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desenvolvimento da navegação transoceânica e dos meios de comuni- cação efetivamente superou a causa propriamente técnica do trabalho sazonal,275 que todas as outras circunstâncias pretensamente incon- troláveis são eliminadas por mais edificações, maquinaria adicional, maior número de trabalhadores simultaneamente empregados276 e pela repercussão conseqüente sobre o sistema do comércio atacadista.277 No entanto, o capital, como ele reiteradamente declara pela boca de seus representantes, só se prontifica a tal revolucionamento “sob a pressão de uma lei geral do Parlamento”278 que regule coercitivamente a jornada de trabalho. 9. Legislação fabril. (Cláusulas sanitárias e educacionais.) Sua generalização na Inglaterra A legislação fabril, essa primeira reação consciente e planejada da sociedade à configuração espontaneamente desenvolvida de seu pro- cesso de produção, é, como se viu, um produto tão necessário da grande indústria quanto o algodão, selfactors e o telégrafo elétrico. Antes de passarmos para sua generalização na Inglaterra, há que mencionar resumidamente algumas das cláusulas da lei fabril inglesa não rela- cionadas ao número de horas da jornada de trabalho. Além de sua redação, que facilita ao capitalista burlá-las, as cláu- sulas sanitárias são extremamente pobres, restritas efetivamente a prescrever a caiação das paredes e mais algumas outras medidas de limpeza, de ventilação e de proteção contra máquinas perigosas. Vol- taremos, no Livro Terceiro, à luta fanática dos fabricantes contra a cláusula que lhes impõe uma pequena despesa para a proteção dos MARX 109 que saibam qual será, então, a moda: 2º, na primavera, não há bastantes oficiais de modo que os mestres-tecelões precisam atrair muitos aprendizes para poderem suprir o comércio do reino em 1/4 ou em metade do ano, o que arranca o lavrador do arado, esvazia o campo de trabalhadores, abarrota em grande parte a cidade com mendigos e faz com que alguns que têm vergonha de mendigar pereçam de fome no inverno”. (Essays About the Poor, Manufactures etc., p. 9.) 275 Child. Empl. Comm. V Report., p. 171, nº 34. 276 Nos depoimentos de exportadores de Bradford, consta, por exemplo: “Nessas circunstâncias, parece claro que não é necessário que garotos trabalhem nos armazéns mais do que das 8 da manhã até 7 ou 7 1/2 da noite. É meramente uma questão de despesa extra e de mão-de-obra extra. Os garotos não precisariam trabalhar até tão tarde da noite se alguns patrões não fossem tão vorazes por lucros; uma máquina extra custa somente 16 ou 18 libras esterlinas. (...) Todas as dificuldades se originam de insuficiência de instalações e carência de espaço”. (Loc. cit., p. 171, nº 35, 36 e 38.) 277 Loc. cit., [p. 81. nº 32]. Um fabricante londrino, que, aliás, considera a regulamentação coercitiva da jornada de trabalho um meio de proteger os trabalhadores contra os fabricantes e os próprios fabricantes contra o comércio atacadista, afirma: “A pressão em nosso negócio é causada pelos embarcadores, que querem, por exemplo, remeter as mercadorias por navio a vela, de modo a alcançar seu destino em determinada temporada e, ao mesmo tempo, embolsar a diferença no frete entre um navio a vela e um navio a vapor, ou que escolhem de dois navios a vapor o que sai antes para aparecer no mercado externo antes de seus competidores”. 278 "Isso poderia ser obviado", diz um fabricante, “à custa de uma ampliação das obras sob a pressão de uma lei geral do Parlamento.” (Loc. cit., p. X, nº 38.)