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FAP/ESTÁCIO 
Disciplina: Fundamentos de Direito Empresarial 
Professor: Mauro Marques Guilhon 
 
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UNIDADE 2: TEORIA DA EMPRESA; EMPRESÁRIO E OBRIGAÇÕES 
PROFISSIONAIS; REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE 
EMPRESARIAL; ATIVIDADES EXCLUÍDAS DO CONTEXTO EMPRESARIAL; 
AUXILIARES E COLABORADORES DO EMPRESÁRIO. 
 
 
 
1. Teoria da Empresa. 
 
De acordo com o Código Civil, o Direito brasileiro adota a Teoria da 
Empresa. Substituiu a teoria dos atos de comércio pela teoria da empresa, 
deixou de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) para disciplinar 
uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços: a empresarial. 
 
Considera-se empresa a atividade econômica organizada. 
 
A empresa, segundo o jurista italiano Alberto Asquini, é um fenômeno 
econômico que, quando transportado para o universo do direito, apresentaria 
quatro perfis distintos: 
 
- Objetivo – o estabelecimento – um conjunto de bens corpóreos e 
incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma atividade 
econômica; 
 
- Subjetivo – o empresário – sujeito de direitos que organiza o 
estabelecimento para o desenvolvimento de uma atividade econômica; 
 
- Funcional – atividade econômica desenvolvida por vontade do 
empresário por meio do estabelecimento; 
 
- Corporativo – empresário + empregados e colaboradores (recursos 
humanos utilizados na execução da atividade econômica a que a empresa se 
propõe). 
 
 
Abrange as atividades de comércio, indústria e serviço. São 
excluídos: profissionais liberais regulados por lei especial e profissionais 
intelectuais de natureza científica, literária ou artística. 
 
Pode-se concluir que a empresa está caracterizada pelo exercício da 
sua organização, pois se todos os elementos construtivos da empresa estiverem 
organizados, mas não se efetivar o exercício dessa organização, não se pode 
falar em empresa. 
 
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Esta é a função do empresário, ou seja, organizar sua atividade, 
coordenando seus bens (capital) com o trabalho aliciado de outrem. 
 
Empresa, portanto, não é coisa corpórea, e sim abstrata, porque 
significa a atividade ou o conjunto de atividades do empresário. Empresa é o 
organismo que, através de alguns elementos ou, fatores, exercita um 
comportamento repetitivo e metódico, exteriorizando a atividade do empresário. 
 
 
2. Empresário e Obrigações Profissionais. 
 
 
2.1 Conceito de empresário (art. 966 do CC): 
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa.” 
 
2.2. Elementos caracterizadores do conceito de empresário: 
 Podemos destacar da definição legal os principais elementos que 
caracterizam o empresário: 
 
a) O profissionalismo: só será empresário aquele que exercer 
determinada atividade econômica de forma profissional, ou 
seja, se fizer dessa atividade sua profissão; 
b) A finalidade lucrativa: é o que se extrai da expressão 
‘atividade econômica’ contida no supracitado artigo; 
c) A organização: o empresário é aquele que articula os fatos de 
produção, sendo estes: CAPITAL (articulação dos bens); 
INSUMOS (bens matérias ou imateriais); MÃO DE OBRA e 
TECNOLOGIA (técnica de exploração da atividade); 
d) A produção ou circulação de bens ou de serviços: que 
demonstra a abrangência da teoria da empresa, em 
contraposição á antiga teoria dos atos de comércio, deixando 
claro que nenhuma atividade econômica estaria excluída, salvo 
as disposições legais contrárias, do âmbito de incidência do 
direito empresarial. 
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Os empresários estão sujeitos às seguintes obrigações: 1) registrar-
se na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua atividade; 2) 
manter escrituração regular de seus negócios; 3) levantar demonstrações 
contábeis periódicas. 
 
Essas obrigações existem com a finalidade de controlar a própria 
atividade, que interessa não apenas aos sócios mas também aos seus credores 
e parceiros, ao fisco e, à própria comunidade. O empresário irregular, ou seja, 
aquele que não cumpre as obrigações não consegue desenvolver negócios com 
empresários regulares, contrair empréstimos bancários, requerer recuperação 
judicial etc. Sua empresa será informal, clandestina e sonegadora de tributos, o 
que gera conseqüências sérias e, inclusive, penais. 
 
# Observações: 
 
 A atividade empresária pode ser exercida por sociedades 
empresariais ou pelo empresário individual. 
 A grande diferença entre empresário individual (pessoa física) e 
a sociedade empresária (pessoa jurídica) é que esta, por ser 
uma pessoa jurídica, tem patrimônio próprio, distinto dos sócios 
que a integram. 
 Em consequência da distinção patrimonial, os bens particulares 
dos sócios (pessoas físicas), em princípio, não respondem 
pelos riscos do exercício da atividade empresarial da sociedade 
empresarial; 
 Ademais, a responsabilidade dos sócios de uma sociedade 
empresária, além de ser subsidiária, pode ser limitada 
(sociedades limitadas e sociedades anônimas). 
 A Lei 12.441, de 11 de junho de 2011, instituiu, com mudanças 
em dispositivos do Código Civil, a ‘empresa individual de 
responsabilidade limitada’ (pessoa jurídica de composta por 
apenas uma pessoa), cujo estudo será feito adiante. 
 
 
 
3. Requisitos para o exercício da atividade empresarial (art. 972 do CC, 
caput): 
 
“Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em 
pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.” 
 
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3.1 Conceito de capacidade: De acordo com a definição clássica, 
capacidade é a medida da personalidade. A capacidade de direito 
(aquisição ou gozo de direito) é a que todos possuem. Já a 
capacidade de fato (de exercício de direito) é a aptidão para 
exercer pessoalmente (por si só) os atos da vida civil. 
 
 
A incapacidade de direito que é a restrição legal imposta ao exercício da 
vida civil, classifica-se da seguinte forma no novo Código Civil Brasileiro: 
 
o Incapacidade absoluta: a) menores de 16 anos; b) quem, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para prática dos atos da vida civil; c) quem, mesmo 
por causa transitória, não pode exprimir sua vontade. 
 
o Incapacidade relativa: b) maiores de 16 anos e menores de 18 
anos; c) ébrios habituais e viciados em tóxicos; d) quem por 
deficiência mental, tenha o discernimento reduzido; e) os 
excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; f) pródigos. 
 
 
A emancipação é uma forma de cessação da capacidade civil, o 
menor passa a ter capacidade civil plena, podendo exercer pessoalmente os 
atos da vida civil. 
 
 
Vide art. 5º do CC: 
 
“Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o 
menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de
emprego público efetivo; 
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IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 
dezesseis anos completos tenha economia própria.” 
3.1.1 Hipóteses excepcionais de exercício individual de 
empresa por incapaz (art. 974 e seguintes do CC): 
 
“Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente 
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus 
pais ou pelo autor de herança. 
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das 
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em 
continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, 
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos 
direitos adquiridos por terceiros. 
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já 
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao 
acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a 
autorização. 
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas 
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade 
que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os 
seguintes pressupostos: 
 I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente 
incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” 
 
3.2 Impedidos de exercer a atividade empresarial: 
 
Em regra, a atividade empresarial é de livre exercício, mas a lei 
dispõe de certos capazes, porém proibidos de exercer a atividade empresarial. 
 
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 Com toda razão, a constituição estabelece que o exercício de 
profissão estará sujeito ao entendimento dos requisitos em lei ordinária (CF art. 
5°, XIII), que fundamenta a validade das proibições ao exercício da empresa. 
 
Os principais impedidos de exercer a atividade empresarial são os 
falidos, porém, basta a declaração de extinção das obrigações para considerar-
se reabilitado. Se houve crime falimentar, deverá após o decurso do prazo legal, 
obter a declaração de extinção das obrigações e a sua reabilitação penal. 
 
Também são impedidos os funcionários públicos, para que eles não 
se preocupem com assuntos alheios aos pertinentes ao seu cargo ou função 
pública. Os devedores do INSS também não poderão exercer a atividade 
empresarial (Lei n. 8.212/91, art. 95, §2°, d). Deputados e Senadores também 
não podem ser empresários de empresas que gozem de contrato com o 
governo. Aqueles que foram condenados pela pratica de crime que vede o 
acesso à atividade empresarial (art. 35, II, da LRE), também não poderão 
exercer a atividade empresarial, até que concedida a reabilitação penal. 
 
Outros impedidos são os magistrados, membros do ministério público, 
corretores e leiloeiros, cônsules, dentre outros elencados em legislação esparsa. 
 
O impedido não poderá alegar a proibição do exercício da atividade, 
ou seja, ele responde pessoalmente pelas obrigações assumidas. 
 
 Os impedimentos não se transmitem a parentes. Em regra, os 
impedidos não podem ser empresários individuais, administradores ou gerentes, 
mas podem ser sócios. 
 
#OBS: A proibição é para o exercício de empresa, não sendo vedado, 
pois, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias; 
porém, devem ser sócios de responsabilidade limitada e, ainda, não 
exercer funções de gerência ou administração. 
 
 
3.3 Empresário individual casado: 
 
O empresário casado poderá constituir sociedade com seu cônjuge, 
exceto se for casado com comunhão universal de bens ou separação obrigatória 
de bens. 
 
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Pacto antenupcial, reconciliação e separação devem ser averbados 
no registro de empresa. 
 
O empresário, qualquer que seja o regime de bens, não precisa da 
outorga conjugal para alienar ou gravar bens imóveis da empresa. 
 
 
4. Atividades Excluídas do Contexto Empresarial. 
 
4.1 Profissionais intelectuais 
 
O parágrafo único do art. 966 do CC enuncia: “Não se considera 
empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa.” 
 
Exemplos de profissionais intelectuais: o músico, o advogado, o 
farmacêutico, o professor, etc. 
 
 
 
4.2 Sociedades simples (sociedades uniprofissionais). 
 
A regra do parágrafo único do art. 966 acima transcrita também se 
aplica às sociedades uniprofissionais (sociedades simples), ou seja, sociedades 
constituídas por profissionais intelectuais cujo objeto social é a exploração de 
suas profissões (sociedades de médicos, de professores, de advogados, de 
contadores, de engenheiros, etc.) 
 
Vide art. 982 do CC: 
“Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a 
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” 
# OBS: Sociedade de advogados (Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia e 
da Ordem dos Advogados do Brasil): sociedade civil de prestação de 
serviço de advocacia. 
 
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4.3 O exercente de atividade rural: o Código Civil faculta ao exercente 
de atividade rural, se inscrever como empresário na Junta 
Comercial. Vejamos o artigo 971: 
 
“Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal 
profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e 
seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará 
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.” 
 
4.4 Sociedades cooperativas: Na dicção do parágrafo único do art. 
982, independente de seu objeto, as cooperativas sempre serão 
sociedades simples. 
 
 
5. Auxiliares e Colaboradores do Empresário. 
 
 
5.1 Disposições gerais do Código Civil: 
 
“Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir 
no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos 
do substituto e pelas obrigações por ele contraídas. 
 
Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por 
conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de 
operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder 
por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. 
 
Art. 1.171. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao 
preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos 
casos em que haja prazo para reclamação.” 
 
 
 O contabilista é o preposto encarregado da escrituração do 
empresário. Vide art. 1.177 do CC: 
“Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por 
qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se 
houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos
como se o fossem por aquele. 
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Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente 
responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, 
solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.” 
 Gerente. Vide art. 1.172 do CC 
 
“Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, 
na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.”

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