. Não interessa se o ato que originou o título era ilícito. Isso não prejudica as relações que surgiram a partir dessa. Elas são autônomas. - Esse princípio é uma forma de assegurar a circulação dos títulos de crédito e tem total adequação com a duplicata virtual.