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de sociedades asiáticas que contrastam de maneira tão impressionante com a constante dissolução e reconstrução dos Estados asiáticos e com as incessantes mudanças de dinastias. A estrutura dos elementos eco- nômicos fundamentais da sociedade não é atingida pelas tormentas desencadeadas no céu político. As leis das corporações, conforme já observamos, impediam pla- nejadamente, ao limitar com severidade o número de ajudantes que um único mestre de corporação podia empregar, a sua transformação em capitalista. Da mesma forma, somente era-lhe permitido empregar ajudantes no ofício em que ele era mestre. A corporação defendia-se zelosamente contra qualquer intrusão do capital mercantil, a única forma livre de capital, com que se defrontava. O comerciante podia comprar todas as mercadorias, mas não o trabalho como mercadoria. Ele era apenas tolerado como distribuidor dos produtos artesanais. Se circunstâncias externas provocassem uma progressiva divisão do tra- balho, as corporações existentes dividiam-se em subespécies ou funda- vam-se novas corporações ao lado das antigas, porém sem que diferentes ofícios se reunissem em uma oficina. A organização corporativa, por mais que sua especialização, isolamento e aperfeiçoamento dos ofícios pertençam às condições de existência materiais do período de manufatura, excluía, portanto, a divisão manufatureira do trabalho. Em geral, o tra- balhador e seus meios de produção permaneciam unidos como o caracol e sua concha, e faltava assim a base principal da manufatura, a autono- mização dos meios de produção como capital perante o trabalhador. Enquanto a divisão do trabalho no todo de uma sociedade, seja ou não mediada pelo intercâmbio de mercadorias, existe nas mais diferentes formações sócioeconômicas, a divisão manufatureira do trabalho é uma criação totalmente específica do modo de produção capitalista. 5. O caráter capitalista da manufatura Um número relativamente grande de trabalhadores sob o coman- do de um mesmo capital constitui o ponto de partida naturalmente desenvolvido tanto da cooperação em geral quanto da manufatura. Re- ciprocamente, a divisão manufatureira do trabalho desenvolve o cres- cimento do número de trabalhadores empregados numa necessidade técnica. O mínimo de trabalhadores, que um capitalista individual tem de empregar, é-lhe agora prescrito pela divisão do trabalho estabelecida. Por outro lado, as vantagens de uma divisão ulterior são condicionadas MARX 473 os mesmos limites, os mesmos interesses e inclusive as mesmas famílias têm sobrevivido através de gerações. Os habitantes não se preocuparam com o desmoronamento ou a divisão de reinos; desde que a aldeia permaneça íntegra pouco lhes importa o poder a que foi transferida ou a que soberano foi adjudicada. Sua economia interna permanece inalterada." (RAFFLES, Th. Stamfort. “Late Lieut. Gov. of Java”. In: The History of Java. Londres, 1817. v. I, p. 285.)