Prévia do material em texto
seu crescimento tenha-se tornado mais lento nas últimas décadas de- vido ao uso de nova maquinaria para a mineração.180 Uma nova espécie de trabalhador nasce com a máquina: seu produtor. Já sabemos que a produção mecanizada se apossou mesmo desse ramo da produção em escala cada vez mais maciça.181 Além disso, quanto à matéria-pri- ma,182 não há dúvida alguma, por exemplo, de que a marcha acelerada da fiação de algodão promoveu de modo artificial a plantação de al- godão nos Estados Unidos e, com ela, não só o tráfico de escravos africanos, mas, simultaneamente, fez da criação de negros o principal negócio dos assim chamados Estados escravagistas fronteiriços. Quan- do, em 1790, foi feito o primeiro censo de escravos nos Estados Unidos, o número deles atingia 697 mil, enquanto em 1861 eram cerca de 4 milhões. Por outro lado, não é menos certo que o florescimento da fábrica mecânica de lã, com a transformação progressiva de terras cultivadas em pastagens para ovelhas, provocou a expulsão em massa e a “transformação em excedentes” dos trabalhadores agrícolas. A Ir- landa atravessa ainda neste instante o processo de diminuir ainda mais sua população, já reduzida desde 1845 quase à metade, até atingir a medida exata correspondente às necessidades de seus landlords e dos senhores fabricantes de lã ingleses. Quando a maquinaria se apodera de fases preliminares ou in- termediárias que um objeto de trabalho tem de percorrer até sua forma final, com o material de trabalho aumenta a procura de trabalho nos ramos ainda artesanais ou manufatureiros em que entra o produto da máquina. A fiação a máquina, por exemplo, fornecia o fio tão barato e tão abundante que os tecelões manuais podiam inicialmente trabalhar em tempo integral, sem maiores despesas. Assim, cresceu sua renda.183 Daí a afluência de pessoas para a tecelagem de algodão, até que, na Inglaterra, os 800 mil tecelões gerados pela Jenny, throstle e mule MARX 75 180 Segundo o censo de 1861 (v. II, Londres, 1863), o número de trabalhadores empregados nas minas de carvão da Inglaterra e País de Gales era de 246 613, dos quais 73 546 com menos de 20 anos de idade e 173 067 com mais de 20 anos. À primeira rubrica pertencem 835 com 5 a 10 anos de idade, 30 701 com 10 a 15 anos, 42 010 com 15 a 19 anos. O número de ocupados em minas de ferro, cobre, chumbo, zinco e todos os outros metais: 319 222. 181 Na Inglaterra e no País de Gales, em 1861, estavam ocupadas na produção de maquinaria: 60 807 pessoas, incluídos os fabricantes com seus caixeiros etc., isto é, todos os agentes e pessoas do comércio nesse setor. Excluídos, no entanto, os produtores de máquinas menores, como máquinas de costura etc., bem como os produtores de ferramentas para as máquinas de trabalho, como fusos etc. O número de engenheiros civis atingia 3 329. 182 Como o ferro é uma das principais matérias-primas, registre-se aqui que, em 1861, na Inglaterra e País de Gales havia 125 771 fundidores de ferro, dos quais 123 430 do sexo masculino e 2 341 do sexo feminino. Daqueles, 30 810 com menos de 20 anos de idade e 92 620 com mais de 20 anos. 183 "Uma família de 4 pessoas adultas (tecelões de algodão), com 2 crianças como winders, ganhava, no final do século passado e início do atual, 4 libras esterlinas por semana para uma jornada de trabalho de 10 horas; sendo o trabalho muito urgente, podiam ganhar mais. (...) Antes disso, sempre haviam sofrido devido a um suprimento deficiente de fio." (GASKELL. Op. cit., pp. 34-35.)